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O PODER CURATIVO DO JEJUM

O PROPÓSITO DO JEJUM

Gosto de uma afirmação de Kenneth Hagin acerca do jejum: “O jejum


não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas,
jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de
Deus”.
O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para
conosco, ele está ligado diretamente a nós, à nossa necessidade de romper
com as barreiras e limitações da carne.

Zacarias 8.19 / Atos 10.30 / I Coríntios 7.5 / Esdras 8.21

A Bíblia está dizendo com isto que o jejum tem o poder de “renovar”
nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor
maneira de receber o vinho, o Espírito, é dentro de um processo de
mortificação da carne.
Creio que o propósito primário do jejum é mortificar a carne, o que nos
fará mais suscetíveis ao Espírito Santo. Há outros benefícios que decorrerão
disto, mas esta é a essência do jejum.
Alguns acham que o jejum é uma “varinha de condão” que resolve as
coisas por si mesmo, mas não podemos ter o enfoque errado. Quando
jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus.
A resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta
prática estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e
por isso algumas coisas acontecem.
Por exemplo, a fé é do espírito e não da carne; portanto, ao jejuar
estamos removendo o entulho da carne e liberando nossa fé para se
expressar. Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam expulsar um
demônio por falta de jejum (Mt 17.21), ele não limitou o problema somente a
isto mas falou sobre a falta de fé (Mt 17.19,20) como um fator decisivo no
fracasso daquela tentativa de libertação.
O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que
Cristo fez na cruz e a autoridade de seu nome.
O jejum em si não me faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos
fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.
Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos
vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:

a) No Velho Testamento encontramos diferentes propósitos para o jejum:

Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de


determinados tipos de alimentos (Nm 6.3,4);

Arrependimento de pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal


de arrependimento de seus pecados (1 Sm 7.6, Ne 9.11);

Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois
pela morte de Abner. (2 Sm 1.12 e 3.35);
Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que
estava doente, à morte (2 Sm 12.16-23); Josafá apregoou um jejum em todo
Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (2
Cr 20.3);

Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a


proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed 8.21-23); Ester pede que
seu povo jejue por ela, para proteção no seu encontro com o rei (Et 4.16);
Em situações de enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam
enfermos (Sl 35.13);

Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn 9.3, 10.2,3)

b) Nos Evangelhos

Preparação para a Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas


castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior
revestimento de autoridade (Mt 17.21);

Estar com o Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando


freqüentemente (Lc 2.37);

Preparar-se para o Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter


sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto
(Lc 4.1,2);

c) Em Atos dos Apóstolos vemos a Igreja praticando o jejum em diversas


situações, tais como:

Ministrar ao Senhor – Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para


adorar ao Senhor (At 13.2);

Enviar ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios


comissionados (At.13:3);
Estabelecer presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os
enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na
igreja local, o que revela que o jejum era um princípio praticado nas
ordenações de ministros (At 14.23).

d) Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (2 Co 6.3-5;


11.23-27).

DIFERENTES FORMAS DE JEJUM

Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:

a) Jejum PARCIAL.
Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a
pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do
trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:

“Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar


desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me
ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas.” (Dn 10.2,3).

O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e
manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes,
não sabemos ao certo.
O fato é que se absteve de alimentos, porém não totalmente. E embora
tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar,
dedicou-se à ela por três semanas.
Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn 9.3), o
que mostra que praticava mais de uma forma de jejum.
Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma
revelação tremenda.
Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido
(v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o
que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20).
Aqui aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos
de guerra espiritual.

b) Jejum NORMAL.

É a abstinência de alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que


nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci ouvindo sobre a necessidade
de se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no relato do evangelho não há
menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido sede (e ele estava num
deserto!):

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo
Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada
comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.” (Mt 4.2).

Denominamos esta forma de jejum como normal, pois entendemos ser


esta a prática mais propícia nos jejuns regulares (como o de um dia).

c) Jejum TOTAL.

É abstinência de tudo, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas


menções de ter alguém jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no
máximo três dias.
A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins
funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há
dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo
Testamento:

1) Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam


condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que
jejuem por ela:
“Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e
não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as
minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é
contra a lei; se perecer, pereci.” (Et 4.16).

2) Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao


impacto da revelação que recebera: “Esteve três dias sem ver, durante os
quais nada comeu, nem bebeu.” (At 9.9).
Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a
não ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos
adiante). A medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água,
como sendo nocivo.
Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que
estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo

ALGUMAS RECOMENDAÇÕES RELACIONADAS AO JEJUM

a - Não jejue se :
.  Estiver grávida ou amamentando.
. Tiver um problemas de saúde, físico ou mental, (consulte seu médico antes
de jejuar por mais de três dias).
. Vier a sentir-se aturdido ou desorientado ou ficar doente durante o jejum, pare
imediatamente e gradualmente reinicie com os alimentos mais sólidos, dê
preferência aos vegetais.

b - Para ajudar a eliminação de toxinas através da pele, escove a sua pele


com uma escova seca de cerdas naturais. Isto removerá toxinas e células
mortas da pele que entopem os poros. A escovação também aumenta a ação
do sistema linfático, que carrega detritos das células para o sangue. O sangue
então entrega os resíduos aos rins, onde são convertidos em urina.

c - Para aumentar a eliminação das toxinas pelos pulmões, respire


profunda e ritmicamente, de preferência ar fresco ao ar livre, e sob a luz do sol.

d - Para auxiliar os rins, beba chá de calêndula  ou chá de folha de dente-de-


leão.

e - Evite exercícios pesados, dê a preferência para as caminhadas e a sauna


ou banho de vapor uma vez ao dia por quinze a vinte minutos estimulará a
mente e purificará o corpo.

UM JEJUM RACIONAL

1 - NÃO DESJEJUAR

É sabido que durante a noite, depois de feita a digestão da última


refeição, o organismo inicia um processo de eliminação dos venenos e toxinas.
Assim, prosseguir sem comer ela manhã, contribuirá para essa limpeza.
Ao levantar tomaremos chá sem açúcar, limonada com mel, laranjada
pura, água pura, ou uma fruta de suco (abacaxi, laranja, uva, pêra, mamão,
melancia, melão, etc.) e nada mais! Nada sólido.
O efeito é: permitimos ao corpo jogar as toxinas alimentares pela pele e
pelos rins, durante mais algum tempo, pois a noite toda, o corpo esteve nesse
esforço de descarregar o entulho do fígado e dos órgãos em geral.
Muitas doenças crônicas saram só com este modo suave de jejum. O
certo para ficar livre das doenças teria sido :

NÃO COMER COISAS IMPRÓPRIAS PARA NÃO TER QUE ELIMINÁ-LAS. 

No almoço, prefira frutas, verduras e legumes, e de a preferência para


alimentos crus, em forma de saladas.
Você começará a sentir-se leve, sem aquela sensação de cansaço, pois
o corpo estará assimilando os alimentos sem precisar se desgastar com a
digestão de comidas pesadas e difíceis (anti-naturais) para o organismo.

2 - JEJUM DE 18 HORAS

Este jejum abrange o sistema rigoroso do relógio - comemos a última


refeição digamos às 18 horas. Vamos dormir, em nosso horário normal. De
manhã não desjejuamos e se possível nem usamos frutas sucosas nesse
horário, ficando com um copo de água.
Só voltamos a comer às 12 horas (meio dia) do dia seguinte, totalizando
18 horas sem ingerir alimento. Isso feito sucessivamente por períodos de sete
dias nos dará um ritmo de limpeza sistemática do corpo que nos restaurará
forças, energias nervosas, e clareará a mente, retirando algumas gorduras
excessivas, etc.

Este jejum é próprio para limpeza de fígado, devendo ser feito em


conjunto com ervas amargas, verduras de folhas amargas, mas
suspendendo os alimentos gordurosos, as carnes, o leite, ovos e produtos
derivados destes; o açúcar de cana, bebidas destiladas ou fermentadas,
produtos enlatados, sintéticos, químicos e artificiais, conservas, etc.
Lembremos que o sono e todos os estados de sonolência são reflexos
cerebrais produzidos pela sobrecarga do laboratório armazém do corpo que
precisa desligar outros circuitos de energia para usar a carga total no seu
processamento de coleta, seleção e eliminação de venenos alimentares.
Ao fazer este jejum por sete dias ou mais, como já dissemos, veremos
subir todas nossas capacidades, inclusive com redução das necessidades de
sono para uma ou duas horas a menos do que estávamos acostumados. Não
considere isso como insônia...

3 - JEJUM DE 24 HORAS

Se prolongarmos o jejum das 18 até às 18 horas do dia seguinte, à base


de água, teremos os efeitos do jejum de 18 horas em dobro, agora fortalecendo
o pâncreas, o baço, o estômago (que ganham férias...), o rim (embora trabalhe
com sobrecarga no começo) e o cérebro e sistema nervoso em geral, que se
libertam de excitações e entorpecimentos alimentares.
Este jejum é catalogado como regime alimentar de uma refeição única
por dia, a do anoitecer.

4 - JEJUM DE 2, 3 ou 4 DIAS.

Ao passar das 24 horas sem ingerir alimento (seja com sucos diluídos de
uma fruta só, seja só a água) entramos realmente em sistema de jejum.
O jejum de 24 horas é na realidade um sistema de cura leve, reforço da
vontade, treinamento do tubo digestivo, que melhor pode ser aproveitado para
diagnosticar nossas enfermidades crônicas e latentes, indicando qual o ponto
do corpo que apresenta entupimentos, quais os
venenos que temos que eliminar, e que volume deles existe no corpo.
Para isto basta observar onde dói, a espessura da urina, a cor e cheiro
do saburro da língua, os gostos estranhos que vêm ao paladar, as acelerações
cardíacas, sudoreses, quedas de pressão e temperatura, etc.
Os médicos antigos sabiam disso e acertavam mais...
De dois dias de jejum para frente, é que se obtém a melhor retificação
de diagnóstico possível, e daí em diante os jejuns são realmente curativos e se
obtém os resultados palpáveis.
Jejuns com menos de 48 horas são feitos para treinamento e para diagnóstico
dos pontos fracos de nossa saúde, ou para desintoxicações parciais e
tratamentos leves e lentos.
Se queremos efeitos curativos, devemos preparar jejuns de 2, 3, 4 dias,
como escalada no caminho da saúde e repetir o processo mais de uma vez,
até estar com experiência para jejuns mais longos que estes.

Os efeitos deste jejum mais longo são variadíssimos.

- Obtemos cura de doenças crônicas como: enxaquecas, sinusites, gripes,


disenterias, alergias, furúnculos;
- obtemos cicatrização de feridas;
- adquirimos mais clareza mental;
- conseguimos um melhor funcionamento dos órgãos corporais em geral;
- livramo-nos de infecções e viroses;
- melhoramos a agilidade física;
- recuperação de arteriosclerose e afecções de coronárias;
- detemos a queda dos cabelos;
- regredimos neoplasias;
- controlamos obesidades;
- regularizamos distúrbios metabólicos, gástricos, renais, glandulares, etc.
- obtemos dissolução de pedras de vesículas, rins e bexiga;
- acabamos com cirroses, bronquites, asma, taquicardia, etc.

Durante o jejum, deve-se ingerir água que seja de fonte, o mais natural
possível. O jejum é uma cirurgia natural e fica mais suave se tomarmos mel,
laranjada, limonada, usando se necessário para adoçar, produtos que sejam
naturais.
A maioria das enfermidades são a conseqüência de hábitos de comer
equivocados, de alimentos erroneamente combinados, de alimentos acidulosos
e de preparações comerciais de nossa atual civilização.
http://www.grandefraternidadebranca.com.br/jejum.htm

Jejum faz suas células se comerem; e isso te renova, diz Nobel de medicina...
Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/11/28/jejum-ou-corte-radical-de-
alimentos-pode-garantir-longevidade.htm?cmpid=copiaecola

Fernando Cymbaluk
Do UOL, em São Paulo
28/11/2016 06h00

Não é dieta ou regime. Os cientistas estão pesquisando como o jejum ou


o corte radical de calorias pode promover o aumento da expectativa de vida. A
alimentação equilibrada e rica em nutrientes é fundamental para uma boa
saúde.
Porém, já é sabido que a privação de alimentos de forma controlada
pode ativar mecanismos de autodefesa das células que garantem a elas maior
longevidade. É isso que se traduz em benefícios para todo nosso organismo.
Tudo por causa da autofagia. Ela é um mecanismo importante de
autolimpeza que existe em todas as células de nosso corpo. Os genes que
regulam essa reciclagem de organelas velhas ou malformadas foram
identificados por Yoshinori Ohsumi, ganhador do Nobel de medicina deste ano.

Yoshinori Ohsumi ganhou o Nobel graças a suas descobertas sobre a


autofagia, um processo de reciclagem celular
Imagem: Akiko Matsushita/Kyodo News via AP
A redução da autofagia leva ao acúmulo de componentes danificados, o que
está associado à morte das células e ao desenvolvimento de doenças. Assim,
manter o mecanismo ativo seria uma forma de prevenir problemas futuros.
A autofagia é ativada quando a célula está em situações de estresse. Por
exemplo, quando o indivíduo fuma um cigarro ou deixa de se
alimentar. Para sobreviver, a célula passa a “comer” partes internas,
degradando tudo o que tem de ruim. Quanto mais o mecanismo funciona maior
a faxina interna.

A autofagia não fica ativa o tempo todo. Mas a restrição de nutrientes é uma
forma de burlar isso”

Luciana Gomes, pesquisadora do Laboratório de Reparo de DNA da USP

“O jejum induz a autofagia, isso é sabido. Também sabemos que a


autofagia induz a longevidade. A busca agora é entender a conexão entre a
autofagia ativada pelo jejum e a longevidade das células”, explica Soraya
Smaili, professora livre-docente da Escola Paulista de Medicina.

https://istoe.com.br/340578_OS+BENEFICIOS+DO+JEJUM/

Os benefícios do jejum

A ciência afirma que ficar sem comer por períodos determinados pode ajudar a
combater a diabetes, doenças cardiovasculares, epilepsia e até o câncer
O jejum – costume milenar associado à limpeza do corpo e da mente –
está se tornando alvo de intensos estudos científicos.
Os pesquisadores querem descobrir em que condições e por que faz
bem privar o organismo da ingestão calórica habitual por períodos
determinados.
As respostas dão mostra de benefícios múltiplos, que incluem o auxílio
no controle de crises de epilepsia, na melhora do humor e na prevenção da
diabetes.
Há várias formas de realizar jejum, mas o modelo básico consiste
em alternar os dias em que se come normalmente com aqueles nos quais o
consumo calórico é diminuído.
É o jejum intermitente. Uma das investigações mais aprofundadas sobre
essa versão e suas repercussões para a saúde cardiovascular está sendo
conduzida no Instituto do Coração, em São Paulo, pela pesquisadora Edielle
Melo, sob a orientação do professor Bruno Caramelli.
Eles querem descobrir os mecanismos e as bases genéticas e
moleculares associadas a essa modalidade de jejum e sua relação com os
fatores de risco cardiovascular, em especial a obesidade e o processo de
depósito de gordura nas artérias que irrigam o coração.
“Estudos prévios reportaram que a aderência a esse tipo de dieta é
maior, sendo, portanto, uma alternativa eficiente”, explica Edielle.

Edielle pesquisa as bases moleculares e genéticas do jejum e sua


associação com as doenças cardíacas

Por enquanto, o trabalho é executado em cobaias. “Em breve


publicaremos nossas conclusões. Mas ainda não há evidências científicas
sólidas o suficiente para dizer que essa intervenção é recomendada”, diz a
pesquisadora.
Essa é uma das razões pelas quais um dos frutos da experiência pode
ser a obtenção de informações que ajudarão na formulação de uma estratégia
que redunde nos mesmos ganhos apresentados pela restrição calórica, sem
que ela precise ser feita.
“Por meio do conhecimento dos mecanismos vinculados ao jejum
intermitente, poderemos propor intervenções que não sejam necessariamente
a restrição da dieta, mas que apresentem os mesmos resultados”, disse
Edielle.
Nos Estados Unidos, o grupo do pesquisador Benjamin Horne, do
Intermountain Medical Center Heart Institute, é um dos mais experientes no
estudo das repercussões sobre o coração.
Suas pesquisas mais recentes somam a análise das reações de 230
pessoas submetidas a regimes diferenciados de jejum. No último trabalho, 30
pacientes tomaram apenas água durante 24 horas. Para esses cientistas, as
evidências angariadas ao longo dos anos são de benefício claro. “As pessoas
que rotineiramente se abstêm de alimentos por um período apresentam menos
risco cardiovascular”, disse Horne à ISTOÉ. Na sua opinião, jejuar por 24
horas, uma vez por mês, é suficiente para produzir benefícios ao coração de
pessoas saudáveis. “Para indivíduos que apresentam fator de risco, não está
claro qual seria o regime ideal. Mas estamos estudando essa questão”,
revelou.

Estudo de Hartman (à frente) mostrou que jejuar reduz crises de epilepsia

Em suas investigações, Horne também constatou que o método pode


auxiliar no controle da diabetes.
À igual constatação chegou o cientista James Brown, da Aston
University, na Inglaterra, após fazer uma revisão dos experimentos sobre o
assunto. “O modelo intermitente reequilibra os níveis de insulina, hormônio que
permite a entrada da glicose dentro das células, e melhora a sensibilidade das
células à sua ação”, explicou o cientista à ISTOÉ.
No Brasil, a ideia de usar a alternativa contra a doença não é consenso.
“Na prática, opta-se por uma dieta com restrição calórica e exercícios,
que produzem os mesmos efeitos quando associados”, diz a endocrinologista
Olga First, do Hospital São Camilo.
É preciso avançar nas pesquisas”, completa a endocrinologista Luciana
Cavalcante, do Rio de Janeiro.
Essa cautela também se faz presente quando o assunto é a aplicação
da descoberta de que jejuar torna as células cancerígenas mais vulneráveis à
radioterapia e à quimioterapia. Esta é a conclusão do pesquisador Valter
Longo, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA), depois de anos
investigando o tema. “Privar as células doentes de nutrientes por um tempo
causa um estresse adicional a elas e as torna mais sensíveis aos remédios”,
disse à ISTOÉ. O especialista acredita que a melhor forma de usar a manobra
é prescrever ao paciente jejum três dias antes e um dia depois das sessões.
Porém, a médica Maria Aparecida Conte, do A.C. Camargo Cancer
Center, de São Paulo, pondera que é necessário mais tempo antes de incluir a
técnica na rotina. “Quimicamente faz sentido, mas é preciso entender como
seria aplicado.”

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