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Obra PAS 2

Conto – A Igreja do diabo

Enredo
A obra começa com o Diabo sentindo-se humilhado com o papel que
desempenhou ao longo dos séculos, e por isso tem a ideia de fundar
uma igreja. Cinicamente, ele visita Deus para falar sobre sua nova ideia.

No segundo capítulo, o Diabo diz a Deus que os homens apenas são


virtuosos em benefício próprio. Ele compara a ambiguidade dos homens
a um manto de veludo com franjas de algodão, pois ao mesmo tempo
que procuram ser virtuosos usufruem de pecados. Deus diz que essa
ideia não é original, e manda o Diabo ir embora, parecendo desacreditar
que ele terá êxito.

O terceiro capítulo mostra o Diabo colocando sua ideia em prática. Ele


prometia aos fiéis prazeres e glórias, confessava que era o Diabo, mas
dizia que sua imagem havia sido distorcida. Sua nova doutrina
determinava que as virtudes aceitas deveriam ser substituídas. Pecados
como a soberba, a luxúria, a preguiça e a avareza deveriam ser
encorajadas, enquanto a solidariedade e o amor ao próximo deveriam
ser proibidos. A grande eloquência do Diabo permitiu que sua nova
religião se espalhasse rapidamente, e a doutrina propagou-se por todo
o mundo.

No quarto capítulo, o Diabo percebeu que seus seguidores estavam


praticando furtivamente as boas ações que foram proibidas. Criminosos
estavam se confessando escondido, glutões faziam jejum em
determinados dias sagrados e ladrões devolviam parte do dinheiro. Ao
visitar Deus para entender a causa de tal fenômeno, Ele disse ao Diabo:
“Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora
franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que
queres tu? É a eterna contradição humana.”
Análise

O conto A Igreja do Diabo trata de forma cômica a relação entre a


religião e a natureza do homem. Machado faz uma crítica à religião
no Brasil, pois todas vendem a salvação e defendem ideologias
proibitivas, explorando os desejos dos homens, que ao mesmo tempo
buscam o pecado e a salvação.

Traz à tona a discussão de como cada pessoa pode exercer a


religiosidade sem medo de viver suas incertezas, ou mesmo de
duvidar da eficácia da benevolência do homem. Na discussão o Diabo
questiona a hipocrisia religiosa e as práticas salvacionistas.

O tema central de A igreja do Diabo é a contradição do homem. A


obra evidencia a contradição humana de desejar as coisas proibidas,
porém quando consegue essas coisas, logo a satisfação em realizá-las
desaparece.

No texto está presente a complexidade da psicologia humana e


críticas à sociedade. Outro aspecto do realismo presente na obra é a
intertextualidade, pois é muito recorrente a citação de outras obras no
texto.

Com personagens densos e “humanamente verdadeiros”, Machado


de Assis cria uma narrativa de tensão por ser tão perturbadora,
deixando no leitor aquela sensação de asfixia.

A verossimilhança apresentada no conto é paradoxal, porque não


revela, antes de tudo, uma grande metáfora.

A Igreja do Diabo traz uma série de alegorias e símbolos. A literatura


machadiana se baseia muito na simbologia de uma forma geral, mas
é nesse conto que esse recurso aparece recorrentemente, assim como
o humor trágico e amargo dado o pessimismo com que o autor
enxerga a alma humana.
A visão machadiana do mundo é perseguida pela sombra do
pessimismo, que se revela na descrença da melhora do espírito
humano. Machado não acredita nas virtudes humanas. O mundo, na
concepção machadiana, é aquele em que o Mau predomina sobre o
Bem, e no qual, as virtudes estão submetidas às mazelas.

Por dentro da Matriz

Nesta etapa, cabe questionar mais profundamente sobre a relação do


indivíduo e sua cultura no processo de mudança social, assim como
sobre as possibilidades das identidades construídas gerarem
mudança social. Os contos Pai contra a mãe, A cartomante, A igreja
do Diabo e O enfermeiro (Machado de Assis) assim como o romance
O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha) ilustram a partir da literatura
algumas dessas questões. Em Desobediência Civil, Henry David
Thoreau divulga suas ideias políticas vinculadas às liberdades
individuais e ao direito à resistência, relacionando-as aos Direitos
Humanos.

Na obra Maria Antonieta com rosa (Le Brun, 1783) encontram-se


elementos representativos e simbólicos do Antigo Regime, em
especial da aristocracia francesa. Por outro lado, também, existiram
obras que buscavam criticar os privilégios sociais da aristocracia,
assim como os costumes e padrões sociais hegemônicos da época.
Outras obras também criticaram as contradições do emergente
Capitalismo Industrial ou até mesmo apontavam caminhos para
perspectivas sociais alternativas, como pode ser observado no conto
realista A Igreja do Diabo (Machado de Assis,1884), na obra
naturalista O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha, 1895), assim como na
peça realista Um Inimigo do Povo (Henrik Ibsen, 1882).

A literatura amplia os espaços ou territórios existenciais dos


sentimentos humanos, a partir de exercícios de leitura e apreciação,
nos quais podem ser desenvolvidas potencialidades humanas. A
leitura dos contos de Machado de Assis O enfermeiro, Pai contra
mãe, A igreja do diabo e A cartomante provoca questionamentos
acerca das possibilidades das relações afetivas nos diferentes espaços.
Essas obras também levam a um entendimento da dinâmica espacial
do período histórico retratado pelos contos, pois o autor produz
descrições espaciais de diferentes lugares e as percepções dos
personagens em relação aos mesmos.

. Relação do indivíduo e sua cultura no processo de mudança social;


. Possibilidades de as identidades construídas gerarem mudança
social;
. Criticar os privilégios sociais da aristocracia, assim como os
costumes e padrões sociais hegemônicos da época;
. Crítica das contradições do emergente Capitalismo Industrial ou
até mesmo apontavam caminhos para perspectivas sociais
alternativas;
. A literatura amplia os espaços ou territórios existenciais dos
sentimentos humanos, a partir de exercícios de leitura e apreciação,
nos quais podem ser desenvolvidas potencialidades humanas;
. Possibilidades das relações afetivas nos diferentes espaços;
. Entendimento da dinâmica espacial do período histórico retratado
pelos contos.

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