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INTRODUÇÃO

À
HISTÓRIA
das
RELIGIÕES

João Gouveia Monteiro


Universidade de Coimbra
2022
Compreender o
fenómeno
religioso é entender
melhor
o mundo atual e
ajudar
a construir
a paz.

Hoje: cerca de 85% da


Humanidade tem um
compromisso religioso!
As religiões são um processo dinâmico!

As principais mudanças
entre
1946 e 2019:

progressions des religions (vídeo).mp4


• A ideia de Deus não é estática, mas sim dinâmica: existe
uma história de Deus e da ideia de Deus (uma das mais
fortes e duradouras da História!). Cf. Karen Armstrong.

• Compreender isto ajuda a prevenir os fundamentalismos


(religiosos e ateus).

• «Religião» # «teísmo»: há religiões e espiritualidades não


teístas > vide os «monismos» (certas formas de Hinduísmo,
Budismo): afirmam a unidade da realidade, a identidade
entre o corpo e a mente; não há dualismo ou pluralismo; ex:
âtman.

• Evitar o «religiocentrismo»: não avaliar o «outro» pelo


«nosso» padrão. Todas contam e são ‘verdadeiras’.
• Não vamos discutir se Deus existe ou não (ainda só conhecemos
4% do universo!). E não faremos uma abordagem confessional.
Objetivo: esclarecer; sublinhar o papel da religião como fator de
coesão, de identidade, de proteção e de integração; evitar a
demonização; promover a paz. Cf. E. Schillebeeckx (m. 2009,
teólogo católico belga): «Há mais verdade no conjunto das
religiões do que numa religião apenas».

• Duas preocupações:
a) diferenciar o estudo da «Igreja» (abordagem institucional) do
estudo da «religião» (antropológica);
b) distinguir entre um pólo objetivo: o «Mistério/Sagrado»
(prius, ante, supra, o Absoluto transcendente, também imanente ao
homem); e um pólo subjetivo: o «Religioso», que é reconhecimento
do Mistério e mediação para o encontro entre o Homem e o
Sagrado.
• As Igrejas são mediações. Mas a experiência do
transcendente não exige mediação institucional. «Tudo se
pode sufocar no homem, salvo a necessidade do Absoluto»
(E. Cioran, m. 1995, filósofo romeno, agnóstico). Não é
‘aniquilação’, nem ‘alienação’, mas sim descentramento
radical de si, que nos permite descobrir o nosso centro.

• O homem = um animal que pergunta pelo ser e pelo seu ser


(«o que posso esperar?»). Todo o homem é religioso quando
se confronta com a ultimidade. A realidade e a existência
convocam perguntas radicais.

• O homem não pode não transcender: arte, música,


literatura, droga, crime, generosidade, amor… > dar o máximo
sentido à vida.
• Não foi só o medo que criou os deuses (Lucrécio). Cf.
sensibilidade de grandes cientistas e filósofos
contemporâneos a temas religiosos/espirituais:
Einstein (a natureza); Ernst Bloch (esperança-
religião); Heidegger; Umberto Eco… O caso de Joseph
Lemaître, S.J., 1894-1966 (Bélgica): o Big Bang (há c.
13.700 milhões de anos). Religião # Espiritualidade.

• Ateísmo = uma atitude intelectual relativamente


nova (sécs. XVIII-XIX); cf. Pascal, Newton, Leibniz,
Laplace, Voltaire… O W: da «Grande Separação»
(Hobbes, «Leviatã», 1651) às 2 Guerras Mundiais. A
Shoah e a questão (espinhosa!) do «mal no mundo».
• O interesse e a urgência do tema das «Religiões»: os números
são esmagadores. E nunca houve uma sociedade sem expressão
religiosa (início: culto dos mortos?). V. entrevista com Francisco
Diez de Velasco em:
https://www.youtube.com/watch?v=7VvFk3gO39o

• «representação de Deus = o fundamento geral de um povo»


(Hegel). Religião = «incarnação da cultura de um povo» (T.S.
Elliot). Também P. Ricoeur, Aimé Césaire…

• As «religiões do livro» e o exemplo da Bíblia, «microcosmos de


toda a experiência literária e estética da Humanidade» (Robert
Alter, n. 1935, prof. em Berkeley).

• As figuras mais influentes da História da Humanidade: Jesus, tal


como Confúcio, Buda ou Sócrates!
A grande viagem do homem e das religiões

CROMELEQUE DOS ALMENDRES


(Évora): entre o VI e o III
milénios a.C.

Não se conhece nenhuma


sociedade sem expressão
religiosa.

«A religião é a incarnação da
É ESSENCIAL CONHECER, cultura
EM VEZ DE DIABOLIZAR! de um povo» (T. S. Elliot).
• A curiosidade do grande público pelos temas religiosos.

• «Deus» tem futuro, porque tem presente.

• Temos é de redescobrir a autenticidade das religiões, que não


são ideologias e dispõem de vastos recursos simbólicos
mobilizadores de vontades («a fé move montanhas»).

• Abra-se espaço para o ecumenismo e o diálogo interreligioso


(H. Küng).

• O mundo contemporâneo e a imprensa diária: «good news no


news»! Entre cartoons e atentados, qual o lugar para a Carta da
Compaixão (Karen Armstrong, 2008: «Regra de Ouro» e «Era
Axial» de Karl Jaspers:) ou para a Aliança de Civilizações
(2005)??
• Encarar o futuro c/. Vítor Hugo: «O futuro tem
muitos nomes: para os temerosos é o
desconhecido; para os fracos, o inalcançável;
para os valentes, uma oportunidade»!

• Pensar tudo isto num tempo de mudança


vertiginosa (agricultura, indústria,
informática/tecnologia) e de grande ameaças.

• LER+: Anselmo BORGES, Religião e diálogo


inter-religioso (Imprensa UC, 2010) > parábolas
de Nathan-o-Sábio e Emanuel Lévinas.
Uma inspiração: o axioma de Hans Küng
[Parlamento Mundial das Religiões, Chicago-1993]

• «Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões;

• não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as


religiões;

• não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos


globais;

• um diálogo paciente, tolerante e inspirado pelos princípios


sagrados da Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948).
O Mundo do Antigo Testamento: a casa-mãe dos
monoteísmos abraâmicos (Judaísmo, Cristianismo e Islão).
A grande viagem do homem e das religiões:
- descobrir o Oriente esquecido dentro de nós -

A Índia: berço da
Era Axial, do
Hinduísmo e do
Budismo, dos
renunciantes e
do Yoga. Alfobre
da ‘tecnologia
espiritual’ mais
integradora do
Mundo.
A grande viagem do homem e das religiões
- aprender na permuta de experiências espirituais -

A China:
Pátria adotiva
do Budismo
(‘do sofrimento
ao nirvâna’).

Terra de
Confúcio (‘viver
com base na
virtude’) e de
Laozi (‘a via do
vazio perfeito’).
AS RELIGIÕES MÍSTICAS E SAPIENCIAIS DO ORIENTE

• Visão cíclica da História (‘eterno retorno’ vs. teleologia do W)

• O divino em todas as coisas (através do politeísmo, ou como

força impessoal que tudo impregna: panteísmo).

• O homem pode atingir a unicidade com Deus, ou com o

divino, através da perspetiva religiosa ou da cognição.

• A salvação = libertação do ciclo da transmigração.

• a graça divina: via sacrifícios ou cognição mística.


• Ética: passividade e isolamento. O ser exterior = ilusão.
• Culto: meditação; sacrifício.

O Yin e
o Yang
TAOÍSMO

OM [aum]: Oito símbolos


Som sagrado, auspiciosos
sopro da vida. BUDISMO
HINDUÍSMO
CONFUCIONISMO
• DALAI LAMA: desde 1578 (3.ª encarnação), reconhecido por líder mongol; líderes

do Tibete entre o séc. XVII e 1959. Fulgor do Dalai Lama atual (14.º: Tenzin Gyatso,
Nobel da Paz 1998). Não ficar preso aos textos: «palavra mata, espírito vivifica».
Budismo é um meio e não um fim > imagem da jangada (Dharma budista) que
permite atravessar o rio (samsãra) e chegar à outra margem (nirvana). Depois é
com cada um.

18 sugestões para viver (Dalai Lama).mp4

• O Budismo (Mahayana) ZEN japonês: origem chinesa (influência do Taoísmo >

Budismo Ch’an, ab séc. VII); meditam sem objetos; postura corporal,


concentração. Penetram mais que a Therâvada, apesar de mais teístas (Buda
Maitreya). Boas rotinas, dedicação social, caridade.

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