Você está na página 1de 9

O que é crônica?

Crônica é um texto curto que narra uma situação cotidiana de forma criativa e
humorada. Caracteriza-se por utilizar linguagem simples, poucos personagens e ter
tempo e espaço reduzidos.
Entenda-se por texto curto um texto que você não demora muito para ler. Embora
não possamos definir um tamanho, pode-se dizer que uma crônica pode ser lida de
uma vez, sem exigir do leitor paragens durante a leitura.

Quais as características da crônica?


Por tratar de assuntos cotidianos e factuais, a crônica tem “vida curta”. Isso quer
dizer que o assunto em pauta hoje não será o mesmo de amanhã, aspecto similar ao
jornalismo, já que os dois buscam inspiração nos acontecimentos do dia a dia.
Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples e espontânea, situada entre
a linguagem oral e a escrita. Isso contribui para que o leitor se identifique com o
cronista, que acaba se tornando o porta voz daquele que lê.

As características das crônicas


• Escrita em textos curtos e de fácil compreensão; (narrativa curta; uso de uma
linguagem simples e coloquial;)
• presença de poucos personagens, se houver;
• espaço reduzido;
• Segue um tempo cronológico determinado.
• temas relacionados a acontecimentos cotidianos.
• Caráter crítico sobre comportamentos e situações;

Por ter caráter jornalístico e apresentar textos que narram e refletem o cotidiano, as
crônicas servem para fazer uma crítica com a intenção de causar reflexão no leitor
sobre determinado assunto. Os bons cronistas são aqueles que conseguem
perceber, no dia a dia de suas vidas, impressões, ideias ou visões da realidade que
não foram percebidas por todos.

PRINCIPAIS TIPOS DE CRÔNICA


Há vários tipos de crônicas - narrativa, dissertativa, humorística, descritiva, reflexiva
- e cada uma delas apresenta alguma característica particular.

CRÔNICA NARRATIVA
A crônica narrativa apresenta elementos da narração em sua estrutura, que pode
ser feita na 1ª ou 3º pessoa do singular. Nesse caso, a crônica pode ser definida
como um gênero literário marcado pela narração de situações cotidianas sob uma
ótica individual.
Nessas crônicas não há longos trechos reflexivos ou argumentativos. Como a
tipologia predominante é a narrativa, o texto apresenta um enredo com
personagens, tempo e espaço. Suas principais características são humor, ação e
crítica.

CRÔNICA JORNALÍSTICA
Esse tipo de crônica mistura tipologias textuais narrativa e argumentativa,
apresentando notícias ou fatos baseados no cotidiano. Então, a crônica jornalística
pode ser caracterizada como um gênero que mistura fragmentos narrativos – em
geral, pequenos fatos cotidianos são contados para, em seguida, promover-se uma
reflexão sobre eles – e trechos mais longos de reflexão e argumentação sobre o fato
narrado.
É esperado que o tema da crônica jornalística seja de interesse de um grupo social e
não apenas do cronista. Normalmente, os principais acontecimentos do dia ou da
semana anterior são os assuntos redigidos nas crônicas jornalísticas.
• crônica jornalística: mais comum das crônicas da atualidade, são as crônicas
chamadas de “crônicas jornalísticas” produzidas para os meios de comunicação,
onde utilizam temas da atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica
dissertativa.

CRÔNICA DISSERTATIVA
A apresentação explícita da opinião do autor sobre determinado assunto do
cotidiano é a principal característica desse tipo de crônica, que pode ser escrita em
1ª do singular ou 3ª pessoa do plural.

CRÔNICA DESCRITIVA
Como o próprio nome já diz, a crônica descritiva expõe de forma mais detalhada os
atributos de pessoas, animais ou objetos. Em geral, é um artigo descritivo sobre
situações corriqueiras com uma linguagem dinâmica e conotativa, dando
características sobre o local e/ou personagens que aparecem.

CRÔNICA HUMORÍSTICA
A crônica humorística utiliza a ironia, o humor e o sarcasmo para tratar assuntos que
impactam a sociedade, como por exemplo, política e economia. O uso da ironia, de
comparações inusitadas ou a utilização de temas cômicos são algumas das técnicas
usadas pelos cronistas.
Para atingir esse grau de comédia, cada cronista adota um estilo particular – há
aqueles que usam da ironia para marcar sua linguagem, há outros que abordam
assuntos cômicos por natureza, ou ainda os cronistas que constroem discursos
engraçados por meio de associações inusitadas. Quanto mais original e criativa,
melhor será a crônica.

• CRÔNICA HISTÓRICA: marcada por relatar fatos ou acontecimentos


históricos, com personagens, tempo e espaço definidos. Aproxima-se da crônica
narrativa.
=====

Crônica lírica
A crônica lírica apresenta uma linguagem poética e metafórica que demonstra
emoções como nostalgia, saudade e paixão. Ou seja, o texto escrito deve expressar
sentimentalismo.

======

Crônica Narrativa

A crônica narrativa é um tipo de crônica que relata as ações de personagens num


tempo atual e um espaço determinado.
Em relação à linguagem, as crônicas narrativas possuem uma linguagem simples e
direta e, muitas vezes, utilizam do humor para entreter os leitores. Além disso,
podem apresentar o discurso direto, onde há a reprodução das falas dos
personagens.
As crônicas narrativas envolvem os mais diversos tipos de narrador (foco narrativo)
e, portanto, podem ser narradas em primeira ou terceira pessoa.
Além da crônica narrativa, ela pode ser dissertativa-argumentativa ou descritiva.
Entretanto, podemos encontrar uma crônica que seja narrativa e descritiva ao
mesmo tempo.
Vale lembrar que a crônica é um texto curto em prosa, onde a principal
característica é relatar acontecimentos cotidianos de forma cronológica, daí seu
nome. Esse tipo de texto é muito veiculado nos meios de comunicação, por
exemplo, jornais e revistas.

COMO FAZER UMA CRÔNICA


Como fazer uma crônica narrativa
Para produzir uma crônica narrativa precisamos considerar os principais elementos
que compõem uma narração. São eles:
1. enredo - história da trama, onde surge o tema ou o assunto que será narrado;
2. personagens - pessoas presentes na história, que podem ser principais ou
secundários;
3. tempo - indica o tempo no qual a história está inserida;
4. espaço - determina o local (ou locais) onde se desenvolve a história;
5. foco narrativo - tipo de narrador, que pode ser um personagem da trama, um
observador ou ainda onisciente.
Além disso, devemos observar que os fatos são narrados em ordem cronológica e
sua estrutura está dividida em: introdução, clímax e conclusão.
É importante destacar que diferente de outros textos narrativos longos, como uma
novela ou um romance, a crônica narrativa é um texto curto. Nesse sentido, por ser
uma história breve, ela geralmente possui poucos personagens e um espaço
reduzido.
Assim, depois de compreender todos os elementos que compõem uma narrativa,
escolhemos o tema, quais serão seus personagens, o tempo e o espaço que ela
ocorre.

===
1. Primeiro passo: escolha o tema
Uma das principais características da crônica é a abordagem de assuntos cotidianos ou muito
falados no momento.
Relações conjugais, rotina semanal, férias em família e situações constrangedoras são temas
sempre atuais. Mas se você quiser algo do momento, esteja atento às notícias e a situações com
as quais as pessoas se identifiquem atualmente.

Exemplo de crônica que tem como tema relações conjugais:


“Minha mulher e eu temos o segredo para fazer um casamento durar: Duas vezes por semana,
vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida e um bom
companheirismo.
Ela vai às terças-feiras e eu, às quintas.”
(Trecho de Crônica Engraçada, de Luis Fernando Verissimo)

2. Defina o tempo em que a narração se situa


Se o tema escolhido for algo que se mantém atual ao longo dos tempos, você pode escolher falar
tanto no presente como no passado.
E se o tema está em voga, você não precisa necessariamente situá-lo no tempo presente. Esta é
uma oportunidade de trazer um toque de humor a sua crônica abordando algo da atualidade, mas
sob uma perspectiva passada.
Exemplo de crônica que se contextualiza na quarentena 2020:
“Quando abrir esta revista, você poderá estar chorando. Ou não, você poderá estar ouvindo o
disco do Caetano com os filhos — para mim, um verdadeiro ansiolítico — ou confiante, ou mesmo
mergulhado em pessimismo. Eu, aqui da minha quarentena privilegiada de São Conrado, não
tenho como conhecer seu estado de espírito, como também não conheço seu estado civil e muito
menos seu estado de saúde. No entanto, há uma coisa a seu respeito que eu sei, e é sobre isso
que me arrisco aqui: você está em casa. Em casa. Seus amigos, se não forem médicos ou frentistas
ou enfermeiros ou farmacêuticos ou entregadores, também estão em casa, assim como seu maior
desafeto ou o seu primeiro amor.”
(Trecho de crônica de Maria Ribeiro para a revista Veja)

3. Decida o espaço em que a situação se desenrola


Na crônica, o espaço em que a história se desenrola é limitado. Isso acontece porque a crônica
deve ser curta, não havendo capacidade para desenvolver um texto que abranja uma série de
locais diferentes.
Exemplo de crônica sujo espaço escolhido é o Rio de Janeiro:
“Não sei como as coisas se passam em outros sítios. Aqui, no Rio, é uma calamidade, os jardins de
infância faturam por fora em nome dos santos juninos, e os pais são obrigados a gastar os tubos
com fantasias caipiras que as crianças sem entender e sem amar. Até o presidente da república
bota na cabeça um chapéu de palha em frangalhos e convida os ministros para um quentão oficial
geralmente substituído por uísque 12 anos.”
(Trecho de Noites de Junho, Noites de Outrora, de Carlos Heitor Cony)

4. Escolha os personagens
Tal como o tempo e o espaço na crônica são limitados, os personagens também são.
Uma vez que o texto da crônica é curto, não há oportunidade para um grande elenco esboçar as
suas ações.
Exemplo de crônica que se desenvolve em torno de um personagem:
“Foi em 1868. Estávamos alguns amigos no Club Fluminense, Praça da Constituição, casa onde é
hoje a Secretaria do Império. Eram nove horas da noite. Vimos entrar na sala do chá um homem
que ali se hospedara na véspera. Não era moço; olhos grandes e inteligentes, barba raspada, um
tanto cheio. Demorou-se pouco tempo; de quando em quando, olhava para nós, que o
examinávamos também, sem saber quem era. Era justamente o Dr. Sarmiento, vinha dos Estados
Unidos, onde representava a Confederação Argentina, e donde saíra porque acabava de ser eleito
presidente da República. Tinha estado com o Imperador, e vinha de uma sessão científica. Dois ou
três dias depois, seguiu para Buenos Aires.”
(Trecho de O Futuro dos Argentinos, de Machado de Assis)
5. Defina o tipo de narrador
O foco narrativo utilizado na crônica é uma escolha importante, porque o narrador é o elemento
que dá voz ao texto.
Se optar pelo narrador personagem, além de contar a história, o narrador também desempenha o
papel de personagem da crônica e, por isso, narra em primeira pessoa. Já o narrador observador é
o que narra em terceira pessoa.
Outra opção é o narrador onisciente, aquele que conta a história conhecendo tudo o que
acontece nela, inclusive os pensamentos de todos os personagens. Pode narrar em primeira ou
terceira pessoa.
Exemplo de crônica cujo narrador é narrador personagem:
“É inútil deixar de confessar que tenho estado cerca de quatro horas por dia vendo futebol na
televisão, e não há esperança de que isso melhore antes de 11 de julho. Suponho que o leitor
também esteja intoxicado de futebol, e então, para variar, vou contar uma partida realizada há
quase 37 anos, nesta cidade do Rio de Janeiro. Aqui está minha narrativa, com pequenos cortes:”
(Trecho de Ultimamente têm Passado Muitos Anos, de Rubem Braga)

6. Escreva a sua crônica


Depois de planejar o seu texto, é o momento de redigir a sua crônica.
Lembre-se que esse gênero textual requer linguagem simples, e que pode ter um toque de humor,
além do que se caracteriza por ser um texto curto.
Aproveite os momentos em que está mais predisposto para escrever e escolha o ambiente mais
adequado para ajudar no seu trabalho.
No fim, revise a crônica atentando para eventuais erros de português ou de digitação. Ler em voz
alta também ajuda no processo de afinação do texto.

======

===
Exemplos de crônicas narrativas
1. Aprenda a chamar a polícia (Luís Fernando Veríssimo)
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando
sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora,
até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.
Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas
portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão
ali, espiando tranqüilamente.
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.
Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para
ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter
pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho
guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um
helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos
humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de
assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante
da Polícia.
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
— Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
Eu respondi:
— Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.

Você também pode gostar