Baseado na obra, A Igreja do Diabo, publicado no livro Histórias Sem
Datas no ano de 1884. A obra narrada conta do dia em que o diabo, sempre farto de poder e cansado da desorganização histórica em que vivia, resolve fundar sua própria igreja, com suas próprias regras e regras muito atraentes para o povo. Sem medo nenhum procura o Deus para anunciar que será um líder religioso e com isso finalmente derrubara o altíssimo. Deus sem nenhuma preocupação e paciente diz a ele o faça então. O diabo estava tão convencido de que seu plano não tem nenhum erro e dá início aos seus futuros trabalhos, elaborando uma filosofia sobre essa religião, institui regras, convoca homens e consegue um número considerável de seguidores e se estabelece. O que ele não contava é com o ser humano, uma peça contraditória e seu plano torna-se um desastre.
O conto A Igreja do Diabo, foi escrito pelo escritor romancista Machado
de Assis, nascido em 1839 no Morro do Livramento na cidade do Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior nome da literatura brasileira. Na vasta lista de obras destacam-se: Memória Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Helena entre outras. Presenciou a abolição da escravatura e a mudança política quando o país deixou de ser uma monarquia tornando-se república. Assumiu importantes cargos públicos como Ministro da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. Também fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
O tema central de A igreja do Diabo é a contradição do homem, a obra
evidencia a contradição humana de desejar as coisas erradas, fáceis, porém quando consegue essas coisas, logo a satisfação em realizá-las desaparece. O conto faz parte do movimento literário realista que retrata o homem com suas características boas e más. No texto também está presente a complexidade da psicologia humana e critica a sociedade, além do pano de fundo. Esta obra apresenta uma característica inerente ao conhecimento filosófico pois o autor busca provocar o questionamento do leitor quando o ser humano está colocado em experiência por perspectiva diferente. “A filosofia visa conhecer todas as teorias do pensamento, reformular seus problemas e investigar profundamente sobre elas, a fim de encontrar respostas e propor soluções” (Beyer & Burri, 2007).
Em outra análise, podemos encontrar uma crítica às religiões na forma
que estas tendo como fundamento encaminhar as pessoas na busca por salvação, muitas vezes acaba na contradição de utilizar de meios materiais e pecuniários como meio de perdão para os pecados, extorquindo os fiéis como meio de concessão do caminho para o céu, assim como o texto faz referência entre a dualidade humana quando submetida às experiências antagônicas, como a virtude e o pecado, conforme descrito no capítulo IV.
Essa leitura convida a pessoa do ponto de vista filosófico, a refletir sobre
o seu papel como indivíduo, seu comportamento na sociedade, seus valores e princípios em meio a tantas ofertas seja por meio da ampla gama de conteúdo de toda espécie nas mídias atuais ou pela abundância de consumismo exagerado ofertado pelo mercado excessivamente capitalista, ao passo que lhe cobra à consciência o futuro que poderá deixar de herança às futuras gerações.
Enrico Machado Borges e Wilian Nunes Wandscheer
Acadêmicos do 2º período de Engenharia Civil da FIMCA (Faculdades