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Sinergismo:

A Religião
do Livre-Arbítrio

Copyright © 2023 Clinton Ramachotte

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Sumário
Prefácio – William J. P. Carvalho ................................. 4
O que é Sinergismo? ...................................................... 6
Introdução .................................................................... 7
Pelágio de Bretanha ........................................................ 9
Pelágio x Agostinho ..................................................... 10
A Resposta de Agostinho ........................................... 11

Erasmo de Roterdã ....................................................... 13


Erasmo x Lutero ........................................................... 14
A Resposta de Lutero ................................................. 16

Concílio de Trento: O Sinergismo Católico ................ 19

Remonstrantes (Ou Arminianos?)............................... 23


Armínio: Um Calvinista ............................................... 23
Remonstrantes x Dort ................................................ 25
A Resposta de Dort ................................................. 27

John Wesley .................................................................. 32


Wesley x Whitefield ..................................................... 35

O Sinergismo Moderno ................................................ 41


Há Somente Duas Religiões no Mundo ........................ 43

Referências Bibliográficas ............................................ 60


4

Prefácio
Caros leitores, é com grande preocupação e zelo pelo
verdadeiro entendimento da fé que me dirijo a vocês neste
prefácio, venho alertar sobre uma doutrina maligna e
perigosa que ameaça a compreensão da graça divina: o
Sinergismo Soteriológico.
A Bíblia apresenta explicitamente a justificação pela
fé somente como base da nossa salvação. O grito da
Reforma Protestante reafirmou que somente através da fé
em Cristo, pela graça de Deus, podemos alcançar a
salvação. O Sinergismo Soteriológico, entretanto, é uma
doutrina que desvia essa verdade fundamental. Ele sugere
que a salvação é alcançada por uma cooperação entre a
vontade humana e a graça divina.
Após anos de estudo e pesquisa, o autor Clinton
Ramachotte com muita propriedade apresenta-nos nesta
obra o quão perigoso e danoso o sinergismo soteriológico
foi e ainda é para a fé cristã. O Sinergismo enfraquece a
centralidade de Cristo na redenção, colocando a ênfase na
ação humana em vez da graça de Deus. Com isso, desvia a
glória de Deus para a vontade e esforços humanos.
Nossos corações são naturalmente inclinados ao
orgulho e à autossuficiência. O Sinergismo Soteriológico
alimenta essa dependência, levando as pessoas a confiar em
suas próprias obras e méritos para a salvação. Isso não
apenas obscurece a verdade, mas também mina a paz e a
segurança que vem pela fé na obra consumada de Cristo na
cruz.Portanto, exorto você, caro leitor, a examinar
5

cuidadosamente as doutrinas em seu caminho e permanecer


firme na soberania de Deus na salvação, na justificação pela
fé mediante a graça de Deus, e rejeitar o Sinergismo
Soteriológico como uma ameaça à verdade bíblica no
tocante ao destino eterno do ser humano. Que a eleição
incondicional e a graça irresistível de Deus sejam a
confiança de sua fé, para que você encontre a paz e a
segurança verdadeiras em sua salvação.
Que a graça e a paz do nosso Deus soberano estejam
com todos vocês.
Glória somente a Deus,

William JP Carvalho
6

O que é Sinergismo?
Segundo o Dicionário Bíblico de Almeida,
sinergismo é a “doutrina segundo a qual a salvação é obra
conjunta de Deus e do homem”. Essa doutrina é baseada na
ideia de que a graça de Deus é necessária para a salvação,
mas que o homem também deve “fazer sua parte” para
alcançar a salvação.
No Dicionário Bíblico de Vine, sinergismo é: “A
doutrina que a salvação é obra de Deus e do homem, sendo
a graça de Deus necessária para a salvação, mas sendo
também necessária a cooperação do homem”.
E segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, é: “A
doutrina de que a salvação é obra conjunta de Deus e do
homem, sendo a graça de Deus necessária, mas sendo
também necessária a cooperação do homem”.
Em suma, o sinergismo é uma religião dentro do
cristianismo. Um ensino doutrinário que atribui ao homem
um poder superior, igual ou aproximado ao de Deus.
7

Introdução
O sinergismo é uma teoria protestante que defende,
conforme visto nas páginas anteriores, que a salvação é obra
conjunta de Deus e do homem. Essa doutrina é baseada na
ideia de que a graça de Deus é até necessária para a
salvação, mas que o homem também deve exercer sua fé e
obediência para alcançar a salvação.
Este livro é uma crítica ao sinergismo soteriológico e à
doutrina do livre-arbítrio. A proposta deste livro é
apresentar o sinergismo como uma religião dentro do
cristianismo que não seja verdadeira e que seja herética -
tão falso quanto qualquer outra seita ou religião.
Além disso, o sinergismo é uma doutrina falsa e,
consequentemente, antibíblica. A Escritura ensina que a
salvação é obra exclusiva de Deus. O homem não pode
salvar a si mesmo, nem cooperar com Deus nessa obra, pois
é um dom gratuito de Deus (conforme Efésios 2.8-9).
O sinergismo é uma doutrina que coloca o homem no centro
da salvação. Essa doutrina ensina que o homem deve
cooperar com Deus para ser salvo. No entanto, a Bíblia
ensina que a salvação é obra de Deus desde o início ao fim.
Deus é o único que pode salvar o homem.
Este livro tem os seguintes objetivos:
 Apresentar uma crítica ao sinergismo soteriológico e à
doutrina do livre-arbítrio;
8

 Mostrar que ao longo da história, muitos defenderam


esse pensamento, mas a igreja de Cristo nunca o
abraçou;
 Trazer personagens importantes que defenderam e
propagaram essa doutrina;
 Demonstrar que a salvação é obra exclusiva de Deus;
 Mostrar que o homem não pode salvar a si mesmo;
Tenha uma boa leitura!
9

Pelágio de Bretanha
A história do sinergismo começa, de maneira oficial, com
um homem conhecido como Pelágio de Bretanha. Era
também conhecido em alguns lugares como “Morganus” ou
“Morgan” (curiosidade que poucos sabem). Acredita-se que
Pelágio tenha nascido por volta do ano de 360 d.C, nas
proximidades de Gales, Escócia ou Irlanda, mas há uma
grande discussão quanto a sua terra natal exata. Faleceu por
volta do ano 420 d.C.

Pelágio foi um homem que, em tese, se aprofundou em


seus estudos e viajou extensamente pela Europa, incluindo
Cartago e Roma, onde estudou filosofia e teologia. Embora
seja muito menosprezado em nossos dias, Pelágio não foi
alguém “leigo”, sem acesso ao conhecimento e aos estudos.
Evidentemente, Pelágio se tornou conhecido por suas
crenças teológicas que entravam em conflito com o
ensinamento tradicional da igreja cristã primitiva.

Por exemplo, Pelágio era um opositor ferrenho à doutrina


bíblica da depravação total, pautada em textos como
Romanos 3.10-18 e Efésios 2.1. Ele defendia, portanto, que
o homem possuia um papel de livre vontade e de esforço
humano na salvação.

A partir dessa interpretação, Pelágio surge com grande


oposição as doutrinas que eram ensinadas naturalmente
pela igreja cristã primitiva. É importante salientar que a
igreja do período apostólico dos primeiros séculos sempre
defenderam a salvação como obra soberana de Deus. Não
10

havia nenhum espaço para qualquer tipo de sinergismo na


pregação dos apóstolos, nem dos seus discípulos.

Diante disso, Pelágio se propõe a refutar um dos teólogos


mais proeminentes da igreja: Agostinho de Hipona.

Pelágio x Agostinho
No século V, entre os anos de 412 e 430, o monge
britânico Pelágio entrou em um grande embate com o pai
da igreja Agostinho. Essa disputa começou quando Pelágio
escreveu um livro chamado “Sobre a natureza do homem”,
no qual defendia a visão de que o homem é naturalmente
bom e, por ser bom, tem plena capacidade para escolher ir
até Deus e cooperar na salvação. Agostinho respondeu a
Pelágio com o que hoje temos como livro, intitulado “Dos
espíritos e da carne”. Nessa obra, Agostinho desenvolve o
raciocínio bíblico, partindo da premissa de Paulo, de que o
homem é morto em delitos e pecados e, por consequência,
não tem capacidade para ir até Deus por vontade própria,
nem cooperar com Ele na obra de salvação.

A disputa continuou por vários anos, com os dois lados


trocando argumentos e, às vezes, acusações. No final,
Agostinho prevaleceu e sua visão da salvação pela graça se
manteve como a visão dominante da igreja (como sempre
foi).

De forma bem sintetizada, as crenças de Pelágio se


resumiam aos seguintes pontos:
11

 O homem é naturalmente bom e capaz de fazer o


bem por si mesmo;
 O pecado original não é transmitido aos filhos de
Adão;
 O livre-arbítrio do homem é ilimitado;
 A salvação é um prêmio que o homem merece por
suas boas ações.

Resposta de Agostinho
Como dito anteriormente, era consenso antigo a defesa de
que o homem era naturalmente depravado e que Deus
salvava de maneira monergista (ou seja, somente Ele
operando a salvação). Ainda assim, Agostinho reforçou tais
crenças e respondeu cada um dos pontos defendidos por
Pelágio utilizando as palavras dos apóstolos.
Agostinho, como o representante direto da fé cristã frente a
Pelágio, respondeu as resoluções do monge se opondo a
cada uma de suas crenças. Sintetizando também, a resposta
foi:
 O homem é naturalmente corrupto pelo pecado
origina;
 O pecado original é transmitido aos filhos de Adão;
 O livre-arbítrio do homem é limitado pelo pecado
original - ou seja, não é livre coisa nenhuma;
 A salvação é um dom gratuito de Deus, que não pode
ser merecido pelo homem;
12

Mas da onde Agostinho tirou suas conclusões? Ora, é


evidente. Ele se baseava naquilo que Paulo ensinava. Não
veio de Agostinho, mas do Espírito Santo os versos abaixo:
Gênesis 6.5: “O Senhor viu que a perversidade do
homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação
dos pensamentos do seu coração era sempre e somente
para o mal.”

Jeremias 17.9: “O coração é mais enganoso que


qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é
capaz de compreendê-lo?”

João 3.19: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo,


mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as
suas obras eram más.”

Romanos 3.10-12: “Como está escrito: "Não há nenhum


justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda,
ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram,
tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça
o bem, não há nem um sequer".”

Efésios 2.1-3: “Vocês estavam mortos em suas


transgressões e pecados, nos quais costumavam viver,
quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe
do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que
vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também
vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa
carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os
outros, éramos por natureza merecedores da ira.”
13

Erasmo de Roterdã
Outro nome emblemático na defesa do sinergismo foi
Erasmo, um teólogo e filósofo que nasceu em 28 de
Outubro de 1466 em Roterdã (por isso foi chamado “de
Roterdã”). Erasmo é, até os dias de hoje, considerado um
dos maiores vultos do humanismo renascentista. Ao
defender o livre-arbítrio em suas resoluções, fez desse
pensamento a bandeira principal do seu trabalho.

Por incrível que pareça, Erasmo foi educado em um


mosteiro agostiniano, porém, nunca foi ordenado sacerdote.
No ano de 1492, se mudou para Paris com o intuito de
estudar teologia, mas logo teve seu foco mudado e passou a
se interessar pelo humanismo clássico.

Erasmo era um ferrenho defensor do humanismo, o que


contribuiu para que tão logo passasse a defender também a
crença no livre-arbítrio, já refutada históricamente por
Agostinho séculos antes. Ainda assim, Erasmo fez questão
de sustentar a crença no livre-arbítrio do homem, rejeitando
completamente qualquer ideia de predestinação. Ele
argumentava que o livre-arbítrio é essencial para a
moralidade e para a responsabilidade humana. Se o homem
não tivesse livre-arbítrio, ele não seria responsável por suas
ações, e não seria possível falar de moralidade.

Em sua obra “De libero arbitrio dialogus”, Erasmo


apresenta uma discussão entre dois personagens intitulados
por ele como Filemon e Epafrodito. Filemon defende a
visão luterana da predestinação, enquanto Epafrodito
defende a visão de Erasmo do livre-arbítrio.
14

Na estória de Erasmo, Filemon argumenta que a salvação


é determinada por Deus desde a eternidade, e que o homem
não tem nenhum papel cooperativo a desempenhar no
processo. Epafrodito, por outro lado, argumenta que o
homem tem livre-arbítrio para escolher adquirir a própria
salvação. Em sua conclusão, Erasmo afirma que o livre-
arbítrio é um dom de Deus, e que é essencial para a vida
cristã. Ele escreve:
“O livre-arbítrio é uma dádiva de Deus, que nos
permite amar a Deus e ao próximo. Sem o livre-arbítrio,
não poderíamos ser moralmente responsáveis por nossas
ações. Se Deus nos tivesse predestinado à salvação ou à
perdição, não teríamos nenhum incentivo para fazer o
bem ou evitar o mal.”

Qualquer semelhança entre Erasmo de Roterdã e Pelágio


de Bretanha não é mera coincidência. O que Erasmo estava
fazendo ao defender o sinergismo era nada mais, nada
menos do que ressuscitar o fantasma adormecido e refutado
de Pelágio.

Erasmo x Lutero
É importante ressaltar que, embora Erasmo de Roterdã
tenha defendido o sinergismo na salvação e o livre-arbítrio,
assim como Lutero, se opôs fortemente aos ensinos da
Igreja Católica Romana. Isso mostra não que Erasmo era
um homem que merecia aplausos por sua postura em
oposição ao catolicismo, e sim sua incoerência com aquilo
mesmo que cria. Ora, a Igreja Católica é, desde os
primórdios, a religião que com mais convicção sustentou a
15

crença no livre-arbítrio. Na mesma medida em que era


comum que a igreja de Cristo afirmasse a depravação do
homem e a incapacidade humana de crer, a Igreja Católica
sustentava que o livre-arbítrio era real mesmo sendo os
homens pecadores.

Voltando ao embate Erasmo x Lutero, um dos pontos de


maior divergência entre os dois era exatamente a questão
do livre-arbítrio. Erasmo acreditava que o homem tinha
livre-arbítrio para escolher se aceitaria a salvação e
participasse com Deus nessa obra ou se a rejeitava. Ele
argumentava que o livre-arbítrio era essencial para a
moralidade e para a responsabilidade humana.1

Por outro lado, Martinho Lutero, um dos principais (se


não o principal) reformador, defendia a doutrina bíblica da
predestinação. Inclusive, em resposta ao pensamento de
Erasmo, Lutero escreveu o livro intitulado “De servo
arbítrio” – esse livro foi uma resposta a obra de Erasmo
intitulada “De libero arbítrio dialogus”. Nessa obra,
Lutero argumenta que o homem não tem livre-arbítrio, e
que a salvação é um dom de Deus. Ele afirma pela Bíblia
que Deus escolheu alguns para a salvação e outros para a
perdição, e que não sabemos o motivo exato do porque
Deus faz isso.

1
Aquela velha máxima de que “responsabilidade pressupõe Liberdade”, um grande equívoco tendo em
vista que nossa responsabilidade está atrelada ao fato de que Deus nos ordenou leis, portanto, temos
que obedecê-las.
16

Eis um trecho da obra de Lutero:

“A predestinação é uma doutrina difícil, mas é uma


doutrina bíblica. A Bíblia diz que Deus escolheu alguns
para a salvação e outros para a perdição. Não sabemos
por que Deus faz isso, mas devemos confiar nele.”
– Martinho Lutero: “De servo arbitrio, 1525”

Por fim, temos na cronologia desse embate o seguinte:

Em 1524 Erasmo publica “De libero arbitrio dialogus”


em defesa do livre-arbítrio.
Em 1525 Lutero publica “De servo arbitrio”, em
oposição ao livro de Erasmo e ao livre-arbítrio.
Em 1526, de forma insistente, Erasmo publica
“Hyperaspistes”, onde se opõe ao que Lutero escreveu
sobre o livre-arbítrio.
Por fim, em 1531 Lutero escreve uma carta a Erasmo, na
qual opta por não prosseguir em debates, tendo em vista a
obstinação de Erasmo.

Nessa decisão, Lutero foi sábio. Ora, se as Escrituras não


são suficientes para mostrar que o ensino do livre-arbítrio é
uma heresia, nada mais será. Erasmo não se contentou com
o que dizia as Escrituras. Lutero não tinha mais nada a dizer,
visto que a Palavra de Deus foi ignorada por Erasmo.

A Resposta de Lutero
Lutero não baixou a guarda e, como seu "pai" Agostinho,
respondeu aos ensinamentos de Erasmo de forma
contundente e agressiva. Ele acusou Erasmo de heresia, de
17

ensinar falsa esperança e de colocar a razão acima da


revelação de Deus.2

Outra argumentação de Lutero foi a de que a doutrina do


livre-arbítrio é uma heresia porque nega a soberania de
Deus. Sua afirmação se dá porque a Bíblia ensina que Deus
escolheu soberanamente o homem, e não o contrário. Seu
fundamento está nas palavras dadas pelo Espírito Santo a
Paulo:

Romanos 9.21-22: “O oleiro não tem direito de fazer do


mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso
desonroso? 22. E se Deus, querendo mostrar a sua ira e
tornar conhecido o seu poder, suportou com grande
paciência os vasos de sua ira, preparados para
destruição?”

Também em Provérbios, é dito:

Provérbios 16.4: “O Senhor faz tudo com um propósito;


até o ímpio para o dia do castigo.”

O pensamento de Erasmo era de fato confuso. Lutero


reconhece isso ao escrever:

“O que você teria a escrever de bom ou correto sobre o


livre-arbítrio, se em suas palavras você revela semelhante
ignorância das Escrituras e da piedade cristã?”
– Martinho Lutero, “De servo arbítrio: IV Dogma
Del Siervo Albedrio Y La Existencia Cristiana”

2
Em nossos dias, muitos temem se posicionar dessa forma e, por covardia, abaixam suas cabeças em
silêncio diante de pregadores sinergistas. Lutero tem muito a nos ensinar, mas atua Igreja Reformada
prefere abraçar a política da boa vizinhança e passar pano para erros como esse.
18

Noutro momento, Lutero reconhece que a capacidade


intelectual de Erasmo não é tão boa – e isso é revelado
exatamente pelo fato dele crer e ensinar o pensamento do
livre-arbítrio.

“Não és tão bom orador e teólogo, dado que te atreves


a falar e ensinar acerca do livre-arbítrio.”
– Martinho Lutero, “De servo arbítrio: IV Dogma
Del Siervo Albedrio Y La Existencia Cristiana”

Por qual motivo Lutero insistia de maneira tão ferrenha


em oposição a Erasmo? Simplesmente porque ele ensinava
algo que há séculos havia sido refutado e condenado pelas
Escrituras. Lutero disse:

“As Escrituras são como diversos exércitos que se


opõem à ideia de que o homem tem um 'livre-arbítrio'
para escolher e receber a salvação. Porém, basta-me
trazer à frente de batalha dois generais - Paulo e João,
com algumas de suas forças.”
– Martinho Lutero: “Nascido Escravo”, Ed. Fiel
Imagino que Martinho Lutero estivesse se referindo a
textos como estes:

João 6.37, 44 e 65: “Todo o que o Pai me der virá a mim,


e quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Ninguém pode vir a
mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o
ressuscitarei no último dia. E prosseguiu: ‘É por isso que
eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que
isto lhe seja dado pelo Pai’.”

João 15.16: “Vocês não me escolheram, mas eu os


escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim
19

de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome.”

Romanos 9.1-16: “Pois ele diz a Moisés: ‘Terei


misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei
compaixão de quem eu quiser ter compaixão’. Portanto,
isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da
misericórdia de Deus.”

De fato, não há como batalhar contra esses dois generais.


São poderosos demais - não o homem João ou o homem
Paulo, mas o Espírito que lhes deu as palavras escritas aqui.

Concílio de Trento:
O Sinergismo Católico
Embora o sinergismo tenha se mostrado presente no meio
cristão protestante ao longo da história, é importante
ressaltar que uma das maiores religiões do mundo, o
catolicismo romano, é essencialmente sinergista também.
Falamos aqui do chamado Concílio de Trento. Esse foi
um concílio ecumênico da Igreja Católica Romana
realizado na cidade de Trento, na Itália, entre os anos de
1545 e 1563. Foi o concílio mais longo da história da Igreja
Católica.
Esse concílio foi convocado pelo papa Paulo III em
resposta à Reforma Protestante, que havia dividido a Igreja
Católica na Europa. Os protestantes questionavam a
autoridade do papa, a validade dos sacramentos e a natureza
da salvação. O Concílio de Trento foi uma tentativa da
20

Igreja Católica de responder a essas críticas e reafirmar sua


doutrina e sua autoridade.
O Concílio de Trento foi dividido em três períodos:
Primeiro período (1545-1547): o concílio foi realizado em
Trento, mas foi interrompido por conflitos politicos;
Segundo período (1551-1552): o concílio foi transferido
para Bolonha, mas foi novamente interrompido por
conflitos politicos;
Terceiro período (1562-1563): o concílio foi finalmente
concluído em Trento.
Além disso, o Concílio de Trento tomou uma série de
decisões, incluindo:
 A reafirmação da autoridade do papa e dos sete
sacramentos;
 A condenação da doutrina protestante da justificação
pela fé;
 A reforma da disciplina eclesiástica, incluindo a
criação de seminários para a formação de sacerdotes.

Tiveram também os chamados “decretos” do Concílio de


Trento, publicados em 1564 e de forma dividida, estão em
quatro partes:
Doctrina (dogmática): trata de questões de fé e moral;
Disciplina (disciplinar): trata de questões de organização
e administração da Igreja;
Reforma (reforma): trata de medidas para melhorar a vida
da Igreja;
21

Canones (canônicos): trata de questões de direito


canônico.
É importante olharmos para esse Concílio como parte
fundamental do Sinergismo na história da igreja. Embora
seja católico e se oponha diretamente contra os princípios
protestantes, muitos sinergistas evangélicos certamente
estariam de mãos dadas com os católicos dessa época.

814. Cân. 4: Se alguém disser que o livre-arbítrio do


homem, movido e excitado por Deus, em nada coopera
para se preparar e se dispor a receber a graça da
justificação [...] Seja excomungado [cfr. nº 797].

815. Cân. 5: Se alguém disser que o livre-arbítrio do


homem, depois do pecado de Adão, se perdeu, ou se
extinguiu, ou que é coisa só de título, ou antes, título sem
realidade, e enfim, uma ficção introduzida na igreja por
Satanás - Seja excomungado [cfr. nº 793 e 797].

Em outras palavras, todo aquele que se negasse a


acreditar no livre-arbítrio, simplesmente era excomungado
da Igreja Católica. Não havia espaço para debates ou
diálogos. Era obrigatório que todo aquele que abraçasse a
fé católica, abraçasse também o livre-arbítrio.
22

Lembro-me quando o pr. Valter Reggiani, expondo


um dos Solas da Reforma utilizou esses trechos dos cânones
de Trento e disse algo como:
“Se você crê e prega o livre-arbítrio, saiba que você não é
evangélico, mas sim católico”.

E de fato é verdade. A crença no sinergismo nunca fez


parte da igreja de Cristo, e isso foi provado através das
diversas citações históricas deste livro.
É impossível que alguém se diga cristão protestante e,
ao mesmo tempo, abrace o livre-arbítrio. Mas é
perfeitamente possível e até coerente que alguém abrace a
fé católica e seja sinergista e defensor do livre-arbítrio. Essa
é a religião deles. Está estabelecido, e todo aquele que nega
o livre-arbítrio deve ser excomungado.
23

Remonstrantes
(Ou Arminianos?)
O movimento remonstrante é composto por um grupo
presente nos Países Baixos do início do século XVII. Esse
grupo ganhou notoriedade por conta do seu líder indireto:
Jacobus Arminínio.

Nessa época, a Reforma Protestante havia se


espalhado pelos Países Baixos, e a Igreja Reformada
Holandesa havia se tornado a denominação protestante
dominante. No entanto, havia um crescente
descontentamento com a doutrina da predestinação. Em
1609, um grupo de teólogos apresentou um documento às
autoridades da Igreja Reformada Holandesa, intitulado
“Remonstrância”. O documento apresentava, na
interpretação destes homens, os pontos de vista de Armínio
sobre a predestinação e outras questões teológicas. A
publicação da “Remonstrância” provocou um grande
debate teológico nos Países Baixos. Com isso, o grupo
responsável por apresentar tal documento ficou conhecido
como “Remonstrantes”.

Armínio: Um Calvinista
Como dito no tópico anterior, os remonstrantes surgem a
partir de pontos supostamente ensinados por Armínio. Digo
"supostamente", pois há uma grande controvérsia sobre o
que de fato Armínio cria na matéria da soteriologia.
24

Em nossos dias, muitos são chamados “arminianos”,


carregando o nome de Armínio e, consigo, a crença na
doutrina do livre-arbítrio, da eleição condicional, da graça
resistível e de tantos outros pensamentos. O problema,
porém, é que o próprio Armínio negava tais pontos e era,
inclusive, um defensor da doutrina chamada “calvinista”.

Um livro publicado pela CPAD, Armínio é abertamente


reconhecido não como um defensor do livre-arbítrio, mas
da predestinação, a semelhança de João Calvino:

“Arminio era Calvinista! Em quase tudo mais Armínio


continuava calvinista. Sua doutrina da igreja e dos
sacramentos, por exemplo, seguia as linhas gerais de
Calvino.”
– Severino Pedro da Silva. A Doutrina da
Predestinação. CPAD, pg.27
Além disso, o próprio Armínio afirmou nunca ter
contrariado as confissões reformadas históricas.

Antes, reconheceu sua ignorância e a abraçou - sim,


Armínio abraçou confissões que declaravam expressamente
a doutrina da predestinação e negava o ensino humanista do
livre-arbítrio.

Vejamos nas palavras do próprio Armínio o que é dito:

“Eu não afirmei nada que não esteja de acordo com as


confissões reformadas, que são o fundamento da fé de
nossa igreja. Eu só me atrevi a discutir alguns pontos que
não foram suficientemente explicados nessas confissões.
Eu sei que minhas opiniões são controversas, mas eu
acredito que elas estão de acordo com a Bíblia e com as
25

confissões reformadas. Eu peço que os senhores


considerem minhas palavras com atenção e justiça.”
– Jacob Armínio, "Apologia," em The Works of
James Arminius, ed. James Nichols, 3 vols. (Grand
Rapids, MI: Baker Book House, 1986), 1:597-598.
A verdade é que Armínio é responsabilizado como
sendo um dos “professors” do movimento remonstrante,
mas ele mesmo nunca o abraçou. Antes, além de expressar
sua dificuldade em compreender algumas doutrinas, ele não
negava abertamente aquilo que fora ensinado por João
Calvino e por outros reformadores. Antes, com relação a
Calvino, afirmou:
“Calvino foi um homem de grande influência, um dos
maiores teólogos da história da igreja.”
– Jacob Armínio. The Works of James Arminius.
Edited by James Nichols. Grand Rapids, MI: Baker
Book House, 1956. Volume 3, p. 222.

Embora carregue hoje o nome “arminianismo”, o


movimento arminiano não faz jus a Jacob Armínio. No fim
das contas, Armínio era um calvinista – ou, para alguns, ele
era quase isso, porém, não se enquadrava naquilo que é
conhecido como “arminianismo”.

Remonstrantes x Dort
No documento intitulado “Remonstrância”, os supostos
seguidores de Armínio formularam cinco pontos que
definiam, basicamente, suas crenças.
26

Esses pontos são:

Total depravity (depravação total)*: Os homens são,


por natureza, depravados. Entretanto, é importante
ressaltar que a depravação total ensinada pelos
remonstrantes não anulava a liberdade de escolha do
indivíduo. Os remonstrantes criam em um tipo de “graça
capacitadora”, que concede ao ser humano a capacidade
de usar seu livre-arbítrio e escolher se quer aceitar a
salvação ou rejeitá-la. Portanto, é uma depravação “total”
com aspas.

Conditional election (eleição condicional): Na visão


remonstrante, a eleição existe. Entretanto, essa eleição não
é incondicional, mas há uma condição: pela presciência de
Deus, ao olhar no futuro, o homem deve crer e aceitar a
Cristo para que Deus o escolha para a salvação.

Ilimited atonement (expiação ilimitada): O sacrifício


de Cristo na cruz na visão remonstrante é destinada a todos
os homens. Ou seja, quando o Senhor morre na cruz, Ele se
entrega por cada indivíduo da face da terra, inclusive por
aqueles que hão de passar a eternidade no inferno.

Resistible grace (graça resistível): Em paralelo com o


primeiro ponto, há também o ponto chamado “graça
resistível”, onde se afirma que o homem é capaz de rejeitar
a pregação do Evangelho e não ser salvo, caso não queira.
Em outras palavras, quando a vontade humana se choca
com a vontade de Deus, é a vontade humana que prevalece.

Perseverance of the saints (perseverança dos santos):


Nesse ponto, há certa discussão, pois nem todos os
27

defensores remonstrantes criam ser possível que o salvo


permanecesse salvo até o fim. Para alguns, era possível
perder a salvação (ou cair da graça). Portanto, nesse último
ponto, não havia consenso, mas uma discussão sobre
manter-se salvo ou perder a salvação.

A Resposta de Dort
Foi em meio a esses pontos que temos o surgimento do
chamado “Sínodo de Dort”. O Sínodo de Dort foi um sínodo
de representantes das igrejas protestantes dos Países
Baixos, convocado em 1618 para resolver a disputa entre os
remonstrantes, que defendiam os cinco pontos
mencionados anteriormente.

 O sínodo foi convocado pelo estadista holandês


Maurício de Nassau, que era calvinista.

 O sínodo foi composto por 120 delegados, sendo 85


calvinistas e 35 remonstrantes.

 O sínodo emitiu cinco cânones, que reafirmaram a


doutrina conhecida como “calvinista”.

O ponto todo é que a igreja cristã nunca havia abraçado


qualquer pensamento que afirmasse o livre-arbítrio ou
doutrinas humanistas. A crença comum do povo de Deus
era a soberania de Deus, a predestinação, sem espaços para
doutrinas que colocassem o poder nas mãos dos homens.
Por isso, em mais uma tentativa de reviver o pelagianismo,
surge o Sínodo de Dort.
28

Esse sínodo ocorreu na Holanda, e durou cerca de dois


anos. Foi formulado nesse Sínodo os chamados “Cânones
de Dort”, uma série de afirmações teológicas em resposta
aos cinco pontos defendidos pelos Remonstrantes.

Sendo assim, passamos a ter uma resposta clara e direta


aos cinco pontos dos remonstrantes, também com cinco
pontos. Tempos depois, passou a ser conhecido como
“TULIP” ou “Cinco Pontos do Calvinismo”:

1 | T - Total Depravação: Todo homem é depravado por


natureza, morto em delitos e pecados, incapaz de buscar a
Deus por vontade própria. Portanto, não possui nenhum
resquício de liberdade (livre-arbítrio);

2 | U - Eleição Incondicional: Tendo em vista ser o


homem incapaz de buscar a Deus, é necessário então que
Deus busque o homem. Para isso, antes de criar o mundo,
Deus elege alguns para a salvação segundo o Seu bom
propósito.

3 | L - Expiação Limitada: Como nem todos serão


salvos, e a base disso é o fato de que Deus elege alguns para
a salvação e outros não, a morte de Cristo tem como alvo,
especificamente, aqueles que serão salvos. O sangue de
Jesus é derramado na cruz em favor de muitos, não de todos.

4 | I - Graça Irresistível: E se os homens são eleitos antes


da fundação do mundo, isso significa que é Deus quem os
atrai para a salvação. Neste ponto, enquanto a vontade do
homem é pecar, caso a vontade de Deus seja salvar, assim
acontecerá. Deus, de maneira eficaz, salva.
29

5 | P - Preservação dos Santos: E cada um destes que


são salvos, jamais cairão. É impossível que aqueles que
Deus elegeu antes da fundação do mundo para a salvação
percam aquilo que eles não conquistaram. Deus é quem
preserva seus eleitos.

Logo depois de formular a resposta aos Remonstrantes, o


Sínodo de Dort condenou oficialmente o pensamento que
mais tarde seria conhecido por “arminianismo” como uma
heresia.

A igreja mais uma vez foi atacada pelo humanismo.

A igreja mais uma vez reagiu e se opôs a esse humanismo.

O espírito de Pelágio, levantado nos primeiros séculos,


voltava para tumultuar o povo de Deus. Entretanto, de
maneira firme e contundente, o movimento remonstrante
foi silenciado.

Se você, caro leitor, ainda não teve a oportunidade de


ler os cânones de Dort, faça o quanto antes. Se o povo
de Deus fosse zeloso em nossos dias, agiriam da mesma
forma que aqueles homens agiram em Dort. Mas,
infelizmente, preferem agora abraçar aqueles que
defendem tais pensamentos ao invés de condená-los
abertamente.
30

Segue abaixo todas as bases bíblicas que corroboram com


cada um dos chamados “Cinco Pontos” expressos no
Sínodo de Dort:
31

Se algum dia pedirem bases bíblicas para qualquer um


dos cinco pontos, forneça todas essas. Temos de sobra. A
Escritura é suficiente para responder ao Sinergismo – e
sempre será.
32

John Wesley
John Wesley nasceu em 1703, em Epworth, Inglaterra.
Ele era o décimo e último filho de Samuel Wesley, um
clérigo anglicano, e Susanna Wesley.

Wesley estudou na Universidade de Oxford, onde se


tornou membro da Sociedade da Santa Ceia, um grupo de
estudantes que se reuniam para estudar a Bíblia e orar.

Em 1725, Wesley foi ordenado ministro anglicano.

Em 1735, ele viajou para a América para trabalhar como


missionário.

Wesley morreu em 1791, em Londres. Ele é considerado


o fundador do metodismo de viés arminiano-wesleyano.

O arminianismo wesleyano, então, surge na Inglaterra no


século XVIII. Da mesma forma Armínio, Wesley também
tinha seguidores. Esses seguidores passaram, então, a
abraçar o pensamento chamado “arminianismo wesleyano”,
e mais uma vez, como em toda a história, o espírito de
Pelágio ressurge.

Com sutis diferenças do movimento remonstrante, o


arminianismo wesleyano crê nos seguintes pontos:

Pecado original: Todos os seres humanos são pecadores


por natureza, devido ao pecado de Adão e Eva.

Graça preveniente: Deus oferece a graça a todos os seres


33

humanos, independente de sua condição e essa graça é o


que os capacita a aceitar ou não a salvação.

Eleição condicional: Deus escolhe os que serão salvos


com base em sua fé e obediência.

Expiação ilimitada: Cristo morreu pelos pecados de


todos os seres humanos, não apenas dos eleitos.

Queda da Graça: Os que são salvos não perseverarão na


fé até o fim. Em caso de pecados “graves”, poderão cair da
graça e perder a salvação.

Mesmo que seja semelhante aos ensinamentos


remonstrantes, Wesley negava que o salvo mantinha-se
salvo eternamente. O biógrafo Mateo Leliévre afirma sobre
Wesley:

“[Wesley] rechaçava a doutrina calvinista da


perseverança final, assim como também reprovava a
predestinação absoluta, e isso mediante uma seqüência
rigorosamente lógica; ao aceitar a liberdade e a
responsabilidade do homem como ponto de partida na
vida cristã, o Espírito Santo não podia posteriormente
despojá-lo depois dessas prerrogativas tão perigosas. A
possibilidade da apostasia, tão claramente ensinada nas
Escrituras, é uma admoestação constante para todos.”
– Mateo Leliévre, João Wesley: Sua Vida e Obra
(São Paulo, Ed. Vida, 1997), p. 364-365
34

Nas palavras do próprio John Wesley, é possível sim que


um cristão caia e pereça eternamente no inferno:

“Se as Escrituras são verdadeiras, aqueles que são


santos ou justos no julgamento do próprio Deus; os que
possuem a fé que purifica o coração, que produz uma boa
consciência; os que são ramos da verdadeira videira, de
quem Cristo diz: “Eu sou a videira, vós as varas”; os que
de tal modo conhecem a Cristo que, através desse
conhecimento, escaparam da poluição do mundo; os que
vêem a luz da glória de Deus no rosto de Jesus Cristo e
que são participantes do Espírito Santo, do testemunho e
dos frutos do Espírito; os que vivem pela fé no Filho de
Deus; os que são santificados pelo sangue da aliança,
podem, contudo, cair e perecer eternamente.”
– R.W. Butner & R.E. Chiles, Coletânea da Teologia
de Wesley (Rio de Janeiro, Colégio Episcopal, 2 a ed.,
1995) p. 179

Como se não bastasse defender o livre-arbítrio, John


Wesley também é um defensor ferrenho do pensamento de
que o homem é capaz de perder a salvação.

Perceba, caro leitor, que desde Pelágio, os defensores


humanistas que se opõem a fé verdadeira sempre enfatizam
aspectos que negam, diretamente, a obra de Cristo.

Pelágio negava o pecado original - pecado que Jesus


pagou na cruz;

Erasmo negava a eficácia do chamado - ou seja, não era


Deus que ia em direção ao homem, mas o homem em
direção a Cristo;
35

Os Remonstrantes sustentavam uma eleição baseada em


uma certa "vidência" de Deus - logo para Deus, que rege
todo o universo.

Agora, John Wesley, com sua ênfase no livre-arbítrio, no


poder humano e na perda da salvação. Todos de mãos
dadas, abraçando o pensamento sinergista, como se o
homem tivesse certo poder em cooperação com Deus.

Wesley x Whitefield
John Wesley não só discordava da doutrina da
predestinação e da eleição. Ele a abominava. Nas palavras
do próprio Wesley:

“A predestinação é uma doutrina perigosa e absurda.


Isso tem levado muitos ao desespero e ao pecado, e é
contrário à justiça e bondade de Deus.”
— John Wesley: Carta a Alexander Mather, 6 de
outubro de 1770

Esse pensamento estava presente em John Wesley e ele


não o escondia de ninguém. Sempre que necessário,
afirmava sua grande oposição a doutrina da predestinação.
Em outro momento, ao pregar o sermão conhecido como
“Graça Livre”, Wesley declarou sobre a predestinação:

”Que blasfêmia esta, como alguém pensaria que


poderia fazer tinir os ouvidos de um cristão! Mas ainda há
mais coisas por trás; pois como ela [a doutrina da
predestinação] honra o Filho, da mesma forma esta
doutrina honra o Pai. Ela destrói todos seus atributos de
36

uma só vez: Ela destrói sua justiça, misericórdia, e


verdade; sim, ela representa o mais santo Deus como pior
do que o diabo, como mais falso, mais cruel, e mais
injusto.”
— John Wesley: Sermão Graça Livre, parágrafo 25

Mesmo diante de pensamentos como estes, muitos em


nossos dias colocam Wesley como um homem piedoso – a
pergunta que fica é: como um homem piedoso é capaz de
não apenas negar, como também chamar de "blasfêmia"
uma doutrina fundamentada puramente nas Escrituras?
Acaso estaria Paulo blasfemando ao dizer que o povo de
Deus é um povo predestinado?

Os mesmos que “passam pano” para John Wesley e suas


heresias, colocam um dos seus amigos, G. Whitefield, como
alguém que também passava pano para suas doutrinas. Tais
pessoas levam em consideração a amizade que tinham
como se não houvesse nenhuma oposição aos ensinamentos
de John Wesley. Ora, será mesmo que Whitefield aceitava
as pregações de Wesley contra a doutrina da predestinação
em silêncio? É claro que não.

“O Sr. Wesley tem um entendimento muito limitado da


graça de Deus. Ele acredita que a salvação é oferecida a
todos, mas que apenas alguns a aceitam. Mas isso é negar
a predestinação e a eleição soberana de Deus, que
escolhe aqueles que serão salvos antes da fundação do
mundo.”
— Sermão de George Whitefield intitulado “A
Bondade de Deus para com os Eleitos”, pregado em 16
de novembro de 1740)
37

Diante disso, trago citações de uma das cartas que G.


Whitefield escreveu para John Wesley na intenção de
repreendê-lo por seus falsos ensinos. Assim como
Agostinho combateu Pelágio, Lutero combateu Erasmo e
Dort combateu a Remonstrância, G. Whitefield se opôs ao
que Wesley ensinava e, em momento algum, sufocou sua fé
em nome da amizade.

De fato, Whitefield amava Wesley, mas seu amor não era


colocado acima da verdade. Ele diz:

”Eu sempre estarei disposto a dar o braço a John


Wesley enquanto ele pregar um Cristo verdadeiro e uma
justificação verdadeira pela fé somente. Mas se ele
começar a pregar que a eleição é condicional, que Cristo
morreu igualmente por todos, e que o homem pode ser
justificado pelas suas próprias obras, então, ainda que ele
seja meu amigo, ele está no erro e eu terei que me opor a
ele.”
— George Whitefield, “Letter to John Wesley”, 18 de
junho de 1740

Em todos os momentos, Whitefield deixava claro que


ao negar a doutrina da predestinação, Wesley estava
negando a própria Bíblia. Sem entrar nos pormenores,
conseguimos enxergar claramente o zelo de Whitefield e
também a sua preocupação com Johm Wesley. Não há
“passapanismo”, nem política da boa vizinhança.

Evidentemente não eram inimigos, pelo contrário, eram


bem amigos, mas essa amizade não sufocava a verdade.
De jeito nenhum.
38

”O Sr. Wesley diz que a doutrina da predestinação é


uma 'blasfêmia diabólica'. Mas como ele pode afirmar
isso se ela é claramente ensinada nas Escrituras?
Devemos acreditar na Bíblia, e não nas opiniões
humanas.”
— Sermão de George Whitefield intitulado “A
Soberania de Deus na Salvação dos Homens”, pregado
em 18 de setembro de 1740

Havia uma separação clara entre os dois, e Whitefield


entendia isso:

”[John Wesley] é um excelente homem e eu o amo


sinceramente, mas estamos em oposição em relação à
doutrina da justificação pela fé. Ele acredita que a
justificação é parcialmente por obras, enquanto eu creio
que a justificação é inteiramente pela fé em Cristo.”
— George Whitefield, “Letter to Lady Huntingdon”,
2 de janeiro de 1741

A pergunta é: Por que em nossos dias não há mais


repreensão aos que negam as Escrituras? Por que preferem
dar as mãos àqueles que rasgam Romanos e Efésios ao
invés de exortá-los através da Palavra de Deus? Note que as
palavras de Whitefield são claras: “estamos em oposição
em relação a doutrina da justificação pela fé”. Não tem a
ver apenas com a doutrina da predestinação, tem a ver com
um dos principais artigos de fé - Martinho Lutero afirmou
certa vez que “é sobre este artigo que uma igreja
permanece de pé ou cai”.

Como, então, afirmar que Wesley pregava o verdadeiro


Evangelho?
39

”[John Wesley] se opõe à doutrina da predestinação e


da eleição incondicional, e isso é lamentável, pois isso é
parte da verdadeira mensagem do Evangelho.”
— George Whitefield, “Letter to John Wesley”, 18 de
junho de 1740

Como poderia John Wesley pregar o Evangelho se ele


nega o que Whitefield chama de “parte da verdadeira
mensagem do Evangelho”?

Não há como ignorar. Podemos dizer que Whitefield


nutria um grande amor por Wesley, mas não “passava
pano” para seus ensinamentos. Embora não haja nenhuma
menção de brigas ou oposições calorosas, de maneira muito
respeitosa Whitefield se opôs aos ensinamentos de Wesley.

John Wesley foi mais um a tentar ressuscitar o espírito de


Pelágio. Não satisfeito em ser refutado por diversas vezes
ao longo do séculos, ele tentou mais uma vez e, através de
um homem fiel, foi abatido. Infelizmente, não por
completo. Os ensinos sinergistas de John Wesley
permanecem em nossos dias. Muitos dos seus adeptos tem
seguido à risca aquilo que ele ensinou. Nisso me refiro não
apenas ao livre-arbítrio, como também a perda da salvação
e a chamada "doutrina da impecabilidade". Para John
Wesley, tendo em vista que o homem tem poder suficiente
para escolher se deseja ser salvo ou não, ele possui também
a capacidade de viver uma vida em santidade a ponto de não
mais cometer pecados.

Uma grande heresia que transita em nossos dias e,


sutilmente, adentra nossas igrejas. John Wesley é
40

aplaudido, porém, Pelágio é condenado. Ora, ambos são


filhos do mesmo pai: o Sinergismo. Deveriam receber a
mesma notoriedade.
41

O Sinergismo Moderno
O sinergismo moderno aparece de muitas formas. Por
vezes, é difícil identificá-lo como foi feito no decorrer da
história. Antigamente, Agostinho identificava o
pelagianismo; Dort reconheceu os remonstrantes. Mas hoje,
basta dizer “sou evangélico” ou “sou cristão” que,
automaticamente, torna-se “irmão na fé”.

Devemos tomar cuidado. Nem todo aquele que diz ser


cristão, de fato o é. O sinergismo está presente em muitos
meios e, pouco a pouco, no meio daqueles que se dizem
descendentes de Dort.

É evidente a covardia e a falta de coragem por parte


daqueles que defendem a doutrina da predestinação. Só
existe um combate real aos que defendem abertamente o
pelagianismo. Aqueles que se dizem "arminianos clássicos"
são considerados apenas pessoas equivocadas. Por
exemplo, John Wesley declarou:

“A predestinação é uma doutrina perigosa e absurda.


Isso tem levado muitos ao desespero e ao pecado, e é
contrário à justiça e bondade de Deus.”
— John Wesley: Carta a Alexander Mather, 6 de
outubro de 1770

Ora, como é possível que uma doutrina expressamente


ensinada nas Escrituras, vinda do próprio Deus, soprada
pelo próprio Espírito é perigosa e absurda? Como uma
doutrina santa leva pessoas ao desespero e ao pecado? Se é
Deus o autor da predestinação e Ele odeia o pecado, como
42

pode conduzir pessoas ao pecado? Se vem do Deus Santo,


como pode ser contrária à justiça e a bondade dEle?

O sinergismo moderno é muito pior do que o antigo.


Aquilo que é ensinado pelos sinergistas do século XXI é
mais mortal do que aquele ensinado por Pelágio.

O que engana com mais facilidade: uma nota falsa de R$


100,00 ou uma de R$ 3,00? É evidente que a nota de R$
3,00, pois ela sequer existe.

O sinergismo moderno é uma nota falsa de R$ 100,00.


Muitos tem recebido tal nota como se fossem verdadeira -
e mesmo que não a considerem tão verdadeira assim,
tentam utilizar um “meio termo” para torná-la um
pouquinho mais verdadeira. É pior do que o relativismo.

Que o bom Deus nos ajude com firmeza, ousadia e


consistência doutrinária.

Que o "Sola Scriptura" seja não somente de boca, mas de


vida.

Que o zelo pela verdade seja inegociável.

João 17.17: “Santifica-os na verdade. A Tua Palavra é a


verdade”.
43

Há Somente Duas
Religiões no Mundo
Autor Desconhecido

No fim das contas, só existem duas religiões no


mundo. Uma dela diz:

“Se você fizer assim, assim e assado, Deus concederá


bençãos sobre você”.

As mil e uma variedades desta religião diferem


somente no que é o “assim, assim e assado” que você deve
estar disposto a fazer. Muitas dizem que é um rio sagrado,
outras te ordenam beijar a rocha sagrada na cidade santa, e
ainda outra diz que você deve ser batizado ou algum rito
similar, e em círculos distintamente evangélicos essa
religião enfatiza: “se você quiser abrir o seu coração, então
Deus... ”

Note cuidadosamente as três palavras chaves ditas por


essa religião: “SE VOCÊ QUISER...”.

(1) O perdão de Deus é possível SE...


(2) O perdão de Deus é possível se VOCÊ...
(3) O perdão de Deus é possível se você QUISER...

O sucesso ou fracasso final desta religião é


determinado somente pela vontade do homem. Tudo é
dependente de um “se”, de um “você”, e de “sua
disposição” para fazer sua parte. A redenção é sempre
44

condicional visto que ela depende da cooperação do homem


para o sucesso. A grande obra da salvação não é realmente
realizada até que Deus encontre alguém que esteja disposto
a “cooperar com Ele” (ou seja, “sinergismo”).

Nossos antepassados chamaram esse sistema do “se


você quiser” de “religião das obras”. Ele foi chamado
também de “Arminianismo” e “semi-pelagianismo” visto
que estes foram os homens que originalmente causaram
divisão na igreja introduzindo este erro do livre-arbítrio.
Independentemente do nome atribuído a ele pelos amigos
ou inimigos, as marcas distintivas são sempre as mesmas –
o “SE”, o “VOCÊ” , e “SUA VONTADE” são os fatores
decisivos que fazem o plano da salvação funcionar.

Essa religião oferece um maravilhoso plano de


salvação que é capaz de fazer coisas poderosas se você
somente permitir. O deus desta religião do livre-arbítrio
pode somente desejar e oferecer salvar pecadores. Ele é
impotente de assegurar, pelo Seu próprio poder o que Ele
deseja fazer. A finalidade da redenção não pode ser
alcançada a menos que o homem, de seu próprio livre-
arbítrio, escolha permitir que Deus realize Seus propósitos.

A falsa religião do livre-arbítrio, ou das obras, é


baseada sob diversas doutrinas antibíblicas. A mais básica
destas é o universal e indiscriminado “amor de Deus”.

Deus ama todos os homens do mesmo modo e grau.


Ele amou Judas da mesma forma como amou Pedro, Esaú
como Jacó, e os bodes tanto quanto as ovelhas. Visto que
Seu amor é universal, então o maior dom do Seu amor,
Jesus Cristo Seu Filho, deve ter sido dado para prover uma
expiação universal, tendo em vista cada indivíduo sem
45

exceção, em Sua morte. Os objetos da expiação do Filho


devem ser iguais aos objetos do amor do Pai, assim ambos
devem incluir cada um dos homens. Se o Pai amou todos os
homens igualmente, e o Filho redimiu cada homem sem
exceção, segue-se que o Espírito Santo deve convencer
cada homem ou senão a Trindade não está trabalhando
juntamente em direção do mesmo fim na tarefa de redimir
os homens perdidos.

A falácia (engano) do livre arbítrio:

A falácia dessa religião é revelada quando nós fazemos


uma simples e óbvia pergunta: “Por que todos os homens
não são salvos?”.

Não é falha do Pai, porque Ele ama todos os homens


do mesmo modo.

Não é porque Cristo não pagou pelos seus pecados


visto que na religião do livre-arbítrio, Cristo redimiu (mas
não salvou?) todos os homens.

O Espírito Santo não pode ser culpado visto que Ele


convence todos por quem Cristo morreu; isto é, todo
homem sem exceção.

Alguém pode dizer, “Eu não creio nesta última declaração sobre a obra
de convencimento do Espírito Santo”.

Se você rejeita isto, então você deve rejeitar os outros


dois pontos também. Você não pode crer num amor
universal do Pai e numa expiação universal do Filho, e
então arruinar tudo isto com uma convicção “limitada” do
Espírito. Não, não. Isso é tanto universalismo como
46

particularismo. Você não pode tirar proveito das suas


maneiras. Como mencionei, aqui está a falácia.

Um “plano de salvação” que tem o amor de Deus o Pai


atrás dele, a expiação de Deus o Filho como seu
fundamento, e o poder de Deus Espírito Santo aplicando-o
certamente terá êxito, mas, ah, o plano da redenção é
frustrado pelo poder do livre-arbítrio do homem toda a vez
que uma alma vai para o inferno! Nós repetimos nossa
questão:

Por que ele falha?


Por que alguns homens perecem?”

A religião do livre-arbítrio responde:

“Ele falha porque o homem não está desejoso de


fazer sua parte”.

Aqueles que perecem assim o fazem somente porque


eles não aceitam o que o amor do Pai deseja lhes dar, o que
a morte agonizante do Filho comprou para eles, e o que o
poder eficaz do Espírito Santo incansavelmente tenta
persuadi-lo a aceitar. “Se você fizer somente sua parte” é a
mensagem que devemos pregar. Se você apenas fornecer a
fé! Se você apenas der o primeiro passo em resposta à oferta
de Deus! Se você somente cooperar e der a Deus uma
chance para fazer Seu plano funcionar! Se você fizer...
então Deus! Este é o ardente, mas não menos patético,
clamor dos pregadores da religião do livre-arbítrio.

Deveria ser amplamente claro que esta religião das


obras, ou do livre-arbítrio, baseada num amor universal e
47

numa expiação universal, faz todo o sistema da redenção de


Deus depender do homem para o seu sucesso.

O amor de Deus prevalecerá se o homem permitir.


A expiação de Cristo realmente redimirá se o homem
permitir.
O Espírito Santo aplicará os benefícios adquiridos na
redenção se o homem permiti-LO assim o fazer.

Não admira que C. H. Spurgeon, aquele conhecido


como o príncipe dos pregadores, chamou o livre arbítrio de
“uma completa tolice”, e a expiação universal de uma
“doutrina monstruosa similar a uma blasfêmia”.

Agora, a segunda religião é a mensagem das Escrituras


Sagradas. É o Evangelho da livre graça.

Essa religião não procura a Deus por uma provisão e


então se volta para o homem afim de encontrar o poder, mas
ousadamente proclama que a mesma graça soberana que
planejou a salvação para pecadores impotentes, também
lhes fornece a habilidade para desejá-la e recebê-la.
Essa segunda religião não somente começa em um
ponto diferente. Ela trabalha sobre um princípio e uma
premissa diferente e se move em direção a um objetivo
diferente. Em resumo, ela é uma religião totalmente
diferente. A religião baseada no livre-arbítrio
(Pelagianismo, Semi-Pelagianismo, Arminianismo ou
Arminianismo Wesleyano – “Se você quiser”...), e aquela
baseada na livre graça (Calvinismo ou Monergismo –
“Deus nos faz dispostos”...) são religiões tão distintas e
opostas que diferem em cada ponto teológico no qual se
encontrem.
48

Qualquer indivíduo que piamente diga, “Isto


realmente não é importante, é meramente uma questão de
ênfase”, ou é deliberadamente desonesto ou completamente
ignorante da doutrina da Bíblia na história da igreja.

O Sínodo de Dort e o Conselho de Trento clarificaram


a vital importância do assunto de uma vez por todas. Eu
desafio qualquer homem a ler a introdução do Dr. J.I.
Packer à obra “A Morte da Morte na Morte de Cristo” de
John Owen, e então falar sobre ênfase. Packer claramente
mostra que o livre-arbítrio e a livre graça são religiões
totalmente diferentes, e além disto, que elas são inimigos
irreconciliáveis.

A dificuldade em nossa presente geração é com o


assim chamado “Cal-miniano”.

Esse grupo pensa que um calvinista é uma pessoa que


crê na eterna segurança, e que Arminiano é uma pessoa que
crê que você pode ser salvo e ainda se perder. O “Cal-
miniano” é totalmente desapercebido que o assunto na
história da igreja, bem como nas Escrituras, envolve a
vontade do homem e a aplicação da salvação, e não a
vontade de Deus e a duração da salvação. O grande abismo
entre Arminianismo (livre-arbítrio) e Calvinismo (livre
graça) não é se você pode ser salvo e então se perder. Este
é um ponto mais secundário comparado ao assunto como
entendido pelos Puritanos e Reformadores. O centro do
assunto é, “Quem realmente efetua a redenção?”. Não é
apenas uma questão de quem a conclui uma vez que tenha
sido iniciada, mas de quem é o poder que aplica o evangelho
no início da conversão bem como quem conduz a mesma
49

até o fim. A Bíblia assevera que a necessidade de um


pecador é tão grande antes da conversão, que ele é incapaz
de obedecer, arrepender ou crer. O “Cal-miniano” diz,
“Não, o pecador tem todo o poder que ele necessita para
se tornar um Cristão, mas somente Deus pode guardá-lo
após ele ter 'decidido aceitar Cristo' e se tornado um
cristão”. O pecador tem a força de vontade para levantar do
túmulo do pecado e vir a Cristo, mas somente Deus pode
guardá-lo de cair depois que ele tiver “dado o primeiro
passo”.

Quem veste a coroa?

Como você pode ver, o fundamento real da batalha é a


natureza do homem, e o prêmio a ser ganho é a Coroa de
Crédito para fazer o plano da redenção realmente funcionar.
É a livre graça, dada soberanamente pelo Pai, o decisivo
fato que faz o eleito crer em primeiro lugar, ou é a vontade
do homem, exercida soberanamente pelo indivíduo, o fator
decisivo que faz que Deus escolha aqueles que Ele “previu”
que estariam dispostos a crer? Quem ganha o direito de
vestir a coroa de glória, Deus ou o homem? E por qual poder
este direito é ganho – livre-arbítrio ou livre graça?

A diferença básica entre estas duas religiões opostas


pode também ser resumida fazendo-se outra pergunta, uma
pergunta vitalmente relacionada à primeira. No lugar de
perguntar como alguns perecem, e sermos informados que
“o homem não fez a sua parte que era simplesmente crer”,
agora perguntamos:

“Por que alguns homens são salvos?”.


50

Como a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo é


capaz de lograr êxito em alguns casos, mas não em outros?

A religião do livre-arbítrio humildemente responde


que “o homem faz isto totalmente possível por estar
disposto a abrir seu coração e dar a Deus uma chance!”
Não importa se estejamos falando daqueles que perecem ou
daqueles que são salvos, sempre voltaremos para aquele se
você quiser.

Realmente, o “evangelho” baseado no livre-arbítrio


nunca poderá ser mais do que um evangelho de mera
possibilidade.

Ele é um plano de redenção que não pode


verdadeiramente redimir por seu próprio poder, mas pode
somente efetuar salvação real quando encontra alguém que
esteja disposto por si mesmo de fazer a “sua parte”. Esta
não é uma questão de se um homem deve se tornar, ou se
torna, disposto antes de poder ser salvo – todos nós cremos
nisto; mas, a questão é:

Quem e qual poder faz o pecador disposto?

O homem, de si mesmo, escolhe se tornar disposto, ou


Deus, por Seu soberano poder, faz Seu eleitos disposto “no
dia de Seu poder” (Salmos 110:3)?

Parece tanto lógico como judicialmente necessário


coroar com glória o indivíduo que faz o plano da salvação
realmente funcionar, aquele que crê no livre-arbítrio não
hesita em estender a mão para a coroa e a colocar na cabeça
da soberana e livre vontade do homem.
51

Algumas pessoas podem sentir que estamos


trabalhando este ponto ao extremo, mas realmente este é o
cerne do assunto. Quem realmente merece toda a glória pela
salvação do homem? Não pode ser tanto Deus como o
homem, nem pode ser, como muitos implicam, meio a
meio. Ou Deus salva pecadores “fazendo-lhes dispostos no
dia de Seu poder”, ou eles salvam a si mesmos fazendo a si
mesmos dispostos no “dia da decisão do livre-arbítrio”.

Deixe-me demonstrar rapidamente quão agudo e claro


o contraste é e quão obviamente Deus ou o homem recebe
a glória em cada ponto.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – Deus escolhe aqueles que


Ele previu que de seu próprio livre-arbítrio decidir-se-iam
a aceitá-LO.

(B) LIVRE GRAÇA – Deus dá a fé àqueles que Ele


soberanamente escolheu.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – O sangue de Cristo


redimiu cada homem, mas somente naqueles dispostos a
“aceitar” o que Cristo realizou, são salvos. É realmente a
nossa fé que nos salva.

(B) LIVRE GRAÇA – Cristo salva cada pessoa que


Ele redimiu com Seu sangue.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – Aqueles que estão


dispostos a crer, capacitam o Espírito Santo a lhes
regenerar, ou dar-lhes um novo coração.
52

(B) LIVRE-GRAÇA – O Espírito Santo regenera o


eleito, ou lhe dá um novo coração, e capacita os pecadores
a crerem.

Talvez alguém esteja pensando:

“Mas tudo isto realmente importa enquanto apenas


pregamos o simples evangelho? Não são estes problemas
teológicos que não têm implicações práticas e somente
causam argumentações e divisões entre Cristãos e,
portanto, é melhor deixá-los de lado?”

Nosso Senhor e Seus Apóstolos achavam estas coisas


de vital importância.

Os Puritanos e Reformadores criam que a


pregação do livre-arbítrio era um erro fundamental. Em
suas mentes pregar o livre-arbítrio era demolir o próprio
evangelho. Eles sentiam que era o dever deles a Deus e à
Sua igreja, fazer tudo ao seu alcance para refutar a falsa
idéia do livre-arbítrio. Deveria ser acrescentado que Roma
sentia exatamente o oposto. Ela instruía seus missionários
para ir aos países protestantes e “começar a demolir estas
doutrinas diabólicas pela reafirmação do livre-arbítrio do
homem”.

Os Jesuítas diziam que a livre graça era o inimigo real


do seu sistema de obras, ou melhor, do sistema deles do
livre-arbítrio.

Estes são fatos históricos!


53

Que aqueles que creem que isto é somente uma ênfase,


ao mesmo leiam o que homens como Martinho Lutero disse
em sua monumental obra O Cativeiro da Vontade. A
História tem marcado a palavra “erro” em cima da doutrina
do livre-arbítrio, e marcado aqueles que a pregaram como
inimigos, mesmo se inconscientemente disso, tanto do
evangelho como das almas dos homens.

Ora, estou consciente de que muitos têm perdido seu


gosto para a confirmação histórica da mensagem que eles
declaram, mas isto é somente porque eles não gostam da
companhia que eles são forçados a sustentar à medida que
voltam no tempo. Os homens hoje gostam de sentir que eles
estão na tradição de Knox, Lutero, Whitefield, Spurgeon,
etc., mas quando a história, os credos e as confissões, e os
Reformadores e Puritanos são vistos como unidos em sua
franca condenação do livre-arbítrio, então os homens
exclamam, “Nós cremos na Bíblia e não nos Credos. Nós
cremos no que Deus diz, e não no que os homens dizem”.
Na realidade, este clamor defensivo significa isto, “Nós
cremos nos nossos próprios credos em oposição àqueles
formulados na história. Nós aceitamos o que nossos
líderes dizem hoje e rejeitamos o que os homens disseram
ontem”. J.C. Ryle, em sua introdução ao seu livro
Santidade, respondeu a esta atitude melhor do que eu possa
fazer. Ryle não está discutindo o mesmo ponto de doutrina
que nós estamos (ele está discutindo sobre Romanos 7), mas
ele está examinando o mesmo tipo de pessoa mencionada
acima. Ele mostra que a atitude piedosa que não olha para
a história e para os credos sobre o pretexto de exaltação da
Bíblia como nossa única regra é frequentemente na
realidade somente uma evasão para se esquivar de encarar
os assuntos.
54

Os comentadores que não assumiram essa posição são


os Romanistas; os Socínios e os Arminianos. Contra eles
lançamos o juízo de quase todos os Reformadores, de quase
todos os Puritanos... Naturalmente, replicar-me-ão que
ninguém é infalível, que os Reformadores, os Puritanos...
podem ter estado inteiramente equivocados, e que os
Romanistas, Socínios e Arminianos podem estar
inteiramente com a razão! Sem dúvida, nosso Senhor
ensinou que a ninguém chamemos mestre. Porém, se não
peço que alguém chame de “mestres” aos Reformadores e
aos “Puritanos”, peço que as pessoas leiam o que eles
disseram sobre o assunto e que respondam aos argumentos
deles, se puderem. Isso até hoje não foi feito! Dizer, como
alguns dizem, que eles não querem “dogmas” e “doutrinas”
de origem humana não serve de réplica. A questão inteira
em jogo é esta:

“Qual é o sentido das Escrituras?


Qual é o verdadeiro sentido de suas palavras?”

Seja como for, lembremo-nos de que há um fato


importantíssimo que não podemos negligenciar. De um
lado avultam as opiniões e interpretações dos Reformadores
e Puritanos, e do outro as opiniões e interpretações dos
Romanistas, Socínios e Armininanos.

Que isso seja claramente compreendido pelos leitores.


(Santidade , por J.C. Ryle, página XIII)

Nós adicionamos às palavras de Ryle:

“…creia e pregue o livre-arbítrio se você tiver


coragem, mas seja honesto ao menos para admitir que
55

você não é nem mesmo um primo de décimo grau dos


Reformadores. Diga às pessoas que você teria sido
forçado a opor-se contra Knox, Spurgeon, Edwards e
Whitefield sobre as Doutrinas da Graça se tivesse vivido
em seus dias.”

Antes de concluir, apontarei alguns problemas atuais


que devem seu nascimento, nutrição e presente crescimento
à doutrina Arminiana do livre-arbítrio.

Eu não estou insinuando que todo aquele que crê no


livre-arbítrio é culpado destas práticas específicas, estou
dizendo que cada uma dessas práticas é um resultado direto
e lógico da crença e pregação do livre-arbítrio num período
de tempo.

Primeiro: coloca a pessoa errada em julgamento

Cristo é descrito como estando em julgamento diante


do homem. O grande amor de Deus foi entregar Seu filho
em nossas mãos e nós devemos “fazer algo com Jesus”.
Ora, isto contradiz dois importantes fatos Bíblicos sobre os
quais o verdadeiro evangelho está edificado. Primeiro,
todos os homens já fizeram algo com Jesus, e este foi o
maior de todos os crimes que já cometemos. Segundo, Deus
já fez algo com Jesus, e o que Deus fez é nossa única
esperança de salvação.

É verdade que Deus colocou Seu Filho dentro do


alcance das mãos humanas, mas quando Ele o fez, todos nós
mostramos o ódio de nossos corações e gritamos, “Fora
com este! Crucifica-O!” E além do mais, Romanos 8.7-8
nos ensina que se a oportunidade fosse dada a nós
56

novamente, ainda O desprezaríamos e declararíamos “Não


queremos que este homem reine sobre nós”. Lucas 19.17
registra o que decidimos fazer com Jesus.

Ora, Deus o Pai também fez algo com Seu Filho. Ele
O ressuscitou dos mortos e Lhe deu todo poder, ou
autoridade, sobre toda carne. Este “todo poder” (Mateus
28.18; Romanos 1.4) é a autoridade total sobre cada
indivíduo em particular. Somente Cristo tem a autoridade
para julgar todos os homens (Atos 17.31). Ele também
recebeu poder para salvar alguns homens (João 17.2).
Neste exato momento Jesus Cristo é o Senhor de cada
homem. A despeito da cor ou credo, todos os homens, sem
uma única exceção, estão em Suas mãos para serem
condenados ou salvos. Somente Cristo tem o poder para
salvar ou condenar alguém, e Ele deve fazer um ou outro
com cada indivíduo em particular. A questão não é o que
você fará com Jesus, mas antes, o que Jesus, que foi
declarado ser o Senhor, fará com você? Leia Atos 2.32-36
e responda para si mesmo o que os “portantos” significam.
Pedro está declarando que a maravilhosa exibição de poder
em Pentecostes não foi devido a influência de vinho, mas
foi uma demonstração do poder do Cristo exaltado sobre
toda a carne. Pedro não está tentando fazer com que os
pecadores façam algo com Jesus “decidindo-se por Ele”, ele
estava relembrando-lhes do que eles já tinham feito –
crucificado o Senhor da Glória e Príncipe da Vida. O
Apóstolo mais adiante declara o que Deus fez – colocou
Jesus sobre um trono eterno com as chaves da vida e da
morte e Lhe deu a autoridade exclusiva para usar aquelas
chaves para abrir e fechar a porta dos céus para “quem Ele
quiser”. Foi este poder, e não o poder do assim chamado
livre-arbítrio, que fez os homens clamarem, “Que faremos,
homens e irmãos?”.
57

Você vê que a religião do livre-arbítrio faz da fé e do


arrependimento uma mostra do poder de escolha do
homem, mas as Escrituras fazem deles uma mostra do poder
do Cristo exaltado de fazer homens mortos viverem. Para o
livre-arbítrio Arminiano, fé e arrependimento são a
contribuição do pecador para o plano de salvação. Ele
apresenta estes como dons a Deus para mostrar que ele
“decidiu aceitar a Cristo”, ou melhor, ele decidiu “dar uma
chance a Cristo”. Contudo, a Bíblia deixa claro que a fé e o
arrependimento são os dons do Senhor exaltado que Ele
adquiriu para Suas ovelhas. Regeneração não é a resposta
do Espírito à nossa fé, mas é o chamado eficaz do Pastor
que capacita Suas ovelhas a ouvir Sua voz, voltar de seu
caminho errante, e abraçar salvificamente a promessa de
perdão do evangelho.

Segundo: A pessoa errada recebe o crédito

Quando alguém “aceita” Jesus, esta pessoa é


congratulada por sua coragem e determinação em “dar um
passo para Cristo”, o evangelista é exaltado por sua
pregação poderosa, e as pessoas que deram dinheiro e
oraram pela campanha são elogiadas por fazer tudo isto
possível. A glória da eleição e a graça da chamada eficaz
não são somente não mencionadas; elas são
deliberadamente negadas. Os relatórios no próximo dia são:
“Nós tivemos vinte e uma decisões noite passada”. Leia as
biografias de Bonar, McCheyne, Edwards, Whitfield,
Spurgeon, ou qualquer outro gigante do passado e você
nunca ouvirá uma linguagem tão desonrante a Deus e
exaltadora do homem como esta. Eu desafio você a ler
David Brainerd e tentar imaginar este homem piedoso
58

dizendo, “Tive seis decisões noite passada”. A própria ideia


é um insulto à memória deste homem piedoso.

Por que todos estes homens de Deus, homens que


como mencionei, tiveram uma verdadeira experiência de
reavivamento do Espírito Santo sob a pregação deles como
nossa geração jamais viu, relatam os relacionamentos de
Deus com suas próprias almas e com as almas influenciadas
sob o seu ministério de uma maneira totalmente diferente
da dos homens de hoje? Eles sabiam que cada conversão
era uma amostra da eleição de Deus, da expiação específica
do Filho e do chamado eficaz do Espírito Santo. Era apenas
natural para eles atribuir a glória e o louvor à origem que
causava o efeito. Eles louvavam o Deus Triuno porque Ele
era o responsável pelo poder que eles viam manifestado
toda vez que uma alma era nascida de novo. Visto que nossa
geração é Arminiana, isto é, crê no livre-arbítrio, é
naturalmente dado o crédito àqueles que sentem serem os
responsáveis pela realização da obra. O pecador, cuja
“decisão” mostra tanto seu bom julgamento como o poder
de sua vontade para alcançá-lo, deve ser congratulado. Seria
tanto cruel como injusto excluir do louvor o evangelista que
“ganhou” a pessoa para Cristo por sua persuasão para que
ele fizesse a escolha certa, e devemos também mencionar
todas as pessoas que “fazem tudo isto possível” com
dinheiro e orações.

Terceiro: A verdadeira natureza do pecado e da


culpa é negada

Os pecadores são informados que eles são culpados da


incredulidade, mas esta incredulidade é descrita como
meramente um trágico engano que o homem está fazendo.
59

Este engano consiste na indisposição do pecador para


“aceitar” os muitos benefícios maravilhosos que Deus
deseja lhe dar. Sua incredulidade é realmente não mais do
que um engano tolo que lhe priva de algumas bênçãos. Os
homens são tratados como “neutros” com respeito ao
caráter de Deus e Seus direitos como nosso Criador nunca
são mencionados. Nossa tarefa como testemunhas é
meramente persuadir os pecadores à cuidadosamente
considerar tudo o que eles estão perdendo por recusar a
“aceitar a oferta de Cristo”. Os Apóstolos não viram o
pecado em geral, nem o pecado da incredulidade em geral,
em tal luz. Aqueles pregadores inspirados consideravam a
incredulidade um crime vil contra Deus, Sua lei e Seu reino.
Os homens não são inquiridos a modelarem suas mentes e
se decidirem por Jesus; eles são ordenados em termos não
incertos à mudar suas mentes e cessar com sua rebelião –
ou algo parecido! Certamente os Apóstolos falaram da
piedade para os pecadores, mas eles também demandavam
arrependimento e evidência de que esta era genuína.
Novamente eu encorajo você a ler a introdução de Packer
ao livro A Morte da Morte para um claro contraste entre a
mensagem do “antigo evangelho” como pregada pelos
Apóstolos, Reformadores e Puritanos e o “novo evangelho”
como pregado pela maioria dos evangélicos e
fundamentalistas hoje.
60

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