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O EMPIRISMO

1. O EMPIRISMO
A teoria do conhecimento que presumivelmente
concorda melhor com o senso comum, é a teoria de que
aprendemos pela experiência. Aprendemos que abelhas
ferroam, que cascavéis matam por meio das nossas
percepções de dor, e que leões destroçam suas vítimas.
Aprendemos que, rosas são vermelhas e violetas são
azuis, pelo sentido da visão. Todo nosso conhecimento
vem pelos sentidos.
12/02/2022
Esse tipo de epistemologia, não é meramente a teoria
mais em harmonia com a opinião comum, é também o
ponto de vista de filósofos singulares, entre os quais
estão pensadores famosos tais como: Aristóteles, Aquino
e John Locke. Esses três homens, entre outros, tentaram
explicar como notamos uma cadeira, como uma lei de
física pode ser descoberta, e finalmente como, por
argumentos complicados, podemos provar a existência
de Deus.
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Entretanto, por mais plausível que essa teoria possa
ser, ela levanta algumas questões difíceis. Por
enquanto, vamos deixar de lado as dificuldades em se
chegar ao conhecimento do Deus eterno e incorpóreo, a
partir de sentimentos transitórios. Antes, vamos
primeiro dar atenção às partes mais simples do
empirismo.

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Comecemos com o vermelho da rosa e o azul de uma
violeta. Uma descrição da sensação mostrará que ela
não fornece um conhecimento tão prontamente como o
senso comum imagina.

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Nem todo mundo vê rosas como vermelhas e violetas
como azuis. Há algumas pessoas que dizemos que são
daltônicas, e há graus de daltonismo. É difícil falar o que é
daltonismo e o que são ilusões de cor. As cores
verdadeiras são bem difíceis de determinar.

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A condição do órgão, o olho, uma doença, enfermidade
temporária, uma dor de cabeça ou extrema sensibilidade
muda nossas sensações sobre a cor. Também, a respeito
de provarmos um bom e delicioso vinho suave, que para
alguns estará muito doce, para outros nem tanto, ou para
outros estará amargo.

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Um exemplo é do cinema em 3D, que parece que as
imagens saem da tela, mas na verdade elas não se
movem, mais uma vez os nossos sentidos nos enganam.

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Outro seria mais ou menos assim.
Imagine que eu esteja vendo um jogo
de futebol na TV, alguém que não sabe
nada de futebol, suas regras e tudo
mais, pela observação ele jamais vai
aprender as regras do futebol que,
quando uma pessoa cai nem sempre é
uma falta. A não ser que eu, que já
estou familiarizado e sei bem sobre o
futebol lhe ensine, e transmita certas
informações, e o valor vai estar nas
palavras e não em seus sentidos. 12/02/2022
Sobre uma pessoa que estava viajando na estrada, e à
medida que olhava a frente, ela via uma camionete
parada próxima a um celeiro. Estava há
aproximadamente 150 ou 200 Km na frente. Na medida
em que ela dirige – indo à 75 km/h, percorre uns
poucos metros rapidamente – essa camionete de
repente tornou-se uma caixa de correios num poste. Era
uma camionete ou uma caixa de correios?

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Bem, depende a que distância você está. Você vai ter
problemas com o sentido. Você nunca chegará a uma
certeza, e, por favor, a teoria empírica é terrível demais.
Essa teoria empírica, depois de ter um começo pobre
com a sensação, exige uma teoria de imagens para dar
satisfação à retenção de conhecimento depois que a
sensação pare de operar.

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Quando você fala sobre sensação, quando ela é
exercida, e você tem uma imagem que é retida, existem
outras dificuldades. Se aprender por meio dos sentidos
é um efeito da sensação, e a imagem segue um
aprendizado, como pode se determinar quando esse
efeito é válido? Como o homem que tinha visto uma
camionete. Outra vez, poucos minutos depois, ele viu
uma caixa de correios. Mas como vamos saber qual das
duas é válida?
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Nicolas Malebranche no
século XVII no seu tratado “A
Busca da Verdade” tratou do
assunto das sensações:

Essas sensações são tão


vivas e nítidas que a mente
dificilmente pode evitar
atribuí-las a si mesma de
uma forma ou de outra...
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Portanto, não só conclui que eles estão nos objetos, mas
também que eles estão em partes do seu corpo... Assim,
ela julga que o calor e o frio não estão apenas no gelo e
no fogo, mas também nas mãos. Quanto às sensações
fracas, elas atacam a mente tão ligeiramente que
ninguém supõe que elas pertençam à mente...nem ao
próprio corpo, mas estão apenas nos objetos.

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Por esta razão, removemos luz e cor de nossas mentes e
olhos e os atribuímos a objetos externos, embora a
ciência nos ensine que eles não são encontrados na
definição da matéria e, embora também uma
experiência mostre que nós devemos colocá-los nos
olhos tantos quantos no objeto. [O experimento consiste
em usar o olho de um touro recentemente morto como
uma lente para uma câmera obscura. As cores do lado
de fora se repetirão no globo ocular].
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...Não sabemos pela simples visão, mas apenas pelo
raciocínio, se a brancura, a luz, as cores e outras
sensações fracas são ou não modificações da mente.
Mas quanto às sensações vívidas como dor e prazer,
nós facilmente julgamos que elas estão em nossas
mentes porque nós os sentimos tão distintamente nos
golpeando. - A Busca da Verdade, Livro I, cap. XIII, pg.
144-147.

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Em I, XIII, 5 Malebranche continua: As pessoas pensam
que todos têm as mesmas sensações do mesmo objeto.
Acreditamos que todo mundo vê o céu como azul.... [Mas,
na verdade, as pessoas têm um senso diferente.]. Os
temperos precisam ser bem diferentes para agradar
pessoas diferentes ou agradar a mesma pessoa em
momentos diferentes. Um gosta de coisas doces, outro
gosta deles azedo. Um acha o vinho agradável, outro não
suporta; e há aqueles que gostam do vinho quando estão
bem, mas descobrem que é amargo quando estão
doentes. 12/02/2022
Nesse caso, percebemos que as sensações, não nos traz
nenhuma informação ou conhecimento confiável sobre a
natureza dos objetos externos que nos rodeiam. Quase
todo mundo, de uma forma ou de outra, admite isso. No
seu livro, “Diálogos sobre a Metafísica e a Religião”,
seção V, Malebranche também vai nos dizer o quanto
que os sentidos não são confiáveis, que ele chama de
revelação natural, ele diz:

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Ora, Deus nos revela a existência de suas criaturas de
duas maneiras: pela autoridade dos Livros Sagrados e
pela mediação de nossos sentidos. Pela primeira
autoridade posta, que não podemos rejeitar, demonstra-
se rigorosamente a existência dos corpos. Pela segunda,
é suficientemente segura a existência desse ou daquele
corpo.

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Mas essa última autoridade não é infalível, pois há quem
acredite ver diante de si seu inimigo, quando se está
muito distante dele; quem que acredite ver quatro patas,
quando não tem diante de si mais que duas pernas; há
ainda quem sinta dor em um braço que há muito foi
amputado. Assim, na medida em que é uma
consequência das leis gerais da união da alma e do
corpo, a revelação natural está......

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....sujeita ao erro, e eu lhe direi as razões disso. Mas a
revelação particular não pode jamais conduzir
diretamente ao erro, pois Deus não pode querer nos
enganar. Para atiçar sua curiosidade e despertar sua
atenção, faço aqui uma pequena digressão para que
você perceba algumas verdades que lhe provarei em
seguida. - Nicolas Malebranche “Diálogos sobre a
Metafísica e a Religião, seção V.

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BIBLIOGRAFIA

1. O CONHECIMENTO DE DEUS. Edu Marques, cap.7.


2. TRÊS TIPOS DE FILOSOFIA RELIGIOSA, Gordon Clark, ED. Monergismo.

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