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A Religião
do Livre-Arbítrio
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Sumário
Prefácio – William J. P. Carvalho ................................. 4
O que é Sinergismo? ...................................................... 6
Introdução .................................................................... 7
Pelágio de Bretanha ........................................................ 9
Pelágio x Agostinho ..................................................... 10
A Resposta de Agostinho ........................................... 11
Prefácio
Caros leitores, é com grande preocupação e zelo pelo
verdadeiro entendimento da fé que me dirijo a vocês neste
prefácio, venho alertar sobre uma doutrina maligna e
perigosa que ameaça a compreensão da graça divina: o
Sinergismo Soteriológico.
A Bíblia apresenta explicitamente a justificação pela
fé somente como base da nossa salvação. O grito da
Reforma Protestante reafirmou que somente através da fé
em Cristo, pela graça de Deus, podemos alcançar a
salvação. O Sinergismo Soteriológico, entretanto, é uma
doutrina que desvia essa verdade fundamental. Ele sugere
que a salvação é alcançada por uma cooperação entre a
vontade humana e a graça divina.
Após anos de estudo e pesquisa, o autor Clinton
Ramachotte com muita propriedade apresenta-nos nesta
obra o quão perigoso e danoso o sinergismo soteriológico
foi e ainda é para a fé cristã. O Sinergismo enfraquece a
centralidade de Cristo na redenção, colocando a ênfase na
ação humana em vez da graça de Deus. Com isso, desvia a
glória de Deus para a vontade e esforços humanos.
Nossos corações são naturalmente inclinados ao
orgulho e à autossuficiência. O Sinergismo Soteriológico
alimenta essa dependência, levando as pessoas a confiar em
suas próprias obras e méritos para a salvação. Isso não
apenas obscurece a verdade, mas também mina a paz e a
segurança que vem pela fé na obra consumada de Cristo na
cruz.Portanto, exorto você, caro leitor, a examinar
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William JP Carvalho
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O que é Sinergismo?
Segundo o Dicionário Bíblico de Almeida,
sinergismo é a “doutrina segundo a qual a salvação é obra
conjunta de Deus e do homem”. Essa doutrina é baseada na
ideia de que a graça de Deus é necessária para a salvação,
mas que o homem também deve “fazer sua parte” para
alcançar a salvação.
No Dicionário Bíblico de Vine, sinergismo é: “A
doutrina que a salvação é obra de Deus e do homem, sendo
a graça de Deus necessária para a salvação, mas sendo
também necessária a cooperação do homem”.
E segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, é: “A
doutrina de que a salvação é obra conjunta de Deus e do
homem, sendo a graça de Deus necessária, mas sendo
também necessária a cooperação do homem”.
Em suma, o sinergismo é uma religião dentro do
cristianismo. Um ensino doutrinário que atribui ao homem
um poder superior, igual ou aproximado ao de Deus.
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Introdução
O sinergismo é uma teoria protestante que defende,
conforme visto nas páginas anteriores, que a salvação é obra
conjunta de Deus e do homem. Essa doutrina é baseada na
ideia de que a graça de Deus é até necessária para a
salvação, mas que o homem também deve exercer sua fé e
obediência para alcançar a salvação.
Este livro é uma crítica ao sinergismo soteriológico e à
doutrina do livre-arbítrio. A proposta deste livro é
apresentar o sinergismo como uma religião dentro do
cristianismo que não seja verdadeira e que seja herética -
tão falso quanto qualquer outra seita ou religião.
Além disso, o sinergismo é uma doutrina falsa e,
consequentemente, antibíblica. A Escritura ensina que a
salvação é obra exclusiva de Deus. O homem não pode
salvar a si mesmo, nem cooperar com Deus nessa obra, pois
é um dom gratuito de Deus (conforme Efésios 2.8-9).
O sinergismo é uma doutrina que coloca o homem no centro
da salvação. Essa doutrina ensina que o homem deve
cooperar com Deus para ser salvo. No entanto, a Bíblia
ensina que a salvação é obra de Deus desde o início ao fim.
Deus é o único que pode salvar o homem.
Este livro tem os seguintes objetivos:
Apresentar uma crítica ao sinergismo soteriológico e à
doutrina do livre-arbítrio;
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Pelágio de Bretanha
A história do sinergismo começa, de maneira oficial, com
um homem conhecido como Pelágio de Bretanha. Era
também conhecido em alguns lugares como “Morganus” ou
“Morgan” (curiosidade que poucos sabem). Acredita-se que
Pelágio tenha nascido por volta do ano de 360 d.C, nas
proximidades de Gales, Escócia ou Irlanda, mas há uma
grande discussão quanto a sua terra natal exata. Faleceu por
volta do ano 420 d.C.
Pelágio x Agostinho
No século V, entre os anos de 412 e 430, o monge
britânico Pelágio entrou em um grande embate com o pai
da igreja Agostinho. Essa disputa começou quando Pelágio
escreveu um livro chamado “Sobre a natureza do homem”,
no qual defendia a visão de que o homem é naturalmente
bom e, por ser bom, tem plena capacidade para escolher ir
até Deus e cooperar na salvação. Agostinho respondeu a
Pelágio com o que hoje temos como livro, intitulado “Dos
espíritos e da carne”. Nessa obra, Agostinho desenvolve o
raciocínio bíblico, partindo da premissa de Paulo, de que o
homem é morto em delitos e pecados e, por consequência,
não tem capacidade para ir até Deus por vontade própria,
nem cooperar com Ele na obra de salvação.
Resposta de Agostinho
Como dito anteriormente, era consenso antigo a defesa de
que o homem era naturalmente depravado e que Deus
salvava de maneira monergista (ou seja, somente Ele
operando a salvação). Ainda assim, Agostinho reforçou tais
crenças e respondeu cada um dos pontos defendidos por
Pelágio utilizando as palavras dos apóstolos.
Agostinho, como o representante direto da fé cristã frente a
Pelágio, respondeu as resoluções do monge se opondo a
cada uma de suas crenças. Sintetizando também, a resposta
foi:
O homem é naturalmente corrupto pelo pecado
origina;
O pecado original é transmitido aos filhos de Adão;
O livre-arbítrio do homem é limitado pelo pecado
original - ou seja, não é livre coisa nenhuma;
A salvação é um dom gratuito de Deus, que não pode
ser merecido pelo homem;
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Erasmo de Roterdã
Outro nome emblemático na defesa do sinergismo foi
Erasmo, um teólogo e filósofo que nasceu em 28 de
Outubro de 1466 em Roterdã (por isso foi chamado “de
Roterdã”). Erasmo é, até os dias de hoje, considerado um
dos maiores vultos do humanismo renascentista. Ao
defender o livre-arbítrio em suas resoluções, fez desse
pensamento a bandeira principal do seu trabalho.
Erasmo x Lutero
É importante ressaltar que, embora Erasmo de Roterdã
tenha defendido o sinergismo na salvação e o livre-arbítrio,
assim como Lutero, se opôs fortemente aos ensinos da
Igreja Católica Romana. Isso mostra não que Erasmo era
um homem que merecia aplausos por sua postura em
oposição ao catolicismo, e sim sua incoerência com aquilo
mesmo que cria. Ora, a Igreja Católica é, desde os
primórdios, a religião que com mais convicção sustentou a
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Aquela velha máxima de que “responsabilidade pressupõe Liberdade”, um grande equívoco tendo em
vista que nossa responsabilidade está atrelada ao fato de que Deus nos ordenou leis, portanto, temos
que obedecê-las.
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A Resposta de Lutero
Lutero não baixou a guarda e, como seu "pai" Agostinho,
respondeu aos ensinamentos de Erasmo de forma
contundente e agressiva. Ele acusou Erasmo de heresia, de
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Em nossos dias, muitos temem se posicionar dessa forma e, por covardia, abaixam suas cabeças em
silêncio diante de pregadores sinergistas. Lutero tem muito a nos ensinar, mas atua Igreja Reformada
prefere abraçar a política da boa vizinhança e passar pano para erros como esse.
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Concílio de Trento:
O Sinergismo Católico
Embora o sinergismo tenha se mostrado presente no meio
cristão protestante ao longo da história, é importante
ressaltar que uma das maiores religiões do mundo, o
catolicismo romano, é essencialmente sinergista também.
Falamos aqui do chamado Concílio de Trento. Esse foi
um concílio ecumênico da Igreja Católica Romana
realizado na cidade de Trento, na Itália, entre os anos de
1545 e 1563. Foi o concílio mais longo da história da Igreja
Católica.
Esse concílio foi convocado pelo papa Paulo III em
resposta à Reforma Protestante, que havia dividido a Igreja
Católica na Europa. Os protestantes questionavam a
autoridade do papa, a validade dos sacramentos e a natureza
da salvação. O Concílio de Trento foi uma tentativa da
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Remonstrantes
(Ou Arminianos?)
O movimento remonstrante é composto por um grupo
presente nos Países Baixos do início do século XVII. Esse
grupo ganhou notoriedade por conta do seu líder indireto:
Jacobus Arminínio.
Armínio: Um Calvinista
Como dito no tópico anterior, os remonstrantes surgem a
partir de pontos supostamente ensinados por Armínio. Digo
"supostamente", pois há uma grande controvérsia sobre o
que de fato Armínio cria na matéria da soteriologia.
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Remonstrantes x Dort
No documento intitulado “Remonstrância”, os supostos
seguidores de Armínio formularam cinco pontos que
definiam, basicamente, suas crenças.
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A Resposta de Dort
Foi em meio a esses pontos que temos o surgimento do
chamado “Sínodo de Dort”. O Sínodo de Dort foi um sínodo
de representantes das igrejas protestantes dos Países
Baixos, convocado em 1618 para resolver a disputa entre os
remonstrantes, que defendiam os cinco pontos
mencionados anteriormente.
John Wesley
John Wesley nasceu em 1703, em Epworth, Inglaterra.
Ele era o décimo e último filho de Samuel Wesley, um
clérigo anglicano, e Susanna Wesley.
Wesley x Whitefield
John Wesley não só discordava da doutrina da
predestinação e da eleição. Ele a abominava. Nas palavras
do próprio Wesley:
O Sinergismo Moderno
O sinergismo moderno aparece de muitas formas. Por
vezes, é difícil identificá-lo como foi feito no decorrer da
história. Antigamente, Agostinho identificava o
pelagianismo; Dort reconheceu os remonstrantes. Mas hoje,
basta dizer “sou evangélico” ou “sou cristão” que,
automaticamente, torna-se “irmão na fé”.
Há Somente Duas
Religiões no Mundo
Autor Desconhecido
Alguém pode dizer, “Eu não creio nesta última declaração sobre a obra
de convencimento do Espírito Santo”.
Ora, Deus o Pai também fez algo com Seu Filho. Ele
O ressuscitou dos mortos e Lhe deu todo poder, ou
autoridade, sobre toda carne. Este “todo poder” (Mateus
28.18; Romanos 1.4) é a autoridade total sobre cada
indivíduo em particular. Somente Cristo tem a autoridade
para julgar todos os homens (Atos 17.31). Ele também
recebeu poder para salvar alguns homens (João 17.2).
Neste exato momento Jesus Cristo é o Senhor de cada
homem. A despeito da cor ou credo, todos os homens, sem
uma única exceção, estão em Suas mãos para serem
condenados ou salvos. Somente Cristo tem o poder para
salvar ou condenar alguém, e Ele deve fazer um ou outro
com cada indivíduo em particular. A questão não é o que
você fará com Jesus, mas antes, o que Jesus, que foi
declarado ser o Senhor, fará com você? Leia Atos 2.32-36
e responda para si mesmo o que os “portantos” significam.
Pedro está declarando que a maravilhosa exibição de poder
em Pentecostes não foi devido a influência de vinho, mas
foi uma demonstração do poder do Cristo exaltado sobre
toda a carne. Pedro não está tentando fazer com que os
pecadores façam algo com Jesus “decidindo-se por Ele”, ele
estava relembrando-lhes do que eles já tinham feito –
crucificado o Senhor da Glória e Príncipe da Vida. O
Apóstolo mais adiante declara o que Deus fez – colocou
Jesus sobre um trono eterno com as chaves da vida e da
morte e Lhe deu a autoridade exclusiva para usar aquelas
chaves para abrir e fechar a porta dos céus para “quem Ele
quiser”. Foi este poder, e não o poder do assim chamado
livre-arbítrio, que fez os homens clamarem, “Que faremos,
homens e irmãos?”.
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Referências Bibliográficas
Agostinho de Hipona. Dos espíritos e da carne. São
Paulo: Paulus, 2004.