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3ª Edição
Revista e Ampliada
Marcos Granconato
São Paulo
2015
Copyright © 2015 por Marcos Granconato
Publicado pela Hermeneia Editora
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Granconato, Marcos
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Hino alemão
Atos 20.28
Dedicado a Renato Macieira, Carlos Alberto Ferolla e Leandro Boer,
homens que amam a igreja de Deus e mostram isso na prática.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
PRÓLOGO - O ‘CRISTÃO VELHO’ E O ‘CRISTÃO NOVO’
Capítulo 1 - Igreja local: definição, propósito, importância e modo válido de implantação
Capítulo 2 – O CULTO CRISTÃO
Capítulo 3 – AS ORDENANÇAS
Capítulo 4 – O EVANGELISMO
Capítulo 5 – OS MEMBROS QUE VÊM E VÃO
Capítulo 6 – OS DEVERES DOS MEMBROS DA IGREJA LOCAL
Capítulo 7 – OS OFICIAIS DA IGREJA
Capítulo 8 – O PATRIMÔNIO MATERIAL DA IGREJA
Capítulo 9 – DESVIOS EVANGÉLICOS
Capítulo 10 – IGREJAS PÓS-MODERNAS
Capítulo 11 – O AUXÍLIO MATERIAL NA IGREJA
Capítulo 12 – O CASAMENTO
Capítulo 13 – A LIBERDADE E A CONDUTA CRISTÃ
Capítulo 14 – A PRÁTICA DE ENFRENTAR A MORTE
CONCLUSÃO – AS PEDRAS DE CARBURETO
PRINCÍPIOS GERAIS LIGADOS À PRÁTICA DA IGREJA DE DEUS
REFERÊNCIAS
SOBRE O AUTOR
APRESENTAÇÃO
Este livro surgiu a partir de aulas ministradas na classe de novos
membros da Igreja Batista Redenção na qual exerço o ministério pastoral
desde 1997. Como o objetivo da classe era tornar a igreja conhecida para
aqueles que demonstravam interesse em fazer parte dela, era natural que as
aulas versassem sobre os princípios que cremos ser fundamentais na
composição das bases de uma igreja bíblica, bem como sobre os
desdobramentos práticos desses mesmos princípios.
Assim, antes de iniciar a leitura, o leitor deve estar preparado para
entrar em contato com a defesa de inúmeras convicções, bem como atentar
para a solidez dos fundamentos bíblicos sobre os quais estão edificadas. A
angustiosa situação presente requer definições claras e objetivas de fé e um
total abandono de meias-palavras que evitam o compromisso sério com
qualquer linha de pensamento. Tal postura, tão comum em nossos dias, não
defende a verdade, antes a obscurece ainda mais. Por isso, este livro
raramente apresentará “leques de opções”. Antes, sairá na defesa do que
cremos ser verdadeiramente bíblico, recusando clara e veementemente os
desvios eclesiásticos que proliferam nos nossos dias.
Finalmente, devo tecer algumas frases de agradecimento àqueles que
tornaram possível a vinda deste livro à luz. Agradeço, em primeiro lugar,
aos membros da minha querida Igreja Batista Redenção que me
concederam o tempo e o apoio necessários para a realização do presente
trabalho. Também sou grato aos alunos do Seminário Bíblico Palavra da
Vida, onde tenho lecionado por quase trinta anos. Esses alunos sempre me
incentivaram a escrever sobre minha filosofia e prática ministeriais. Sem
esse incentivo, o conteúdo deste trabalho talvez permanecesse para sempre
restrito à pequena classe de novos membros da igreja que pastoreio.
Agradeço ainda aos pastores Thomas Tronco dos Santos, Marcos
Samuel Pereira dos Santos e Adarlei Martins. Suas preciosas sugestões
serviram para sanar diversas falhas neste projeto e contribuíram para tornar
a presente obra melhor sistematizada e também mais relevante e atual.
Pureza: A igreja que não zela pelo pilar da pureza muito cedo se verá
invadida pelos costumes e práticas do mundo que, aos poucos, tomarão
conta dela (1Co 5.6). Então, nenhuma diferença haverá entre a igreja e
qualquer associação de incrédulos. Na verdade, uma igreja assim será
ainda pior do que uma sociedade de pagãos, pois, por causa dela, o
evangelho será desacreditado e o nome de Cristo será blasfemado entre
os perdidos (1Tm 6.1; 2Pe 2.1-2). Se não primar pela pureza em seu
meio, a igreja logo se tornará um covil de hipócritas, perderá sua força
espiritual, desencorajará a vida de temor, afastará do seu convívio os
que buscam a Deus com sinceridade e atrairá sobre si a ira do Senhor
(1Co 10.21-22; Ap 2.12-25). A pureza da igreja, portanto, é questão de
sobrevivência! Se essa coluna for derrubada, toda igreja cairá,
tornando-se apenas um aglomerado de pessoas que nutrem os padrões
do mundo, às vezes de maneira até mais escandalosa (1Co 5.1). A
ferramenta mais importante para a manutenção da pureza da igreja é a
disciplina eclesiástica prevista em Mateus 18.15-17 e 1Coríntios 5.1-5.
Esses cinco pilares não devem ser usados somente como fundamentos
da igreja como organização, mas também como alicerces sobre os quais a
vida de cada crente é construída. De fato, cada irmão, no seu dia a dia, tem
de adorar o Deus trino, aprender a verdade e ensiná-la aos que estão à sua
volta, manter acesa a chama da santa comunhão com outros crentes,
proclamar o evangelho aos perdidos e buscar pureza no seu proceder.
Digressão: a igreja é o novo Israel de Deus?
A pregação
A oração
Outro componente do culto cristão é a oração (At 2.42). Esta, para ser
aceitável, deve ser feita em nome do Filho (Jo 14.13-14), com a assistência
do Espírito Santo (Rm 8.26) e na expectativa de que somente a vontade do
Pai seja feita (Mt 6.10; 1Jo 5.14). A oração pode ser dirigida a qualquer
[24]
uma das três pessoas da Santíssima Trindade, mas nunca a santos ou anjos
(Fp 4.6-7). Além disso, o crente deve rogar por coisas lícitas (1Tm 2.1-2) e
por pessoas vivas ou que ainda hão de nascer, jamais orando pelos mortos
(2Sm 12.16,21-23). Observe-se ainda que, durante o culto público, a oração
deve ser proferida numa língua conhecida pela congregação (1Co 14.16-
19).
Na Bíblia, pode-se encontrar pelo menos seis orientações básicas
acerca da oração que devem ser observadas pelos cristãos na prática de seus
atos cultuais.
Primeiro, as Escrituras ensinam que o crente deve orar com reverência.
Os cristãos têm uma percepção clara da majestade de Deus e da grandeza da
sua santidade. Conhecendo a Santa Palavra, eles sabem que o Senhor está
envolto em sublime esplendor, que ele habita na luz inacessível, que sua
glória é indizível e que sua soberania se estende sobre todo o universo e
além (1Tm 6.15-16; Jd 25). Por isso, jamais se referem ao Senhor como “o
cara lá de cima”. Tampouco falam com ele como quem fala com qualquer
um. Ainda que tenham em Deus um pai e amigo (Rm 8.15), sua intimidade
com ele não lhes dá licença para serem irreverentes (1Tm 2.8). Assim, ao
orar, os crentes têm de usar uma linguagem respeitosa e decente (Hb 12.28).
Devem fazer da sua oração uma oferta verbal pura e bonita ao Deus
glorioso (Ap 5.8). Os piedosos personagens bíblicos oravam assim e os
cristãos devem imitá-los.
Em segundo lugar, o crente deve orar com humildade. A noção de se
aproximar de Deus com palavras de reivindicação, exigindo supostos
direitos, está bem longe do ensino cristão sobre a oração. Trata-se de uma
noção nova, inventada por homens de mente corrompida, que acham que
podem se dirigir a Deus como se fossem senhores dele. A verdade, porém, é
que o homem é sempre pequeno, pobre e incapaz diante daquele que é
grande, rico e poderoso. Por isso, quando oram, os crentes devem
reconhecer sua miséria e necessidade e, numa atitude súplice, implorar a
ajuda imerecida de Deus (Sl 123.1-2), crendo que essa ajuda virá somente
se ele quiser e sabendo que sua vontade é soberana, não tendo o Senhor
obrigação nenhuma de fazer o que lhe é pedido (Mt 6.10; 2Co 12.7-9).
Em terceiro lugar, o crente tem de orar com contrição. O tempo de
oração, mesmo pública, deve ser como um vestíbulo dentro do qual o
homem se despe de qualquer noção de dignidade e glória pessoal. Toda
confiança em si mesmo, toda autoindulgência devem ser lançadas fora
quando o cristão está orando (Lc 18.10-14). No lugar dessas coisas, ele
deve olhar para os trapos da sua indignidade, da sua desídia, do seu pecado
e da sua ingratidão (Ed 9.5-15; Is 64.6; Lm 3.40-42). Então, com o coração
arrependido, deve pedir perdão e restauração, sabendo que, como Juiz,
Deus absolverá seus eleitos pelos méritos de Cristo (1Jo 1.9) e, como
Médico, ele os curará pelo poder da sua Palavra, divino remédio (Lm 3.22-
33).
Em quarto lugar, o crente deve orar com gratidão. É na oração que o
homem salvo expressa verbalmente seu louvor a Deus por tudo que ele é e
por tudo que ele tem feito. O crente reconhece em suas súplicas que nada do
que o Senhor lhe confere é devido ao seu merecimento. Ele se lembra que o
ar que respira, o alimento que come e as roupas que o cobrem são dádivas
sublimes de Deus que as derrama sobre as pessoas, apesar da sua
pecaminosidade e vileza (Sl 147.7-19; At 17.25). Isso sem falar das coisas
que ele concede sem que o homem necessite delas, com o propósito doce e
paterno de alegrá-lo e consolá-lo neste mundo mau. É em face disso que o
cristão remove de sua boca as reclamações e o murmurar sombrio, dirigindo
ao Senhor palavras de sincera gratidão e louvor (Fp 4.6-7; Cl 3.15).
Em quinto lugar, o crente tem de orar com fé. Ninguém deve ser tolo
ao ponto de acreditar que pode “fazer a cabeça” de Deus, induzindo-o a
realizar alguma coisa (Is 46.10). Assim, em vez de orar crendo
ingenuamente em sua suposta capacidade de persuasão, o cristão deve fazer
suas petições crendo no amor e no poder de Deus, confiando que ele o ama
como seu herdeiro especial e que lhe fará sempre o melhor, mesmo quando
seus olhos não forem capazes de enxergar isso (Lc 11.11-13; Hb 4.16). O
servo do Senhor deve crer que ele tem poder para fazer muito mais do que
lhe é pedido (Ef 3.20) e que efetivamente o fará, caso isso se encaixe nos
propósitos do seu amor infinito (1Jo 5.14-15).
Em sexto lugar, o crente deve orar com brevidade. A mente humana,
marcada pelo pecado, com muita facilidade se deixa levar durante as
orações pelo vento de pensamentos desconexos ou de preocupações
terrenas. Por isso, quando o cristão ora longamente, gera grande dificuldade
de concentração tanto para si mesmo (quando ora sozinho) como para seus
irmãos (quando ora em público). A forma de evitar isso é imitar o exemplo
do Senhor (Mt 6.9-13) e fazer uso da objetividade, abandonando jargões,
frases prontas, grandes formulações doutrinárias e exposições históricas,
lembrando, inclusive, que orações longas não são necessariamente sinais de
espiritualidade (Lc 20.46-47). O crente que ora deve, portanto, apresentar
brevemente seus motivos, seus louvores e sua confissão. Isso ajudará a
evitar que longos rios de preces terminem num oceano de confusões
mentais.
Eis aí seis pequenas “dicas” de como orar de modo bíblico e
proveitoso. Que o crente se afaste, pois, das rezas supersticiosas, das
orações de quebra de maldição ensinadas por pastores feiticeiros e das
palavras de ordem e de reivindicação que os falsos mestres estimulam os
incautos a dirigir ao Senhor. Em vez disso, que ore como os santos de Deus
mencionados na Bíblia. É o exemplo deles e o ensino do Senhor que se
devem seguir. O resto é invenção danosa.
O louvor cantado
A bênção apostólica
Demônios no culto?
O batismo infantil
A prática do batismo infantil foi adotada muito cedo pela igreja cristã.
De fato, já no século 2 há evidências de que os cristãos batizavam seus
bebês, uma vez que criam no batismo como uma forma de remissão de
pecados, capaz de garantir a salvação das vítimas de morte prematura.
Esse chocante desvio do ensino apostólico é encontrado poucas
décadas depois de concluído o Novo Testamento. Alguns documentos do
século 2 que o atestam são a Epistola de Barnabé (11:1,11) e O pastor de
Hermas (11:5; 93:2-4). Justino de Roma (Primeira apologia 66:1) e Teófilo
de Antioquia (A Autólico 2:16) também estão entre os escritores do século 2
que defendem o batismo como forma de remissão de pecados.
É verdade que Tertuliano de Cartago († c. 220) se insurgiu contra essa
prática. Porém, ele o fez porque entendia que o arrependimento para perdão
[31]
de pecados mortais só poderia ocorrer uma vez depois do batismo.
Segundo Tertuliano, esse fato deixava os que eram batizados muito cedo em
situação perigosa, sujeitos a perder irremediavelmente e para sempre o
favor de Deus na fase adulta. Para ele, esse era o motivo pelo qual o
batismo devia ser protelado até que a pessoa se sentisse mais distante do
perigo de cometer pecados mortais como o adultério, o assassinato ou a
[32]
apostasia.
Os reformadores do século 16 também foram favoráveis ao batismo
infantil, sendo o pastor anabatista Menno Simons uma exceção. Timothy
George explica por quê:
Em 20 de março de 1531, na cidade de Leeuwarden, capital
da província holandesa da Frísia, um alfaiate itinerante de nome
Sicke Freerks foi decapitado porque havia sido batizado pela
segunda vez. Mais tarde, Menno comentou: “Soou muito
estranhamente em meus ouvidos o fato de que alguém falasse
sobre um segundo batismo” ... A execução brutal de Freerks deve
ter deixado uma impressão marcante em Menno. De qualquer
modo, ele começou a investigar o fundamento do batismo infantil.
Ele examinou os argumentos de Lutero, Bucer, Zuínglio e
Bullinger, mas achou que em todos faltava algo. Ele consultou
seu colega sacerdote em Pingjum; leu os pais da igreja. Por fim,
Menno pesquisou diligentemente as Escrituras e considerou
seriamente a questão, mas não pôde encontrar nada sobre o
batismo infantil. Ele chegou à conclusão de que “todos estavam
[33]
equivocados sobre o batismo infantil”.
Regeneração batismal
A afirmação “isto é o meu corpo”, feita por Jesus pouco antes da sua
paixão (Mt 26.26), é uma das frases que mais têm originado debates ao
longo da história da igreja. Conforme dito anteriormente, na época da
Reforma Protestante a falta de acordo acerca do seu real significado foi a
causa do rompimento das relações entre Lutero e Zuínglio, após o
[37]
malfadado Colóquio de Marburgo (1529) e ainda hoje o meio cristão
permanece dividido acerca do modo como a ceia do Senhor deve ser
entendida, tanto no tocante à sua natureza como no que diz respeito aos
efeitos que produz sobre os que participam dela.
Num dos extremos da discussão estão os que entendem a frase de
Jesus de modo figurado, dizendo que se trata apenas de uma metáfora,
como se o Mestre tivesse dito simplesmente “isto representa o meu corpo”.
No outro extremo do debate, há intérpretes que propõem uma visão
absolutamente literal, ensinando que os elementos da ceia são, de fato, o
corpo e o sangue reais de Cristo, num sentido que encerra a sua mais
completa essência. Entre esses dois polos há interpretações intermediárias,
propostas por teólogos que tentam compor uma opinião mais equilibrada,
fazendo uso, inclusive, de argumentos usados pelos dois extremos.
Basicamente, quatro são as concepções acerca da ceia do Senhor
dominantes do meio cristão: transubstanciação, consubstanciação, presença
espiritual e memorial.
A doutrina da transubstanciação é esposada pela Igreja Católica
[38]
Apostólica Romana , sendo um dos temas centrais de sua teologia e prática
[39]
litúrgica. De acordo com essa visão, a ceia deve ser ministrada ao povo
num só elemento, a hóstia, nome dado a um pequeno pão sem fermento, de
[40]
formato arredondado. Esse elemento, dizem, após ser consagrado pelo
sacerdote ministrante, passa por uma transformação em sua substância (daí
o termo transubstanciação), tornando-se literalmente carne, sangue, ossos,
unhas e cabelos de Cristo.
Os católicos entendem que essa transformação não é visível porque
ocorre apenas na substância do pão e não nos seus acidentes. Assim,
conforme alegam, o elemento eucarístico, ainda que apresente em sua
forma e aparência os atributos do pão, é, na verdade, em sua essência, carne
humana!
Uma das implicações da doutrina da transubstanciação é que sempre
que a eucaristia é celebrada no culto católico (e isso acontece em todas as
[41]
missas), o sacrifício de Cristo se repete. Portanto, se três missas forem
realizadas num só domingo numa mesma catedral, naquele dia o sacrifício
de Cristo se repetirá ali três vezes, o mesmo ocorrendo em outras igrejas
romanistas ao redor do mundo. É essa suposta repetição contínua do
sacrifício do Senhor que dá o motivo pelo qual as igrejas católicas celebram
sua ceia num altar e não numa mesa como fazem as igrejas evangélicas.
A doutrina da transubstanciação também explica porque os padres,
pelo menos há alguns anos, orientavam os fiéis a não morder a hóstia, mas
sim deixá-la dissolver-se na boca. Essa era uma forma de tentar infundir nas
pessoas um entendimento maior acerca do suposto mistério presente no
“corpo eucarístico de Cristo”.
Essa doutrina é ainda o fundamento pelo qual os sacerdotes católicos
tendem a fazer o “sepultamento” de hóstias consagradas que sobram após
encerrada a missa. No seu entender, jogá-las fora seria sacrilégio cometido
contra o próprio corpo de Cristo e armazená-las não seria o modo digno de
lidar com um cadáver tão santo.
Os católicos acreditam que é somente graças ao milagre da
transubstanciação que o homem pode efetivamente conhecer Cristo como o
pão da vida e se alimentar dele para viver eternamente (Jo 6.48-58).
Segundo eles, comer a hóstia consagrada ajudará o fiel a conquistar a
salvação, sendo, pois, imensos os benefícios espirituais que emanam da
[42]
eucaristia.
Evidentemente, não há como sustentar essa concepção da ceia, nem
racional nem tampouco biblicamente. Primeiro porque não faz sentido
propor a hipótese de uma mudança de substância sem uma consequente
alteração nos acidentes, pois os acidentes de determinada substância
pertencem necessariamente a ela. Assim, não há como um pedaço de pão
deixar de ser pão e continuar com as células do pão. Negar isso seria
contrariar as mais elementares noções de lógica.
O absurdo dessa concepção também é percebido quando se leva em
conta a própria história da instituição da ceia. Ora, é óbvio que, quando o
Senhor disse “isto é o meu corpo”, não estava segurando um pedaço dele
próprio. Com efeito, naquele momento o pão estava nas mãos de Jesus, não
era uma extensão de seus dedos.
A doutrina da transubstanciação, com todos os seus desdobramentos,
também não leva em conta ensinos fundamentais da Palavra de Deus. As
Escrituras ensinam que o sacrifício de Cristo ocorreu uma vez por todas,
não havendo necessidade de que se repita (Rm 6.9-10; Hb 7.27; 9.12, 26,
28; 10.10; 1Pe 3.18).
Ademais, quando o Senhor afirmou ser o pão da vida, sendo necessário
comer o seu corpo e beber o seu sangue para ser salvo (Jo 6.48-58), não
pretendia com isso ensinar algum tipo de antropofagia, como entenderam
seus ouvintes naquela ocasião (Jo 6.52).
O que Jesus quis ensinar no discurso registrado em João 6 deve ser
entendido à luz do versículo 35. Esse versículo revela a que Jesus se referiu
quando fez alusão aos atos de comer sua carne e beber seu sangue. De fato,
João 6.35 apresenta Jesus como o Pão da Vida, destacando que quem vai a
ele se alimenta, e quem crê nele mata a sede. Logo, comer a carne de Cristo
é buscá-lo; enquanto beber seu sangue é crer nele. Alimenta-se, pois, do
Senhor, o indivíduo que o busca e deposita nele sua confiança para ser
salvo. Este faz de Cristo sua comida e sua bebida, jamais tendo fome ou
sede outra vez.
Deve-se destacar, finalmente, que a doutrina da transubstanciação é
antibíblica porque conduz sutilmente a uma forma grosseira de idolatria. De
fato, crendo que a hóstia é o próprio Cristo, o católico a cultua como Deus e
deposita nela sua esperança de salvação. Esse erro chocante foi denunciado
vividamente pelo já citado pastor anabatista Menno Simons (1496-1561),
ex-sacerdote católico que se converteu a Cristo e se tornou um dos grandes
pregadores do século 16, tendo também fundado a Igreja Menonita:
Provas históricas
Divulgando a fé
O requisito essencial
A disciplina eclesiástica
A comunhão
Por comunhão entende-se a convivência amorosa, pacífica, pura e
produtiva que deve marcar todo ajuntamento cristão. Sendo, a princípio,
amorosa e pacífica, a comunhão cristã revela o sentido da verdadeira
unidade e, com isso, mostra ao mundo que a igreja é uma autêntica
comunidade de discípulos de Jesus (Jo 13.35).
Como isso ocorre? É simples: a unidade que caracteriza o convívio
cristão revela que os membros da igreja estão nutrindo “o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.5), provando, assim,
que são seus verdadeiros seguidores.
O texto que mais ajuda na compreensão disso é Filipenses 2.1-8,
passagem que trata do que os teólogos chamam de “esvaziamento”
(kenosis) de Cristo. Nesse texto, Paulo ensina que o Senhor não se apegou
aos magníficos privilégios que tinha antes de se encarnar. Em vez disso, se
“esvaziou”, ou seja, deixou para trás o esplendor da sua glória, fez-se
homem, assumiu a forma de servo e humilhou-se até a morte de cruz (v. 5-
8)!
Observe-se que essa passagem, talvez a mais rica da Carta aos
Filipenses em termos de conteúdo doutrinário, foi escrita por Paulo
precisamente com a finalidade de ilustrar como deve ser a disposição do
coração dos crentes no convívio entre si.
De fato, após ensinar que os filipenses deveriam ter seu ajuntamento
marcado por amor, compaixão, unidade, humildade e desprendimento (vv.
1-4), o apóstolo resumiu todos esses itens num exemplo magnífico,
apontando para o autoesvaziamento do Senhor. É, pois, como se dissesse:
“Irmãos, sejam amorosos e humildes no seu convívio, ou seja, imitem o
Senhor. Assim como ele se esvaziou por amor de nós, abrindo mão de sua
glória real, esvaziem-se vocês também no trato de uns com os outros,
abrindo mão de sua glória imaginária.”
Assim, a base do apelo à comunhão cristã amorosa não é o simples
anelo pela paz social (presente até nos incrédulos), mas sim a cristologia
ortodoxa que destaca a disposição humilde do Filho de Deus, apontando-a
como modelo a ser seguido pelos discípulos no cultivo do relacionamento
que têm entre si.
Negligenciar, pois, essa santa comunhão, ou militar contra ela, é, em
último caso, desprezar o exemplo dado por Cristo em sua encarnação,
humilhação e morte.
A comunhão cristã, além de amorosa e pacífica, também deve ser
produtiva. Não basta ao membro da igreja ser apenas um “cara legal”, um
amigo bonzinho que nunca se indispõe com os outros. Mais do que isso, sua
aproximação dos irmãos deve também promover crescimento, consolo e
correção.
No fundamento desse ensino está, por exemplo, a ordem de Jesus
dirigida a Pedro: “E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos” (Lc
22.32), mostrando que a restauração da comunhão com Deus deve ser
seguida de trabalho em prol da saúde espiritual da igreja.
Há também a verdade ilustrada por Paulo na figura da igreja como
organismo vivo, no qual cada crente deve atuar como membro singular,
usando seus dons e desempenhando suas funções em favor do crescimento
do todo (Rm 12.3-8; 1Co 12.12-31; Ef 4.1-16).
Finalmente, existe a firme exortação dirigida aos cristãos hebreus,
ordenando que eles não deixem de se congregar. O que chama a atenção
nessa ordem é que o autor bíblico não diz que a conduta oposta ao
abandono da congregação é apenas voltar a reunir-se. Em vez disso, ele diz:
“... mas procuremos encorajar-nos uns aos outros...” (Hb 10.25), dando a
entender que o contrário de abandonar a igreja é mais do que frequentá-la.
É frequentá-la realizando um trabalho de aconselhamento, correção,
admoestação e consolo.
A cooperação
A contribuição
O diaconato
5) Existem crentes que, pelo seu modo de ser, assim que chegam na
igreja vão logo ganhando espaço, assumindo tarefas e tomando
iniciativas. Como lidar com esses casos?
Muito simples. Corte as "asinhas" depressa. Pessoas assim geralmente
agem em igrejas que têm liderança fraca, mas pastores de pulso firme
também têm que lidar eventualmente com elas, pois muitas vezes essas
pessoas querem testar a liderança pra ver até onde podem ir. Na verdade,
há casos de excessos absurdos em que o indivíduo mal chega na igreja e já
assume a postura de líder, convocando reuniões, manifestando suas
opiniões e questionando o modo de funcionamento das coisas. Diante de
pessoas com esse perfil, o pastor e os demais líderes da igreja devem de
pronto obstruir a busca de espaço do crente recém-chegado, chamando-o
ao lado e dizendo que ele não tem autorização nenhuma para tomar
aquelas iniciativas, devendo permanecer no seu lugar de novato.
Infelizmente, muitos pastores que passam por essa situação acreditam, por
ingenuidade, que estão sendo abençoados com a chegada de um irmão (ou
um casal, ou ainda uma família) dinâmico e cheio de entusiasmo. Mais
tarde, porém, descobrem que não deviam ter dado espaço tão depressa a
um desconhecido e que a presença daquele novo irmão na igreja é fonte
mais de problemas do que de soluções.
6) Como deve agir a mulher que acredita ter dons ligados à atividade
pastoral ou diaconal?
Ela deve realizar o pastoreio dos irmãos (cuidado, conselho, consolo, etc.),
sem exercer o pastorado (o cargo de líder oficial da igreja). Também
poderá exercer a diaconia entre os santos (serviço, ajuda, socorro, etc.),
sem assumir o diaconato (a posição de líder dentro da comunidade).
Muitas senhoras fazem isso, sendo extremamente úteis à igreja de Deus
(Rm 16.1).
7) Foi dito neste capítulo que a mulher não pode ser líder na igreja. É
possível, porém, que ela, sem ser líder, pregue ocasionalmente nos
cultos?
Muitos entendem que sim, afirmando que, nesses casos, a mulher pregaria
debaixo de uma autoridade que lhe fosse emprestada pelo pastor. Contudo,
não existe base nenhuma para se aceitar a noção de “autoridade
emprestada”. Aliás, se isso pudesse ser feito, então, qualquer pessoa
poderia assumir o púlpito da igreja, desde que o pastor lhe “emprestasse”
sua autoridade.
Assim, em vez de buscar refúgio em conceitos ilusórios de autoridade, o
que se deve fazer é respeitar a autoridade real da Bíblia. Nela é clara a
proibição de a mulher ensinar na igreja, ficando óbvio que se ela o fizer,
exercerá autoridade cabível somente aos homens e inverterá o modelo
proposto na doutrina da criação, desconsiderando também um dos efeitos
da Queda (1Tm 2.11-14).
A teologia do espaço
Além das noções básicas de mordomia cristã, o uso e o cuidado do
patrimônio material eclesiástico devem também se sustentar sobre aquilo
que se pode chamar de uma teologia cristã do espaço, ou seja, um grupo de
verdades ligadas ao modo como Deus lida com a extensão que rodeia tudo e
todos e na qual a criação inteira está inserida.
A construção de uma teologia assim designada deve partir da
afirmação de que Deus é o criador do espaço e, por isso, é também senhor
dele. É necessário, pois, lembrar que não somente a matéria veio à
existência por um ato criador divino, mas também, e necessariamente, o
espaço que essa matéria ocupa em suas variadas formas.
Aliás, se for aceito que o universo veio à existência pela palavra que
Deus pronunciou (criação pelo Fiat — Gn 1; Hb 11.3), então é preciso
reconhecer que, antes de criar qualquer outra coisa, o Senhor primeiro criou
o tempo (pois as sílabas que compõem as palavras são pronunciadas
cronologicamente, uma após a outra) e o espaço (pois o som das palavras
pronunciadas se propaga no espaço e o que veio à existência precisava de
espaço para ocupar).
De fato, o espaço foi criado por Deus e a ele pertence, sendo que disso
decorrem importantes questões práticas. Por exemplo: sendo Deus o senhor
do espaço, como a igreja e o crente em particular devem preenchê-lo? Outra
questão: se o espaço é parte da criação e um dia a criação será redimida,
como o cristão e sua igreja podem hoje mesmo resgatar o espaço, fazendo o
reino vindouro ser percebido desde já também nesse aspecto?
No tocante à primeira pergunta, está fora de dúvida que a igreja deve
santificar todo espaço a que tem acesso e sobre o qual tem algum grau de
autoridade ou influência. Isso não significa fazer cultos de consagração de
templos (tema que será tratado no Capítulo 9), mas sim usar o espaço de
modo agradável a Deus, deixando-o livre de tudo que desonre o Senhor e
fazendo de cada salão, cômodo, corredor ou saguão da igreja um ambiente
em que Cristo seja glorificado.
Obviamente, sendo Deus o senhor do espaço, a igreja não pode
permitir que o ambiente que ocupa e administra seja usado para a prática da
impureza, da mentira, da fraude, da desonestidade e da intriga. Antes, o
lugar confiado pelo Senhor ao seu povo deve ser um espaço no qual ele é
obedecido, inclusive por ser seu verdadeiro dono.
Quanto à segunda pergunta formulada supra, de fato, a Bíblia ensina
que a criação um dia será redimida da corrupção do pecado (Rm 8.18-22).
Sem dúvida, isso abrange o espaço. Aliás, basta olhar ao redor para
perceber como o pecado afetou não somente o que (as coisas), mas também
o onde. Por toda parte são vistas a feiura, a desorganização, a sujeira, a
desolação e o mau gosto. E isso não se percebe somente em favelas e becos.
A própria arquitetura e a arte contemporânea parecem ter perdido a noção
de beleza, de ordem e de estética, à medida que o homem foi se afastando
da visão de que Deus é o criador e o senhor de tudo.
Um dia, porém, conforme ensina a Escritura, quando o reino milenar
de Cristo finalmente se estabelecer neste mundo, todo espaço será redimido
dos efeitos do pecado e haverá completa beleza permeando tudo. Toda a
realidade criada — matéria, tempo e espaço — estará livre do cativeiro da
corrupção e o conhecimento de Deus encherá toda a Terra, “como as águas
cobrem o mar” (Is 11.6-9).
Ora, o Novo Testamento convida os cristãos a, na medida do possível,
trabalhar para que as bênçãos futuras do reino de Cristo se realizem em
alguma medida desde já (Rm 13.11-14; Hb 12.28). Por isso, o crente que
espera a redenção do espaço atua de modo a tornar parcialmente real, aqui e
agora, aquilo que será plenamente real quando Cristo voltar. Assim, a igreja
de Deus sempre se preocupará em tornar bonito e bem-cuidado todo espaço
que administra, sejam as paredes de seus salões, seja sua área externa, ou
mesmo sua cozinha e seus sanitários.
A igreja que aguarda o reino e sabe que é seu dever antecipar seus
efeitos até onde a realidade presente permite eliminará dos espaços que tem
sob seus cuidados toda feiura, toda desolação, toda sujeira e toda desordem.
Assim, as pessoas verão, nos lugares em que os cristãos vivem e convivem,
verdadeiras partículas do reino vindouro e poderão enxergar uma
“pontinha” de como será todo espaço redimido quando, afinal, tudo estiver
sob o cetro adorável do Senhor.
Uma teologia do espaço deve também considerar o modo como o
próprio Deus se relaciona com o espaço que criou, sendo certo que isso
revelará muito do seu caráter e da sua vontade. Nesse aspecto, é notável
que, no relato da criação, Deus preenche o espaço com beleza e ordem (Gn
1). Também no período do êxodo, é nítida a preocupação do Senhor em
fazer com que as doze tribos de Israel ocupassem seu espaço no deserto
dentro de um programa predefinido de organização (Nm 2). Ele também
fixou ordens ligadas à limpeza do acampamento, afirmando que a razão
daquelas leis residia no fato de o povo ser santo e de o próprio Senhor andar
no meio do arraial, não sendo do seu agrado ver coisas indecentes nos
lugares de habitação temporária de Israel (Dt 23.12-14).
Ainda na época do êxodo, o valor que o Senhor dá à beleza e à arte
como fatores que devem dignificar um lugar pode ser visto no tabernáculo e
nas peças que o guarnecem. Nesse templo portátil, Deus exigiu que tudo
fosse belo, benfeito e organizado (Êx 25-27; 30.1-21), qualidades que foram
reproduzidas com excelência ainda maior no templo construído
posteriormente por Salomão (1Rs 5-6).
Algo da forma como Deus lida com o espaço pode, inclusive, ser visto
no túmulo de Jesus, local em que também ressuscitou dos mortos. O relato
de João diz que, quando entraram no túmulo na manhã de domingo, os
discípulos perceberam que o corpo de Cristo não estava mais ali. Então
viram o lenço que estivera sobre a sua cabeça enrolado (Gr. entylísso) e
posto num lugar à parte (Jo 20.7). É significativo que o glorioso Senhor do
universo, ao romper vitorioso os grilhões da morte, mostrou a sublimidade
de seu caráter ao arrumar e deixar em ordem o local em que jazera, antes
de, enfim, deixá-lo e mostrar-se aos discípulos.
Em tudo isso, é possível ver o valor que o Deus verdadeiro dá ao
espaço, ornamentando-o sempre com tudo que é decente e aprazível,
usando-o como cenário de cuidado e esmero, a fim de ensinar aos crentes
de todas as eras um modo de vida ordeiro, limpo e bem-arrumado para que,
vivendo assim, eles também anunciem ao mundo algo mais das virtudes do
Senhor que os resgatou de toda forma de sujeira e caos. Ora, em nenhum
outro lugar, essas lições devem ser postas mais em prática do que na
verdadeira igreja de Deus.
Uma pergunta importante
[71]
O pentecostalismo
Ao longo de sua história, a igreja cristã tem enfrentado três graves
perigos: o paganismo, o papismo e o pentecostalismo.
O paganismo ameaçou a igreja logo nos primeiros anos de sua
existência, especialmente por meio de um misto de religiões, filosofias e
fábulas que mais tarde ficou conhecido como gnosticismo. Esse modelo
exercia forte atração sobre os cristãos menos preparados porque, além de
oferecer experiências místicas, como visões e coisas do tipo (Cl 2.18),
também impunha aos seus seguidores normas de conduta que pareciam
piedosas — regrinhas como “não pode isso, não pode aquilo” (Cl 2.20-23).
O maior atrativo do gnosticismo, porém, estava na alegação de que seus
adeptos formavam uma elite espiritual detentora de um grau de
espiritualidade e conhecimento (gnosis) que outras pessoas eram incapazes
de ter.
O papismo, por sua vez, desenvolveu-se em decorrência de processos
muito mais longos e complexos, iniciados já no século 2, e que culminaram
no surgimento de uma espécie de príncipe eclesiástico com autoridade
universal, supostamente dotado de infinitos poderes temporais e espirituais
— uma espécie de deus, reconhecido, aliás, como infalível!
Por causa do papismo, a igreja medieval ficou muitas vezes nas mãos
de homens inescrupulosos, imorais e corruptos que, em nome de Cristo e
em benefício próprio, cometeram atrocidades como as guerras das
Cruzadas, os crimes da Inquisição e a exploração impiedosa do povo por
meio da venda de relíquias e de indulgências. O caos e a vergonha a que o
papismo lançou a igreja deram ensejo à Reforma Protestante do século 16.
O terceiro perigo, o pentecostalismo, é de todos o mais recente e
também o mais danoso, posto que abriga elementos dos dois primeiros e,
conforme será demonstrado, trouxe prejuízos para o cristianismo que nem
mesmo os piores inimigos da fé foram capazes de causar nesses 2 mil anos
de história eclesiástica.
O surgimento do movimento pentecostal geralmente é datado de 1906,
ano em que William Joseph Seymour, um pregador afro-americano, iniciou
reuniões num barracão na Rua Azuza, número 312, em Los Angeles, EUA.
Nessas reuniões, a ênfase era a busca do batismo com o Espírito Santo, o
que Seymour cria ser uma experiência mística pós-conversão, acompanhada
pelo falar em línguas.
Ora, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é dado a todos os
crentes, sem que eles precisem se esforçar para obtê-lo (1Co 12.13; Gl 3.2).
Também ensina que isso ocorre no momento da conversão (Ef 1.13), sem
nenhuma necessidade de ser evidenciado pelo dom de línguas, já que, na
Igreja Primitiva, esse dom era dado somente a alguns (1Co 12.30).
Contudo, os seguidores de Seymour criam que o batismo do Espírito
Santo era uma espécie de segunda bênção (a primeira bênção seria a
conversão) dada por Deus somente a quem a buscasse com orações, jejuns,
clamores, lágrimas e vigílias.
Por isso, testemunhas oculares relataram que, na Rua Azuza, as
pessoas passavam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando,
pulando, girando e se contorcendo, enquanto clamavam pela “bênção”. Já
os que eram “batizados” balbuciavam o que criam ser línguas estranhas e,
em êxtase, caíam no chão, onde ficavam rolando ou se sacudindo, numa
manifestação frenética de loucura total. Outros, ainda, desmaiavam e
ficavam deitados por horas a fio, inertes como se estivessem mortos.
Tudo isso, pensavam, era necessário e valia a pena, pois o batismo do
Espírito Santo, uma vez recebido, elevaria o crente a um novo e mais rico
patamar espiritual, tornando-o participante de uma elite de homens santos e
fazendo-o desfrutar de uma vida repleta de experiências poderosas e
arrebatadoras com Deus.
Foi dito aqui que o primeiro grande perigo que ameaçou a igreja de
Cristo foi o paganismo manifesto em doutrinas gnósticas. Com isso em
mente, note-se que o pentecostalismo demonstrou ser um dos maiores danos
que já sobrevieram à igreja porque, com sua ênfase numa doutrina jamais
ensinada nas Escrituras, trouxe de volta para o cristianismo precisamente
aquelas velhas noções pagãs, apegando-se ao êxtase, ao frenesi espiritual e,
especialmente, ao principal conceito gnóstico da existência de uma elite
espiritual que se situa acima dos crentes comuns.
Então, como ocorreu com o gnosticismo nos séculos 1 e 2, a
possibilidade de provar emoções novas e de fazer parte de uma elite
espiritual fez com que o pentecostalismo atraísse uma imensa massa de
pessoas ávidas por experiências místicas e sedentas por conquistar o
reconhecimento e a admiração dos seus correligionários.
Conforme dito anteriormente, a segunda maior ameaça sofrida pela
igreja ao longo dos séculos foi o papismo. Ora, o pentecostalismo também
não deixou de fora os principais elementos desse mal. Com efeito, além de
trazer novamente para a igreja de Cristo o velho paganismo combatido
pelos pais apostólicos do século 2, o movimento pentecostal trouxe
também, para a igreja evangélica, o velho papismo combatido pelos
reformadores do século 16. A diferença é que o papismo pentecostal é um
papismo múltiplo e numeroso.
De fato, se no romanismo foi acolhida a figura de um papa apenas, no
movimento pentecostal ocorreu a proliferação de um exército de pequenos
papas locais, todos reivindicando autoridade divina e infalibilidade absoluta
sob os títulos de bispo, apóstolo, profeta ou patriarca.
Essas figuras alegam que Deus lhes fala diretamente e, à semelhança
dos pontífices medievais, não aceitam que suas opiniões ou condutas sejam
questionadas por ninguém e em nenhum grau. Também à semelhança dos
papas renascentistas, muitos líderes pentecostais exploram a boa-fé do povo
e juntam tesouros para si, vendendo quinquilharias que dizem ser santas e
dotadas de poder.
Os seis males do pentecostalismo
Muitas pessoas vão dizer que este capítulo faz confusão entre
pentecostalismo e neopentecostalismo. Dirão que, na verdade, é somente o
neopentecostalismo que realiza os abusos aqui mencionados, estando o
pentecostalismo “clássico” livre disso tudo.
Esse parecer resulta de certas distinções que foram feitas no passado
entre o chamado pentecostalismo de “primeira onda” (com ênfase no
batismo do Espírito acompanhado de línguas estranhas), o pentecostalismo
de “segunda onda”, também chamado de “movimento carismático” (com
ênfase em curas e milagres) e o da “terceira onda” (que, além das doutrinas
tipicamente pentecostais e carismáticas, adota ainda a teologia da
[74]
prosperidade). Sem dúvida, essa distinção tem certo valor como forma de
classificação que auxilia a análise histórica do movimento. Contudo, a
observação do cenário atual mostra que, na prática, a referida diferenciação
tornou-se obsoleta, não fazendo mais qualquer sentido.
Com efeito, como acontece em qualquer praia em que uma “onda”
logo se mistura com outra, o mesmo ocorreu com o pentecostalismo. Por
isso, hoje é possível perceber que a “primeira”, a “segunda” e a “terceira
onda” se mesclaram, viraram uma vaga só, espumando juntas os mesmos
erros e perigos. Isso faz com que igrejas ligadas ao pentecostalismo clássico
exponham doutrinas e práticas tipicamente atribuídas ao
neopentecostalismo (e vice-versa), tornando difícil separar as duas
vertentes.
Ao que parece, a diferença entre pentecostalismo e
neopentecostalismo, se houver, poderá talvez ser encontrada na eventual
ênfase que cada igreja em particular dá a um erro específico. No alicerce,
porém, e em muitos desdobramentos práticos, todo o movimento se iguala,
pois as comunidades que o compõem adotam os mesmos pressupostos,
praticam e pregam basicamente as mesmas coisas, afirmando a crença na
“segunda bênção”, abraçando doutrinas e ensinos estranhos e buscando as
revelações e os portentos que acreditam ser concedidos por Deus aos seus
supostos apóstolos e profetas.
Feita essa ressalva, importa agora voltar a atenção para os crentes em
Cristo que se encontram nas igrejas pentecostais. Há muitos cristãos de
verdade nessas comunidades. São irmãos em Cristo que percebem que algo
está errado, que sentem a falta de alimento sólido, que observam
inconformados aquelas manifestações forçadas de arrebatamento espiritual,
que sofrem percebendo a ação de falsos líderes e a santidade hipócrita de
pessoas que louvam a Deus com gritos, mas tem a vida cheia de impurezas
(Is 29.13).
São também irmãos que, à vezes, se sentem culpados, pensando: “Será
que o errado sou eu? Será que não tenho fervor? Será que Deus está
realmente agindo aqui e só eu não estou vibrando? Por que não sinto
vontade de gritar e pular? Por que não consigo falar em línguas? E quanto a
essas profecias, curas e orações barulhentas? Será que só eu percebo que
são forçadas?”.
Há muitos irmãos amados que enfrentaram esses dilemas no meio
pentecostal e que hoje estão num aprisco bíblico. Outros, porém,
geralmente por causa de vínculos sociais e afetivos, ainda vivem nesse
meio, mesmo se sentindo incomodados e pouco à vontade. Para esses
crentes de verdade, há quatro opções:
Estratégias perigosas
1. O fato de esse dom não existir mais não significa que Deus não pode
realizar milagres na área da comunicação. Deus tem poder para fazer
com que, em alguma situação especial, duas pessoas de idiomas
diferentes se comuniquem de forma surpreendente. Se isso, porém,
acontecer, não será correto dizer que houve uma manifestação do dom
de línguas, pois, conforme visto, não era assim o funcionamento desse
dom (quem o tinha o usava com frequência na igreja), nem era seu
objetivo quebrar as barreiras linguísticas entre as pessoas (tanto que
exigia a atuação de intérpretes). Por isso, diante da hipótese levantada,
o certo será dizer que ocorreu um milagre no campo da conversação.
12. Diante dos pobres que há na igreja, não é dever dos pastores
ensiná-los a anelar por riquezas (Mt 6.19-21; 1Tm 6.9-10), mas sim
encorajá-los a trabalhar (1Ts 4.11-12; 2Ts 3.10-12), ajudar os que são
mais pobres do que eles (2Co 8.1-5) e se contentar com o que têm
(1Tm 6.8; Hb 13.5). No caso de haver pobres que realmente não
podem obter sustento, o dever do pastor é exortar os parentes dessa
pessoa a ampará-la (1Tm 5.4,8,16). Também é tarefa do pastor
admoestar suas ovelhas para que ajudem seus irmãos na fé que, por
forças alheias à sua vontade, não podem obter pão (Rm 15.26; Gl 2.10;
[95]
6.10; Ef 4.28; 1Jo 3.17).
Um dos lados mais tristes da realidade criada pelo evangelho da
prosperidade é que, geralmente, seus seguidores, depois de doar aos líderes
tudo que têm, percebem angustiados que foram vítimas de grave engano
doutrinário. Então, vão se queixar aos pastores e estes lhes dizem que o que
os impediu de ter sucesso foi a falta de fé. Assim, esses infelizes vão para
casa (se ainda tiverem casa!) sem os poucos bens que antes possuíam e com
uma enorme carga de culpa no coração.
A verdadeira igreja de Deus pode evitar que esse e muitos outros
danos recaiam sobre as pessoas ensinando-lhes as verdades alistadas supra
e combatendo veementemente qualquer indício dessa destruidora heresia.
Quebra de maldições
O princípio do santuário
Marcas gerais
Igrejas emergentes
Note-se nessa lista que os crentes carentes devem ter prioridade sobre
os incrédulos. Isso deve ser assim porque o auxílio material deve fazer com
que os necessitados deem muitas graças a Deus, glorifiquem o nome dele
por causa da liberalidade do seu povo e orem em prol dos seus irmãos que
os ajudam, nutrindo grande afeto por eles (2Co 9.11-15). Ora, esses efeitos
só podem ser obtidos quando a assistência material é dirigida a crentes.
A ordem de prioridade apresentada aqui é útil principalmente para o
crente como indivíduo, o qual, com frequência, se vê diante de pessoas que
olham para ele esperando alguma ajuda material. Se o cristão não tiver
critérios embasados na Palavra de Deus, cometerá erros e injustiças nesse
campo, desconsiderando o que tem primazia e aplicando mal os recursos
que Deus lhe dá.
Os princípios de ajuda a pessoas carentes aplicáveis à vida do crente
individual devem, entretanto, ser aproveitados, o máximo possível, na
formação de uma filosofia de ajuda material a ser adotada pela igreja como
instituição. Porém, há também normas específicas dirigidas à igreja como
um todo, as quais versam sobre o modo que ela deve atuar no sustento dos
menos favorecidos.
É dito, por exemplo, com meridiana clareza, que a igreja jamais deve
ajudar pessoas que enfrentam dificuldades porque não trabalham. O
apóstolo Paulo chega a afirmar que quem não trabalha deve passar fome
(2Ts 3.10). De fato, a igreja que auxilia pessoas acomodadas incentiva a
ociosidade, o mau testemunho, a maledicência e as intrigas (2Ts 3.11; 1Tm
5.13).
É verdade que, muitas vezes, ocorre de o indivíduo não estar
trabalhando por não conseguir emprego. Nesse caso, a liderança terá de
avaliar as particularidades da questão: o irmão desempregado tem por
hábito ser inconstante em todos os seus empregos? É mau funcionário e, por
isso, sempre é demitido? O crente desempregado está procurando emprego
com real dedicação? Os empregos que lhe são arranjados têm sido
rejeitados por ele sob pretextos injustificáveis? Tudo isso deve ser avaliado
com bastante seriedade pelos líderes antes que a ajuda financeira seja dada.
Ainda no nível de igreja como instituição, a prática da ajuda financeira
aos membros deve seguir dois princípios básicos: a necessidade real e a
temporalidade.
Por necessidade real entende-se a situação caracterizada por inevitável
penúria, em que a pessoa, por motivo legítimo, não tem de onde tirar
recursos para sua alimentação, moradia, saúde e vestuário.
Esse princípio é absoluto, ou seja, não tem exceções. Desse modo, a
igreja nunca se verá obrigada a ajudar financeiramente quem não esteja
enfrentando essa circunstância (como, por exemplo, quem contraiu dívidas
e pede ajuda financeira para não ser protestado ou executado).
O princípio da necessidade real está previsto em 1Timóteo 5.3-6,16,
em que Paulo fala das mulheres que são verdadeiramente viúvas, ou seja,
mulheres idosas da igreja (com sessenta anos ou mais) que não apenas
tinham perdido o marido, mas também não contavam com filho ou neto
algum que as pudesse ajudar. Senhoras naquela situação deviam ter seus
nomes inscritos numa lista especial para receber auxílio da igreja, desde que
tivessem também um histórico de bom testemunho e serviço (1Tm 5.9-10).
Membros que não estivessem nessas circunstâncias não podiam se inscrever
(1Tm 5.11-13).
O segundo princípio (o da temporalidade), intimamente relacionado ao
primeiro e dele decorrente, aponta para o fato de que a ajuda financeira a
membros carentes não é necessariamente permanente. A ajuda deverá
cessar assim que a situação de necessidade real chegar ao fim. Ora, é
evidente que cessando a necessidade, o auxílio não será mais justo. É bom
ressaltar que a ajuda também poderá cessar quando os líderes perceberem
que a necessidade perdura em razão de negligência ou comodismo do
auxiliado.
O princípio da temporalidade é relativo, pois haverá casos
excepcionais em que a ajuda se perpetuará. Isso ocorre, por exemplo, no
caso de pessoas inválidas ou de bastante idade que vivem sozinhas, sem
nenhum parente, e recebem apenas uma pequena pensão mensal. Casos
como esses trazem em seu bojo situações que dificilmente se alterarão — e
a igreja terá de ajudar o indivíduo nessas condições talvez até o fim de sua
vida.
No tocante à ajuda material da igreja dirigida a pessoas incrédulas, é
bom dizer que essa conduta não é regulada pelo Novo Testamento. Em toda
a literatura neotestamentária, a preocupação da igreja com os carentes tem
sempre como objeto os irmãos na fé. Se não houver pessoas carentes numa
determinada igreja local (o que dificilmente ocorre), então essa igreja
direcionará sua ajuda a pessoas carentes de outras igrejas (At 11.27-30; Rm
15.25,26; 1Co 16.1-4; 2Co 9.1,2, 12-14).
Concluindo, deve ficar bem claro que a administração e o uso do
dinheiro da igreja são assuntos muito sérios. Todo centavo que entra para o
caixa, proveniente dos dízimos e ofertas, deve ser usado com
responsabilidade e critérios que se harmonizem com a Palavra do Senhor, o
qual, em última análise, é o dono de todos esses recursos, sendo os crentes
apenas administradores.
Por isso, os líderes cristãos, ao deliberar acerca da ajuda material a
alguém, não devem se deixar levar por apelos emocionais ou por temores de
desagradar a uns e outros, ou ainda por situações que gerem
constrangimento. Acima das circunstâncias, do agrado aos homens e das
fortes emoções está a Palavra de Deus, que deve ser sempre aplicada, seja
em que caso for.
Em regra, é bom que os pastores detenham a palavra final acerca de
quem deve receber recursos destinados ao suprimento de necessidades
materiais, julgando eles conforme a necessidade de cada um e a partir do
conhecimento especial que têm do seu rebanho. Ao que tudo indica, essa foi
a prática adotada em Atos 11.29-30.
Com efeito, a experiência pastoral ensina que, se o crente em particular
assumir essa tarefa, será facilmente movido pelas aparências e pela
manipulação de quem se mostra excessivamente carente e acabará suprindo
necessidades ilusórias, deixando os realmente necessitados vivendo em
desamparo. Por isso, o crente que quer ajudar os irmãos carentes de sua
igreja deve pedir orientação ao pastor que, quase sempre, saberá distinguir
quem realmente precisa de quem apenas parece precisar.
A proposta liberal
2) Não há nada que a igreja, como instituição, possa fazer para aliviar o
sofrimento deste mundo e reduzir as injustiças sociais?
É claro que há. Uma boa sugestão é a igreja cooperar como entidade
mantenedora de instituições beneficentes cristãs que tenham zelo
evangelístico. Se a igreja tiver condições financeiras, poderá destinar
verbas para essas instituições, ajudando no sustento do seu trabalho. Isso a
envolverá na obra central de evangelismo e a tornará presente numa esfera
mais ampla da vida social, sem comprometer a verdadeira razão da sua
existência e sem perder o foco do seu trabalho. A ajuda da igreja a essas
instituições, porém, deve ser dada sem prejuízo do amparo aos membros
necessitados da própria comunidade ou de irmãos de outros lugares que
enfrentam miséria e calamidade (veja-se a lista de prioridades acima).
Capítulo 12 – O CASAMENTO
A banalização do matrimônio é uma das marcas da sociedade
contemporânea — uma marca presente tanto no contexto secular como
cristão.
Com efeito, não é somente a mídia, os governos e as instituições
antiDeus que apregoam o afrouxamento dos laços matrimoniais. Também
pastores, escritores cristãos, igrejas, seminários e denominações inteiras
propagam discursos que são verdadeiras apologias à fragilidade do vínculo
conjugal, dando ensejo e estímulo a separações e fazendo com que seus
índices de incidência atinjam níveis surpreendentes.
Raras são as comunidades e solitários são os líderes evangélicos que se
opõem ao divórcio. Mais raros ainda são os crentes que se insurgem contra
o recasamento. E toda essa “tolerância”, na maior parte das vezes, não
repousa sobre a análise bíblica séria ou sobre a reflexão madura acerca de
um tema tão crucial para a felicidade das pessoas e para o bem da igreja.
Em vez disso, a defesa do casamento solúvel é construída sobre
jargões pobres (“você tem o direito de ser feliz com outra pessoa”), sobre
bases teológicas fracas expostas em retórica barata (“nosso Deus é o Deus
da segunda chance” ou “Deus não quer que fiquemos com alguém por mera
obrigação”) e sobre uma hermenêutica que faz malabarismos com
passagens da Bíblia (um dos exemplos mais chocantes é a defesa do
recasamento com base em Ageu 2.9: “A glória desta última casa será maior
do que a da primeira...”).
Isso tudo produz práticas erradas das quais a igreja de Deus deve fugir.
Para tanto, é preciso que os crentes corrijam suas ideias sobre o santo
matrimônio e construam uma estrutura conceitual bíblica e sólida acerca do
tema. Essa construção deve partir da análise do que, de fato, produz o
vínculo matrimonial.
A cláusula de exceção
2) Uma pessoa que convive há décadas com outra, tendo filhos e bens
em comum, sem, no entanto, casar-se, tem vínculo conjugal com seu
consorte?
Não, não tem. O vínculo conjugal não se perfaz com a passagem do tempo,
nem com o nascimento de filhos, nem com a aquisição conjunta de bens.
Tudo que a passagem do tempo faz numa relação de convivência entre um
homem e uma mulher não casados é tornar seu pecado mais velho, pois
qualquer conúbio carnal fora do matrimônio é pecado.
Como dito acima, para que o vínculo conjugal se perfaça, é preciso que
haja vontade livre, ato solene e intercurso sexual. No caso em pauta, falta o
ato solene. Portanto, não há vínculo conjugal unindo o casal hipotético
mencionado na pergunta.
7) Como o pastor deve lidar com a ameaça de ser punido pelo Estado,
caso se recuse a realizar casamentos homossexuais?
Ele deve enfrentar corajosamente a situação, mantendo-se firme em suas
convicções. Na Bíblia, é ensinado que as ordens das autoridades humanas
não podem ser postas acima da Palavra de Deus e que os santos devem
preferir o castigo humano a se curvar diante de ordens que contrariam a
vontade do Senhor (Dn 3.13-18; 6.6-10; At 4.18-20).
Princípio da alteridade
Ao dirimir conflitos interpessoais, o líder não deve tomar qualquer medida
ou decisão sem antes ouvir ambas as partes.
Princípio do equilíbrio
O rigor da exigência deve ser temperado com bom senso e a dureza do
castigo deve ser mesclada de misericórdia.
Princípio da obediência
As ofertas aceitáveis a Deus são aquelas que procedem de vidas santas,
marcadas por arrependimento, retidão e busca sincera da vontade do
Senhor.
Princípio da responsabilidade
O crente que quer contribuir financeiramente para a causa do Mestre deve
fazer isso na igreja de que participa, seja como membro, seja como assíduo
frequentador, ainda que a ajuda dirigida a outras comunidades de linha
ortodoxa seja aceitável, desde que eventual.
Princípio da temporalidade
A ajuda material a irmãos carentes deverá cessar tão logo termine a
condição de necessidade real.
REFERÊNCIAS
Livros
Artigos
Notas do prólogo
[1]
Nos tempos da Inquisição, “cristão velho” referia-se ao católico da
Península Ibérica que estava acima de qualquer suspeita de heresia. Já
“cristão novo” denominava o judeu convertido que passara a ser
perseguido com severidade, acusado de praticar o judaísmo secretamente
em casa. Veja-se KAYSERLING, M. História dos judeus em Portugal. São
Paulo: Pioneira, 1971. MAX, Frédéric. Prisioneiros da Inquisição. Porto
Alegre: L&PM, 1991. Veja-se tb. NORTON, Howard W.; NOVINSKY, Anita;
NAZÁRIO, Luiz; JOVANOVIK, Aleksandar. A Inquisição. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 15 mai. 1987. Folhetim.
[2]
Jesus chamou de cães os incrédulos (Mt 7.6) e os pagãos (Mt 15.26), mas
o mesmo termo foi utilizado por Paulo para referir-se aos falsos mestres
(Fp 3.2). No Apocalipse, o Senhor emprega a mesma palavra ao falar
daqueles que vão sofrer a perdição eterna, fora da cidade santa (Ap
22.15).
[3]
Veja-se ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise. São Paulo: Mundo Cristão,
1997. p. 77-82.
Notas do capítulo 1
[4]
Nesse sentido, veja-se especialmente SCHAEFFER, Francis A. A verdadeira
espiritualidade. São Paulo: Fiel, 1980. p. 192-209.
[5]
O Dr. Lawrence J. Crabb Jr., psicólogo cristão, aponta o significado e a
segurança como as necessidades psicológicas fundamentais de todo ser
humano. Segundo ele, o homem só se sente importante quando é
respeitado e só se sente seguro quando tem o amor incondicional dos
outros. Veja-se CRABB JR., Lawrence J. Aconselhamento bíblico efetivo.
Brasília: Refúgio, 1985.
[6]
O modo como a igreja deve agir no suprimento das necessidades dos que
sofrem está exposto no Capítulo 11.
[7]
Nos capítulos subsequentes, todos os itens aqui denominados como
“pilares” serão considerados com maior atenção.
[8]
Um bom exemplo disso é visto na Inglaterra durante o século 17. Veja-se
LLOYD-JONES, Martyn. Os puritanos: suas origens e seus sucessores. São
Paulo: PES, 1993. p. 76-79.
[9]
Essa prática também foi corroborada por concepções pagãs. Veja-se o
Capítulo 9.
[10]
Na igreja antiga havia, inclusive, a tendência de batizar crianças no oitavo
dia de vida (Lv 12.3), dado o entendimento de que o batismo havia
substituído a circuncisão. Nesse sentido, veja-se CIPRIANO. Epistle LVIII - To
Fido, On the baptism of infants. Ante-Nicene Fathers, vol. 5, p. 353-
354). É inegável, assim, que o batismo infantil surgiu como resultado da
concepção nutrida por vários teólogos antigos que viam a igreja como o
verdadeiro Israel.
[11]
Wayne Grudem, defendendo essas noções, escreve: “… a igreja agora se
tornou o verdadeiro Israel de Deus e… receberá todas as bênçãos
prometidas a Israel no Antigo Testamento...”. GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 723.
[12]
Para uma exposição mais detalhada desses e outros efeitos, veja-se DIPROSE,
Ronald E. Israel and the church: The origin and effects of replacement
theology. Waynesboro, GA: Authentic Media, 2004.
[13]
O Artigo 17 da Confissão de Augsburgo, escrita em 1530, afirma que a
ideia de um reino messiânico físico a ser instalado no futuro neste mundo
(milenarismo) é apenas uma das diversas “opiniões judaicas” que as
igrejas condenam (A Confissão de Augsburgo. Edição bilíngue. São
Leopoldo: Sinodal, 1980. p. 25.). Também a primeira edição dos Artigos
Anglicanos elaborados por Thomas Cranmer em 1553 descreve o
milenarismo como “uma fábula própria da senilidade judaica” (SCHAFF,
History of the Christian Church, vol. II, p. 619).
[14]
Nesse sentido, veja-se OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica: uma nova
abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 414.
[15]
A lei canônica é o conjunto de normas criadas pelos concílios
eclesiásticos que se reuniram ao longo dos séculos e que são
reconhecidos pela “igreja oficial”.
Notas do capítulo 2
[16]
CALVINO, João. As institutas ou tratado da religião cristã. Vol. III. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985. p. 119.
[17]
Ibid., p. 133.
[18]
Ibid., p. 136.
[19]
A Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 1994. p.
110.
[20]
HODGE, Archibald Alexander. Comentário de la Confesion de Fe de
Westminster. Barcelona: CLIE, 1987. p. 251. Tradução livre.
[21]
OSBORNE, Op. Cit., p. 567.
[22]
CALVINO, João. Comentário sobre 2Timóteo 2.15: CNTC 10, p. 313. Citado
por GEORGE, Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993, p.
241.
[23]
GEORGE, Ibid., p. 92.
[24]
Na Bíblia há orações dirigidas ao Pai (Mt 6.9; Ef 3.14) e ao Filho (At
7.59; 1Co 1.2), mas não há nenhuma súplica feita ao Espírito Santo.
Negar, contudo, que os crentes possam orar ao Espírito equivale a negar
a divindade da Terceira Pessoa da Trindade.
[25]
Para livros que apresentam essas concepções, veja-se BILLHEIMER, Paul E. Seu
destino é o trono. São José dos Campos: CLC, 1984 (especialmente pp.
103-116); e CAROTHERS, Merlin. Louvor que liberta. Belo Horizonte: Betânia,
1988.
[26]
Para excelentes orientações sobre esse assunto, veja-se LOPES, Augustus
Nicodemus, O que estão fazendo com a igreja. São Paulo: Mundo
Cristão, 2008. p. 157ss.
[27]
Veja-se o Capítulo 1.
[28]
Segundo o ensino do NT, o corpo do cristão é casa habitada definitivamente
por Deus (Jo 14.20,23; 1Co 3.16; 6.19; Cl 1.27), e é impossível que
Satanás e seus anjos façam morada ali, uma vez que nunca a acharão
desocupada (Mt 12.43-45). Veja também 1João 5.18.
Notas do capítulo 3
[29]
SALVADOR, José Gonçalves (Edit.). O Didaquê ou O ensino do Senhor através
dos doze apóstolos. São Paulo: Imprensa Metodista, 1980. p. 75.
[30]
CALVINO, Op. Cit., IV:XV:19, p. 301.
[31]
A fonte desse ensino é a obra O pastor de Hermas (31.6-7), produzida por
volta de 150 AD.
[32]
Veja-se SCHAFF, Op. Cit., vol. II, p. 258-262.
[33]
GEORGE, Op. Cit., p. 258-259.
[34]
BERKHOF, L. Manual de Doutrina Cristã. Campinas: Luz para o Caminho,
1985. p. 288.
[35]
Segundo Berkhof, Colossenses 2.11-12 parte claramente da suposição de
que o batismo tomou o lugar da circuncisão! (Ibid., p. 287).
[36]
Assim argumenta Calvino em suas Institutas. Veja-se CALVINO, Op. Cit.,
IV:XVI:20, p. 322-323.
[37]
Para mais detalhes, veja-se CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos
séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 1984. p.
239.
[38]
Essa doutrina é também adotada com pequenas variações pelos ortodoxos
e anglicanos.
[39]
O IV Concílio de Latrão (1215) oficializou a doutrina da
transubstanciação como dogma católico. Essa doutrina foi reafirmada e
plenamente definida no Concílio de Trento (1545-1563).
[40]
A prática da igreja ocidental de usar pão não levedado na Eucaristia deu
causa ao Cisma de 1054 que culminou no rompimento das relações entre
a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega.
[41]
Aliás, a palavra “hóstia” vem do latim e significa vítima.
[42]
Na Idade Média corria a fábula de que o morcego passou a existir porque
um rato, após comer uma hóstia consagrada, foi abençoado com asas.
[43]
WENGER, John C. (org.). The complete works of Menno Simons. Scottdate:
Herald Press, 1956. p. 76. Citado por GEORGE, Op. Cit., p. 258.
[44]
Edições posteriores da Confissão de Augsburgo abrandaram essa posição.
[45]
A Fórmula foi publicada oficialmente em 1580. Como foi apresentada
num volume que trazia outros documentos, ficou conhecida mais tarde
como o Livro da Concórdia.
[46]
O sacramento do altar ou ceia do Senhor. Disponível em
www.luteranos.com.br/articles/8166/1. Acessado em 02/dez/2010.
[47]
Para uma compreensão mais precisa da concepção de João Calvino acerca
da ceia, veja-se CALVINO, Op. Cit., IV:XVII, p. 339-399. Veja-se ainda
GONZÁLEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. Vol. 3. São Paulo:
Cultura Cristã, 2004.
[48]
Calvino diz expressamente: “... a fração do pão é um símbolo... Mas...
pela exibição do símbolo, no entanto, a própria coisa é exibida.” (Op.
Cit., IV:XVII:10, p. 348).
[49]
CALVINO, Idem.
[50]
Deve ser lembrado que os católicos e os luteranos também são
sacramentalistas, crendo a seu modo que, na eucaristia, graças especiais
são comunicadas aos participantes. Zuínglio, por sua vez, repudia essa
visão. Um dos possíveis fundamentos do sacramentalismo está na
expressão “o cálice da bênção” usada por Paulo em 1Coríntios 10.16. Se
for entendida como um genitivo de causa, o que é gramaticalmente
possível, essa expressão pode ser interpretada como “o cálice que traz a
bênção”, dando suporte para a concepção sacramentalista. É mais
provável, porém, que a expressão se refira ao cálice da gratidão, o
terceiro cálice usado pelos judeus durante a celebração da Páscoa. Ao
participar desse cálice os celebrantes davam graças a Deus e o
“abençoavam,” isto é, o bendiziam. Se esse entendimento for aceito, a
suposta base para o sacramentalismo presente em 1Coríntios 10.16
desaparece.
[51]
CALVINO, Op. Cit., IV:XVII:24, p. 365.
Notas do capítulo 4
[52]
AGOSTINHO DE HIPONA. De correptione et gratia, XIV-XVI. In CALVINO, Op. Cit.,
III:XXIII:14, p. 426.
[53]
Para mais detalhes, veja-se MCGRATH, Alister. A vida de João Calvino. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 203-222.
[54]
FERREIRA, Franklin. Gigantes da fé. São Paulo: Vida, 2006. p. 168.
[55]
Mais informações sobre os calvinistas enviados de Genebra ao Brasil,
bem como acerca do conteúdo da Confissão de Fé da Guanabara, veja-
se NASCIMENTO, Adão Carlos e MATOS, Alderi Souza de. O que todo
presbiteriano inteligente deve saber. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP,
2007. p. 39-48.
[56]
A obra mais completa sobre o tema, escrita em português, é, sem dúvida
SCHALKWIJK, Franz Leonard. Igreja e Estado no Brasil Holandês: 1630-1654.
São Paulo: Vida Nova, 1989. O autor é pastor reformado holandês e
ministrou muitos anos no Brasil, tendo realizado profundas pesquisas
tanto aqui como em sua terra natal.
[57]
Informações mais completas sobre George Whitefield podem ser obtidas
em LLOYD-JONES, D.M. Op. Cit. p. 112-138.
[58]
Sobre a vida de Spurgeon, veja-se FERREIRA, Op. Cit., p. 270-278.
[59]
No Brasil, os sermões de Spurgeon têm sido publicados especialmente
pela Editora Fiel e pela PES: Publicações Evangélicas Selecionadas.
Notas do capítulo 5
[60]
GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989. p. 224.
[61]
GOMES, Cirilo Folch (org.). Antologia dos Santos Padres: Páginas Seletas
dos Antigos Escritores Eclesiásticos. São Paulo: Paulinas, 1985. p. 284.
Notas do capítulo 6
[62]
Note-se que nesse texto a palavra traduzida em várias versões como
“mais velhos” é presbyteroi, termo que designa pastores. Aliás, o
contexto da passagem (v. 1-4) favorece esse entendimento.
Notas do capítulo 7
[63]
O emprego do óleo mencionado nesse texto tinha objetivos simbólicos (a
representação do favor de Deus vindo sobre o enfermo) e humanitários (o
óleo era usado para dar refrigério). Em nada essa prática se assemelhava
ao curandeirismo evangélico que se vê hoje em dia.
[64]
CALVINO, Op. Cit., IV:III:9, p. 51.
[65]
TOURAINE, Alain; MOTTEZ, Bernard. Histoire Générale du Travail. Apud
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo:
Saraiva, 1995. p. 13-14.
[66]
Idem, p. 560-561.
[67]
Idem, p. 12-13.
[68]
Para uma visão mais clara acerca do espaço concedido às mulheres no
contexto judaico, por exemplo, veja-se JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no
tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1983. p. 473-494. Veja-se também
DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus, São Paulo: Vida
Nova, 1988. p. 88-91.
[69]
HOUSE, H. Wayne. Distinctive roles for women in the second and third
centuries. Bibliotheca Sacra, Dallas, v. 146, n. 581, jan./mar. 1989, p. 52-
53. Tradução livre.
Notas do capítulo 9
[70]
WENGER, John C. (org.). The complete works of Menno Simons. Scottdate:
Herald Press, 1956. p. 310. Citado por GEORGE, Op. Cit., p. 278.
[71]
Diga-se de antemão que o autor reconhece que há muitas igrejas
pentecostais que não se encaixam nas críticas elencadas nesta seção. Ele
também sabe que, mesmo adotando algumas concepções doutrinárias que
este livro reprova, muitos pentecostais são discípulos sinceros de Jesus
— irmãos amados que repudiam enfaticamente todos os desvios
mencionados aqui, fazendo tudo o que podem para evitá-los ou corrigi-
los.
[72]
Um exemplo chocante do ponto a que isso pode chegar é fornecido pelo
número 47 da revista portuguesa Visão, publicada na semana de 10 a 16
de fevereiro de 1994. Segundo essa revista, em junho de 1992, o
“apóstolo” Jorge Tadeu, líder da Igreja Maná em Portugal, disse numa
reunião de pastores na cidade de Loures, próxima de Lisboa: “Recebi isto
por revelação divina: Deus me disse que hoje o Senhor permite que um
homem tenha várias mulheres, desde que com isso sirva mais a Deus”.
Jorge Tadeu já esteve várias vezes em São Paulo, promovendo
conferências ao lado de líderes pentecostais brasileiros. Veja-se ROMEIRO,
Op. Cit., p. 48.
[73]
A exploração financeira levada a cabo por essas pessoas passa ainda pela
prática chocante de compra e venda de “campos”, pela qual pastores e
líderes eclesiásticos, tratando suas comunidades como se fossem lotes de
animais, vendem suas igrejas por uma determinada quantia em dinheiro,
cujo valor oscila dependendo do número de membros, potencial de
crescimento, média de entradas financeiras, localização, etc. O apóstolo
Pedro disse que os falsos mestres fariam comércio dos crentes (2Pe 2.3).
Esse é certamente o exemplo mais chocante do cumprimento dessa
previsão.
[74]
A expressão “terceira onda” aplicada ao neopentecostalismo tem a sua
criação atribuída ao teólogo e escritor americano, autointitulado apóstolo,
Charles Peter Wagner (The third wave of the Holy Spirit. Ann Harbor:
Vine, 1988). No Brasil, a história do pentecostalismo é dividida em três
“ondas” pelo sociólogo Paul Freston, no artigo “Breve história do
pentecostalismo brasileiro”, em ANTONIAZZI, Alberto (edit.). Nem anjos nem
demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis:
Vozes, 1996.
[75]
Veja-se SCHAFF, Op. Cit., I:VII:39.
[76]
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Verbete: ‘glossolalia’. RJ:
Objetiva, 2001.
[77]
Le Nouveau Petit Robert. Verbete: ‘glossolalie’. Paris: Dictionnaires Le
Robert, 2000.
[78]
FREIRE, Silvana Matias. Glossolalias: ficção, semblante, utopia Tese de
doutorado apresentada ao Curso de Linguística do Instituto de Estudos da
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,
Instituto de Estudos da Linguagem, 2007. p. 73.
[79]
FREIRE, p. 31-32.
[80]
FREIRE, p. 67-68, 77, 79.
[81]
MOTLEY, Michael T. A linguistic Analysis of glossolalia: evidence of unique
psycholinguistic processing. Communication Quarterly, vol. 30, nº 1,
1981. p. 18-27.
[82]
Para mais detalhes veja-se FREIRE. p. 15-16. Veja-se tb. BAPTISTA, Selma.
Glossolalia, o sentido da desordem: a simbologia do som na constituição
do discurso pentecostal. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas — Área de Antropologia Social —
UNICAMP, Campinas, 1989. p. 80-81.
[83]
Muitas vezes, a ideia de que o dom de línguas produz esvaziamento
mental busca fundamento em 1Coríntios 14.14, onde se diz que a mente
de quem ora em outra língua “fica infrutífera”. Essa expressão, porém,
significa apenas que a mente de quem orava em línguas não produzia
nada em proveito dos irmãos. Nesse sentido, veja-se THISELTON, Anthony C.
The First Epistle to the Corinthians: A commentary on the Greek text.
Michigan/Cambridge, UK: Eerdemans, 2000.
[84]
BAPTISTA, p. 267,285.
[85]
Para mais detalhes, veja-se BOER, Leandro. O dom de línguas hoje: adendo
científico para leigos. Publicado em três partes no Boletim Semanal da
Igreja Batista Redenção nº 806-808 (19 e 26 de abril / 03 de maio de
2015). Disponível também em www.igrejaredencao.org.br. O artigo traz
uma breve lista de referências de que constam as seguintes monografias:
DENGAH, F. Religious Dissociation and Economic Appraisal in Brazil. J
Relig Health. 2015 Feb 17. [Epub ahead of print] PubMed PMID:
25687180; JOHNSON, K. D. A neuropastoral care and counseling assessment
of glossolalia: a theosocial cognitive study. J Health Care Chaplain.
2010;16(3-4):161-71. doi:10.1080/08854726.2010.492698. PubMed
PMID: 20658429; KUHL P. K. Brain mechanisms in early language
acquisition. Neuron. 2010 Sep 9; 67(5):713-27. doi:
10.1016/j.neuron.2010.08.038. Review. PubMed PMID: 20826304;
PubMed Central PMCID: PMC2947444. NEWBERG, A.B.; WINTERING N. A.; MORGAN,
D.; WALDMAN, M. R. The measurement of regional cerebral blood flow during
glossolalia: a preliminary SPECT study. Psychiatry Res. 2006 Nov
22;148(1):67-71. Epub 2006 Oct 12. PubMed PMID: 17046214.
[86]
BAPTISTA, p. 250.
[87]
BAPTISTA, p. 265-266,282. Conclusões semelhantes foram expostas por
William SAMARIN. antropólogo e linguista americano, que realizou um dos
trabalhos mais completos sobre a glossolalia em Tongues of men and
angels. The religious language of pentecostalism. Macmillan, NY, 1972.
O trabalho de Samarin (e de outros linguistas que chegaram à mesmas
conclusões que ele) foi criticado num artigo escrito em 1981, por
Michael T. MOTLEY, intitulado A linguistic Analysis of glossolalia: evidence
of unique psycholinguistic processing (publicado em Communication
Quarterly, vol. 30, nº 1, 1981. p. 18-27). Contrariando teses já
consagradas, Motley afirma que a glossolalia tem traços de línguas reais
e é linguisticamente independente da língua nativa dos falantes. Ele
admite, porém, que traços desse tipo podem advir da prática (nota 1 de
seu artigo), mas rejeita a possibilidade de ser essa a hipótese que explica
a glossolalia (ainda que tenha baseado sua pesquisa na experiência de um
pentecostal que falava em "línguas" há vinte anos). Apesar de sua análise
abranger apenas dez páginas e de ter tirado suas conclusões a partir da
observação de somente um praticante da glossolalia, Motley afirma que o
trabalho de Samarin e de outros que chegaram às suas mesmas
conclusões é "superficial".
[88]
Para mais detalhes, veja-se MACARTHUR. O caos carismático. São José dos
Campos: Fiel, 1992. pp. 293-326.
[89]
Maiores detalhes em FREIRE, p. 11-12, 18-22 e BAPTISTA, p. 78.
[90]
Alguns crentes acreditam que 1Coríntios 14.24-25 serve como base
bíblica para a prática supostamente profética de adivinhar segredos da
vida alheia, especialmente dos visitantes que vão à igreja. No entanto,
esse texto ensina apenas que, tocado pelas verdades espirituais
pronunciadas durante o culto pelos profetas que havia na igreja primitiva,
o descrente se sentiria encorajado a abrir seu coração em confissão diante
dos irmãos. Também pode significar que a corrupção do coração do
descrente seria exposta a ele mesmo através da pregação dos profetas, o
que o levaria ao arrependimento. Nesse sentido, veja-se LOPES, Augustus
Nicodemus. O culto espiritual. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 221.
[91]
CHISHOLM, Robert B. From exegesis to exposition. Grand Rapids: Baker,
1999. p. 142.
[92]
Sobre o uso do óleo mencionado em Tiago 5.14, veja-se a nota 1 do
Capítulo 7.
[93]
Alguns livros de Hagin que expõem esses ensinos e que estão disponíveis
em português são: Compreendendo a unção; Novos limiares da fé;
Redimidos da miséria, da enfermidade e da morte; Dons do Espírito; A
autoridade do crente; O nome de Jesus, além de outros, todos publicados
no Brasil pela Graça Editorial.
[94]
No Brasil, esses ensinos foram bastante popularizados a partir de 1979 por
meio de um pequeno livro chamado Há poder em suas palavras, de Don
Gosset. Nesse livro é possível encontrar a raiz de diversos desvios
doutrinários amplamente aceitos no meio evangélico de hoje, tais como:
1) O ensino de que a pessoa concretiza tudo o que declara; 2) O
consequente incentivo à repetição de versículos e frases de vitória a fim
de se obter sucesso (essa é a razão porque muitos pastores, durante seus
sermões, mandam as pessoas dizer frases positivas a quem está sentado
ao seu lado); 3) A afirmação de que o crente tem direito a curas, dinheiro
e realização e que essas coisas, na verdade, já lhe pertencem, devendo
apenas “tomar posse” delas por meio da pronúncia de frases; 4) A
identificação de sentimentos e disposições negativas com espíritos
malignos (espírito do medo, espírito do rancor, espírito da malícia, etc.);
e 5) O entendimento de que todas as doenças e males têm como origem o
diabo.
[95]
Veja-se no Capítulo 11, o modo bíblico como se deve lidar com membros
da igreja que passam por necessidades materiais.
[96]
Para uma exposição sucinta, mas bastante proveitosa dessa concepção,
veja-se ROMEIRO, Op. Cit., p. 97-112.
[97]
Há também o ensino de que as maldições podem estar associadas ao nome
da pessoa, caso esse nome evoque noções de pecado ou de sofrimento
(e.g., Adão, Judas, Maria das Dores, etc.).
[98]
O jejum também é muito enfatizado nesses casos. Porém, o que os
seguidores dessas fábulas chamam de jejum é mera abstinência
supersticiosa de alimentos. A Bíblia mostra que o jejum verdadeiro é um
meio de estimular a concentração na oração quando o crente está
arrependido (Jl 2.12) ou passando por grande tristeza (Mt 9.15) ou ainda
diante de uma imensa tarefa (At 13.2-3). Portanto, quando alguém jejua
não deve apenas abster-se de alimentos, mas também evitar qualquer
outra atividade própria do dia a dia, dedicando-se exclusivamente à
meditação da Palavra e à oração (Is 58.3). Foi esse o jejum que Jesus
praticou no deserto (Mt 4.1-2).
[99]
No Brasil, a proposta de restauração apostólica tem sido defendida talvez
de forma mais elaborada por René Terra Nova, líder do Ministério
Internacional da Restauração, com sede em Manaus. No entanto, um
número infindável de igrejas evangélicas tem aceitado a liderança de
homens que se autodenominam apóstolos.
[100]
BALZ, Horst e SCHNEIDER, Gerhard (Orgs.). Exegetical Dictionary of the New
Testament. Edimburgo: T&T Clark Ltd., 1990. p. 3149.
[101]
Agir como bêbado é visto como sinal de plenitude espiritual porque,
segundo o entendimento dos líderes dessas igrejas, Atos 2.13 prova que
os crentes que estavam em Jerusalém por ocasião do Pentecoste
realmente pareciam embriagados quando o Espírito veio sobre eles.
[102]
Herodes, o Grande, reconstruiu o templo de Jerusalém ao longo de um
período de 44 anos (20 a.C. – 64 d.C.), tendo-o feito para cair no agrado
dos judeus sobre quem reinava.
[103]
Para uma noção mais clara sobre as dependências e dimensões do templo
de Jerusalém nos dias do Novo Testamento, veja COOK, Randall K. O
templo — sua história e seu futuro. Vox Scripturae, São Paulo, v. 2, n. 1,
mar. 1992, p. 67-81. Para o lugar do templo na vida social do povo de
Jerusalém,0 veja DANIEL-ROPS, Op. cit., p. 233-43.
[104]
CAIRNS, Op. Cit., p. 97.
[105]
GIBBON, Op. Cit., p. 278.
[106]
Isso também teve como causa o processo de israelização da igreja. Nesse
sentido, veja-se o Capítulo 1.
[107]
Tudo isso gera situações inusitadas: Certa vez, um jovem foi conhecer as
novas dependências de uma igreja no Estado do Espírito Santo e, ao subir
no púlpito para ter uma visão mais ampla do todo, foi abordado pelo
zelador que, diante de tão grande sacrilégio, ordenou que ele saísse dali
imediatamente. A ordem foi de pronto obedecida, mas era tarde: o
púlpito já havia sido profanado!
Numa outra grande igreja, o pastor disse que estava pensando em
“reconsagrar o templo”, pois um conjunto de americanos havia
apresentado ali músicas impróprias para a adoração. A medida correta
teria sido interromper a apresentação e admoestar os americanos. Se
algo devesse ser “reconsagrado”, talvez fosse a vida deles.
Ainda em outra igreja houve um “culto especial de consagração da
nova bancada”. Durante o evento, a congregação foi obrigada a
permanecer pacientemente em pé por um período interminável.
Jovens, velhos, mulheres e crianças só puderam se sentar nos novos
bancos depois que a “consagração” foi consumada!
[108]
O rasgar do véu também pode indicar a indignação de Deus (como
alguém que rasga as vestes) diante da morte do seu Filho, ou o prenúncio
do juízo sobre o templo (Mt 23.38), consumado em 70 AD. Nesse
sentido, veja-se NOLAND, John. The Gospel of Matthew: a commentary on
the Greek text. Grand Rapids/Michigan: Eerdmans, 2005. p. 1211-1214.
[109]
DANIEL-ROPS, Op. cit., p. 233-4.
[110]
A associação da igreja com o romanismo é proposta pelo ecumenismo. Já
a associação com o hinduísmo é mais sutil e surge quando os crentes
passam a crer, por exemplo, que “há poder em suas palavras”. Essa
crença é não só o corolário da doutrina hinduísta acerca da divindade do
homem, mas também o principal fundamento das práticas tanto antigas
como modernas de feitiçaria. Para mais detalhes sobre o assunto, veja
HUNT, David; MCMAHON, T. A. La seducción de la cristianidad. Grand
Rapids: Editorial Portavoz, 1988.
[111]
Quanto à associação da igreja com seitas que se parecem cristãs, o
exemplo mais comum é o espaço dado por alguns pastores aos
adventistas do sétimo dia. Prevalece no meio evangélico a crença errada
de que os adventistas são irmãos na fé, os quais diferem dos crentes pelo
simples fato de se reunirem aos sábados. Nada, porém, está mais longe
da verdade. Os adventistas não são crentes. Antes constituem uma seita
que ensina terríveis heresias. Dentre elas, sua doutrina sobre o “juízo
investigativo” contraria Hebreus 9.11-12 e tenta destruir a verdade acerca
da consumação da obra de Cristo realizada na cruz do Calvário. Para
mais detalhes, veja VAN BAALEN, J. K. O caos das seitas. São Paulo:
Imprensa Batista Regular, 1982.
[112]
Veja a exposição sobre o Princípio Regulador do Culto, no Capítulo 2.
Notas do capítulo 10
[113]
No Brasil, um dos livros que melhor refletem essa disposição teológica
conciliadora é MCLAREN, Brian. Uma ortodoxia generosa. Brasília: Editora
Palavra, 2007. O prefácio à edição americana desse livro, escrito por
John R. Franke, proclama que uma de suas marcas positivas é a aceitação
da possibilidade de salvação para os que estão fora da fé cristã,
recusando que a graça salvadora de Deus esteja limitada aos crentes (p.
19). De fato, McLaren, no capítulo 4 da sua obra, se insurge abertamente
contra a pregação de Jesus como salvador pessoal, insistindo que ele é o
salvador do mundo. O propósito do evangelismo, segundo essa
concepção, seria convidar as pessoas a terem uma vida diferente,
enquanto participam da fascinante obra de Cristo de salvar o mundo
inteiro.
[114]
Essa é a proposta de Dan Kimball no livro A igreja emergente:
cristianismo clássico para as novas gerações. São Paulo: Vida, 2008.
[115]
Essa é, pelo menos em parte, a proposta de Rick Warren, em seu livro
Uma igreja com propósitos. São Paulo: Vida, 2008.
[116]
Para mais detalhes sobre o Princípio Regulador do Culto veja-se o
Capítulo 2.
[117]
O NT também mostra que em meados do século 1 surgiram credos
cristãos e declarações hínicas que eram adotados pelas igrejas e que
serviam como fator de distinção entre elas e os diversos grupos heréticos
que as rodeavam (Gl 1.9; Fl 2.5-9 [talvez um hino cristão primitivo]; 2Ts
3.6; 1Tm 3.16 [também um hino cristão antigo]; 6.20; 2Tm 1.14; 2.2). A
adoção desses credos e hinos também sinaliza para as igrejas locais como
instituições bem organizadas, com identidade teológica formalmente
definida, todas comprometidas com uma tradição doutrinária específica,
cujos contornos eram claros e inegociáveis.
Notas do capítulo 11
[118]
Até onde a avaliação é possível, não se pode dizer que esse livro seja
proponente da teologia liberal. Sua menção aqui serve apenas para
destacar a contribuição que fez para a visão da igreja como agente mais
presente no campo social – uma visão que coincidiu com as propostas
liberais.
[119]
O texto integral do Pacto de Lausanne em português pode ser acessado
no site www.lausanne.org ou em www.monergismo.com.
[120]
Nesse sentido, veja-se OSBORNE, Op. Cit., p. 335.
Notas do capítulo 12
[121]
Veja-se Tobias 7.14. O livro apócrifo de Tobias foi escrito em cerca de
200 a.C. e é reconhecido como canônico pela Igreja Católica. O judaísmo
e as igrejas protestantes, porém, não o aceitam em seu rol de livros
inspirados.
[122]
Nos tempos do AT, o ritual central de matrimônio era a condução
simbólica da noiva à casa do noivo, o que era seguido de festejos (Jr
16.9). No dia do casamento, os noivos usavam trajes especiais (Ct 3.11;
Is 61.10) e participavam de um banquete com os convidados (Gn 29.21-
23). Esses costumes sofreram modificações ao longo do tempo, mas o
rito cerimonial que perfaz o casamento nunca deixou de existir (Veja-se o
verbete Marriage in ACHTEMEIER, Paul (Org.). Harper’s Bible Dictionary.
New York: Harpercollins, 1985.).
[123]
Citado por JEREMIAS, Op. Cit., p. 484.
[124]
Há no meio cristão uma posição ainda mais restritiva que admite o
divórcio somente no caso em que o incrédulo quer se apartar. Segundo os
proponentes dessa visão, o divórcio admitido na hipótese mencionada em
Mateus 5.32 e 19.9 era o rompimento das relações de noivado. Para uma
discussão sobre esse tema, veja-se KÖRSTENBERGER, Andreas J.; JONES, David W.
Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São
Paulo: Vida Nova, 2011. p. 243-248.
[125]
WEBER, Stuart K. Holman New Testament Commentary (ANDERS, Max
[Edit.]): Matthew. Broadman & Holman Publishers: Nashville,
Tennessee. 2000. p. 328.
[126]
Veja-se, aliás, os textos paralelos de Marcos 10.11-12 e Lucas 16.18,
onde não figura nenhuma cláusula de exceção.
[127]
PINTO, Carlos Osvaldo. O Divórcio. Enfoque, Atibaia, nov. 2000, p. 7. Veja-
se também HETH, William A. e WENHAM, Gordon J. Jesus and divorce. London,
The Chaucer Press, 1984.
[128]
Outra possível tradução para Mateus 19.9 é: “Quem se divorciar de sua
mulher, o que só poderá fazer se ela for infiel, e se casar com outra
comete adultério”. Note-se que essa opção conecta corretamente a
famosa cláusula de exceção somente à primeira parte da hipótese – a
parte referente ao divórcio.
[129]
Aqui, uma analogia pode ajudar: relações sexuais adulterinas podem
gerar filhos. Alguém poderá dizer que esses filhos são “irregulares”, mas
ninguém poderá afirmar que são inexistentes. Da mesma forma, uma
relação sexual adulterina poderá gerar um casamento irregular. Contudo,
não será correto alegar que esse casamento é irreal ou que não existe.
Esse casamento existirá sim, gerando direitos e obrigações, da mesma
forma que um filho “irregular” existe de fato e gera direitos e obrigações.
Notas do capítulo 13
[130]
Para análise mais detalhada do assunto, veja-se COULANGES, Fustel de. A
cidade antiga. São Paulo: Editora das Américas, 1961.
[131]
Os jogos olímpicos surgiram por volta de 884 a.C. e tinham por
propósito homenagear os deuses da Grécia antiga. Aliás, o imperador
cristão Teodósio I extinguiu a Olimpíada em 393 d.C. por considerá-la
um rito pagão. A restauração dos jogos só veio em 16 de junho de 1884,
num congresso realizado em Paris.
Notas do capítulo 14
[132]
A orientação dada no leito de morte por Jacó (Gn 49.29-33) e José (Gn
50.24-26) quanto a serem sepultados na terra de Canaã não foi expressão
de capricho tolo. Antes, constituiu ato de fé (Hb 11.22), uma vez que
esses homens criam que um dia ressuscitariam dentre os mortos e
possuiriam para sempre a terra prometida por Deus a Abraão e seus
descendentes (Gn 12.7; 13.14-17; 15.7-21).
Notas da conclusão
[133]
Veja o Capítulo 9 (subtítulo “Avivamentos estranhos”) para o ensino
bíblico acerca do impacto da verdade sobre as multidões.
Table of Contents
Capítulo 1 - Igreja local: definição, propósito, importância e modo válido de
implantação
Capítulo 2 – O CULTO CRISTÃO
Capítulo 3 – AS ORDENANÇAS
Capítulo 4 – O EVANGELISMO
Capítulo 5 – OS MEMBROS QUE VÊM E VÃO
Capítulo 6 – OS DEVERES DOS MEMBROS DA IGREJA LOCAL
Capítulo 7 – OS OFICIAIS DA IGREJA
Capítulo 8 – O PATRIMÔNIO MATERIAL DA IGREJA
Capítulo 9 – DESVIOS EVANGÉLICOS
Capítulo 10 – IGREJAS PÓS-MODERNAS
Capítulo 11 – O AUXÍLIO MATERIAL NA IGREJA
Capítulo 12 – O CASAMENTO
Capítulo 13 – A LIBERDADE E A CONDUTA CRISTÃ
Capítulo 14 – A PRÁTICA DE ENFRENTAR A MORTE