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Rio de Janeiro
2020
Daiane de Macedo Costa Conti
Rio de Janeiro
2020
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A
es CDU 37::39
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
tese, desde que citada a fonte.
___________________________________ _______________
Assinatura Data
Daiane de Macedo Costa Conti
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Profª. Drª. Carmen Lúcia Guimarães de Mattos (Orientador)
Faculdade de Educação da UERJ
___________________________________________
Profª. Drª. Siomara Borba
Faculdade de Educação da UERJ
_____________________________________________
Profª. Drª.Elizabeth Fernandes de Macedo
Faculdade de Educação da UERJ
_____________________________________________
Profª. Drª. Wálcea Alves Barreto
Faculdade de Educação da UFF
_____________________________________________
Profª. Drª. Sandra Cordeiro de Melo
Faculdade de Educação da UFRJ
Rio de Janeiro
2020
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11
1 OBJETO DE ESTUDO – A ETNOGRAFIA ..................................................... 14
1.1 Etnografia e educação .................................................................................. 16
1.2 Por que estudar pesquisas?......................................................................... 17
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 28
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 28
2.3 Questões de Pesquisa .................................................................................. 28
2.4 Etapas do estudo........................................................................................... 28
3 DEFININDO ETNOGRAFIA ............................................................................ 35
3.1 Etnografia holística ̶ A importância do campo.......................................... 39
3.2 Etnografia crítica e reflexiva – O papel do etnógrafo ................................ 41
3.3 Etnografia dialógica – A voz dos participantes .......................................... 43
3.4 Etnografia transformadora – Pesquisa e a democracia ............................. 47
4 METANÁLISE DAS PESQUISAS DO NETEDU ............................................. 52
5 ANALISANDO AS PESQUISAS E AS FALAS DOS SUJEITOS ................... 60
5.1 As falas dos alunos ....................................................................................... 66
5.2 As falas dos professores .............................................................................. 71
5.3 Comparando as falas dos alunos e professores ........................................ 75
6 ANALISANDO O PROCESSO DE COLETA DE DADOS .............................. 78
6.1 A relação entre local, sujeitos e instrumentos ........................................... 90
7 ANALISANDO O PROCESSO DE ANÁLISE DOS DADOS .......................... 98
7.1 O que a triangulação de dados das pesquisas revelou? ........................... 99
7.2 Conclusões das pesquisas etnográficas ................................................. 107
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 115
POST SCRIPTUM ........................................................................................ 119
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 120
APÊNCIDE A - Material usado na primeira fase da pesquisa ...................... 139
APÊNCIDE B - Material analisado do NETEDU ........................................... 144
11
INTRODUÇÃO
realizadas. Por fim, propomos uma análise, a partir dos sujeitos já elencados no
capítulo anterior, relacionando esses itens.
Com base no avanço das leituras, o sétimo capítulo avalia os aspectos mais
significativos na análise de dados, verifica quais as principais categorias derivadas
das pesquisas e oferece um apanhado das conclusões encontradas.
Nas considerações finais, exploramos o caráter inicial da pesquisa, explicitando
a enorme contribuição da metanálise das pesquisas etnográficas para futuros estudos.
14
Sob esse viés, o uso da etnografia por esses dois pesquisadores, Erickson e
Geertz, mostra a riqueza do trabalho para os estudos da cultura. Além disso, permite
visualizar como essa abordagem de investigação pode ser usada na área da
16
Acima de tudo, essa abordagem, quando realizada na sala de aula, tem como
premissa ouvir os atores pesquisados. Nessa perspectiva, tal proposta assegura ao
pesquisador uma troca de significados, com os integrantes do estudo, que possibilita
uma leitura da realidade e das interações existentes no ambiente escolar (ALMEIDA,
1998). Assim, o estudo dessas interações contribui para a compreensão das
desigualdades e exclusões sociais. Para Mattos (2001) isso acontece,
Fonte dos dados: Research in Brazil – A report for CAPES by Clarivate Analytics (2017).
Fonte dos dados: Research in Brazil – A report for CAPES by Clarivate Analytics (2017).
21
Fonte dos dados: Research in Brazil – A report for CAPES by Clarivate Analytics (2017).
2 METODOLOGIA – METANÁLISE
Imagem 1 – A Metanálise
RODRIGUES, 2010; FILHO et al., 2014; COOPER, 2010). Com os dados analisados
em conformidade com a metanálise clássica, cruzamos as informações e exploramos
a relação entre eles em diálogo com a abordagem da teoria fundamentada.
À vista disso, iniciamos a etapa um, a começar da elaboração da pergunta.
Essa etapa se refere à pergunta que incita a investigação, ou seja, trata-se da parte
central do estudo: “Quais são contribuições que as pesquisas etnográficas trouxeram
para área da educação durante esses anos de pesquisa?” Todo o estudo é pensado
e desenvolvido, portanto, com base nesse questionamento.
A etapa dois de uma metanálise clássica envolve não somente o acesso ao
material de estudo, mas também a escolha dele. Para muitos pesquisadores, essa é
uma das etapas mais complexas, pois as produções acadêmicas estão comumente
em locais restritos, como a página de internet, cujo acesso só é liberado com login e
senha, os discos compactos (CDS) de congresso, entre outras plataformas. Tendo em
vista a proposta de análise dos estudos etnográficos realizados pelo NetEdu,
podemos inferir que o acesso ao material se dá de maneira relativamente fácil, pois a
pesquisadora em questão tem a entrada garantida tanto no núcleo quanto no banco
de dados em sua base original.
Entretanto, é necessário esclarecer que a investigação não se restringe apenas
aos textos do NetEdu. Com o propósito de estabelecer um embasamento teórico que
sustente o estudo e de analisar como as pesquisas de fora do grupo conceituam a
etnografia, os primeiros textos coletados são de domínio público, ou seja, são de
plataformas conhecidas, como: a Scielo Brasil e o Google acadêmico (portais de
universidades e de congressos). Na primeira fase, averiguamos 74 documentos cuja
seleção ocorre com base no uso das palavras-chave: etnografia e educação. Vale
salientar que os 71 documentos do NetEdu também são escolhidos a partir das
mesmas palavras-chave.
Assim, para a primeira fase, são escolhidos 74 artigos científicos com o intuito
de fazer um levantamento sobre o conceito de etnografia. Não se esquecendo do
objetivo central da pesquisa, optamos, na segunda fase, por materiais, como:
relatórios de pesquisa, teses, dissertações, monografias, artigos científicos, livros
completos e artigos de livros.
A etapa três, avaliação crítica dos documentos da metanálise, consiste em
examinar se as produções selecionadas são pertinentes à proposta. Numa primeira
leitura dos textos, conseguimos avaliar as produções e identificar que os documentos
30
Imagem 2 - Modelo de mapa conceitual usado por Frederico Araújo em sua pesquisa
sobre bullying
3 DEFININDO ETNOGRAFIA
ETNOGRAFI
A
Campo
Postura do
Pesquisador
Participantes
Transformadora
Por meio das análises das pesquisas etnográficas, podemos concluir que a
etnografia é delineada a partir da forma como ela é realizada em campo. Cada um
dos elementos presentes na imagem 3 revela o que é priorizado nesse tipo de
investigação. Entender como os pesquisadores expõem a pesquisa etnográfica nos
permite visualizar, de maneira mais eficaz, a real importância de discorrer mais a fundo
sobre os elementos abordados, já que sua demasiada recorrência torna a prática
39
Diante dessa premissa, entendemos que a voz expressa mais do que os sons
produzidos pelas vibrações das cordas vocais, quer dizer, ela traduz e capacita o
pesquisador a entender sistemas e estruturas simbólicas existentes, nos espaços
sociais e nas interações entre os indivíduos, que não são possíveis de compreender
meramente com o olhar.
Sob esse prisma, estudiosos de diferentes áreas, como educação, finanças e
saúde desenvolveram trabalhos com o foco em dar “voz” ao sujeito (DIAS, FERREIRA,
2015; SANTO, 2012; LOURENÇO et al.,2008; MELLEIRO, GUALDA, 2005;
CARVALHO, 2001). Entretanto, observamos em diversas pesquisas que há certo
limite nessa “voz”. Em outros termos, é evidente que nessas e outras produções os
sujeitos participam de maneira “engessada”, respondendo a algo pré-fixado que
subjaz àquilo que o pesquisador deseja ouvir. Muitas vezes, os participantes
respondem a um questionário, a uma entrevista estruturada e a instrumentos de coleta
de dados que não permitem a livre expressão.
A pesquisa etnográfica, que assume todas as características essenciais, tem
no sujeito e na interação a fonte central para a sua descrição. Nesse tipo de
investigação, o pesquisador tem como foco a coleta de dados em: observação,
entrevistas não estruturadas e conversas informais (COELHO, MATTOS, 2007).
Ademais, ele opta por meios de coleta que permitam que o indivíduo fale, tornando-
se o agente do experimento (SILVA, VELOZO, RODRIGUES, 2008). Tendo em vista
o processo de interação, diálogo, indução e dedução, o especialista da área concentra
seus esforços para que sua fala seja significativa nas condições habituais (COELHO,
MATTOS, 2007; GIDDENS, 1979; MOYA, PRADO, 2009).
Em virtude dos fatos mencionados, entendemos que a adoção do termo “dar
voz” pressupõe que as vozes silenciadas serão ouvidas, com o objetivo de deixar de
enxergar os sujeitos da pesquisa como meros participantes, considerando-os agentes
sociais de todo o processo. Para Almeida (2013), que trata da situação educacional
de mulheres presas, ouvir os participantes é o mesmo que torná-los componentes
primários do trabalho. Essa ação corresponde à análise da vida dos mesmos a partir
da sua percepção, da sua escuta; fato que permite o diálogo entre eles e o
pesquisador.
Groundwater-Smith (2005) salienta, no trabalho empreendido com alunos e
alunas das séries iniciais de ensino, a necessidade de uma atitude mais ativa que
possibilite abrir as portas da percepção e o caminho para que os discentes possam
45
ser autênticos. Em outras palavras, é crucial que a interação seja significativa para
eles. Além disso, a pesquisadora afirma que não devemos manipular os discursos dos
alunos, tampouco forçar suas falas a um roteiro preestabelecido. Por fim, reitera que
o corpo discente precisa ser respeitado durante o processo e que, em hipótese
nenhuma, deve ser constrangido a participar.
Em um encontro, na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), no ano de 2015, denominado “Café com Pesquisa”, Valentina
Grion (2015) trouxe uma breve apresentação das suas experiências. A primeira, em
escolas da Itália, demonstrando os efeitos do que ela chama de “student voice
movement”, que numa tradução literal significa “movimento da voz do estudante”. Em
síntese, ela alega que os alunos passam a ser hostis com a escola quando são
ignorados, ao passo que se sentem mais confortáveis ou valorizados quando fazem
parte daquele contexto.
Na segunda parte do colóquio, intitulada “Students making education change
around the world” (Alunos realizando mudanças na educação - lições nos arredores
do mundo), Grion sublinha os efeitos positivos da participação dos discentes em suas
pesquisas. Ao ouvi-los ao redor do mundo, a professora constatou um largo interesse
por professores especialistas, que fossem firmes no sentido de cobrá-los, mas que ao
mesmo tempo fossem emocionalmente próximos.
É importante ressaltar que o movimento “Student Voice” é uma teoria muito
utilizada por pesquisadores, em especial na Inglaterra e Estados Unidos. Essa
organização se assemelha à abordagem Bottom-up, aplicada no Brasil e nos estudos
do NetEdu. Sobre isso, cabe dizer que ocorre igualmente, nesses espaços, a
valorização da voz dos participantes da investigação.
A fim de promover a reflexão acerca da prática de escuta, destacamos os
estudos de Wenetz, Stigger e Meyer (2013). Diante desse quadro, percebemos, ao
ouvir as impressões dos estudantes a respeito das questões de gênero, a grande
dificuldade que tiveram para compreender o conceito em evidência como uma
construção histórica, e não uma condição biológica. Daí decorreu a necessidade de
ampliação das discussões de gênero no ambiente escolar, pois os discentes não viam
esse assunto como algo a ser debatido ou aprofundado. A estrutura patriarcal, de
supremacia masculina, estava enraizada em seus discursos e atitudes.
Em Santo (2012), notamos que o acanhamento dos alunos, no momento de
expor as suas próprias opiniões numa oficina teatral promovida pela escola estadual
46
da Bahia, era um ponto que precisava ser tratado com maior atenção. Dito isso,
observamos que os estudantes, quando instigados a falar, estavam condicionados a
uma posição de passividade, tendo em vista que as respostas aos questionamentos
se davam em poucas palavras e o contexto de pesquisa era visto com certa
estranheza. Em outros termos, submissos às ordens da hierarquia escolar não
interpelavam qualquer discurso ou ordem, tampouco tinham uma postura crítica diante
da situação.
Mattos e Castro (2005) salientam a dificuldade que há em dialogar com o outro
de maneira democrática ao afirmar que
[...] dar voz a alunos e alunas não é tarefa simples, requer uma análise das
entrelinhas da subjetividade, das ideologias, dos preconceitos que
encontramos nas narrativas, nas imagens do cotidiano desses alunos. Essa
tarefa requer um esforço maior para ressignificar com sensibilidade cultural o
mundo desses atores sociais (p.107).
2005- Imagens 26. MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães de. Imagens etnográficas
2008 etnográficas da inclusão: o fracasso escolar na perspectiva do aluno.
da inclusão Relatório de pesquisa 2005-2008.
escolar: o 27. MATTOS, C. L. G. de; GIL FERREIRA, A.M.R. Programa
fracasso especial adolescente 2007 para alunos entre 14 e 15 anos de
escolar na idade: um estudo de caso etnográfico em uma escola da Rede
perspectiva Pública Municipal do Rio de Janeiro. 2011.
do aluno. 28. CASTRO, P. A. de ; FAGUNDES, T. B. ; MATTOS, C. L. G. de .
Os ciclos e as classes de progressão na Rede Pública do Rio
de Janeiro: percepções sobre a implementação, organização
e práticas a partir das falas dos atores sociais da escola no
período entre 2002 a 2004. 2011.
29. FAGUNDES, T. B.; MATTOS, C. L. G. de. Mudança de lugar: um
estilo de aula ou de ensino-aprendizagem? Um estudo
etnográfico em uma classe de progressão no Rio de Janeiro.
2009.
30. FAGUNDES, T. B.; MATTOS, C. L. G. de; Ajuda entre os alunos:
agilidade para o cumprimento do dever. 2008.
31. COELHO, M. I. de M.; MATTOS, C. L. G. de. Crianças populares
em situações de violência na escola: que outras infâncias são
essas? 2009.
32. MOURÃO, L. de M. A reflexividade dos jovens do Ensino
Médio sobre o contraste tecnológico entre a escola pública e
a sociedade. 2006.
33. MOURÃO, L. de M. Entre o sonho e a realidade: a reflexividade
como possibilidade de despertar2008.
34. CASTRO, P. A. de. Controlar para quê? Uma análise
etnográfica da interação entre professor e aluno na sala de
aula. 2006.
35. CASTRO, P. A. ; MATTOS, Carmen Lúcia Guimarães de .
Chronos ou Kairós? Uma análise etnográfica dos saberes
produzidos em sala de aula. In: IX Encontro de pesquisa em
educação da região Sudeste - Pesquisa em educação no Brasil:
balanço do século XX e desafios para o século XXI, 2009, São
Carlos. IX Encontro de pesquisa em educação da região Sudeste
- Pesquisa em educação no Brasil: balanço do século XX e
desafios para o século XXI. São Carlos: Cubo Multimídia, 2009.
36. CASTRO, P. A. de. Corpo: rebelde ou docilizado? Uma análise
etnográfica do controle na sala de aula. 2009.
37. RAPOSO, F. C. R.. Fracasso escolar: a voz de quem sofre as
suas consequências. Dissertação de Mestrado. Uerj: Rio de
Janeiro, 2008.
38. MATTOS, C. L. G. de. COSTA, D. M. De. Conselho de classe:
avaliações, apreciações e percepções sobre meninos e
meninas com implicações para as interações de gênero. 2011.
(OUTROS CAMPOS).
39. MATTOS, C. L. G. de. COELHO, M. I de Matos. Violência na
escola: reconstruindo e revisitando trajetórias e imagens de
pesquisas produzidas no Núcleo de Etnografia em Educação
entre 1992 e 2007. 2011. (OUTROS CAMPOS).
40. BORGES, L. P. C. MATTOS, C. L. G. de. Escola, espaço de
exclusão? Um estudo etnográfico sobre o fracasso escolar de
alunos/as no ensino fundamental. 2009.
41. PUGGIAN, C. Quando a pesquisa educacional sai da escola:
trajetórias acadêmicas de adolescentes que viveram nas ruas
2009.
55
Mulheres
Familiares 6
15
Funcionários Alunos
21 65
Gestores
29
Professores
42
17
Após reconhecer que os alunos são os que mais participam das pesquisas
etnográficas, averiguamos o nível de escolaridade dos discentes. Dado o exposto,
contabilizamos nas pesquisas do NetEdu os anos/as séries de cada aluno, ou seja,
64
Gráfico 9 – Categorias derivadas das análises das falas dos participantes das
pesquisas do NETEDU
18 16 16
16 14
14 12
12 11
10 10 10 10
10 8
8 7 7
6 6
6 5 5
4 4 4
4 3 3
2 2 2 2 2 2
2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0
determinado momento resolveu faltar mais ainda para ficar com os amigos da rua. O
abrigo tentou inscrevê-lo numa escola de música, mas, apesar do talento, não passou
por 0,5. Conforme as palavras do jovem para a pesquisadora “era melhor trabalhar do
que estudar música”, pois em breve faria 18 anos.
Thiago, órfão de mãe e pai, foi criado pela irmã mais velha até os 7 anos.
Depois disso, ele passou por 12 abrigos e já teve que esperar 2 meses para conseguir
vaga numa escola próxima. Todavia, na volta às aulas, ele se recusou a ir. Mesmo
sendo obrigatório, não ia. Pelo contrário, ficava parado na frente do abrigo ou
perambulando pelas ruas. Por esse motivo, Thiago perdeu o ano escolar.
Por fim, temos o jovem Edgar e sua história familiar difícil. Experiências
pessoais marcadas por uma mãe que apresentava problemas com álcool e um pai já
falecido. História que afetou, como ele mesmo comenta, seu comportamento. Afinal,
o menino era arredio, xingava as pessoas e sempre se afastava de casa. Na época
que saiu de casa, morou 2 anos na rua e foi abrigado pela primeira vez aos 10 anos.
Na entrevista, ele contou que fugiu do abrigo na primeira vez, mas resolveu ficar
quando foi abrigado novamente de maneira amistosa. No momento da pesquisa, aos
16 anos, o jovem se considerava outra pessoa. Tinha conseguido um trabalho de
manhã, estava fazendo cursos de inglês e informática de tarde e estudava no turno
da noite. Ele se alfabetizou em 3 meses e, depois disso, não parou mais.
Os três alunos, citados na pesquisa de Mattos e Puggian (2007), ilustram a
dificuldade vivenciada por muitas pessoas. Enxergamos, nas falas desses sujeitos, os
meandres, os obstáculos, os altos e baixos, os esforços descomunais que eles
precisam fazer para dar prosseguimento aos seus estudos. A vulnerabilidade
econômica e social fica evidente tanto no trabalho de Mattos e Castro (2005) quanto
nos estudos das autoras mencionadas anteriormente. Um exemplo disso está no
esforço dos alunos para se expressarem por desenhos e, posteriormente,
estabelecerem uma leitura dos mesmos para as pesquisadoras.
Em Mattos e Castro (2005), um dos alunos desenha um homem carregando
madeiras e tijolos como forma de representar o tipo de trabalho que seus responsáveis
exercem. Essa análise reforça a ideia de que as escolas deveriam falar mais sobre os
trabalhadores informais que, muitas vezes, são oriundos do Norte e Nordeste do
Brasil. No entanto, quase nunca são lembrados. Afinal, a participação nas escolas gira
em torno de debates acerca de profissões consideradas “mais nobres”, como: médico,
advogado e engenheiro, ou seja, muito distante da realidade de alguns alunos.
68
Vai ser mendigo quem não estuda, não sabe ler, não sabe escrever. Não
sabe o que é um mais um, não sabe fazer continha. Quando o professor vira
e fala: ‘Lê o que está escrito ali para mim’, não sabe ler. Agora tu vai lá,
quando crescer não tem casa para morar. Vira mendigo, não vai ter casa para
69
morar... “Eu estudo para ser trabalhador quando crescer, sustentar minha
casa, minha família” (Fabiano) (p.131-132).
(...) ficou com D que ele esse bimestre não quer nada. É brincadeira, sabe?
Faz parte do grupinho lá de trás da brincadeira, mas ele se prejudica porque
tem aluno no grupinho que apesar de brincar, se esforça, mas ele não... teria
que ter um D mesmo, tá? (Janaína – Orientadora Pedagógica) (p.135).
73
Coordenadora pedagógica: [...] Que nem o Maicon, […] não faz as coisas. [...]
Ele é muito chato. Eu vou compartilhar o sentimento com vocês.
Professora Raquel: Ele é um dos piores. Quando até os piores estão fazendo
trabalho ele vai lá (MATTOS, COSTA, 2011, p. 262).
2011; MATTOS, CASTRO, 2009). Quando o discente não atende às ações esperadas,
há dois destinos possíveis: ele é esquecido, deixado de lado e estigmatizado como o
“indivíduo que não tem jeito” ou os professores explicitam os porquês dele não
corresponder ao modelo de aluno ideal.
Sob esse viés, o estudo de Mattos (2011) traz informações pertinentes acerca
da relação professor/aluno. Inicialmente, expõe que, durante as atividades
programadas, a docente da turma sinalizava a necessidade de deixar os seus dez
“alunos problema” de lado, pois, de acordo com suas palavras, não queriam nada.
“Estes eu tenho que deixar de lado, pois você sabe... Eles não querem nada e eu
tenho que investir naqueles que têm alguma coisa para trabalhar (p.92).” O discurso
dela ratifica a pressão em torno dos resultados; fato que acaba privilegiando os
sujeitos que supostamente terão mais chance e negligenciando os que mais precisam
de atenção.
Ainda pertencente a esse quadro, na pesquisa de Mattos (2011) e Mattos e
Ferreira (2011), as autoras percebem que dentro das salas de aula/da escola havia a
separação física entre os alunos que sabiam e os que não sabiam, entre os que
caminhavam/tinham potencial e os que não tinham o suposto talento. É explícita a
resistência por parte dos professores em traçar estratégias novas para atender os
alunos com dificuldade.
É comum, nos discursos dos docentes, procurar continuamente justificar o
porquê da turma não caminhar com certa equivalência. Entre tantas razões, a que se
destaca é a situação de vulnerabilidade social e econômica dos estudantes. Em
Mattos, Castro e Arruda (2004), os docentes apontam que o baixo nível
socioeconômico é uma das causas para o fracasso. Essa associação de que o aluno
não avança devido às suas origens se reflete igualmente na família. Conseguimos
comprovar, na pesquisa de Castro (2006), o posicionamento da escola quando uma
coordenadora, durante o conselho de classe, afirma que o comportamento da criança
estava atrelado ao pai. Ela disse: “mas olha só, veja pelo lado bom, quando você viu
o pai com aquele comportamento, você entendeu o porquê da criança ser daquele
jeito, né! Tudo se iluminou na sua cabeça” (p.140).
É conhecida a tendência de psicologizar o fracasso (MATTOS, MAGALHÃES,
GUEDES, 1996), ou seja, de atribuir o insucesso do aluno a uma questão cognitiva,
externa a escola. Em outro estudo de Mattos (2005), sublinhamos a manifestação de
uma das professoras na qual afirma que o grande obstáculo dos alunos está na
“incapacidade de construir conhecimentos acadêmicos” (p.219). A partir das
75
[...] Quer dizer é horrível o que vou usar, é emburrecida mesmo, ela quem
sabe, é ela que não tem, sabe? O trabalho que a gente vê, que a gente dá,
tá entendendo? Ela até pra falar, mas faz né...
Ela faz tá vendo? Tá C, C, C, C, esprimido, né? Ela tem um, tem problema
um bloqueio total, mas é demais de esforçada, mas demais, o negócio é que...
(p. 9).
3 1
5
Sala de Aula
8 COC
Penitenciárias
Universidades
44
10 ONGS
Abrigo
O gráfico 10, que concerne aos locais em que as pesquisas etnográficas são
desenroladas, confirma a hipótese de que a maior parte das investigações ocorre na
sala de aula. É perceptível que a sala seja o principal espaço de análise de pesquisas
que trabalham com a etnografia e a educação, visto que a sua localização é a escola.
A escola é, por sua vez, segundo Gohn (2006), o espaço legitimado pelo governo e
pela sociedade como o lugar designado para a educação formal, sendo a sala de aula
o ponto central dessa articulação. Entretanto, os outros ambientes não convencionais,
como a prisão e/ou o abrigo, as pesquisas são pensadas em função da vivência/da
experiência em sala de aula. Como exemplos, temos a tese de Almeida (2013), que
trata da trajetória escolar de mulheres presas, e o artigo de Mattos e Puggian (2007),
que estuda o retorno de meninos moradores de rua à escola.
80
Corbo (2002) revela que o objetivo principal das tarefas serem dessa forma é o
controle da circulação. Assim, é aplicado o mínimo de atividades escolares, tendo um
caráter educativo, mas sem considerar a capacidade intelectual dos alunos (p.24).
Além disso, oficinas também são ofertadas com esse mesmo propósito de entreter,
de ocupar, como Mattos e Almeida (2000) observam, por exemplo, no curso de teatro.
Em face disso, notamos o desinteresse dos sujeitos pela atividade.
83
Entrevistadora: Como que é para você que tem nível superior conviver na
prisão?
Entrevistadora: Usando.
Zilda: Falando sem perceber. [...] Você acaba falando sem perceber que está
falando. Então é isso que eu chamo de adaptar, porque realmente não tem
como você manter um nível de padrão, de português, de conversa.
Entendeu? Fragmento da entrevista realizada MP com Zilda em agosto de
2010 (ALMEIDA, 2013, p. 132).
de tentar fazer com que eles recuperem o tempo perdido. Devido a essa omissão/falta
de estímulo, percebemos que a evasão se torna algo recorrente.
Em Mattos e Guimarães (2007), as autoras descrevem a experiência que
tiveram com um aluno morador de rua que vivia em abrigos. Eles fazem parte
(discente/pesquisadora) de um projeto de educação e tecnologia. A insistência e a
valorização da capacidade do estudante, bem como a paciência com seu jeito arredio
fizeram com que ele desenvolvesse uma aprendizagem e uma recuperação mais
autônoma, tendo como pilares a leitura e a escrita. Nesse sentido, podemos afirmar
que esses incentivos possibilitaram ao aluno uma mudança total de postura.
Fazendo uso dos conteúdos elencados acima, constatamos que as pesquisas
etnográficas, empreendidas em abrigos e ONGS, procuram investigar o retorno dos
alunos à escola. Para além dos obstáculos enfrentados, cabe ressaltar que os estudos
demonstram quais são os principais pontos que levaram os discentes a evadir e quais
são os problemas, desafios e práticas que se desenrolaram no momento do retorno.
Vale lembrar que se trata de um aluno que possivelmente é marcado por algum
trauma. Em face disso, um atendimento diferenciado talvez seja imprescindível, não
apenas para recuperar o ano escolar, mas para recuperar a cidadania.
Levando em consideração os locais que aparecem nas pesquisas etnográficas,
apuramos que o processo educativo não está ligado somente à escola e à sala de
aula. Tanto é assim que, para entender os procedimentos, é preciso ir além ou até
mesmo para fora da escola. A etnografia facilita a identificação, dentro de um espaço
educativo, do que dá certo e do que não dá enquanto prática, para que a educação
possa ser a mais formadora e transformadora para o indivíduo.
Numa pesquisa etnográfica, os instrumentos que são utilizados definem o que
o pesquisador permite ou não os sujeitos falarem. Assim, a análise dos recursos
aplicados nas pesquisas se torna essencial para verificar se foi possível fazer uma
leitura aproximada do campo. Nesse contexto, do mapa conceitual – coleta de dados,
visto no quadro 10, deriva o gráfico 11 a seguir:
85
53
53
28
22
21
10
1
Fonte: CONTI, 2020.
ficam no fundo da sala, enquanto os que ficam mais a frente merecem a atenção da
professora e passam de ano.
Na pesquisa de Bastos (2018), a autora verifica, recorrendo à observação
participante, que alguns gestos em sala de aula entre professor e aluno não denotam
afetividade e atenção, mas sim mecanismos de controle. É possível notar que no
momento em que os alunos se comportam indisciplinadamente em sala a docente
imediatamente olha para eles, procurando o retorno à disciplina. Em outra ocasião,
ela se aproxima das mesas dos alunos e essa aproximação (ou cerceamento?)
também possui um sentido de controle, uma vez que a intenção é manter os alunos
praticando as tarefas propostas.
Esses exemplos salientam a importância da observação participante nas
pesquisas etnográficas de educação. Ademais, a oportunidade de enxergar ações,
que não seriam concebíveis apenas com as falas dos participantes, se mostra
essencial para a ampliação do conhecimento. Afinal, por se tratar de um ato
considerado tão comum, o diário, muito vezes, passa imperceptível.
Em certas etapas da pesquisa, atentamos para a necessidade de travar uma
interpretação do que se vê/viu em campo. Nesse sentido, a entrevista se torna peça-
chave no processo de desvendamento do campo. Assim, ao verificar que a entrevista
é o segundo instrumento de coleta mais utilizado, notamos que o pesquisador ̶
fazendo uso da fala dos sujeitos ̶ entende os processos e dinâmicas do campo em
questão.
Outro ponto que se deve ter em mente reside no fato de que a entrevista, numa
pesquisa etnográfica, não deve ser estruturada, pois isso delimitaria a fala do sujeito,
corrompendo os dados da pesquisa. Dito isso, ao entrevistar alguém, a ideia é,
segundo Mattos e Castro (2010), deixar o outro falar. Por esse motivo, o ideal é que
sejam feitas entrevistas abertas ou quando indispensáveis, isto é, semiestruturadas.
A partir da entrevista são feitas revelações dos próprios sujeitos acerca do
ambiente em que estão. Em Mattos e Castro (2012), as pesquisadoras, mediante
observações em sala de aula, conseguem visualizar a bagunça praticada por alunos
repetentes de uma classe. É na entrevista com um deles que ela consegue entender
o motivo da confusão. O estudante destaca que precisa ser bagunceiro e
encrenqueiro para se sentir pertencente ao grupo de alunos.
passa a fazer parte desse grupo e consegue extrair dados para sua pesquisa.
Abordagem eficiente, haja vista que essa interação extraclasse entre os estudantes e
a professora gerava uma proximidade e, consequentemente, um melhor desempenho
na escola.
O uso de diversos instrumentos etnográficos numa mesma pesquisa se torna
indispensável, uma vez que o campo investigado é um espaço complexo com muitos
detalhes observáveis. Após destrinchá-los individualmente, procuramos estabelecer
alguma relação entre o local, os sujeitos e os instrumentos etnográficos. Essa relação
pode ser vista na seção seguinte.
Documentos
Alunos e (Prod. pelos
alunas pesquisadores)
Alunos e Observação Participante na sala de aula
alunas Professores
Alunos e Professores
Gestores Alunas
Pedagógicos
Entrevista/ documentos
Entrevista
jovens em
mulheres membros de meninos e mulheres
coonflito com
presas pesquisa meninas de rua acadêmicas
a lei
Janeiro Mattos (1996), Mattos (2005). À medida que foram burocratizando a entrada,
os pesquisadores tiveram que estudar em cidades mais distantes, como Nova Iguaçu
(MATTOS, 2010) e Cabo Frio (VASCONCELLOS, 2010).
Com base em Oliveira, Boin, Búrigo (2018) e Paulino (2013), podemos afirmar
que a dificuldade de acesso seja em virtude do desconforto que a presença do
etnógrafo causa ao espaço. A pesquisa etnográfica se apresenta como uma “ruptura
epistemológica” (BOURDIEU, CHAMBOREDON, PASSERON, 2000), ou seja, ela
vem com a proposta de tornar o familiar, estranho (DA MATTA, 1981). Nesse sentido,
trata-se de um processo que procura perceber o que se quer esconder. Assim,
compreendemos os motivos que levam algumas esferas a restringir tanto o acesso.
O uso da entrevista não se dá apenas pela restrição de acesso ao espaço, mas
também pela complexidade/adversidade da interação com os membros participantes
do estudo. Nesses lugares, questões delicadas, conflituosas ou de cunho social fazem
parte da narrativa desses sujeitos. No entanto, os constrangimentos/os bloqueios são
recorrentes na hora que os alunos precisam se abrir e externar suas histórias. Dito
isso, é incontestável que o recurso da entrevista e a privacidade com o pesquisador
fomentam o diálogo aberto, favorecendo a exposição das minúcias necessárias à
pesquisa.
Em Puggian (2009), verificamos que a pesquisadora analisa as trajetórias
acadêmicas de adolescentes que viveram nas ruas e moravam em abrigos. Durante
a pesquisa, observamos que os alunos tinham mais interesse em falar da sua vida
pessoal/atual do que do passado. Ademais, contar sobre a trajetória escolar
significava tocar em um ponto de fracasso, de tristeza. No entanto, com a insistência
da pesquisadora, a troca ̶ por meio da entrevista ̶ intensifica de tal modo que acaba
rendendo o seguinte relato:
Edna: ̶ Aí quando foi dia, sexta-feira, dia quatro, eu já não tava me sentindo
muito bem. Aí quando foi no sábado, eu já amanheci passando mal legal, dia
cinco. Aí as meninas lá pediu pra chamar o SOE, que faz o transporte da
gente aqui, de preso, pra poder me levar. Aí demorou muito! Aí quando eu
saí pra poder ir, a mulher me algemou; eu passando muito mal, que eu já tava
gelada... Ela me algemou; me botou atrás, não me levou na frente. (...) Invés
de me levar direto, não, me levou num outro presídio por aqui (...) pra pegar
um preso que tava passando mal... E eu falava: “Moço, num guento mais não,
por favor, tô passando muito mal, muito mal mesmo”. Aí ele: “Ah espera!
Espera! Espera que...” Aí ficava um tempão lá dentro do presídio
conversando... Que eu escutava eles conversando do lado de fora. Aí,
quando ele entrou num outro presídio, eu comecei a bater na porta. Bater,
bater, bater, porque a neném tava coroando. Aí eu algemada, coloquei a
algema pra frente, tirei a bermuda, e comecei a bater: “Moço, abre aqui,
moço”! Aí ele abriu e eu falei: “Moço, minha filha tá coroando, pelo amor de
Deus, me tira daqui, tô com falta de ar”! Aí ele pegou e falou assim: “Não”!
Bateu e me deixou trancada lá dentro. Eu tive ela trancada...
Edna: Dentro do carro. Trancada e algemada. Depois, é que eu acho que eles
viram; e entrou num outro lugar... Aí veio uma enfermeira que era boazinha...
Aí a enfermeira falou assim: “Gente! Não tem condições! Vai ter que levar a
neném agora pra UPA, senão não vai aguentar”. Minha filha ia morrer! Aí ele
pegou e falou assim: “Ah tá, vamo levar ela”. Aí ela falou assim: “Mas ela não
vai poder ir atrás não”. Ele ainda queria que eu fosse com minha filha lá atrás
(no camburão do carro do SOE), com cordão umbilical, placenta, ainda dentro
de mim. Aí ela pegou: “Não! Ela vai ter que vim aqui na frente!” Aí ele foi, me
levou pro UPA... Fragmento retirado da entrevista feita na RN com Edna em
setembro de 2010 (ARAÚJO, 2014, p. 37).
O mapa conceitual (Quadro 10), que trata das análises da coleta de dados,
apresenta em sua última coluna o questionamento “Houve triangulação dos dados?”
Por meio das informações levantadas, constatamos que todas as pesquisas
realizaram a triangulação de dados. Esse processo revela o que se encontra em
campo. Logo, buscamos sintetizar os resultados dessa triangulação e o que as
pesquisas concluem a partir do que é encontrado em campo. Para isso, elaboramos
um mapa conceitual, a fim de organizar as percepções em torno de cada texto. É
possível ver isso no quadro 11 ilustrado abaixo:
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
REALIDADE DA ESCOLA X REALIDADE …
CUMPRIMENTO DO DEVER (OFÍCIO…
EXPECTATIVA DO FUTURO
INDISCIPLINA
ESTIGMA
IRONIA
VIOLÊNCIA
FORMAÇÃO
EXCLUSÃO
FALTAS
AVALIAÇÃO
CONTROLE
POBREZA
CONCEITO/ NOTA
PERTENCIMENTO
ALUNO IDEAL
DISTANCIAMENTO
REFLEXIVIDADE
RELAÇÃO PROF X ALUNO
CRENÇA NA ESCOLA
ORQUESTRAÇÃO
TEMPO DE APRENDER
CULPA DO ALUNO
VALORIZAÇÃO DO ALUNO
AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS
AUSÊNCIA DE DIREITOS
MONITORAR APRENDIZAGEM
FALTA DE RECURSOS
VULNERABILIDADE SOCIAL
DIFERENÇAS CULTURAIS
TRANSFORMAÇÃO PELA PESQUISA
PSICOLOGIZAÇÃO DO FRACASSO
A interpretação que se faz dessas categorias é que o foco principal das esferas
educativas é a avaliação. A avaliação no sentido de cumprimento das obrigações: a
escola, em primeiro plano, cumprindo o seu dever de acordo com a lei e o aluno
consequentemente com o seu ofício de aluno (PERRENOUD, 1995). Nessa linha de
reflexão, o que permeia essa avaliação são as práticas que ocorrem nos espaços
educativos. Nesse sentido, tanto as práticas discentes quanto as docentes estão
centralizadas no cumprimento do dever, ou seja, estão voltadas para o que está
determinado nos parâmetros curriculares. Assim, alunos e professores se veem
envolvidos no processo de apropriação desses critérios.
À vista disso, o último ponto que se pensa é no resultado alcançado pelo aluno:
“será que ele está pronto para o futuro?” ou “ele teve uma formação adequada para
trilhar o caminho que desejar?”. Sob esse viés, é explícito que o foco do sistema de
ensino não é o aluno, e sim o acatamento do que está estabelecido na lei, mesmo que
para isso o aluno seja negligenciado. A análise em torno dessas questões, sintetizada
na imagem 7, vem a seguir:
102
Resultado
Práticas para o
aluno
(aluno
ideal)
Avaliação
A avaliação é o foco central e final das esferas educativas, mas essa avaliação
se concentra no fato de cumprimento das exigências preestabelecidas cujo foco está
em passar de ano, obter aprovação, ou seja, ter os conceitos/as notas adequadas
para seguir avançando as séries/os anos seguintes (VASCONCELOS, 2010;
MATTOS, COSTA, 2011; CASTRO, 2006, MATTOS & CASTRO, 2011; CASTRO,
2005, MATTOS, 2013). O que as pesquisas também registram é que esse processo
avaliativo não apresenta critérios claros para se chegar a essa avaliação.
Em razão dessa realidade, a pesquisa de Vasconcellos (2010) levanta a
questão de que alunos com o mesmo número de faltas tiveram um desfecho diferente
na avaliação de final de ano por conta de comportamento em sala. Raposo (2008)
corrobora essa questão ao dizer que a bagunça e o comportamento se tornam um
critério para a avaliação. Ainda pertencente a essa conjuntura, a pesquisa de Mattos
103
(...) a indisciplina é gerada porque o aluno não tem firmeza da família (...).
Nós não estamos preparados para lidar com esse tipo de aluno indisciplinado
(...), com toda agressividade que eles trazem de casa. Falta família. Eu não
digo pai ou mãe, mas um responsável que o cubra. Não existe um
responsável. A família está toda desestruturada (LAGE, 2004, p. 132).
Aluna: eu nem sei ao certo, só sei que repeti em português. Então agora eu
pergunto o que poderia ter sido? Vamos supor que tenha sido a bagunça,
mas acho que não foi por causa da bagunça porque há muitas pessoas na
minha classe que são bagunceiras, então eu acho que esse não é o caso.
Então, eu acho que pode ter sido a falta de atenção para os estudos, porque
eu sempre curti isso. Conversei até com a dona Marta, a orientadora da
escola, ela chamou minha mãe, ela até me mandou para um psicólogo. O
psicólogo nos disse que eu estava muito desatenta, eu penso que isso
poderia até ser por falta de atenção que eu estava retida certo? Por que eu
não conseguia entender o conteúdo certo? Porque às vezes eu estava
atrasada então eu não sei por que eu repeti (MATTOS, CASTRO, 2012, p.
39-40, tradução literal).
que devem ser temidas. Em síntese, isso faz com que eles, muitas vezes, busquem
sanar suas dúvidas e realizar as tarefas de maneiras distintas (CASTRO, MATTOS,
2011; OLIVEIRA, 2019).
Essas práticas que se repetem em sala ao longo dos anos perpetuam a
estagnação dos alunos e ocorrem sem qualquer tipo de questionamento. Em nenhum
momento se coloca em pauta os motivos que levam os alunos a se mostrarem tão
desinteressados, os porquês de se comportarem de maneira tão indisciplinada e de
não quererem participar das/realizar as tarefas propostas (MATTOS, 2005;
ERICKSON, 1987).
Como consequência disso, notamos que o modelo continua avançando, ao
passo que o aluno não recebe o que precisa. Em Castro, Fagundes e Mattos (2011),
uma das professoras da turma de projeto revela que o aluno acaba retornando ao
programa, cujo foco reside na recuperação de estudantes defasados, por não ter
sanado as dificuldades efetivamente:
Alunos que não tiveram sucesso nas escolas são colocados em programas
compensatórios. O currículo dos programas de educação compensatória é
reduzido em escopo, conteúdo e ritmo. Os alunos recebem currículo
reduzido, entregue de forma mais simples e ritmo mais lento. Os proponentes
da educação compensatória acreditam que os alunos com baixo desempenho
desenvolverão habilidades acadêmicas em programas corretivos e serão
promovidos à educação regular ou mesmo a programas colegiados.
Pesquisas mostraram, no entanto, que as escolas que praticam esse
rastreamento, essa divisão de habilidades e testes contribuem para a
desigualdade (Cicourel & Mehan, 1983; Mehan, 1992; Oakes, 1985; Oakes,
Gamoran e Page, 1992; Page e Valli, 1991; Rosenbaum, 1978). Alunos
colocados em faixas corretivas raramente alcançam seus pares. Eles
raramente recebem currículo ou instrução equivalente. Além disso, eles
frequentemente sofrem as consequências estigmatizantes da rotulagem
negativa (Mehan et al., 1985; Mercer, 1974). Colocar alunos em aulas
107
8 7 7 7
6
6 5 5
4 4
4 3 3
2 2 2 2 2 2 2
2 1 1 1 1 1 1
0
Desigualdade (Vulnerabilidade) e…
Desempenho Escolar
Reflexividade
Falta de estrutura
Fracasso escolar mata
Faltas e avaliação
Perfil de excelência
Ofício do aluno
Pertencimento e comportamento
Fragilidade no currículo
Inclusão
Ausência de atividades criativas
Culpado do fracasso
Controle, tempo, disciplina
Tarefa e aprendizagem
Consciência da escolaridade
Exclusão e segregação dos alunos
Pesquisa, Diálogo, troca e transformação
Os alunos das pesquisas do NetEdu, em sua maior parte, vivem uma situação
de vulnerabilidade social e econômica. Em suas falas, vemos que eles entendem a
escola como espaço de mudança, de ascensão social, porém quando se deparam
com práticas tediosas, repetitivas e sem interação isso acaba refletindo no
comportamento em sala de aula.
O modo como esses alunos respondem é o que caracteriza a terceira maior
conclusão das pesquisas: a violência escolar entre estudantes ou entre professor e
aluno. Essa violência pode se caracterizar como verbal, física ou até mesmo
indisciplinada. O clima de instabilidade, dentro de sala de aula, resulta em um
professor desmotivado. Nesse contexto, percebemos que o ciclo se repete.
O professor, por ter um aluno enfadado, repete métodos pouco assertivos,
almejando apenas sobreviver a essas condições. Consequentemente, nenhuma
mudança ou transformação ocorre. Ilustramos esse processo na imagem abaixo:
Processos
Educacionais (práticas
de sala de aula)
Desigualdade e
Violência Escolar
Educação
Mattos e Castro (2011) sinalizam que essa ideia de que a escola subsidia um
futuro melhor é um conceito idealístico. Mas o que isso significa? Significa que há, por
parte dos pais e dos próprios alunos, um desejo constante de que a escola possa
prepará-los para a vida. Todavia, existe a “mentira poderosa do sistema social”
(MELLO, 1998). Esse logro, segundo Mattos e Castro (2001), reside no fato de que
os estudantes não têm a oportunidade de tirar vantagem desse sistema de ensino,
uma vez que a ideia central de oferecimento de oportunidades iguais se contrapõe à
dificuldade de aprendizado, à evasão escolar e ao agravante da culpa/do insucesso
recaindo sobre o aluno.
A esta altura, os discentes visualizam isso em consonância com o processo
educacional, ou seja, eles percebem que as oportunidades não são iguais, que vão
fracassar no meio do caminho e que o conhecimento adquirido na sala de aula não
irá levá-los a outro patamar. Dessa forma, como resposta ao modelo excludente
111
perpetrado não só na escola, mas na vida, eles violam a ordem e assumem a marca
da violência, seja pela bagunça, seja pela incivilidade.
Conforme Mattos e Costa (2011), Mattos (2013), notamos que há uma
diferença na avaliação de meninos e meninas. Nesses estudos, averiguamos que os
meninos são muito bem avaliados ou muito mal avaliados. Além disso, a questão do
mau comportamento é um assunto recorrente. Sob esse viés, as pesquisadoras
concluem que essa postura representa uma resposta ao sistema, uma maneira de
dizer que o que está acontecendo na sala de aula não é algo pertinente, algo a ser
valorizado.
Em outros momentos, as pesquisas sinalam que o comportamento transgressor
é uma maneira dos estudantes chamarem a atenção. Mattos e Castro (2009), Lage
(2004), Bastos (2018), Mattos (2008), Mourão (2006) perceberam que os estudantes
mantinham o costume de fazer bagunça em sala no horário da tarefa. Em razão de
não saberem realizar a série de questões propostas pela professora e, por conta do
estigma de fracassado, não recebiam a atenção adequada.
Com os alunos apresentando um comportamento difícil, os professores
tendem a assumir uma postura mais distante e agressiva. Eles gritam (RAPOSO,
2008), ameaçam com a reprovação (CASTRO, 2006; VASCONCELLOS, MATTOS,
2011), aplicam castigo (CASTRO, 2011) e se distanciam do que os discentes
precisam ou querem: um professor mais amigo e humano. Nesse espaço de busca,
por sobrevivência e respeito, o professor acaba não se esforçando em trazer/fazer
algo diferente, novo e de qualidade.
Tendo em vista esse contexto, percebemos que são reproduzidas as mesmas
atividades, a saber: as tarefas em folhas (FAGUNDES, MATTOS, 2008; COELHO,
MATTOS, 2009; MATTOS, MACIEL, 2000; ALMEIDA, 2013) e a exposição diante da
turma em que apenas o professor fala (MATTOS, FERREIRA, 2011; MATTOS,
CASTRO, 2010; VASCONCELLOS, 2010). Em virtude dessa ação, o ciclo se repete
e não há uma ruptura de paradigma.
Dado o exposto, podemos dizer que essas são as conclusões retiradas das
pesquisas que aplicaram a etnografia. Porém, quando se pensa em etnografia e
educação, precisamos considerar as pesquisas que falam a respeito dessa
abordagem etnográfica. Essas pesquisas bibliográficas, por muitas vezes, surgem
como embasamento teórico-metodológico que viabiliza a entrada em campo e a
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o seu início, nos anos 70, a etnografia na educação, com o seu caráter
de escuta e observação, vem aproximando os sujeitos às práticas educativas mais
democráticas. Esse tipo de pesquisa qualitativa é trabalhado deliberadamente. Logo,
indagar sobre o que e como se deu esse processo até o momento configura um
exercício de suma relevância.
Esta tese, portanto, demonstrou que a produção de pesquisas científicas
ocorreu concomitante à formação universitária dos alunos. Todavia, essas produções
foram feitas deliberadamente, a fim de cumprir a demanda da formação. Como
consequência disso, o material produzido não se mostrou relevante num cenário
nacional e internacional. Sob esse viés, percebemos a necessidade de pausar as
novas produções e estudar as que já foram feitas, para quando surgir novos conteúdos
o material ser pertinente dentro cenário científico. Dado o exposto, estudamos nesta
tese as pesquisas etnográficas.
Revisitar pesquisas etnográficas da área da educação possibilita melhor
compreensão do que se define como etnografia. Ao ter em mente como acontece a
aplicação dela e quais são as formas utilizadas para ouvir os sujeitos, constatamos
que é holística, ou seja, está inserida num campo, num espaço de multiplicidade de
cultura de um determinado grupo. Em face disso, é imprescindível usar de todas as
ferramentas para captar o que ajudará o pesquisador no movimento de interpretação.
É possível dizer também que ela é crítica, ou seja, demanda do pesquisador
uma postura atenta e próxima do campo. Exigências que permitem com que ele faça
uma exposição minuciosa pelo olhar dos sujeitos. Assim, o investigador que se dispõe
a empreender um trabalho etnográfico entende que vai passar pelo campo, mas não
será um mero observador, pois irá interagir com o mesmo com o intuito de descrevê-
lo da maneira mais fidedigna.
A etnografia reflexiva e a voz dos sujeitos são mais um dos aspectos dessa
pesquisa. É por meio deles que compreendemos o campo e a sua cultura. Afinal, são
eles que confirmam o que foi visto pelo pesquisador.
A última definição surgiu devido aos elementos de proximidade com o campo e
com os sujeitos, pois a pesquisa etnográfica não tem a pretensão de ser
transformadora. Ao descrever o campo pelo olhar dos sujeitos, os pesquisadores
116
POST SCRIPTUM
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