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UFPB -CAMPUS IV- DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: SÉRIES E EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
PROFESSORA: CLAUDILENE COSTA

II UNIDADE – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

Desde os primórdios da ciência, os enigmas da engenharia, física, biologia e ciências sociais


desafiaram mentes brilhantes. Expressos em equações, esses problemas revelam a constante mudança
dos sistemas dinâmicos.
As Equações Diferenciais, verdadeiros tesouros matemáticos, capturam a essência do movimento
e interações entre variáveis, decifrando os mistérios do universo. Da previsão do comportamento de
sistemas mecânicos complexos à modelagem de propagação de ondas eletromagnéticas, essas equações
abordam uma vasta gama de desafios.
Traduzindo problemas do mundo real para uma linguagem matemática precisa, as equações
diferenciais nos ajudam a entender melhor o universo. Ao dominá-las, abrimos portas para descobertas
e inovações, desvendando padrões ocultos e moldando o curso dos acontecimentos, seja na engenharia,
física, biologia ou ciências sociais.
É hora de juntos explorarmos o poder e o fascínio das Equações Diferenciais.
ⅆy
Observe que dada uma função y = f (x), a sua derivada ⅆx = f ′ (x) é uma função de x e é obtida
2 ⅆy
por regras de derivação apropriadas. Por exemplo, se y= 5ⅇ2x então sua derivada é a função ⅆx =
2
20𝑥ⅇ2x .
ⅆy
Vamos resolver a seguinte questão: dada uma equação como ⅆx = 4xy, queremos encontrar, de
algum modo, uma função que satisfaça a equação. Ou seja, queremos resolver equações diferenciais.

DEFINIÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL

Definição: Uma equação diferencial (ED) é uma equação que relaciona uma função incógnita com
suas derivadas.
Exemplos:

ⅆx ∂y ∂x
a) ⅆt = 2x + 1 b) xy ′ + 2𝑦 = 4 c)
∂x
= y+x
∂z

ⅆ3 y ⅆ2 y ⅆy 4
d) ⅇx 𝑑𝑦 − x 2 𝑦𝑑𝑥 = 2 e) x 2 ⅆx3 + 2y ⅆ x2 − (ⅆx) + 3=0

1
2

Equações diferenciais são classificadas de acordo com o tipo, a ordem e a linearidade.

CLASSIFICAÇÃO PELO TIPO

1.1.1 Equação Diferencial Ordinária (EDO): Se a função incógnita depende apenas de uma
variável.
ⅆ2 y ⅆy
Exemplo: ⅆx2 − 2 ⅆx + 3y = x 3

1.1.2 Equação Diferencial Parcial (EDP): Se depender de mais de uma variável.


ⅆ3 y ⅆy
Exemplo: ⅆx3
+ 5 ⅆt = 0

Exercício: Classifique as equações diferenciais quantos ao tipo (EDO ou EDP):

ⅆy
a) ⅆx
= 5x + 1 b)y=x 2 − 2𝑥 + 1

ⅆ2 y ⅆy ∂y ∂x
c) ⅇ3y . ⅆx2 + 7. (ⅆx)=0 d) ∂x + ∂t =0

1.2.1 Ordem: É a ordem da derivada mais alta.

1.2.2 Grau: É o expoente (grau) da derivada de mais alta ordem.


Exemplos: Determinar o grau e a ordem de cada uma das seguintes equações diferenciais.

ⅆ2 y ⅆy ⅆy 3
a) −7 + ( ) = 0 (ordem 2; grau 1)
ⅆx2 ⅆx ⅆx

b) y ′ + x = ⅇx (ordem 1; grau 1)

ⅆy 2 ⅆy
c) ( ) -3 +y =0 (ordem 1; grau 2)
ⅆx ⅆx

ⅆ3 y ⅆ2 y ⅆy 4
d)x 2 ⅆx3+2yⅆx2 − (ⅆx) +3=0 (ordem 3 ; grau 1)
2
3

Exercícios: Constatar a ordem e o grau de cada uma das seguintes equações diferenciais.

a) (y′′′ )4 + (y′ )5 + 6𝑦 =
b) 𝑥 ′′ + 3𝑥′ + 5 = 0
∂2 z ∂2 z
c)∂x2 + 2 ∂y2 − 2𝑥 2 − 3𝑦 = 0
2
∂3 x ∂2 x
d) 5 ( ∂t3 ) + 7 ( ∂t2 ) + 10𝑥 = 0
ⅆy
e) ⅆx = 𝑥 2 − 𝑦 2

ⅆy 2 ⅆy
f) y′′′ − 4y′′ + xy = 0 g) ( ) − 3𝑥 +2=0
ⅆx ⅆx

ⅆ2 y ⅆy ⅆy ⅆy 2
h) ⅆx2 + 5𝑥𝑦 ⅆx = x 2 𝑦 i) (y′′ )3 - xy′ + y′′ = 0 j) x 2 ⅆx + 𝑦 (ⅆx) = 0

7
ⅆ2 y ⅆy 8
k) y′′′ + 4y′′ − 2. y′ =0 i) (ⅆx2 ) - 3(ⅆx) = x 3 y

1.3 Classificação por Linearidade: Uma equação diferencial é chamada linear quando pode ser
escrita na forma:

ⅆn y ⅆn−1 y ⅆy
an (x) + ⅆxn + an−1 (x)+ ⅆxn−1 +...+ a1 (x)+ⅆx + a0 (x)𝑦 = g(x)

Note que, as equações diferenciais lineares se caracterizam por duas propriedades:


1°) A variável dependente y e suas derivadas são do primeiro grau, ou seja, todas as derivadas,
incluindo o termo y tem que estar elevado a 1.

2°) Os ai (coeficientes) ou são constantes ou função da variável independente x.


Obs.: Uma equação que não é linear é dita não-linear.
Exemplos:
ⅆ2 y ⅆy
a) x 2 dy - 2ydx = 0 (linear) b) ⅆx2 − ⅆx + 𝑦 = x 3 (linear) c) y” + 2y’ = sen x (linear)

ⅆ3 y
d) 3xy ′′′ − 5x 2 y′′ = 0 (linear) e) ⅆx3
+ y3 = 6𝑥 (não-linear, pois y não está elevado a 1)

ⅆ3 y ⅆ2 y ⅆy
f) y” + 2y’ = sen y (não-linear) g) ) cos 𝑦 ⅆx3 − 𝑒 𝑦 ⅆx2 + x 3 ⅆx + 𝑦 = 𝑥 (não-linear, pois temos
funções de y multiplicando as derivadas)

3
4

PRATIQUE: Classifique as EDO dizendo se elas são lineares ou não-lineares. Determine também a
ordem de cada equação.
a) (1-x) y′′ − 4𝑥y′ +5y = cos(x) b) yy′′ + 2𝑦 = 1 + x 2
c)x 3 𝑦"" − x 2 y′′ + 4𝑥y′ − 3𝑦 = 0 d) sen(x) y′′′ − cos(𝑦) y′ = 2
Respostas: a) Linear 2 ª ordem. b) Não-linear 2ª ordem. c)Linear 4ª ordem. d) Não-Linear 3ª ordem

Exercício: Classifique as equações diferencias de acordo com os critérios de ordem e linearidade:


ⅆ3 y ⅆy
a) t 2 ⅆt3 + 𝑡 ⅆt + 2𝑦 = 𝑠𝑒𝑛 𝑡
ⅆ2 y ⅆy
b) (1 - y2 ) ⅆt2
+tⅆt
+ y = ⅇ𝑡
ⅆ4 y ⅆ3 y ⅆ2 y ⅆy
c) + + + + 𝑦2 = 1
ⅆt4 ⅆt3 ⅆt2 ⅆt
ⅆy
d) ⅆt
+ t2y= 0
ⅆ3 y
e) ⅆt3
+ sen (t + y) = sen (t)
ⅆ3 y ⅆy
f) ⅆt3
+ 𝑡 ⅆt + (𝑐𝑜s 2 𝑡)𝑦 = t3
Resposta: Linear, Não-Lienar, Não-Linear, Linear, Não-Linear, Linear.

SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL ORDINÁRIA

Definição: Uma solução de uma equação diferencial é uma função y = f (x) a qual, juntamente com as
suas derivadas, satisfaz a equação diferencial dada.
Exemplos: a) Verifique se y = x 2 − 1 é uma solução de (y ′ )4 +y2 = −1
Se y = x 2 − 1 ⇒ y′ = 2𝑥
Então: (y′ )4 +y2 = (2𝑥 )4 +(x 2 − 1)2 =16𝑥 4 +𝑥 4 -2𝑥 2 + 1 = 17𝑥 4 − 2𝑥 2 + 1 ≠ −1
Logo, y = x 2 − 1 não é solução da equação (y′ )4 +y2 = −1

b) Dada a equação diferencial ordinária y′ + 2𝑦 = 0, 𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒 𝑦 = 𝐶. 𝑒 −2𝑥 é solução da


mesma
Se 𝑦 = 𝐶. 𝑒 −2𝑥 ⇒ y′ =-2 𝐶. 𝑒 −2𝑥 ⇒ y′ + 2𝑦 =-2 𝐶. 𝑒 −2𝑥 +2 𝐶. 𝑒 −2𝑥 =0
Logo 𝑦 = 𝐶. 𝑒 −2𝑥 é solução da equação y ′ + 2𝑦 = 0

c) Verificar que y = 4.ⅇ−x + 5 é uma solução da equação diferencial de segunda


ⅆ2 y ⅆy
ordem e primeiro grau) ⅆx2 + ⅆx = 0

ⅆy ⅆ2 y
Observando que ⅆx = −4. 𝑒 −𝑥 𝑒 ⅆx2
=4. 𝑒 −𝑥 e substituindo na equação diferencial dada, temos:
4
5

4. 𝑒 −𝑥 + (−4. 𝑒 −𝑥 )=0
0=0
d) Verificar que y = C1cosx + C2 .senx é uma solução geral da equação diferencial
y’’ + y = 0.

Primeiro, determinar as derivadas da função dada:


y’=−C1 senx + C2 .cosx
y’’=−C1cosx - C2 .senx
Substituindo na equação diferencial, temos:
y’’ + y = 0
−C1cosx - C2 .senx+(C1 senx + C2 .cosx)=0
−C1cosx - C2 .senx+C1 senx + C2 .cosx=0
0=0
Portanto, y = C1.cosx + C2 .senx é uma solução geral da equação diferencial dada com duas
constantes arbitrárias distintas.

1+Cⅇx
e) Verificar que y = é uma solução da equação diferencial de primeira
1−Cⅇx
ⅆy 1
ordem e primeiro grau ⅆx = 2 (𝑦 2 − 1)
ⅆy 2.Cⅇx
A primeira derivada da equação dada é ⅆx = (1−Cⅇx)2 . Substituindo este
resultado na equação diferencial dada, temos:
2. Cⅇx 1 (1 + Cⅇx )2
= − 1)
(1 − Cⅇx )2 2 (1 − Cⅇx )2

1 4.C⋅ⅇx 2.Cⅇx
[
2 (1−Cⅇx )2
]= (1−Cⅇx )2

Exercício: 1) Verificar que cada uma das funções dadas y = f(x) é uma solução da equação
diferencial dada.
ⅆy ⅆy
a)ⅆx = 3; 𝑦 = 3𝑥 − 7 b) x ⅆx = x 2 +y ; y=x 2 -4x

ⅆy ⅆy
c) ⅆx + 𝑦 + 2𝑥 + 4 = x 2 ; 𝑦 = x 2 − 4𝑥 d) x ⅆx − 2𝑦 = 4𝑥 ; 𝑦 = x 2 − 4𝑥

ⅆ2 y ⅆy
e) ⅆt2 = 20x 3 ; 𝑦 = x 5 + 3𝑥 − 2 f) ⅆx+y=ⅇ−𝑥 ; y=(x+2). ⅇ−𝑥

ⅆ2 y
g) ⅆt2
- y+x 2 = 2 ; 𝑦 = ⅇ−𝑥 + x 2

h) y=c+x 2 , para y’=2x i) y = ⅇ2𝑥 , para y’’+2y’=6 ⅇ2𝑥


j) y=5. ⅇ𝑥 +7. ⅇ−𝑥 -x, para y’’-y=x k) y=7.sen2x, para y’’+4y=0

2) Verifique se as funções dadas constituem soluções das respectivas Equações Diferenciais:


5
6

a) y’’-y = 0 sendo y = ⅇt
b) y’’+2y’-3y = C sendo y1 (t) = ⅇ−3𝑡 e y1 (t) = ⅇ𝑡
c) y’’’’+4y’’’+3y = t sendo y1 (t) = t/3 e y1 (t) = ⅇ−𝑡 + 𝑡/3
d) t2 𝑦 ′′ + 5𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝐶 t>0 sendo y1 (t) = t −2 e y1 (t) = t −2 lnt

SOLUÇÃO GERAL E SOLUÇÃO PARTICULAR

Solução particular: é qualquer solução da equação, impondo condições iniciais (contorno)


Solução geral: é o conjunto de todas as suas soluções (famílias de curvas).

A solução y = C. ⅇ−2𝑥 é uma solução geral da equação, enquanto quando atribuímos valores a C
(constante arbitrária) obtemos soluções particulares da equação. Como: y = 2. ⅇ−2𝑥 ; y = 5ⅇ−2𝑥 ;
2
y=7 . ⅇ−2𝑥 ; são soluções particulares da equação.

Exemplo1: Ache a solução geral da equação y’ - 2x = 0 e a solução particular de condição inicial


y(1) = 4.
𝑑𝑦
Solução: y’ - 2x = 0 ⟹ = −2𝑥 (separando as variáveis)
𝑑𝑥

⟹ dy = -2xdx (integrando os ambos os lados) ∫ 𝑑𝑦 = ∫ −2𝑥𝑑𝑥 ⟹y = x2 + C que é a solução geral.


Para a condição particular y(1) = 4. Temos:
4 = 1 + c ⟹ c = 3.
Logo, a solução particular é: y = x2 + 3.

Exemplo 2: Mostre que y = C e -2x é uma solução para a equação diferencial y’ + 2y = 0 e encontre a
solução particular determinada pela condição inicial y(0) = 3.

Solução: Sabemos que y = C.e-2x é solução porque y’ = - 2.C.e-2x e y’ + 2y = - 2.C.e-2x+ 2.( C.e-2x
) = 0. Usando a condição inicial y(0) = 3, ou seja, y = 3 e x = 0, obtêm:
y = C.e-2x ⇒ 3 = C e-2.0 ⇒ C = 3.

e concluímos que a solução particular é y = 3. e-2x


Exemplo 3: Resolver a equação diferencial y’ – 2x = 0 sujeita à condição inicial de que y = 1 quando x
= 2, ou seja, y(2) = 1.
A solução geral é: y = x 2 + C

6
7

Substituindo y = 1 e x = 2, temos:
1 = (2)2 + C ⇒ 1 = 4 + C ⇒ - 3 = C
Portanto, a solução particular é y = x 2 – 3

Exercícios: Ache a solução das equações diferenciais determinadas pelas condições iniciais.
ⅆy 3
a) ⅆx
= (𝑥 + 1). (𝑥 + 2); 𝑦 = − 2 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑥 = −3
ⅆs 1 π
b) ⅆt
= 𝑐𝑜𝑠 2 𝑡; 𝑠 = 3 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑡 = 3
ⅆ2 y −3 1 ⅆy
c) ⅆt2
= x4
; y= 2 e ⅆx = −1 quando x=1
′ 4
ẏ ≡ 3x
d) {
y(1) = 2

CLASSIFICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 1ª ORDEM

Existem numerosos métodos desenvolvidos para resolver equações


diferenciais ordinárias. Veremos de perto vários destes métodos. Certas equações diferenciais de
primeira ordem podem ser mais facilmente resolvidas usando o método de separação de variáveis.
Uma equação diferencial de primeira ordem é uma relação envolvendo
a primeira derivada. Isto é, pode ser escrita na forma:

ⅆy
M(x,y) + N(x,y) ⅆx = 0 (1)

ou (multiplicando ambos os membros pela diferencial dx, onde dx ≠ 0)

M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 (2)

onde M(x,y) e N(x,y) são funções envolvendo as variáveis x e y. Para esse tipo
de equação, pode-se juntar todos os termos contendo x com dx e todos os termos contendo y com dy,
obtendo-se uma solução através de integração. Tais equações são ditas separáveis, e o método de solução
é o método de separação de variáveis. O método é descrito a seguir.

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS SEPARÁVEIS

MÉTODO DE SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS


1. Coloque a equação na forma diferencial

M(x)dx + N(y)dy = 0 ou M(x)dx = - N(y)dy (3)

2. Integre para obter a solução geral ∫ M(x)dx = −∫ N(y)dy + C


7
8

Exemplo 01: Determinar a solução geral da equação diferencial x2yy’ – 2xy3 = 0.

2 ⅆy 3
x y ⅆx 2xy = 0

x2 ydy – 2xy3dx = 0 (multiplicando cada membro por dx)

-2xy3dx + x2 ydy = 0 (multiplicando cada membro por

1/x2y3)
ou
2 1
− dx + dy = 0

x y2

Integrando cada membro da equação, temos.

1 2 1
 𝑦dy =  𝑥 𝑑𝑥 ⇒ − 𝑦=lnx+ C ou 1+2ylnx+Cy=0

8
9

Obs: Algumas regras para logaritmo na base e (e ≅ 2,718....)

Sendo a > 0 e b > 0 e α ∈ IR, então:


P1) ln (a . b) = ln a + ln b P3) ln (aα ) = α.ln a

P2) ln (a : b) = ln a - ln b P4) ⅇln a = a

𝑦
Exemplo 02: Resolver a equação diferencial y′ = x2 −1 . Tornando a escrever,
𝑑𝑦 𝑦
temos: ⅆx = x2 −1

𝑦
dy= 𝑑𝑥 (multiplicar cada membro por dx)
x2 +1

ⅆy ⅆx
y
= x2 +1 (multiplicar cada membro por 1/y)

ⅆy ⅆx
∫ y
=∫ x2 +1
(integrar cada membro)

lny=arctg x + C

y=ⅇarctg x + C

y=k. ⅇarctg x , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑘 = 𝑒 𝑐

Exemplo 03: Resolver a equação diferencial y + xy’ = 0 sujeita à condição inicial de


que y = 2 quando x = 3, ou seja, y(3) = 2

ⅆy
Tornando a escrever, temos: y + xⅆx=0

ydx + xdy=0

ⅆx ⅆy
+ =0
x y
ⅆx ⅆy ⅆx ⅆy
Ou =- . integrando, temos ∫ = −∫
x y x y
lnx = - lny + C

lnx + lny = C

lnxy = C

ou lnxy = lnk, onde C = lnk

xy = k

99
9

9
10

Substituindo y = 2 quando x = 3, temos

3.2 = k ⇒ 6 = k

Portanto, a solução particular desejada é


xy = 6 ou y = 6/x.
Exercícios:
1. Resolver cada uma das seguintes equações diferenciais.

ⅆy ⅇx
a) 2xdy-y2 dx=0 b) ⅆx - y2
=0

ⅆy
c) 2x 3 y2 dx-xydy=0 d) ⅇ5x - ⅇx = 0
ⅆx

e)xdy-4ydx=0 f) (1 + x 2 )dy-dx=0

ⅆy x2
g) ⅆx = y h) (1 + x 2 )dy + xdx=0

ⅆy 𝑥𝑦 ⅆy
i) = j) = 1 + x 2 +y2 +x 2 y2
ⅆx 𝑥 2 +2 ⅆx

ⅆy ⅆy
k) + 3y3 + cos 𝑥 = 0 l) = 𝑒 𝑥+𝑦
ⅆx ⅆx

ⅆy 6x2 ⅆy
m) ⅆx = 2y+cos 𝑦
n) ⅆx= x 2 y

10
10
10
11

2.Determinar a solução particular de cada uma das seguintes equações diferencial sujeitas às
condições dadas.

dy dy 2x
a) = x 2 y 4 ; y (0) = 1 b) = ; y (1) = 4
dx dx 2
y+x y

dy
c) ye − x + 2 = 0 ; y (1) = 1 d) x2dy = ydx ; y (1) = 2
dx
f) xdy – (2x+1)e-ydx = 0; y(1) = 2.
e) 2y2y’ = 3y – y’; y(3)=1

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS HOMOGÊNEAS

Algumas equações que não são separáveis podem vir a sê-lo mediante uma
mudança de variáveis. Isso funciona para equações da forma y’ = f(x,y), onde f é uma
função homogênea.

Definição: 1. Uma função f é homogênea se satisfaz

f(tx,ty) = tn f(x,y)

para algum número real n, então dizemos que f é uma função homogênea de grau n.

Exemplo (1): f(x,y) = x2 – 3xy + 5y2


f(tx,ty) = (tx)2 – 3(tx)(ty) + 5(ty)2
= t2x2 – 3t2 xy + 5t2y2
= t2[ x2 – 3xy + 5y2] = t2 f(x,y)  função homogênea de grau dois.

(2) f(x,y) = x3 + y3 + 1.
f(tx,ty) = (tx)3 + (ty)3 + 1  t3 f(x,y)
pois, t3.f(x,y) = t3x3 + t3y3 + t3  função não é homogênea.
OBS: Muitas vezes uma função homogênea pode ser reconhecida examinando o grau
de cada termo.
(3) f(x,y) = 6xy3 – x2y2
   A função é homogênea de grau quatro.
grau 4 grau 4

(4) f(x,y) = x2 – y
grau 2 grau 1
 A função não é homogênea, pois os graus dos dois termos são diferentes.

11
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EQUAÇÃO HOMOGÊNEA

Definição: Uma equação homogênea é uma equação diferencial da forma


M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é chamada homogênea se ambos os coeficientes M e N são
funções homogêneas do mesmo grau.

Para resolver uma equação diferencial homogênea pelo método de separação de


variável, basta fazer a mudança de variáveis dada pelo Teorema a seguir.

TEOREMA MUDANÇA DE VARIÁVEIS PARA EQUAÇÕES HOMOGÊNEAS

Se M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é homogênea, então ela pode ser transformada em


uma equação diferencial cujas variáveis são separáveis pela mudança de variável y =
v.x onde v é uma função diferenciável de x e dy/dx = v + x dv/dx.

𝑑𝑦 𝑦+𝑥
Exemplo1: Resolva a equação ediferencial =
𝑑𝑥 𝑥

Note que esta equação não é possível separar as variáveis, mas caso ela seja homogênea, utlizando y = v.x,
tornando possível separar as variáveis.

𝑑𝑦
Solução: Temos que verificar se
𝑑𝑥
é homogênea, ou seja, se f(tx,ty) = f(x,y)
𝑑𝑦 𝑦+𝑥
Então, como 𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥, 𝑦), então 𝑓 (𝑥, 𝑦) =
𝑥
𝑡𝑦+𝑡𝑥 𝑦+𝑥
f(tx,ty) =
𝑡𝑥
= t. 𝑥
= t. 𝑓(𝑥, 𝑦). E portanto, a equação diferencial é homogênea.

𝑑𝑦 𝑦+𝑥
Agora, podemos resolver a equação: 𝑑𝑥
= 𝑥
, tome y = v.x. Então,

𝑑(𝑣𝑥) 𝑣𝑥+𝑥 𝑑𝑣 1 𝑦
𝑑𝑥
= 𝑥
⟹ 𝑑𝑣
𝑑𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑣
. x + v 𝑑𝑥 = v + 1 ⟹ 𝑑𝑥. x + v = v + 1⟹ =
𝑑𝑥 𝑥
⟹ v = ln |x| + c ⟹ 𝑥 = ln |x| + c

⟹ y = x ln |x| + c. (solução geral).

𝑑𝑦 𝑥𝑦
Exemplo 2: Resolva a equação ediferencial =
𝑑𝑥 𝑥 2 − 𝑦2

Note que esta equação não é possível separar as variáveis, mas caso ela seja homogênea, utlizando y
= v.x, tornando possível separar as variáveis
𝑑𝑦
Solução: Temos que verificar se é homogênea, ou seja, se se f(tx,ty) = f(x,y).
𝑑𝑥
𝑑𝑦 𝑥𝑦
Então, = 𝑓(𝑥, 𝑦), então f(x,y) =
𝑑𝑥 𝑥 2 − 𝑦2
𝑡𝑥.𝑡𝑦 𝑥𝑦
f(tx,ty) = = t2. = t2.f(x,y)
(𝑡𝑥)2 −(𝑡𝑦)2 𝑥 2 − 𝑦2
𝑑𝑦
Logo, é homogênea.
𝑑𝑥
𝑑𝑦 𝑥𝑦
Agora, podemos resolver a equação: = . Seja y = v.x, então
𝑑𝑥 𝑥 2 − 𝑦2
12
13

𝑑(𝑣𝑥) 𝑥.𝑣𝑥 𝑑𝑣 𝑣 𝑑𝑣 𝑣 𝑑𝑣 𝑣
𝑑𝑥
=
𝑥 2 −(𝑣𝑥)2
⟹ 𝑑𝑥. x + v 𝑑𝑥
𝑑𝑥
=
1− 𝑣 2
⟹ 𝑑𝑥. x + v = 1− 𝑣 2 ⟹ 𝑑𝑥 . x = 1− 𝑣 2 – v
𝑑𝑣 𝑣 − 𝑣 + 𝑣3 𝑑𝑣 𝑣3
𝑑𝑥
.x=
1− 𝑣 2
⟹ 𝑑𝑥 = 𝑥− 𝑣 2𝑥 ⟹ 𝑥 (1 – 𝑣 2 ) dv - 𝑣 3 dx = 0 (divide x. 𝑣 3)

1−𝑣2 𝑑𝑥 1−𝑣2 𝑑𝑥
. 𝑣3
𝑑𝑣 - 𝑥
= 0. Integra, ∫ 𝑣3
dv = ∫ 𝑥

1−𝑣2
Na primeira integral, ∫ 𝑣3
dv, vamos separar

1−𝑣2 1 1 1
∫ 𝑣3
dv = ∫ 𝑣 3dv - ∫ 𝑣 dv = - 2𝑣2 – ln |v| + C

𝑦 𝑥2
Mas, v = 𝑥 . Então, ln y + 2𝑦 2 = C.

Exercícios: Resolva as sequintes equações homogêneas

a) x2 + y2 + 2xyy’ = 0 Sol. Geral: 𝑦2 − 𝑥² = 𝐶𝑥


b) (𝑥2 + 2𝑥𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑥𝑦𝑑𝑦 = 0 Sol. Geral: ln |𝑥 + 𝑦|+ 𝑥/ 𝑥+𝑦 = 𝐶
𝑦 𝑥 𝑐
c) 𝑥𝑦′ cos(𝑦/𝑥) = 𝑦 cos ( – 𝑥) Sol. Geral: 𝑠𝑒𝑛 = ln
𝑥 𝑦 𝑥
d) 𝑦𝑦 ′ = 2𝑦 − 𝑥 Sol. Geral: 𝑦 − 𝑥 = 𝐶𝑒 x/(y−x)

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS

Definição: Seja M(x,y)dx +N(x,y)dy = 0, com N(x,y) ≠ 0, uma E.D Se ∃ f(x,y) tal que
∂f/∂x= M(x,y) e ∂f /∂y= N(x,y) então f(x,y) = C é solução geral da E.D."

A condição necessária e suficiente para que M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 seja exata é


que:
𝛛M/𝛛y = 𝛛N/𝛛x

Exemplo 1: A equação x2 y3 dx + x3 y2 dy = 0 é exata, pois


1
d(( ) 𝑥 3 𝑦 3 ) = 𝑥 2 𝑦 3 𝑑𝑥 + 𝑥 3 𝑦 2 𝑑𝑦.
3

O teorema seguinte é um teste para uma diferencial exata.

TEOREMA (CRITÉRIO PARA UMA DIFERENCIAL EXATA):


Sejam M(x, y) e N(x, y) funções contínuas com derivadas parciais contínuas em uma região R definida
a < x < b, c < y < d. Então, uma condição necessária e suficiente para que M(x,y)dx + N(x,y)dy seja uma
diferencial exata é
𝛛𝐌 𝛛𝐍
= (4)
𝛛𝐲 𝛛𝐱

MÉTODO DE SOLUÇÃO
Dada a equação M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0

13
14

1º) Mostre primeiro que


𝛛𝐌 𝛛𝐍
=
𝛛𝐲 𝛛𝐱
2º) suponha que
𝛛𝐟
= 𝑴(𝒙, 𝒚)
𝛛𝐱

3º) Integre M(x,y) com relação a x, considerando y constante.


Escrevemos,

f(x,y)=∫ 𝐌(x,y)dx+g(y) (*)


em que a função arbitrária g(y) é a constante de integração.

4º) Derive (*) com relação a y e supondo 𝛛f/𝛛y = N(x,y):

∂f ∂
= ∫ 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑔′ (𝑦) = 𝑁(𝑥, 𝑦)
∂y ∂y

Assim,


g’(y) = N(x,y) - ∫ 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 (**)
∂y

5º) Integre (**) com relação a y e substitua o resultado em (*).


A solução para a equação é f(x,y) = c.

∂f
OBS: Poderíamos começar o procedimento acima com a suposição de que =N (x,y).
∂y

Exemplo 2: Resolva 2xy dx + (x2 – 1) dy = 0.


Solução: Como M(x,y) = 2xy e N(x,y) = x2 – 1, temos
∂M ∂N
= = 2𝑥
∂y ∂x

Logo, a equação é exata e, pelo Teorema anterior, existe uma função f(x,y), tal
que

∂f ∂f
= 2𝑥𝑦 e = 𝑥2 − 1
∂x ∂y

Da primeira dessas equações, obtemos, depois de integrar,

f(x,y) = 𝑥 2 y + g(y)

14
15

Derivando a última expressão com relação à y e igualando o resultado a N(x, y),


∂f
temos =𝑥 2 + 𝑔′ (𝑦) = 𝑥 2 − 1
∂y

Segue-se que
g’(y) = – 1 e g(y) = - y.
A constante de integração não precisa ser incluída, pois a solução é f(x, y) = c,

ou seja, 𝑥 2 y – y = c.
OBS: Observe que a equação poderia também ser resolvida por separação de variáveis.
Exemplo 3: Resolva o problema de valor inicial

(cosx senx – x𝑦 2 ) dx + y.(1 - 𝑥 2 ) dy = 0, y (0) = 2.

Solução: aA equação é exata, pois


∂M ∂N
= = −2𝑥𝑦. Agora,
∂y ∂x

∂f
= 𝑦. (1 − 𝑥 2 )
∂y
y2
f(x,y)= (1 − x 2 )+h(x)
2

∂f
= 𝑥𝑦 2 + ℎ(𝑥) = cos 𝑥 sen x - x𝑦 2
∂x

A última equação implica


h’(x) = cosx.senx

1
h(x) = ∫ cosx.senx dx = - co𝑠2 𝑥 (Método da Substituição)
2

y2 1
logo, (1 − x 2 ) - co𝑠2 x= C1
2 2

ou

y 2 (1 – y 2 ) – cos 2 x = c,
em que C = 2C1 . A condição inicial y = 2 quando x = 0 demanda que (2)2 [1 – (0)2 ] –

cos 2 0 = c, ou seja, c = 3. Portanto, a solução para o problema é

y 2 (1 –x 2 ) – cos 2 x = 3.

Exercícios: 1. Verifique se a equação diferencial dada é exata e, se for, encontre sua solução geral.

15
16

2 2
a. (x – 2y)dx + (3y – x)dy = 0 e. y 2 ⅇxy 𝑑𝑥+ 3xy ⅇxy dy = 0

1
b. yⅇx dx + ⅇx dy = 0 f. (xdy - ydx)=0
x2 +y2

−(x2 −y2 )
c. (y 2 + 6xy 2 )dx + (3xy + 8x 2 y)dy = 0 g. ⅇ (xdx + ydy)=0

1
d. (2x 3 – 5xy 2 )dx + (3y 3 – xy)dy = 0 h. (y 2 𝑑𝑥 + x 2 𝑑𝑦) = 0
(x−y)3

2. Encontre a solução particular que satisfaz a condição inicial dada.

y
a. 𝑑𝑥 + [ln(𝑥 − 1) + 2𝑦]𝑑𝑦 = 0; y(2) = 4 b. ⅇ3x (𝑠𝑒𝑛3 𝑦𝑑𝑥 + 𝑐𝑜𝑠3 𝑦𝑑𝑦) = 0; y(0)=π
x−1

1
c. (xdx + ydy)= 0; y(4)=3 d. (2xtgy + 5)dx + (x 2 sec 2 y)dy = 0; y(0) = 0
√x2+ y2

d. (2x 3 – 5xy 2 )dx + (3y 3 – xy)dy = 0; y(0)=4 f. (x 2 + y 2 )dx + 2xydy = 0; y(3) = 1

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