Você está na página 1de 96

Anais

ONERER
Congresso Nacional
de Estudos das Relaçoes
Étnico-Raciais

21 e 22 de novembro de 2023

INSTITUTO FEDERAL
DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Triângulo Mineiro
ANAIS CONERER
CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS DAS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS

Anais eletrônico
v. 3, n. 1, 2023
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO

III CONERER DO IFTM


21 e 22 de novembro de 2023

ORGANIZADORES
Adriana Garcia de Freitas Karla Queiroz Gontijo Pedro Paulo Ferreira Silva
Alice Ribeiro Severino Kátia da Silva Cunha Rafaela Alves Venâncio
Ana Carolina C. L. Souza Keula Aparecida de L. Santos Raquel Almeida Costa
Andressa Silva Santos Larissa Targino de Menezes Rodrigo Otávio D. de S. Rossi
Carlos André da Silva Júnior Liana Castro Mendes Rosana de Ávila Melo Silveira
Dickson Duarte Pires Márcia Lopes Vieira Sabrina Dias Ribeiro
Fernando Caixeta Lisboa Márcia Moreira Custódio Stella Santana da Silva Jacinto
Franciele de Carvalho Ferreira Marlúcio Anselmo Alves Talita Lucas B. de Oliveira
Gyzely Suely Lima Mayara Laura Rocha R. Martins Thales Caetano A. Barbosa
Isabela Batista Silva Monireh Caixeta Andrade Thalyta Tomaz Bernardes
Jane Maria dos Santos Reis Nara Moreira Trícia Beatriz Roza de Oliveira
Jéssica Oliveira Freitas Patrícia Campos Pereira Wellington José C. dos Santos
Joana El-Jaick Andrade Patrícia Paes Leme A. O. Silva Yasmin Rosa de Lima
Joana Laura Jesus Conceição Paula Caroline de Sousa Dias

COMITÊ CIENTÍFICO
Ana Carolina Gomes Araújo Marcilene de Assis Alves Araújo
Cristiane Corrêa Resende Marival Baldoino de Santana
Dickson Duarte Pires Marlúcio Anselmo Alves
Fabiana de Freitas Batista Patrícia Campos Pereira
Gyzely Suely Lima Patrícia Campos Pereira
Jane Maria dos Santos Reis Patrícia Paes Leme Alberto Oliveira Silva
Joana El-Jaick Andrade Raquel Almeida Costa
Johnisson Xavier Silva Renata Marques dos Santos
Karla Queiroz Gontijo Rosana de Ávila Melo Silveira
Kátia da Silva Cunha Stella Santana da Silva Jacinto
Luciana Santos Rodrigues Costa Pinto Talita Lucas Belizário de Oliveira
Manuela Cristina Lázaro de Lima Trícia Beatriz Roza de Oliveira
Márcia Moreira Custódio

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C749a Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais (3. : 2023 :


Uberaba, MG)

Anais Conerer, 21 e 22 de novembro de 2023. -- Uberaba: IFTM,


2023.
89 p.

Evento realizado pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM


Disponível em: https://iftm.edu.br/conerer/
ISSN 2965-1999

1. Relações étnicas. 2. Relações raciais. 3. Identidade social. I. Título.

CDD 305.8
Bibliotecária Fernanda Imaculada Faria - CRB-6/2122

A linguagem escrita, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos constantes desta publicação são de inteira responsabilidade dos
respectivos autores, não cabendo qualquer responsabilidade legal à Comissão Organizadora ou ao IFTM.
Os resumos podem ser reproduzidos total ou parcialmente, desde que a fonte seja citada e seu uso seja para fins acadêmicos.
SUMÁRIO

@EUNOIF............................................................................................................................................1
A COMPREENSÃO DO CONTINENTE AFRICANO DE FORMA POSITIVA – UMA POSSIBILIDADE PARA
EXECUÇÃO DA LEI 10.639 EM UMA ESCOLA DA ZONA LESTE NA CIDADE DE UBERLÂNDIA...................2
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA DA LEI 10.639/2003 E
11.645/2008 .......................................................................................................................................3
A CULTURA QUE VOCÊ CONSOME EM UMA PERSPECTIVA ANTIRRACISTA: DISCUSSÕES INICIAIS.........4
A (DES)CONSTRUÇÃO CONCEITUAL DO CABELO, A IDEOLOGIA DO BRANQUEAMENTO E O
PARADIGMA DO ALISAMENTO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA PESQUISA-AÇÃO NAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JEQUIÉ-BA .....................................................................5
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES-RACIAIS NA ESCOLA INDÍGENA ANTÔNIO GOMES, ALDEIA
POTIGUARAS.......................................................................................................................................6
A ESCREVIVÊNCIA E A INTERSECCIONALIDADE COMO FERRAMENTAS PARA DERRUBAR A CASA-
GRANDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DA LIGA SANKOFA..................................................................7
A FORMAÇÃO, OS SABERES E AS PRÁTICAS DAS(OS) EGRESSAS(OS) DO CURSO DE HISTÓRIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA CAMPUS PONTAL: AS QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS EM FOCO
...........................................................................................................................................................8
A IDENTIDADE PROFISSIONAL PEDAGOPRETA: PRETAGOGIA, EDUCAÇÃO E ANCESTRALIDADE,
CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS A PARTIR DAS MULHERES
NEGRAS EDUCADORAS .......................................................................................................................9
A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI N° 11.645/2008 NO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA: O CASO DO
IFFAR SÃO BORJA (RS) ....................................................................................................................... 10
A IMPORTÂNCIA DA COMISSÃO DE HETEROIDENTIFICAÇÃO NO INGRESSO DE ESTUDANTES
NEGROS(AS) NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IFTM- CAMPUS
UBERLÂNDIA ..................................................................................................................................... 11
A INCOMPREENSÃO DO DIREITO À RESERVA DE VAGAS (COTAS) PARA PESSOAS PARDAS:
EXPERIÊNCIAS COM A HETEROIDENTIFICAÇÃO.................................................................................. 12
AÇÕES AFIRMATIVAS NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFG: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO ........................... 13
ANÁLISE FILOSÓFICA DA CONDIÇÃO DE SER MULHER ENTRE DOCENTES DO CURSO AGROINDÚSTRIA
INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO IFTM CAMPUS ITUIUTABA ............................................................... 14
ANIMAIS E MITOS: INSPIRAÇÕES REAIS PARA A CRIAÇÃO DE FIGURAS MITOLÓGICAS AFRICANAS E
SUL-AMERICANAS ............................................................................................................................. 15
ARTE CONTEMPORÂNEA E POÉTICAS VISUAIS DE ARTISTAS AFRO-BRASILEIROS: UM ESTUDO SOBRE
A OBRA DE AYRSON HERÁCLITO ........................................................................................................ 16
AS LEIS 10.639/2003 E 11.645/2008 NAS AULAS DE GEOGRAFIA ....................................................... 17
AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS E AS COTAS RACIAIS EM CONCURSOS PÚBLICOS PARA PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA ........................................................................................................................... 18
AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS PARA INGRESSO E PERMANÊNCIA DE MULHERES INDÍGENAS
NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UFG E OS PRESSUPOSTOS DE UMA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL .. 19
A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA E AS COTAS: UM OLHAR
NECESSÁRIO ..................................................................................................................................... 20
BELEZA DE DENTRO E POR FORA ....................................................................................................... 21
BELL HOOKS E O QUESTIONAMENTO DOS PADRÕES DE BELEZA ........................................................ 22
BIOQUIF: AÇÃO DE FORMAÇÃO ANTIRRACISTA PERMEANDO A CIÊNCIA ........................................... 23
CHICA MACHADO – MEMÓRIA INSURGENTE NO SERTÃO DO SILENCIAMENTO ................................. 24
CINE ANTIRRACISTA EM VÍDEOS CURTOS: PROJETO NEABI 2023 ....................................................... 25
COLANDO MEMÓRIAS ANCESTRAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA OFICINA DE COLAGEM DA
LIGA SANKOFA .................................................................................................................................. 26
COMPARTILHAR SABERES DE CURA PELA MÚSICA: A INVENÇÃO NA CLÍNICA E NA POLÍTICA ............. 27
DISCUTINDO A APROPRIAÇÃO CULTURAL: ANÁLISE DAS ORIGENS E RESSIGNIFICAÇÕES DO
MOVIMENTO RASTAFARI .................................................................................................................. 29
DIVERSIDADE CULTURAL E A VALORIZAÇÃO DA ANCESTRALIDADE INDÍGENA JAVAÉ ......................... 30
JUVENTUDE NEGRA: A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS .......................................................................................................................................... 31
EDUCAÇÃO DE/NO TERREIRO DE UMBANDA E PRÁTICAS ANTIRRACISTAS: COMO DIALOGAM? ........ 32
EDUCAÇÃO E RACISMO AMBIENTAL: LIVROS PARADIDÁTICOS COMO ESTRATÉGIA PARA UMA
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA E COM CONSCIÊNCIA MEIO AMBIENTAL ................................................. 33
EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: UMA PROPOSTA PARA A LICENCIATURA EM
EDUCAÇÃO DO CAMPO..................................................................................................................... 34
EMPODERAMENTO DA COMUNIDADE JAVAÉ: PRÁTICAS EDUCACIONAIS EM SAÚDE MATERNO-
INFANTIL NA ALDEIA KANOANO ........................................................................................................ 35
ESCREVIVÊNCIA: UMA INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA E O PROTAGONISMO ACADÊMICO DE MULHERES
NEGRAS ............................................................................................................................................ 36
ESCREVIVÊNCIAS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA: UMA PERSPECTIVA
INTERSECCIONAL E ANTIRRACISTA .................................................................................................... 37
ETNODESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO INDÍGENA ........................................................................... 38
EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS (NEABI) NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES DO IFMS CAMPUS CAMPO GRANDE.............................. 39
EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS: PRESSUPOSTOS PARA O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA E INDÍGENA NO COTIDIANO ESCOLAR – VIVÊNCIAS AFRO-INDÍGENAS ATRAVÉS DA
PRODUÇÃO COLETIVA DE UM PORTFÓLIO DIGITAL ........................................................................... 40
O QUE É SER MULHER NOS CURSOS INTEGRADOS NO IFTM CAMPUS ITUIUTABA? ............................ 41
FILOSOFIA E A INTERSECCIONALIDADE DA MULHER NEGRA NA CONGADA ....................................... 42
FORMAÇÃO CONTINUADA DAS COMISSÕES DE HETEROIDENTIFICAÇÃO: UMA PRÁTICA NECESSÁRIA
PARA A EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE COTAS ÉTNICO-RACIAIS.......................................................... 43
GUARDIÕES DO PASSADO: OS INDÍGENAS DO TOCANTINS NO SÉCULO XXI ....................................... 44
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: NOTAS ACERCA DA INVISIBILIDADE DAS EXPERIÊNCIAS DOS
DOCENTES E DISCENTES NEGROS NOS ESPAÇOS ESCOLARES ............................................................. 45
INSTAGRAM DA LIGA SANKOFA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE ARTES DIGITAIS E RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS ................................................................................................................................ 46
JOGOS E EXERCÍCIOS TEATRAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA: UM
EXPERIMENTO PARA A PRODUÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O QUILOMBO DO CAMPO
GRANDE EM MINAS GERAIS E SUAS REPRESENTAÇÕES NA HISTORIOGRAFIA .................................... 47
JOGOS, CANTIGAS E BRINCADEIRAS POPULARES: UM RESGATE HISTÓRICO CULTURAL AFRO
INDÍGENA NA EJA – EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS ................................................................ 48
LENDAS AFRICANAS COMO OBJETO DE ENSINO: UMA EXPERIÊNCIA PARA MUITAS LEITURAS ........... 49
LETRAMENTO RACIAL E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA: A POESIA DE RESISTÊNCIA EM TERRA NEGRA,
DE CRISTIANE SOBRAL....................................................................................................................... 50
LETRAMENTO RACIAL: EMPODERAMENTO DE MULHERES NEGRAS................................................... 51
LIGA SANKOFA: ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO AFROPEDAGÓGICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO (UFTM) ........................................................................................................... 52
MOSTRA LITERÁRIA POR UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA ................................................................ 53
MURAL NEABI - PROJETO NEABI 2023 ............................................................................................... 54
NA TRILHA DE BARÁ: UM ESTUDO SOBRE AS PERSONAGENS ALVEANAS NO ROMANCE "BARÁ NA
TRILHA DO VENTO" ........................................................................................................................... 55
“NEGRO NÃO, PARDO!”: IDENTIDADE E CONFLITOS EM AUTODECLARAÇÃO NA COMISSÃO DE
HETEROIDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................... 56
NEGRO PASSO EM PALAVRAS: A POESIA NEGRA COMO ESPAÇO DE ACOLHIMENTO ......................... 57
O DEBATE SOBRE GÊNERO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA FORMAÇÃO DOCENTE .......................... 58
O LUGAR DA ÁFRICA ANTIGA NA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: REFLEXÕES SOBRE
UM PROJETO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO ............................................................................. 59
O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL INDÍGENA NO RIO GRANDE DO SUL A PARTIR DA PERSPECTIVA
DECOLONIAL: O CASO DA TAVA MIRI ................................................................................................ 60
O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA NA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE SANTA CATARINA: IMPLICAÇÕES NA INSERÇÃO DE ESTUDANTES NEGROS E INDÍGENAS
......................................................................................................................................................... 61
O PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES) COMO ESTRATÉGIA DE
PERMANÊNCIA DE NEGROS E NEGRAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR...................................................... 63
O SILÊNCIO DA BRANQUITUDE E A DENÚNCIA DA DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE
DO FILME MEDIDA PROVISÓRIA ........................................................................................................ 64
OCUPAÇÃO INDEVIDA DE RESERVA DE VAGAS NO INGRESSO NA GRADUAÇÃO: O CARÁTER
VERIFICATIVO DA COMISSÃO DE HETEROIDENTIFICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA ..................................................................................................................................... 65
ORIGEM, CULTURA E HISTÓRIA DO POVO INDÍGENA JAVAÉ .............................................................. 66
OS APELIDOS NO IFTM: BRINCADEIRA OU RACISMO?........................................................................ 67
PARA INÍCIO DE CONVERSA: EXISTE UMA ESCOLA SEM AS CRIANÇAS? .............................................. 68
PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE ENSINO ANTIRRACISTA NA FORMAÇÃO DAS PEDAGOGAS: A
GEOGRAFIA COMO PRÁTICA DISRUPTIVA DO EUROCENTRISMO ....................................................... 69
UMA FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS ............................. 70
PESQUISADORES NEGROS E A RELAÇÃO DE EXCLUSÃO COM O MERCADO DE TRABALHO ................. 71
PLANTAS FORRAGEIRAS DE ORIGEM AFRICANA NO BRASIL ............................................................... 72
POSSÍVEL RELEVÂNCIA DA LEI N° 10.639 PARA ALUNOS DO IFTM CAMPUS UBERLÂNDIA .................. 73
PRODUÇÃO DE TEXTO E LETRAMENTO RACIAL.................................................................................. 74
PROJETO DE ENSINO CINEMA E FILOSOFIA: FILOSOFIAS AFRICANAS ................................................. 75
REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES RACIAIS NO MUNDO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE ............... 76
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NOS VERSOS DE “TERRA NEGRA” ............................................................ 77
RESULTADO DE UMA PESQUISA PARTICIPANTE ACERCA DA FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS ........................................................................................................ 78
SABERES INDÍGENAS E A TRADIÇÃO JAVAÉ: MEMÓRIAS COLETIVAS E ANCESTRALIDADE................... 79
SIMONAL: UM NEGRO DE COR À LUZ E À SOMBRA DO REGIME ........................................................ 80
TRAJETÓRIA DE VIDA-FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NEGRAS DO ENSINO FUNDAMENTAL I EM MATO
GROSSO: DA FORMAÇÃO À PRÁTICA DOCENTE ................................................................................. 81
UMA ANÁLISE DO POEMA “A LÁGRIMA DE UM CAETÉ” A PARTIR DO PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO
DE VIVEIROS DE CASTRO ................................................................................................................... 82
UMA ANÁLISE SOBRE A ANCESTRALIDADE NA MÚSICA DE GILSONS .................................................. 83
UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO: LEITURA DE ESCRITORAS NEGRAS NA LITERATURA
CONTEMPORÂNEAS .......................................................................................................................... 84
UMA HISTÓRIA DE MULHERES NEGRAS NOS LIVROS DIDÁTICOS: EM BUSCA DE OUTRAS ESCRITAS E
REPRESENTAÇÕES NOS MATERIAIS DO PNLD (2013-2023) ................................................................ 85
UMA LEITURA ANTIRRACISTA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ÁFRICA E DOS NEGROS AFRICANOS
EM LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA – PNLD 2014 E 2020 .............................................................. 86
USO DE PLANTAS DO CERRADO POR COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA REGIÃO DO SOBRADINHO,
ZONA RURAL DE UBERLÂNDIA - MG .................................................................................................. 87
VISITA TÉCNICA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE APRENDIZAGEM CIENTÍFICA ...................... 88
VOZES NEGRAS NO CENTRO DO DIÁLOGO: ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO E ‘MULHERES, CLASSE E
RAÇA’ DE ANGELA DAVIS .................................................................................................................. 89
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

@EUNOIF

Patrícia Lopes Andrade1


Vitoria Alyce Pereira Cardoso2
Lauro Nascimento de Souza2
Paulo Felipe Fernandes de Oliveira2
Rodrigo Otávio Decaria de Salles Rossi3

Esse relato é fruto de um projeto de ensino que se propôs a promover, de maneira


colaborativa, a permanência e o êxito de estudantes cotistas negros pretos e pardos no IFTM
Campus Uberlândia, por meio de práticas inovadoras que exploram a integração digital
como ferramenta de emancipação. Nossa intenção era, não apenas compreender os
obstáculos enfrentados por esses estudantes na instituição, mas também cultivar a
autoestima racial, reconhecendo-a como elemento fundamental no processo educacional.
Conscientes de que não existe uma fórmula mágica para erradicar a evasão escolar, nosso
esforço estava voltado para a criação de um ambiente inclusivo e acolhedor, onde cada
indivíduo pudesse se sentir pertencente e protagonista de sua jornada acadêmica. Em um
projeto de pesquisa prévio, observamos uma diminuição nos índices de sucesso entre os
cotistas negros em comparação com seus colegas não cotistas, uma realidade que nos
motivou a aprofundar nossas estratégias. Nesse contexto, o Núcleo de Estudos Afro-
Brasileiro e Indígena (NEABI) desempenhou um papel relevante, impulsionando a reflexão
sobre a igualdade de oportunidades e a valorização das identidades afro e indígena.
Reconhecemos que a promoção da diversidade étnico-racial é um caminho essencial para a
construção de uma sociedade mais justa e equitativa. A importância das mídias sociais na
contemporaneidade, especialmente em um cenário de alta conectividade, não escapou à
nossa atenção. Durante a execução do projeto, os bolsistas, utilizaram a conta no Instagram
(@eunoif) como um espaço para compartilhar informações e construir uma comunidade
virtual que promovesse o diálogo e a troca de experiências. Assim, unindo nossas
abordagens, buscamos não apenas enfrentar os desafios da evasão escolar, mas também
nutrir o espírito crítico e emancipatório dos estudantes, incentivando-os a ocupar todos os
espaços sociais e a moldar um futuro mais inclusivo e igualitário para todos em nossa
sociedade.

Palavras-chave: Evasão. Inclusão. Rede social.

1
Médica Veterinária/Professora, IFTM campus Uberlândia, patricialoeps@iftm.edu.br.
2
Estudantes IFTM campus Uberlândia.
3
Médico Veterinário/Professor, IFTM campus Uberlândia, rodrigorossi@iftm.edu.br.

1
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A COMPREENSÃO DO CONTINENTE AFRICANO DE FORMA POSITIVA – UMA POSSIBILIDADE


PARA EXECUÇÃO DA LEI 10.639 EM UMA ESCOLA DA ZONA LESTE NA CIDADE DE
UBERLÂNDIA
Ilzimeire Alves da Silva1
Ilza Maria da Silva Alves2

O presente trabalho teve como objetivo desmistificar junto aos alunos a ideia de que o
continente Africano é apenas um “país de pobre negros”, fornecedor histórico de escravos e
doenças contagiosos e letais, com total ausência de eventos importantes, além de observar
qual nível de conhecimento que alguns (as) alunos de ensino médio possuem sobre a Lei
10639/03, trabalhando a África com os alunos, apresentando apenas aspectos positivos do
continente como autores africanos, alguns costumes, super-heróis, militantes, economia,
criatividade, a alegria, a musicalidade, a hospitalidade, a inteligência, a riqueza histórica e
arqueológica, as riquezas minerais, a riqueza da zoologia e também pessoas influentes, tudo
isso sendo trabalhado através de um breve processo histórico, apresentando desde as
principais influencias diretas e mostrando nos dias de hoje pessoas negras que são
influentes, mas que não são valorizadas e destacadas como deveria ser. Para sua realização
foi feita uma pesquisa bibliográfica e pesquisas de campo onde elaboramos um questionário
constituído de perguntas abertas e fechadas além de aulas práticas. Pudemos perceber que
a simples existência da Lei 10639/03 e os cursos de capacitação para os profissionais da
educação com o foco “História e Cultura Afro-Brasileira” não é a garantia da sua aplicação, é
necessário também na formação continuada dos/as professores/as, pois muitos não
possuem os recursos (habilidades) necessários para transmiti-la aos alunos/as, orientá-los
sobre quais as metodologias adequadas para se tratar o assunto em sala de aula

Palavra-chave: África. Educação. Ensino em geografia. Lei 10.639/2003. Preconceito.

1
Ilzimeire Alves da Silva, Geógrafa, ilzimeireadasilva@gmail.com.
2
Ilza Maria da Silva Alves, Assistente Social, ilzamarias@yahoo.com.br.

2
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA DA LEI 10.639/2003 E


11.645/2008

Fabio de Freitas Ribeiro1


Adriany de Ávila Melo Sampaio2

O texto em questão relaciona-se à descrição das principais contribuições do Programa de


Extensão Integração UFU/Comunidade – PEIC da Universidade Federal de Uberlândia – UFU
“As Leis 10639/2003 e 11645/2008, A Contação de Histórias Antirracistas e a Formação
Continuada de Professores de Geografia”, realizado entre os meses de abril a dezembro de
2022, coordenado pela Profa. Dra. Adriany de Ávila Melo Sampaio. O projeto é parte
integrante do Grupo de Pesquisa em Ensino de Geografia na Perspectiva do Ser Humano
Integral – GPEGPSHI do Instituto de Geografia – UFU. O projeto foi realizado na ONG Estação
Vida e teve como objetivo geral apresentar como a contação de história pode contribuir
para o ensino de Geografia, com possibilidades de debates sobre representatividade e
identidade étnico-racial para os alunos da Educação Básica. Os objetivos específicos se
relacionavam com a integração das Leis Federais 10.639/2003 e 11.645/2008 com a história
escolhida para contação. A Literatura Infantil escolhida foi “A ‘verdadeira’ história do Saci
Pererê”, dos autores Iris Amâncio e Anderson Feliciano, ilustrada por Alexandre Sasdelli,
lançado no ano de 2012. Conhecido tanto pelo Folclore Brasileiro quanto pelas histórias do
Sítio do Pica-Pau Amarelo de Monteiro Lobato, na história em questão, o Saci-Pererê relata
que, pela primeira vez, teria a oportunidade de contar sua “verdadeira” história, ou seja,
relatar sua versão sobre fatos e histórias até então contadas por outras pessoas, e em
muitos casos, de modo contrário à sua realidade. Utilizar esse recurso didático pode
estimular a criatividade das crianças, bem como a imaginação, pensamento crítico, e ainda
proporcionar que elas comecem a observar seus entornos de acordo com as histórias
contadas. Durante a realização do Projeto foi possível verificar o quanto os alunos se
identificavam com a história contada e entre as atividades propostas, foi solicitado a eles
que fizessem uma ilustração que remetesse a alguma situação que envolvesse racismo,
podendo contar com a presença ou não de textos ou diálogos. Por vezes os desenhos ou
relatos se remetiam a questões vivenciadas pelas próprias crianças, fato esse que demonstra
a importância e aceitação do recurso didático pelos alunos.

Palavras-chave: Formação de professores. Identidade étnico-racial. Literatura Infantil.


Racismo. Representatividade.

1
Graduando em Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
ffreitasribeiro@gmaiil.com.
2
Licenciada em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Mestre em Geografia também pela
UFU. Doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, adrianyavila2@gmail.com.

3
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A CULTURA QUE VOCÊ CONSOME EM UMA PERSPECTIVA ANTIRRACISTA: DISCUSSÕES


INICIAIS

Ana Luiza dos Santos Oliveira1


Adriany de Avila Melo Sampaio2

O antirracismo é uma pauta crucial na sociedade atual, e questionar a cultura que


consumimos é fundamental para promover a justiça e a igualdade. No contexto do racismo
recreativo e da apropriação cultural, além de outras formas de opressão, é essencial analisar
esses fenômenos e combatê-los. Autores como Djamila Ribeiro (2019), Rodney William
(2019) e Adilson Moreira (2019) têm contribuído significativamente para essa discussão. Eles
têm abordado como as culturas negras e indígenas foram historicamente expropriadas e
apropriadas, contribuindo para a desumanização de grupos oprimidos. A apropriação
cultural é um processo que oculta a estrutura de poder, permitindo que os dominantes
definam o que é inferior e superior na estrutura social. Eles exploram as produções culturais,
materiais e imateriais de outros grupos, barganham financeiramente, mas criam
estereótipos prejudiciais a estes mesmos grupos explorados. Nesse contexto, é essencial que
as pessoas questionem as próprias ações e consumos culturais. Precisa-se reconhecer que a
luta contra o racismo e a apropriação cultural é uma responsabilidade de todos. Ao entender
o passado e o presente desse fenômeno, pode-se questionar as estruturas de poder que o
sustentam e promover uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Este texto, aqui
apresentado, faz parte do projeto antirracista "DANDARA DE PALMARES BRASIL", que
incentiva a formação de professores comprometidos com perspectivas inclusivas de forma
ampla. Permitindo estudos de autores que combatem o racismo e levando esse
conhecimento por meio de minicursos com aulas para a comunidade acadêmica, de alunos e
professores, com intuito de compartilhar as informações adquiridas. A pesquisa também
convida a continuar avaliando as escolhas e ações diárias, contribuindo para um mundo mais
justo e igualitário, onde todas as culturas são respeitadas e valorizadas. Durante o
desenvolvimento desta pesquisa ficou evidente como a sociedade brasileira, desde sua
formação social marcada pela opressão e discriminação, tem lidado de forma incoerente
com a apropriação cultural e o racismo recreativo, resultando na exclusão social de
populações negras e indígenas.

Palavras-chave: Apropriação cultural. Racismo. Culturas negras e indígenas.

Apoio: FAPEMIG

1
Graduanda em Geografia, Bolsista IC-FAPEMIG, Universidade Federal de Uberlândia, email:ana.dos@ufu.br
2
Doutora em Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, email:adrianyavila2@gmail.com

4
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A (DES)CONSTRUÇÃO CONCEITUAL DO CABELO, A IDEOLOGIA DO BRANQUEAMENTO E O


PARADIGMA DO ALISAMENTO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA PESQUISA-AÇÃO NAS
ESCOLAS PÚBLICAS DO ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JEQUIÉ-BA

Jamile Marques de Souza1


Rosemberg Ferracini2

O cabelo está diretamente ligado à autoestima e identidade étnico/racial de cada pessoa.


Cada uma delas expressam formas variadas de utilizarem os seus cabelos, no entanto, é
perceptível que na sociedade brasileira existe uma grande recusa para com os cabelos
afrodescendentes que mantém forte a ideologia do branqueamento desencadeando, dessa
forma, o paradigma do alisamento capilar. Nesse sentido, surge uma grande preocupação
relacionada ao racismo existente para com a população negra no âmbito educacional. Assim,
torna-se necessário que todos os componentes curriculares estejam unidos no combate ao
racismo nas escolas e, a partir disso, este trabalho buscou analisar de que forma os docentes
de Química trabalham para desconstruir o preconceito existente para com os diferentes
tipos de cabelos nas escolas públicas do Ensino Médio da Cidade de Jequié, localizada no
sudoeste da Bahia. Nessa perspectiva, tiveram-se como objetivos avaliar a abordagem sobre
o tema cabelo em sala de aula entre os professores, a noção de conhecimento sobre a
desconstrução do preconceito para com os cabelos afrodescendentes e a compreensão de
como o corpo docente de Química reflete sobre a temática em questão. Dessa forma, este
trabalho baseou-se na metodologia da pesquisa-ação através de entrevistas gravadas via
áudio envolvendo três professores de distintas escolas estaduais do Ensino Médio, a partir
de um questionário aberto contendo sete questões. Assim, após a coleta e análise dos
dados, foi possível perceber que a temática cabelo já foi abordada pelos três professores
pouquíssimas vezes quando se tratando apenas dos assuntos de Bioquímica e Química
orgânica, mas nunca no sentido de desconstruir o preconceito existente, o que confirmou a
hipótese deste trabalho. Além disso, todos os professores sentiram-se sensibilizados pela
pesquisa, tanto nas abordagens de relatos pessoais envolvendo o racismo, quanto nas
percepções de que deveriam abordar mais sobre a temática em sala de aula. A temática
abordada apresentou-se como uma novidade para esses professores, pois os mesmos nunca
haviam pensado que é possível combater o racismo e quaisquer formas de preconceito
fazendo-se o uso da disciplina de Química.

Palavras – Chaves: Ensino de Química, Cabelos afrodescendentes, Preconceito e Ideologia


do Branqueamento.

Apoio: UFTM/ Laboratório de Ensino e Educação - Labeduc

1 Mestranda UFTM-Uberaba. E-mail: jamile27marques@gmail.com


2 Professor da UFTM. E-mail: rosemberg.ferracini@uftm.edu.br

5
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES-RACIAIS NA ESCOLA INDÍGENA ANTÔNIO GOMES,


ALDEIA POTIGUARAS

Luana Dias de Oliveira 1


Daniel Chaves Ferreira ²
Erica Moreira Mota2
Antônia Karla Bezerra Gomes ⁴

O presente artigo analisa a inclusão da educação para as relações étnico-raciais no espaço


escolar e a importância das temáticas relacionadas para a construção de um novo olhar do
aluno sobre a formação da sociedade brasileira, que, advém da miscigenação dos povos
indígenas, africanos e europeus e acaba tornando o Brasil um país tão diversificado. A
metodologia constituiu-se, inicialmente, em um levantamento bibliográfico sobre o tema
abordado trazendo uma breve análise da aplicação da lei 10.639/03 que transmudou
obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro- brasileiras nas escolas de
Educação Básica das redes pública e privada do país, bem como, a lei 11.645/08 que
acrescenta a obrigatoriedade do estudo da História Indígena, corroborando com os autores,
Coelho (2012), Gomes (2001;2005), Oliveira (2006), entre outros, que abordam o tema em
tela. Ademais, foi realizada entrevista semiestruturada com a diretora da Escola Estadual
Indígena Antônio Gomes, da Aldeia Indígena Potiguaras, do município de Novo Oriente-CE,
sobre como a temática é trabalhada e sua importância no âmbito escolar. Assim, para
auxiliar na elaboração deste estudo e na reflexão buscou-se compreender como a temática
étnico-racial está inserida e é trabalhada na escola, averiguando sua importância na
formação brasileira e nos conhecimentos dos discentes acerca das origens que tornam o
Brasil um país diverso com vários povos, etnias, cores, religiões dentre outros aspectos
culturais. Desse modo, a partir dos estudos e pesquisas realizadas, foi possível perceber a
importância da educação para as relações étnico-raciais na escola, proporcionando aos
educandos saberes cotidianos e reflexões acerca de sua história, identidade e pertencimento
cultural.

Palavras-chave: Aplicabilidade das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. Educação Escolar


Indígena. Educação para as Relações Étnico-Raciais.

1
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará- IFCE – Campus Crateús, luana.dias.oliveira08@aluno.ifce.edu.br;
²
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará - IFCE – Campus Crateús,daniel.chaves.ferreira06@aluno.ifce.edu.br;
³ Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará - IFCE – Campus Crateús, erica.moreira.mota07@aluno.ifce.edu.br;

Professora de Fundamentos da Educação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará-
IFCE – Campus Crateús, karla.gomes@ifce.edu.br.

6
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A ESCREVIVÊNCIA E A INTERSECCIONALIDADE COMO FERRAMENTAS PARA DERRUBAR A


CASA-GRANDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DA LIGA SANKOFA

Denise Caroline de Souza 1


Carine Campos Santos2
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro3

O objetivo deste trabalho é realizar um relato de experiência no qual compartilhamos uma


prática realizada na Liga Acadêmica de Relações Étnico-raciais (Sankofa) da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM): o desenvolvimento de momentos de escuta sensível e
o escreviver de mulheres negras em momentos de formação desenvolvidos por ligantes. O
Brasil é um país extremamente desigual racialmente e ao realizarmos uma análise
interseccional, como destaca Carla Akotirene, podemos observar que essa situação para
mulheres negras é ainda mais excludente e complexa. Essa disparidade ocorre por meio de
diversos fatores. Entre esses, podemos destacar a dificuldade impostas, por vezes até
mesmo negadas ao acesso à educação. A despeito da luta do movimento negro que
aumentou substancialmente o ingresso de pessoas negras à educação, o acesso às
instituições de ensino sem repensar as estruturas das mesmas não altera o racismo sofrido
por pessoas negras dentro da academia. Dito isso, surge a necessidade de se repensar esses
espaços acadêmicos para podermos reestruturar a própria casa-grande, não apenas adentrá-
la. Afinal, o processo de epistemicídio fez com que apenas um tipo de construção de
conhecimento fosse valorizado - o branco patriarcal ocidental. Assim, uma das saídas é a
construção de outras formas de conhecimento, por uma perspectiva afrocentrada e
interseccional. Para alcançar tal fim, utilizamos como aporte teórico-metodológico a
escrevivência, termo cunhado pela escritora e ativista brasileira Conceição Evaristo, para o
fortalecimento da negritude das/os ligantes. Neste contexto, como resultado podemos aferir
(e sentir) que a Liga Sankofa tem cumprido com seu propósito de construir uma práxis
interseccional por meio de uma proposta de aquilombamento acadêmico em um ambiente
definido pela norma mítica.

Palavras-chave: Escrevivências. Feminismo negro. Mulheres negras.

1
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM). d202110265@uftm.edu.br
2
Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
carinecampos.santos@yahoo.com
3
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia pela (UFMS). Professora pela Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM). maylla.chaveiro@gmail.com

7
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A FORMAÇÃO, OS SABERES E AS PRÁTICAS DAS(OS) EGRESSAS(OS) DO CURSO DE HISTÓRIA


DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA CAMPUS PONTAL: AS QUESTÕES ÉTNICO-
RACIAIS EM FOCO

Camila Aparecida Nogueira dos Santos1

O presente texto, tem como proposta identificar e refletir o lugar das relações étnico raciais
no Curso de História da Universidade Federal de Uberlândia, Campus Pontal. Para tanto, em
nossa investigação recorremos aos documentos tais como: as Diretrizes Curriculares para a
formação de professores, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) do Curso de História da
Universidade Federal de Uberlândia, Campus Pontal e as fichas das disciplinas. Além disso,
usamos como metodologia o questionário on-line que foi enviado em 30 de junho de 2021 e
ficou disponível até 30 de setembro de 2021 para os noventa e dois egressa(o)s do Curso de
História (dentro desses vinte e cinco egressa(o)s responderam ao questionário). Outro
procedimento metodológico orientado e utilizado foi a História Oral temática, com as
egressas(o)s do Curso de História, optamos por entrevistar 4 professoras e 4 professores, de
diferentes turmas que atuam em diferentes realidades. Como referencial adotamos estudos
descoloniais, entre eles: Aníbal Quijano (2005), Catherine Walsh (2009), Edgard Lander
(2005), Enrique Dussel (2000), Nelson Maldonado-Torres (2017) e Walter Mignolo (2007)
que trazem uma proposta para enfrentar a colonialidade e o pensamento moderno.
Concordamos com Walsh (2009) ao afirmar que o pensar a partir da condição ontológico-
existencial-racializada dos colonizados e do pensar com outros setores populares possibilita
insurgir, reviver e reexistir. Como objetivo principal elegemos analisar, a formação, os
saberes e as práticas da(o)s egressa(o)s do Curso de História da UFU, Campus Pontal, no que
se refere às temáticas das relações étnico raciais.

Palavras-chave: As Relações Étnico-Raciais. Ensino de História. Estudos Descoloniais.


Formação, Saberes e Práticas Docentes.

Apoio: Fomento externo (Capes).

1
Possui graduação em História pelo Instituto de Ciências Humanas do Pontal (2014); Mestre em Educação, na
linha de pesquisa Saberes e Práticas Educativas pela Universidade Federal de Uberlândia (2019). Doutoranda
pela Universidade Federal de Uberlândia; Bolsista Capes; camillasantos_ap@hotmail.com.

8
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A IDENTIDADE PROFISSIONAL PEDAGOPRETA: PRETAGOGIA, EDUCAÇÃO E


ANCESTRALIDADE, CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS A
PARTIR DAS MULHERES NEGRAS EDUCADORAS

Marília Farias Xavier1

Com o objetivo de colaborar com a construção da identidade profissional docente “De/Por e


Para” Mulheres-Negras-Educadoras, a PEDAGOPRETA é um conceito que vem sendo
construído a partir das trajetórias de vida, experiências, escrevivências e referenciais
teóricos metodológicos, que trazem essas mulheres para a centralidade dos debates e
reflexões sobre educação e relações étnico-raciais. Esta pesquisa, desenvolvida durante o
Mestrado Profissional em Ensino e Formação Docente (UNILAB/IFCE), sob a orientação da
Prof. Dra. Rebeca Meijer, esteia-se no referencial teórico-metodológico da PRETAGOGIA e
abordagens cômpares, buscando a construção de uma identidade profissional, práxis
pedagógica e perspectiva educativa, que privilegia a cosmopercepção africana e afro
brasileira, bem como, as subjetividades e afetividades que envolvem a ascendência africana
na nossa educação. Este conceito surge a partir das minhas experiências nos movimentos
sociais, culturais, artísticos, educacionais e afro-religiosos da cidade do Natal-RN, em
consonância com a formação em Pedagogia na UFRN, que me ajudaram a construir uma
identidade profissional docente, que encontra a possibilidade de se expandir a partir da
pesquisa e do encontro com outras mulheres-negras-educadoras. Participaram deste estudo
um grupo de educadoras do estado do Rio Grande do Norte, inseridas em contextos e
formação profissional diversas, convocadas através de articulações com os movimentos
sociais, culturais e governamentais da prefeitura do Natal e do estado do RN. Este estudo
possibilitou também fortalecer o protagonismo feminino e negro na educação brasileira e
desenvolver dispositivos didáticos que contribuam com a formação de professoras e com a
educação para relações étnico-raciais no Brasil, colaborando com a implementação da Lei
10.639/03.

Palavras-chave: Pedagopreta. Pretagogia. Mulheres negras educadoras. Identidade


profissional docente. Educação e relações étnico-raciais.

1
Marília Farias Xavier, Aluna do Mestrado em Ensino e Formação Docente/ UNILAB/IFCE,
pedagopreta@gmail.com.

9
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI N° 11.645/2008 NO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA: O


CASO DO IFFAR SÃO BORJA (RS)

Priscila Gualberto de Lima1


Júlia da Silva Belmonte2
Eduardo Cogo de Souza3

Este resumo apresenta os resultados preliminares do projeto de pesquisa A implementação


da Lei n° 11.645/2008 no Instituto Federal Farroupilha: o caso do IFFar São Borja, cujo
desenvolvimento se dá no âmbito do IFFar, Campus São Borja (RS). O objetivo deste trabalho
visa analisar o processo de implementação da Lei n° 11.645/2008 nos componentes
curriculares ministrados pelos docentes do IFFar São Borja. A metodologia empregada se
relaciona a um estudo de caso, com a utilização de duas técnicas de investigação (pesquisa
documental e questionário). Os resultados mostram que, na pesquisa documental, ou seja,
as concepções formuladas na Lei n° 11.645/2008 estão sendo pouco desenvolvidas nos
componentes curriculares ofertados pelos docentes do IFFar São Borja aos cursos existentes
na instituição. Mais especificamente, o desenvolvimento da temática da história e da cultura
afro-brasileira e indígena nas ementas, bibliografias, conteúdo programático, etc. das
disciplinas são incipientes e demonstram um currículo baseado em princípios
epistemológicos eurocêntricos, os quais são derivados de uma dominação colonial
capitalista, patriarcal, cristã, moderna e heteronormativa europeia. No âmbito da escola,
estes princípios se produzem e reproduzem ao invisibilizar a história e a cultura dos povos
afro-brasileiros e indígenas. Ainda em termos dos resultados parciais, a segunda técnica de
pesquisa, a qual se relaciona à aplicação dos questionários, não ocorreu em virtude de que o
referido projeto ainda se encontra em fase inicial, o que dificulta uma investigação mais
profunda sobre o tema. No entanto, pretende-se, na próxima etapa de desenvolvimento do
projeto de pesquisa, realizar a aplicação dos questionários e analisar os dados obtidos com
estes para corroborar ou não com a pesquisa documental já feita.

Palavras-chave: Lei n° 11.645/2008. História e cultura afro-brasileira. História e cultura


indígena. Currículo eurocêntrico.

Apoio: o presente trabalho conta com o fomento externo do Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) à iniciação científica. Agradece-se a
instituição pelo apoio.

1
Doutora em Sociologia, docente do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) Campus São Borja (RS), coordenadora do
projeto de pesquisa, e-mail: priscila.lima@iffarroupilha.edu.br.
2
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do IFFar Campus São Borja (RS), bolsista
de iniciação científica CNPq, e-mail: julia.2023006564@iffarroupilha.edu.br.
3
Estudante do Curso Técnico em Eventos Integrado do IFFar Campus São Borja (RS), bolsista de iniciação
científica, e-mail: eduardo.2023307719@aluno.iffar.edu.br.

10
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A IMPORTÂNCIA DA COMISSÃO DE HETEROIDENTIFICAÇÃO NO INGRESSO DE ESTUDANTES


NEGROS(AS) NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IFTM-
CAMPUS UBERLÂNDIA
Talita Lucas Belizário de Oliveira1
Márcia Moreira Custódio2
Stella Santana da Silva Jacinto3

As comissões de heteroidentificação foram regulamentadas pela Portaria normativa nº 4 de


6 de abril de 2018 e utilizam o critério fenotípico para avaliar os candidatos que ingressam
pela Lei de Cotas de 2012. As comissões têm a finalidade de evitar fraudes e garantir o
acesso da população negra nas instituições e concursos públicos federais. O objetivo do
trabalho foi verificar a importância das comissões de heteroidentificação no ingresso de
estudantes negros e negras no Instituto federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFTM-
campus Uberlândia. A metodologia do trabalho foi analisar os dados dos ingressantes por
cotas raciais no sistema oficial da instituição no período de 2013 a 2022 e os documentos
legais que fundamentam o trabalho das comissões de heteroidentificação. A partir das
investigações foi apurado que as comissões foram implementadas no IFTM-campus
Uberlândia no primeiro semestre de 2019 por meio da Resolução Ad referendum nº
010/2020. Antes desse período os candidatos às cotas raciais utilizavam somente a
autodeclaração. Foi verificado que no ano de 2013 quando as cotas raciais foram
implementadas no IFTM-campus Uberlândia ingressaram 151 estudantes por cotas raciais e
nos anos seguintes 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018 a quantidade de ingressantes por cotas
raciais foram (198), (201), (376), (389) e (401). Já no período pós comissões de
heteroidentificação os quantitativos foram: 2019 (392), 2020 (499), 2021 (464) e 2022 (492).
Conclui-se que após a instauração das comissões de heteroidentificação houve um aumento
significativo no ingresso de estudantes negros e negras por cotas raciais no IFTM-campus
Uberlândia, e que antes desse período a quantidade de fraudes era maior, deve-se a esse
fato falta de entendimento dos candidatos e a má fé de alguns. Enfim, as comissões não
fazem um julgamento de corpos, mas instauram um processo político de acolhimento e
recepção aos corpos esquecidos, interditados e normatizados pelo racismo.

Palavras-chave: Comissão. Heteroidentificação. Ingresso. Negros.

1
Mestre em Geografia da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia, Técnica de Laboratório de Biologia do
IFTM-campus Uberlândia, talita@iftm.edu.br.
2
Professora, IFNMG Campus Pirapora, MG, Dra. Letras, marciacustodio@iftm.edu.br .
3
Professora, Prefeitura Municipal de Uberlândia, MG, Pedagoga, stella.jacinto@ufu.br.

11
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A INCOMPREENSÃO DO DIREITO À RESERVA DE VAGAS (COTAS) PARA PESSOAS PARDAS:


EXPERIÊNCIAS COM A HETEROIDENTIFICAÇÃO

Patrícia Campos Pereira1


Rosa Maria da Silva2
Telma Aparecida da Silva Santos3
Trícia Beatriz Roza de Oliveira4

A partir da implementação da Lei nº 12.711/2012 que institui a obrigatoriedade da reserva


de vagas (cotas) para negros (pretos e pardos) e indígenas nas instituições federais de
ensino, houve um aumento significativo do número de candidatos(as) inscritos(as) para
concorrer às vagas destinadas a estes grupos. Neste contexto, também foram identificadas
inúmeras denúncias de fraude de pessoas que não possuem as características fenotípicas
para ocupar essas vagas, utilizando-se dessa oportunidade indevidamente. Com o intuito
organizar a institucionalização da política de cotas e de impedir a ocorrência de fraudes, o
IFTM regulamentou em 2020 seus procedimentos de verificação da autodeclaração de
candidatos(as) negros (pretos e pardos) e indígenas (heteroidentificação), criando as
comissões locais de heteroidentificação em seus 9 campi e a comissão recursal para analisar
os recursos contra os indeferimentos das autodeclarações. Em meio ao processo de
heteroidentificação das comissões locais e dos recursos pela comissão recursal, tem-se
observado um número significativo de candidatos(as) que se autodeclaram pardos para
concorrer à reserva de vagas de forma equivocada. Na maioria dos casos, a comissão
recursal atesta a decisão da comissão local, confirmando o indeferimento da
autodeclaração, levando esses candidatos a recorrer por via judicial, o que tem somado
inúmeras ações judiciais para a instituição. Nesse sentido, este estudo justifica-se pela
necessidade de se criar mecanismos de esclarecimento aos(às) candidatos(as) à reserva de
vagas, especialmente para pessoas pardas, sobre os critérios de concorrência, bem como
sobre os aspectos étnico-raciais do público-alvo da política. O estudo objetiva trazer esses
aspectos identificados pelos(as) membros(as) das comissões, e reforça, a partir dos
resultados parciais obtidos, a necessidade de elucidar as pessoas sobre o direito à cota por
pessoas pardas, identificando quais fatores induzem os(as) candidatos(as) a se inscrever
indevidamente para o grupo de concorrência.

PALAVRAS-CHAVE: Cotas. Heteroidentificação. Negros. Autodeclaração.

1
Mestra em Empreendedorismo e Internacionalização, Especialista em Educação a Distância e Direito Educacional,
Bacharela em Administração Pública e Licenciada em Pedagogia. Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Pedagoga. E-mail:
patriciacampos@iftm.edu.br.
2 Doutora em Geografia pela UFU, mestra em educação pela UFTM, especialista em Docência no ensino superior pela

UFTM, Pedagoga pela UNIUBE e Licenciada em Geografia pelo CESUBE.E-mail: rosamaria@iftm.edu.br.


3 Mestra em Educação, Licenciada em Letras e Pedagogia e Bacharelado em Direito, Especialista em Gestão Escolar.

Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Técnica em Assuntos Educacionais. E-mail: telmasantos@iftm.edu.br.


4 Mestre em Educação (Direito e Literatura), Especialista em Direito Digital e Compliance com Docência no ensino superior.

Especialista em Direito do Trabalho e Processo. Especialista em Direito Penal - organizações criminosas. Graduada em
Licenciatura em Letras Português/Inglês. Graduada em Direito. Graduanda em Licenciatura em Matemática. Assistente em
Administração no Instituto Federal do Triângulo Mineiro. E-mail: tricia@iftm.edu.br.

12
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

AÇÕES AFIRMATIVAS NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFG: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Joselaine Galvão Souza1

Os estudos sobre as ações afirmativas nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES)
evidenciam as desigualdades raciais, sociais e educacionais inerentes à sociedade brasileira.
Dentro desta perspectiva de estudo sobre ações afirmativas nos Programas de Pós-
Graduação, a presente pesquisa está vinculada ao projeto intitulado “As ações afirmativas
nos Programas de Pós-Graduação de universidades brasileiras”, com parceria entre quatro
universidades brasileiras. Tem como objetivo principal analisar como tem sido a criação e
implementação das ações afirmativas no âmbito destes Programas. Para realização do
projeto recorre-se à pesquisa de cunho qualitativo, como proposta a análise documental e
entrevistas semiestruturadas. Tem-se como fundamentação teoria o estudo sobre as
relações étnico-raciais na sociedade brasileira e nas universidades públicas, recorrendo aos
teóricos: Bento (2022), Domingues (2005), Godoi e Santos (2021), Moehlecke (2004) e
Queiroz e Santos (2006). Destaca-se que, para o desenvolvimento da pesquisa, cada lócus
conta com uma equipe de pesquisadoras. Para a análise documental foram priorizados as
resoluções e os editais, com recorte temporal: 2014, 2016 e 2022. Ao mapear os Programas
de Pós-Graduação na UFG, a universidade conta com nove Programas. Com o objetivo de
compreender o panorama geral do perfil dos estudantes de Pós-Graduação na UFG, foi
realizada uma pesquisa no site Analisa UFG, com recorte cor/raça e forma de ingresso dos
4.483 estudantes matriculados. Em análise dos dados, é importante destacar que há
predomínio de estudantes autodeclarados brancos. Com relação à forma de ingresso, a
ampla concorrência perfaz um total de 3.546, em contraponto com as cotas raciais, um total
de 172 estudantes. Levando em consideração as limitações da presente pesquisa pode-se
observar que há um diferencial o número de estudantes brancos, negros e indígenas. Ao
levar em consideração o número total de estudantes matriculados e o número de
estudantes que ingressaram por cotas raciais, pode-se afirmar que o percentual de
estudantes cotistas é de 3,83%, um número bem abaixo do previsto pela RESOLUÇÃO -
CONSUNI Nº 07/2015, o que revela as barreiras que as populações negras e indígenas
encontram para adentrar áreas de estudo/trabalho historicamente branca.

Palavras-chave: Ações afirmativas. Cotas raciais. Pós-Graduação.

1
Mestra em Educação/Professora, Universidade Federal de Goiás (UFG), joselainegs@gmail.com.

13
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ANÁLISE FILOSÓFICA DA CONDIÇÃO DE SER MULHER ENTRE DOCENTES DO CURSO


AGROINDÚSTRIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO IFTM CAMPUS ITUIUTABA

Nicolly do Nascimento Pacheco 1


Ana Carolina Gomes Araújo 2

Em Patrícia Hill Collins e o conceito de interseccionalidade encontramos a compreensão de


que mais do que um conceito estritamente acadêmico, interseccionar é proceder uma
análise crítica, e ainda, trata da dimensão de uma prática crítica. Ora, nos diz a autora que
não basta perguntar pelo o que é Interseccionalidade, é preciso também, perguntar o que
faz a Interseccionalidade. Nesse sentido, acumulando os estudos de pesquisa de conceitos
das filósofas Simone de Beauvoir e Djamila Ribeiro, referenciado pelos perspectivas teóricas
da mulher como condição do outro, bem como pela pirâmide social do poder e lugar de fala,
nos propomos à observação atenta e à escuta do cotidiano das professoras que atuam no
curso técnico de agroindústria integrado ao ensino médio do Instituto Federal do Triângulo
Mineiro (IFTM), Campus Ituiutaba, partindo das nossas condições de estudante e de
professora do curso, utilizando da estratégia deliberada de tratar da simultaneidade entre
pesquisadoras e objetos de pesquisa. Nesse sentido, as questões problematizadoras
disponibilizadas para as professoras do curso, foram construídas na imersão própria do
mesmo cotidiano vivenciado pelas autoras: mulheres, estudantes, professoras. Utilizamos,
portanto, a interseccionalidade, ora como análise crítica e ora como prática crítica, sendo, a
análise crítica como camada primeira na medida em que elaboramos as questões
problematizadoras, e a prática crítica em seguida assumindo o protagonismo investigativo
na medida em que partimos das nossas experiências como mulheres envolvidas diariamente
no território investigado, qual seja, o curso no campus e a condição de ser mulher.
Apresentaremos as nossas análises a partir da escuta dialogada com as professoras
interseccionando as categorias de raça, classe, gênero e sexualidade como metodologia
interrelacional as tomando como influenciadoras das relações existentes no curso e que
revelam a diferença entre mulheres negras, brancas, indígenas e amarelas.

Palavras-chave: Agroindústria; Ensino Integradro; Filosofia; IFTM; Interseccionalidade;


Mulher negra.

Apoio: BIC Jr. IFTM

1
Nicolly do Nascimento Pacheco, Estudante do Curso Técnico em Agroindústria Integrado ao Ensino Médio,
IFTM Campus Ituiutaba, MG, bolsista de pesquisa BIC Jr-IFTM, email: nicolly.pacheco@estudante.iftm.edu.br
2
Ana Carolina Gomes Araújo, Doutorado em Filosofia, Professora do IFTM Campus Ituiutaba, Coordenadora do
Humano Mulher, email: anaaraujo@iftm.edu.br.

14
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ANIMAIS E MITOS: INSPIRAÇÕES REAIS PARA A CRIAÇÃO DE FIGURAS MITOLÓGICAS


AFRICANAS E SUL-AMERICANAS

Daniely Dianin Oliveira1


Bruna de Oliveira Mendes2
Dieferson da Costa Estrela3

As culturas Africana e Sul-americana compartilham riquezas inestimáveis que atualmente se


misturam em muitos contextos. Contudo, ao buscar por mitos originados nestas culturas em
tempos remotos é possível notar que certos padrões se repetem, mesmo que as fontes de
inspiração sejam distintas. Neste estudo, que está sendo desenvolvido, observa-se que
animais de grande porte, em geral predadores ou animais que ofereçam risco à vida
humana, são fontes de inspiração para a criação de mitos. Em um caso famoso, do Deus
egípcio Sobek, é representada a união de um homem e um crocodilo. Por sua vez, o
Mapinguari é um mito amazônico provavelmente inspirado na Preguiça-gigante, um
representante da Megafauna (grupo de mamíferos grandiosos, com peso acima de 44 kg,
que prosperou no passado e hoje foi em grande parte extinto). Diante disso, este estudo
tem como objetivo investigar as inspirações que originaram mitos africanos e sul-americanos
com figuras animais e verificar se os eventos de extinção recentes impactaram tais mitos.
Para isso, está sendo realizada uma revisão bibliográfica sobre mitos nas plataformas Google
Acadêmico, Scielo, Google e Bing com palavras-chaves relacionadas ao tema. Até o
momento foram encontrados 253 seres místicos dentro de diversas mitologias dos dois
continentes, de modo que 52,5% dos mitos são do continente africano e 14,2% destes foram
inspirados em animais. De modo geral, os animais usados como inspiração são grandes,
grande parte predadores e/ou podem causar a morte de um humano em determinadas
condições. Em alguns casos, a inspiração é proveniente de representantes da megafauna
extintos a centenas ou milhares de anos, demonstrando que são manifestações culturais
bastante antigas. A presença de representantes da megafauna em seres místicos sugere que
esses animais desempenharam um papel importante na vida dessas sociedades, a ponto de
serem incorporados em suas histórias e lendas. Por fim, nas próximas etapas do estudo será
analisado se a diferença observada na extinção da megafauna nos dois continentes
impactou na frequência de mitos inspirados em tais animais.

Palavras-chave: Mitos africanos; cultura africana; lendas e mitos da África; Megafauna;


mamíferos gigantes; extinção do quaternário.

1
Autor, estudante, Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberlândia-MG, e-mail:
daniely.oliveira@estudante.iftm.edu.br.
2
Doutoranda, Universidade Federal de Uberlândia – Campus Umuarama, e-mail:
brunamendes0107@gmail.com.
3
Docente, Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberlândia-MG, e-mail: diefersonestrela@iftm.edu.br.

15
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ARTE CONTEMPORÂNEA E POÉTICAS VISUAIS DE ARTISTAS AFRO-BRASILEIROS: UM


ESTUDO SOBRE A OBRA DE AYRSON HERÁCLITO

Luís Felipe Dias Gonçalves1


Hélio Aparecido Lima Silva2

O presente trabalho refere-se a realização de análise visual de um conjunto de imagens de


obras do artista visual afro-brasileiro contemporâneo Ayrson Heráclito (1968), neste estudo
destaca-se os aspectos visuais e conceituais presentes em sua produção artística. Um
recorte específico se destinará a elencar elementos visuais, identificando ideias de
ancestralidade, identidade e religiosidade, como poética referencial. A metodologia consiste,
consiste no levantamento bibliográfico e imagético, encaminhando-se na contextualização
da produção do artista. O referencial teórico inclui os olhares sobre a produção afro-
brasileira contemporânea em artes visuais, considerando as pesquisas de Célia Maria
Antonacci (2021) com as quais, elabora apontamentos abordando diferentes aspectos das
contribuições da arte africana e afro-diaspórica, na percepção de tempos e espaços,
políticos, históricos e poéticos de conhecimento e criação. Encontra-se nesse cruzamento os
estudos do professor Sidnei Nogueira (2020) sobre intolerância religiosa e o apagamento
religioso preto. Nesse sentido, vale-se dos recursos e materiais didáticos, elaborados pelo
setor Religiosidade do Museu Afro-Brasileiro – UFBA (2005), como material de apoio à
professores e estudantes para análises e investigações de uma conformação da identidade
negra. Escolher o artista Ayrson Heráclito para este estudo, surge da observação de seus
processos criativos e pelo fato de ser um artista/pesquisador a cultura afro-brasileira e
africana que por meio de suas obras, entre elas, fotografias, performances, vídeos,
instalações, estruturam visualmente as questões de identidade, memória e religiosidade.
Suas proposições poéticas/estéticas evocam ligações entre arte e vida, conectando-se às
diferentes áreas dos saberes e vivências entre culturas e religiões de matrizes africanas. As
materialidades plásticas e visuais tornam-se fundamentais, como em uma de suas
performances, na qual o artista utiliza alimentos como elemento visual e simbólico, no
procedimento de banhar e ou cobrir um corpo negro com pipocas caindo da cabeça aos pés,
fazendo um diálogo visual e conceitual direto ao orixá, Omulu, remetendo a ideia de
purificação do corpo e da alma.

Palavras-chave: Arte contemporânea. Artistas afro-brasileiros. Religiosidade.

1
Luis Felipe Dias Gonçalves, estudante do ensino médio integrado, IFTM – UPT,
luis.concalves@estudante.iftm.edu.br , PIVIC - IFTM.
2
Hélio Aparecido Lima Silva, professor de arte do IFTM –UPT. Doutor em Artes Visuais pela UNICAMP,
heliolima@iftm.edu.br.

16
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

AS LEIS 10.639/2003 E 11.645/2008 NAS AULAS DE GEOGRAFIA

Aluê Gomes da Silva1


Adriany de Ávila Melo Sampaio2

Esta pesquisa tem como objetivo analisar como os professores de Geografia do Ensino
Fundamental II aplicam as leis federais 10.639/2003 e 11.645/2008 em sala de aula. Estas
leis incluíram de forma oficial no currículo da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
“Histórias e Culturas Afro-Brasileiras e Indígenas". O presente trabalho discute as Leis
10.639/2003 e 11.645/08 e alguns de seus desdobramentos. O estudo teve caráter
qualitativo, com ênfase na Análise de Conteúdo do Questionário respondido pelos sete
professores de Geografia do Ensino Fundamental II de escolas públicas da cidade de
Uberlândia, Minas Gerais, que participaram da pesquisa. As leis federais 10.639/03 e
11.645/08 se propõem à discussão e reflexão acerca da história, da memória e da luta dos
povos negros e indígenas socialmente excluídos ao longo do processo histórico do Brasil, até
os dias atuais. Ainda acontece o silenciamento territorial, étnico, político e epistemológico,
pois as contribuições indígenas, africanas e afro-brasileiras não são reconhecidas como
produção de conhecimento e cultura. Para concluir, pode-se afirmar que a falta de um maior
empenho na aplicação das leis e o despreparo de professores e direção em relação às
mesmas, fazem parte do racismo estrutural em que a escola e toda a sociedade estão
imersos. Por isso, mais uma vez, a importância do professor e da direção escolar na
implementação da educação das relações étnico- raciais preconizada pelas Leis 10.639/2003
e 11.645/2008. Apesar destas questões metodológicas, considera-se que os resultados
encontrados na pesquisa indicam o despreparo técnico-pedagógico devido ao
descumprimento da lei por parte dos professores e da direção das escolas. Pode-se afirmar
também que os olhares dos profissionais educacionais com relação à educação étnico-racial
e indígena, ocorre de forma isolada, pontual e principalmente pouco articulada.

Palavras-chave: Análise de Conteúdo. Docência. Ensino de Geografia. Pesquisa. Racismo

Apoio: Fapemig e Universidade Federal de Uberlândia

1
Aluê Gomes da Silva, Professor/ Pesquisador, Universidade Federal de Uberlândia, aluegomes@yahoo.com.br
2
Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Associada da Universidade
Federal de Uberlândia.

17
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS E AS COTAS RACIAIS EM CONCURSOS PÚBLICOS PARA


PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Eduardo Henrique Oliveira da Silva1


Eugenia Portela de Siqueira Marques2

Este resumo é oriundo de pesquisa em desenvolvimento no curso de doutorado que se


insere na Linha de Pesquisa: Educação, Cultura, Sociedade, do Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(PPGEdu/FAED/UFMS). Com esse fim, define-se como tema de estudo, as Políticas de Ações
Afirmativas, e como objeto de análise, as Cotas Raciais, reservadas em concurso público
para o Magistério da Educação Básica, no estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2008
a 2023. Desse modo, formulou-se como questionamento: como foi implantada as políticas
afirmativas com recorte racial em concurso público para o magistério da educação básica no
estado de Mato Grosso do Sul, no período delimitado na pesquisa? Para tanto, tem-se como
objetivo, apresentar a implantação das políticas de ações afirmativas com recorte racial em
concurso público para o magistério da educação básica naquele estado. A fundamentação
teórica privilegiou os textos científicos e os documentos legal-normativos concernentes ao
tema e objeto em estudo. Diante do exposto, foi possível apreender que a partir do ano de
1995, o Movimento Negro Unificado formulou e apresentou ao governo federal um plano de
ações contendo as reivindicações destinadas atender o grupo social negro. Assim, o Brasil
implantou mediante documentos legal-normativos: a) programa nacional ações afirmativas;
ingresso de negros nas universidades e demais instituições federais de ensino; c) reserva de
20 % de vagas em concurso público para os negros; d) aferição de veracidade de candidatos
que se autodeclarem negros nos concursos públicos. É desse contexto que no ano de 2008, o
governo do estado de MS da época, promulgou a Lei nº 3.594, de 10 de dezembro de 2008,
que instituiu o programa de reserva de vagas em concursos públicos destinados ao grupo
étnico negro que atenderem aos requisitos solicitados nos editais correspondentes ao
provimento de vagas de cargos oferecidas pela administração pública estadual.

Palavras-chave: Políticas afirmativas. Concurso público. Professores/as negros/as.

1
Doutorando em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação, Relações étnico-raciais e
Formação de Professores – Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (GEPRAFE/PBGS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-9734-3258. E-mail: dhuoliver@gmail.com.
2
Docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Docente do
Programa de Pós-Graduação em Educação. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação, Relações
étnico-raciais e Formação de Professores – Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (GEPRAFE/PBGS) - ORCID:
0000-0003-3182-171X. E-mail: portelaeugenia@gmail.com.

18
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS PARA INGRESSO E PERMANÊNCIA DE MULHERES


INDÍGENAS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UFG E OS PRESSUPOSTOS DE UMA
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL

Liliene Rabelo do Santos1


Margareth Pereira Arbués2
Igor da Silva Coelho de Oliveira3

O estudo aborda as Políticas de Ações Afirmativas responsáveis por garantir o acesso de


mulheres indígenas nos cursos de graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG). Busca
ainda, efetivar o diálogo com os pressupostos de uma educação intercultural, que se
estabeleça pelo reconhecimento das subjetividades e da interação com epistemologias
descoloniais afro indígenas. Desde a criação do Programa UFGInclui, em 2008, observa-se,
empíricamente, a presença de mulheres indígenas nos espaços da instituição. E, também,
uma atualização de possíveis conjecturas étnico-raciais que projetam novos cenários.
Salienta-se, que a democratização do acesso à educação compreende também a
permanência, nesse sentido, faz-se necessário mais investimentos em ações contínuas que,
considerem as diversidades étnico-raciais, de gênero, culturais e de acessibilidade, e os
pressupostos básicos do processo ensino-aprendizagem (Werner, 2017), a educação
intercultural possibilita mobilizar os fundamentos espistemológicos que promovem a
interação e a integração (DIAS, 2020) desses sujeitos, historicamente, excluídos. Por isso, a
educação para os direitos humanos propõe aproximar os diálogos entre a ciência e a ética
com responsabilidade pelo Projeto Político Pedagógico (Tosi, Ferreira, Zenaide, 2014). Para
a metodologia, utilizou-se de pesquisas bibliográficas revisionismo, e análise de documentos
públicos complementares em sites credenciados, considerando a concepção material não
universalista, a partir de uma perspectiva transdisciplinar. Tais políticas de ações afirmativas,
apontaram para resultados importantes e até esperados, tais como, à ampliação do acesso
de mulheres indígenas nos diversos cursos de graduação da UFG, mas também acionaram
problemas que carecem de atenção. Visto que, a sala de aula eurocentrada propicia limites e
dificuldades no processo de comunicação e interação, além das questões de permanência
sócio-econômica. Por consequência, surgem situações, tais como: retenção, evasão,
mudança de curso e reprovações. Assim, a educação intercultural requer alterações na
concepção de ensino-aprendizagem e formação dos/as servidores/as sobre pluralidade
cultural nas políticas públicas de educação.

Palavras chaves: Ações Afirmativas. Mulheres indígenas. Educação. Inclusão.

1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiânia; E-
mail: lilienerabelo@ufg.br.
2
Doutora em Ciência da Religião pela PUC-GO; mestre em História-UFG. Professora associada na UFG
(Câmpus-Goiás e PPGIDH/UFG); E-mail: margareth_arbues@ufg.br
3
Igor Oliveira coordenador ADM DAAF: Mestrando em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás
(PPGIDH/UFG); E-mail: igorsilva.adm10@ufg.br.

19
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA E AS COTAS: UM


OLHAR NECESSÁRIO

Ilza Maria da Silva Alves1

A assistência estudantil no Brasil tem uma longa trajetória de evolução das políticas que
visam promover a inclusão de grupos historicamente excluídos da educação superior. A
partir dos anos 2000 a implementação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI) possibilitou que estudantes de diversos perfis
socioeconômicos ingressassem num curso superior público. Em uma pesquisa sobre as ações
de assistência estudantil na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), para estudantes
cotistas, foi possível levantar alguns dados oriundos do Anuário desta instituição. Os dados
(UFU, 2021) apontam que em 2018 a assistência estudantil da UFU atendeu 45,70% dos
estudantes cotistas e 54,30% de estudantes não cotistas que ingressaram por ampla
concorrência. No ano seguinte, em 2019, alcançou um índice de atendimento de 56,30% de
cotistas e 43,70% de estudantes não cotistas. O ano de 2020 a assistência estudantil da UFU
atendeu a uma proporção de 68,47% de estudantes cotistas e 31,53% de estudantes não
cotistas. Essa assistência, que se reflete no apoio não apenas financeiro, mas de
alimentação, moradia e outras formas de assistência aos alunos cotistas, busca proporcionar
uma melhora no ambiente rumo ao sucesso acadêmico. Representa um esforço contínuo da
universidade em expandir suas políticas de assistência e garantir que os estudantes cotistas
tenham acesso a recursos essenciais para sua formação acadêmica. O crescimento constante
das ações de assistência estudantil na UFU é uma resposta direta ao reconhecimento das
barreiras adicionais que muitos estudantes cotistas enfrentam ao ingressar na universidade,
porém, é necessário que se ampliem as políticas públicas na área da assistência estudantil
numa perspectiva de uma educação inclusiva e equitativa que busque garantir mais
igualdade de oportunidades para ingresso e permanência no ensino superior.

Palavras-chave: Assistência estudantil. Cotas. Equidade. Inclusão

1
Assistente Social da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutora em Educação pelo PPGED/UFU.
ilzamarias@yahoo.com.br

20
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

BELEZA DE DENTRO E POR FORA

Déborah Sttefhany Carvalho do Nascimento1


Giovanna Barbosa de Freitas Pinto2
Ana Luiza Alves Belo Pereira3

O principal objetivo é mostrar um pouco do movimento feminista, que é um dos grandes


movimentos responsáveis por revolucionar a sociedade, para que ela se torne cada vez mais
igualitária e respeitosa. Hoje em dia podemos decidir usar ou não usar peças de roupas que
nos deixa confortável, sem ligar para quem está olhando ou julgando, mas pare e pense um
pouco, será que sempre fui assim? A resposta é não! Como se sabe nós mulheres sempre
tivermos um padrão a seguir, que em sua grande maioria, não foram para agrado de si
mesma, mas sim foram para agradar aos homens. E apesar de ter ocorrido muitas mudanças
ao longo do tempo, ainda existe um padrão inalcançável para a maioria, que continua sim!
Fetichista e sexualizar as mulheres, nota-se isso em propaganda na TV, músicas e em
revistas, principalmente de moda. E como se sabe, um assunto bastante frequente no
feminismo é a moda, exatamente por sempre ter existido entre as ativistas feministas. Como
já citado, nas mulheres nem sempre tivemos a liberdade de escolher o que queremos, por
exemplo, até o século passado mulheres eram obrigadas a trabalhar de saias, o que para
muitas não era nada confortável. Mas não somente do século passado, existe mulheres que
ainda são bastante oprimidas em alguns países de forma mais rígida, como por exemplo o
Talibã, que criaram várias regras absurdas para as mulheres, não pode estudar, além disso,
proíbem elas trabalharem, de saírem sem a companhia de um homem, ou seja, a mulher
ainda sofre por achar que o homem é superior. Uma ativista extremamente importante para
esse movimento, é justamente a autora do livro, bell Hook. Uma ativista feminista negra,
que abriu muitas portas para mulheres nesse movimento, pois no início, predominava as
mulheres brancas e da alta sociedade, o que hoje em dia já não faz mais sentido porque o
feminismo é uma luta pela igualdade, então quanto mais partes da nossa sociedade
alcançar, melhor será, pois assim esse movimento será cada vez mais amplo.

Palavras-chave: Feminismo. Moda. Padrões de Beleza.

Apoio: IFTM.

1
Déborah Sttefhany Carvalho do Nascimento, Aluna, IFTM, deborah.nascimento@estudante.iftm.edu.br

21
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

BELL HOOKS E O QUESTIONAMENTO DOS PADRÕES DE BELEZA

Ana Luiza Alves Belo Pereira1


Bianca Silva Cardoso2
Deborah Sttefhany Carvalho do Nascimento3
Giovanna Barbosa de Freitas Pinto4
Joana El-Jaick Andrade5
Karen Kristine Pereira de Souza Moura6

O movimento feminista foi um dos grandes movimentos sociais criados no século XIX que
pretendia transformar a sociedade, denunciando as desigualdades presentes no patriarcado
e reivindicando igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Desde
meados do século XX, no entanto, uma corrente dentro do feminismo tem chamado atenção
para contradições e problemas dentro desse mesmo movimento, dominado por uma
perspectiva burguesa e reformista, formulada por intelectuais brancas. A participação de
mulheres negras, lésbicas e oriundas do Terceiro Mundo foi responsável por lançar um olhar
crítico sobre o feminismo reformista, levantando questionamentos significativos sob o ponto
de vista das mulheres pobres, trabalhadoras e excluídas. Dentre essas intelectuais, bell
hooks7 tornou-se uma referência atual importante a dar voz à luta unificada contra o
sexismo, o racismo, o elitismo e o imperialismo, reproduzidos pelo sistema patriarcal-
capitalista. Segundo a autora, “a única esperança genuína de libertação feminista está numa
visão de mudança social que desafia o elitismo” (HOOKS, 2020:73). Sendo assim, a
consciência crítica e a solidariedade difundidas pelo movimento feminista deveria adotar um
ponto de vista revolucionário, visando a mudança social radical. O objetivo do presente
trabalho consiste em explorar as contribuições introduzidas pela autora norte-americana,
particularmente sua discussão acerca da dominação patriarcal através dos padrões estéticos
difundidos pela indústria da beleza, meios de comunicação, moda, etc. Discutiremos ainda
os efeitos produzidos pela fetichização e sexualização feminina sobre a vida das mulheres.

Palavras-chave: bell hooks. Feminismo negro. Padrões de beleza. Patriarcado. Sexualização.

1
Ana Luiza Alves Belo Pereira, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus Uberlândia,
email: ana.belo@estudante.iftm.edu.br
2
Bianca Silva Cardoso, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus Uberlândia, email:
bianca.cardoso@estudante.iftm.edu.br
3
Deborah Sttefhany Carvalho do Nascimento, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus
Uberlândia, e-mail: deborah.nascimento@estudante.iftm.edu.br
4
Giovanna Barbosa de Freitas Pinto, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus
Uberlândia, e-mail: giovanna.pinto@estudante.iftm.edu.br
5
Joana El-Jaick Andrade, Doutora em Sociologia/Professora de Sociologia, IFTM- Campus Uberlândia, e-mail:
joana.andrade@iftm.edu.br
6
Karen Kristine Pereira de Souza Moura, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus
Uberlândia, e-mail: karen.moura@estudante.iftm.edu.br
7
O nome de registro de bell hooks é Glória Jean Watkins. Seu pseudônimo é propositalmente grafado em letras
minúsculas com o propósito de deslocar o foco da atenção dos autores para a discussão das ideias.
7
Karen Kristine Pereira de Souza Moura, Aluna do Curso Técnico em Internet das Coisas, IFTM – Campus
Uberlândia, e-mail: karen.moura@estudante.iftm.edu.br
7
O nome de registro de bell hooks é Glória Jean Watkins. Seu pseudônimo é propositalmente grafado em letras
minúsculas com o propósito de deslocar o foco da atenção dos autores para a discussão das ideias.

22
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

BIOQUIF: AÇÃO DE FORMAÇÃO ANTIRRACISTA PERMEANDO A CIÊNCIA

Carla Regina Amorim dos Anjos Queiroz1


Carlos André da Silva Júnior2
Claudia Maria Tomas Melo3
Edson Marques Costa Júnior4
Janaína Maria Oliveira Almeida5
Roseli Betoni Bragante6

O Bioquif Clube de Ciências funciona no campus Uberlândia do IFTM como um espaço de


educação não formal voltado para formação de estudantes interessados em ciências
naturais e matemática. Entre as ações desenvolvidas em 2023, descrevemos o uso de filmes
para falar de ciência e de questões sociais e étnico-raciais envolvidas. O filme “Estrelas além
do tempo”, drama biográfico lançado em 2017 (em inglês “Hidden figures”) e ganhador de
vários prêmios, relata um recorte da história de três mulheres afro-americanas
estadunidenses, matemáticas, que lutam para “provar” seu valor como profissionais e como
seres humanos, em um ambiente altamente segregado e dominado por homens brancos.
Como proposta de ação, os estudantes do Clube de Ciências assistiram o filme fora do
ambiente escolar para que, posteriormente, em um dos encontros presenciais do Bioquif,
fosse feita uma discussão. Como todas as ações do Bioquif são conduzidas pelos estudantes,
um grupo previamente designado preparou a condução da discussão das questões que
permeiam o filme. Com base no filme foram debatidos a segregação racial, a falta de
credibilidade relacionada ao sexo feminino, especialmente para funções ligadas à ciência, a
disparidade salarial entre homens e mulheres que trabalham na mesma função, a
necessidade de luta para vencer barreiras diversas, como no filme o exemplo da
exclusividade de ingresso em cursos superiores só para brancos. Embora o filme seja
ambientado na época da guerra fria e da luta aeroespacial, nos anos 60, ou seja, há cerca de
60 anos, as questões foram consideradas em grande medida ainda permeando fortemente a
nossa sociedade. Situações relacionadas à temática e vivenciadas anteriormente por
membros do Bioquif foram relatadas e o momento apresentou riqueza de discussão para a
formação antirracista dos estudantes envolvidos.

Palavras-chave: Ciência. Ensino antirracista. Filmes. Valorização feminina.

Apoio: IFTM Campus Uberlândia

1
Professora do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. carlaregina@iftm.edu.br.
2
Professor do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. carlosjunior@iftm.edu.br.
3
Professora do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. claudiamelo@iftm.edu.br.
4
Professor do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. edsonmarques@iftm.edu.br.
5
Professora do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. janainaalmeida@iftm.edu.br.
6
Professora do Clube de Ciências BIOQUIF, no Campus Uberlândia do IFTM. roselibetoni@iftm.edu.br.

23
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

CHICA MACHADO – MEMÓRIA INSURGENTE NO SERTÃO DO SILENCIAMENTO

Renata Rosa Franco1

Esta pesquisa investiga a preservação da memória de uma comunidade negra rural do


interior de Goiás, sobre os feitos de Chica Machado. Chica foi vendida e escravizada no Goiás
Colonial, mas, contrariando as expectativas, ela se torna abastada e exerce tal influência
econômica, política e social, que é lembrada há 300 anos pela tradição oral da população de
Cocal. Tais memórias se constituem em conhecimento incorporado, conhecimento que se
institui através dos corpos em performance, por meio da palavra, dos gestos, dos olhares, de
cantos, danças, ..., e assim produzem conhecimento. O fato das histórias sobre Chica ainda
estarem presentes, a despeito de tudo, é um anúncio, uma denúncia, uma forma de exigir
reconhecimento. A pesquisa tem por objetivo compreender a permanência de Chica
Machado na memória transgeracional dessa comunidade e como ela se constitui em
episteme, em traço da cultura afro diaspórica e denuncia o apagamento histórico da figura
feminina no estado de Goiás. Utilizarei o método da história oral para a coleta e análise dos
materiais fornecidos pelas narrativas dos cocalenses. Iniciei a investigação com escassez de
documentos sobre Chica, encontrei apenas vestígios históricos de sua existência em relatos
dos viajantes August Saint-Hilaire e Emmanuel Pohl e o romance histórico “Chica Machado:
um mito goiano”, de Adélia Freitas (2012). Como ainda não há trabalhos acadêmicos sobre
Chica Machado, estou realizando uma revisão bibliográfica sobre as características da
sociedade, da vida da população negra e das mulheres nessa época. Até agora percebi como
Chica está situada em um sistema-mundo que produz a imagem do outro racializado, como
um ser passível de subjugação e expropriação. Uma racionalidade que não acabou com o fim
do colonialismo, mas que se modificou e que continua reverberando seus efeitos,
especialmente sobre as mulheres negras. Por outro lado, vejo como essas histórias
possibilitam a alteração da ordem cotidiana, subvertendo a hierarquia social de dominador-
opressor, ainda que de maneira simbólica. Possibilitam ler a mulher naquela sociedade, e
mais especificamente a mulher negra escravizada, por outros ângulos que não os que as
prendem tão somente às opressões a que foram submetidas.

Palavras-chave: Chica Machado. Goiás. Memória. Mulheres negras. Oralidade.

1
Renata Rosa Franco, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais - Faculdade de
Ciências Sociais - UFG, renata_rosa@discente.ufg.br.

24
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

CINE ANTIRRACISTA EM VÍDEOS CURTOS: PROJETO NEABI 2023

Bárbarah Luiza Evangelista1


Cristiane Corrêa Resende2

Este trabalho representa uma das ações propostas pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e
Indígenas (NEABI) do IFTM Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico, desenvolvidas
no ano letivo de 2023, “Projeto Neabi 2023”. O objetivo foi que todas as turmas das 2ªs
séries dos Cursos Técnicos Integrados - Computação Gráfica e Eletrônica - desenvolvessem
estudos, debates e um vídeo curto (semelhante aos vídeos do Tik Tok) na disciplina de
História. Os vídeos deveriam ser elaborados a partir de material denominado “Coleção
Antirracista3”, que é um conjunto de oito documentários curtos (entre 11 e 15 minutos)
realizado pela produtora Olhar Imaginário, com apoio do Instituto Unibanco e da Spcine. As
turmas foram divididas em grupo e coube a cada um deles analisar e fazer a interpretação
de um dos episódios da Coleção, para então, transformá-lo em um novo vídeo. Desta forma,
o vídeo feito pelos estudantes deveria ser mais curto, sintético, que o documentário
utilizado como base para esta proposta, de modo a possibilitar futura divulgação no
aplicativo de mídia Tik Tok, para que um público maior pudesse visualizar, curtir, comentar e
compartilhar esses vídeos. Em uma etapa inicial, os vídeos criados pelos estudantes foram
apresentados e debatidos durante as aulas de História; a etapa seguinte é publicá-los no
aplicativo Tik Tok. O resultado esperado é que, não somente a comunidade escolar, mas um
público mais amplo possa ter contato inicial com questões inerentes à Educação para as
Relações Étnico-Raciais e/ou ocorra um aprofundamento desse debate na perspectiva do
pensamento antirracista e decolonial, conforme abordado nos vídeos, pretendido pelo
NEABI e almejado pela instituição escolar, enquanto objetivo inerente ao seu papel social,
qual seja, dentre outros, o de ampliar a visibilidade da produção acadêmica antirracista.

Palavras-chave: Antirracismo. Educação. NEABI. Vídeos curtos.

1
Estudante da 2ª série do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio do IFTM CAUPT; e-mail:
barbarah.evangelista@estudante.iftm.edu.br.
2
Professora de História dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, mestra em Educação Tecnológica;
presidente do Neabi IFTM CAUPT; e-mail: cristiane@iftm.edu.br.
3
Disponível em: <https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/luz-camera-gestao/webserie/colecao-
antirracista> Acesso em 10 abr. 2023.

25
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

COLANDO MEMÓRIAS ANCESTRAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA OFICINA DE


COLAGEM DA LIGA SANKOFA

Laercio Oliveira Simões1


Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro2

O objetivo deste trabalho é realizar um relato de experiência sobre uma oficina de colagem
da Liga Acadêmica de Relações Étnico-Raciais - Sankofa, vinculada à Universidade Federal do
Triângulo Mineiro. Trata-se de um relato de experiência de caráter qualitativo, o qual
descreve o desenvolvimento da oficina de colagem, trazendo narrativas individuais e
coletivas de participantes durante o processo. A oficina de colagem seguiu as seguintes
etapas: 1) organização de revistas com temas variados que pudessem ter suas folhas
rasgadas/recortadas; 2) breve introdução sobre a colagem, uma arte subversiva compostas
de imagens e papéis coloridos colados juntos sobrepostos ou lado a lado para criar uma
outra; 3) por fim, propomos o tema gerador “Como foram as suas vivências ao fazer parte da
Liga Sankofa?”. A atividade se amparou em uma metodologia de resgate de experiências
autobiográficas, constituído em primeira pessoa do plural, que permite o autoformar-se
revelando dimensões históricas, culturais e contextuais. A oficina de colagem teve o intuito
de fortalecer as memórias ancestrais e a negritude dos/as ligantes, ao possibilitar um
território de representação, permitindo a descolonização subjetiva das experiências vividas e
seu impacto na linguagem artística. As pessoas negras e suas corporeidades carregam a
ancestralidade africana como memória. A memória afeta e faz emergir, por meio das
colagens, a história contada através das rachaduras dos discursos manipuladores da
colonização. A memória ancestral é uma consciência crítica que atuou como fio condutor na
oficina de colagem, possibilitando semeaduras de um processo de insurgência e de
transgressão. Por fim, ressalta-se a importância de atividades lúdicas e manuais das colagens
em contextos de valorização das identidades negras, contribuindo para estabelecer o vínculo
entre ligantes, além de constituir um espaço de alegria, valorização artística, ancestralidade
e pertencimento. Concluímos que a oficina de colagem da Liga Sankofa atuou como uma
metodologia decolonial para a produção do conhecimento no ambiente acadêmico ainda
muito embranquecido.

Palavras-chave: Colagem. Constituição. Memória.

1
Laercio Oliveira Simões, graduado em Matemática e mestrando em educação pela UFTM,
d202320331@uftm.edu.br.
2 Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em

Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia pela
(UFMS). Professora pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). maylla.chaveiro@gmail.com.

26
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

COMPARTILHAR SABERES DE CURA PELA MÚSICA: A INVENÇÃO NA CLÍNICA E NA POLÍTICA

Pablo Marques1
Lucas Urubatan2
Mariana Mayerhoffer3

Pretende-se pesquisar algumas experiências territoriais nos campos da saúde, da arte e da


universidade, no que essas podem vir a propiciar o compartilhamento de saberes e práticas
afropindorâmicos e ocidentais. Em cada uma das experiências investigará-se, também, o
recurso a manifestações sonoro-musicais, notadamente no tratamento ao sofrimento
psíquico-corporal, em suas dimensões clínica e política, sendo grande interesse pensar o
que é musicoterapia. Indo às margens desse conceito e além da definição hegemônica da
tradição ocidental, onde o recurso terapêutico musical é tomado como clínica, pensaremos
a música em relação à forma como ela é vivida em políticas comunitárias (seja em aldeias e
favelas ou em universidades e etc.), em determinados territórios brasileiros, especialmente
na cidade do Rio de Janeiro. Nestes territórios, teremos como objeto de verificação se a
música pode ser lida enquanto meio de cura e quais funções ela ocupa, a partir dos saberes
ancestrais, e se é cabível considerá-la ou não como musicoterapia na perspectiva de cada
agente envolvido nesta pesquisa-ação. Tem-se por objetivo geral, operar a tradução de
contratos entre saberes historicamente apartados de compartilhamento, onde o contato é
sempre de apropriação dos saberes originários por um saber hegemônico, com o agravante
da construção política de uma hierarquia que silencia um de tais saberes. Por objetivos
específicos unem-se: produzir práticas pluriversas na universidade; compartilhar exp.
decoloniais e contracoloniais no campo da arte em geral e do recurso às manifestações
sonoro-musicais na musicoterapia e em experiências afins; evidenciar o compartilhamento
de experiências comunitário-ecológicas na articulação com os saberes hegemonizados da
ocidentalidade, entre a profissão de musicoterapia e práticas que se utilizam da música, dos
sons musicais e do movimento. Nossa metodologia consistirá em, partindo de experiências
onde estivemos ou estaremos presentes pela pesquisa de campo, verificar, no vivido da
experiência, os resultados a posteriori do compartilhamento de saberes. Conclui-se
brevemente o intuito desta pesquisa, que é preciso amar a própria incompletude para
estarmos em relação com o outro/Outro de uma forma amorosa/sábia, isto é, saudável.
Essa construção de "saúde" é uma invenção que toma o objeto causa de desejo como
protagonista da invenção de narrativa, fazendo do sujeito algo muito próximo a ele - numa
saúde perspectivista. Aproximação que guarda alguma relação com a invenção de uma
relação com a causa não negada, mas causa não objetificável. Da mesma forma que não
negamos quem nos olha, em perspectiva.

Palavras-chave: Arte, Saúde, Política, Afrodiaspórico.

1
Candomblecista, homem cisgênero e homossexual, discente do Bacharelado em Musicoterapia pela UFRJ,
pesquisador, bolsista de iniciação artística e cultural. E-mail: alunopablomarques22@gmail.com.
²Bacharel em Filosofia (UFRJ) / Graduando em Musicoterapia (UFRJ) / Especializando em Educação Musical
(FLADEM).
³Musicoterapeuta e Psicanalista. Profª Adjunta da UFRJ. Doutora em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela
UERJ (2015). Graduada em Musicoterapia - Conservatório Brasileiro de Música/Centro Universitário CBM-CEU
(2000). Mestra em Pesquisa e Clínica em Psicanálise, pela UERJ (2008).

27
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

Apoio: Bacharelado em Musicoterapia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

28
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

DISCUTINDO A APROPRIAÇÃO CULTURAL: ANÁLISE DAS ORIGENS E RESSIGNIFICAÇÕES DO


MOVIMENTO RASTAFARI

Joana El-Jaick Andrade1;


Márcia Lopes Vieira 2

O conceito de apropriação cultural foi descrito pelo antropólogo brasileiro Rodney William
(2019) como um “mecanismo de opressão por meio do qual um grupo dominante se
apodera de uma cultura inferiorizada, esvaziando de significados suas produções, costumes,
tradições e demais elementos”. Segundo esta perspectiva, a apropriação cultural possui uma
dimensão política que necessariamente deve levar em conta o fenômeno histórico do
colonialismo e a dominação política, econômica e cultural de povos não-europeus, marcado
pelo processo de aculturação e aniquilamento da memória, dos costumes e ancestralidade
dos povos escravizados. Configura-se, portanto, como uma extensão de uma concepção de
mundo eurocêntrica e imperialista que invisibiliza as contribuições de povos, grupos e
culturas, através da incorporação de vestimentas, objetos, comportamentos, hábitos e
expressões artísticas que compõem sua identidade. Estes elementos culturais
descontextualizados perdem seus significados, convertendo-se em meros produtos a serem
vendidos e consumidos pelo mercado. Deste modo, as práticas predatórias dos mercados
capitalistas apropriam-se dos símbolos de pertencimento e resistência cultural em prol da
valorização do capital e da reprodução do sistema. Partindo desta temática, desenvolvemos
um projeto pedagógico dirigido aos alunos do Ensino Médio que toma como objeto de
estudo a apropriação cultural relacionada ao movimento rastafari. O uso dos dreadlocks, das
vestimentas e símbolos do rastafarianismo tornou-se comum fora da Jamaica, tendo
chegado ao Brasil principalmente a partir da década de 1970. Sua origem, no entanto, nos
remete a um movimento religioso judaico-cristão surgido na década de 1930 entre negros
camponeses jamaicanos, descendentes de africanos escravizados. Neste sentido,
procedemos à contextualização do movimento rastafári, examinando sua perspectiva
política e religiosa, buscando compreender seus vínculos com setores do movimento negro –
particularmente ligados à figura de Marcus Garvey –, a ideologia pan-africana e a história do
Império Etíope. Objetivamos evidenciar, portanto, que através da análise do fenômeno da
apropriação cultural podemos abordar diversos conteúdos relativos à História da África e
História Afro-brasileira, resgatando aspectos culturais e saberes ancestrais de nossa
diversidade cultural.

Palavras-chave: Apropriação Cultural. Rastafarianismo. História da África. Movimento


Negro.

1
Joana El-Jaick Andrade, Doutora em Sociologia/Professora de Sociologia, Instituto Federal do Triângulo
Mineiro-Campus Uberlândia, joana.andrade@iftm.edu.br .
2
Márcia Lópes Vieira, Mestra em Educação/Pedagoga, Instituto Federal do Triângulo Mineiro-Campus
Uberlândia, marcialopes@iftm.edu.br.
3
O presente trabalho teve origem a partir do desenvolvimento de uma proposta pedagógica apresentada no
âmbito do Curso de Formação Antirracista, ofertado no IFTM, campus Uberlândia, no ano de 2023.

29
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

DIVERSIDADE CULTURAL E A VALORIZAÇÃO DA ANCESTRALIDADE INDÍGENA JAVAÉ

Jolie Herculano Araujo1


Ricardo Rocha Alves2
Matheus Barbosa de Oliveira3

Esse trabalho integra um subprojeto de pesquisa interinstitucional Multi(letramentos):


contribuições para o ensino, entre a Universidade de Gurupi e o Centro de Ensino Médio
Bom Jesus, a partir da disciplina eletiva “Vozes do passado no presente: a diversidade
cultural indígena no Tocantins”, cujo objetivo é promover uma reflexão acerca das
manifestações culturais, artísticas, modos de viver, rituais dos povos indígenas,
desenvolvendo a capacidade argumentativa e o protagonismo juvenil, consolidando em si as
competências essencias para o século XXI. É uma pesquisa de abordagem qualitativa com
trabalhos de campo, visando conhecer o cotidiano do povo indígena Javaé da Aldeia Boa
Esperança. Durante as visitas realizamos rodas de conversa formais e informais para coleta
de dados sobre a origem, cultura e formação do povo Javaé. Através das atividades
desenvolvidas na aldeia e das trocas de saberes buscamos fomentar a consciência crítica, o
respeito à diversidade cultural e a valorização da ancestralidade indígena. Durante a visita na
Aldeia Javaé Boa Esperança, percebemos que no modo de viver da comunidade há uma
subdivisão cultural nas atribuições entre os homens e as mulheres. A partir da roda de
conversa com os indígenas estudantes do Ensino Médio, observamos que atividades como
caça, pesca e o lidar com a terra são atribuídas aos homens, já a produção de artesanato,
pinturas corporais feitas com tinta natural que tem sua coloração extraída através da
oxidação do jenipapo, o cuidado com o lar e as crianças são afazeres femininos. Notamos
também a existência de uma separação entre homens e mulheres nos rituais identitários da
cultura Javaé. Como exemplo, o Hetohoky, ritual que representa a passagem de menino para
homem, acontece na casa de Aruanã, onde as mulheres não podem ir e os meninos não
podem receber visitas de mulheres e outras crianças. Portanto, a partir da experiência
vivenciada buscamos desenvolver projetos pedagógicos que promovam uma educação
intercultural que respeite, valorize e incorpore os saberes indígenas.

Palavras-chave: Ancestralidade. Cultura. Indígenas Javaé. Memória.

1
Autora, Estudante da Educação Básica, Centro de Ensino Médio Bom Jesus, jolieaherculano@gmail.com
2
Coautor, Estudante da Educação Básica, Centro de Ensino Médio Bom Jesus, ppindígena@unirg.edu.br
3
Coautor, Especialista em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom
Jesus, matheusoliveira@professor.to.gov.br

30
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

JUVENTUDE NEGRA: A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO DE


JOVENS E ADULTOS

Fidelina Maria Candido Pinto1


Sandro Lucio da Silva2
Giovana Caroline Pinto3

Este estudo, foi realizado a partir da reflexão sobre as práticas escolares voltadas para a
juventude negra, as quais são mediadas por relações sociais, discriminação racial, diferenças
étnicas de gênero e de valores. A escolarização de jovens negros das camadas populares é
frequentemente associada ao fracasso escolar, do aluno desinteressado e indisciplinado.
Isso decorre principalmente pelo fato de que esses jovens são forçados a ingressar
precocemente no mundo do trabalho, diante de circunstâncias que os impedem de
continuar os estudos, como por exemplo, a necessidade de incrementar a renda familiar e a
impossibilidade de os pais continuarem investindo na sua educação, dentre tantas outras
causas. O estudo contou com abordagem qualitativa, e pesquisa documental, leitura de
artigos de revistas e livros. Teve como objetivo apresentar uma reflexão a respeito do acesso
e a permanência destes jovens nas escolas, pois refletem o compromisso do sistema
educacional brasileiro com a alfabetização dessa população, conforme preconizam os
princípios e fins da educação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996). Portanto, buscando suprir, pelo menos em parte, tais dificuldades, e para atender as
desigualdades sociais, no que se refere a conclusão da educação básica, os jovens negros
geralmente são encaminhados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma vez que a
busca pela elevação da escolaridade está articulada ao mundo do trabalho, cujas
expectativas estão direcionadas à ascensão, à mobilidade social, e também ao
enfrentamento da realidade em que vivem esses jovens. Como resultados, identificamos que
os significados que os jovens atribuem à escola e as concepções que eles têm acerca dela
traduzem a expressão de seus afetos e anseios juvenis, através do qual afirmam identidades
e posicionamentos, como também pode ser vista como um espaço para o combate à
discriminação étnico-racial. Neste sentido, reafirmamos a necessidade da construção
conjunta de políticas públicas que viabilizem o combate ao racismo por meio de uma
educação de qualidade, reconhecida como direito e de acesso universal.

Palavras-chave: Discriminação racial. Educação de jovens e adultos. Políticas públicas.

1
Fidelina Maria Candido Pinto, Assistente em Administração, Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM),
fidelina@iftm.edu.br.
2
Sandro Lucio da Silva, Assistente em Administração, Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM),
sandrolucio@iftm.edu.br.
3
Giovana Caroline Pinto, Pedagoga, Universidade de Uberaba (UNIUBE), giovanacaroline90@gmail.com.

31
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EDUCAÇÃO DE/NO TERREIRO DE UMBANDA E PRÁTICAS ANTIRRACISTAS: COMO


DIALOGAM?

Luziara Miranda Novaes1


Paula dos Reis Moita2

O presente relato emerge do cruzamento do cotidiano do Terreiro de Umbanda, chamado


Centro Espirita Justiça e Amor (CEJA), localizado no bairro da Abolição, zona norte do Rio de
Janeiro, com a necessidade deste espaço se consolidar cada vez mais como lugar de cultura,
educação e práticas antirracistas. São apresentadas ações e reflexões construídas no
Terreiro com o objetivo de evidenciar e possibilitar os protagonismos e a inclusão das
minorias como mulheres, população negra e LGBTQIAPN+, em espaços e direitos
historicamente negados a estes, como por exemplo, os espaços acadêmicos e políticos. O
objetivo principal do presente relato é destacar as práticas de educação do Terreiro de
Umbanda como espaço de estudo e valorização da História da África e dos Africanos, da luta
e cultura dos negros no Brasil, e na formação da nossa sociedade. A história da própria
Umbanda permeia e é permeada pelas questões em evidência no objetivo deste trabalho
que tem como referencial teórico Nilma Lino, Marta Ferreira, no que tange a discussão a
respeito de Educação de Terreiro e Renato Nogueira no aprofundamento do debate da lei nº
10.639/03.

Palavras-chave: Educação de terreiro – Antirracismo - Umbanda

1
Luzira Miranda de Novaes. É Mestra em Educação, contextos contemporâneos e demandas populares pelo
PPGEDUC/UFRRJ, pedagoga e professora regente dos anos iniciais na prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.
E-mail: luunovaees@gmail.com.
2
Paula dos Reis Moita. É Mestra em Educação, contextos contemporâneos e demandas populares pelo
PPGEDUC/UFRRJ, pedagoga, psicopedagoga e professora regente dos anos iniciais na prefeitura da cidade do
Rio de Janeiro. E-mail: paulamoita2@gmail.com.

32
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EDUCAÇÃO E RACISMO AMBIENTAL: LIVROS PARADIDÁTICOS COMO ESTRATÉGIA PARA


UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA E COM CONSCIÊNCIA MEIO AMBIENTAL

María Emilia Landaeta Silva1


Elenita Pinheiro de Queiroz Silva2

O racismo ambiental é um conceito recente na área da educação. Atrelado às injustiças


ambientais sofridas pela população negra afrodescendente no Brasil e na Colômbia, o termo
visa explorar as questões raciais que motivam a sua existência. A presente pesquisa tem
como objetivos definir o Racismo Ambiental e analisar se os livros paradidáticos utilizados
tanto no Brasil quanto na Colômbia oferecem ferramentas de combate a este tipo específico
de racismo em concordância com a Lei 10.639 de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena. A invetigação tem como
hipotese que a educação decolonial e antirracista, assim como de teor meio ambiental é
essencial para a instrução da comunidade discente do ensino fundamental com o intuito de
provocar verdadeiras mudanças relacionadas ao combate ao Racismo Ambiental, motivo
pelo qual é importante o estudo das ferramentas que são utilizadas em sala de aula visando
a educação para a transformação social efetiva. A metodologia que está sendo utilizada para
o desenvolvimento da pesquisa é da análise de livros paradidáticos no Brasil e na Colômbia,
voltados para o ensino fundamental, que tratem da temática do Racismo e do Meio
Ambiente para determinar através de quais ferramentas operam para produzir
ensinamentos que possam permitir a consciência sobre o Racismo Ambiental. Os ressultados
parciais da pesquisa indicam que, mesmo não havendo livros didáticos para este período
escolar que tratem específicamente do Racismo Ambiental, aqueles cujas temáticas estão
voltadas à discussão do racismo e do meio ambiente proporcionam ferramentas para uma
educação decolonial, antirracista e com consciência ambiental.

Palavras-chave: Educação Decolonial e Antirracista. Educação Meio Ambiental. Livros


Paradidáticos. Racismo Ambiental.

Apoio: Fomento externo CAPES

1
María Emilia Landaeta Silva, Doutoranda em Educação, Universidade Federal de Uberlândia,
mariaemilialandaeta@gmail.com
2
Elenita Pinheiro de Queiroz Silva, Docente PPGED, Universidade Federal de Uberlândia,
elenitapinheiro@hotmail.com

33
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: UMA PROPOSTA PARA A LICENCIATURA


EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

Denise Caroline de Souza1


Danilo Seithi Kato2

O objetivo deste trabalho é apresentar um relato de experiência acerca do processo de


construção de uma disciplina de educação para relações étnico-raciais (ERER) para o curso
de Licenciatura em Educação do Campo (LEcampo), com ênfase em Ciências da Natureza e
Matemática, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), no ano de 2022. A
despeito dos avanços apresentados em relação à obrigatoriedade da inclusão da temática à
educação de forma geral, observa-se que a sua implementação, sobretudo, ao ensino
superior caminha a passos lentos. Assim, nos questionamos, como pensar em uma educação
antirracista sem pensar a formação docente? Guiados por tal indagação, nos deparamos
com o desafio de construir e ministrar uma disciplina para desenvolver e fomentar debates
da ERER voltada para as especificidades que esse curso apresenta. A LEcampo/UFTM visa
formar educadores para lecionar em escolas do campo, nas áreas de Ciências da Natureza e
Matemática. Ademais, se pauta na pedagogia da alternância: divisão entre tempo escola e
tempo comunidade e conta com a presença de estudantes – oriundos do campo – de locais
diversos do país. Dessa forma, fundamentados teórico-metodologicamente em perspectivas
antirracista e decolonias, a disciplina foi organizada em três pilares: origens do racismo no
Brasil; a interseccionalidade, movimento negro e a educação científica, e por fim, foram
trabalhadas práticas para educação antirracista voltadas para Educação do Campo. Como
resultado, identificamos em dois produtos avaliativos: uma proposta didática pautada na lei
10.639/03; e a construção de uma produção artística sobre ERER, elementos do mito da
democracia racial ainda latentes, bem como a negação da categoria raça em detrimento da
classe. Fatores que indicam caminhos para o letramento facial nesta componente curricular.

Palavras-chave: Educação Científica. Educadores do campo. Formação Docente. Lei 10.639.

Apoio: Capes.

1
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM). d202110265@uftm.edu.br
2
Doutor pelo programa de Educação escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual
Paulista (UNESP). Docente da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). danilo.kato@uftm.edu.br

34
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EMPODERAMENTO DA COMUNIDADE JAVAÉ: PRÁTICAS EDUCACIONAIS EM SAÚDE


MATERNO-INFANTIL NA ALDEIA KANOANO

Thífanny Alves Araújo1


Letícia Paz Barbosa2
Marcilene de Assis Alves Araujo3

Pesquisa do grupo Observatório de Povos Tradicionais do Tocantins – OPTTINS, parte dos


objetivos do projeto “Perfil Epidemiológico dos indígenas Atendidos pela CASAI de Gurupi”
parecer nº 4.836.790, cujo foco são os saberes indígenas tradicionais relacionados ao bem-
estar, abordando de forma holística os aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais da
saúde. Esses conhecimentos enfrentam desafios devido à perda de territórios e à
degradação ambiental, desse modo, nosso objetivo é valorizar a cultura Javaé, melhorando o
acesso aos cuidados pré-natais e ao parto seguro, com foco na redução da mortalidade
materna e infantil na comunidade Javaé. A abordagem é qualitativa e etnográfica, com
ênfase na participação da comunidade indígena. Para isso, realizaram-se oficinas na aldeia
Kanoano, Ilha do Bananal, com propósito de contribuir para os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, especificamente o ODS 3, que visa reduzir a
mortalidade materna e infantil, melhorando o acesso aos cuidados de saúde nas
comunidades rurais. Foram discutidos aspectos relacionados aos partos na aldeia, o
atendimento básico de saúde e os procedimentos em casos de complicações. Dados
relevantes sobre a saúde materno-infantil na região foram apresentados, promovendo o
diálogo intercultural. A participação das mulheres Javaé foi fundamental na discussão dos
desafios enfrentados pela comunidade em relação à saúde materno-infantil. Dessa ação
resultou um plano de trabalho, abordando melhores práticas para garantir um parto seguro
em casa ou na unidade de saúde. Ficou evidente a necessidade de envolver toda a família,
lideranças e facilitadores, culturalmente sensíveis nos processos de promoção à saúde
materno-infantil Javaé, a importância da amamentação e dos exames médicos pós-natais. As
estratégias de diálogo intercultural desenvolvidas durante a oficina foram positivas,
promovendo compreensão sobre a saúde materno-infantil. Espera-se alcançar taxas mais
baixas de mortalidade materna e infantil, incentivando as gestantes aos cuidados adequados
e apoio à amamentação, respeitando a cultura e as tradições locais.

Palavras-chave: Diálogo Intercultural. Multiletramentos. Saúde indígena. Oralidade.

1
Graduanda em Medicina pela Universidade de Gurupi - UnirG, thifanny2398@gmail.com
2
Graduanda em Medicina pela Universidade de Gurupi-UnirG, leticiapbarbosa@unirg.edu.br
3
Doutora em Letras, Professora na Universidade de Gurupi, marcilenearaujo@unirg.edu.br

35
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ESCREVIVÊNCIA: UMA INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA E O PROTAGONISMO ACADÊMICO DE


MULHERES NEGRAS

Carla de Brito Nascimento1

O presente trabalho se delimita a pesquisar o protagonismo de mulheres negras no


desenvolvimento de produções acadêmicas, sob uma perspectiva nacional. Com o objetivo
de reconhecer o fruto das inquietações, anseios e vivências de intelectuais negras,
inconformadas e transgressoras. De forma a fomentar questionamentos através da
apreciação da bibliografia pesquisada, analisando a aplicabilidade do conceito de
escrevivência, desenvolvido por Conceição Evaristo, como uma forma de contrapor os
silenciamentos e viabilizar o protagonismo no processo de desenvolvimento intelectual. Mas
também, compreender as dimensões do epistemicídio e interpretar como vivências
múltiplas podem colaborar para a construção de um conhecimento democrático e
decolonial. Para tanto, a metodologia utilizada consiste em uma aproximação das vivências,
considerando a interseccionalidade, e que dialogue com Carneiro (2005), Gonzalez (2022), e
Jesus (1960). Este trabalho é estruturado por uma abordagem de pesquisa de revisão
bibliográfica e o recorte teórico está orientado pela discussão sobre os elementos que
intercruzam escrevivências e filosofia. Além disso, ensejasse fazer inferências quanto aos
impactos do lugar de fala, dado o pensamento desenvolvido por Ribeiro (2007), e seus
efeitos para o reconhecimento das produções que não fazem parte do cânone eurocêntrico.
No intuito de fomentar que estudantes possam se apropriar dos espaços acadêmicos sem
que precisem abandonar sua religião, cultura e comunidade, isto é, as subjetividades que as
compõem enquanto sujeito. Logo, a potencialidade do protagonismo ultrapassa o campo
das ideias, das emoções e o pertencimento que decorre desse processo fica marcado na
dimensão do espaço e do tempo. Portanto, este trabalho propõe uma reflexão sobre a
importância do compromisso com as vivências e com a validação dos conhecimentos
desenvolvidos por todas, todes e todos independentes de sua origem racial, social,
geográfica ou econômica. Para que, dessa forma, possamos reconhecer academicamente o
potencial filosófico que é imprescindível para a formação de sujeitos plenos.

Palavras-chave: Epistemicídio. Escrevivência. Protagonismo. Silenciamento.

1
Graduanda da Licenciatura em Filosofia, UFU, e-mail: carla.brito@ufu.br.

36
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ESCREVIVÊNCIAS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA: UMA


PERSPECTIVA INTERSECCIONAL E ANTIRRACISTA

Carine Campos Santos1


Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro 2

Esse trabalho tem por objetivo apresentar reflexões sobre práticas antirracistas e
interseccionais na clínica psicológica a partir da Escrevivência. Para isso, a metodologia
consiste em uma pesquisa teórica-conceitual fundamentada epistemologicamente em
abordagem interdisciplinar baseada em estudos raciais, sociais e psicológicos. A
Escrevivência, termo cunhado pela ativista e escritora brasileira Conceição Evaristo, é a
junção dos termos “escrita” e “vivência” que consiste em abordar as vivências de pessoas
negras, principalmente das mulheres, como forma de promover espaços de narrativas e
protagonismo que retratem as realidades, culturas, histórias e ancestralidades do povo
negro. Considerando que a construção de conhecimento em Psicologia é majoritariamente
eurocentrada e embranquecida, tem-se por consequência a formação de profissionais não
capacitados para atender a população negra no Brasil. Afinal, a maior parte das abordagens
psicológicas têm seus estudos voltados ao entendimento de indivíduos brancos, fazendo
com que pacientes não-brancos não se identifiquem com o(a) psicoterapeuta, não sejam
escutados com qualidade e, muitas vezes, sejam submetidos a reprodução de violências
raciais dentro do ambiente terapêutico. Desse modo, há a necessidade de uma prática
profissional que seja pautada na interseccionalidade a fim de considerar o lugar de
experiência de cada indivíduo que é atravessado por variados segmentos, tais como raça,
etnia, gênero, classe social, identidade sexual, dentre outros. A partir da necessidade de
mudança dessa perspectiva e da inclusão de pessoas negras, a escrevivência é utilizada
como uma ferramenta terapêutica e antirracista capaz de transcender modos tradicionais de
escuta na clínica, e promover o contato de pacientes negros com a construção de novas
narrativas para si. Como resultado, tem-se a possibilidade de abarcar sua subjetividade,
construir autoconsciência e autoconfiança, e uma escuta qualificada por parte do(a)
terapeuta. Afinal, a dificuldade de expressar emoções pela fala, muitas vezes decorrido de
violências raciais, de gênero e de espaços de silenciamento, agora pode ser expresso e
elaborado pela escrita.

Palavras-chave: Escrevivências. Interseccionalidade. Subjetividade. Saúde Mental.

1
Carine Campos Santos, graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
carinecampos.santos@yahoo.com.
²Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia pela
(UFMS). Professora pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). maylla.chaveiro@gmail.com.

37
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ETNODESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO INDÍGENA

Joana Fernandes Castro1;


Emilly Santos Santos2
Marcilene de Assis Alves Araujo3

O etnodesenvolvimento desempenha um papel fundamental na promoção do


desenvolvimento sustentável e na preservação das culturas dos povos originários. Este texto
explora os conceitos, princípios e a importância do etnodesenvolvimento para essas
comunidades, destacando sua abordagem de fortalecimento das identidades culturais.
Nesse sentido, realizou-se visita de campo à Escola Indígena Watakuri com o objetivo de
avaliar a proficiência em leitura e escrita em Língua Portuguesa dos alunos. Durante a visita,
foram coletados dados que revelaram informações cruciais sobre as habilidades linguísticas
desses estudantes. A análise dos documentos coletados enfatiza a necessidade de
abordagens educacionais sensíveis à cultura, que valorizem tanto os conhecimentos
tradicionais quanto as competências linguísticas em Língua Portuguesa. Os resultados
destacam a importância da interseção entre a língua indígena e a língua nacional,
proporcionando aos alunos a oportunidade de se envolver plenamente no sistema de ensino
enquanto preservam sua identidade cultural. No entanto, essa abordagem apresenta
desafios complexos, evidenciando a necessidade de estratégias pedagógicas adaptadas às
especificidades linguísticas e culturais dos estudantes. A promoção da leitura e escrita em
Língua Portuguesa deve ser integrada a contextos que respeitem e valorizem as tradições
locais, contribuindo assim para a formação de cidadãos culturalmente enriquecidos e
linguisticamente proficientes. Os resultados desta visita de campo reforçam a relevância do
etnodesenvolvimento no campo educacional dos povos originários. A garantia de um ensino
que seja inclusivo, sensível à cultura e linguisticamente apropriado se configura como um
passo fundamental para a promoção do desenvolvimento sustentável dessas comunidades.

Palavras-chave: Etnodesenvolvimento. Comunidade Indígenas. Cultura. Educação.


Desenvolvimento sustentável.

1
Autora, Graduanda em Pedagogia pela Universidade de Gurupi - UnirG, joanafercastro@gmail.com.
2
Coautora, Graduanda em Direito pela Universidade de Gurupi – UnirG, emilly.s.souza@unirg.edu.br.
3
Coautora, Doutora em Letras, Professora na Universidade de Gurupi, marcilenearaujo@unirg.edu.br.

38
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS (NEABI) NO


PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES DO IFMS CAMPUS CAMPO
GRANDE

Amábily Daniele Freitas de Miranda1


Paulo Luzardo Bezerra da Silva 2
Paula Luciana Bezerra da Silva Fernandes 3

No ano de 2022, o NEABI do Campus Campo Grande, buscou incentivar os nossos estudantes
dos cursos técnicos integrados e superiores em conhecer e valorizar a cultura Afro-brasileira
e indígena presente no município. Neste sentido, o NEABI realizou visitas às escolas
municipais e estaduais localizadas em comunidades quilombolas Comunidade Tia Eva na
Escola Estadual Antônio Delfino Pereira, Comunidade Negra São João Batista e na Aldeia
Indígena Urbana Marçal de Souza a fim de promover o conhecimento e a inclusão dos
nossos estudantes em meios, até então, desconhecidos para eles. Foram realizados
momentos de trocas entre as instituições, permeando a cultura, o artesanato e a histórias
das comunidades, integrando diferentes disciplinas da grade curricular dos estudantes que
também puderam explanar sobre o curso que faziam e suas experiências. O IFMS promoveu
visitas técnicas aos laboratórios e realização de oficinas de forma a apresentar as diferentes
áreas de conhecimento e as possibilidades de ingresso. Essas ações culminaram no
desenvolvimento da III Semana da Consciência Negra do IFMS, com intensa participação dos
estudantes que se tornaram mais ativos e promoveram atividades de integração com
expressões artísticas, concursos de beleza, debates sobre cotas, educação antirracista e a
diversidade no contexto esportivo. Essas ações revelam o quanto é importante fomentar
momentos externos a sala de aula proporcionando novas vivências e olhares em busca de
uma sociedade mais inclusiva.

Palavras-chave: Diversidade. Educação. Inclusão.

Apoio:IFMS

1
Amábily Daniele Freitas de Miranda, estudante /IFMS, amabily.miranda@estudante.ifms.edu.br.
2
Paulo Luzardo Bezerra da Silva, Professor Engenharia Mecânica EBTT/IFMS,paulo.luzardo@ifms.edu.br.
3
Dra Paula Luciana Bezerra da Silva Fernandes Professora Metalurgia EBTT/ IFMS, paula.silva@ifms.edu.br.

39
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS: PRESSUPOSTOS PARA O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA


AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NO COTIDIANO ESCOLAR – VIVÊNCIAS AFRO-INDÍGENAS
ATRAVÉS DA PRODUÇÃO COLETIVA DE UM PORTFÓLIO DIGITAL

Talita Belizário de Oliveira1


Stella Santana da Silva Jacinto 2
Márcia Moreira Custódio 3

Este trabalho teve como propósito explorar a importância da escuta ativa de professoras/es
e a articulação das demandas de formação continuada em Educação para as Relações Étnico-
Raciais (ERER) por meio de rodas de conversa e da produção de um Portfólio Digital
denominado “Experiências Formativas: pressupostos para o ensino da história e cultura afro-
brasileira e indígena no cotidiano escolar – vivências afro-indígenas”. A pesquisa-ação
aplicada envolveu uma abordagem colaborativa e processual, buscando contribuir para a
promoção da educação antirracista. A metodologia incluiu etapas como a escuta ativa
das/os profissionais em educação de uma escola da Rede Municipal de Ensino de
Uberlândia-Minas Gerais, a saber: Escola Municipal Sebastiana Silveira Pinto, inclui também
avaliação contínua, palestras, diagnóstico e a elaboração de um percurso formativo
colaborativo. Nove profissionais da educação participaram do Portfólio Digital Experiências
Formativas, representando diversos segmentos, incluindo docentes da Educação Infantil,
Ensino Fundamental e membros da equipe gestora de uma instituição. O portfólio digital foi
utilizado como ferramenta para registrar saberes e experiências formativas. Os relatos
incluíram vivências pessoais, coletivas e profissionais relacionadas à implementação das Leis
10.639/03 e 11.645/08 no currículo escolar. As/Os participantes compartilharam suas
experiências, utilizando diferentes mídias, como fotos, textos, áudios e vídeos, para
documentar atividades, leituras e produções artísticas. O trabalho destacou a importância
do portfólio como uma forma de integrar aprendizagem e avaliação, promovendo a reflexão
sobre práticas de ensino e evidenciando a interligação entre experiências formativas e a
implementação efetiva da ERER no contexto escolar.

Palavras-chave: Educação para as Relações Étnico-raciais; Experiências Formativas;


Formação Continuada; Lei 10.639/03; Lei 11.645/08; Portfólio Digital.

1
Técnica Msa. Geografia da Saúde, IFTM-Campus Uberlândia, talita@iftm.edu.br.
2
Professora, Prefeitura Municipal de Uberlândia, MG, Pedagoga, stella.jacinto@ufu.br.
3
Professora, IFNMG Campus Pirapora, MG, Dra. Letras, marciacustodio@iftm.edu.br.

40
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

FILOSOFIA DA MULHER E A EDUCAÇÃO:


O QUE É SER MULHER NOS CURSOS INTEGRADOS NO IFTM CAMPUS ITUIUTABA?

Ana Luíza Matias de Souza1


Yngrid Heloa de Oliveira Silva2
Brenda Nascimento Silva Santos3
Ana Carolina Gomes Araújo4

Humano Mulher é um projeto com a perspectiva integradora entre ensino, pesquisa e


extensão, em contínua efetivação nos anos de 2021 e 2022 no IFTM Campus Ituiutaba. A
proposta se origina na intersecção educacional entre (i) a necessidade interdisciplinar de
aprofundar as reflexões da condição da mulher na sociedade, sobretudo ao considerar o
crescente número de registros de violência contra as mulheres no país, bem como, o (ii)
índice de abandono dos estudos entre estudantes adolescentes na educação pública
acarretado por questões vinculadas ao contexto social e econômico de jovens mulheres e
que dificultam e impedem a continuidade da formação profissional, e, (iii) a aprendizagem
do pensamento filosófico como ferramenta estratégica de autonomia humana no contexto
das relações em sociedade com pesquisa analítica e teórica de pensadoras mulheres
contemporâneas. No ano de 2023 o projeto foi novamente aprovado na dimensão do
ensino, e considerando o acúmulo dos anos anteriores, tem sido desenvolvido com a lente
voltada para análise das condições das jovens estudantes de cursos integrados do IFTM
Campus Ituiutaba. Esse olhar é referenciado pelos conceitos filosóficos da mulher como
condição do outro, bem como pela pirâmide social do poder, lugar de fala e
interseccionalidade de filósofas contemporâneas como Simone de Beauvoir, Djamila Ribeiro
e Patrícia Hill Collins. Valendo-nos das ferramentas filosóficas conceituais, propomo-nos à
observação do cotidiano das jovens estudantes no Campus Ituiutaba, partindo do olhar das
estudantes bolsistas de pesquisa e de ensino integrantes do Humano Mulher descrevendo
relatos de suas experiências e de suas colegas sobre as dificuldades e desafios de ser mulher
no ensino médio integrado.

Palavras-chave: Mulher; Filosofia; IFTM; Ensino Integrado; Estudante; Interseccionalidade.

Apoio: Projeto de Ensino – IFTM/Campus Ituiutaba. EM CNPq – IFTM/PROPI

1
Ana Luíza Matias de Souza, Estudante do 1º ano do Curso Técnico de Agricultura Integrado ao Ensino Médio,
Bolsista de Pesquisa EM CNPq, e, do membra do Humano Mulher, IFTM Campus Ituiutaba, email:
analuiza.matias@estudante.iftm.edu.br.
2
Yngrid Heloa de Oliveira Silva, Estudante do 2º ano do Curso Técnico de Agricultura Integrado ao Ensino
Médio, Bolsista do Projeto de Ensino Humano Mulher, IFTM Campus Ituiutaba, email:
yngrid.silva@estudante.iftm.edu.br.
3
Brenda Nascimento Silva Santos, Estudante do 1º ano do Curso Técnico de Agricultura Integrado ao Ensino
Médio, Bolsista do Projeto de Ensino Humano Mulher, IFTM Campus Ituiutaba, email:
brenda.nascimento@estudante.iftm.edu.br.
4
Ana Carolina Gomes Araújo, Doutorado em Filosofia, Professora do IFTM Campus Ituiutaba, Coordenadora do
Humano Mulher, email: anaaraujo@iftm.edu.br.

41
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

FILOSOFIA E A INTERSECCIONALIDADE DA MULHER NEGRA NA CONGADA

Rafaela Martins Alves 1


Ana Carolina Gomes Araújo 2

O trabalho apresentado é impulsionado pela pergunta problematizadora: Quem é a mulher


negra no pensamento filosófico contemporâneo e qual a sua localização na sociedade?
Pergunta esta acrescida por: Como a condição da mulher negra acontece no cotidiano dos
festejos da congada? Uma investigação filosófica desdobra a pergunta central nas
perspectivas (i) metafísica: O que é ser mulher negra?; (ii) epistemológica: Como é ser uma
mulher negra?; (iii) prática (ética e político-cultural): Para quê distinguir a mulher negra da
condição da mulher em geral? Questões estas que orientam os percursos de pesquisa no
sentido de compreender à luz do arcabouço filosófico da atualidade quais pressupostos
apontam a condição da mulher negra num contexto de colonização do pensamento a partir
da categoria conceitual do Outro, ou melhor, da Outridade. Partimos na primeira etapa de
uma análise conceitual referenciada pela filósofa Djamila Ribeiro, e posteriormente, a partir
do conceito de Interseccionalidade da pensadora Patrícia Hill Collins. Vimos que na pirâmide
social do poder no topo encontra-se o homem branco, abaixo do homem branco na
pirâmide está a mulher branca relacionando o outro a não ser homem (que é dado como
modelo), abaixo da mulher branca encontra-se o homem negro que mesmo homem ainda é
outro por não ser branco, e bem na base da pirâmide encontra-se a mulher negra que é
nomeada como outro do outro porque além de ser mulher, ela não é branca. Baseado na
minha vivência como mulher preta em que o homem preto é o modelo a partir das
condições do espaço e do ambiente, as mulheres na Congada têm um papel muito
importante - na verdade, nesse espaço somos a maioria, principalmente as mulheres pretas.
Buscando compreender a condição da mulher preta e parda na congada, realizamos uma
etapa de escuta e observação de caso, em que eu como estudante, pesquisadora e
congadeira, dialoguei com mulheres do terno Camisa Verde da cidade de Ituiutaba com o
objetivo de compreender através do diálogo as diferenças e os marcadores sociais e
culturais que interseccionam as nossas condições enquanto congadeiras. Nesse sentido,
observamos na Congada a pirâmide social e a interseccionalidade, com o foco nas categorias
de gênero e raça.

Palavras-chave: Congada; Ensino Integrado; Estudante; Filosofia; IFTM; Mulher negra.

Apoio: BIC Jr. IFTM

1
Rafaela Martins Alves, Estudante do Curso Técnico em Agroindústria Integrado ao Ensino Médio, IFTM
Campus Ituiutaba, MG, bolsista de iniciação científica BIC-Jr, email: rafaela.martins@estudante.iftm.edu.br.
2
Ana Carolina Gomes Araújo, Doutorado em Filosofia, Professora do IFTM Campus Ituiutaba, email:
anaaraujo@iftm.edu.br.

42
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

FORMAÇÃO CONTINUADA DAS COMISSÕES DE HETEROIDENTIFICAÇÃO: UMA PRÁTICA


NECESSÁRIA PARA A EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE COTAS ÉTNICO-RACIAIS

Igor da Silva Coelho Oliveira1


Luciana de Oliveira Dias2
Liliene Rabelo dos Santos3

A pesquisa se desenvolve a partir da realização do curso de formação “Grupo Lélia Gonzalez:


Letramento racial da Comissão de Heteroidentificação da UFG”4. O propósito do Grupo Lélia
Gonzalez é contribuir para a formação continuada dos/as integrantes da Comissão de
Heteroidentificação da Universidade Federal de Goiás (UFG). A formação visa sensibilizar os
participantes, maximizar ações antirracistas na atuação da Comissão e estabelecer parcerias
no processo de formação com instâncias externas à universidade. A baixa representatividade
de pessoas negras nas universidades brasileiras ainda é uma realidade. A inclusão de negros
e negras na universidade contribui para o acesso destes sujeitos a um direito humano
fundamental, que é a educação e ao mercado de trabalho. Consequentemente, possibilita
também o acesso a outros direitos fundamentais (VAZ, 2018). Neste contexto, o papel das
comissões de heteroidentificação é extremamente complexo e deve ser realizado com
responsabilidade social, a fim de garantir que a prática de tal ato contribua para o combate
ao racismo, ao preconceito e na diminuição das desigualdades sociais que pode ser
desencadeada a partir da política de cotas (NUNES, 2018). Como metodologia, foi realizado
um criterioso levantamento das referências bibliográficas relativas aos estudos das relações
étnico-raciais e das ações afirmativas para que sejam realizadas leituras prévias. Assim, três
vezes por semana, o grupo tem se reunido para a realização de estudos com o intuito de
qualificar os integrantes da Comissão de Hetereoidentificação da UFG. Como resultados
obtidos até o momento, foram realizadas 12 horas de aula presencial e 44 horas à distância.
Os textos e as gravações das aulas são disponibilizados para acesso posterior. Os encontros
têm possibilitado trocas de experiências e práxis que são importantes para a formação,
embasamento e fortalecimento da luta antirracista. Consequentemente, aprimorando a
atuação nos procedimentos de heteroidentificação. Durante os encontros, têm sido
realizadas discussões e reflexões sobre o tema estudado, as perspectivas para o futuro e os
pontos de melhoria desta tão importante política de ação afirmativa.

Palavras-chave: Ações Afirmativas. Comissões de Heteroidentificação. Formação


Continuada.

1
Mestrando em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (PPGIDH/UFG); E-mail:
igorsilva.adm10@ufg.br.
2
Professora Associada da UFG, Antropóloga, com estudos pós-doutorais em Direitos Humanos e
Interculturalidades pela UNB. Estudiosa do pensamento feminista negro e bolsista de produtividade em pesquisa
nível 2 do CNPq.
3
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiânia; E-mail:
lilienerabelo@ufg.br.
4
Vinculado ao Programa Inclusão Extramuros, Programa de Extensão coordenado pela Secretaria de Inclusão
da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG).

43
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

GUARDIÕES DO PASSADO: OS INDÍGENAS DO TOCANTINS NO SÉCULO XXI

Valterlan Teixeira Araújo1


Marcilene de Assis Alves Araujo2
Matheus Barbosa de Oliveira3

O Centro de Ensino Médio Bom Jesus, em Gurupi-TO, tem em seu componente curricular
uma disciplina eletiva "Vozes do Passado no Presente: a diversidade cultural indígena no
Tocantins" cujo objetivo é explorar a pluralidade cultural do Brasil, especialmente no
contexto de Tocantins e busca envolver os estudantes em uma jornada de investigação nos
aspectos culturais, étnicos e linguísticos das comunidades tradicionais. Conceitos como
democracia, cidadania, interculturalidade, diversidade, multiculturalismo, patrimônio
cultural, protagonismo e ética são abordados, contribuindo para a formação da identidade
dos alunos sob a perspectiva da cultura indígena e sua relação com o espaço e a
territorialidade. A eletiva é parte de um projeto macro chamado "O processo de letramento
e alfabetização das crianças Javaé: uma contribuição para a manutenção da língua e da
cultura", vinculado à Universidade de Gurupi – UnirG e se concentra na educação e cultura
indígena, especificamente no povo Javaé da Ilha do Bananal. As atividades incluem oficinas,
relatórios de campo e rodas de conversa, proporcionando aos estudantes uma imersão no
universo da pesquisa científica. A abordagem da pesquisa é qualitativa e exploratória, com
ênfase em pesquisa de campo. O estudo reflete sobre a importância das relações
interpessoais e da integração de grupos sociais, destacando o valor das expressões culturais
das diferentes comunidades, alinhando-se à Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
enriquecendo o conhecimento cultural dos estudantes por meio de temas transversais e
metodologias ativas e diversificadas. O diálogo intercultural proporciona aos estudantes
compreensão de que fortalecer as relações interpessoais e valorizar as manifestações
culturais de diferentes povos são passos essenciais para construir um mundo mais inclusivo.
Os resultados destacam os desafios na implementação dos multiletramentos indígenas,
incluindo a escassez de recursos e a falta de capacitação, ressaltam as oportunidades para
superar esses obstáculos, promovendo uma educação mais inclusiva e sensível à diversidade
cultural.

Palavras-chave: Diálogo Intercultural. Manifestações Culturais. Relações Interpessoais.

1
Autor, Mestre em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom Jesus,
valterlanaraujo29@gmail.com.
2
Coautora, Doutora em Letras, Professora na Universidade de Gurupi, marcilenearaujo@unirg.edu.br
3
Coautor, Especialista em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom
Jesus, matheusoliveira@professor.to.gov.br.

44
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: NOTAS ACERCA DA INVISIBILIDADE DAS


EXPERIÊNCIAS DOS DOCENTES E DISCENTES NEGROS NOS ESPAÇOS ESCOLARES

Daniel Antônio Coelho Silva1

A Pedagogia, como ciência da Educação nas últimas décadas, tem avançado nas análises e
nas propostas relativas à qualidade do ensino no Brasil. A problematização do fenômeno
educativo por meio das pesquisas realizadas nos programas de Pós-Graduação de
universidades públicas e particulares aumentou não somente em volume de produção, mas
também em relevância do conhecimento científico, resultado da ação dos sujeitos
envolvidos no processo. Além disso, a complexidade e a dinâmica da nossa realidade
histórica, econômica, política e social faz com que os esforços de pesquisa continuem a ser
realizados e esse é um desafio que, felizmente, diversos pesquisadores e pesquisadoras
estão dispostos a enfrentar. Neste estudo, faz-se uma reflexão acerca do processo
educacional brasileiro, a partir da relação entre os negros e a Educação escolar,
particularmente no período do final do século XIX e início do século XX. Privilegia-se o
diálogo realizado pela nova Historiografia da Educação e as análises clássicas realizadas por
estudiosos nesse campo durante boa parte do século passado. A História da Educação do
negro no Brasil, durante vários períodos, deixou de aprofundar os estudos sobre a relação
entre eles e a Educação. Em relação ao campo das ciências sociais e humanas, mais
recentemente, o volume e a qualidade dos estudos passaram a incorporar as estratégias de
resistência, de acomodação e de negociação dos negros, adotadas ao longo de suas
experiências históricas.Tal fenômeno também ocorreu no campo da Historiografia
educacional, isto é, até bem recentemente, os estudos relativos aos processos educacionais
desconsideravam os afrodescendentes como sujeitos relacionados ao processo, mas novos
pesquisadores e pesquisas indicaram realidades históricas que ajudaram a desconstruir uns
tantos equívocos praticados com relação ao assunto como aponta o professor Marcos
Vinicius Fonseca. O objetivo deste estudo é o de realizar uma análise de caráter bibliográfico
de parte da produção recente sobre e a temática dos negros na Educação e as críticas
realizadas por ela em relação às análises anteriores. Os resultados parciais indicam a
necessidade da continuação de pesquisas relativas ao protagonismo dos negros na
educação, pois como é possível observar após 20 anos da Lei 10.6399, a ampla e efetiva
incorporação dos conteúdos de da história e cultura da afro-brasileira nos currículos
acadêmicos e escolares é uma realidade distante.

Palavras-chave: Escola. Invisibilidade. Negros.

Apoio: Bolsista do programa Trilhas de Futuro Educadores/SEE/MG

1
Daniel Antônio Coelho Silva, doutorando em Educação pelo PPGE-UNIUBE e Bolsista do programa Trilhas de
Futuro Educadores/SEE/MG, daniel.coelho@educacao.mg.gov.br.

45
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

INSTAGRAM DA LIGA SANKOFA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE ARTES DIGITAIS E


RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Thaissa Oliveira Clemente1


Sara Santos Dias Costa2
Laercio Oliveira Simões3
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro4

Este trabalho pretende apresentar um relato de experiência sobre o Instagram


(@larer.uftm) da Liga Acadêmica de Relações Étnico-Raciais - Sankofa, vinculada à
Universidade Federal do Triângulo Mineiro. A Liga tem como finalidade desenvolver o
processo formativo do discente com as relações étnico-raciais dentro da academia.
Composta por pesquisadores e estudantes da graduação e pós-graduação de variados
cursos, todos negros, a liga abrange diferentes coordenações, incluindo uma de design e arte
nas mídias sociais. Nesse contexto, o Instagram representa a principal rede social adotada
pela liga, desempenhando um papel fundamental como ferramenta para a criação e
divulgação de artes digitais afro-brasileiras e indígenas. Destaca-se, assim, como uma
ferramenta poderosa na luta contra a disseminação do racismo, permitindo que as pessoas
compartilhem informações, histórias, recursos e relatos relacionados à conscientização e à
promoção da igualdade racial. Os conteúdos publicados incluem, além das fotos, vídeos e
reels das aulas, publicações sobre as atividades e eventos da Liga, recomendação de filmes,
séries, poemas e livros escritos por pessoas negras que tratem sobre negritude,
decolonialidade, afrocentricidade, relações étnico-raciais, e outros temas afins. Nesse
sentido, as postagens constituem um entrelaçamento entre design gráfico e arte,
tensionando para uma perspectiva pluralista que se desvincula do mundo "único" possível —
eurocêntrico — e se abre para vozes e caminhos diversos, incluindo conteúdos como
colagens digitais, que exigem expressão livre, artística e criatividade, promovendo uma
ruptura na matriz de pensamento ocidental, instigando a reflexão e as emoções. Essa
combinação busca atingir o maior número de pessoas mediante estratégias bem definidas,
como a frequência de postagens em dias e horários estratégicos para gerar engajamento.
Observa-se um crescimento contínuo no desempenho do perfil ao longo do tempo, com os
seguidores interagindo cada vez mais com as publicações. Esse processo configura-se,
portanto, como um meio de aprendizado em duas frentes distintas: 1) reconhecimento e
fortalecimento da própria identidade enquanto pessoa negra, no que se refere aos criadores
das artes digitais; 2) identificação com os conteúdos e oportunidade de aprendizado para os
seguidores do perfil.

Palavras-chave: Instagram. Mídias sociais. Negritude. Raça.

1
Thaissa Oliveira Clemente, Graduanda em Serviço Social, UFTM, d202120388@uftm.edu.br.
2
Sara Santos Dias Costa, Psicóloga (UFT) e Mestranda em Psicologia, UFTM, sasantosd@outlook.com.
3
Laercio Oliveira Simões, Licenciatura em Matemática, UFTM, d202320331@uftm.edu.br.
4
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia pela
(UFMS). Professora pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), maylla.chaveiro@gmail.com.

46
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

JOGOS E EXERCÍCIOS TEATRAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA:


UM EXPERIMENTO PARA A PRODUÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O
QUILOMBO DO CAMPO GRANDE EM MINAS GERAIS E SUAS REPRESENTAÇÕES NA
HISTORIOGRAFIA

João Mateus Neto1


Mislele Souza da Silva2

São vários os caminhos possíveis no âmbito educacional a partir de uma perspectiva


interdisciplinar e no que tange as justificativas atreladas a Lei 10.639/03 que estabelece a
obrigatoriedade do ensino da Cultura Afro-Brasileira nos currículos de educação básica,
assim como nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais. Neste sentido, temos como proposta temática a criação de uma sequência didática a
partir de pesquisas realizadas ao decorrer da disciplina de Projeto Interdisciplinar (Prointer)
do curso de História e a aplicação prática desses conhecimentos em formato de oficinas
pedagógicas experimentais realizadas na escola/campo atrelada ao PIBID do Subprojeto
História/Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). As oficinas foram
realizadas por intermédio do método desenvolvido pelo dramaturgo Augusto Boal com a
aplicação dos jogos e exercícios, de modo a propiciar que os indivíduos estabeleçam uma
relação crítica a sua realidade e ao passado. Foram aplicados alguns desses jogos de modo a
aferir as possibilidades de relacioná-los com a proposta principal de abordar os
conhecimentos atrelados ao Quilombo do Campo Grande, o mito do personagem do Chico
Rei na obra de Diogo de Vasconcelos de modo que os estudantes questionem essa figura
forjada e com a exposição do apagamento da figura do Rei Ambrósio, em contrapartida com
a criação de um herói/mito.

Palavras-chave: Teatro do Oprimido; Quilombo; Ambrósio;

Apoio: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

1
Graduando em História na Universidade Federal de Uberlândia, Bolsista do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID) do Subprojeto História/ Geografia. joaomateusneto6@gmail.com.
2
Mestra e graduada em História pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Especialista em "Culturas e
História dos Povos Indígenas" pela Faculdade de Educação (FACED/UFU). Servidora pública, atua como
Professora de Educação Básica na Escola Estadual Ângela Teixeira, em Uberlândia MG. Supervisora do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
do Subprojeto História/ Geografia. mislele.silva@educacao.mg.gov.br.

47
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

JOGOS, CANTIGAS E BRINCADEIRAS POPULARES: UM RESGATE HISTÓRICO CULTURAL AFRO


INDÍGENA NA EJA – EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS

Cleber Roberto Nascimento1

O público da EJA tem características próprias, geralmente são compostos por turmas muito
heterogêneas, com grande diversidade de faixa etária, etnias e gênero. O estudante da EJA,
foi e é várias vezes (RE) excluído, excluído pela cor da sua pele, pela vulnerabilidade social,
econômica e política. Caso esse estudante seja preto e pobre, o que quase sempre é, se
enquadra numa tripla exclusão. Agora, caso seja uma mulher preta, a exclusão se impõe
quatro vezes mais, por ser mulher e mulher preta. Lamentavelmente, a desqualificação
quanto às questões étnicas raciais em nosso país não é algo que faz parte do passado
colonial brasileiro, é uma característica imperialista presente em todas as esferas sociais e
no caso da educação, claramente reproduzido, sobretudo na EJA. Sendo assim, esse nosso
estudo pretende expor essas relações de racismo, privilégios, dominação e os prejuízos ao
estudante da EJA em decorrência dessa realidade. Sendo assim é de suma importância, que
a partir das leis federais 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história
e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas surjam intervenções que resgate, valorize e
preserve o patrimônio histórico-cultural afroindígena. Muitas dessas manifestações culturais
têm raízes profundas na história do Brasil, e é crucial resgatá-las para preservar nossa
identidade cultural e histórica. Em resumo, o presente estudo, não apenas atende às
obrigações legais, mas também amplia o diálogo cultural, oportunizando situações que
enriquecem a experiência educacional dos estudantes ao oferecer atividades lúdicas e
participativas. Essas atividades envolvem os alunos de maneira significativa, prazerosa e
interativa, facilitando a compreensão dos aspectos culturais abordados e causando um
impacto positivo na educação, na cultura e na sociedade como um todo.

Palavras Chave: EJA, Educação Básica, Ensino Noturno, Educação Inclusiva, Educação
Antirracista.

1
Graduação Educação Física. Especialização Educação Inclusiva. Mestrado em Artes Cênicas.
professoreduka@hotmail.com

48
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

LENDAS AFRICANAS COMO OBJETO DE ENSINO: UMA EXPERIÊNCIA PARA MUITAS


LEITURAS

Thais Nunes Xavier dos Santos1

Esta pesquisa propõe maneiras de dar visibilidade à cultura africana e aos corpos pretos,
dissidentes no espaço escolar, por meio de uma experiência de leitura de lendas africanas
para a educação básica. No intento de promover outras reflexões por meio da leitura de
textos que sensibilizam para a diversidade e fundamentada em autores como bell hooks
(2017); Akotirene (2019); Lück (2009); Miskolsci (2012); Pires (2019); Freire (2004); Happ
Botler, 2010; Foucault (2007), Kilomba (2020), Cosson (2006), busca-se refletir sobre a
prática de leitura literária, compreendendo a escola como um espaço de micropoder e
transformação da realidade, para atuar de modo a promover o exercício de escuta e diálogo
na construção do conhecimento e para problematizar o acolhimento, a visibilidade e o
desenvolvimento às dissidências. Para tanto, foi trabalhada a categoria interseccional de
dissidência corpos pretos, elencando três lendas africanas para experiência de leitura em
sala de aula. As três obras selecionadas para a leitura foram “Obax” (2010), “Lila e o segredo
da chuva” (2010) e “O filho do vento” (2013). A proposta consiste em ler os textos com os
alunos durante a aula e propor rodas de conversa sobre a temática, de modo a proporcionar
momentos de escuta e troca de experiências. Durante a experiência de leitura das lendas e
ao final das rodas de conversa os estudantes puderam ter contato com a cultura africana de
modo artístico, sensível e poético, através das histórias, sagradas na África, sobre a
compreensão do mundo, a representação do comportamento humano, das relações sociais
e das relações do homem com a natureza e seus impactos. Ademais, os resultados obtidos
com o desenvolvimento das atividades reverberam em desdobramentos futuros na
valorização de questões étnicas, raciais e dos corpos pretos e sua presença significativa e
simbólica.

Palavras-chave: Corpos pretos. Ensino. Lendas africanas. Saberes africanos.

1
Pós-graduada em Tecnologias, Linguagens e Mídias em Educação e Gestão, Supervisão e Orientação Escolar
– IFTM Campus Uberlândia Centro. Doutoranda em Estudos Linguísticos PPGEL/UFU. Professora de Língua
Portuguesa na rede municipal de Uberlândia. tatanx18@hotmail.com.

49
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

LETRAMENTO RACIAL E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA: A POESIA DE RESISTÊNCIA EM


TERRA NEGRA, DE CRISTIANE SOBRAL

Júlia Gonçalves Borges1


Laryssa Mariah França Cardoso2
Rute dos Santos Fonseca3
Cristiane Manzan Perine4
Keula Aparecida de Lima Santos5

Recentemente, com o surgimento de novas obras literárias que trazem mais


representatividade e visibilidade étnico-racial, cresceu a necessidade por materiais
informativos de fácil acesso e compreensão sobre essas temáticas. Assim, por essa razão,
criou-se o projeto de extensão chamado “Letramento racial e literatura afro-brasileira: a
poesia de resistência em Terra Negra, de Cristiane Sobral”. O projeto está vinculado ao
Programa de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro, Campus Uberlândia. Tal trabalho tem por objetivo investigar a obra citada no título
anterior e criar um canal de divulgação que possa compartilhar os estudos e reflexões
desenvolvidos sobre o livro com a comunidade. A produção literária Terra Negra traz poesias
da escritora negra Cristiane Sobral, que foi publicada em 2017 pela editora Maitê. Com uma
vertente engajada, suas 74 poesias abordam temas como feminismo, resistência,
preconceito racial, desigualdade social, erotização do corpo negro, dentre outros. Para o
vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o livro consta na lista de leituras
obrigatórias. Por isso, além de contribuir para o letramento racial dos alunos, a leitura e
trabalho com o livro Terra Negra apresentam importância para os alunos do ensino médio
que tentarão uma vaga no vestibular. O desenvolvimento das atividades baseou-se na
pesquisa e leitura da obra (SOBRAL, 2017) e nos estudos de autores como Alós e Luquini
(2018), Barros e Alves (2022), Oliveira (2019), Dias e Martins (2022) e Samyn (2019) que
fundamentaram a pesquisa. Ademais, após o embasamento bibliográfico, houve elaboração
de textos e conteúdos para serem publicados nas plataformas digitais mais utilizadas pelo
público alvo, de modo a contribuir com o aprendizado de alunos internos e externos ao
IFTM.

Palavras-chave: Literatura Afro-brasileira. Representatividade. Terra Negra. Letramento


racial.

1
Discente do Curso Técnico em Meio Ambiente, IFTM – Campus Uberlândia, email:
julia.gb@estudante.iftm.edu.br.
2
Discente do Curso Técnico em Meio Ambiente, IFTM – Campus Uberlândia, email:
laryssa.cardoso@estudante.iftm.edu.br.
3
Discente do Curso Técnico em Meio Ambiente, IFTM – Campus Uberlândia, email:
rute.fonseca@estudante.iftm.edu.br.
4
Docente de Línguas, IFTM – Campus Uberlândia, email: cristianemanzan@iftm.edu.br.
5
Docente de Línguas, IFTM – Campus Uberlândia, email: keula@iftm.edu.br.

50
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

LETRAMENTO RACIAL: EMPODERAMENTO DE MULHERES NEGRAS

Isabel Maria Lopes1


Raquel Virgínia Lopes2

O neologismo empoderamento está consignado ao Dicionário de Língua Portuguesa


Contemporânea das Ciências de Lisboa e registrado no Mordebe- Base de Dados
Morfológica do Português. O termo significa obtenção, alargamento de poder. Em linhas
gerais, empoderar está ligado tanto ao contexto de mudança social, quanto à promoção da
equidade. Além disso, envolve o desenvolvimento da consciência crítica. Dessa forma, o
empoderamento contribui para o aumento da autonomia não apenas pessoal, mas também
coletiva, sobretudo dos grupos sociais expostos a opressão, a discriminação e a dominação
social. Atualmente, o termo é utilizado em diferentes áreas do conhecimento, como
educação, sociologia, ciência política, saúde pública, serviço social, administração, dentre
outros. Berth (2019), propõe uma análise do conceito sob a perspectiva do feminismo negro.
Este movimento contribuiu não apenas para a potencialização e disseminação do conceito,
mas também para o modo como é empregado. Ademais, destaca-o como uma ferramenta
de movimentação da hierarquia socioeconômica e cultural da comunidade negra. No livro,
Empoderamento, Berth (2019), ressalta a importância do feminismo negro e da resistência
da comunidade negra ao racismo. Além disso, destaca a estética como parte do processo de
empoderamento. A pesquisa se sustenta em Gomes (2003, 2008, 2011), que estuda as
questões sobre a estética do corpo negro e sua relação social em ambiente escolar e não
escolar; Hooks (2005, 2015), que disucte a relação da mulher negra com o cabelo crespo;
Hall (2000, 2011), que debate as concepções de sujeito e Souza (2011) que observa os
Letramentos de Reexistência e Resistência.

Palavras-chave: Empoderamento. Letramento racial. Emancipação. Mulheres negras.

1
Professora, mestranda em Educação pela UFU- Universidade Federal de Uberlândia, e-mail:
isabel.lopes@ufu.br.
2
Professora, mestranda em Educação pela UFU- Universidade Federal de Uberlândia, e-mail:
raquel.lopes@ufu.br.

51
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

LIGA SANKOFA: ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO AFROPEDAGÓGICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL


DO TRIÂNGULO MINEIRO (UFTM)

Ryan Lopes de Freitas1


William Martins Manso2
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro3

O presente resumo apresenta a construção de um espaço afro pedagógico: liga acadêmica


de relações étnicos-raciais denominada Sankofa, um projeto que vem sendo realizado desde
o início do ano atual de 2023 no campus Centro Educacional na Universidade Federal do
Triângulo Mineiro - UFTM. Sankofa é oriundo de um provérbio tradicional entre os povos de
língua Akan da África Ocidental que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar
o que esqueceu”. Desse modo, a Liga Sankofa tem como objetivo proporcionar um espaço
de construção e aprendizagem para as relações étnico-raciais, valorizar a práxis educativa e
resgatar e fortalecer as identidades das culturas afro-brasileiras dentro do ambiente
universitário. Os encontros da liga ocorrem semanalmente e têm como objetivo promover a
formação epistemológica por meio de oficinas de arte, rodas de conversa e aulas que são
ministradas na ótica de diversos temas como: ancestralidade, identidade, negritude, racismo
estrutural, afrocentricidade, feminismo negro, branquitude. As oficinas de arte, como a
colagem, trouxeram para os integrantes a possibilidade de se expressar por meio da arte,
valorizando assim, habilidades pouco trabalhadas nos ambientes acadêmicos. Já as aulas
ministradas tinham o objetivo de ampliar o conhecimento a respeito da negritude por meio
de intelectuais importantes na história, por exemplo: Frantz Fanon, Abdias Nascimento, Lélia
Gonzalez, Bell Hooks, Sueli Carneiro, Kabengele Munanga, entre outros. O projeto abrange
discentes de diversos cursos presentes na UFTM com o interesse de participar deste
quilombo intelectual. Com isso espera-se que ao decorrer dos encontros a liga se torne um
ambiente de conforto, segurança e fortalecimento, trazendo à tona a diversidade étnico-
racial para a academia a fim de fortalecermos identidades negras na construção do
conhecimento.

Palavras-chave: Afropedagogia. Liga. Negritude. Relações Étnico-Raciais. Sankofa.

1
Graduando em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), lopesryan1616@gmail.com
2
Graduando em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
william_martinsm@hotmail.com
3
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS). Professora pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Psicóloga Clínica e Supervisora. E-
mail: maylla.chaveiro@gmail.com

52
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

MOSTRA LITERÁRIA POR UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA

Liana Castro Mendes1

A literatura é a arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão e ela tem um
papel fundamental na construção do homem enquanto sujeito e enquanto cidadão.
Considerando essa função, é possível pensar a literatura como forma de problematizar o
racismo e também oportunizar, no contexto escolar, uma educação antirracista
(GUIMARÃES, 1999; SANTOS 2021). A partir disso, elaboramos o projeto “Mostra Literária
por uma educação antirracista”. O projeto fez parte do curso de Educação Antirracista
ministrado para os servidores do IFTM – campus Uberlândia e se realizou no primeiro
semestre de 2023. A mostra teve como objetivos: expor livros da literatura negra, ou seja,
apresentar uma produção literária de autores negros; ressaltar a importância de se conhecer
para valorizar a história e a contribuição dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas na
construção da cultura de um povo (UNESCO, 2010; COSTA e SILVA, 2011) e, por fim,
incentivar a construção do senso crítico e da reflexão acerca da real condição do negro na
sociedade. A mostra foi realizada a partir de algumas etapas: primeiro, foi feita uma
pesquisa sobre livros que apresentam a referida temática. No dia da mostra, houve uma
apresentação de trabalhos feitos por alunos participantes de projetos de ensino que
envolvem a literatura negra. Na sequência, foram apresentadas as obras literárias estudadas
no projeto “Escurecendo o Pensamento” de 2020 e 2021, projeto vinculado ao NEABI
campus Uberlândia. Em seguida, houve a exposição dos livros que foram doados à biblioteca
do IFTM – campus Uberlândia. A doação dos livros temáticos foi feita pelo projeto “Mídias
sociais para incentivar permanência e êxito de estudantes pretos e pardos no IFTM – campus
Uberlândia”. Os livros ficaram expostos e os participantes puderam manuseá-los para
melhor conhecê-los. A mostra literária apresentou resultados muito positivos entre os
participantes, que se sentiram motivados ao conhecer autores e obras da literatura negra. A
execução deste trabalho permitiu concluir que é urgente a oferta de conhecimentos e o
incentivo a essa literatura tão rica, uma vez que, é por meio dela que personagens e autores
negros têm oportunidade de retomar sua integridade enquanto seres humanos, o que
permite romper o círculo vicioso do racismo, tão fortemente enraizado em nossa sociedade.

Palavras-chave: Educação antirracista. Literatura negra. Mostra literária.

1
Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora de Literatura e de Língua
Espanhola no IFTM campus Uberlândia. E-mail: lianacastro@iftm.edu.br

53
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

MURAL NEABI - PROJETO NEABI 2023

Dielisson Silva Nascimento1


Cristiane Corrêa Resende2
Sharon Victoria Faria Macedo3

Este trabalho representa uma das ações propostas pelo NEABI (Núcleo de Estudos Afro-
brasileiros e Indígenas) do IFTM Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico, desenvolvidas
no ano letivo de 2023 (“Projeto NEABI 2023”). O objetivo desta ação é elaborar murais físicos
na escola que tratem de questões relacionadas à Educação para as Relações Étnico-Raciais.
Ainda que estejamos na era da comunicação digital, trata-se de mais uma alternativa para
estimular a curiosidade e o interesse dos estudantes e demais membros da comunidade escolar
pelo tema, por meio da apreciação visual e leitura propiciadas pela observação e contato com
os murais escolares. Os murais foram produzidos pelas turmas dos Cursos Técnicos em
Computação Gráfica, Eletrônica e Manutenção e Suporte em Informática Integrados ao Ensino
Médio durante a disciplina de História. A metodologia deste projeto seguiu as seguintes etapas:
1. Apresentação de temas referentes às questões étnico-raciais pela professora e/ou por
sugestões dos alunos; 2. Divisão da turma em grupos para elaborar os murais; 3. Pesquisa em
sites e debates para aprofundar as temáticas escolhidas; 4. Confecção dos murais com
desenhos; ideias e conceitos sintetizados; impressões de imagens, tirinhas, caricaturas e
memes; manchetes de reportagens; colagens e painéis de imagens etc. 5. Levantamento de
opinião das/os estudantes e da comunidade escolar em geral, sobre a experiência de
observação e acerca das temáticas expostas nos murais. Cada mural permanece exposto por
uma semana ou quinzenalmente, antes de ser substituído por outro tema. Como resultado, se
espera que cresça o conhecimento, o interesse e o envolvimento, sobretudo dos estudantes,
nas questões étnico-raciais do mundo contemporâneo e que adotem posturas ativas de
antirracismo.

Palavras-chave: Educação Antirracista. Mural. NEABI.

1
Estudante da 3ª série do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio do IFTM CAUPT; e-mail:
dielisson.nascimento@estudante.iftm.edu.br.
2
Professora de História dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, mestra em Educação Tecnológica;
presidente do Neabi IFTM CAUPT; e-mail: cristiane@iftm.edu.br.
3
³ Estudante da 2ª série do Curso Técnico em Computação Gráfica Integrado ao EM do IFTM CAUPT; e-mail:
sharon.macedo@estudante.iftm.edu.br.

54
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

NA TRILHA DE BARÁ: UM ESTUDO SOBRE AS PERSONAGENS ALVEANAS NO ROMANCE


"BARÁ NA TRILHA DO VENTO"

Andressa Santos Vieira1

A presente escrita, recorte da pesquisa de doutoramento em andamento intitulada “Nos


ventos de Bará: um estudo sobre as personagens no primeiro romance de Miriam Alves”,
que visa ampliar os estudos iniciados no Mestrado, sobre as produções narrativas da autora
Miriam Alves, intencionando, ainda, contribuir para o acervo teórico-crítico da escritora
paulistana, traz uma breve apreciação e reflexão sobre as personagens na primeira narrativa
ficcional alveana, “Bará na trilha do vento”, publicada em 2015 pela editora Ogum’s Toques
Negros. Por meio de um olhar teórico e crítico, busco compreender a construção das
personagens, principalmente de mulheres e homens negros, acreditando que a autora, por
meio de uma narrativa de pertencimento e humanidade, (re)escreve o lugar e as imagens
para e sobre os corpos negros, extrapolando as barreiras do silenciamento e da
estereotipização, retirando-os das sombras do apagamento histórico, promovendo uma
narrativa que oportuniza, tensiona e incentiva novas representatividades (positivas) para a
Negritude. Ainda na trilha do vento do primeiro romance alveano, intenciono refletir como a
autora traz à roda, por meio das personagens, questões necessárias, tais como as violências
e opressões sofridas por mulheres e homens negros, as tantas formas de solidão as quais
esses corpos são submetidos e sujeitados, a “masculinidade hegemônica” e o próprio
racismo. Busco compreender como esse movimento, de construir um romance a partir da
perspectiva negra e feminina, promove-se como uma agência negra no terreno literário,
oportunizando, ainda, a experiência de uma narrativa ficcional que se coloca no terreno
literário brasileiro por meio de representatividades e protagonismos negros, de militância e
de pertencimento da Negritude na literatura brasileira.

Palavras-chave: Literatura negra brasileira. Miriam Alves.Personagens negras.


Representatividade. Romance alveano.

1
Andressa Santos Vieira, Doutoranda em Estudos Literários/Professora da Educação Básica, Universidade
Federal de Uberlândia, andressa_santos92@hotmail.com

55
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

“NEGRO NÃO, PARDO!”: IDENTIDADE E CONFLITOS EM AUTODECLARAÇÃO NA COMISSÃO


DE HETEROIDENTIFICAÇÃO

Ingrid Sousa Lima dos Santos1


Maria Izabel Machado2

A escravidão iniciada na primeira metade do século XVI que trouxe milhares de africanos/as
de diversas etnias para a construção de uma nova colônia de Portugal, marcou o país de
diversas formas, entre elas a miscigenação e branqueamento dos que aqui constituíram uma
nação. O colorismo é hoje, um dos resultados da miscigenação. Levando a carga de traços
em consideração que o debate do local do pardo é questionado. Os pardos têm menos
traços fenótipos, mas tem traços por isso são considerados negros e são estes fenótipos que
fazem com que os mesmos sejam passíveis de racismo, por isso são agregados na
Heteroidentificação de Ações Afirmativas. O debate do pardo tem muitos níveis e tentarei
trabalhar com esta complexidade, a dicotomia entre consciência e identidade racial é o que
permeia minhas indagações. O problema do presente projeto é: Quais os sentidos,
significados e vivências dos discentes autodeclarados dos cinco cursos com maior presença
de pessoas pardas da Universidade Federal de Goiás (UFG), entre 2019 até os dias atuais?
Considerando as especificações deste projeto se faz necessário trabalhar com a pesquisa de
cunho qualitativo a partir de dados quantitativos para melhores resultados. Utilizando como
ponto de partida os dados do Analisa UFG 3, plataforma que reúne dados como idade,
cor/raça e sexo/genêro atualizados dos estudantes, foi realizado levantamento preliminar
para identificar os cinco cursos com maior predominância de discentes pardos. A partir deste
levantamento iniciaremos a coleta de dados após autorização do Comitê de Ética por meio
das entrevistas com profundidade, as entrevistas terão áudio gravado e serão transcritas.
Este projeto se encontra na fase de análise ética, mas já podemos concluir quais cursos
fazem dos cinco cursos com maior predominância de discentes pardos: letras libras, gestão
da informação, música instrumental, serviço social e engenharia elétrica.

Palavras-chave: Autodeclaração. Comissão de Heteroidentificação. Pardo.

1
Pedagoga, FE/UFG, sousa.lima@discente.ufg.br
2
Docente, FE/UFG, mariaizabelmachado@ufg.br
3
A plataforma Analisa UFG é um projeto desenvolvido conjuntamente pela Secretaria de Tecnologia e
Informação (SeTI), por meio do Centro de Recursos Computacionais (CERCOMP), e a Secretaria de
Planejamento, Avaliação e Informações Institucionais (SECPLAN), contando ainda com a colaboração das
respectivas pró-reitorias. A Plataforma tem por objetivo agregar e tratar dados, disponibilizar painéis com
indicadores quantitativos e gerenciais, além de relatórios dinâmicos para atender as particularidades e
necessidades de dados das áreas finalísticas da UFG.

56
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

NEGRO PASSO EM PALAVRAS: A POESIA NEGRA COMO ESPAÇO DE ACOLHIMENTO

Maria Carolina R. Bastos da Silva1


Pedro Henrique Pavão de Mesquita2
Yasmin da Cruz Gonçalves3

Segundo pesquisa divulgada em 2019 (PNAD), 71% dos jovens brasileiros, entre 14 e 29
anos, que deixaram de frequentar a escola são negros. Além de questões econômicas
vinculadas à raça, a falta de pertencimento no ambiente escolar pode ser um fator que
influencia o abandono escolar. Isso se deve ao fato de o pensamento propagado neste
ambiente, por vezes, afastar epistemologias negras da produção de conhecimento. Logo, na
margem, alunos negros se tornam pouco propensos a um aprendizado significativo. Partindo
do pressuposto de que era necessário um espaço seguro de aprendizado aos jovens negros,
o Coletivo Negro Passo em Palavras (YALODÊ/NEGPA) foi idealizado na categoria Ensino com
o intuito de oferecer oficinas de leitura de literatura negra brasileira e escrita criativa do
gênero poema aos alunos de ensino médio do IFTM-Campus Uberaba. O projeto conta com
dois bolsistas e seu objetivo é fortalecer e difundir a leitura de literatura e teorias escritas
por mulheres negras e dissidentes negros e, assim, propiciar um espaço de pertencimento a
eles, de modo a se reconhecerem como agentes da produção de conhecimento literário e
analítico. A partir disso, propomos com este trabalho avaliar em qual medida o objetivo do
projeto tem sido alcançado. Para tanto, ao final de cada oficina os alunos participantes
respondem um formulário de avaliação de impacto. Assim, foi possível concluir que o
projeto, além de os aproximar da literatura, também influenciou na melhora da escrita e
interpretação de texto dos alunos e, assim, construiu uma aprendizagem significativa para as
suas vidas.

Palavras-chave: Literatura negra brasileira. Aprendizado significativo. Projeto de ensino.


Neabi IFTM Ura. Negpa.

Apoio: Fomento interno (IFTM).

1
Mestre em Estudos Literários/ Professora, IFTM, mariacarolina@iftm.edu.br
2
Técnico Integrado em Alimentos/ Discente, IFTM, pavaop332@gmail.com
3
Técnico Integrado em Alimentos/ Discente, IFTM, yasmin.cruz@estudante.iftm.edu.br

57
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O DEBATE SOBRE GÊNERO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA FORMAÇÃO DOCENTE

Jordânia de Araújo Souza1


Fabianne Nayra2
Matheus Ivan da Silva Chagas3

O presente texto tem como objetivo refletir sobre algumas dinâmicas da oferta do
componente curricular de Pesquisa e Prática Pedagógica 2 – Gênero e Diversidade Étnico-
racial no curso de Pedagogia, do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas.
Pretendemos compartilhar o que vem sendo realizado no componente curricular, a partir
das experiências de atuação na monitoria, e provocar reflexões quanto a formação dos
sujeitos na educação básica e no ensino superior quanto às questões de gênero e
diversidade étnico-racial. Para isso, foi realizada a análise de alguns dos instrumentos
avaliativos utilizados neste trabalho. Inicialmente destacamos a importância do debate
sobre gênero e relações étnico-raciais para a formação docente, pensando no lugar que a
discussão ocupa na proposta curricular do curso de Pedagogia, seu processo de se tornar
componente curricular obrigatório e as implicações de se discutir as questões de gênero,
raça e classe de maneira interseccional. Em seguida, apresentamos alguns apontamentos
sobre dois instrumentos avaliativos utilizados no componente curricular: 1. O formulário da
pesquisa exploratória aplicada no ano letivo de 2022, com a avaliação dos gráficos obtidos a
partir desta pesquisa e 2. Os cadernos de anotações com reflexões sobre os textos, mas
também experiências dos estudantes matriculados em PPP 2. Por meio desses dados
buscamos reforçar a importância de se discutir as questões de gênero e identidade étnico–
racial nos cursos de formação de professores, partindo do pressuposto de que são questões
inerentes à prática pedagógica e ao convívio social.

Palavras-chave: Avaliação. Formação de professores. Gênero. Relações étnico-raciais.

Apoio: Universidade Federal de Alagoas

1
Doutora em Antropologia (UFPE); Professora do Centro de Educação na Universidade Federal de Alagoas; E-
mail: jordania.souza@cedu.ufal.br.
2
Mestra em História (UFAL), Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas; E-mail:
fabianne.nayra@hotmail.com.
3
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas, integrante do Grupo de Pesquisa, Juventudes
e Culturas Escolares (GPEJUV); E-mail: matheusivan.cedu@gmail.com.

58
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O LUGAR DA ÁFRICA ANTIGA NA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS:


REFLEXÕES SOBRE UM PROJETO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

Magda Rita Ribeiro de Almeida Duarte1

A contar de 2003, ocasião da promulgação da Lei 10.639, que reza sobre o ensino de
“História e Cultura Afro-brasileira”, são diversos os desafios para efetivação dos
pressupostos daquele instrumento legal e de outros, dele derivados. Reveses que se
disseminam em todas as etapas do processo de ensino-aprendizagem e que ainda revelam o
caráter precário da efetivação dos preceitos jurídicos – desde a formação de professores até
a aplicação dos princípios norteadores do ensino na realidade escolar, na Educação Básica.
Em que pese esses desafios, há vinte anos que o tema da África busca seu lugar no ensino –
um território que deveria ter sido estabelecido muito antes: no cenário de construção
histórica do Brasil, no século XIX; um contexto, que ao contrário, contribuiu para depreciar o
patrimônio de ancestralidade, as heranças africanas na formação do povo brasileiro.
Considerando essa demanda tão essencial para o desenvolvimento da própria escrita da
história do Brasil e, principalmente, com o objetivo de consolidação da Educação para as
Relações Étnico-raciais, este trabalho busca refletir sobre projeto integrador, de ensino,
pesquisa e extensão, desenvolvido pelo Laboratório do Ensino Médio sobre Idade Média e
Antiguidades, no IFTM, Campus Paracatu, denominado “o ano da África no LEMIMA”. Ao
longo de agosto de 2022 a julho de 2023, foram desenvolvidas pesquisas de Iniciação
Científica, grupos de estudos e ensino, atividades extensionistas, sobre África Antiga, com
alunos de cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Como suporte teórico, estabeleceu-
se diálogos com obras essenciais para o estudo dessa temática, como volumes da coleção
História Geral da África, organizada pela UNESCO, trabalhos de Adínia Ferreira e obras do
africanista José Rivair Macedo. A compreensão do continente africano desvinculado da
colonização europeia, antes dela, sobretudo, foi um dos corolários de um projeto que
revelou povos africanos autônomos e protagonistas de sua própria história, enfrentando
desafios, criando mecanismos de defesa e de desenvolvimento. Aprimoraram-se saberes de
uma África Antiga cheia de nuances, cujas particulares urgem por lugar consolidado na
Educação Básica e nos cursos de licenciatura, para uma plena descolonização do
conhecimento.

Palavras-chave: África Antiga. Educação para as relações étnico-raciais. Ensino. Extensão.


LEMIMA. Pesquisa.

Apoio: Fomento externo do CNPq nas bolsas de pesquisa. Agradecimento: Coordenações de


Ensino, Pesquisa e Extensão do IFTM/Campus Paracatu.

1
Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM, Campus Paracatu. Doutora em História pela
UnB. Coordenadora do Projeto e Grupo de Pesquisa LEMIMA – Laboratório do Ensino Médio sobre Idade Média
e Antiguidades. E-mail: magdarita@iftm.edu.br. Instagram do projeto: @lemima_iftm.

59
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL INDÍGENA NO RIO GRANDE DO SUL A PARTIR DA


PERSPECTIVA DECOLONIAL: O CASO DA TAVA MIRI

Priscila Gualberto de Lima1


Jéssica Carvalho2
Giovana Stein Azevedo3

Este resumo apresenta os resultados preliminares do projeto de pesquisa O patrimônio


cultural imaterial indígena no Rio Grande do Sul a partir da perspectiva decolonial: o caso da
Tava Miri, cujo desenvolvimento se dá no âmbito do IFFar, Campus São Borja (RS). O
objetivo deste trabalho visa analisar a Tava Miri como patrimônio cultural imaterial indígena
no Rio Grande do Sul, a partir da perspectiva decolonial, dando ênfase à história de
existência e resistência do povo indígena Guarani Mbyá. A metodologia empregada no
projeto se relaciona a um estudo de caso, com a utilização de duas técnicas de investigação
(pesquisa bibliográfica e pesquisa documental). Os resultados mostram que a Tava Miri
enquanto patrimônio cultural imaterial indígena questiona a ideia de patrimônio presente
nas “Ruínas de São Miguel Arcanjo”, localizado na cidade de São Miguel das Missões (RS),
fazendo com que as vivências, resistências, re-existências e protagonismos do povo indígena
Guarani Mbyá sejam reconhecidos e valorizados. Nesse sentido, os Guarani Mbyá
reivindicaram seu espaço no direito à memória social de seus antepassados e de seus
descendentes na região, e tal mudança possibilitou o processo de legitimidade de direitos e
de diferenças sociais, econômicas e culturais de seu povo. Ainda em termos dos resultados,
a segunda técnica de pesquisa, a qual se relaciona à análise dos documentos escritos e
normativas legais ligadas ao registro da Tava Miri, não ocorreu, dificultando uma
investigação mais profunda sobre o tema.

Palavras-chave: Patrimônio cultural imaterial indígena. História e cultura indígena.


Decolonialidade. Tava Miri.

Apoio: o presente trabalho conta com o fomento externo da Fundação de Amparo à


Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) à iniciação científica. Agradece-se a
instituição pelo apoio.

1
Doutora em Sociologia, docente do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) Campus São Borja (RS), coordenadora do
projeto de pesquisa, e-mail: priscila.lima@iffarroupilha.edu.br.
2
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do IFFar Campus São Borja (RS), bolsista
de iniciação científica FAPERGS, e-mail: jessica_7_b@hotmail.com.
3
Estudante do Curso Técnico em Eventos Integrado do IFFar Campus São Borja (RS), bolsista de iniciação
científica, e-mail: giovana.2023308108@aluno.iffar.edu.br.

60
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA NA


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CATARINA: IMPLICAÇÕES NA INSERÇÃO DE
ESTUDANTES NEGROS E INDÍGENAS

Renilda Aparecida Costa1


Vera Márcia Marques Santos2

Este trabalho trata-se do relato de uma professora e pesquisadora que esteve à frente do
processo implementação de políticas de ação afirmativas e das Comissões de
heteroidentificação no âmbito da Universidade Federal do Amazonas que sentiu a
necessidade de direcionar a pesquisa pós-doutoral para a temática Políticas de Ação
Afirmativa no Ensino Superior, dada relevância e abrangência, desses estudos para o
desenvolvimento de minhas atividades acadêmicas nos últimos anos. Assim, a escolha do
Programa de Mestrado Profissional em Educação Inclusiva – PROFEI/UDESC, vinculado ao
Centro de Educação a Distância - CEAD da Universidade do Estado de Santa Catarina -
UDESC, sob a orientação da Professora Dra. Vera Márcia Marques Santos, leva em conta três
aspectos, que se articulam e evidenciam a necessidade da continuidade deste processo de
formação. Primeiro, nos três anos do processo de implementação de políticas de ação
afirmativa e bancas de heteroidentificação, no âmbito da Universidade Federal do
Amazonas, foram utilizadas as tecnologias da informação e comunicação, pois todo trabalho
foi desenvolvido de forma remota, devido ao contexto epidemiológico de pandemia, que o
Brasil esteve inserido e, especificamente o estado do Amazonas, no qual a COVID 19, se
expandiu de forma implacável atingindo a população como um todo. Segundo, a escolha da
instituição, da supervisora do pós-doutorado e a intersecção com as ferramentas de
tecnologias da comunicação e informação, utilizadas na educação a distância, tendo em vista
as distâncias que existem entre as regiões do Brasil e, no caso do Amazonas, dentro do
próprio estado. Ressalta-se que a UFAM, tem cinco campi no interior do estado Amazonas,
com longas distâncias da sede referência em Manaus/AM. Terceiro, a necessidade de
distanciamento para refletir sobre o trabalho realizado, pois quando estamos envolvidos na
atividade de Implementação das políticas de ação afirmativa, somos tomados por
sentimento de urgência, e muitas vezes falta a reflexão sobre o processo como um todo.
Além disso, mesmo com a experiência de 20 anos de estudo nas áreas relações étnicas-
raciais e educação e Religiões de Matrizes Africanas da pesquisadora, reafirmou-se que os
estudos sobre Políticas Ação afirmativa necessitam ser aprofundados. Assim sendo, o
desenvolvimento do projeto de pós-doutorado - As políticas de ação afirmativa e a inserção
de estudantes negros e indígenas na universidade pública, que será desenvolvido com o foco
na compreensão de como se dá a implementação das políticas de ação afirmativa, e a
inserção de estudantes negros e indígenas na universidade públicas brasileiras. Portanto,
conhecer a implementação das políticas de ação afirmativa na Universidade do Estado de
Santa Catarina, trará a oportunidade de perceber as implicações do uso das tecnologias da
comunicação e informação numa instituição com expertise na área da educação a distância.
Experiência esta, fundamental para qualificar o trabalho de implementação de políticas de
ação afirmativa na Universidade Federal do Amazonas.

1
Docente da Universidade Federal do Amazonas/UFAM. E-mail: incbc@ufam.edu.br.
2
Docente da Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC. E-mail:vera.santos@udesc.br.

61
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

Palavras chave: Estudantes Negros e Indígenas. Ação Afirmativa. Comissões de


Heteroidentificação.

62
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES) COMO ESTRATÉGIA DE


PERMANÊNCIA DE NEGROS E NEGRAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Waneide Ferreira Santos Assis1


Eugenia Portela de Siqueira Marques2

Este resumo apresenta subsídios iniciais de pesquisa de doutorado, em andamento, sendo


nosso objeto de pesquisa o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), instituído
pelo Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, na Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS). A pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação
(PPGEdu) e do Grupo de Estudo e Pesquisas sobre Educação, Relações Étnico-Raciais e
Formação de Professores Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (GEPRAFE - PBGS). A pesquisa
de natureza quanti-qualitativa, elegeu como procedimentos metodológicos a pesquisa
bibliográfica e a documental, além de entrevistas baseadas em questões semiestruturadas
para a complementação das informações coletadas. Como parte da compreensão do objeto,
realizamos uma revisão bibliográfica sobre o PNAES, bem como sobre a Política de Reserva
de Vagas, lei 12.711/2012 na UFMS, uma vez que nosso intuito é investigar a permanência
de estudantes negros/as que ingressaram por meio da Lei de Reserva de Vagas e que
foram/são beneficiados com as Ações de Assistência Estudantil. A primeira etapa da coleta
de dados, ou seja, a de natureza documental vem sendo realizada, posteriormente,
realizaremos a de campo. A pesquisa documental envolveu a análise dos diversos
documentos produzidos no período eleito para a pesquisa, a saber: Leis, Decretos, Portarias
Normativas, Resoluções, Projetos. Editais e Regulamentos de Ações direcionados ao
segmento estudado. O aprofundamento do referencial teórico vem sendo realizado. Assim,
estamos concentrando nossos estudos nos autores que elegem o acesso e a permanência na
Educação Superior (em especial da população negra), Ação Afirmativa, Assistência
Estudantil, raça e racismo, como seu campo privilegiado de pesquisas. Com a pesquisa de
campo pretendemos dar vozes aos estudantes ingressantes pelo sistema de reserva de vagas
e beneficiários da assistência estudantil, a fim de compreender como conseguiram driblar as
dificuldades e permanecerem na educação superior. Os achados da pesquisa serão
interpretados à luz da abordagem teórico-metodológica inspirada nos estudos pós-coloniais.

Palavras-chave: Acesso e Permanência. Ação afirmativa. Educação Superior. População


negra. PNAES.

1
Doutoranda em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS). E-mail: waneide.ferreira@ufms.br.
2
Docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Docente do
Programa de Pós-Graduação em Educação. E-mail: portelaeugenia@gmail.com.

63
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

O SILÊNCIO DA BRANQUITUDE E A DENÚNCIA DA DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL: UMA


ANÁLISE DO FILME MEDIDA PROVISÓRIA

Maria Fernanda Chagas1


Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro2

O presente trabalho buscou realizar uma análise do filme “Medida Provisória” (2020),
dirigido por Lázaro Ramos. O filme apresenta um Brasil distópico, no qual o governo
brasileiro, com a justificativa de reparar o passado escravocrata do país, decreta uma
medida provisória, aprovada pelos parlamentares no Congresso Nacional, ordenando que
todos os cidadãos de “melanina acentuada” sejam deportados para a África, a fim de
recuperar as suas origens. O enredo gira em torno dos primos Antônio (Alfred Enoch) e
André (Seu Jorge), confinados em seu apartamento para não serem capturados pela polícia,
e da personagem médica Capitu (Taís Araújo), cônjuge de Antônio, que devido à perseguição
dos policiais, não conseguiu voltar para o apartamento, encontrando refúgio em um
afrobunker, semelhante aos quilombos. O objetivo deste trabalho foi refletir sobre como o
pacto silencioso dos brancos influencia na permanência das desigualdades raciais e
socioeconômicas no Brasil e na reprodução de violências contra os corpos negros,
prevalecendo os privilégios da branquitude e a segregação dos cidadãos negros. Do ponto de
vista metodológico, esta análise se embasa no campo das relações étnico-raciais e na
psicologia racializada, sendo fundamentada no livro “O pacto da branquitude” (2022) da
autora Cida Bento e em artigos que abordam a temática. Nesse sentido, é possível analisar
que a obra contrapõe a forma de organização dos brancos e dos negros: enquanto o
primeiro busca manter os privilégios da herança escravocrata repassada entre as gerações,
que os mantém no poder, o segundo, assume um lugar de resistência e de luta pela
reparação, perpassada desde os quilombos aos movimentos negros atuais, repassando os
seus saberes e a sua cultura e recuperando os seus direitos, para que esses não sejam
novamente dizimados pela branquitude. De maneira irônica, a retirada violenta dos cidadãos
negros de seu país de origem como forma de reparação, retratada na obra cinematográfica,
se assemelha ao sequestro de africanos, trazidos para o Brasil em condição de escravizados,
revelando o eurocentrismo, presente no imaginário dos brancos, apoiada na ideia de que
outras etnias são inferiores à sua.

Palavras-chave: Branquitude. Filme. Medida provisória. Psicologia.

1
Maria Fernanda Chagas, Graduanda do curso de Psicologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM), E-mail: d202111073@uftm.edu.br.
2
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra e Graduada em Psicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Professora pela Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM). Psicóloga Clínica e Supervisora. E-mail: maylla.chaveiro@gmail.com.

64
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

OCUPAÇÃO INDEVIDA DE RESERVA DE VAGAS NO INGRESSO NA GRADUAÇÃO: O CARÁTER


VERIFICATIVO DA COMISSÃO DE HETEROIDENTIFICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA

Yana Passos Henrique1


Jane Maria dos Santos Reis2

O presente trabalho visa problematizar a ocupação indevida de vagas destinadas às cotas


raciais para ingresso no ensino superior, mediante a implementação da Lei 12.711/2012 e
aos procedimentos de heteroidentificação enquanto mecanismo complementar à
autodeclaração de candidatos/as pretos/as e pardos/as. Para isso foi realizado estudo de
caso baseado na experiência e vivências institucionais da Universidade Federal de
Uberlândia, com foco nos dados levantados entre os anos 2018 - 2021, através da Comissão
de Heteroidentificação de Denúncias. Nosso ponto de partida foi a análise da comissão de
heteroidentificação para verificação, diferenciando-as do caráter de validação também
passível a existência. A pesquisa se fundamentou em levantamento bibliográfico da
literatura e legislação pertinentes, bem como nas normativas institucionais da Universidade
Federal de Uberlândia diretamente relacionadas ao objeto de estudo da pesquisa aqui
apresentada. Trata-se de analisar, dialogar e compreender a importância dessa comissão e
do trabalho que executa no que se refere ao respaldo da mais importante política afirmativa
brasileira e ao seu público-alvo de direito. Nesse sentido, as cotas raciais e os procedimentos
de heteroidentificação espelham uma atividade de discrminação positiva, bem como um
processo de formação identitária dos seus sujeitos de direito, num contexto em que o que
motiva o racismo e a discriminação no Brasil é a presença de corpos negros em diferentes
estruturas e espaços sociais. Trata-se, portanto, de uma importante pesquisa que foi
fundamentada no caso de uma das universidades que protagonizaram a implementação da
Lei de Cotas no país, sob a ótica de escrevivência de duas mulheres negras, cientistas sociais,
aqui concomitantemente sujeitas e objetos de estudo do referido trabalho.

Palavras-chave: Lei de Cotas. Comissão de Heteroidentificação. Política Afirmativa.


Denúncias. Preconceito de marca. Universidade Federal de Uberlândia.

Apoio: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação UFU. Núcleo de Estudos Afrobrasileiros


UFU. Fórum de Cotas Raciais (Forcotas).

1
Yana Passos Henrique, Graduanda em Ciências Sociais, UNiversidade Federal de Uberlândia,
yanapassos00@gmail.com.
2
Cientista Social, Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação, Universidade Federal de Uberlândia,
jmsreis@ufu.br.

65
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

ORIGEM, CULTURA E HISTÓRIA DO POVO INDÍGENA JAVAÉ

Eduardo Mateus Marques1


Lucas Batista dos Santos2
Matheus Barbosa de Oliveira3

Este trabalho faz parte de um subprojeto de pesquisa interinstitucional denominado


"Multi(letramentos): contribuições para o ensino", realizado em colaboração entre a
Universidade de Gurupi - UnirG e o Centro de Ensino Médio Bom Jesus, buscando
compreender as expressões culturais, artísticas, modos de vida, herança ancestral e rituais
do povo indígena Javaé das aldeias Boa Esperança e Kanoano. Esta pesquisa adota uma
abordagem qualitativa e envolve trabalho de campo, que inclui visitas periódicas às aldeias
para observação e realização de ações educativas interculturais. Durante as visitas foram
realizadas conversas para coleta de informações sobre a origem, cultura e história do povo
Javaé através das trocas de experiências e relatos orais dos estudantes e anciãos. Durante as
conversas com a anciã da aldeia Boa Esperança, Lucirene Behederu Javaé, foram
compartilhadas histórias relacionadas ao modo de vida e às narrativas ancestrais do povo
Javaé, incluindo a mística origem de seu povo, que se inicia com a figura de Diramaniro, uma
mulher que emergiu da terra. Dona Lucirene também expressou sua preocupação com a
influência das línguas Krahô e Karajá na língua Javaé (Iny ribé) e destacou seus esforços para
criar uma cartilha do povo Javaé, contendo suas narrativas, a fim de preservar a riqueza
sociocultural e linguística do povo Javaé. Nesse sentido, a introdução de uma disciplina
eletiva focada nos povos indígenas emerge como uma estratégia enriquecedora e
transformadora para nossa formação acadêmica. A educação intercultural e inclusiva é um
tema de grande relevância no contexto educacional atual. Portanto, torna-se fundamental
desenvolver projetos pedagógicos que respeitem, valorizem e incorporem os conhecimentos
indígenas.

Palavras-chave: Ancestralidade. Cultura. Indígenas Javaé. Memória.

1
Estudante da Educação Básica, Centro de Ensino Médio Bom Jesus, eduardomateus2143@gmail.com.
2
Estudante da Educação Básica, Centro de Ensino Médio Bom Jesus, lucasbsantos86@gmail.com.
3
Especialista em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom Jesus,
matheusoliveira@professor.to.gov.br.

66
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

OS APELIDOS NO IFTM: BRINCADEIRA OU RACISMO?

Rosiane Maria da Silva1

Apesar de o apelido ser considerado por estudantes uma tradição sem grandes prejuízos
para o desenvolvimento e a vida acadêmica, a literatura da área fundamenta que os apelidos
manifestam preconceitos relacionados à etnia/raça, homofobia e de outros (Almeida e
Queda, 2006 e Silva, 2016). Temos a hipótese de que o apelido não é brincadeira para todos
que o recebem (Huizinga, 2012). Estudos sobre trotes nas instituições universitárias
(Almeida, 2013) e de formação tecnológica (Resende, 2012) apontam que apelidos
constituem uma das formas de opressão praticadas por estudantes mais experientes sobre
colegas dos primeiros anos. Pretendeu-se, com este estudo, descrever e analisar os apelidos
com conotação étnico-racial aplicados por estudantes do IFTM. Propusemos, também, à luz
da Lei nº 9.394/96, que determina a obrigatoriedade do ensino das relações étnico-raciais
nas escolas, promover uma reflexão sobre o racismo institucional decorrente da prática de
colocar apelidos e sobre a banalização da agressividade (Arendt, 1980) inerente a tal prática.
Utilizamos um formulário Google Forms, com questões abertas e de múltipla escolha e sobre
o tema: “Apelidos-brincadeira ou racismo?”. Participaram da pesquisa 143 estudantes. O
grupo de participantes pertence, majoritariamente, ao ensino médio/técnico (56,6%). Os
participantes relataram 66 apelidos relacionados aos grupos afrodescendentes. 49,7% dos
participantes declarou ter apelido racista. 69,3% dos participantes eram favoráveis aos
apelidos (concordância com uma tradição da escola, etc), contra 31,7% contrários a esses
(sentiram-se constrangidos, desrespeitados). Foi verificado que alguns participantes já se
sentiram constrangidos com apelidos com étnico-raciais. Concluímos, assim, que o apelido
com conotação étnico-racial gera sentimentos de baixa autoestima e humilhação em
indivíduos, contrariando a tese de que é uma brincadeira.

Palavras-chave: Apelidos. Brincadeira. Racismo. Trote

1
Doutora em Educação UFSCar; Ms em Educação Especial; Graduada em Psicologia/Psicóloga do IF Campus
Uberlândia; e-mail: rosiane@iftm.edu.br.

67
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PARA INÍCIO DE CONVERSA: EXISTE UMA ESCOLA SEM AS CRIANÇAS?

Matteus Vinicius Gomes Luz1


Blenda Priscila Alencar da Silva2

A compreensão das crianças em suas relações entre pares, com os adultos e com o mundo
que as cerca, cada vez é mais abordado em pesquisas no Brasil. No entanto, Gomes (2019)
alerta que há resistência de pesquisadores e educadores em aceitar que a diferença racial
implica em categoria de análise e nas práticas pedagógicas. O referente estudo surge de uma
aproximação e explanação de uma criança negra que ao explicar sobre o seu desenho
explana: “Essa é minha escola”. O pesquisador ao perceber uma diferenciação no desenho
das outras crianças, indaga: “E onde estão as crianças?”. E ela afirma: “Estão presas na sala.”
Este episódio levanta questionamentos sobre o que as crianças negras pensam, sentem e
dizem sobre o ambiente escolar em que estão inseridas e se as práticas pedagógicas
emancipam ou reforçam ocorrências de discriminações. Em vista disso, objetivamos dialogar
sobre as percepções que crianças negras de uma comunidade rural de Mossoró -RN
apresentam sobre a escola. Para fundamentar a discussão apresentada utilizamos como
referencial teórico Gomes (2008, 2017, 2023), Abramowicz (2009), Cavalleiro (2001,)
Almeida (2018), Carneiro (2023) e Hooks (2022). A metodologia configura-se como
qualitativa principalmente pela preocupação com os significados dos achados. O tipo de
pesquisa utilizado foi o estudo de caso por permitir a investigação empírica no dia a dia e
dentro de um espaço real. Diante do exposto, percebemos que a escola por ser um
ambiente de socialização e de formação apresenta as relações étnico-racias arraigado em
seu cotidiano e que as crianças percebem, aprendem e explanam o que é ser de uma
categoria racial. Este artigo evidencia a relevância de refletir criticamente sobre o que se faz
presente nas relações entre os sujeitos e nas escolhas pedagógicas dentro da escola e suas
influências nas formações das crianças.

Palavras-chave: Cotidiano. Crianças negras. Escola.

Apoio: Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.


http://lattes.cnpq.br/7126410314025877 E-mail: matteusluz@gmail.com.
2 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

http://lattes.cnpq.br/6630706736076308. E-mail: blenda.priiscylla@gmail.com.

68
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE ENSINO ANTIRRACISTA NA FORMAÇÃO DAS


PEDAGOGAS: A GEOGRAFIA COMO PRÁTICA DISRUPTIVA DO EUROCENTRISMO

Fernanda Lamanes Gomes1

O presente trabalho tem como objetivo principal refletir a proposta da contação de histórias
antirracistas, esta é uma atividade que visa repassar conhecimento e trocas sem
hierarquização de saberes, por meio da interpretação, encenação e musicalização de
histórias literárias e ou populares, esta é uma proposta interdisciplinar como ferramenta de
instrumentalização na capacitação de pedagogas. Além disso, a pesquisa utiliza o
conhecimento geográfico para desconstruir os estereótipos racistas no cotidiano escolar.
Desse modo, buscando sanar a problemática discutida acima, a metodologia elencada na
produção deste trabalho será a pesquisa bibliográfica, esta investigação tomará como aporte
teórico os escritos do Silvio Almeida (2019); Djamila Ribeiro (2019); a lei 10.639/03. Os
critérios de seleção se deram pela importância e impacto das obras e possibilidade de
aplicação nas práticas docentes. Devido ao curso de pedagogia ser majoritariamente
composto por mulheres, as discentes serão referenciadas no feminino, com intuito de
marcar no texto o que é expresso na prática, sendo a escrita um ato de reivindicação política
ao trabalhar o texto todo no feminino demarca-se a importância da força das mulheres na
construção dos saberes pedagógicos. Os principais objetivos deste trabalho é aplicar de
maneira eficiente a lei 10.639/2003, como também atender as especificidades da Base
Nacional Comum Curricular no curso de pedagogia. A fim de usar os conhecimentos
geográficos para desconstruir os estereótipos racistas, essa pesquisa visa a reflexão da
capacitação das pedagogas usando a ferramenta de contação de histórias antirracistas nos
anos iniciais do ensino fundamental.

Palavras-chave: Antirracismo. Contação de histórias. Formação pedagógica. Geografia.

1
Professora, UNICEUB, fernanda.lamanes@gmail.com.

69
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PESQUISA PARTICIPANTE NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE UBERLÂNDIA:


UMA FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Stella Santana da Silva Jacinto1


Márcia Moreira Custódio2
Talita Lucas Belizário de Oliveira3

Este relato descreve uma pesquisa de mestrado realizada em uma escola pública de
Uberlândia, Minas Gerais, com o objetivo de promover formação continuada em Educação
para as Relações Étnico-raciais (ERER) para professores. A escolha da escola foi baseada em
sua localização na periferia e na presença significativa de pessoas negras. Os participantes
foram convidados a participar da formação continuada online, e a pesquisa começou
analisando o acesso dos professores a ferramentas digitais e sua aceitação em usá-las para
abordar questões étnico-raciais. Foram identificadas demandas formativas relacionadas à
ERER. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa de pesquisa-ação, enfocando a
descrição dos efeitos das mudanças na prática dos professores. A análise dos resultados
envolveu a triangulação de métodos e dados, com várias etapas, incluindo diagnóstico,
discussão das demandas, implementação de ações formativas e roda de conversa para
elaboração de um Portfólio online. Os resultados apontaram a insuficiência da formação em
relação ao uso de tecnologia e ao cumprimento das leis que exigem a inclusão da história e
cultura afro-brasileira e indígena. Também evidenciou o conservadorismo no ambiente
educacional de Uberlândia. No entanto, a pesquisa destacou a importância da escuta ativa
dos professores e parcerias com a comunidade acadêmica e movimentos sociais. O processo
formativo contribuiu para a valorização das identidades, politização e práticas não racistas. A
pesquisa também ressaltou a necessidade de aprimoramento das teorias aplicadas na
formação de professores, que muitas vezes não se refletem na prática.

Palavras-chave: Formação Continuada; Lei 10.639/03; Lei 11.645/08.

1
Professora, Prefeitura Municipal de Uberlândia, MG, Pedagoga, stella.jacinto@ufu.br.
2
Professora, IFNMG Campus Pirapora, MG, Dra. Letras, marciacustodio@iftm.edu.br.
3
Técnica Msa. Geografia da Saúde, IFTM - Campus Uberlândia, talita@iftm.edu.br.

70
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PESQUISADORES NEGROS E A RELAÇÃO DE EXCLUSÃO COM O MERCADO DE TRABALHO

Paulo Irineu Barreto Fernandes1


Camila Rodrigues Silva2
João Victor Santos Rizieri3

Os pesquisadores negros contribuem muito para a produção científica e, através de suas


pesquisas, têm papel fundamental na organização da sociedade brasileira, através de seus
estudos. Entretanto, no Brasil, ainda existe a concepção de que somente pessoas brancas
conseguem alcançar espaços/acessos no meio científico. A falta de representatividade e a
exclusão de pesquisadores negros faz com que a altivez de pessoas pretas fique abalada,
pois a ausência de reconhecimento científico impacta significativamente na autoestima e na
imagem social dessas pessoas, uma vez que afeta na identificação desses indivíduos,
impedindo-os de verem a si próprios como pessoas criativas, capazes de produzir
conhecimentos considerados relevantes, o que é um equívoco, uma vez que são, de fato,
capazes. Com base no exposto, esse trabalho tem como objetivo abordar questões que
implicam na exclusão de pesquisadores negros no mercado científico. Isto é, busca entender
a dificuldade de ocupar cargos de maior posição, os tipos de discriminação, o assédio moral,
dentre outros fatores que ocasionam em um ambiente corporativo incapaz de garantir o
direito de pertencimento às pessoas negras. E que, por isso, perpetua o chamado “racismo
institucional”. Desta forma, cabe aos docentes e discentes de instituições de ensino e
pesquisa reconhecerem ações institucionais antirracistas que promovam a desmistificação
dessa pauta, tais como: reuniões de núcleos como o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e
Indígenas (NEABI), palestras de mobilização e propostas de eventos afro-científicos. O
reconhecimento perante essas pessoas pretas e o seu trabalho de excelência é necessário,
pois elas contribuem com grandes pesquisas que permeiam sua notoriedade, garantindo
acessos para grandes mercados científicos e universidades de qualidade. A metodologia
deste trabalho foi através de pesquisas bibliográficas, onde se realizou pesquisas voltadas
para o tema em sites, através de entrevistas publicadas na internet e relatos de
experiências.

Palavras-chave: Pesquisadores negros. Exclusão. Racismo. Mercado científico. Sociedade


brasileira. Notoriedade.

Apoio (estudantes): CNPq e IFTM

1 Professor, Instituto Federal do Triângulo Mineiro, paulo.barreto@iftm.edu.br.


2 Estudante, Instituto Federal do Triângulo Mineiro, camila.rs@estudante.iftm.edu.br (bolsista).
3 Estudante, Instituto Federal do Triângulo Mineiro, joao.rizieri@estudante.iftm.edu.br (bolsista).

71
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PLANTAS FORRAGEIRAS DE ORIGEM AFRICANA NO BRASIL

Rodrigo Otávio Decaria de Salles Rossi1


Patrícia Lopes Andrade2

Este trabalho foi concebido como uma parte essencial do curso de Educação Antirracista
oferecido pelo IFTM campus Uberlândia, com o propósito central de criar um plano de aula
que reconhecesse a influência fundamental dos povos africanos no desenvolvimento da
nossa sociedade. Compreendemos que os verdadeiros méritos e contribuições dos povos
africanos para a formação da nossa sociedade e economia, têm sido negligenciados ao longo
da história. É amplamente reconhecido que a pecuária desempenha um papel vital na
geração de empregos e na produção de alimentos no Brasil. No entanto, é importante
destacar que o Brasil não possuía gado bovino antes da chegada dos colonizadores. A
transformação do Brasil em um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do
mundo nos tempos atuais só se tornou possível graças ao uso intensivo de plantas
forrageiras de origem africana. O cultivo dessas forrageiras remonta ao período do tráfico
negreiro. Durante a travessia pelo Atlântico, diversas plantas forrageiras eram utilizadas
como camas para os africanos escravizados. Após a chegada ao solo brasileiro, essas camas
eram descartadas. Os próprios africanos, que já conheciam e usavam essas plantas para
alimentar seus rebanhos em suas terras de origem, começaram a plantar e multiplicar essas
espécies no Brasil, com o objetivo de fornecer alimentos em quantidade e qualidade
superiores para o gado. Reconhecer a importância dos africanos escravizados vai além da
apreciação de sua contribuição como mão de obra na economia do nosso país. É também
um ato de justiça restaurativa que resgata o mérito de suas capacidades intelectuais e
conhecimento científico, que sempre carregaram consigo ao longo de sua jornada histórica.
É fundamental compreender que esses povos não apenas sofreram com a escravidão, mas
também enriqueceram a cultura e a economia brasileira de maneira significativa.

Palavras-chave: Bovino. Capim. Sabedoria africana.

1
Médico Veterinário/Professor, IFTM campus Uberlândia, rodrigorossi@iftm.edu.br.
2
Médica Veterinária/Professora, IFTM campus Uberlândia, patricialopes@iftm.edu.br.

72
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

POSSÍVEL RELEVÂNCIA DA LEI N° 10.639 PARA ALUNOS DO IFTM CAMPUS UBERLÂNDIA

Andressa Silva Santos1


Alice Ribeiro Severino2
Geovanna Cristina Freire Ribeiro3
Carlos André Silva Júnior4

O conhecimento da história do Brasil, numa perspectiva decolonial como estabelece a lei n


10.639, de 9 de janeiro de 2003, abordando toda a contribuição da população negra advinda
da diáspora africana para a formação da sociedade pode alcançar, acredita-se, níveis
familiares e pessoais de conscientização, afirmação e valorização da pessoa negra enquanto
cidadão pertencente à nação brasileira. Este trabalho tem como objetivo identificar aspectos
familiares para os quais a aplicação da lei nº 10.639 possa ter relevância. Precisamente
pretende-se identificar, entre os alunos dos cursos integrados ao ensino médio, indícios de
ligação dos seus antepassados com a história do Brasil, seja em nível nacional ou regional. Os
alunos dos cursos integrados foram convidados a participar respondendo um formulário
sobre sua ascendência familiar. Pretendeu-se identificar de forma qualitativa o quão longe
vai o conhecimento da linhagem dos alunos e se esse conhecimento traz indícios de ligação
da família com a história do país, região, estado ou cidade. Os resultados preliminares
mostram que, do total de 72 entrevistados,15 % (11) não têm conhecimento sobre os avós;
33,3% (24) não sabem sobre os bisavós; 93,1% (67) não têm conhecimento sobre os trisavós
e 100% sobre os tetravós. Aos que têm conhecimento sobre os bisavós, trisavós e/ou
tetravós, foi solicitado que expusessem alguns desses conhecimentos. Dentre os relatos
encontram-se imigrantes italianos, japoneses, espanhóis; indígenas originários; africanos e
brasileiros (negros) escravizados. Em parte, a escassez de informações sobre nossos
ancestrais decorre do apagamento histórico brasileiro, que normalizou(a) e normatizou(a) o
desconhecimento do passado e desestimula (até proíbe) seu resgate. O Brasil se tornou
nação há 199 anos; a lei Aurea foi assinada há 134 anos. Esse “pouco tempo” é favorável
para o resgate histórico tanto da nação quanto das famílias. Acreditamos que a
implementação da lei 10.639 possa expor pontos de convergência entre essas histórias
particulares e ampliar o sentimento de pertença à nação.

Palavras-chave: Lei 10.639, ações afirmativas, história do Brasil, ancestralidade.

1
Aluna do curso Técnico em Alimentos do IFTM Campus Uberlândia.
2
Aluna do curso Técnico em Alimentos do IFTM Campus Uberlândia.
3
Aluna do curso Técnico em Alimentos do IFTM Campus Uberlândia.
4
Professor orientador, IFTM Campus Uberlândia.

73
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PRODUÇÃO DE TEXTO E LETRAMENTO RACIAL

Márcia Moreira Custódio1


Talita Lucas Belizário de Oliveira2
Stella Santana da Silva Jacinto3

O presente texto é o relato do desenvolvimento de um projeto construído na perspectiva da


implementação da Lei 10.639/2003 no currículo. Trata-se do projeto “Produções textuais
antirracistas”, que teve como objetivo o ensino de gêneros textuais por meio de um
letramento racial crítico. Nesse sentido, tomando como ponto de partida a seleção de
gêneros discursivos específicos, as demais ações se pautaram no aprofundamento das
propostas temáticas para as produções textuais, a saber, discussão sobre racismo e
antirracismo, reflexão sobre o racismo institucional e, por fim, a problematização da
morosidade no cumprimento da aplicação da Lei 10.639 nos currículos. As atividades foram
desenvolvidas com quatro turmas de 2º ano dos cursos técnicos integrados ao ensino médio
do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Campus Pirapora, no período de
março a setembro de 2023. Suas etapas compreenderam a seguinte sequência
metodológica: (1) leitura e análise da obra Pequeno manual antirracista, da filósofa Djamila
Ribeiro; (2) discussão em rodas de conversas; (3) participação em evento de debate
promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi); (4) compreensão da
estrutura de diferentes gêneros do discurso; (4) produção de textos; (5) construção de um
blog para postagem das produções textuais. Assim, na esteira dos estudos de Twine &
Steinbugler (2006) e Shucman (2012) sobre Letramento Racial, o trabalho com a produção
de textos contemplou os gêneros Notícia, Carta Aberta e Artigo de Opinião. Privilegiando a
perspectiva decolonial do pensamento de Quijano (2005), foi dado ênfase na temática
étnico-racial. A seleção dos gêneros se pautou no pensamento de Fairclough (2001, p. 66),
em Discurso e mudança social, segundo o qual o texto - entendido como discurso – contribui
para a produção, a transformação e a reprodução dos objetos na vida social. Tendo como
produto a produção de um blog contendo a descrição do projeto e as postagens dos textos,
o resultado demonstrou, por meio do conteúdo dos gêneros textuais produzidos e do
envolvimento dos participantes nas leituras e discussões orais, a formação de uma
consciência crítica no que tange o letramento racial.

Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Língua Portuguesa. Produção de textos.

1
Doutora em Letras/Estudos Literários (Ufes), Professora EBTT - IFNMG Campus Pirapora,
marcia.custodio@ifnmg.edu.br.
2
Mestra em Geografia da Saúde, Técnica de Laboratório do Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM
Campus Uberlândia. E-mail: talita@iftm.edu.br.
3
Mestra em Educação Profissional e Tecnológica (IFTM Campus Uberaba), Professora na Prefeitura Municipal
de Uberlândia, MG, Pedagoga, stella.jacinto@estudante.iftm.edu.br.

74
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

PROJETO DE ENSINO CINEMA E FILOSOFIA: FILOSOFIAS AFRICANAS

Luís Gustavo Guadalupe Silveira1

São muitas as aproximações possíveis entre os universos do Cinema e o da Filosofia. Entre


elas, destacamos o exercício da reflexão filosófica a partir de obras cinematográficas. Nosso
Projeto, a ser iniciado em outubro de 2023 e desenvolvido ao longo de 2024, propõe a
criação de um espaço de discussão de temas filosóficos que vão além do currículo básico da
Filosofia no Ensino Médio, que deixa muitos temas e autoras(es) de fora. Uma das principais
ausências no currículo são as Filosofias Africanas, especialmente em razão do caráter
eurocêntrico da disciplina. Os problemas dessa ausência vão do empobrecimento do
currículo que está focado praticamente apenas na produção Filosófica Europeia, passando
pela manutenção da desvalorização da cultura Africana até o desrespeito à LDB, que
preconiza que o estudo da história e da cultura afro-brasileira e africana deve fazer parte do
conteúdo programático da Educação Básica. Como este é um tópico que precisa fazer parte
dos programas de Filosofia da Educação Básica, buscaremos parcerias e colaborações com
docentes e grupos de estudo de diversas instituições e níveis de ensino, para quem sabe até
mesmo propor mudanças no Vestibular da Universidade Federal de Uberlândia – visto que,
infelizmente, parte importante do currículo da Educação Básica ainda é definida “de cima
para baixo”. Serão feitas articulações com o Grupo de Estudos Filosofia e Cinema e o projeto
de extensão Fora de Cartaz, com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e o Núcleo
de Estudos de Diversidade de Sexualidade e Gênero. O projeto será desenvolvido por meio
de reuniões presenciais quinzenais, nas quais discutiremos textos e obras, planejaremos
ações, nos prepararemos para participação em eventos e faremos intercâmbio com outros
grupos, instituições, estudantes e docentes. A primeira ação do Projeto será a organização
do IV Seminário de Filosofia do IFTM em 2023, especialmente para reunir docentes com
interesse em Filosofia Africana e promover trocas com profissionais que já têm experiência
na área.

Palavras-chave: Filosofias Africanas. Ensino de Filosofia. Cinema.

1
Autor, Doutor em Filosofia/PEBTT, IFTM Uberlândia, luisgustavo@iftm.edu.br.

75
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES RACIAIS NO MUNDO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

Franciele Marques Peres1

Este trabalho trata do relato de experiência da atividade interdisciplinar “Reflexões sobre as


relações raciais no mundo profissional da contabilidade” desenvolvida com os alunos do
terceiro ano do Curso Técnico em Contabilidade Integrado ao Ensino Médio do IFTM Campus
Patrocínio em 2022 na disciplina de Práticas Contábeis. O objetivo da ação de ensino foi
proporcionar aos alunos formandos um momento de discussão sobre as relações raciais no
mercado de trabalho da contabilidade através de uma mesa redonda com estudantes negros
egressos do curso e atuantes na área, com inspiração no filme “Estrelas além do tempo”.
Participaram da atividade 26 estudantes da turma do terceiro ano do curso de Contabilidade
e 2 discentes egressos do curso, sendo que a metodologia utilizada foi a roda de conversa.
Segundo Ilboudo (2016), ela é uma possibilidade metodológica para uma comunicação
dinâmica e produtiva entre alunos adolescentes e professores no ensino médio. Essa técnica
apresenta-se como um rico instrumento para ser utilizado como prática metodológica de
aproximação entre os sujeitos no cotidiano pedagógico. Em um primeiro momento, os
participantes assistiram ao filme “Estrelas além do tempo”, baseado em fatos reais, que
trata da corrida espacial entre EUA e URSS durante a Guerra Fria, na qual uma equipe de
cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o
elemento que faltava para a vitória dos EUA, liderando uma das maiores
operações tecnológicas registradas na história do país e se tornando verdadeiras heroínas da
nação. Em seguida, realizou-se uma mesa redonda com os estudantes egressos, os discentes
e a docente, debatendo sobre as relações raciais no mundo profissional contábil enfrentadas
pelos egressos e alunos, à luz do filme assistido. No final da mesa redonda, a docente expôs
aos participantes alguns aspectos das leis 10.639/03 e 11.645/08, que nos apresentam
caminhos para a solidificação de um ensino em favor da diversidade étnico-racial que
respeite e valorize as diferenças. Os resultados obtidos foram reflexões e conscientização
sobre a importância da construção de uma educação em prol da heterogeneidade racial que
aprecie e considere a diversidade, refletindo positivamente no mercado de trabalho
contábil.

Palavras-chave: Contabilidade. Diversidade. Educação. Étnico-racial. Mesa Redonda.


Profissional.

1
Franciele Marques Peres, Mestre em Educação Profissional e Tecnológica, Professora EBTT do IFTM Campus
Patrocínio, francieleperes@iftm.edu.br.

76
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NOS VERSOS DE “TERRA NEGRA”

Luisa Duarte Costa Falbo1


Cristiane Manzan Perine2

Escrito por Cristiane Sobral, “Terra Negra” é um livro instigante que reúne 74 poesias
carregadas de personalidade e pautas de extrema importância. Nesse contexto, é
importante reconhecer que as representações sociais negras ainda são frequentemente
estereotipadas, marginalizadas ou mesmo ausentes em diversas esferas da sociedade,
incluindo a literatura. A poesia, como forma de expressão artística, tem o poder de
transmitir experiências individuais e coletivas, dando voz àqueles que muitas vezes são
silenciados (OLIVEIRA, 2019). Como afirma Cuti (2010), a relevância da obra poética de
Cristiane Sobral está pautada em seu engajamento político e social, na autogestão da
imagem da autora, na representatividade e visibilidade da escrita de autoria negra e
feminina. Desse modo, torna-se necessário cultivar a voz feminina negra, dar visibilidade às
potencialidades de seus discursos em meio a outros, já perpassados e instituídos. Nesta
pesquisa de Iniciação Científica, objetivamos analisar as representações sociais negras
presentes no livro de poesias “Terra Negra”, com o intuito de compreender como essas
representações contribuem para a (re)construção das identidades negras na sociedade
contemporânea. Tal pesquisa de cunho bibliográfico e crítico-analítico encontra-se em fase
inicial de execução, por isso, a aluna dedica-se agora à leitura de textos acadêmicos de
autores que já analisaram a obra.

Palavras-chave: Cultura. Literatura. Negra. Sociedade.

Apoio: PIBIC – CNPQ

1
Luisa Duarte Costa Falbo, Discente do curso Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio do
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, luisa.falbo@estudante.iftm.edu.br.
2
Cristiane Manzan Perine, Doutora em Estudos Linguísticos, Docente do Instituto Federal do
Triângulo Mineiro, cristianemanzan@iftm.edu.br.

77
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

RESULTADO DE UMA PESQUISA PARTICIPANTE ACERCA DA FORMAÇÃO DOCENTE PARA A


EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Márcia Moreira Custódio1


Stella Santana da Silva Jacinto2
Talita Lucas Belizário de Oliveira3

O objetivo desta pesquisa de mestrado foi desenvolver uma formação continuada e em


serviço para o processo formativo em Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER),
inicialmente voltada para professoras/es do Ensino Fundamental I em Uberlândia,
expandindo para outros segmentos da escola. A metodologia incluiu questionários, ações de
formação e avaliação com base na abordagem qualitativa e análise por triangulação. A
pesquisa se baseou no conceito de "lugar de fala", buscando dar voz e espaço aos
profissionais da educação na construção de uma identidade local e suas implicações na
ERER. O local de pesquisa foi uma escola na periferia de Uberlândia, onde se investigou
como a cultura periférica era tratada no contexto escolar. O estudo revelou que diferentes
segmentos da educação reconhecem a importância da ERER, mas enfrentam desafios,
incluindo a falta de formação adequada e resistência. A formação continuada foi vista como
fundamental para refletir sobre práticas e superar o racismo, visando uma educação
antirracista. A pesquisa destacou a necessidade de uma implementação eficaz das leis
10.639/03 e 11.645/08, que exigem a inclusão da história e cultura africana, afro-brasileira e
indígena no currículo escolar. No entanto, muitos profissionais não têm conhecimento de
materiais adequados para esse fim. A análise identificou a presença do racismo estrutural e
institucional na educação, impedindo a efetivação da ERER. Os desafios incluem a falta de
formação específica, estereotipagem e a invisibilidade de grupos étnicos não caucasianos
nos currículos. A pesquisa enfatizou a importância da formação contínua para as/os
profissionais da educação, destacando a interseção de questões étnicas, de gênero, sociais e
culturais na construção de suas identidades e práticas profissionais. Além disso, ressaltou a
necessidade de políticas públicas eficazes para promover uma educação antirracista e
inclusiva.

Palavras-chave: Educação para as Relações Étnico-raciais; Formação Continuada; Lei


10.639/03; Lei 11.645/08.

1
Professora, IFNMG Campus Pirapora, MG, Dra. Letras, marciacustodio@iftm.edu.br.
2
Professora, Prefeitura Municipal de Uberlândia, MG, Pedagoga, stella.jacinto@ufu.br.
3
Técnica Msa. Geografia da Saúde, IFTM-Campus Uberlândia, talita@iftm.edu.br.

78
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

SABERES INDÍGENAS E A TRADIÇÃO JAVAÉ: MEMÓRIAS COLETIVAS E ANCESTRALIDADE

Matheus Barbosa de Oliveira1


Valterlan Teixeira Araújo2
Marcilene de Assis Alves Araujo3

A preservação das narrativas orais e das memórias coletivas ancestrais do povo Javaé é
essencial para a preservação e continuidade da cultura indígena. Além disso, uma pesquisa
interdisciplinar sobre as narrativas orais contribui para o conhecimento das diferentes
formas de expressão cultural do povo indígena Javaé, bem como para a valorização da
diversidade cultural e o respeito à autodeterminação do povo. Essa pesquisa atende a um
dos objetivos do projeto “O processo de letramento e alfabetização das crianças Javaé: uma
contribuição para manutenção da língua e da cultura”, parecer nº 3.926.694. A oficina foi
realizada inicialmente com uma roda de conversa para contação de narrativas ancestrais
Javaé pelos estudantes e professores da Escola Indígena Tainá e dos pesquisadores do grupo
de pesquisa Observatório de Povos Tradicionais do Tocantins. Foram oportunizados
momentos de discussão/interpretação oral sobre os relatos para posterior levantamento das
narrativas que foram ilustradas e entrega dos recursos materiais utilizados na produção
artística dos livros, técnicas e procedimentos textuais ilustrados empregados na produção
dos desenhos, trabalhando a sequência coerente da narrativa/ilustração, a criatividade, as
técnicas de pinturas locais e a preservação da memória e identidade do povo Javaé. Essas
narrativas ancestrais têm uma relação intrínseca com a história, a cultura, a religião e a
cosmovisão do povo. A oralidade é um elemento fundamental na transmissão dessas
memórias entre as gerações, o que reforça sua importância para a continuidade da cultura
indígena Javaé. As narrativas orais desempenham um papel fundamental na transmissão de
conhecimentos, crenças e valores entre os povos indígenas intrinsecamente aplicados à
cultura tradicional Javaé e suas identidades culturais únicas. Embora haja uma grande
preocupação em preservar a memória através das narrativas ancestrais, ainda há um
número reduzido de indígenas nas aldeias que detêm esses conhecimentos. Ao
compreender as formas de transmissão e preservação das narrativas orais e memórias
coletivas, é possível elaborar estratégias mais efetivas de preservação desses conhecimentos
com projetos educacionais que promovam a valorização, transmissão e conservação das
narrativas ancestrais.

Palavras-chave: Ancestralidade. Indígenas Javaé. Memória. Narrativas Orais.

1
Especialista em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom Jesus,
matheusoliveira@professor.to.gov.br.
2
Mestre em História, Professor da Educação Básica, SEDUC-TO, Centro de Ensino Médio Bom Jesus,
valterlanaraujo29@gmail.com.
3
Doutora em Letras, Professora na Universidade de Gurupi, marcilenearaujo@unirg.edu.br.

79
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

SIMONAL: UM NEGRO DE COR À LUZ E À SOMBRA DO REGIME

João Eduardo Leal Rodrigues1


Patricia Paes Leme2

O presente projeto de pesquisa aborda a trajetória artística de Wilson Simonal, um homem


negro de origem humilde que alcançou o sucesso nas paradas de música durante o período
do Regime Militar no Brasil. Em um contexto em que as questões raciais eram pouco
debatidas no país, este estudo investiga as escolhas de Simonal em relação à sua imagem,
direção de carreira e seu envolvimento com o regime militar, que resultou em acusações de
delação. A fundamentação teórica desta pesquisa explora o impacto do racismo na
sociedade brasileira e sua relação com as acusações contra Simonal. Também analisamos a
influência do contexto político e social da época em sua carreira artística. A metodologia
utilizada nesta pesquisa é baseada na pesquisa bibliográfica, que envolve a revisão de obras
e estudos relacionados à vida e à carreira de Wilson Simonal, bem como ao contexto político
e social em que ele estava inserido. Embora esta pesquisa ainda esteja em andamento, já foi
possível constatar que a carreira de Simonal alcançou o auge nas paradas de música
brasileira. No entanto, seu sucesso foi seguido por uma queda abrupta devido a acusações
de contribuição com o Regime Militar. Essas acusações foram particularmente impactantes
devido ao contexto histórico e racial, uma vez que Simonal era um homem negro em uma
sociedade permeada pelo racismo. Este estudo destaca a importância de entender como o
racismo pode influenciar de maneira significativa as acusações e consequências que
indivíduos enfrentam, mesmo quando são considerados ídolos e sem evidências substanciais
para apoiar tais acusações.

Palavras-chave: Regime Militar; racismo; Wilson Simonal.

Apoio: Fomento interno (IFTM)

1
João Eduardo Leal Rodrigues, estudante do 3º ano do Curso Técnico Integrado em Agroindústria do
IFTM - Campus Ituiutaba, monitor bolsista de História, joao.er@estudante.iftm.edu.br.
2
Patricia Paes Leme, mestre em Educação em História, professora de História do IFTM - Campus
Ituiutaba, patriciapaesleme@iftm.edu.br.

80
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

TRAJETÓRIA DE VIDA-FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NEGRAS DO ENSINO FUNDAMENTAL I


EM MATO GROSSO: DA FORMAÇÃO À PRÁTICA DOCENTE

Júlia Rodrigues Nunes Café1

Esta pesquisa teve como objetivo principal investigar as trajetórias de professoras negras
que atuam no Ensino Fundamental I nas escolas públicas da cidade de Primavera do Leste-
MT, dando atenção especial às formas pelas quais o racismo e o sexismo afetaram e
impactaram os processos formativos delas e as suas experiências ligadas à atuação docente.
O estudo se pautou nas experiências narradas por cinco professoras negras, desde o
processo de formação na Educação Básica e Superior até a atuação docente, levando em
consideração que elas vivem em uma sociedade marcada por contradições raciais e de
gênero que, de forma interseccional, atravessam a existência das mulheres negras. Em um
primeiro momento, investigou-se o processo formativo das professoras, buscando identificar
e entender as particularidades, dificuldades e desafios encontrados por elas em suas
jornadas formativas. Em um segundo momento, analisou-se a experiência docente dessas
mulheres negras, identificando os desafios encontrados no cotidiano escolar, especialmente
seus diálogos com a Lei 10.639/03 e em suas tentativas de implementação de uma educação
antirracista, plural, diversa e inclusiva. A concepção teórica e metodológica desta pesquisa
se orientou por uma diversidade de epistemologias e pedagogias descoloniais, destacando-
se a pedagogia histórico-crítica freiriana, a decolonialidade, o pensamento afro-diaspórico e,
especialmente, o feminismo negro. Procederam-se à aplicação e à análise qualitativa de
questionários, assim como à realização e à análise qualitativa de entrevistas desenvolvidas
com todas as cinco participantes. Concluiu-se que a formação e a atuação docente das
professoras foram e são atravessadas por desigualdades e por violências raciais e de gênero.
Para além de letramento racial e formação inicial e continuada para o desenvolvimento da
educação para as relações raciais, étnico-raciais e de gênero, serão necessários esforços
coletivos da comunidade escolar, assim como o desenvolvimento de políticas públicas para
que elas tenham as condições necessárias para efetivar a deseducação e poder construir a
educação antirracista, antissexista e antimachista que se espera.

Palavras-chave: Formação docente. Interseccionalidade. Narrativas. Professoras Negras.


Racismo.

1
Júlia Rodrigues Nunes Café, Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Rondonópolis, Professora efetiva da Rede Estadual de Mato Grosso atuando na Escola
Estadual Dom José do Despraiado, e-mail: juliacafeliterata@gmail.com.

81
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

UMA ANÁLISE DO POEMA “A LÁGRIMA DE UM CAETÉ” A PARTIR DO PERSPECTIVISMO


AMERÍNDIO DE VIVEIROS DE CASTRO

Alessandra Carvalho Abrahão Sallum1


Trícia Beatriz Roza de Oliveira2

A questão da representação cultural e a necessidade de uma educação verdadeiramente


intercultural são centrais na discussão contemporânea sobre políticas educacionais que
incluam saberes dos povos indígenas e quilombolas. Em “A Lágrima de Um Caeté” de Nísia
Floresta, observamos uma representação literária que busca capturar a complexidade da
experiência indígena diante da colonização. Eduardo Viveiros de Castro, em “Perspectivismo
e Multiculturalismo na América Indígena”, por sua vez, apresenta uma visão filosófica que
desafia perspectivas ocidentais sobre culturas indígenas. Com os objetivos de analisar a
intersecção destas obras no contexto educacional e investigar como literatura e filosofia
podem reforçar práticas educacionais interculturais, surge a pergunta: Como estas
representações literárias e filosóficas se entrelaçam com as políticas educacionais vigentes?
Metodologicamente, este estudo se embasa na análise literária e filosófica dos textos,
buscando identificar conexões, paralelismos e interseções relevantes para o campo
educacional. Justifica-se, assim, pela necessidade imperativa de uma educação que
reconheça, respeite e integre as ricas perspectivas e experiências dos povos indígenas e
quilombolas no Brasil. Ao interrelacionar ambos os textos, torna-se evidente a relevância de
compreender as profundezas dessas representações para construir práticas educacionais
verdadeiramente interculturais. A lágrima do Caeté, em sua metáfora viva de resistência e
memória, pode ser vista como uma chamada para reconhecer e valorizar as histórias e
sabedorias indígenas nos currículos educacionais. Viveiros de Castro ressalta a “diferença
ontológica” das culturas indígenas, uma noção que tem implicações diretas para uma
educação que busca ser intercultural. As salas de aula deveriam ser espaços onde diferentes
ontologias são reconhecidas e valorizadas, e onde a diferença cultural é vista não como um
desafio, mas como uma oportunidade de enriquecimento mútuo. Assim, este estudo visa
não apenas a uma análise literária e filosófica, mas também a fornecer insights para políticas
educacionais voltadas aos povos indígenas e quilombolas, enfatizando a necessidade de uma
educação que reconheça, respeite e integre as múltiplas perspectivas e experiências desses
povos.

Palavras-chave: Nísia Floresta. Viveiros de Castro. Perspectivismo Ameríndio.


Multiculturalismo. Educação intercultural. Filosofia.

1
Psicóloga, licenciada em filosofia e Pedagogia. Doutoranda em Filosofia pela PPGFIL-UFU, Mestre em Educação
Tecnológica PPGET-IFTM. Especialista em Psicoterapia Psicanalítica, Sexualidade Humana, Neuropsicologia e Psicologia
perinatal. E-mail: alessandrapsicologa@gmail.com.
2
Mestre em Educação (Direito e Literatura), Especialista em Direito Digital e Compliance com Docência no ensino superior.
Especialista em Direito do Trabalho e Processo. Especialista em Direito Penal - organizações criminosas. Graduada em
Licenciatura em Letras Português/Inglês. Graduada em Direito. Graduanda em Licenciatura em Matemática. Servidora
Administrativa no Instituto Federal do Triângulo Mineiro. E-mail: tricia@iftm.edu.br.

82
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

UMA ANÁLISE SOBRE A ANCESTRALIDADE NA MÚSICA DE GILSONS

Gabriela Pereira Vanzela1


Carine Campos Santos2
Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro3

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise de dados a partir do conceito da


ancestralidade na composição das canções da banda Gilsons, investigando elementos
presentes nas canções a partir desta perspectiva epistêmica, bem como tecer reflexões
sobre os impactos destes elementos no meio audiovisual. Isto porque os conteúdos
artísticos deste grupo têm exercido um papel importante na construção do imaginário social
e nas vivências de pessoas negras, principalmente dos jovens. Para tanto, foram escolhidas
as canções da banda Gilsons por conter representação social da identidade negra e de sua
ancestralidade. José Gil, Francisco Gil e João Gil são os integrantes do trio que compõem a
banda Gilsons; José é filho, enquanto Francisco e João são netos do cantor Gilberto Gil. Com
tanto, os três integrantes da banda representam e valorizam fortemente a cultura musical
deixada pela geração anterior, com canções de cunho romântico e crítico, além de continuar
o legado da inserção da música negra e baiana no repertório brasileiro. A metodologia deste
trabalho consiste em análises de dados interpretativos a despeito das letras das canções, e
dos elementos visuais e simbólicos presentes nos videoclipes oficiais, baseado na
epistemologia da Ancestralidade. Um exemplo que apresenta a corporeidade e ritmo como
elementos marcantes em suas canções, é um trecho da canção “Várias Queixas”. Esta
introduz a noção de movimento corporal, tanto pelo som que evidencia batuques
rapidamente ritmados, quanto pela letra, no trecho: “O meu corpo balança querendo
encontrar o seu amor / O swing do Olodum me leva / Com você eu vou”. O trecho faz
referência ao Olodum - ritmo musical baiano com influências africanas - tanto em sua letra,
quanto em seu ritmo, remetendo à noção de movimento e corporeidade. Além dos
elementos citados, a localidade geográfica baiana também é uma representação da
ancestralidade. Nossas análises apontaram que a afetividade é um elemento fundamental
nas composições musicais e interpretações audiovisuais da banda. Desse modo, concluímos
que o grupo Gilsons tem fortalecido a experiência social, cultural e subjetiva de pessoas
negras potencializando a ancestralidade africana e criando novas narrativas e imagens
positivadas para o povo negro.

Palavras-chave: Análise. Ancestralidade. Audiovisual. Música.

1
Gabriela Pereira Vanzela, graduanda em Psicologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
gabivanzella10@gmail.com.
2
Carine Campos Santos, graduanda em Psicologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
carinecampos.santos@yahoo.com.
3
Maylla Monnik Rodrigues de Souza Chaveiro, docente de Psicologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM), maylla.chaveiro@gmail.com.

83
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO: LEITURA DE ESCRITORAS NEGRAS NA LITERATURA


CONTEMPORÂNEAS
Ana Júlia de Oliveira Silva1
Erica Santos Oliveira2
Gyzely Suely Lima3
Marcella Beatriz Aparecida Reis4

A proposta deste trabalho é apresentar os resultados preliminares do projeto de extensão


em desenvolvimento pelo IFTM- Campus Uberlândia Centro. A proposta extensionista
objetiva promover o incentivo à leitura de escritoras negras da literatura contemporânea em
espaços escolares e de cultura. Baseado na metodologia do trabalho colaborativo, pretende-
se organizar atividades acadêmicas e culturais que propiciem momentos de divulgação,
apreciação e debate das Literaturas de autoria feminina negra, as quais são geralmente
marginalizadas no currículo escolar. Este projeto tem como público-alvo a comunidade
interna e externa do IFTM. Nosso trabalho se baseia no estudo de obras literárias de três
escritoras negras: Octavia Butler (EUA), Chimamanda Ngozi Adichie (Nigéria) e Cristiane
Sobral (Brasil), fomentando a discussão de contextos histórico, social e psicológicos de
personagens negras. Dessa forma, este projeto propicia aos participantes a possibilidade de
apreciar Literaturas contemporâneas para a reflexão pessoal e um aprofundamento teórico
sobre temáticas da cultura negra por meio de rodas de conversa e intervenções literárias.
Dentre os resultados esperados, destacamos as vantagens de viver experiências de leituras
fora da sala de aula durante o trabalho colaborativo entre os estudantes e docentes, a ação
extensionista de divulgação do IFTM nas turmas de 9º ano das escolas da região do campus
e em espaços culturais da cidade como livrarias e bibliotecas. Ademais, estudantes-bolsistas
envolvidas neste projeto terão a oportunidade de aprender e desenvolver habilidades de
organização e gestão de eventos durante o trabalho em equipe ao explorar e estabelecer
contato com os espaços de realização do projeto.

Palavras-chave: Interseccionalidade. Escritoras Negras. Literatura Contemporânea.


Divulgação cultural.

Apoio: Fomento interno IFTM Campus Uberlândia Centro

1
Discente do curso Técnico de Desenvolvimento de Sistemas, IFTM - Campus Uberlândia Centro,
anajuliasilva@estudante.iftm.edu.br.
2
Discente do curso Técnico de Desenvolvimento de Sistemas, IFTM - Campus Uberlândia Centro,
erica.oliveira@estudante.iftm.edu.br.
3
Docente, IFTM - Campus Uberlândia Centro, gyzely@iftm.edu.br.
4
Discente do curso Técnico de Desenvolvimento de Sistemas, IFTM - Campus Uberlândia Centro,
marcella.reis@estudante.iftm.edu.br.

84
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

UMA HISTÓRIA DE MULHERES NEGRAS NOS LIVROS DIDÁTICOS: EM BUSCA DE OUTRAS


ESCRITAS E REPRESENTAÇÕES NOS MATERIAIS DO PNLD (2013-2023)

Thaiane Sales Brandão1

A promulgação da Lei 10.639/03- estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História da


África e cultura Afro-brasileira na rede básica de ensino de todo o Brasil, transformando o
campo educacional, sobretudo por que a lei evidenciou a falta de estudos e silenciamento
do ensino voltado para o continente Africano e sua população. A ampliação da noção de
diversidade na educação ocorreu no Brasil a partir da década de 1988, com a Constituição
Cidadã que ressalta a obrigatoriedade de um ensino de História que explore as diversas
culturas brasileiras. Portanto, o ambiente escolar precisou alterar o que se ensina e como se
ensina. Baseado nessas descobertas históricas, a pesquisa proposta busca refletir sobre as
representações de mulheres negras nos livros didáticos de História. O recorte temporal
estabelecido são os anos de 2013 e 2023, dois anos importantes para a educação das
relações étnico-raciais. Busco investigar os lugares que o feminino negro ocupa nos livros
didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) a partir das coleções História,
Sociedade e Cidadania e Projeto Araribá – História resultando em visibilizar as mulheres
negras. Tendo como objetivo geral: Investigar os conteúdos e representações de mulheres
negras nos livros didáticos de História analisando as coleções História, Sociedade e Cidadania
e Projeto Araribá – História dos anos de 2013 e 2023. Por fim, busco entender como essas
mulheres negras estão sendo representadas nos livros didáticos de História. No decorrer da
pesquisa proponho refletir sobre a Lei 10.639/03, livros didáticos, História da África, cultura
Afro-brasileira, educação das relações étnico-raciais, antirracista e mulheres negras por meio
da análise das coleções História, Sociedade e Cidadania e Projeto Araribá – História. Os
resultados colhidos até o momento da pesquisa sugerem que o ensino de História da África,
cultura Afro-brasileira, assim como as mulheres negras recebem um espaço de
subalternidade e marginal nos livros didáticos de História.

Palavras chaves: Livros Didáticos, Lei 10.639/03, Mulheres Negras.

1
Graduada em História pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS). Mestranda em História pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

85
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

UMA LEITURA ANTIRRACISTA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ÁFRICA E DOS NEGROS


AFRICANOS EM LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA – PNLD 2014 E 2020

Ana Flávia Borges de Oliveira1


Adriany de Ávila Melo Sampaio2

O presente trabalho apresenta os resultados da pesquisa de Mestrado que objetivou


analisar e discutir as Representações Sociais e as Imagens de Controle da África e dos negros
africanos em Livros Didáticos de Geografia para o Ensino Fundamental II em uma coleção
que foi aprovada no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) de 2014 e
2020, após a promulgação da Lei 10639/2003. A metodologia de pesquisa se utiliza de
levantamento bibliográfico, tendo como principal referencial a Teoria das Representações
Sociais, do psicólogo social romeno Serge Moscovici (2003) e das Imagens de Controle, da
socióloga e feminista negra norte-americana Patrícia Hill Collins (2019), e pesquisadores
negros e não negros que contribuem para a Geografia Negra. Após a análise comparativa das
imagens e dos textos, encontraram-se poucas representações da população negra africana
nos Livros Didáticos analisados, em comparação com a população branca, evidenciando a
permanência da branquitude e da colonialidade. Predominam ainda as Representações
Sociais dos negros africanos em maior número no contexto da escravização e em condições
inferiores e subalternas, e a África como um continente selvagem e primitivo. A coleção de
Livros Didáticos selecionada, apresenta pouca referência às abordagens e especificidades de
uma Geografia da África, reproduzindo, ainda, um discurso racista, hegemônico e colonial,
além de contribuir com a manutenção dos estereótipos criados a partir de uma “história
única” que recaem sobre o continente africano e sua população.

Palavras-chave: Ensino de Geografia da África. Lei 10639/2003. Livro Didático. Racismo.

Apoio: O presente trabalho foi realizado com apoio da Agência de Fomento externo:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

1
Ana Flávia Borges de Oliveira, Mestre em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia,
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Ensino de Geografia na Perspectiva do Ser Humano Integral-
GPEGPSHI-LAGEPOP, Universidade Federal de Uberlândia, anaflaviaborges97@hotmail.com.
2
Adriany de Ávila Melo Sampaio, Professora Doutora em Geografia do Instituto de Geografia, Coordenadora do
Grupo de Pesquisa em Ensino de Geografia na Perspectiva do Ser Humano Integral-GPEGPSHI-LAGEPOP,
Universidade Federal de Uberlândia, adrianyavila2@gmail.com.

86
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

USO DE PLANTAS DO CERRADO POR COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA REGIÃO DO


SOBRADINHO, ZONA RURAL DE UBERLÂNDIA - MG

Pedro Paulo Ferreira Silva1


Talita Lucas Belizário2
Flavianne Cavalcante Lopes3

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, com elevada biodiversidade e inúmeras


fitofisionomias com um enorme potencial de utilização sustentável. As espécies de plantas
deste bioma são utilizadas historicamente e culturalmente por populações tradicionais que
se utilizam desse recurso para sua sobrevivência e contribuem diretamente para a
conservação de áreas nativas do bioma Cerrado. No contexto da educação, o conteúdo de
ecologia ministrado no 3º ano do ensino médio traz diversos conceitos e propostas que
estimulam os estudantes a conhecer e preservar os biomas brasileiros. Dessa forma, o
estímulo à conservação a partir do conhecimento tradicional associado às comunidades
quilombolas é de extrema importância para que os estudantes possam reconhecer o
potencial do bioma Cerrado e o quanto podem aprender com as comunidades tradicionais.
Com o intuito de implementar a Lei 10.639/03 e de uma Educação das Relações Étnico-
Raciais (ERE) a partir do ensino de Biologia no contexto do Ensino Médio Técnico Integrado
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, o presente trabalho propõe uma
intervenção pedagógica junto aos estudantes do 3º ano do ensino médio onde os mesmos
possam realizar entrevistas e visitas às comunidades tradicionais e quilombolas da região do
Sobradinho no intuito de conhecer sobre a utilização sustentável das espécies vegetais do
Cerrado. A ideia é que os estudantes possam dimensionar a importância dessas
comunidades para a preservação do Cerrado e tornarem-se protagonistas do projeto,
ajudando de forma ativa na construção dos seus conhecimentos, com isso possamos ter uma
educação compromissada com uma educação emancipadora, inclusiva e focada na
diversidade, valorizando a população quilombola do nosso país. Acredita-se que essas ações
promovam processos de pertencimento em relação às comunidades, entendendo que as
comunidades quilombolas desempenham um papel crucial na preservação dos fragmentos
de Cerrado nativo restantes na região do Sobradinho. O projeto foi estruturado e
apresentado na formação para uma educação Antirracista no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia, campus Uberlândia.

Palavras-chave: Cerrado; educação; quilombolas

1
Pedro Paulo Ferreira Silva, Biólogo/Professor EBTT, IFTM –Uberlândia, e-mail: pedropaulo@iftm.edu.br.
2
Talita Lucas Belizário, Bióloga / Técnica de Laboratório, IFTM – Uberlândia, e-mail: talita@iftm.edu.br.
3
Flavianne Cavalcante Lopes, Coordenadora Pedagógica, Colégio Gabarito – Uberlândia; e-
mail:cavalcanteflavianne@gmail.com.

87
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

VISITA TÉCNICA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE APRENDIZAGEM CIENTÍFICA

Gabriel Candido Paranhos da Silva1


Hendrick Lucas Nunes da Silva Santos2
Humberth Yan Alves3
Maria dos Santos Silva4

Este relatório tem como objetivo apresentar alguns dos pontos marcantes e significativos de
aprendizagem dos bolsistas do projeto Afrocientista 2023, sobre a visita técnica à Estação
Experimental de Hortaliças da UFU na cidade de Monte Carmelo/MG no dia 05 de agosto de
2023. Durante a visita, os estudantes participaram da 2ª Oficina de Técnicas de Produção de
Mudas de Hortaliças e do Projeto de Estufa Social Agroecológica. Assim que chegaram no
local indicado para a oficina de grãos em Monte Carmelo, os estudantes observaram uma
grande quantidade de alface plantada em uma das hortas. A área era muito grande, com
bastante terra, com muitas estufas feitas pelos próprios trabalhadores. Observou-se
também a presença de agrônomos que queriam criar seu próprio negócio por meio do
tutorial de como se montar uma estufa para plantar suas próprias sementes e demais
plantas. As medidas, quantidades e valores foram citados durante a explicação de uma das
organizadoras do curso, que também deu algumas dicas, como o uso dos troncos encaixados
no chão para "moldar" a barra de ferro localizada na parte de cima da estrutura da estufa.
Os estudantes também foram orientados sobre horário exato para espalhar o plástico por
cima da estufa. Os raios solares ajudam na dilatação do plástico para melhor encaixe nos
demais lados e espaços da estufa. Infelizmente não foi possível ver todo o processo por
conta do tempo, mas o que foi visto foi muito interessante e informativo. Foram registradas
algumas imagens de trabalhadores auxiliando na montagem da estufa, que por sinal exige
uma grande necessidade de mão de obra. A estrutura da estufa era feita de eucalipto
tratado por conta da melhor durabilidade, e os estudantes questionaram se não poderia ser
feita de bambu. De acordo com os(as) instrutores(as), o bambu não possui uma durabilidade
tão boa quanto o eucalipto. Logo após, os estudantes assistiram a uma explicação sobre
como se fazer mudas, como mantê-las sem pragas, e até mesmo a maneira adequada de
como manter limpo o berçário de mudas, o material utilizado para confecção do berçário
que possibilita que este possa ser utilizado novamente. A visita oportunizou ricas
experiências de aprendizado aos estudantes bolsistas do projeto Afrocientista sobre a
produção de hortaliças, possibilitando a inclusão e aprendizado de estudantes negros(as).

Palavras-chave: Visita técnica. Afrocientista. Hortaliças. Mudas. Estufa.

1
Estudante da Escola Estadual Antônio Souza Martins (Polivalente).
2
Estudante do curso Técnico em Informática do IFTM - Campus Ituiutaba.
3
Estudante do curso Técnico em Agricultura do IFTM - Campus Ituiutaba.
4
Estudante da Escola Estadual Antônio Souza Martins (Polivalente).

88
Anais Conerer - Congresso Nacional de Estudos das Relações Étnico-Raciais, 2023.

VOZES NEGRAS NO CENTRO DO DIÁLOGO: ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO E ‘MULHERES,


CLASSE E RAÇA’ DE ANGELA DAVIS

Ana Clara Faria Novais1


Lurdes Maria de Oliveira Melo2
Lais Rodrigues dos Santos3

O presente resumo tem como finalidade apresentar o relato de experiência de estudantes


de Iniciação Científica Jr, pertencentes ao Projeto Afrocientistas, da Universidade Federal de
Uberlândia, Campus Pontal. Contém informações sobre suas experiências enquanto
mediadoras da última roda de Saberes e Leituras: Elas por Elas. As rodas visaram fomentar o
debate sobre as obras de autoras negras tanto da literatura, quanto da teoria científica.
Dentre elas estão Angela Davis, Conceição Evaristo, Maria Carolina de Jesus e Bell Hooks. A
atividade aconteceu por intermédio Coletivo feminista Rosália Lemos, da Escola Estadual
Israel Pinheiro. O coletivo herda o nome dado em admiração a Profª Rosália Lemos (UERJ),
que esteve na cidade de Ituiutaba, em uma atividade junto do Núcleo de Estudos Afro
brasileiros e Índigena - NEABI Pontal, e participou de atividades pedagógicas na referida
escola. Os encontros da roda de saberes aconteceram semanalmente, às segundas-feiras, no
formato remoto. No último encontro estudamos sobre Angela Davis, com a obra ‘Mulheres,
Raça e Classe’ (1981), dando ênfase ao texto: O significado de emancipação para mulheres
negras. Nesta obra, aprendemos que o movimento sufragista de 1832 foi pensado e pautado
apenas para as mulheres brancas e seu ingresso ao voto e ao mercado de trabalho, e que
não conseguiu abarcar as mulheres negras, suas necessidades e seus direitos. Esta
diferenciação deve-se a fatores históricos, visto que desde muito antes as mulheres negras
já estavam nas casas grandes trabalhando e sendo vítimas de explorações e abusos. Angela
Davis revisita a história das lutas feministas, incluindo o movimento sufragista e o
movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, para mostrar como as questões de raça e
classe muitas vezes foram marginalizadas. Para concluir, Davis, em sua obra elucida o fato de
que desde o início, nas lutas feministas do sufrágio, às mulheres negras não eram
consideradas, por este motivo, o movimento negro intercecional visa pensar o local das
multiplas violencias que históricamente mulheres negras foram sujeitas.

Palavras-chave: Saberes e leitura. Coletivo Feminista. Ensino Médio. Angela Davis.

1
Estudante do Ensino Médio, bolsista do Projeto Afrocientista e integrante do coletivo feminista Rosália Lemos.
2
Estudante do Ensino Médio, bolsista do Projeto Afrocientista e integrante do coletivo feminista Rosália Lemos.
3
Estudante do curso de Pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia, campus Pontal,
laissantos01@ufu.br.

89

Você também pode gostar