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Unidade 3

Regras de Derivação
Gabriela Faria Barcelos Gibim
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Sumário

Unidade 3
Regras de Derivação�������������������������������������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Derivada do produto e quociente����������������������������������������������������� 6
Seção 2
Regra da cadeia���������������������������������������������������������������������������������14
Seção 3
Derivada exponencial e logarítmica����������������������������������������������22
Seção 4
Derivadas trigonométricas e derivadas sucessivas�����������������������29
Unidade 3

Regras de Derivação

Convite ao estudo
Com a introdução do estudo de derivadas na unidade anterior, você
aprendeu que a derivada se refere à taxa de variação instantânea e à incli-
nação da reta tangente num ponto. Também viu que a definição de derivadas
usa a noção de limite e pode ser calculada por esse meio, mas, como foi visto,
os cálculos de derivadas podem ser simplificados com o uso de fórmulas já
estabelecidas. Portanto, é fundamental conhecer as funções e as regras de
derivação existentes para aplicá-las corretamente. Afinal, as derivadas são
muito usadas em áreas como a engenharia, ciência, economia, medicina e
ciência da computação para, por exemplo: calcular a velocidade e a acele-
ração, explicar o funcionamento de máquinas, estimar a diminuição do nível
da água quando ela é bombeada para fora de um tanque, prever as consequ-
ências de erros cometidos durante as medições, dentre outras situações. Ou
seja, o conhecimento das regras de derivação é importante para facilitar a
resolução de situações-problema em várias áreas.
Para auxiliar no conhecimento dos fundamentos de cálculo que são
necessários à formação do profissional da área de exatas e atender aos
objetivos específicos do tema em questão, Regras de Derivação, vamos
relembrar a situação hipotética apresentada nas Unidades 1 e 2. Esta situação
visa aproximar os conteúdos teóricos com a prática.
João está cursando a faculdade de matemática e irá participar de um
processo seletivo de uma empresa multinacional para trabalhar como estagi-
ário. Para tanto, precisa realizar um teste a fim de mostrar que é capaz de
compreender e resolver problemas ligados ao nosso cotidiano. A empresa
entende que o profissional, dependendo de sua qualificação, pode atuar em
diversas áreas. Em todas elas, a facilidade em lidar com a matemática é funda-
mental, principalmente no que diz respeito ao estudo, agora, de derivadas.
Portanto, João terá que resolver situações-problema que tratam de entender
a interdependência de várias coisas ao nosso redor, das mais simples às mais
complexas, como valor de despesas de uma família, número de indivíduos de
uma população, cálculo de velocidade, aceleração etc.
Seção 1

Derivada do produto e quociente

Diálogo aberto
No estudo que você vem desenvolvendo sobre derivada, você já percebeu
que é possível calcular a derivada de uma função por meio de sua definição
(o cálculo que envolve limites) e de uma forma mais simplificada, que é pelo
uso de fórmulas definidas.
Vamos voltar à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo?
Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver
foi a seguinte: uma companhia telefônica quer estimar o número de novas
linhas residenciais que deverá instalar em um dado mês. No início de janeiro
tinha 100.000 assinantes, cada um com 1,2 linhas, em média. A compa-
nhia estimou o crescimento das assinaturas a uma taxa mensal de 1000.
Pesquisando os assinantes existentes, descobriu que cada um pretendia
instalar uma média de 0,01 linha telefônica nova até o final daquele mês.
Estime o número de novas linhas que a companhia deverá instalar até o final
de janeiro calculando a taxa de crescimento das linhas no começo do mês.

Não pode faltar

Regra do produto
Diferentemente da regra de derivação para soma de funções, a derivada
do produto não é produto das derivadas. Por exemplo, se f ( x ) = x e
g ( x ) = 2 x , temos que ( fg )( x ) = 2 x 2 e, usando a regra da potência,
( fg ) '(x ) = 4 x . Mas f '(x ) = 1 e g '(x ) = 2 e assim f '(x )× g '(x ) = 2 . Portanto,
( fg ) '(x ) ¹ f '(x )× g '(x ) . A regra do produto diz que a derivada do produto de
duas funções é o produto da primeira função pela derivada da segunda mais
o produto da segunda pela derivada da primeira. Essa regra será válida se
ambas as funções forem diferenciáveis. Considerando f ( x ) como a primeira
função e g ( x ) como a segunda função, pela regra temos:
d é d d
ê f ( x )× g ( x )ùúû = f ( x ) éêë g ( x )ùúû + g ( x ) éêë f ( x )ùúû
dx ë dx dx
Lembre-se que uma função f ( x ) é diferenciável se existir o limite em x , isto é:
df ( x ) f ( x + h) - f ( x )
= lim , que é o mesmo que escrever:
dx h®0 h

6
f ( x + h) - f ( x )
f '( x ) = lim
h®0 h
A partir de agora usaremos apenas a segunda nomenclatura.
Ao aplicar a definição da regra do produto na segunda nomencla-
tura temos:
f ( x + h)× g ( x + h) - f ( x )× g ( x )
éê f ( x )× g ( x )ùú ' = lim
ë û h®0 h
Vamos desenvolver esse limite para chegarmos a uma fórmula que facilite
o nosso cálculo. Para isso, vamos subtrair e adicionar f ( x + h)× g ( x ) no
numerador, logo:
f ( x + h)× g ( x + h) - f ( x + h)× g ( x ) + f ( x + h )× g ( x ) - f ( x )× g ( x )
éê f ( x ) g ( x )ùú ' = lim
ë û h®0 h
Colocando f ( x + h) e g ( x ) em evidência:
é f ( x + h) - f ( x ) ùú
éê f ( x )× g ( x )ùú ' = lim ê f ( x + h)× (
g x + h) - g ( x )
+ g ( x )×
ë û h®0 ê h h ú
êë úû
Aplicando as regras de limites para produtos:
g ( x + h) - g ( x ) f ( x + h) - f ( x )
é ù
ëê f ( x )× g ( x )ûú ' = lim
h®0
f ( x + h)× lim
h®0 h
+ lim g ( x )× lim
h®0 h®0 h
g ( x + h) - g ( x )
Observe que lim f (x + h) = f (x ) , lim = g '(x ) e
h®0 h®0 h
f ( x + h) - f ( x ) '
lim = f '(x ) . Assim: ëéê f ( x )× g ( x )ûùú = f ( x )× g ( x ) '+ g ( x )× f ( x ) '
h®0 h

Exemplificando
Seja a função h ( x ) = 5x 2 × sen( x ) . Neste caso podemos escrever a

função h como produto de duas funções f ( x ) = 5x 2 e g ( x ) = sen( x ) .


Então, aplicando a regra do produto teremos:

h¢ ( x ) = ( fg ) '(x ) = 5x 2 ×(sen( x ))¢ + (5x 2 )¢ × sen( x )


= 5x 2 × cos ( x ) + 10 x × sen( x )

Regra do quociente
Analogamente, a derivada de quociente não é simplesmente o quociente
das derivadas. Vamos dar um exemplo prático. Sejam f ( x ) = x 4 e g ( x ) = x .

7
'
æfö x4 æfö
Temos que ççç ÷÷÷( x ) = = x 3 e, portanto, ççç ÷÷÷ ( x ) = 3x 2 . Por outro lado,
çè g ÷ø x çè g ÷ø
'
f '(x )
æfö
f '( x ) = 4 x e g '( x ) = 1 . Logo,
3
= 4 x ¹ççç ÷÷÷ ( x ) . “A regra do quociente
3

g (x) çè g ÷ø

diz que a derivada de um quociente é o denominador vezes a derivada do


numerador menos o numerador vezes a derivada do denominador, todos
divididos pelo quadrado do denominador” (STEWART, 2016, p. 169).
Escrevendo matematicamente essa frase, temos:
d d
g ( x ) éëê f ( x )ùûú - f ( x ) éëê g ( x )ùûú
d êé f ( x ) úù dx dx
=
dx êëê g ( x ) úûú éê g ( x )ùú
2

ë û
E usando a outra notação temos:
'
æ f ( x )ö÷ g ( x ) f '( x ) - f ( x ) g ' ( x )
çç ÷
çç g x ÷÷÷ =
è ( )ø
2
é ù
ëê g ( x )ûú
Como foi apresentado para a regra do produto, observe como é possível
chegar a esse resultado ao usar a definição de derivadas usando limite:
f ( x + h) f ( x )
' -
é f (x)ù
ê ú = lim g ( x + h) g ( x ) = lim f ( x + h)× g ( x ) - f ( x )× g ( x + h)
ê g ( x ) ú h®0 h h®0 h × g ( x )× g ( x + h)
êë úû
Para transformar a última fração em uma equivalente que facilite o
cálculo da derivada vamos subtrair e adicionar f ( x )× g ( x ) ao numerador, logo:
'
é f (x)ù f ( x + h)× g ( x ) - f ( x )× g ( x ) + f ( x )× g ( x ) - f ( x )× g ( x + h )
ê ú
ê g ( x ) ú = limh®0 h × g ( x )× g ( x + h )
ëê ûú
f (x) g (x)
Colocando h
e h
em evidência temos:
é ù é ù
' ê g ( x )× f ( x + h) - f ( x ) ú - ê f ( x )× g ( x + h) - g ( x ) ú
é f (x)ù ê h ú ê h ú
ê ú = lim ëê ûú ëê ûú
ê g ( x ) ú h®0 g ( x )× g ( x + h)
êë úû
Aplicando as regras de limites para produtos, temos:
f ( x + h) - f ( x ) g ( x + h) - g ( x )
'
é f ( x ) ù lim g ( x )× lim - lim f ( x )× lim
ê ú = h®0 h®0 h h® 0 h® 0 h
ê g (x) ú lim g ( x )× lim g ( x + h)
ëê ûú h®0 h®0

Note que agora aparece a definição de derivada por limite de f e g .


Substituindo a notação de derivada:

8
é f ( x ) ù éê lim g ( x )ùú f ( x ) '- éê lim f ( x )ùú g ( x ) '
'
ê ú = ë h®0 û ë h®0 û
ê g (x) ú lim g ( x ) × lim g ( x + h )
ëê ûú h®0 h®0

Assim, falta resolver os limites restantes e obter fórmula final para a regra
do quociente:
'
é f (x)ù g ( x )× f ( x ) '- f ( x )× g ( x ) '
ê ú
ê g (x) ú = é ù
2
ëê ûú ëê g ( x )ûú

Exemplificando
sen( x )
Considere h ( x ) = . Note que a função h pode ser escrita como
x3 - 4x
quociente de duas funções:

f ( x ) = sen( x ) e g (x) = x 3 - 4 x . Temos que f ¢ ( x ) = cos ( x ) e

g ¢ ( x ) = 3x 2 - 4 . Então, utilizando a regra do produto:


' é 3 ù é 2 ù
æfö ê x - 4 x úû × cos ( x ) - sen( x )× êë3x - 4úû
h¢ ( x ) = ççç ÷÷÷ (x ) = ë
çè g ÷ø éx3 - 4xù
2

ëê ûú

Sem medo de errar

Após o estudo de derivada, vamos resolver a situação-problema apresen-


tada ao João? Vamos relembrar! Uma companhia telefônica quer estimar o
número de novas linhas residenciais que deverá instalar em um dado mês. No
início de janeiro tinha 100.000 assinantes, cada um com 1,2 linhas, em média.
A companhia estimou o crescimento das assinaturas a uma taxa mensal de
1000. Pesquisando os assinantes existentes, descobriu que cada um pretendia
instalar uma média de 0,01 linha telefônica nova até o final daquele mês.
Estime o número de novas linhas que a companhia deverá instalar até o final
de janeiro calculando a taxa de crescimento das linhas no começo do mês.
Solução:
Seja s (t ) o número de assinantes e n(t ) o número de linhas telefônicas
por assinante em um instante t , sendo que t é medido em meses e t = 0
corresponde ao início de janeiro. Então, o número total de linhas L(t ) é dado
pelo número de assinantes multiplicado pelo número de linhas por assinante,
ou seja, L (t ) = s (t )× n(t ) .

9
O problema pede para estimar o número de novas linhas que a compa-
nhia deverá instalar até o final de janeiro calculando a taxa de crescimento
das linhas no começo do mês, que consiste em calcular o L '(0) . Lembre-se
que a derivada é uma taxa de variação num dado instante.
• Dados do problema:
– Assinantes em janeiro Þ s (0) = 100.000 .
– Número de linhas por assinantes em janeiro Þ n(0) = 1,2 .
– Taxa de crescimento mensal de assinantes Þ s '(0) @ 1000 .
– Taxa de crescimento de novas linhas por assinante Þ n '(0) = 0,01 .
Como a função L (t ) = s (t )× n(t ) é o resultado do produto de duas funções,
sabemos que a derivada de L (t ) pode ser calculada pela regra do
produto como:
L '(t ) = s (t )× n '(t ) + s ' (t )× n(t )

Substituindo os dados na equação da derivada, tem-se:


L '(0) = s (0)× n '(0) + s '(0)× n(0)

L '(0) = 100000 × 0,01 + 1000 ×1,2

L '(0) = 1000 + 1200

L '(0) = 2200
A companhia precisou instalar aproximadamente 2200 novas linhas
telefônicas no mês de janeiro.
Veja que nesse exemplo não havia uma função definida, mas os números
estimados. Mas mesmo assim foi possível resolver o problema. Além disso,
perceba que os dois termos que aparecem na regra do produto vêm de fontes
diferentes: os antigos e os novos assinantes. Portanto, L ' é o resultado do
número de assinantes existentes vezes a taxa na qual eles ordenam novas
linhas mais o número médio de linhas por assinante vezes a taxa de cresci-
mento dos assinantes.

10
Avançando na prática

Equação da reta tangente

Encontre a equação da reta tangente e da reta normal ao gráfico de


x3 + x
y= no ponto de abscissa 2.
x -1

Resolução da situação-problema
Primeiramente, temos que a equação da reta é dada por y - y0 = m(x - x0 ) ,
onde x0 , y0 são pontos conhecidos e m é a inclinação da reta. Se a reta é
tangente no ponto ( x0 , y0 ) , m é dada pela derivada da função nesse ponto.
x3 + x
Então, a equação da reta tangente ao gráfico de y = no ponto de
x -1
abscissa 2 é dada por: y - f (2) = f '(2)×( x - 2) .
23 + 2 8 + 2
Observemos, inicialmente, que f (2) = = = 10 .
2 -1 1
Para encontrar o coeficiente angular da reta no ponto de abscissa x = 2 , temos:
(3x 2
+ 1)×( x -1) -( x 3 + x )×1
f '(x ) = 2
(x -1)
3 x 3 - 3 x 2 + x -1 - x 3 - x
=
x 2 - 2x +1
2 x - 3 x 2 -1
3
= 2
x - 2x +1
(2 × 8) -(3 × 4) -1 16 -12 -1
Portanto, f '(2) = = =3 .
4 - 4 +1 1
Assim, a equação da reta tangente procurada é:
y -10 = 3 ×( x - 2)

y = 3x + 4

Para encontrar a equação da reta normal à curva no ponto (2,10), lembramos


que ela é perpendicular à reta tangente nesse ponto. Logo, o coeficiente angular
da normal é o oposto do inverso do coeficiente angular da reta tangente.
Assim a reta normal tem equação:
1
y -10 = - ×( x - 2)
3

11
1 2
y = - x + + 10
3 3
1 32
y =- x +
3 3

Faça valer a pena

1. Marque a alternativa que apresenta a derivada da função y=


1
5x - 3
no
ponto x = 1 .
5
a. y'= .
64
4
b. y'=- .
5
c. y ' = -1 .

5
d. y ' = .
4
5
e. y'=- .
64
2. Para simplificar ou facilitar o processo de derivação foram desenvol-
vidas regras de diferenciação ou de derivação de diferentes tipos de funções:
polinomiais, racionais, algébricas, exponenciais, logarítmicas, trigonomé-
tricas e inversas trigonométricas.
Ao utilizar a regra do produto na derivação da função y = (2 x - 3)×( x 2 - 5x ) ,
foi encontrado como solução:
a. 6 x 2 - 26 x + 15 .
b. 12 x 2 - 26 x + 15 .
c. 24 x 2 - 26 x .
d. 32 x 2 - 26 x .
e. 64 x 2 - 26 .

3. Aplicando a regra do quociente na função y=


2x - 3
x +5
, é encontrada qual
solução?
x -3
a. y'= .
52
13
b. y ' = 2
.
(x + 5)

12
13
c. y'=- 2
.
(x + 5)
x +5
d. y ' = 2
.
(x + 5)
x +5
e. y'= 2
.
(x - 3)

13
Seção 2

Regra da cadeia

Diálogo aberto
A partir de agora iremos ampliar nossos estudos sobre as regras de
derivação. Veremos nesta seção conhecimentos sobre regra da cadeia, pois
as regras de derivação discutidas na seção anterior não são suficientes para
calcularmos as derivadas de todas as funções na prática.
Vimos na seção anterior que o estudo das derivadas, além de proporcionar
uma visão sobre o comportamento da função num determinado instante,
prevê o entendimento e a correta aplicação das regras de derivação. É por isso
que o estudo do cálculo diferencial passa pelo estudo de funções primeiro.
Afinal, as regras de derivação devem ser usadas levando-se em consideração
o tipo de função a ser derivada, existindo, inclusive regras específicas para
determinadas funções.
Agora, vamos voltar à situação hipotética apresentada no Convite
ao estudo?
Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João
resolver foi a seguinte: suponha que o engenheiro da empresa tenha um carro
econômico que faça 20 km por litro de combustível. Sabe-se que a quilome-
tragem que pode ser alcançada sem reabastecer é uma função do número de
litros que há no tanque de combustível. Se cada litro de combustível custa 4
reais no posto favorito do engenheiro, qual a quilometragem obtida por real
gasto em combustível? Considere que a quantidade de combustível dispo-
nível no tanque é uma função da quantia de dinheiro gasto no abastecimento.

Não pode faltar

Definição de função composta


Dadas duas funções f e g , a função composta f  g (também chamada
de composição de f e g ) é definida por ( f  g )( x ) = f ( g ( x )) .
O domínio de f  g é o conjunto de todos os x no domínio de g , tal que
g ( x ) está no domínio de f . Em outras palavras, ( f  g )( x ) está definida
sempre que tanto g ( x ) quanto f ( g ( x )) estiverem definidas.

14
Em geral, f  g ¹ g  f . Lembre-se de que a notação f  g significa que a
função g (interna) é aplicada primeiro e depois f (função externa) é
aplicada.
Para derivar uma função composta f ( g ( x )) em x será necessário efetuar
a derivada de f em g ( x ) multiplicada pela derivada de g em x . Essa obser-
vação é conhecida como a regra da cadeia, a qual vamos conhecer agora.
Regra da cadeia
Considere a função h ( x ) = 23 x+1 . Lembrando a regra para derivar a função
f ( x ) = a x , temos que f ¢ ( x ) = a x × ln (a) . Contudo, devemos observar que o
expoente da função f ( x ) = 23 x+1 não é simplesmente x , mas a função
g ( x ) = 3x + 1 . Se recordarmos do conceito de derivada como taxa de variação
de uma função, será possível perceber que aplicar a regra de derivação para
funções do tipo f ( x ) = a x para uma função tal como h ( x ) = 23 x+1 não levará
em conta esta taxa de variação dada pelo expoente g ( x ) = 3x + 1 (note que
este expoente varia três vezes mais rápido que o expoente apenas x da função
f ( x ) = a x ). Assim, precisamos de uma outra estratégia para derivar funções
como h ( x ) = 23 x+1 . Veja que esta é uma função composta de duas outras
funções, a saber, f ( x ) = 2 x e g ( x ) = 3x + 1 . Então, a função composta
( f  g )(x ) = f ( g (x )) é igual a ( f  g )(x ) = f ( g (x )) = 23 x+1 = h(x ) . Até o presente
momento não sabemos como efetuar a derivada de ( f  g )( x ) = f ( g ( x )) de
uma forma prática. A regra da cadeia é justamente esta regra prática e está
apresentada a seguir.
Regra da cadeia: suponha que a função g seja diferenciável em x e a
função f seja diferenciável em g ( x ) . A derivada da função composta
( f  g )(x ) = f ( g (x )) é dada por ( f  g )¢ (x ) = f ¢ ( g (x ))× g ¢ (x ) .
Temos uma outra notação que pode facilitar o entendimento. Escrevendo
u = g (x ) , temos que a derivada da função composta é:
d( f  g) df dg
=
dx du dx
Podemos traduzir em palavras a regra da cadeia assim: a derivada da
função composta ( f  g )( x ) = f ( g ( x )) é igual a obter o produto da derivada
f ¢ em relação a u = g (x ) pela derivada g ¢ em relação a x.
A Figura 3.1 ilustra em um diagrama a regra da cadeia.

15
Figura 3.1 | Taxa de variação múltipla

Fonte: adaptada de Thomas (2013, p.180) .

Vamos voltar para o exemplo que estávamos explorando: h(x ) = 23 x+1 .


Considere as funções f ( x ) = 2 x e g ( x ) = 3x + 1 . Temos que: f '( x ) = 2 x ln (2) e
g ¢(x) = 3 .
Note que f '( g (x )) significa que, no lugar de x , vai ser substituído o valor
de g ( x ) , então, f '( g (x )) = 23 x+1 + ln2 . Portanto:

( f  g )¢ (x ) = f ¢ ( g (x ))× g ¢ (x ) = 23 x+1 × ln (2)× 3 = 3ln (2)23 x+1

Vejamos alguns exemplos da regra da cadeia.

Exemplificando
Encontre a derivada para a função composta ( f  g )(x ) = f ( g (x )) ,
onde:

• f ( x ) = 5x 3 - 7 x 2 + 3x -11 e g ( x ) = sen( x ) .

• f ( x ) = 5cos ( x ) e g ( x ) = 5x 2 - 3x + 2 .
1. Para obter a derivada da composta ( f  g )( x ) primeiro derivamos
a função f ( x ) , calculamos esta derivada na função g ( x ) e multi-
plicamos este resultado pela derivada da função g ( x ) . Vejamos:

A derivada da função f ( x ) é: f ¢ ( x ) = 15x 2 -14 x + 3 .


Substituímos a função g ( x ) = sen( x ) na expressão apresentada e

obtemos: f ¢ ( g ( x )) = 15sen2 ( x ) -14 sen( x ) + 3 .


A derivada da função g ( x ) é g ¢ ( x ) = cos ( x ) .
Finalmente:

( f  g )¢ (x ) = f ¢ ( g (x ))× g ¢ (x )
= éëê15sen2 ( x ) -14 sen( x ) + 3ùûú × cos ( x )
= 15sen2 ( x ) cos ( x ) -14 sen( x ) cos ( x ) + 3cos ( x )

16
2. Efetuamos a derivada f ¢ ( x ) = -5sen( x ) e calculamos esta
derivada na função g ( x ) :

f ¢ ( g ( x )) = -5sen(5x 2 - 3x + 2) .
Agora efetuamos g ¢ ( x ) = 10 x - 3 . Então:

( f  g )¢ (x ) = f ¢ ( g (x ))× g ¢ (x ) = -5sen(5x 2 - 3x + 2)×(10x - 3)


Aplicações da regra da cadeia
Imagine que na indústria de embalagens da qual você faz parte do quadro
societário são utilizadas máquinas em uma das etapas de produção das
embalagens cujo custo de produção (em milhares de R$), em função da
energia elétrica necessária (em kWh), é dado pela função C ( E ) = 0,329 E ,
onde E representa a energia elétrica. Considere que a função que associa uma
determinada quantidade q de embalagens a serem produzidas com a energia
elétrica necessária seja E (q) = 9500q + 125 . Qual a taxa de variação no custo
de produção quando são produzidas 1000 embalagens?
Note que a derivada de C ( E ) é medida em R$/kWh e a derivada de E (q)
é medida em kWh/unidades de embalagens produzidas. Ao multiplicarmos
as duas derivadas teremos (R$/kWh)*(kWh/unidades) = R$/unidades, ou
seja, avaliaremos a taxa de variação do custo em termos da quantidade de
embalagens produzidas.
Para determinar a taxa de variação do custo de produção em termos
da variação na quantidade de embalagens produzidas devemos derivar a
função composta:
(C  E )(q) = C (E (q)) = 0,329 9500q + 125

Para tal, usaremos a regra da cadeia:


0,329 0,329
C ¢(E) = = e E ¢ (q) = 9500
2 E 2 9500q + 125
Então, pela regra da cadeia:
0,329 × 9500 3125,5
(C  E )¢ (q) = C ¢ (E (q))× E ¢ (q) = =
2 9500q + 125 2 9500q + 125
Agora basta substituirmos q = 1000 na expressão apresentada:
(C  E ) '(1000) = C ¢ (E (1000))× E ¢ (1000)
3125,5
=
2 9500 ×1000 + 125
3125,5
=
2 9500125
@ 0,51 R$/unidade

17
Portanto, ao produzir 1000 embalagens, o custo de produção varia em
torno de R$ 0,51 por unidade.

Assimile
Você pode entender a regra da cadeia para derivar a função composta

( f  g )(x ) = f ( g (x )) da seguinte forma: derivamos a função “de fora”


calculada na função “de dentro” e multiplicamos pela derivada da
função “de dentro”.

Sem medo de errar

Após o estudo da regra da cadeia, vamos resolver a situação-problema


apresentada ao João? Vamos relembrar!
Suponha que um engenheiro da empresa tenha um carro econômico que
faça 20 km por litro de combustível. Se cada litro de combustível custa 4 reais
no posto favorito do engenheiro, qual a quilometragem obtida por real gasto
em combustível? Considere que a quantidade de combustível disponível no
tanque é uma função da quantia de dinheiro gasto no abastecimento.
Solução:
• Sabe-se que a quilometragem que pode ser alcançada sem reabas-
tecer é uma função do número de litros que há no tanque de combus-
tível. Em símbolos, se y for o número de quilômetros que pode ser
alcançado e u for o número de litros de combustível disponíveis,
então y é uma função de u , ou y = f (u) .
• Considerando que a quantidade de combustível disponível no tanque
é uma função da quantia de dinheiro gasto no abastecimento, se x
for o número de reais pagos no abastecimento, então u = g ( x ) .
• Então, o número de quilômetros que pode ser percorrido pode ser
expresso em uma função composta, que expressa a quilometragem
rodada em relação ao valor abastecido em reais, ou seja:
y = f (u) = f ( g ( x )) .
• 20 quilômetros por litro é a taxa de variação da quilometragem em
dy
relação ao combustível gasto, logo: f '(u) = = 20 quilômetros
du
por litro.
• Como cada combustível custa 4 reais por litro, cada real fornece 1 4
du 1
de litro de combustível, ou seja, g '( x ) = = litro por real.
dx 4

18
dy
• A quilometragem obtida por real gasto em combustível é .
dx
• Logo, temos pela regra da cadeia que:
dy dy du
= ×
dx du dx
• Substituindo os valores que temos, obtemos
20km 1litro 20km
× = = 5km / real
1litro 4reais 4reais

Avançando na prática

Epidemia

Uma cidade x é atingida por uma moléstia epidêmica. Os setores de


saúde calculam que o número de pessoas atingidas pela moléstia depois de
um tempo t (medido em dias a partir do primeiro dia da epidemia) é,
aproximadamente, dado por:
3
2 (t + 1) 93
N (t ) = 64 (t 2 + 1) -
2
+ (t + 1)
3 4
Qual é a função que descreve a taxa de variação com que essa epidemia
cresce em função dos dias?

Resolução da situação-problema
Vamos calcular por partes. Primeiro, vamos escrever N (t ) como soma de
2
três funções, ou seja: N (t ) = f (t ) + g (t ) + h(t ) , onde f (t ) = 64 (t 2 + 1) ,
3
(t + 1) 9 2
g (t ) = - e h (t ) = 3 (t + 1) . Vamos chamar de u = t 2 + 1 , então
3 2 4
f (t ) = 64 (t 2 + 1) = 64u2 .
Assim:
df df du
= = 128u × 2t = 128(t 2 + 1)2t = 256t (t 2 + 1)
dt du dt 3
(t + 1) v3
Agora, chamando de v = t + 1 , temos que g (t ) = - =- . Logo:
3 3
dg dg dv 2
= = -v 2 ×1 = -(t + 1)
dt dv dt
9 2 9 3 v2
Por fim, h(t ) = 3 (t + 1) = e, portanto:
4 4

19
dh dh dv 9 2 1 3
= = ×1 = 3
dt dv dt 4 3 v
3
2 t +1
Logo:
dN df dg dh
= + +
dt dt dt dt
3
= 256t (t 2 + 1)-(t + 1) +
2

2 t +1
3

Faça valer a pena

1. Dadas as funções f ( x ) = x 4 e g ( x ) = 2 x -1 .

Marque a alternativa correta que apresenta y = f ( g ( x )) e y ' , respectiva-


mente.
3 3
a. y = (2 x + 1) e y ' = 4 (2 x + 1) .
4 3
b. y = (2 x -1) e y ' = 8(2 x -1) .
3 3
c. y = (2 x -1) e y ' = 8 (2 x -1) .
4 3
d. y = (2 x -1) e y ' = 4 (2 x -1) .
2 3
e. y = (2 x -1) e y ' = 2 (2 x -1) .

2. O desenvolvimento da regra da cadeia foi considerado pelos matemáticos


um método simples para realizar derivações de funções compostas, o que
facilita ainda mais a análise e entendimento das taxas de variações.
Ao aplicar a regra da cadeia na função composta f ( x ) = e 3x foi encontrada a
derivada i igual a:
a. 9e 2 x .
b. 3 × e 3 x .
c. e 3x .
d. e 2x .
e. e x .

3. Complete a afirmativa com a alternativa correta:


A regra da cadeia afirma que a derivada composta de duas funções é a
derivada da função _____________ calculada na função ______________,
vezes derivada da função ______________.

20
a. de fora; de dentro; de dentro.
b. de dentro; de fora; de dentro.
c. de fora; de fora; de dentro.
d. de dentro; de dentro; de fora.
e. de fora; de fora; de fora.

21
Seção 3

Derivada exponencial e logarítmica

Diálogo aberto
Nesta seção você irá aprender a derivar as funções exponenciais
e logarítmicas.
Vale lembrar que os logaritmos e exponenciais são extremamente úteis
para resolver problemas que ocorrem em situações diversas, como economia,
previsão de enchentes, crescimento populacional, abalos sísmicos, entre
várias outras. Portanto, o estudo dessas funções é muito importante; elas
aparecem em diversas análises que um engenheiro por exemplo precisa fazer.
Agora observe que saber derivar as funções é fundamental em engenharia,
afinal, em quantas situações um engenheiro não precisa encontrar a taxa
de variação instantânea? Então, aproveite a oportunidade e aprofunde seus
conhecimentos.
Vamos voltar à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo?
Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver
foi a seguinte: considere uma população de bactérias em um meio nutriente
homogêneo. Suponha que, tomando amostras da população em certos inter-
valos, determina-se que ela duplica a cada hora. Considere que a população
inicial é de n0 = 100 bactérias, qual é a taxa de crescimento depois de 4 horas?
Figura 3.2 | População de bactérias

Fonte: iStock.

22
Não pode faltar

Derivada de função logarítmica


Para entendermos a derivada de uma função logarítmica vamos conhecer
o segundo limite fundamental:
x x
æ 1ö æ 1ö
lim çç1 + ÷÷ = e = lim çç1 + ÷÷
x®¥ çè xø ÷ x ®-¥ çè x ÷ø
1
Fazendo uma mudança de variável v = , obtemos o seguinte limite:
x
1
lim (1 + v ) v = e
v®0

1
Para demonstrar essa mudança de variável, vamos substituir x = no
v
segundo limite fundamental. Assim, teremos que:
x
1 æ 1ö
lim (1 + v ) v = lim çç1 + ÷÷÷ = e , então x ® ¥ se v ® 0+
v®0+ x®¥ çè xø
x
1 æ 1ö
lim (1 + v ) v = lim çç1 + ÷÷÷ = e , então x ® -¥ se v ® 0-
v®0- x®-¥ çè xø
Como os limites laterais são iguais, podemos concluir que o limite existe.
Agora, podemos aplicar a definição de derivada a partir de limites da
seguinte maneira:
d ln ( x + h) - ln x
(ln x ) = lim
dx h®0 h
1 æç x + h ÷ö çæ æ ö÷ö
= lim ln ç ÷ , aplicando a propriedade dos logaritmos çççln a-ln b=lnçç a ÷÷÷÷÷÷÷
h®0 h çè x ø÷ çè çè b ø÷ø
1 æ hö
= lim ln çç1 + ÷÷÷ , fazendo h = vx , então v ® 0 quando h ® 0
h®0 h èç x ø
1
= lim ln (1 + v ) , como x está fixo nesse cálculo ele pode ser movido
vx
v®0

1 1 æa a ö
= lim ln (1 + v ) pela propriedade da potência çç ln x = ln x b ÷÷÷
x v ®0 v ç
èb ø
1 1
= lim ln (1 + v ) , como ln x é contínua é possível mover o limite
v
x v®0
1 é 1 ù
= ln ê lim (1 + v ) v ú , usando o segundo limite fundamental
x ë v ® 0 û
1
= lne , lembrando que ln e = 1
x
1
=
x

23
d 1
Portanto, podemos concluir que (ln x ) = . Lembrando que podemos
dx x
log x
fazer a mudança de base para logaritmo, isto é, log a x = b , onde b é uma
log b a
base arbitrária. Então, escolhendo b = e e sabendo que log e x = ln x , temos:
d d æ ln x ö 1 d
(log a x ) = ççç ÷÷÷ = (ln x )
dx dx è ln a ø ln a dx
d 1
E, portanto, (log a x ) = ,x >0 .
dx x ln a

Exemplificando
Calcule a derivada da função y = ln ( x 2 + 1) .
Para resolver essa derivada será necessário usar a regra da cadeia
estudada na seção anterior. Então, vamos escrever a função y em

termos de uma função composta. Fazendo f (x ) = ln x e g (x ) = x 2 + 1 ,


temos:
y = f ( g ( x )) = f ( x 2 + 1) = ln ( x 2 + 1)
Dessa construção podemos calcular a derivada pela regra da cadeia:
é f ( g ( x ))ù = f '(z )× g '( x ) ou dy = df × dg ,
'

êë úû dx dz dx
com z = g (x ) . Então tem-se:
dg dz df dy 1
= = 2x , = =
dx dx dz dz z
Substituindo os valores na fórmula da regra da cadeia:
dy df dg
= ×
dx dz dx
dy 1
= × 2x
dx z
dy 2x
=
dx x 2 + 1
Derivada de função exponencial
Quando aplica-se a definição de derivada a f ( x ) = a x , podemos observar
que a derivada é um múltiplo constante do próprio a x :
f ( x + h) - f ( x )
f '( x ) = lim
h®0 h
a x+h - a x
= lim , utilizando a propriedade do produto (a x+ y = a x a y )
h®0 h

24
a xah - a x
= lim , colocando a x em evidência
h®0 h
a x (a h -1)
= lim , a x é uma constante
h®0 h
a h -1
= a x lim
h®0 h
Observe que o limite é o valor da derivada de f em zero, isto é,
a h -1 a h+0 - a 0
lim = lim = f '(0)
h®0 h h®0 h
a h -1
Mas também temos que lim = ln a , logo:
h®0 h
f '( x ) = a x ln a

Quando a = e , tem-se:
d x
f '( x ) = e x ln e Þ f '( x ) = e x ou
dx
(e ) = e x
Outra forma de ser definida a função exponencial é escrever x como
logaritmo, isto é, y = a x Þ x = log a y .
Derivando os dois lados em relação a x :
d d
x = (log a y ) pela regra de derivação de logaritmos que vimos, temos:
dx dx
1 dy
1=
y ln a dx
dy
= y ln a como y = a x , então ao substituir tem-se:
dx
dy
= a x ln a , ou seja, chegamos no mesmo resultado.
dx
Derivada da função exponencial composta
Seja u ( x ) função derivável, aplicando a regra da cadeia podemos genera-
lizar as proposições:
1. y = a u (a > 0, a ¹ 1) Þ y ' = a u × ln a × u ' .
2. y = e u Þ y ' = e u × u ' .
u'
3. y = log a u Þ y ' = .
u ln a
u'
4. y = ln u Þ y ' = .
u

25
Exemplificando
x
Calcule a derivada da função y = ln (1 2) .
Para resolver essa derivada será necessário usar a regra da cadeia,
como ocorreu no primeiro exemplo. Então, vamos separar as funções
menores que compõem a função y .
ìïz = g ( x )
y = f ( g ( x )) Þ ïí
ïï y = f (z )
î
1
g (x ) = x Þ g '(x ) =
2 x
z z
æ1ö æ1ö 1
f (z ) = ln çç ÷÷ Þ f '(z ) = çç ÷÷ ln
çè 2 ø÷ èç 2 ø÷ 2
Substituindo os valores na fórmula da regra da cadeia:
z
dy df dg æç 1 ö÷ 1 çæ 1 ÷ö
= = ç ÷ ln ×ç ÷
dx dz dx çè 2 ÷ø 2 çè 2 x ÷÷ø
Substituindo z :
x
1 æ 1 ö æ 1 ö÷
y ' = ln çç ÷÷ çç ÷
2 çè 2 ÷ø èç 2 x ø÷÷

Sem medo de errar

Após estudo de derivada, vamos resolver a situação-problema apresen-


tada a João?
Considere uma população de bactérias em um meio nutriente homogêneo.
Suponha que, tomando amostras da população em certos intervalos, deter-
mina-se que ela duplica a cada hora. Considere que a população inicial é de
n0 = 100 bactérias, qual é a taxa de crescimento depois de 4 horas?

Solução:
Se a população inicial for n0 e o tempo for medido em horas, então:
f (1) = 2 f (0) = 2n0

f (2) = 2 f (1) = 22 n0

f (3) = 2 f (2) = 23 n0

E, em geral, a função da população é f (t ) = n0 2t .


Portanto, a taxa de crescimento da população de bactérias no tempo t é:

26
df d
= (n0 2t ) = n0 2t ln2
dt dt
Considerando a população n0 = 100 bactérias, a taxa de crescimento
depois de 4 horas será de:
dn
= 100 × 24 ln2 = 1600 ln2 @ 1109
dt
Assim, depois de 4 horas, a população de bactérias está crescendo a uma
taxa de aproximadamente 1109 bactérias por hora.

Avançando na prática

Boato

Sob certas circunstâncias, um boato se propaga de acordo com a equação


1
p (t ) = 1 + , onde p (t ) é a proporção da população que já ouviu o boato
ae-kt
no tempo t e a e k são constantes positivas.

Qual a taxa de espalhamento do boato?

Resolução da situação-problema
Vamos calcular a derivada da função p . Precisamos utilizar a regra da
1
cadeia. Vamos chamar de f (x ) = 1 + x e g (t ) = -kt , assim p(t ) = f ( g (t )) .
ae
Logo:
p '(t ) = f '( g (t )) g '(t )

ae-kt ake-kt k
p '(t ) = - 2
×-k = =
(ae )
-kt a 2e-2 kt ae-kt

Faça valer a pena

1. Em que ponto da curva y = e x sua reta tangente é paralela a y = 2 x ?

a. (ln(2),2) .
b. (2, ln(2)) .
c. (x , ln(x )) .
d. (ln(x ), x ) .

27
e. (e, ln(2)) .
2. Marque a alternativa correta:
d x
a. 3 = 3 × ln (3) .
dx
d 3x
b. e = e3x .
dx
d 1
c. log 3 ( x ) = .
dx ln3
d
d. x × log ( x ) = e × log (e × x ) .
dx
d 2 x
e. x × log 5 ( x ) = 2 x log 5 ( x ) + .
dx ln(5)
3. Considerando f ( x ) = x 4 - ln ( x ) o valor de f '(1) será:

a. 3 .
b. 2 .
c. 4 .
d. 1 .
e. 1 .
4

28
Seção 4

Derivadas trigonométricas e derivadas


sucessivas

Diálogo aberto
As funções trigonométricas são usadas em modelos de fenômenos do
mundo real. Em particular: as vibrações, ondas, movimentos elásticos e
outras grandezas que variem de maneira periódica podem ser descritos utili-
zando-se as funções trigonométricas.
Assim, iremos enfatizar o estudo da derivada das funções trigonomé-
tricas e também das derivadas sucessivas. Apresentaremos os seus conceitos e
aplicações. Então, aproveite a oportunidade e aprofunde seus conhecimentos.
Vamos voltar à situação hipotéica apresentada no Convite ao estudo?
Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver
foi a seguinte: um engenheiro está desenvolvendo um projeto. Para tanto,
pendura um peso em uma mola que é puxado para baixo a 5 unidades da
posição de repouso e liberado no instante t = 0 para que oscile para cima e
para baixo. Sabe-se que a posição do peso em qualquer instante t posterior é:
s = 5cos (t )
Para realização do projeto o engenheiro precisa saber quais são a veloci-
dade e a aceleração do peso no instante t . E agora, como João poderá resolver
esse problema? Ajude-o a encontrar a velocidade e a aceleração do peso no
instante t .
Figura 3.3 | Sistema massa-mola

Fonte: http://efisica.if.usp.br/mecanica/ensinomedio/elasticidade/experimento/. Acesso em: 26 ago. 2019.

29
Não pode faltar

Derivadas das funções trigonométricas: sen( x ) e cos ( x )


Para calcularmos a derivada da função y = sen( x ) , vamos utilizar da
definição de limites e da seguinte propriedade:
sen( x + h) = sen( x ) cos (h) + cos ( x ) sen(h)

Assim, vamos ter o seguinte desenvolvimento:


dy sen( x + h) - sen( x )
= lim (definição da derivada)
dx h® 0 h
(sen(x ) cos (h) + cos (x ) sen(h))- sen(x )
= lim (propriedade)
h®0 h
sen( x )(cos (h) -1) + cos ( x ) sen(h)
= lim
h®0 h
æ cos (h) -1ö÷ æ sen(h)÷ö
= lim çççsen( x )× ÷÷ + lim ççcos ( x )×
ç
÷÷
h®0 ç
è h ÷
ø h®0 çè h ÷ø
cos (h) -1 sen(h)
= sen( x )× lim + cos ( x )× lim
h®0 h h®0 h
sen(h)
Temos que lim = 1 e:
h®0 h
cos (h) -1 cos (h) -1 cos (h) + 1
lim = lim
h®0 h h®0 h cos (h) + 1
cos (h) -1
2

= lim
h®0 h cos (h) + 1
-sen2 (h)
= lim
h®0 h cos (h) + 1
sen(h) sen(h)
= - lim
h®0 h cos (h) + 1
sen(h)
= - lim1×
h®0 cos (h) + 1
0
=-
1 +1
=0
Portanto, podemos concluir que a derivada da função seno é a
função cosseno.

30
d
dx
(sen(x )) = cos (x )

Exemplificando
sen( x )
Calcule a derivada da função y = .
x
d
dy dx ( ( ))
sen x × x - sen( x )×1
= (regra do quociente)
dx x2
x cos ( x ) - sen( x )
=
x2

Para o cálculo da função cosseno, vamos utilizar da propriedade da


fórmula da soma do ângulo:
cos ( x + h) = cos ( x ) cos (h) - sen( x ) sen(h)

Assim, para a função cosseno teremos o seguinte desenvolvimento:


d cos ( x + h) - cos ( x )
dx
( cos ( x )) = lim
h® 0 h
(definição de derivada)

(cos (x )cos (h)- sen(x ) sen(h))- cos (x )


= lim
h®0 h
cos ( x )(cos (h) -1) - sen( x ) sen(h)
= lim
h®0 h
cos (h) -1 sen(h)
= lim cos ( x )× - lim sen( x )×
h®0 h h®0 h
cos (h) -1 sen(h)
= cos ( x )× lim - sen( x )× lim
h®0 h h®0 h
= cos ( x )× 0 - sen( x )×1

= -sen( x )

Assim a derivada da função cosseno é a oposta da função seno.


d
dx
(cos (x )) = -sen(x )

Exemplificando
Calcule a derivada da função y = sen( x ) cos ( x ) .
dy d d
= sen( x ) (cos ( x )) + cos ( x ) sen( x ) (regra do produto)
dx dx dx

31
= sen( x )(-sen( x )) + cos (cos ( x ))

= cos 2 x - sen2 x

Derivada das demais funções trigonométricas


Como as demais funções trigonométricas são definidas a partir do seno e
cosseno, podemos usar as regras de derivação para encontrar suas derivadas.
Todas essas fórmulas podem ser demonstradas através da utilização da
definição de derivadas ou podem ser demonstradas por meio da regra do
produto ou do quociente, aplicando as regras às relações:
sen( x ) cos ( x ) 1 1
tg ( x ) = ; cot g ( x ) = ; sec ( x ) = ; cos s ec ( x ) =
cos ( x ) sen( x ) cos ( x ) sen( x )

Exemplificando
sec ( x )
Calcule a derivada da função y = .
1 + tg ( x )

d d
(1 + tg (x )) dx (sec(x ))- sec(x ) dx (1 + tg (x ))
f '(x ) = 2
(1 + tg (x ))
(1 + tg (x ))sec(x )tg (x )- sec(x )× sec2 (x )
= 2
(1 + tg (x ))
sec ( x )(tg ( x ) + tg 2 ( x ) - sec2 ( x ))
= 2
(1 + tg (x ))
sec ( x )(tg ( x ) -1)
= 2
(1 + tg (x ))
Na última igualdade foi utilizada a identidade
tg 2 ( x ) + 1 = sec2 ( x ) Þ tg 2 ( x ) - sec2 ( x ) = -1 .

Derivadas sucessivas
Seja f uma função diferenciável, então sua derivada f ' também é uma
função, de modo que f ' pode ter sua própria derivada, denotando da
seguinte maneira: ( f ') ' = f '' . A função f '' é chamada de segunda derivada
ou derivada de ordem dois de f . Usando a notação de Leibniz temos a
segunda derivada de y = f ( x ) como:

32
d æç dy ö÷ d 2 y d æç df ö÷ d 2 f
çç ÷÷ = 2 ou ç ÷=
dx è dx ø dx dx çè dx ÷ø dx 2
De forma análoga, podemos calcular a derivada de ordem 3, ordem 4 etc.

Exemplificando
Calcule a segunda derivada da função y = x 3 - x .

Já sabemos que f '( x ) = 3x 2 -1 . Calculando a derivada de novo, temos


f ''( x ) = 6 x .

A derivada de uma função indica a ocorrência de variações em um certo


intervalo e se este está apresentando um crescimento ou decrescimento:
• Quando f ' for maior que zero em um certo intervalo, então f será
crescente neste intervalo.
• Quando f ' for menor que zero em um certo intervalo , então f será
decrescente neste intervalo.
E para a segunda derivada dessa função, o crescimento ou decrescimento
seguirá a mesma tendência da primeira derivada, ou seja:
• Quando f '' for maior que zero em um certo intervalo, então f ' será
crescente neste intervalo.
• Quando f '' for menor que zero em um certo intervalo, então f ' será
decrescente neste intervalo.
A derivada de uma função representa a taxa de variação, então a derivada
segunda será a taxa de variação de uma taxa de variação. Quando a derivada
segunda é positiva, a sua taxa de variação em relação a f será crescente e,
quando a derivada segunda é negativa, a sua taxa de derivação será decrescente.

Sem medo de errar

Após o estudo de derivada, vamos resolver a situação-problema apresen-


tada a João? Vamos relembrar! Um engenheiro está desenvolvendo um
projeto. Para tanto, pendura um peso em uma mola que é puxado para baixo
a 5 unidades da posição de repouso e liberado no instante t = 0 para que
oscile para cima e para baixo. Sabe-se que a posição do peso em qualquer
instante t posterior é:
s = 5cos (t )

33
Para realização do projeto o engenheiro precisa saber quais são a veloci-
dade e a aceleração do peso no instante t . E agora, como João poderá resolver
esse problema? Ajude-o a encontrar a velocidade e a aceleração do peso no
instante t .
Solução:
Primeiro, precisamos retomar alguns conceitos de física. Quando temos
a função posição, a derivada dela resulta em função velocidade. E quando
deriva a função velocidade, temos a função aceleração. Então:
• Posição: s = 5cos (t ) .
ds d
• Velocidade: v = = (5cos (t )) = -5sen(t ) .
dt dt
dv d
• Aceleração: a = = (-5sen(t )) = -5cos (t ) .
dt dt
Assim, com o passar do tempo, o peso se desloca para cima e para baixo
entre s = -5 e s = 5 no eixo s . A amplitude do movimento é 5. O período do
movimento é 2p , que é o período da função cosseno.
E, por fim, a velocidade v = -5sen(t ) atinge sua maior magnitude 5 ,
quando sen(t ) = ±1 . Assim, o módulo da velocidade do peso v = 5 sen(t ) é
o máximo quando cos (t ) = 0 , isto é, quando sen(t ) = ±1 . Isso ocorre quando
p
t =± , nas extremidades do intervalo do movimento. (THOMAS, 2012).
2

Avançando na prática

Velocidade e aceleração

Um corpo em uma mola vibra horizontalmente sobre uma superfície lisa.


Sua equação de movimento é x (t ) = 8sen(t ) , onde t está em segundos e x ,
em centímetros. Encontre a velocidade e a aceleração do corpo na posição de
2p
equilíbrio t = .
3

34
Figura 3.4 | Mola vibrando horizontalmente

Fonte: http://www.alunosonline.com.br/fisica/forca-elastica.html. Acesso em: 26 ago. 2019.

Solução:
Vamos calcular a derivada da função x .
x '(t ) = 8cos (t ) é a função velocidade. Assim:
æ 2p ö æ 2p ö æ 1ö
x 'çç ÷÷ = 8cos çç ÷÷ = 8 ×çç- ÷÷ = -4
èç 3 ø÷ èç 3 ø÷ èç 2 ø÷

Se derivar mais uma vez a função x , obtemos a função aceleração, ou


seja: x ''(x ) = -8sen(t ) . Logo:
æ 2p ö æ 2p ö 3
x ''çç ÷÷ = -8sençç ÷÷ = -8 × = -4 3
çè 3 ø÷ çè 3 ø÷ 2

Faça valer a pena

1. Para a função y = sen( x 2 ) marque a alternativa que mostra a derivada


dessa função.
a. y ' = 2sen( x ) .

b. y ' = -2cos ( x ) .
c. y ' = 2 x cos ( x 2 ) .

d. y ' = x cos ( x 2 ) .
e. y ' = 2 x cos ( x ) .

2. Considere a função y = cos ( x 2 + 2 x -1)- 3sen( x ) .

Marque a alternativa que mostra a derivada dessa função.


a. y ' = (-2 x - 2) cos ( x 2 + 2 x -1)- 3cos ( x ) .

b. y ' = (-2 x - 2) sen( x 2 + 2 x -1)- 3cos ( x ) .

35
c. y ' = (-2 x - 2) sen( x 2 + 2 x -1)- 3sen( x ) .

d. y ' = (2 x + 2) sen( x 2 + 2 x -1)- 3cos ( x ) .


e. y ' = (2 x + 2) cos ( x 2 + 2 x -1)- 3cos ( x ) .

3. Se f ( x ) = 3x 4 - 2 x 3 + x 2 - 4 x + 2 , então a derivada de quarta ordem de f


será igual a:
a. 0 .
b. 72 .
c. 1 .
d. 72 x -12 .
e. 36 x 2 -12 x + 2 .

36
Referências

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