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Crônica é um texto curto que narra uma situação cotidiana de forma criativa e
humorada. Caracteriza-se por utilizar linguagem simples, poucos personagens e ter
tempo e espaço reduzidos.
Entenda-se por texto curto um texto que você não demora muito para ler. Embora
não possamos definir um tamanho, pode-se dizer que uma crônica pode ser lida de
uma vez, sem exigir do leitor paragens durante a leitura.
Por ter caráter jornalístico e apresentar textos que narram e refletem o cotidiano, as
crônicas servem para fazer uma crítica com a intenção de causar reflexão no leitor
sobre determinado assunto. Os bons cronistas são aqueles que conseguem
perceber, no dia a dia de suas vidas, impressões, ideias ou visões da realidade que
não foram percebidas por todos.
CRÔNICA NARRATIVA
A crônica narrativa apresenta elementos da narração em sua estrutura, que pode
ser feita na 1ª ou 3º pessoa do singular. Nesse caso, a crônica pode ser definida
como um gênero literário marcado pela narração de situações cotidianas sob uma
ótica individual.
Nessas crônicas não há longos trechos reflexivos ou argumentativos. Como a
tipologia predominante é a narrativa, o texto apresenta um enredo com
personagens, tempo e espaço. Suas principais características são humor, ação e
crítica.
CRÔNICA JORNALÍSTICA
Esse tipo de crônica mistura tipologias textuais narrativa e argumentativa,
apresentando notícias ou fatos baseados no cotidiano. Então, a crônica jornalística
pode ser caracterizada como um gênero que mistura fragmentos narrativos – em
geral, pequenos fatos cotidianos são contados para, em seguida, promover-se uma
reflexão sobre eles – e trechos mais longos de reflexão e argumentação sobre o fato
narrado.
É esperado que o tema da crônica jornalística seja de interesse de um grupo social e
não apenas do cronista. Normalmente, os principais acontecimentos do dia ou da
semana anterior são os assuntos redigidos nas crônicas jornalísticas.
• crônica jornalística: mais comum das crônicas da atualidade, são as crônicas
chamadas de “crônicas jornalísticas” produzidas para os meios de comunicação,
onde utilizam temas da atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica
dissertativa.
CRÔNICA DISSERTATIVA
A apresentação explícita da opinião do autor sobre determinado assunto do
cotidiano é a principal característica desse tipo de crônica, que pode ser escrita em
1ª do singular ou 3ª pessoa do plural.
CRÔNICA DESCRITIVA
Como o próprio nome já diz, a crônica descritiva expõe de forma mais detalhada os
atributos de pessoas, animais ou objetos. Em geral, é um artigo descritivo sobre
situações corriqueiras com uma linguagem dinâmica e conotativa, dando
características sobre o local e/ou personagens que aparecem.
CRÔNICA HUMORÍSTICA
A crônica humorística utiliza a ironia, o humor e o sarcasmo para tratar assuntos que
impactam a sociedade, como por exemplo, política e economia. O uso da ironia, de
comparações inusitadas ou a utilização de temas cômicos são algumas das técnicas
usadas pelos cronistas.
Para atingir esse grau de comédia, cada cronista adota um estilo particular – há
aqueles que usam da ironia para marcar sua linguagem, há outros que abordam
assuntos cômicos por natureza, ou ainda os cronistas que constroem discursos
engraçados por meio de associações inusitadas. Quanto mais original e criativa,
melhor será a crônica.
Crônica lírica
A crônica lírica apresenta uma linguagem poética e metafórica que demonstra
emoções como nostalgia, saudade e paixão. Ou seja, o texto escrito deve expressar
sentimentalismo.
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Crônica Narrativa
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1. Primeiro passo: escolha o tema
Uma das principais características da crônica é a abordagem de assuntos cotidianos ou muito
falados no momento.
Relações conjugais, rotina semanal, férias em família e situações constrangedoras são temas
sempre atuais. Mas se você quiser algo do momento, esteja atento às notícias e a situações com
as quais as pessoas se identifiquem atualmente.
4. Escolha os personagens
Tal como o tempo e o espaço na crônica são limitados, os personagens também são.
Uma vez que o texto da crônica é curto, não há oportunidade para um grande elenco esboçar as
suas ações.
Exemplo de crônica que se desenvolve em torno de um personagem:
“Foi em 1868. Estávamos alguns amigos no Club Fluminense, Praça da Constituição, casa onde é
hoje a Secretaria do Império. Eram nove horas da noite. Vimos entrar na sala do chá um homem
que ali se hospedara na véspera. Não era moço; olhos grandes e inteligentes, barba raspada, um
tanto cheio. Demorou-se pouco tempo; de quando em quando, olhava para nós, que o
examinávamos também, sem saber quem era. Era justamente o Dr. Sarmiento, vinha dos Estados
Unidos, onde representava a Confederação Argentina, e donde saíra porque acabava de ser eleito
presidente da República. Tinha estado com o Imperador, e vinha de uma sessão científica. Dois ou
três dias depois, seguiu para Buenos Aires.”
(Trecho de O Futuro dos Argentinos, de Machado de Assis)
5. Defina o tipo de narrador
O foco narrativo utilizado na crônica é uma escolha importante, porque o narrador é o elemento
que dá voz ao texto.
Se optar pelo narrador personagem, além de contar a história, o narrador também desempenha o
papel de personagem da crônica e, por isso, narra em primeira pessoa. Já o narrador observador é
o que narra em terceira pessoa.
Outra opção é o narrador onisciente, aquele que conta a história conhecendo tudo o que
acontece nela, inclusive os pensamentos de todos os personagens. Pode narrar em primeira ou
terceira pessoa.
Exemplo de crônica cujo narrador é narrador personagem:
“É inútil deixar de confessar que tenho estado cerca de quatro horas por dia vendo futebol na
televisão, e não há esperança de que isso melhore antes de 11 de julho. Suponho que o leitor
também esteja intoxicado de futebol, e então, para variar, vou contar uma partida realizada há
quase 37 anos, nesta cidade do Rio de Janeiro. Aqui está minha narrativa, com pequenos cortes:”
(Trecho de Ultimamente têm Passado Muitos Anos, de Rubem Braga)
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Exemplos de crônicas narrativas
1. Aprenda a chamar a polícia (Luís Fernando Veríssimo)
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando
sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora,
até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.
Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas
portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão
ali, espiando tranqüilamente.
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.
Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para
ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter
pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho
guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um
helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos
humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de
assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante
da Polícia.
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
— Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
Eu respondi:
— Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.