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Universidade Federal de Goiás

Faculdade de História

Verbetes

Deus e Diabo
Deus e Diabo
Disciplina: Medieval I
Professor: Hugo Ricon
Discentes: Anna Clara de Souza Melo
Gabriel Henrique da Costa Peixoto
Gabriel Vargas Rosalves
Lucas Einsten Pelegrine Araújo da Silva
Marcos Antônio de Sousa Ataides
Paloma Mendes Guimaraes
Marten de Vos: Juízo Final, 1570 Wagner Veríssimo da Silva
❖ Apresentação
● Sobre os autores
● Sobre os textos

Deus
● Deus na Sociedade

Roteiro de
A “ciência” de Deus”: a teologia
● Crer em Deus
● Deus, o divino e a razão
apresentação Diabo
● Identidade do Diabo
● O príncipe deste mundo
● Gestos humanos e poderes celestiais: o Diabo sob
controle
● Diabo Cômico, Diabo do carnaval?
● Diabo e tormentos da consciência
● Contramodelo e poder maligno

❖ Considerações finais
Jean-Claude Schmitt

Nasceu em Colmar, na França, em 1947. É professor da École des


Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) e, é um Medievalista de
formação, é um dos alunos mais proeminentes do também historiador
Jacques Le Goff. Seus estudos concentram-se em aspectos sócio-
culturais da Idade Média ocidental. Foi co-organizador da coletânea
"Dicionário temático do Ocidente Medieval", com Jacques Le Goff.

Autor de inúmeros artigos e dos livros; Le saint Lévrier (1979) e La


raison des gestes dans l'Occident médiéval (1990).
Jérôme Baschet
É um historiador medievalista francês. Naseu no dia 3 de agosto de 1960 na cidade de Villeneuve-lès-Avignon
Ex-aluno da Ecole Normale Supérieure de Saint-Cloud e da Escola Francesa em Roma, é professor na Escola de Pós-
Graduação de Ciências Sociais desde 1990. Desde 1997 também leciona Antropologia Histórica na Universidade
Autónoma de Chiapas, em San Cristóbal de Las Casas, no México.
Especialista em iconografia, a sua investigação centra-se nas crenças, representações e expressões visuais, da civilização no
ocidente medieval, tendo defendido a tese "Ministros do Além. Representações do Inferno em França e Itália, nos séculos
XII a XV".
No México, Baschet está interessado no Movimento Zapatista, em questões políticas e formas alternativas de organização.
Desde 1997 combina as suas atividades na França com um semestre na Universidade Autónoma de Chiapas, onde leciona
História medieval. A partir dessa experiência, escreveu, em 2002, um livro sobre a rebelião zapatista no México, o que o
desliga evidentemente da ideia tradicional de um medievalista pouco preocupado com o mundo contemporâneo.
É citado no"Dicionário Temático do Ocidente Medieval", com o tema "Diabo".
Um de seus trabalhos mais importantes é "A civilização feudal: Do ano mil à colonização da América", com prefácio de
Jacques Le Goff. Este livro foi dividido em duas partes e além disso tem um capítulo introdutória e outro conclusivo.
DEUS E O DIABO

Verbete Deus pg 338 a 357


Verbete Diabo pg 358 a 372

Contida no livro Dicionário analítico do Ocidente medieval - Volume 1

A obra monumental em dois volumes é sobre a Idade Média organizada por Jacques Le Goff e
Jean-Claude Schmitt, deslinda o complexo sistema de noções que constitui o tema do medievo.
Organizada em forma de dicionário, traz verbetes que seguem três linhas magnas de
orientação: o traçado de uma história do imaginário sobre a Idade Média; a busca de uma
Antropologia histórica, ou seja, a história em diálogo com as ciências sociais; e o olhar
desconfiado sobre noções pétreas sobre um período repleto de problemáticas que, em grande
parte, ainda tentamos solucionar.
Deus
“É uma criação humana como outras, o
produto da história de uma época, um
meio, uma tradição cultural, sujeito a
mudanças no espaço e no tempo” p 338

Batismo de Cristo 1481-1483. Por Perugino,


na Capela Sistina, no Vaticano.
Origem do nome

Latim Deus

Grego Theos

Indo-europeu deiwos

Judaísmo Iahweh

https://www.youtube.com/watch?v=TgRx6jqFsUw&t=42s
DEUS ÚNICO

● Fonte a partir dos relatos escritos na Bíblia Hebraica


● por volta do século XIII a.c. aliança entre Iahweh e o Moisés e o povo hebreu
● por volta do século IX a.c. evolução dos relatos e passa a ser segundo os hebreus o
único DEUS de todos os homens, o DEUS DE ISRAEL,
● outros deuses passa a ser falsos e assim assimilando o culto que lhes era rendido à
idolatria
● Deus ciumento, soberano, um chefe das armas, que dialoga com os seus profetas
Deus no Cristianismo

● Relação mais afetiva e exaltada se estreita entre homem e Deus, no cristianimos essa relação será
aprofundada
● Relação de amor entre o Filho do Homem, isto é Filho de Deus que se fez homem por amor aos
homens, e cada ser humano em particular
● Representação complexa e paradoxal de um Deus ao mesmo tempo Uno por essência e trino
pelas pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo. “Então Deus disse: «Façamos o homem à nossa
imagem e semelhança.” Gênesis 1-26
Concílio de Niceia

Mondadori Portfolio/Archivio Grzegorz


Galazka/Grzegorz Galazka

● igreja e o imperador Constantino fixaram o dogma trinitário


● encarnação; Deus todo-poderoso se torna homem
Jesus na cruz entre os dois ladrões.
● sacrifício, ele quis morrer na cruz, um verdadeiro cordeiro 1619-1620. Por Rubens, atualmente no Museu
Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica.
● celebração do sacrifício de Jesus, instituição da missa
Deus na sociedade
A “ciência de Deus”: a teologia

A origem da palavra “teologia”

logo theos: discurso sobre Deus

● Antiguidade grega
● Origem pagã
● Sentido mitológico
● Filosófico-cosmológico
● Platão(426 - 347 a.C) e Aristóteles( 384 - 322 a.C)
A “ciência de Deus”: a teologia

A teologia cristã

● Pais da Igreja
● sacra pagina ou doctrina sacra
● O nascimento da Universidade
● “A teologia é, doravante, pensada como “ciência”, um discurso racional ultilizado todos os
instrumentos da lógica argumentativa para tornar inteligíveis, tanto quanto possível, a natureza e as
ações de Deus, para demonstrar “cientificamente” sua existência ou para compreender como o mal é
possível diante do sumo bem”. (SCHMITT, 2017, p. 347.)
Santo Agostinho

Retrato de Santo Agostinho de Hipona


recebendo o Sagrado Coração de
Jesus, por Philippe de Champaigne,
século XVII
São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino em pintura de


Gentile da Fabriano (cerca de 1400)
Crer em Deus
Deus, o divino e a razão

● Sistema divino eminentemente original e complexo


● Deus - o coração do sistema
● Relação externa entre Deus e Satã
● A “promoção” da Virgem Maria
● Diabo x Deus
● O sucesso do cristianismo
Diabo

Simon Marmion. A Besta Aqueronte. Visions du Chevalier Tondal,


1475
Diabo
Identidade do Daibo
O príncipe deste mundo
Gestos humanos e poderes celestiais: o Diabo sob controle
Diabo Cômico, Diabo do carnaval?
Diabo e tormentos da consciência
● Assim como Deus foi pessoalizado (SCHMITT, 2017), o Diabo também
passa a fazer parte da consciência individual dos homens e mulheres
medievais.
● Século VI: Papa Gregório Magno vai dizer que “A pintura pode fazer
pelos analfabetos o que a escrita faz pelos que sabem ler”.

“A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te,
satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces,
bebe tu mesmo os teus venenos! “ Oração de São Bento

● Anjo-da-guarda x Diabo pessoal;


● A partir dos XI: Possessão → obsessão pessoal (BASCHET, 2017)
● Multiformas: boca, rosto, corpo.
Consciência torna-se um lugar de disputa entre o bem
e mal

Estima-se que seja do ano 800- Ilustração, livro Bestiário de Aberdeen, 1200. Codex Gigas, século XII, Biblioteca
825 Nacional da Suécia
O Juízo Final, detalhe do Leviatã, “Inferno”, de Hans Memling, 1485, Museu de
Taddeo di Bartolo belas artes, Strasbourg, França
● Tudo que o homem pensa ou faz que é mal, hostil, contrário a vontade de Deus, é do Diabo.

“A consciência cristã encontra em si um mal que é preciso repelir, que ela


pode em parte atribuir às tentações do Diabo e combater como a um
inimigo exterior. O Diabo atormenta a consciência, mas ao mesmo tempo a
ajuda a se constituir no interior de um universo dual no qual se opõe o bem
e o mal” (BASCHET, 2017, p. 369)
“Incredulidade é
negligenciar uma verdade
revelada ou a voluntária
recusa em dar assentimento
Contramodelo e poder maligno de fé a uma verdade
revelada.

Heresia é a negação após o


batismo de algumas
verdades que devem ser
● Processo de Diabolização do que não era da Igreja: acreditadas com fé divina e
Católica, ou igualmente
uma obstinada dúvida com
Judeus, mulçulmanos, heréticos (hereges), cátaros relação às mesmas;

apostasia é o total repúdio


Hoje: religiões de matriz africana, espiritismo da fé cristã;

cisma é o ato de recusar-se


a submeter-se ao Romano
Pontífice ou à comunhão
com os membros da Igreja
● Membros de um corpo cuja cabeça é Satã; sujeitos a ele” (CIC
§2089).
● Obsessão diabólica e sentimento de perseguição da fé católica → Século
XV inicia-se uma grande perseguição
○ Hereges, feiticeiras, etc.
Cátaros: Definida pela igreja
como uma Doutrina herética
originada na França, no
século XI. São herdeiros do
● Poder e satã: dualismo oriental manique
segundo o qual a matéria é má
e o espírito bom.
X: Os cátaros seriam o corpo e satã sua cabeça, assim como Cristo é da igreja
●O Deus que se faz presente no
Antigo Testamento é Satanás
XII: Iconografia de Satã desenvolve-se mais ●Jesus Cristo não era Deus
nem propriamente um
homem, mas um anjo que
XIV: Peste Negra, Consolidação da Majestade de Satã tomou aparência de homem
●Contra o casamento, pois
eram a favor da castidade
perfeita;
●Desprezo da vida humana e o
desejo de escapar dela; daí a
prática da endura ou do
suicídio, fosse pela fome,
fosse de modo violento

“Mapa do Inferno”, de
Sandro Botticelli
Considerações Finais
Deus e o Diabo são 2 grandes personalidades da Idade Média;
● Os evangelhos retratam diversas situações de possessão

"Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que


gritou: “Que tens tu conosco, Jesus de Naza­ré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o
Santo de Deus!”. Mas Jesus intimou-o, dizendo: “Cala-te, sai deste homem!”. O
espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu." (Marcos,
1, 23-25)

❏ A ideia de que há muitos demônios;


❏ A manifestação do demônio para além da tentação
❏ A superioridade de Jesus e afirmação do seu poder
O Diabo se torna ao longo dos séculos, e
principalmente após o ano 1000, o instrumento para
corrigir os maus hábitos dos cristãos. Nos próximos
séculos é sobre ele que recaíram as alegações que
essa figura diabólica tentava e seduzia os homens e
as mulheres que buscavam pela salvação em Deus.

Portal do Juízo Final


Fontes: bibicas e documentos da igreja
Referências

Verbetes “Deus” e o “Diabo”. In: LE


GOFF, Jacques;
SCHMITT, Jean-Claude (Orgs.).
Dicionário Analítico do
Ocidente Medieval. São Paulo: Ed.
Unesp, 2017. p. 338-372.
Obridaga!

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