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Ganho de peso de lagartas do bicho-da-seda em terceiro, quarto e quinto


instares alimentadas com folhas de amoreira enriquecidas com treonina e
valina

Conference Paper · January 2010

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6 authors, including:

Anderson Sedano Keni Eduardo Zanoni Nubiato


University of São Paulo State University Northern of Parana
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Leonardo Susumu Takahashi Daniel Nicodemo


São Paulo State University São Paulo State University
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I Congresso Sul Brasileiro de Produção Animal Sustentável (I ANISUS)
Chapecó, SC – 12 a 14 de maio de 2010
www.anisus.com.br

Ganho de peso de lagartas do bicho-da-seda em terceiro, quarto e


quinto instares alimentadas com folhas de amoreira enriquecidas com
treonina e valina(1)
ANDERSON APARECIDO SEDANO(2), KENI EDUARDO ZANONI NUBIATO(2), VICTOR
ALFREDO SABINO PEREIRA(3), JULIANA FERNANDES(2) , LEONARDO SUSUMO
TAKAHASHI(4) & DANIEL NICODEMO(4)

RESUMO – O bicho-da-seda alimenta-se das folhas manejo empregadas [2]. Essas variações de qualidade da
da amoreira. O objetivo desse trabalho foi verificar se a amoreira tem sido alvo de pesquisas, com intuito de
adição de extrato hidrossolúvel de soja (EHS) e dois entender as diferentes composições nutricionais da
aminoácidos interferem no ganho de peso das lagartas. amoreira e seus cultivares [3].
As 9800 lagartas utilizadas foram divididas sete A ingestão de folhas de amoreira pelo bicho-da-seda
grupos. O grupo um recebeu apenas folhas de amoreira. varia em relação à sua idade, fazendo com que a lagarta, do
O segundo grupo foi alimentado com folhas de primeiro para o quinto instar, tenha o seu tamanho
amoreira umedecidas com água. No grupo três, as aumentado 10 mil vezes [4]. O consumo, em cada instar,
folhas de amoreira foram enriquecidas com EHS. Nos pode ser influenciado pela variação da temperatura
grupos 4 e 5, as lagartas receberam folhas de amoreira
ambiental, turgidez e características nutricionais das folhas
enriquecidas com EHS e treonina em duas
e manejo empregado na criação do bicho-da-seda [4].
concentrações. Os grupos 6 e 7 receberam folhas de
A suplementação da dieta do bicho-da-seda com
amoreira enriquecidas com EHS e valina em duas
ingredientes protéicos de alto valor nutricional e alta
concentrações. A adição de EHS, valina e treonina não
digestibilidade pode proporcionar melhor desenvolvimento
interferiu no ganho de peso das lagartas do bicho-da-
das lagartas e maior produção de casulos [5].
seda.
Este estudo teve como objetivo avaliar o incremento no
Palavras-chave: nutrição, proteína bruta, seda, ganho de peso de lagartas de bicho-da-seda a partir da dieta
sericicultura à base de folhas de amoreira e suplementada com EHS,
treonina e valina.
Introdução
Material e Métodos
A sericicultura, produção de fios de seda através da
criação do bicho-da-seda (Bombyx mori L.), é uma O experimento foi conduzido no setor de sericicultura da
atividade economicamente viável para várias regiões Faculdade de Zootecnia da UNESP, Campus Experimental
do Brasil, devido às condições ambientais favoráveis de Dracena, cujas coordenadas são: latitude 21º 27’37 ” S e
que permitem a criação do bicho-da-seda, por até dez longitude 51º33’21” O, em uma altitude de 421m.
meses ao ano, podendo proporcionar renda satisfatória Foi utilizado um amoreiral em quarto ano de produção,
ao produtor, contribuindo assim para a fixação do com 176 plantas da variedade FM86, plantadas em
homem no campo [1]. espaçamento de 3,00 x 1,00 x 0,50 m.
Obter folhas de amoreira (Morus alba L.) que As lagartas foram divididas em sete grupos, com 1400
apresentem boa qualidade nutricional é fundamental lagartas cada. As lagartas, do terceiro ao quinto instar
para que o potencial de crescimento das lagartas de foram alimentadas com folhas de amoreiras em quatro
bicho-da-seda seja atingido. Dessa forma, o fio de seda tratos diários (7h30; 11h30; 15h30 e 19h30).
tecido terá a constituição físico-química desejada para A criação foi realizada num galpão de alvenaria coberto
o fabrico dos tecidos de seda [1]. com telhas de cerâmica e as lagartas foram colocadas sobre
As cultivares de amoreira apresentam diferenças camas de criação de madeirite (0,50m de altura, 1,00m de
quanto à qualidade das folhas, ocorrendo variação em largura e 3 m de comprimento).
sua composição química em função da altura de A colheita dos ramos foi realizada no início da manhã e
inserção da folha no ramo, dos estágios de no final da tarde de cada dia. Antes de cada trato, as folhas
desenvolvimento da planta, além das práticas de foram retiradas dos caules, pesadas e quantidades iguais de

1
Parte da Iniciação Científica do primeiro autor.
2
Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Dracena. E-mail: andersonsedano@zootecnista.com.br
3
Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus Marechal Rondon.
4
Professor Doutor da Faculdade de Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Dracena.
1
folhas foram colocadas sobre as lagartas dos das lagartas nos cinco instares.
respectivos tratamentos. A quantidade de folhas No quarto instar, o ganho de peso médio das lagartas
fornecidas ao longo da criação foi ajustada em relação que receberam EHS e valina em quantidade equivalente a
ao consumo de folhas, sendo aumentada 5% do total fornecido de EHS foi de 0,966, sendo o maior
gradativamente até o final do quinto instar. valor constatado. Nessas proporções de EHS e valina foi
Os tratamentos foram compostos da seguinte forma: vantajosa a utilização desses ingredientes, porém, com
no tratamento 1 (T1), as lagartas receberam apenas maior quantidade de valina e utilizando-se a treonina, o
folhas de amoreira; em T2, as lagartas foram ganho de peso não foi superior ao obtido em relação às
alimentadas com folhas de amoreira umedecidas com dietas com apenas folhas de amoreira. O segundo melhor
água; em T3, as lagartas foram alimentadas com folhas
resultado foi obtido a partir da dieta com folhas de
de amoreira enriquecidas com EHS (EHS) em
amoreira e água, indicando que a turgescência é um fator
quantidade equivalente a 10% do total de proteína
fundamental na alimentação do bicho-da-seda.
bruta requerido pelas lagartas. Em T4, as lagartas
receberam folhas de amoreira enriquecidas com EHS As lagartas que obtiveram maior ganho de peso no
em quantidade equivalente a 10% do total de proteína quinto instar (p>0,05) foram alimentadas com folhas de
bruta requerido pelas lagartas e treonina em quantidade amoreira umedecidas (3,893 g), exclusivamente com folhas
equivalente a 5% do total de EHS fornecido na dieta. de amoreira (2,988 g) ou folhas de amoreira enriquecidas
Em T5, as lagartas receberam folhas de amoreira com EHS e treonina em quantidade equivalente a 10% do
enriquecidas com EHS em quantidade equivalente a total fornecido de EHS (2,972 g). A adição de EHS com
10% do total de proteína bruta requerido pelas lagartas treonina ou valina nas quantidades utilizadas não
e treonina em quantidade equivalente a 10% do total de proporcionou maior ganho de peso em lagartas do bicho-
EHS fornecido na dieta. Em T6, as lagartas receberam da-seda em terceiro, quarto e quinto instares.
folhas de amoreira enriquecidas com EHS equivalente
a 10% do total de proteína bruta requerido pelas Conclusões
lagartas e valina em quantidade equivalente 5% do total A adição de extrato hidrossolúvel de soja, valina e
de EHS fornecido na dieta. Em T7, as lagartas treonina, nas quantidades utilizadas nesse experimento, não
receberam folhas de amoreira enriquecidas com implicam na obtenção de maior ganho de peso pelas
hidrossolúvel de soja em quantidade equivalente a 10% lagartas do bicho-da-seda.
do total de proteína bruta requerido pelas lagartas e
valina em quantidade equivalente a 10% do total de
EHS fornecido na dieta. Agradecimentos
Em todos os tratamentos, com exceção de T1, as Fiação de seda Bratac, pelo fornecimento das lagartas e
folhas foram umedecidas com volumes definidos de bosques de criação.
água para cada instar. Pulverizações de EHS tendo a
água como veículo foram administradas sobre as folhas Referências
do tratamento. Os aminoácidos foram misturados ao
EHS e o produto obtido foi diluído em água para ser [1] FONSECA, T.C.; FONSECA, A.S. Cultura da amoreira e
criação do bicho-da-seda. São Paulo: Nobel, 1988.
aspergido sobre as folhas, considerando-se as
exigências protéicas das lagartas em cada instar larval. [2] HIRAYAMA, C.; KONNO, K.; SHINBO, H. Utilization
Durante o experimento, em cada período de of ammonia as a nitrogen source in the silkworm,
fornecimento das folhas de T2, T3, T4, T5, T6, T7, Bombyx mori. Journal of Insect Phisiology, v. 42, p. 983-
foram borrifadas quantidades iguais de água sobre as 988, 1996.
folhas. As quantidades irão aumentar à medida que o [3] OKAMOTO, F., RODELLA, R.A. Produção de casulos
consumo de folhas aumentar. do bicho-da-seda (Bombyx mori L.) e sua relação com
O ganho de peso das lagartas foi avaliado no início e características morfológicas e bromatológicas da folha de
término de cada instar, pesando-se 20 lagartas de cada amoreira. Boletim da Indústria Animal, v.61, n.2, 2004.
grupo. [4] MIRANDA, J.E. et al. Produção e qualidade de folhas de
Resultados e discussão amoreira em função da época do ano e de colheita.
Scientia Agricola, v.59, 2002.
As lagartas alimentadas apenas com folhas de
amoreira tiveram ganho de peso médio de 0,170 g no [5] TAKAHASHI, R.; TAKAHASHI, K.M.; TAKAHASHI,
terceiro instar (Tabela 1). Verificou-se que não houve L.S. Sericicultura: uma promissora exploração
diferença (p>0,05) no ganho de peso entre as lagartas agropecuária. Jaboticabal: Funep, 2009. 135p.
que receberam as dietas utilizadas. Tal fato pode ser
explicado em função do consumo de alimento nesse
instar ser de apenas 3% em relação ao consumo total

2
Tabela 1. Ganho de peso (g) de lagartas em terceiro, quarto e quinto instares alimentadas com dieta à base de
folhas de amoreira enriquecidas com água, extrato hidrossolúvel de soja (EHS) em quantidade equivalente a
10% da demanda prótéica da lagarta e, Treonina e Valina em quantidades equivalentes a 5% (1) e 10% (2) da
quantidade de EHS fornecida e coeficiente de variação (CV). Valores médios dos períodos de avaliação(1).

Instares
Dietas
Terceiro Quarto Quinto
Folhas de amoreira 0,170 a 0,688 cd 2,988 ab
Folhas de amoreira; água 0,162 a 0,833 b 3,893 a
Folhas de amoreira; água; EHS 0,160 a 0,727 c 2,674 d
Folhas de amoreira; água; EHS; Treonina 1 0,168 a 0,652 cd 2,847 c
Folhas de amoreira; água; EHS; Treonina 2 0,160 a 0,731 c 2,972 abc
Folhas de amoreira; água; EHS; Valina 1 0,158 a 0,966 a 2,642 d
Folhas de amoreira; água; EHS; Valina 2 0,149 a 0,627 d 2,880 bc
CV (%) 16,33 11,27 4,46
(1)
Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem estatisticamente entre si (P>0,05), pelo teste de Tukey

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