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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS – CECE


ENGENHARIA QUÍMICA

Análise Técnica e Econômica na Indústria


Professora: Márcia Teresinha Veit

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE PORCELANAS


ARTESANAIS - PUROFINO

Ana Carolina Marques


Ana Clara Comitre
Harielly Campos
Karen Cardoso
Laura Maffizzoni

Toledo
2023
1. INTRODUÇÃO

1.2 Contexto de produção

A produção artesanal de porcelana no Brasil é um testemunho da habilidade


manual e da dedicação dos artesãos que, ao longo dos anos, têm moldado peças únicas e
verdadeiras obras de arte. O processo de criação envolve a maestria na manipulação da
porcelana, um material delicado e refinado, cuja produção remonta aos primórdios da
colonização do país.
Historicamente, a tradição artesanal da porcelana brasileira tem raízes
profundas, influenciadas pelas técnicas europeias que foram introduzidas durante o
período colonial. A fusão dessas influências com a riqueza da cultura local resultou em
peças que carregam consigo a identidade única do Brasil, seja através de elementos
decorativos inspirados na natureza exuberante ou em motivos culturais regionais.
No âmbito econômico, a produção artesanal de porcelana desempenha um papel
vital na sustentação de comunidades locais. Os artesãos, muitas vezes trabalhando em
pequenas oficinas ou estúdios familiares, contribuem não apenas para a preservação das
tradições, mas também para a geração de empregos em suas comunidades. Cada peça é
cuidadosamente esculpida e pintada à mão, conferindo-lhe um valor intrínseco que
transcende o meramente comercial.
A demanda por porcelana artesanal tem crescido, à medida que os consumidores
buscam produtos autênticos e exclusivos. O mercado nacional e internacional tem
reconhecido o valor das peças únicas, muitas vezes adquiridas como expressões
genuínas da arte e da cultura brasileira. Esse reconhecimento contribui para a
valorização do trabalho dos artesãos e para a promoção da porcelana artesanal brasileira
no cenário global.

1.3 Processo de produção

A produção de potes de porcelana começa com a mistura de argila e água para


formar uma massa cerâmica. Essa mistura é moldada manualmente ou em moldes,
dando forma aos potes desejados. Após a secagem, os potes passam por uma primeira
queima em um forno, conhecida como bisquetagem, para endurecer a porcelana. Em
seguida, os artesãos aplicam esmalte, que pode ser colorido, à superfície dos potes.
Após a decoração, os potes passam por uma segunda queima em alta temperatura para
fixar o esmalte e conferir as características finais à porcelana, como brilho e resistência.
O resultado é uma peça única e delicada, pronta para uso ou exposição. A Figura 1
representa de forma clara e sintética o processo de produção:

Figura 1. Fluxograma de descrição do processo de produção das porcelanas artesanais


PuroFino.

A microempresa esquematizada, considerou a produção artesã iniciante e


simplificada, e dessa forma considera-se os seguintes aspectos:

 Local de produção: a produção será feita no local de moradia do empreendedor,


considerando que um cômodo semelhante à uma garagem seria suficiente tanto
para a produção, armazenagem das peças, administração e venda local.
 Equipe de produção: a equipe responsável pela produção consiste em duas
pessoas, sendo uma delas contratada e uma sendo o próprio
investidor/empresário.
 Vendas: as vendas seriam realizadas no local, moradores das regiões e parcerias
com o comércio municipal, e profissionais responsáveis por decoração,
arquitetos/designers de interiores, e seriam impulsionadas pelo marketing nas
redes sociais.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Custo de produção

Para dar início ao trabalho sobre a análise de viabilidade econômica da produção


artesanal das porcelanas, realizou-se uma pesquisa de valores para todos os materiais e
equipamentos através de lojas virtuais. As peças de produção seguirão um padrão de
peso, variando-se os formatos, dessa forma, considerou-se a produção de cumbucas
pequenas e médias, alternando as espessuras, larguras e comprimentos. Para uma única
cumbuca, utiliza-se cerca 300g de argila branca, 9g de esmalte e 3g de CMC (utilizado
para dissolver o esmalte e melhorar a consistência). Os materiais e valores para a
produção mensal das peças estão descritos nas tabelas abaixo:

Tabela 1 – Custos variáveis de produção: Matéria prima, insumos e embalagens para


produção mensal.
Descrição Quantidade Custo Consumo Custo
(R$) mensal mensal
(R$)

Argila branca 10 kg 79,00 75 kg 592,5


Esmalte Azul 1 kg 109,00 0,75 kg 81,75
Esmalte Vermelho 2 kg 109,00 0,75 kg 81,75
Esmalte Amarelo 0,5 kg 109,00 0,75 kg 81,75
CMC 0,5 ml 65,00 0,75kg 97,5
Embalagem 100cx 100,00 250cx 250
Total 1185,25

Para a construção da Tabela 1, considerou-se 20 dias de trabalho mensais,


produzindo 250 peças de porcelana ao mês.
Tabela 2 – Custos operacionais fixos: salários, energia, água e esgoto, manutenções.
Descrição Quantidade Custo Custo Custo
Unitário mensal anual
(R$) (R$) (R$)

Salário artesão 1 1421,00 1421,00 17052,00


Encargos trabalhistas 1 426,30 426,30 5115,60
Pró-labore sócio 1 2500,00 2500,00 30000,00
Encargos pró-labore 1 275,00 275,00 3300,00
Energia elétrica (kWh) 1000 0,79 790,00 9480,00
Telefone e internet - - 200,00 2400,00
Água e esgoto (m3) 15 15,46 231,90 2782,80
Manutenção de - - 200,00 2400,00
equipamentos
(terceirizados)
Material de limpeza - - 200,00 2400,00
Total 6244,20 74930,40

O salário mínimo foi considerado de 2024, os encargos trabalhistas e encargos pró-


labore 30% e 11% sob o salário respectivamente (VEIT, 2023). Energia elétrica foi
estimada pelo site da COPEL e custos de água e esgoto pelo site da SANEPAR
(levando em conta que uma pessoa gasta 5,4 m³ por dia). Com as tabelas base montadas,
o custo por peça contabilizou em R$29,72.

Tabela 3. Ferramentas/Equipamentos para produção das peças


Descrição Valor médio
(R$)

Kit de ferramentas de 140,00


escultura de argila e
cerâmica
Pincéis 80,00
Torno elétrico 2200,00
Forno elétrico 1100ºC 7350,00
35cm (novo)
Total 1757,00
Com referência ao kit de ferramentas descrito na Tabela 3, é mais fácil encontrar os
kits para comprar que as peças separadas. Mas as peças que constituem os kits são:

 Estecas: são ferramentas para modelar, e você pode encontrá-las em metal,


madeira e plástico.
 Punção: também se pode usar uma agulha. É um metal com uma ponta fina que
você usará para perfurar.
 Pincéis: para trabalhar com a argila e esmaltes. Tendem a quebrar com o uso,
mas não precisam ser especiais para cerâmica. Você também pode usar um
pincel comum.
 Cortador de arame: usado para cortar a argila, especialmente quando é um bloco
grande.
 Esteca para corte: pode ser substituída por um estilete. Serve para cortar a argila
com delicadeza.
 Rim metálico: usado para suavizar a argila e remover imperfeições.
 Tigelas: para misturar argila e água.
 Máscara: opcional, especialmente para a aplicação de verniz ou se você é
alérgico a poeira.
 Rolo: você pode usar um de cozinha. É para aplainar a argila.
 Varas de madeira: são usadas para medir a espessura da argila e têm cerca de 5
milímetros de espessura.
 Materiais para texturas: você pode usar grades, folhas de plantas, tecidos etc.
 Tecido plastificado: para proteger a superfície da argila quando for passar o rolo.
 Gesso: se quiser fazer moldes, precisará dele. Existem ofertas de 5 a 25 quilos.

A depreciação dos bens foi calcula com base nas informações fornecidas pelo site da
Receita Federal, como segue a Tabela 4:

Tabela 4. Depreciação dos bens


Descrição Vida útil (anos) Valor (R$) Taxa anual Depreciação
de anual (R$)
depreciação

Móveis e utensílios 10 4000,00 10% 400,00


Computadores e 5 3000,00 20% 380,00
periféricos
Máquinas para 10 9770,00 10% 977,00
trabalho, pedra,
produtos cerâmicos,
concreto, fibrocimento
ou materiais minerais
semelhantes
Total 16770,00 1757,00

Considerando o regime de tributação simples nacional (receita bruta total até


R$180000,00 e alíquota de 4,5%), calculou-se os lucros considerando os impostos e
sem considerar os impostos, como segue a Tabela 5:

Tabela 5. Cálculo custo unitário do produto


Descrição Anual

Custo Operacional R$ 76907,40


Fixo (CF)
Custo Operacional R$ 14223,00
Variável (CV)
Custo operacional R$ 91130,40
Total
Quantidade de 3000
cerâmicas
CF unitário R$ 25,64
CV unitário R$ 4,74
Custo unitário do R$ 30,38
produto

Tabela 6. Lucros de venda, receita e investimento.


Preço de venda (R$) 45,00

Lucro pós IR (R$) 44,32

Lucro pré IR (R$) 46,41

Receita bruta anual (R$) 135000

Investimento incial (RS) 17199,45

Considerando as tabelas apresentadas anteriormente, uma TMA estabelecida de


20% ao ano, um investimento inicial, taxa de juros, imposto de renda, calculou-se então
o fluxo de caixa do empreendimento.
Tabela 7. Dados complementares para o cálculo do fluxo de caixa

TMA 0,20
Investimento inicial R$ 17.199,45
Receita bruta: R$ 135.000,00
Custo Total: R$ 91.130,40
IR R$ 6.075,00
Valor financiado R$ 8.600,00
Taxa de juros 5,00%

Considerando então o cálculo dos elementos: receita bruta total, custo total,
imposto de renda, saldo devedor, juros amortização, prestação, lucro bruto total,
depreciação, depreciação acumulada e valor residual (a tabela encontra-se na seção 5.
Anexos) obteve-se o fluxo de caixa para análise dos indicadores econômicos

Tabela 8. Fluxo de caixa

Período Fluxo de caixa (R$) Valor presente


(R$)

0 -17199,45 17199,45
1 37794,60 31495,50
2 37794,60 26246,25
3 37379,78 21631,82
4 37439,04 18055,09
5 37498,30 15069,73
6 37557,56 12577,95
7 37616,82 10498,16
8 37676,08 8762,25
9 37735,34 7313,36
10 37794,60 6104,04
2.2 Análise da viabilidade econômica

Foram realizados cálculos de diversos indicadores de viabilidade econômica


para avaliar a viabilidade do projeto de produção de cucas alemãs. Entre esses
indicadores estão o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR), a
Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM), o Índice de Rentabilidade (IRent), a
Relação Custo Benefício (B/C) e o Valor Adicional de Utilidade Econômica (VAUE).
Cada um desses indicadores possui um significado específico e desempenha um papel
crucial na análise do projeto. O VPL reflete o lucro econômico ao longo do período útil
do projeto, sendo mais atrativo quando seu valor é maior. A TIR representa a taxa de
remuneração anual do projeto, sendo atrativo quando superior à taxa mínima de
atratividade (TMA). A TIRM ajusta fluxos de caixa para avaliar a rentabilidade. A B/C é
a razão entre receitas e custos, indicando viabilidade quando superior a 1. O VAUE
mostra o benefício líquido por unidade de período, sendo positivo para indicar a
viabilidade do projeto. Os valores correspondentes a cada índice estão apresentados na
Tabela 9 para uma análise abrangente.

Tabela 9. Indicadores de viabilidade econômica

Indicadores Resultado obtido


VPL (Valor Presente líquido, R$) 140554,71
TIR (Taxa Interna de Retorno, % 219,52%
a.a.)
TIRM (Taxa Interna de Retorno, 0,50
% a.a.)
VAUE (Valor Atual Uniforme 33525,50
Equivalente, R$/ano)
B/C (Benefício/Custo) 9,17
Payback simples (anos) 0,46
Payback descontado (anos) 1,20
Ao examinar a Tabela 9 com base nas explicações fornecidas para cada indicador
de viabilidade, fica evidente que o projeto de produção de porcelanas se tornou viável
por diversas razões. O Valor Presente Líquido (VPL) é muito maior que zero, indicando
a presença de lucro econômico. Além disso, tanto a Taxa Interna de Retorno (TIR)
quanto a Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) são superiores à Taxa Mínima de
Atratividade (TMA), revelando que o projeto oferece um retorno financeiro superior aos
custos. A Relação Custo Benefício (B/C) é maior que 1, o que significa que os
benefícios superam os custos. Adicionalmente, foram calculados o payback simples e o
payback descontado como indicadores adicionais de viabilidade. Em resumo, o payback
representa o tempo necessário para recuperar o valor do investimento, enquanto o
payback descontado considera os fluxos de caixa líquidos presentes ao longo do
período.

A Tabela 10 apresenta a relação entre o payback e o tempo necessário para a


recuperação do investimento:
Tabela 9 – Payback simples e descontado

Payback Valor Tempo (meses)

Payback simples R$ 54994,05 5,45

Payback descontado R$ 17926,05 11,33

Nesse caso, ambos os paybacks mostram que o projeto é viável, pois irá recuperar
o valor do investimento em até cinco meses.

3. CONCLUSÃO

Considerando todas as análises e pesquisas conduzidas para o projeto de


produção de porcelanas artesanais, abrangendo desde os materiais e suas
quantidades até o fluxo de caixa e viabilidade, a conclusão é inequívoca: o projeto é
viável. Os indicadores calculados respaldam essa viabilidade. Além disso, é
importante ressaltar a significância deste trabalho, pois proporcionou uma
compreensão prática de como realizar uma análise de viabilidade de projeto
aplicável a diversas áreas.

4. REFERÊNCIAS

A carga tributária do setor ceramista. Disponível em: <https://natreb.com/a-carga-


tributaria-do-setor-ceramista/>. Acesso em: 8 dez. 2023.

DE, A. R.; DO ESTADO - TCE, 371356%-ACÓRDÃO 1373/2019 -. TRIBUNAL DE


CONTAS. TABELA DE TARIFAS DE SANEAMENTO BÁSICO - 2019. Disponível
em: <https://site.sanepar.com.br/sites/site.sanepar.com.br/files/clientes2012/
tabeledetarifas2019-site.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2023.

Disponível em: <https://www.treasy.com.br/blog/encargos-trabalhistas/>.


Acesso em: 8 dez. 2023.

FORNO elétrico para cerâmica artesanal. Disponível em:


https://hdmedeirosfornos.com.br/produto/forno-ceramico-hd35-11-127v220v/. Acesso
em: 01 dez. 2023.

GULARTE, C. Cálculo pró-labore: entenda sobre a retirada mensal dos sócios. Blog da
ContabilizeiContabilizei, , 20 out. 2020. Disponível em:
<https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/calcular-pro-labore/>. Acesso
em: 8 dez. 2023

RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa Rfb Nº 1700. Brasília, Disponível em:


http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?
naoPublicado=&idAto=81268&visao=anotado. Acesso em: 01 dez. 2023.

Taxas e Tarifas - Copel. Disponível em: <https://www.copel.com/site/copel-


distribuicao/tarifas-de-energia-eletrica/>. Acesso em: 8 dez. 2023.

TORNO elétrico para cerâmica artesanal. Disponível em:


https://www.tornoeducativoteles.com.br/productpage/tetmais?
utm_source=google&utmmedium=wix_google_feed&utm_campaign=freelistings..
Acesso em: 01 dez. 2023.

VEIT, Márcia Teresinha. VIABILIDADE ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE


UMA UNIDADE FABRIL ENERGETICAMENTE AUTOSSUSTENTÁVEL PARA A
PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO DE OSSOS SUÍNOS NO MUNICÍPIO DE
TOLEDO/PR. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Programa de Pós-graduação
Lato Sensu MBA em Engenharia Econômica e Análise de Projetos. 2021.

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