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OESTE DA LUA
Enãorahavia
uma vez um pobre camponês com tantos, tantos filhos que quase
comida ou roupas para todos eles. Eram todas lindas cri-
anças, mas sua filha menor era a mais bela, tão adorável que não havia
fim para sua beleza.
Assim ela seguiu um longo, longo caminho, até que eles chegaram
a uma colina muito íngreme. Ali mesmo, o Urso Branco deu uma batida,
e uma porta se abriu, e eles entraram em um castelo onde havia muitos
quartos iluminados; quartos brilhando com prata e ouro; e havia tam-
bém uma mesa posta, e tudo era tão grandioso quanto podia ser. En-
tão, o Urso Branco deu a ela um sino prateado e, quando ela quisesse
algo, deveria apenas tocar o sino e teria o seu desejo.
Bem, depois que havia comido e bebido, a noite avançava e ela
sentiu muito sono depois de sua jornada, e pensou que gostaria de
ir para cama, então tocou o sino; e ela mal havia tocado nele quando
deu por si num quarto, com uma cama feita, com lençóis tão brancos
e arrumados quanto qualquer um poderia desejar, com travesseiros
e cortinas de seda e franjas de ouro. Tudo que havia no quarto era de
ouro ou prata; mas quando ela se deitou na cama e apagou a luz, veio
um homem que pôs uma cadeira ao seu lado e ficou ali, admirando-a.
Aquele era o Urso Branco, que se libertava da sua forma animal du-
rante a noite; mas ela nunca pôde vê-lo, pois ele sempre vinha depois
que as luzes eram apagadas e, antes do raiar do dia, ele se punha de
pé e ia embora novamente. Assim as coisas se seguiram, alegremente
por algum tempo, até que ao fim ela começou a se tornar silenciosa
e triste; pois ali ela passava o dia todo sozinha, e desejava profunda-
mente ir para casa, rever seu pai e sua mãe e irmãos e irmãs. Então um
dia, quando o Urso Branco lhe perguntou o que era que lhe faltava, ela
disse que era tão tedioso e solitário ali, e como ela desejava ir para casa
e rever seu pai e sua mãe e seus irmãos e irmãs, e que era por isso que
ela estava tão triste e magoada, pois não podia vê-los.
“Bem, bem!”, disse o Urso, “talvez exista uma cura para isto; mas
você deve me prometer uma coisa, que não irá conversar à sós com sua
mãe, mas somente quando os outros estiverem por perto para ouvir;
porque ela irá tentar puxá-la pela mão para conversar; mas você deve ficar
atenta e não se deixar levar, ou irá trazer má sorte sobre nós dois.”
“Aqui é onde sua mãe e seu pai vivem agora”, disse o Urso Branco,
“mas não esqueça do que eu lhe disse, ou irá fazer nós dois infelizes”.
“Não! Por Deus, que ela não iria esquecer…” e quando ela alcançou a
casa, o Urso Branco deu meia-volta e a deixou.
Então, quando ela entrou para ver seu pai e sua mãe, foi tanta
alegria que não havia fim. Nenhum deles conseguia agradecê-la o su-
ficiente por tudo que ela havia feito por eles. Agora, eles tinham tudo
que desejavam, tão bom quanto poderiam imaginar, e tudo que eles
queriam saber era como ela estava em sua nova casa.
Bom, ela disse, era muito bom viver onde ela vivia; ela tinha tudo
que podia desejar. O que ela disse além disso eu não sei, mas penso
que nenhum deles teve sorte em descobrir algo mais. Então, ao fim
da tarde, depois que eles haviam jantado, tudo aconteceu como Urso
Branco havia dito. Sua mãe queria conversar com a filha à sós no quar-
to; mas ela lembrou-se que o Urso havia dito, e se recusou a subir as
escadas.
“Ah, o que temos para conversar pode ficar para depois!” ela disse,
e afastou sua mãe. Mas, de um jeito ou de outro, sua mãe conseguiu
vencê-la, e ela teve de contar-lhe toda a história. Então ela falou sobre
todas as noites em que um homem postava-se ao seu lado, zelando
seu sono, assim que ela apagava as luzes; e como nunca conseguia
vê-lo, porque ele sempre se levantava e partia antes da primeira luz da
manhã; e como ela passava os dias vagando pela casa sozinha; e como
eram dias tediosos, cinzentos e solitários.
“Meu Deus!”, disse sua mãe; “pode ser que você esteja dormindo ao
lado de um Troll! Mas agora vou ensiná-la como deve fazer para descobrir.
Vou te dar um pedaço de vela, que você irá levar para casa escondido em
seu vestido; simplesmente acenda enquanto ele estiver dormindo, mas
tome cuidado para não derramar o sebo sobre ele.”
Sim!, ela tomou a vela e escondeu-a em seu vestido, e quando a
noite chegou, o Urso Branco veio e levou-a embora.
“Agora, preste atenção”, disse ele, “se você ouviu o conselho de sua
mãe, você trouxe má sorte sobre nós dois, e então, tudo que aconteceu en-
tre nós será como nada.”
“Diga-me o caminho, então”, ela disse, “e eu vou buscar por você; isso
pelo menos eu posso fazer.”
“Sim”, ela poderia; “mas não havia caminho para aquele lugar. Fica-
va Leste do Sol e Oeste da Lua, e tão distante que ela nunca encontraria o
caminho.”
Então, depois que ela esfregou o sono dos olhos, e chorou até se
cansar, ela levantou-se e seguiu seu caminho, e andou por muitos, mui-
tos dias, até encontrar uma colina rochosa. Debaixo da colina, havia
uma velha bruxa, que jogava e brincava com uma maçã de ouro. Aqui,
a jovem moça perguntou se não haveria um caminho até o Príncipe que
vivia com a madrasta no Castelo a Leste do Sol e Oeste da Lua, e que
iria casar-se com a Princesa do nariz de três metros.
“Como você descobriu sobre ele?”, perguntou a velha bruxa; “será você a
moça que deveria ter tido o Príncipe?”
“E tão distante você irá chegar, mais tarde ou nunca; mas você terá
o empréstimo do meu cavalo até minha próxima vizinha; talvez ela possa
lhe contar tudo; e quando chegar lá, apenas dê um toque no cavalo sob sua
orelha esquerda, e peça que ele retorne para casa”
“Talvez seja você que deveria ter tido o Príncipe?”, disse a velha
bruxa.
“E tão distante você irá chegar, mais tarde ou nunca; mas irei empre-
star-lhe meu cavalo, e penso que é melhor você cavalgar até o Vento Leste
e perguntar a ele; talvez ele conheça aquelas partes, e possa soprar você
até lá. Porém, quando chegar lá, você precisa apenas dar um toque abaixo
da orelha esquerda do cavalo, e ele voltará para casa sozinho.”
“Mas, se quiser, eu te levo até meu irmão, o Vento Oeste, talvez ele
saiba, pois ele é muito mais forte. Então, se você subir em minhas costas, eu
te levo até lá”
Sim, ela subiu em suas costas, e eu devo dizer que eles viajaram
como a brisa suave.
Então, quando lá chegaram, eles seguiram até a casa do Vento
Oeste, e o Vento Leste disse que a moça junto dele era aquela que de-
veria ter tido o Príncipe, que vivia no castelo Leste do Sol e Oeste da
Lua; e que ela estava em busca dele, e como ele a trouxera e ficaria
feliz em saber se o Vento Oeste saberia como chegar ao castelo.
“Nah”, disse o Vento Oeste, “tão longe eu nunca soprei; mas se você
quiser, eu te acompanho até nosso irmão, o Vento Sul, porque ele é muito
mais forte do que qualquer um de nós, e ele já bateu suas asas muito, muito
longe daqui. Talvez ele possa lhe dizer. Você pode subir em minhas costas, e
eu te carregarei até ele.”
Sim! ela subiu em suas costas, e eles viajaram até o Vento Sul, e
não demoraram muito no caminho, devo pensar.
“Você não diga isso! Então é ela, é?” disse o Vento Sul.
“Bem, eu já ventei muito forte por toda parte durante minha época,
mas tão longe eu nunca soprei; porém, se você quiser, eu te levo até meu
irmão, o Vento Norte; ele é o mais velho e o mais forte de todos nós, e se ele
não souber onde é, você nunca irá encontrar ninguém no mundo que possa
lhe ajudar. Você pode subir em minhas costas, e eu vou carregá-la até lá.”
Sim! ela subiu em suas costas, e rapidamente ele foi para longe de
sua casa. Desta vez, também, ela não demorou muito a chegar.
Então, quando eles chegaram à casa do Vento Norte, ele era tão
selvagem e bravo que lufadas de ar gelado saíam dele desde muito
longe.
“Bem”, disse o Vento Sul, “você não precisa ser tão desbocado, pois
aqui estou, seu irmão, o Vento Sul, e aqui está a jovem moça que deveria ter
tido o Príncipe que vive no castelo a Leste do Sol e Oeste da Lua, e agora ela
quer lhe perguntar se alguma vez você já esteve lá, e se poderia lhe dizer o
caminho, pois ela ficaria tão feliz em encontrá-lo de novo.”
“SIM, EU SEI MUITO BEM ONDE É”, disse o Vento Norte; “uma vez
em minha vida eu soprei uma folha de álamo até lá, e fiquei tão cansado
que não conseguia soprar uma única baforada por muitos dias depois. Mas,
se você realmente deseja ir até lá, e não tem medo de vir comigo, eu te leva-
rei em minhas costas e verei se consigo soprá-la até lá.”
Sim! com todo seu coração; ela precisava e iria chegar lá se fosse
possível de alguma forma; e, quanto ao medo, não importava quão lou-
camente ele viajasse, ela não teria nenhum medo.
“Muito bem, então”, disse o Vento Norte, “mas você precisa dormir
aqui esta noite, pois precisamos de todo o dia à nossa frente, se quisermos
chegar tão distante.”
Logo cedo de manhã, o Vento Norte acordou-a, e soprou até in-
flar seu tamanho e ficar tão grande e tão forte que era horrível de se
ver; então lá foram eles, voando alto pelos ares, como se nunca fossem
parar até chegarem ao fim do mundo.
Sim!, era possível; aquilo poderia ser feito. Então a Princesa con-
seguiu a maçã de ouro; mas quando a moça foi até o quarto do Príncipe
durante a noite ele estava dormindo em sono profundo; ela o chamou e
chacoalhou, e no meio tempo chorou dolorosamente; mas tudo que ela
pôde fazer não foi suficiente para acordá-lo. Na manhã seguinte, assim
que o dia nasceu, veio a Princesa com seu grande nariz e levou-a em-
bora novamente.
“Ah!”, disse a velha bruxa, sua mãe, “você não consegue lavar; deixe-
me tentar.”