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#4 AZEITE EXTRA VIRGEM

Há alguns dias, usei o áudio de uma meditação pra fazer oração (eu não queria
rimar, mas aconteceu). Era quaresma ainda, quase chegando no Tríduo, então
queria pensar mais na Paixão, e essa meditação me ajudou muito.

Em dado momento da meditação, o sacerdote falava sobre como o coração


puríssimo de Nossa Senhora sofreu a Paixão, porque por ser mais puro ele
amava mais, sentia mais, e também era mais forte.

Lembrei dos azeites (não queira entender minha cabeça), não pelo preço
absurdo que estão agora, mas pelas suas classificações.

Sempre achei engraçado o título “único” que alguns azeites recebem… azeite
tipo único, sempre achei sem sentido. As explicações que encontrei para esse
nome também não foram satisfatórias. A diferença entre o virgem e o
extravirgem eu entendi, mas o “tipo único” sempre me pareceu uma piada de
mau tom…

Mas, voltando: pensei na pureza daquele azeite que mais demora a ser
produzido, que mais exige minúcia, acurácia (sempre achei que esses 2
substantivos ficariam lindos se usados numa mesma frase), e por isso custa
mais. Não só no seu preço de venda, mas o custo de mais tempo, mais
atenção, mais zelo enfim.

Outra coisa que me lembrei, também, foi dos diferentes dosadores dos azeites:
o extravirgem costuma vir com um dosador fino, mais “cauteloso”, eu diria…
enquanto os outros são tão abertos que, se você não toma cuidado, facilmente
usa mais do que precisa.

Achei tão bonito pensar no coração imaculado de Nossa Senhora e ver que, de
fato, uma pequena gota daquele amor num dosador pequeno, cuidadoso,
maternal vale mais do que os litros de borbotões que podemos obter nas
experiências “tipo único” que podemos ter por aí…

Pensei em como o coração de Nossa Senhora era bem zelado, como sua
pureza era guardada, e em como aquilo valeu a pena.

Sim, vale a pena.

O azeite mais puro, o amor mais forte, esses são caros. Para experimentar com
mais sabor, é preciso economizar os nossos centavos, apertar os cintos na
mortificação, mas aquele alimento que recebemos ao fim, esse sim sustenta,
esse é puro, esse é digno. Mais vale um fio desse azeite do que uma colher do
“tipo único”.

De fato, só a experiência pessoal de cada uma com a Graça é tipo único.


Só a alegria de corresponder, individualmente e em cada momento, à própria
vocação, é tipo único.

Só a felicidade do paradoxo de ir ganhando a própria alma conforme vai “se


perdendo” em serviço aos outros é tipo único.

Se corresponderes à chamada que o Senhor te fez, a tua vida - a tua pobre


vida! - deixará na história da humanidade um sulco profundo e largo, luminoso
e fecundo, eterno e divino.
(FORJA, 59)

Deves sentir cada dia a obrigação de ser santo. - Santo!, que não é fazer coisas
esquisitas: é lutar na vida interior e no cumprimento heróico, acabado, do
dever.
(FORJA, 60)

AMDG
Victoria Maria Maciel

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