Você está na página 1de 4

A Prática da Piedade

#Disciplinas Espirituais - Jejum

O que as Escrituras nos ensinam sobre o Jejum?


Por José Eduardo

A importância do jejum como disciplina espiritual

A Bíblia apresenta o jejum como algo praticado pelo povo de Deus ao longo da história. E
Jesus não deixou de falar sobre isto. Há um texto muito importante na asseguração de
que o jejum é algo que deve estar em nossa disciplina espiritual. Disse Jesus: “Quando
jejuardes ...” (Mt 6.16). Claramente a ideia aqui é que Jesus espera que os seus
discípulos jejuem. Isto está muito evidente quando em conexão com o capítulo, este
versículo se associa a outras duas outras práticas mencionadas por Jesus: “Quando, pois,
deres emola ...” (Mt 6.2) e “Quando orardes ...” (Mt 6.5). Jesus não está perguntado
“quando vocês vão fazes estas coisas?”, mas está afirmando que vocês vão fazer estas
coisas. Sabemos por exemplo que a oração é um elemento da armadura de Deus da qual
o cristão deve considerar indispensável. Paulo aos Efésios diz: “orando em todo tempo no
Espírito” (Ef 6.18). A oração é sem dúvida mencionada em várias partes da Bíblia como
algo a ser feito e que tem enorme impacto na vida daqueles que assim se portaram. E isto
se aplica ao jejum também.

Os exemplos Bíblicos nos ajudam a entender o valor e propósito do jejum

O Livro de Atos registra que diversos ministros da igreja estavam jejuando em associação
com a oração antes de tomarem importantes decisões (At 13.1-3; 14.23). O. jejum e
oração frequentemente andam juntos (Lc 2.37). A luz da Escrituras verificamos que o
jejum e a oração são equivalentes como disciplina espiritual, estando ambos juntos na
prática de vida da igreja. Mas impressiona-nos que, existam entre nós aqueles que
desconsideram totalmente que o jejum não tem qualquer valor, imaginando alguns que
esta é uma prática abolida na igreja, o que não é verdade.

Desviando nossos olhos das coisas deste mundo, podemos melhor voltá-los para Cristo.
Jejuar não é uma maneira de conseguir de Deus o que queremos. O jejum muda a nós,
não a Deus. Jejuar não é uma maneira de parecermos mais espirituais do que os outros.
Jejuar é algo a ser feito em espírito de humildade e atitude alegre. Mateus 6.16-18
declara: “E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e
lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”

1
https://apraticadapiedade.blogspot.com/
A Prática da Piedade
#Disciplinas Espirituais - Jejum

Uma noção teocêntrica sobre a prática do jejum

Alguns irmãos têm atribuído o jejum como prática de um seleto grupo. Se de fato em
momento de ruptura com os ensinamentos mais rudimentares sobre o jejum, alguns do
que são chamados de crentes tradicionais se afastaram desta prática por motivos estes
relacionado a ideia do cessacionismo, por outro lado, não é verdade que o jejum seja uma
prática de grupos seletos. Lewis Bayly em sua obra “A Prática da Piedade” diz:

“Quem primeiro ordenou um jejum foi Deus no paraíso, e com ele foi relacionada a
primeira Lei formulada por Deus, quando ordenou a Adão que se abstivesse do fruto
proibido. Deus só pronunciou a escreveu a sua Lei com o seu povo praticando o jejum (Lv
23), e na sua Lei Ele ordena a todo o seu povo que jejue. É o que também o que o nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo ensina a todos os seus discípulos sob o Novo
Testamento, assumindo o jejum como prática normalmente aceita (Mt 6.17; 9.15) [...] Em
nenhum outro aspecto a natureza e a graça concordam melhor do que no que se refere
ao exercício do jejum religioso, pois esta prática traz estes benefícios: fortalece a memória
e aclara a mente; ilumina o entendimento e refreia os sentimentos; mortifica a carne,
impede doenças e mantém a saúde; livra de males e proporciona toda espécie de
bênçãos. Pela quebra deste jejum, Adão foi derrotado pela serpente e perdeu o Paraiso.
Contudo, por observar o jejum, o segundo Adão venceu a serpente e nos restaurou o
céu.”[1]

Bayly era um puritano do século VII, um homem de origens calvinistas. Hoje ele seria
facilmente taxado daquele típico indivíduo de denominação tradicional, apelidado de frio,
cético e formalista. A origem dos chamados tradicionais é esta apresentada por Bayly,
que, entende que jejum não é uma prerrogativa de um grupo seleto, mas é aplicado e
ordenado por Deus. Este jejum imputa bênçãos celestiais, como também nos disciplina e
mortifica. Portanto, o jejum tem uma aplicação e uma estrutura teológica que o afirma.
Amados em Cristo é bom que saibamos que estamos lindando com uma prática comum,
teológica, ordenada e praticada no povo de Deus. Portanto o jejum é uma disciplina do
povo de Deus, e mesmo que uma minoria não entenda que o jejum seja para os nosso
dias, devemos orar por eles, instruir, e não divulgar a ideia falsa de que um grupo seleto
está defendendo e praticando o jejum, pois isto é uma mentira quando sentamos com
muitos irmãos de diversas orientações espirituais mais históricas.

O jejum particular e coletivamente

Ambos estão nas Escrituras. Na Nova Aliança, o jejum não está subjugado a nenhum
artifício da Lei, mas é uma disciplina comum dos cristãos e que sempre foi praticado de
2
https://apraticadapiedade.blogspot.com/
A Prática da Piedade
#Disciplinas Espirituais - Jejum

livre propósito como podemos ver em Rm 14.3 e 1 Co 7.5 ou quando existia uma ocasião
que entendiam ser necessário o jejum. Neste caso, quando Jesus é interrogado quanto a
fata de habito de jejum dos seus discípulos, Jesus deu uma resposta que é muito simples.
Quando Jesus está com seus discípulos eles não precisam jejuar, pois estão em plenitude
de comunhão celestial com o Cristo revelado em carne. Mas haveria um dia em que não
desfrutariam dessa plenitude, dessa totalidade até aquele voltasse, então, aí sim, eles
jejuariam (Mt 9.15).
O sentido do jejum aqui é enfatizado na nossa necessidade de buscar estar bem perto de
Cristo e isto era demonstrado quando se abria mão de um alimento terreno. Aqui, nesta
ocasião Jesus está falando tanto do jejum particular quanto coletivo. Os discípulos
jejuariam particularmente ou coletivamente segundo Jesus apresenta no texto. Mas para
que entendamos que o jejum coletivo também era prática mesmo na Nova Aliança é só
notarmos que Jesus diz estas palavras enquanto os discipulos estavam reunidos, e
enquanto comiam, logo, elas serviriam para lhes incentivar ao jejum coletivo, na sua
ausência em carne.
Este jejum particular ou coletivo pode ser visto em muitos outros textos Bíblicos, tais como
2 Sm 3.35; Ed 10.6; Dn 10.3; Et 4.16 e At 9.9, sempre com aquele jejum comum de
abstenção de alimentos sólidos e líquidos. As vezes as pessoas se negam a fazer o jejum
coletivo, com algum pretexto de que ela já faz isso em particular. No entanto, quando dois
ou mais estão engajados em algum propósito espiritual, numa resposta sobre a vontade
de Deus, ou até mesmo na busca pelo livramento e bênção do povo de Deus, o jejum
coletivo foi utilizado e registrado para que com ele aprendêssemos dessa disciplina na
vida comunitária. Veja os casos de Et 4.16, quando a rainha vendo o perigo que o povo
sofria, com as tramas de Hamã. Ela fez uma convocação de todo o povo de Deus que
habitava na Pérsia para que ele obtive a atenção e o favor do rei Assuero. Veja que o
jejum, estamos também falando do jejum coletivo, é uma prático do povo de Deus no
Antigo Testamento e no Novo Testamentos Lemos que em At 13.1-4, os ministros da
igreja estavam em jejum, bem como em oração, quando eles pediram a Deus que
separassem a Paulo e Barnabé para o mistério com eles. Conforme o texto mesmo diz,
estes ministros estavam "servindo ao Senhor e Jejuando" (At 13.2). O jejum coletivo tem
importância para obtenção das respostas que vão além das minhas próprias
necessidades, pois isto visa o avanço do Reino de Deus, mas também demonstra o
quanto o povo de Deus está unido naquele propósito.
Objetivos do jejum
Em primeiro lugar, nós sujeitamos a Deus a nossa carne, o que não quer dizer que
façamos isso de forma desproporcional a ponto de enfraquecermos e deixamos de
cumprir com nossos deveres da nossa vocação. Em segundo lugar, para que possamos
meditar com maior disciplina para que no fim derramemos nossas almas em oração a Ele
(Jl 2.17; Lc 2.37; 1 Co 7.5). E em terceiro lugar, aprendemos que o jejum ter sua eficácia
3
https://apraticadapiedade.blogspot.com/
A Prática da Piedade
#Disciplinas Espirituais - Jejum

no combate espiritual, sabendo que há certas castas de demônios que só são subjugados
com jejum e oração (Mc 9.28, 29)
__________
[1] A Prática da Piedade, Lwies Bayly, pg. 244

4
https://apraticadapiedade.blogspot.com/

Você também pode gostar