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um Curso On-line
Wilson Azevedo
Na maioria das vezes, quando estou orientando ou trabalhando no planejamento de cursos e programas de
ensino on-line, me vejo aplicando apenas o que penso ser o bom-senso. Claro que não ignoro a importância
de uma boa base filosófica e uma boa fundamentação teórico-metodológica no processo de planejamento.
Mas penso que uma boa dose de bom-senso bastaria para evitar alguma dor-de-cabeça e consequências
desagradáveis de decisões equivocadas e escolhas mal feitas. No entanto, observo que o bom-senso não
é, pelo menos neste momento da história da Educação on-line, algo assim tão bem distribuído. Uma das
maneiras de se encarar o que vou aqui colocar é considerar tudo isto como simples bom-senso aplicado ao
planejamento educacional.
Muita coisa que venho colocando em cursos e em grupos de estudos e de discussão on-line pode se
enquadrar nesta categoria de “bom-senso aplicado”. A meu ver são coisas que deveriam ser óbvias, mas por
algum estranho movo, não são. Por exemplo, a diferença entre “curso on-line” e “tutorial auto-instrucional”
sempre me pareceu óbvia. Mas, depois de alguma dificuldade em me fazer entender em discussões com
outras pessoas da área, percebi ser importante traçar de forma mais sistemáca essa disnção — e para isso
escrevi o argo “Para não chamar urubu de meu louro”. Também sempre me pareceu óbvio que um curso on-
line devesse levar em conta, em maior ou menor grau, conforme o caso, a possibilidade de interação coleva,
especialmente a interação coleva assíncrona. Mas me surpreendi diversas vezes constatando que boa parte
do que se andou fazendo com o nome de e-Learning ignorava por completo essa possibilidade.
O menino que na conhecida história disse “o rei está nu” colocara algo óbvio, que todos deveriam estar
percebendo, mas que, por falta de quem o dissesse, permanecia como que oculto aos olhos. Em alguns
momentos, dizer o óbvio é necessário. Penso que estamos num desses momentos, e, portanto, não vou
evitar dizer o que me parece ser o óbvio.
Antecipadamente agradeço a compreensão e paciência daqueles que lerão a série de obviedades que
passarei a apresentar.
Da mesma forma, a definição a mais clara possível do perfil do público-alvo vai ajudar, entre outras coisas,
a selecionar os recursos didá"cos e tecnológicos que serão mais adequados. Se o público-alvo do curso
não dispõe de acesso a computadores e Internet, faria algum sen"do insis"r em oferecer para ele um
curso on-line? Especialmente deve ser abandonado o mito de que a distância seria um obstáculo para se
conhecer o aluno: é muito frequente o depoimento de alunos que experimentaram ter conhecido melhor
seus colegas e seu professor num curso exclusivamente on-line que em cursos exclusivamente presenciais.
Assim é perfeitamente possível perceber caracterís"cas do público-alvo mesmo quando esse público não
está próximo no sen"do #sico-geográfico do termo.
Algumas vezes o próprio público pode auxiliar o processo de iden"ficação de obje"vos. Uma pesquisa
de opinião, previamente realizada com uma amostra do público, pode ajudar a iden"ficar aquilo que os
futuros alunos desejam aprender. A aprendizagem acontece com menor dificuldade e mais qualidade
quando conectada ao desejo de aprender. É muito mais di#cil tentar fazer alguém aprender algo que ele
não quer aprender. Com alguma frequência fazemos pesquisas de opinião com nosso público. Um momento
par"cularmente oportuno para esse "po de pesquisa é no encerramento de um curso. Ao final de um curso
o aluno não apenas terá aprendido uma série de coisas, mas também terá uma percepção ainda mais clara
do que lhe falta aprender, do que ele deseja aprender num próximo curso a par"r do que aprendeu neste.
Um simples ques"onário aplicado sobre alunos de um curso, ao seu final, pode fornecer informações preciosas
para o processo de planejamento de novos cursos. Essa é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.
• Um modelo que ela denominou “conteúdo + suporte”, no qual boa parte das a"vidades de aprendizagem
envolviam autoinstrução, com o apoio de tutores, procurados por inicia"va dos alunos e eventualmente
alguma interação cole"va.
• Um modelo que ela chamou de wrap-around, em que metade das a"vidades envolvia autoinstrução e
outra metade envolvia aprendizagem colabora"va.
• Um modelo que ela chamou de “integrado”, no qual a maior parte das a"vidades se dava por meio da
discussão e da colaboração entre alunos e professores, com reduzido volume de a"vidades autoinstrucionais.
A definição de obje"vos é fundamental para a escolha do modelo de curso a ser adotado. Se os obje"vos
do curso apontam mais para a aprendizagem conceitual e/ou crí"co-reflexiva, uma boa dose de a"vidades
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
colaboravas deverá ser aplicada e o terceiro modelo de Mason se mostrará o mais adequado. Se os objevos
apontam para a aprendizagem de ronas e procedimentos a serem executados sem muita reflexão, então o
primeiro modelo poderá ser a melhor opção.
Também o perfil do público-alvo pode fundamentar essa decisão. Na Aquifolium criamos uma modalidade
de iniciava de aprendizagem que denominamos “Grupo de Estudos”, depois que constatamos que uma
parcela significava de nosso público não nha condições especialmente e dedicação de tempo suficientes
para cursos mais aprofundados, porém, mostrava-se insasfeita com as oportunidades de aprendizagem
informal em grupos de discussão espontâneos na Internet. Trata-se de um público que deseja um certo grau
de aprofundamento, mas não dispõe do tempo necessário e algumas vezes de interesse suficiente para um
aprofundamento maior. Os “Grupos de Estudos” baseiam-se no modelo wrap- around de Mason: metade
do tempo do parcipante é aplicado na leitura de textos, geralmente livros especialmente selecionados,
e a outra metade na discussão orientada desses textos, em grupo, a distância on-line. Atende-se, assim, a
necessidades de aprendizagem dentro das condições próprias desse público.
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Educação a Distância: coletânea de textos para subsidiar a docência on-line
No caso desse curso on-line, quanto mais pessoas forem incluídas numa turma, maior tenderá a ser o volume
da interação cole!va e, correspondentemente maior tenderá a ser a quan!dade de tempo diariamente
necessária para acompanhar e par!cipar do curso. Já no grupo de estudos, um número menor, digamos
30 pessoas, tenderia a reduzir o volume de interação a níveis quase inexistentes. Aqui está um importante
princípio: o volume de a!vidades colabora!vas proposto afeta diretamente a quan!dade de tempo necessária
para elas. Quanto maior o volume de a!vidades colabora!vas, maior será o tempo necessário.
Em Educação on-line um elemento é fundamental para o cálculo do tempo necessário: a quan!dade de texto
para ser lido, quer seja texto de livros, de ar!gos, de páginas web ou de mensagens de conferência eletrônica
por computador. O tempo será sempre um tempo es!mado, uma vez que o tempo de leitura varia de pessoa
para pessoa: há gente que lê mais rápido que outros, assim como há gente que digita mais rapidamente
que outros. Devemos esquecer qualquer pretensão de exa!dão quando falarmos em carga horária on-line.
Porém, não é verdade que o tempo exigido varie muito: é possível es!mar uma MÉDIA de tempo, em relação
à qual alguma variação (da ordem de 10 ou de 20%) pode ser admissível. Não estamos falando de algo
absurdamente indefinido: é possível quan!ficar de forma razoável esse tempo.
O excelente livro 147 Prac!cal Tips for Teaching On-line Groups, de Hannah et alli, cita na página 37 o livro
de William Draves, Teaching On-line, que se baseia em pesquisas feitas com alunos adultos sobre velocidade
de leitura. Cito o trecho:
Experimente fazer esse cálculo na leitura de um texto como o deste tópico. Veja em quantas páginas ele
cabe e marque quanto tempo você demora para lê-lo. Você provavelmente verá que esse tempo não ficará
em mais que 10 minutos e, provavelmente, você não necessitará de mais do que 5 minutos para fazer uma
leitura atenta.
Finalmente, consideremos o perfil do público-alvo e sua disponibilidade de tempo. Profissionais em a!vidade
e adultos com elevadas responsabilidades profissionais e familiares dificilmente disporão do mesmo tempo
que jovens solteiros estudantes de tempo integral ou parcial. Os dias con!nuarão tendo 24h, independente
do quão intenso seja nosso desejo de ampliar essa distribuição...
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
Em nossos cursos sempre organizamos o programa em unidades, quase sempre correspondendo a uma
semana, contendo textos-base e leituras complementares. A semana é a unidade de tempo básica da maioria
das pessoas. Em geral planejamos nossas avidades segundo uma agenda semanal. Muito raramente em
alguns grupos profissionais iremos encontrar quem trabalhe segundo uma agenda quinzenal ou mensal:
profissionais embarcados, por exemplo, técnicos do setor petrolífero em plataformas oceânicas e avidades
desse gênero. Fora essas exceções, a regra é organizar as coisas de forma semanal.
Quase sempre o agendamento diário não funciona. Tentar amarrar demais as avidades estabelecendo que
“segunda-feira faremos isto, terça-feira faremos aquilo” e assim por diante, pode não dar bom resultado. Por
conta da flexibilidade inerente à Educação a Distância e, parcularmente, à Educação on-line, dificilmente as
pessoas seguirão de forma tão rigorosa em calendário muito rígido. O agendamento semanal corresponde
à forma como a maioria das pessoas se organiza e administra seu tempo no mundo moderno. Convém não
ignorar esse fator.
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Educação a Distância: coletânea de textos para subsidiar a docência on-line
com editoras e/ou autores a autorização para sua reprodução e distribuição digital apenas a alunos do curso.
Em geral recebemos respostas posi!vas e sem ônus financeiro. E mesmo quando nos cobram algo, o valor é
razoável (por exemplo, o valor de um exemplar do livro por ano de disponibilização).
A seleção do material didá!co deve obedecer a critérios rigorosos de análise de qualidade e de disponibilidade
e/ou usabilidade. Conteúdo e forma devem ser avaliados, mas uma atenção especial deve ser dada ao
equilíbrio entre estas partes.
Geralmente a melhor combinação estará no elevadíssimo grau de qualidade do conteúdo e na simplicidade,
acessibilidade e facilidade de manuseio da forma. Materiais num formato extremamente simples porém
de conteúdo de alta qualidade devem ser considerados com atenção especial. Materiais em formato mais
sofis!cado podem representar um perigoso sacri#cio da acessibilidade e isto deve ser avaliado com especial
cuidado.
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
uma das mais limitadas e falhas formas de avaliar, priorizando aspectos atualmente bastante quesonados,
como a necessidade de memorização, e desesmulando uma importante habilidade necessária nos dias de
hoje: a capacidade de “esquecer” informações e conceitos obsoletos. Isto sem falar no potencial de fraude
(cola) e desonesdade bastante presente no ensino exclusivamente presencial.
Em Educação hoje discute-se formas alternavas de avaliação que não passem necessária e obrigatoriamente
pelas famosas provas e testes. Esse é um campo hoje bastante aberto à exploração e à aplicação da criavidade
docente.
Encontrar melhores formas de avaliar a aprendizagem representa hoje um grande desafio.
Uma das coisas mais importantes a se destacar nessa discussão é a estreita relação entre avaliação e objevos
de aprendizagem. A formulação de objevos afeta diretamente a avaliação e quanto mais claros esverem
definidos esses objevos, mais facilmente se poderá planejar a avaliação. Além disso, se os objevos estão
definidos muito mais em termos de conteúdos que de habilidades ou competências, uma tendência natural
será privilegiar conteúdos no processo de avaliação. Rever os objevos será, portanto, o primeiro passo para
se planejar a avaliação.
Alguns objevos podem envolver habilidades que exijam a presença para sua avaliação. É o caso em especial
de habilidades psicomotoras: uma prova de natação não poderá ser realizada em outro espaço que uma
piscina, rio, lago ou mar. Ou seja, será uma prova que exigirá a presença sica do aluno num determinado
lugar e a uma determinada hora.
Porém, grande parte dos objevos de aprendizagem da grande maioria dos cursos envolvem coisas que
podem tranquilamente ser avaliadas a distância. No entanto, outro fator precisará ser levado em consideração
no planejamento da avaliação: os condicionantes legais. Especialmente num país com uma legislação carente
de um mínimo de inteligência, como é o caso do Brasil hoje, isso poderá obrigar a se planejar avidades
presenciais de avaliação, uma absurda exigência legal, cujo correspondente, por dever de coerência, seria o
de obrigar avaliação a distância para todos os cursos exclusivamente presenciais. A lei e´ muito burra, mas é
a lei.
Se o curso em questão precisa adequar-se a exigências legais específicas, notadamente cursos formais
regulares que conferem cerficação oficial, então, infelizmente, a burrice precisará prevalecer e avidades
presenciais de avaliação precisarão ser obrigatoriamente previstas.
Cursos livres, de extensão, que não precisam se submeter a outras exigências que não aquelas resultantes
da aplicação mínima de inteligência, estão liberados de se submeter a esta burrice injusficável da
obrigatoriedade de avaliação presencial. Nesses casos pode-se planejar a avaliação de forma muito mais
eficiente, criava e inteligente.
Um importante fator a ser considerado no planejamento da avaliação se encontra num dos objevos de
toda Educação em qualquer nível: o de incenvar a formação de aprendizes mais autônomos, capazes de
aprender, especialmente, de aprender a aprender. Por isso, especial atenção deve ser dada a processos de
autoavaliação e a avidades de avaliação que abram espaço para esses processos. Mais do que ser avaliado
o aluno deve ser esmulado a se avaliar de forma realista e amadurecida.
Um bom planejamento da avaliação deverá deixar claro para o aluno, desde o início, o que se espera que ele
anja e como ele se avaliará ou será avaliado. Um recurso extremamente úl para esse fim são as “rubricas”
de avaliação, um conjunto de critérios claros e organizados que mostrem a todos aquilo que constuirá o
processo de avaliação dentro do curso. O livro “O Aluno Virtual”, de Rena Palloff e Keith Pra!, traz boas e
prácas indicações sobre esse recurso.
Um recurso de autoavaliação extremamente úl que adotamos em nossos cursos é o que chamamos de
“relatórios de aprendizagem”: breves e sintécos relatos escritos pelos alunos, com não mais que uma página,
informando suas principais descobertas, dúvidas e quesonamentos feitos durante um determinado período
de estudos e discussões em um curso, que pode variar de uma semana a um mês. O envio desses relatórios
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Educação a Distância: coletânea de textos para subsidiar a docência on-line
permite iden!ficar os progressos do aluno, além de dar a ele mesmo uma noção do que está aprendendo,
fazendo isso de forma autônoma, com base em autoavaliação.
Também a observação da interação cole!va permi!rá ao docente ter uma idéia mais clara do quanto os
alunos estão aprendendo, não apenas em termos de conteúdos, mas especialmente em termos de processos,
habilidades e competências. Analisar a interação cole!va é um importante recurso para avaliação.
A!vidades de avaliação podem ser muitas e variadas. Por isso não se jus!fica a redução da avaliação à
aplicação de provas ou à exigência de trabalhos escritos. Se podemos avançar e ir além disso, então façamos
assim.
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
pode aprender a pronunciá-la. Esse seria um exemplo de um recurso mulmídia necessário, pois nesse caso
o áudio funciona como um recurso complementar fundamental. Porém, a aplicação desse mesmo recurso
quando ele não é necessário pode desviar a atenção do aluno, pode confundi-lo, pode atrapalhar mais do
que ajudar.
Assim, em termos tecnológicos, vale a regra: “menos é mais”. Quanto menos sofiscado, quanto menos
complexo, quanto menos recursos, melhor poderá ser a aprendizagem.
Não é fácil manter essa percepção quando a propaganda diariamente tenta nos convencer do contrário. Mas,
se desejamos que nossos alunos realmente aprendam, então precisamos levar isso muito a sério.
Numa ampla gama de situações, recursos estritamente textuais serão mais do que suficientes para
proporcionar excelentes oportunidades de aprendizagem: páginas web ocupadas por texto em mais do que
80% do seu espaço e interação coleva assíncrona e síncrona em modo texto serão os principais recursos a
serem adotados. Em raros casos haverá necessidade de alguma coisa em forma de áudio e de imagem em
movimento.
Desse modo, para um grande número de casos, um sistema de interação coleva assíncrona em modo
texto, amarrado a um conjunto simples de páginas comuns formarão a melhor combinação de recursos
tecnológicos, com simplicidade suficiente para facilitar a aprendizagem.
Essas idéias orientam a seleção de recursos tecnológicos nas iniciavas da Aquifolium. Adotamos os recursos
mais simples porque são os efevamente necessários. E os resultados que obtemos falam por si: são
resultados julgados entre muito bons e excelentes por mais de 90% do nosso público.
Dificilmente obteríamos esses resultados se adotássemos tecnologias mais complexas e sofiscadas.
Quanto mais complexo e mais sofiscado, maiores são as chances de encontrar incompabilidades e
dificuldades de acesso e, assim, dificultar a aprendizagem.
Em nossas iniciavas ulizamos um sistema de conferência eletrônica via e-mail com interface web, um
recurso conhecido com o nome de “lista de discussão”.
Ulizamos serviços de hospedagem de listas de discussão de baixo custo, mas poderíamos ulizar também
serviços gratuitos, como o YahooGrupos <hp://www.yahoogrupos.com.br>.
Conjugamos esse sistema com um conjunto simples de páginas web que hospedamos em servidores
contratados a baixo custo também, mas poderíamos ulizar serviços gratuitos de hospedagem de páginas
web.
Poderíamos, inclusive, ulizar serviços gratuitos de publicação na web, como os conhecidos blogs, que
permitem a usuários comuns, sem conhecimentos técnicos, publicar conteúdos na Internet. Ou seja, com
um serviço como o Blogger.com e o YahooGrupos é possível oferecer um ambiente suficientemente simples
para nele realizar um curso on-line.
Com isso desejo desmisficar um pouco a idéia de que Educação on-line dependeria de um conjunto
sofiscado de recursos tecnológicos combinados e controlados por um complexo sistema de gerenciamento.
Isso, na grande maioria dos casos, não é necessário. A Aquifolium é uma mostra de como o uso de recursos
tecnológicos simples é capaz de proporcionar resultados de qualidade. Em situações muito especiais um
sistema sofiscado de gerenciamento é necessário, como, por exemplo, em instuições de ensino que
pretendem atender milhares, ou mesmo milhões de alunos simultâneos. Mesmo para esses casos costumamos
recomendar que seja desenvolvido um sistema customizado, adequado às necessidades da organização.
No atual estágio não recomendamos a aquisição de sistemas de gerenciamento, conhecidos como “LMS”
(Learning Management System). Esses sistemas ainda se encontram num estágio infanl de desenvolvimento,
com excesso de sofiscação tecnológica e complexidade conspirando contra a aprendizagem.
Recomendamos aguardar o amadurecimento do mercado antes de se pensar em invesr na aquisição de
sistemas desse po, mesmo que gratuitos: com muita frequência o que parece ser gratuito acaba revelando,
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ao final, ter um custo embu"do de reforço de suporte ou de plataforma de hardware e de conec"vidade que
inicialmente não estavam previstos.
Por fim gostaria de comentar dois aspectos importantes a serem considerados na seleção de tecnologias.
O primeiro diz respeito à preferência por recursos assíncronos. Trinta anos de experiência em Educação
on-line vêm mostrando que a assincronia oferece a melhor base para o desenvolvimento de programas e
cursos on-line. Pode-se complementar a adoção de recursos assíncronos com o uso secundário e opcional
de recursos síncronos. Mas será certamente um grande equívoco ignorar a assincronia e tentar basear um
programa ou curso inteiramente na sincronia.
O segundo aspecto diz respeito a um conceito de extrema importância em telemá"ca: redundância. No mínimo
deve-se pensar em ter em dobro os recursos selecionados. Esse princípio vale tanto para serviços quanto
para conexões. Na Aquifolium possuímos tudo no mínimo em dobro: temos dois serviços de hospedagem de
listas, dois sistemas de interface web para listas, dois (na verdade 3) servidores web. A idéia básica é dispor
sempre de um backup para o caso de um recurso falhar. Se um servidor parar de funcionar, nós não paramos:
apenas transferimos as coisas para outro servidor. Esse princípio se aplica também a nossas conexões. Eu
mesmo, em par"cular, não fico na dependência de uma única conexão ou de uma única máquina: se uma
conexão falhar, uso outra, se uma máquina der defeito, passo para outra. Se há algo de que podemos ter
certeza absoluta é que máquinas e conexões um dia irão falhar, e isso acontecerá exatamente quando mais
precisamos delas. É loucura depender somente de um serviço ou de uma única máquina.
Tecnologia é coisa fundamental para a Educação on-line. Mas é também um dos maiores desafios.
Especialmente desafiador é acreditar na eficácia da simplicidade tecnológica: conduzir-se por essa crença
significa nadar contra a corrente, especialmente contra a correnteza da publicidade da indústria.
É na seleção de recursos tecnológicos que hoje o bom-senso mais faz falta.
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
Procuramos também sequenciar as opções por ordem de importância, colocando na frente as que
consideramos mais importantes e as que desejamos que os alunos acessem mais.
As diversas avidades de aprendizagem planejadas precisarão de espaços adequados para serem realizadas.
Se seu planejamento prevê trabalhos em grupos, será preciso oferecer espaços virtuais adequados para isso,
com a privacidade necessária. Se seu planejamento prevê também o incenvo ao estreitamento de laços de
amizade entre os alunos, será interessante organizar e criar um espaço específico para a interação informal
com esse propósito.
Ambientes monoespaciais, em que toda interação coleva somente pode ocorrer num único espaço,
oferecerão uma dificuldade adicional, pois ficará mais dicil promover a sociabilidade e ao mesmo tempo
conduzir uma discussão focada num tópico de estudo num mesmo espaço, gerando tensões e insasfações
desnecessárias. Um “Café” virtual oferece excelente ocasião para a interação informal, ajudando a disciplinar
os fluxos de interação e evitando seu cruzamento e os conflitos resultantes.
Finalmente, um outro aspecto importante da organização de um ambiente diz respeito à disciplina e ao
incenvo a comportamentos desejados e adequados. Para se obter isso um importante recurso é o da
moderação, que permite que mensagens enviadas para o espaço de interação coleva sejam previamente
analisadas e encaminhadas conforme o melhor uso do ambiente. Se há um espaço para interação informal,
mensagens mais informais e não diretamente relacionadas com os tópicos em estudo poderão ser dirigidas
para lá. Quando um aluno enviar uma mensagem inadequadamente para um espaço, o moderador pode
redirecioná-la para o espaço adequado, prevenindo assim desgastes e conflitos desnecessários que podem
atrapalhar o rendimento dos alunos no curso. Na Aquifolium nós costumamos deixar esse aspecto sob a
responsabilidade do professor: cabe a ele decidir se e quando adotar a moderação.
Eu, pessoalmente, sinto-me mais à vontade num espaço moderado, onde sei que circularão somente
contribuições adequadas a ele. Porém, outros de nossos docentes preferem não exercer moderação,
adotando procedimentos de moderação somente em situações extremas de conflito.
DEFININDO PRÉ-REQUISITOS
Uma vez definidos objevos de aprendizagem, perfil de público-alvo, recursos tecnológicos e organizado o
ambiente, ficará muito mais claro perceber que competências de entrada serão requeridas. Em toda iniciava
educacional devemos ter claramente diante de nós os pré-requisitos que iremos exigir.
Além dos requisitos naturais decorrentes do programa e do nível de abordagem escolhido, uma especial
atenção deverá ser dada a requisitos técnico-operacionais necessários. É fonte de stress e desgaste para
o professor, mas especialmente para o aluno, aceitar num curso quem não evidencia atender a requisitos
operacionais mínimos para um curso on-line. Pessoas que não possuem hábitos de usuário, que não estão
operacionalmente familiarizadas com computadores e com a Internet não devem se matricular num curso
on-line. Aceitá-las num curso sem essas habilidades representará desgaste e frustração, tanto para o aluno
quanto para o professor.
Algumas competências e habilidades podem ser consideradas desejáveis, mas não indispensáveis. Por
exemplo, se algum material complementar está em inglês, pode ser desejável que o aluno saiba ler nesse
idioma, mas não precisa ser indispensável que o saiba.
Uma vez definidos esses pré-requisitos para um curso, é fundamental que eles sejam claramente informados
aos seus possíveis futuros alunos. E, quando for o caso, testes e avidades prévias de avaliação poderão
ser aplicados para a seleção de alunos que atendam aos requisitos do curso. De todas as maneiras deve-se
evitar a desgastante e frustrante experiência de ingressar num curso para o qual não se está devidamente
preparado.
Nos cursos da Aquifolium costumamos informar logo na página de divulgação os requisitos exigidos, tanto
em termos de habilidades dos alunos quanto em termos de conecvidade, de hardware ou de so!ware.
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Educação a Distância: coletânea de textos para subsidiar a docência on-line
O próprio processo de inscrição acaba funcionando como um processo sele!vo: usamos recursos simples
de web e e-mail que, caso o candidato a aluno não tenha familiaridade suficiente com eles, dificilmente
conseguirá se inscrever. Não aceitamos inscrições de forma presencial ou pelo correio, pois queremos
exatamente que o candidato evidencie ser capaz de navegar na web e consultar/responder e-mail. Porém,
em alguns casos, pode ser necessário efetuar um processo sele!vo mais rigoroso, envolvendo até mesmo
a!vidades presenciais.
As caracterís!cas do curso determinarão seus pré-requisitos e as formas de informá-los e verificá-los.
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Parte 2: Planejando e Organizando um Curso on-line
Dois aspectos devem merecer especial atenção nessa preparação do aluno: a gestão do tempo dentro de
uma temporalidade mulssíncrona, não exclusivamente síncrona, e a percepção do lugar e da importância
da comunidade de aprendizagem, parcularmente a aprendizagem colaborava. O tempo mulssíncrono é
muito diferente e suficientemente desconhecido e exige que dediquemos tempo para aprender a lidar com
ele. A aprendizagem colaborava ainda é uma exceção especialmente no contexto do ensino superior. Alunos
on-line não nascem prontos: precisam ser formados enquanto alunos, especialmente enquanto alunos on-
line. Desenvolver competências específicas, adquirir novos hábitos, aprender a agendar-se numa outra
temporalidade, tudo isso deve ser proporcionado antes do início de um curso. Não cuidar e não projetar essa
preparação poderá afetar negavamente o curso.
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