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Apresentaremos neste capítulo o princípio de funcionamento do transformador e as expressões

que relacionam entre si os seus principais parâmetros.


Em seguida, mostraremos diferentes características construtivas desse dispositivo e suas formas
de ligação.

3.1 Princípios básicos


Como já é de nosso conhecimento, a rede elétrica fornece um valor fixo de tensão eficaz.

O aumento ou a redução desse valor para adequá-lo às necessidades de um projeto é feito por
intermédio de um transformador, como o exibido na Figura 3.1.

P?

Figura 3.1 - Transformador.

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A figura mostra a configuração mais simples de transformador, de onde podemos tirar as prin­
cipais grandezas elétricas envolvidas:

Vj = tensão eficaz de alimentação V2 = tensão eficaz desejada


Nj = número de espiras do primário N2 = número de espiras do secundário
I) = corrente eficaz no primário I2 = corrente eficaz no secundário
Pt = potência do primário P2 = potência do secundário

O princípio de funcionamento é relativamente simples. Ao aplicar ao primário do transforma­


dor uma tensão variável no tempo, ela produz também uma corrente variável e um fluxo magnético
variável. Esse fluxo induz uma tensão no secundário, cuja amplitude pode ser maior, menor ou igual
à amplitude da tensão do primário, dependendo unicamente da relação de espiras (para o caso do
transformador ideal).

O transformador ideal é aquele cuja potência transferida para o secundário é igual à potência
desenvolvida no primário, ou seja, Pj = P2. Esse transformador obedece às seguintes leis:

P2 = V2.I2
V2 I, N2

No transformador ideal, como a potência do primário é igual à do secundário, se a tensão do


primário for maior que a do secundário, a corrente no primário será menor que a do secundário.

Fique de olho!

Nos transformadores reais, a potência que o primário transfere ao secundário é menor, devido a diversos tipos de perdas
que ocorrem nos enrolamentos e no núcleo do transformador.

Geralmente, a especificação de um transformador é dada pelas tensões de entrada e de saída e


pela capacidade máxima de corrente de saída. Alguns fabricantes, em lugar da corrente de saída, for­
necem a potência máxima de saída em watt (W) ou em volt-ampère (VA).

Quanto maior for a capacidade de corrente de um transformador, maior é o seu custo.

Os fabricantes de transformadores possuem alguns valores nominais de tensão secun­


dária considerados padrão, o mesmo ocorrendo com a capacidade de corrente do secundário,
por exemplo:

» Tensão secundária (V): 6-7,5-9-12-15-18-24


» Capacidade de corrente do secundário (A): 0,1 - 0,25 - 0,5 - 1 - 1,5 - 2 - 2,5 - 3 - 4 - 5

Caso haja a necessidade de um transformador com tensão ou corrente diferente dos valores
comerciais, é possível encomendá-lo diretamente do fabricante.

Eletrônica Analógica Básica

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3.2 Configurações dos transformadores
Os transformadores podem ser construídos segundo várias configurações. A seguir, apre­
sentamos as mais comuns para utilização em fontes de alimentação, pois este é o principal assunto
do livro.

3.2.1 Transformador simples


A Figura 3.2 apresenta um exemplo de transformador simples, isto é, com um único enrola-
mento primário especificado para operar com tensão de 110 V e um único enrolamento secundário
que fornece 12 V com capacidade de corrente de 600 mA.

Figura 3.2 - Transformador simples.

Exercício resolvido
1) Considere o transformador da Figura 3.2 ideal e determine:

a) A potência máxima que ele pode fornecer a uma carga.

b) A menor resistência de carga que pode ser ligada no secundário.

c) A corrente no primário na condição de máxima potência.

Solução

a) P2=V21| =120,6=>P2 = 7,2V

V 12
b) R,- —- — =>R, = 20n
2 I, 0,6 2

c) A potência no primário vale: P, P? => R 7,2 W

Portanto, a corrente no primário pode ser determinada por:

P 7 2
I.---- 1------ — => li = 65,45 mA
1 V, 110 '

Transformador

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3.2.2 Transformador com derivação no primário
A Figura 3.3(a) apresenta um exemplo de transformador com derivação no primário, de modo
que nele podem ser aplicadas as tensões 110 V ou 220 V. A tensão de saída é sempre 12 V.

(a) Configuração (b| Chave para mudança de tensão

Figura 3.3 - Transformador com derivação no primário.

A Figura 3.3(b) mostra como uma chave de três polos e duas posições pode ser ligada para
permitir a mudança da tensão de alimentação do transformador.

3.2.3 Transformador com primários independentes


A Figura 3.4(a) apresenta um exemplo de transformador com primários independentes e ligados
em série para que a tensão de alimentação possa ser de 220 V.

220 V

(a) Tensão primária de 220 V (b) Tensão pnmária de 110 V

Figura 3.4 - Transformador com primários independentes.

A Figura 3.4(b) apresenta o mesmo transformador com os dois primários independentes ligados
em paralelo para que a tensão de alimentação possa ser de 110 V.

A tensão Vj é o dobro de V\, mas a corrente é a metade de 1’p de modo que, independente
da configuração usada no primário, o transformador opera com a mesma potência.

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Para que a mudança de tensão possa ser realizada por uma chave, ela deve ser de seis polos e
duas posições (chave H-H), sendo o circuito de chaveamento como o da Figura 3.5.

Figura 3.5 - Chave para a mudança de tensão.

3.2.4 Transformador com derivação no secundário


A Figura 3.6 apresenta um exemplo de transformador com derivação no secundário. A tensão
de entrada (110 V) produz duas tensões iguais na saída (12 + 12 V) ou uma tensão de 24 V se usar­
mos os terminais extremos do secundário.

Figura 3.6 - Transformador com derivação no secundário.

Vamos recapitular?

Apresentamos inicialmente o princípio de funcionamento do transformador e suas principais


expressões, pois esse dispositivo é usado em fontes de alimentação, que são objetos de estudo deste livro,
bem como outros circuitos eletrônicos.
Mostramos também as diferentes características construtivas e as formas de ligação dos transfor­
madores, para atender às necessidades dos tipos de circuitos retificadores que serão analisados em futu­
ros capítulos.

Transformador

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Agora é com você!

1) Considere um transformador simples especificado para operar com tensão de 110 V


no primário, com relação de espiras Nj/N2 = 18 e determine:
a) Tensão eficaz no secundário (Vef);
b) Tensão máxima no secundário (VSmáx).
2) Considere um transformador especificado para operar com tensão 110 V no primá­
rio e 15 V no secundário com capacidade de corrente de 1 A. Determine:
a) A tensão eficaz no secundário (Vcf) ao aplicar-se 127 V no primário.
b) A corrente no primário quando o transformador estiver fornecendo a corrente
máxima no secundário (1 A).

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