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Renê Coutinho Souto

Aula 01 (Somente em PDF)

A Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) foi estabelecida em 20 de setembro de 2010, por
meio da Lei 12.334. A referida Lei define segurança de barragem como sendo: "condição que vise a manter
a sua integridade estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio
ambiente".

Observe que pela definição dada, o termo segurança de barragem envolve não apenas a sua estabilidade
física, mas, também, deve envolver a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente.

Segurança de Barragem preservação da vida, da


integridade estrutural e
é a condição que visa saúde, da propriedade e do
operacional;
manter: meio ambiente.

Os objetivos da PNSB são elencados no seu Art. 3°, sendo reproduzidos a seguir:

Objetivos da PNSB
• GARANTIR a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a fomentar a
prevenção e a reduzir a possibilidade de acidente ou desastre e suas consequências;

• REGULAMENTAR as ações de segurança a serem adotadas nas fases de planejamento,


projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação,
descaracterização e usos futuros de barragens;

• PROMOVER o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança empregadas


pelos responsáveis por barragens;

• CRIAR condições para que se amplie o universo de controle de barragens pelo poder
público, com base na fiscalização, orientação e correção das ações de segurança;

• COLIGIR informações que subsidiem o gerenciamento da segurança de barragens pelos


governos;

• ESTABELECER conformidades de natureza técnica que permitam a avaliação da adequação


aos parâmetros estabelecidos pelo poder público;

• FOMENTAR a cultura de segurança de barragens e gestão de riscos;

• DEFINIR procedimentos emergenciais e fomentar a atuação conjunta de empreendedores,


fiscalizadores e órgãos de proteção e defesa civil em caso de incidente, acidente ou desastre.

Perceba que muito do conteúdo visto nesta aula é direcionado à segurança da barragem, o que vai de
encontro ao que é estabelecido como objetivos da PNSB. O Plano de Ação de Emergência, que faz parte da
PNSB será abordado detalhadamente no item a seguir.

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6 – Planos de Ação de Emergência

O Plano de Ação de Emergência (PAE) é um documento cuja elaboração é de responsabilidade do


empreendedor (responsável pela barragem). Esse documento descreve todas as ações que devem ser
executadas nas emergências relacionadas à barragem. A elaboração e implementação do PAE possibilita a
atenuação das consequências dos acidentes gerados nesses empreendimentos, incluindo o socorro às
pessoas e a proteção dos bens em perigo, sendo esse o seu principal objetivo.

A importância desse documento é tamanha, que os órgãos fiscalizadores exigem que seja entregue uma
cópia do PAE aos órgãos de defesa civil e/ou na prefeitura dos municípios abrangidos nele.

6.1 – Aspectos Legais do Plano de Ação de Emergência

O principal dispositivo legal relacionado ao PAE é a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB),
instituída pela Lei 12.334 de 20 de setembro de 2010. Esse dispositivo é lei federal e, portanto, deve ser
seguido por todos aqueles aos quais ela se aplica.

Além do referido dispositivo, a Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) elaborou o Manual
do Empreendedor Sobre Segurança de Barragens. O documento é composto por 8 volumes, sendo que o
volume IV trata de um Guia de Orientação e Formulários do Plano de Ação de Emergência. Apesar de não
possuir força de lei, não sendo, portanto, impositivo, o documento serve como referência, estabelecendo
orientações gerais quanto às metodologias e procedimentos a serem adotados pelos empreendedores.

6.1.1 – Política Nacional de Segurança de Barragens

A PNSB estabeleceu o PAE como parte de um dos seus fundamentos, conforme estabelecido no seu Art. 4°.

Art. 4° São fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):

II - a informação e o estímulo à participação direta ou indireta da população nas ações


preventivas e emergenciais, incluídos a elaboração e a implantação do Plano de Ação de
Emergência (PAE) e o acesso ao seu conteúdo, ressalvadas as informações de caráter
pessoal;

Observe que o PAE está relacionado às ações ou medidas que envolvem a população que seria impactada
pelos possíveis problemas gerados em uma ruptura hipotética. A participação da população pode ocorrer
de forma direta ou indireta e as ações são preventivas e emergenciais. Além disso, note que a população
deve ser considerada tanto na elaboração quanto na implantação do PAE. Tal aspecto é importante, pois,
além da elaboração do documento, é necessário que ele seja operacional, que seja útil para reduzir os
impactos dos possíveis danos que seriam gerados decorrentes do comprometimento da barragem, com sua
ruptura, por exemplo.

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O PAE deve estar contido no Plano de Segurança da Barragem (PSB), fazendo parte, portanto, dos
instrumentos da PNSB. Tal aspecto é importante, pois o PAE, dessa forma, é definido como sendo uma das
ferramentas pelas quais poderão ser alcançados os objetivos da PNSB.

Art. 6° São instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):

II - o Plano de Segurança da Barragem, incluído o PAE;

O PAE é previsto nos fundamentos e nos instrumentos da PNSB.

No entanto, não são todas as situações em que o PAE é exigido no Plano de Segurança de Barragem. O PAE
é exigido para as barragens classificadas com DPA médio ou alto ou as barragens classificadas como de alto
risco, nesse último caso, a critério do órgão fiscalizador. Além desses requisitos, a elaboração do PAE passou
a ser obrigatória para todas as barragens destinadas à acumulação ou à disposição de rejeitos de mineração,
independentemente da sua classificação quanto ao DPA e ao risco.

Art. 8° O Plano de Segurança da Barragem deve compreender, no mínimo, as seguintes


informações:

VII - Plano de Ação de Emergência (PAE), exigido conforme o art. 11 desta Lei;

Art. 11. A elaboração do PAE é obrigatória para todas as barragens classificadas como de:

I - médio e alto dano potencial associado; ou

II - alto risco, a critério do órgão fiscalizador.

Parágrafo único. Independentemente da classificação quanto ao dano potencial associado


e ao risco, a elaboração do PAE é obrigatória para todas as barragens destinadas à
acumulação ou à disposição de rejeitos de mineração.

Os órgãos fiscalizadores de barragens são a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).

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Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA

• Fiscalização das barragens de usos múltiplos, nas quais a hidroleletricidade não é o principal
uso, quando essas barragens estiverem situadas em rios federais (quando situadas em rios
estadurais, são fiscalizadas pelos órgãos gestores de recursos hídricos).

Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL

• Fiscalização das barragens em que a hidroeletricidade é o uso principal.

Agência Nacional de MIneração -ANM

• Fiscalização das barragens de rejeitos utilizadas na indústria de mineração.

Com relação às barragens reguladas pela ANA, a Resolução 236 de 30 de janeiro de 2017, alterada pela
Resolução ANA nº 121, de 9 de maio de 2022, aborda os critérios para os quais é exigida a elaboração do
PAE. De acordo com a referida resolução, é exigido o PAE para as barragens de classes A e B de acordo com
a matriz de classificação abaixo:

De acordo com a matriz de classificação, o PAE é exigido, para as barragens reguladas pela ANA, apenas
daquelas cujo DPA é alto ou médio. Dessa forma, se uma barragem é classificada com categoria de risco alto,
mas o DPA é baixo (Classe C na matriz de classificação), não é exigida a elaboração do PAE.

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Risco alto Todas as


PAE é obrigatório DPA médio ou
(a critério do barragens de
para as barragens alto
órgão fiscalizador) mineração.

6.2 – Conteúdo do Plano de Ação de Emergência

O conteúdo do PAE varia de estudo para estudo. No entanto, a PNSB também estabeleceu o conteúdo
mínimo que esse documento deve conter. Assim, o empreendedor deve, obrigatoriamente, abordar,
minimamente, os 13 tópicos elencados na lei, ao elaborar o PAE.

Art. 12. O PAE estabelecerá as ações a serem executadas pelo empreendedor da barragem
em caso de situação de emergência, bem como identificará os agentes a serem notificados
dessa ocorrência, devendo contemplar, pelo menos:

I - descrição das instalações da barragem e das possíveis situações de emergência;

II - procedimentos para identificação e notificação de mau funcionamento, de condições


potenciais de ruptura da barragem ou de outras ocorrências anormais;

III - procedimentos preventivos e corretivos e ações de resposta às situações emergenciais


identificadas nos cenários acidentais;

IV - programas de treinamento e divulgação para os envolvidos e para as comunidades


potencialmente afetadas, com a realização de exercícios simulados periódicos;

V - atribuições e responsabilidades dos envolvidos e fluxograma de acionamento;

VI - medidas específicas, em articulação com o poder público, para resgatar atingidos,


pessoas e animais, para mitigar impactos ambientais, para assegurar o abastecimento de
água potável e para resgatar e salvaguardar o patrimônio cultural;

VII - dimensionamento dos recursos humanos e materiais necessários para resposta ao


pior cenário identificado;

VIII - delimitação da Zona de Autossalvamento (ZAS) e da Zona de Segurança Secundária


(ZSS), a partir do mapa de inundação referido no inciso XI do caput do art. 8º desta Lei;

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IX - levantamento cadastral e mapeamento atualizado da população existente na ZAS,


incluindo a identificação de vulnerabilidades sociais;

X - sistema de monitoramento e controle de estabilidade da barragem integrado aos


procedimentos emergenciais;

XI - plano de comunicação, incluindo contatos dos responsáveis pelo PAE no


empreendimento, da prefeitura municipal, dos órgãos de segurança pública e de proteção
e defesa civil, das unidades hospitalares mais próximas e das demais entidades envolvidas;

XII - previsão de instalação de sistema sonoro ou de outra solução tecnológica de maior


eficácia em situação de alerta ou emergência, com alcance definido pelo órgão fiscalizador;

XIII - planejamento de rotas de fuga e pontos de encontro, com a respectiva sinalização.

Da listagem acima, deu para perceber a complexidade do estudo, certo? A sua complexidade decorre de ser
um documento realizado de forma preliminar a uma situação hipotética. Além disso, o estudo deve abranger
todos os atores envolvidos no caso mais extremo de um dano na barragem, que geralmente é a sua ruptura
com liberação do material do reservatório.

A depender do problema gerado na barragem, os danos podem extrapolar a área do empreendimento,


afetando comunidades próximas e até cidades inteiras. Diversos atores atuam nesse momento, incluindo
funcionários da empresa, a população afetada direta e indiretamente além de órgãos do poder público. No
PAE, o papel de cada um desses atores deve ser identificado, descrito e implementado.

Para melhor entendermos o conteúdo do PAE, vamos abordá-lo em quatro partes, que incluem a
identificação e análise das situações de emergência, os procedimentos para identificação e notificação do
problema, os procedimentos preventivos e corretivos e as estratégias e meio de divulgação e alerta.

A seguir, é apresentado um resumo sobre o conteúdo mínimo do PAE, procure memorizar os principais
pontos. Isso pode te ajudar tanto na prova objetiva, quanto numa eventual prova dissertativa que venha a
abordar o tema. Em seguida será detalhado cada um desses componentes do PAE.

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Conteúdo mínimo do
PAE

Identificação Notificação Prevenção e correção Divulgação e alerta

Do mau Da
Do empreendimento funcionamento Do acidente (desastre)
situação emergencial

6.2.1 – Identificação e análise das possíveis situações de emergência

A primeira etapa para se fazer um PAE é o conhecimento da origem ou causa do possível problema. No caso
da barragem, a elaboração do PAE requer que a estrutura seja descrita e analisada, incluindo as suas
estruturas associadas. A caracterização da barragem envolve, principalmente, sua identificação e
localização, a descrição geral, as características hidrológicas, geológicas e sísmicas, o reservatório, os
órgãos extravasores a instrumentação e os acessos à barragem. Devem ser incluídos, também, os recursos
materiais e logísticos na barragem, incluindo sistemas de iluminação e alimentação de energia, sala de
emergência e recursos materiais mobilizáveis em situação de emergência.

Nota-se que o PAE é um documento relacionado à situação atual da estrutura. Uma vez que as características
da Barragem são constantemente modificadas, sejam condições da estrutura ou os dados dos responsáveis,
é importante que o PAE seja periodicamente revisado, de forma que ele represente as circunstâncias de
operação e as condições de segurança. O empreendedor é o responsável pela emissão, revisão e atualização
do PAE, com frequência de atualização variável, a depender das exigências do órgão fiscalizador40.

Com relação à identificação e localização da barragem, devem ser inseridas informações de modo a
caracterizar a sua unicidade, como a denominação, códigos de sistema, dados do empreendedor,
coordenadas, endereço, classificação do risco, além de existência de barragem a jusante. A descrição geral
da barragem inclui suas características construtivas e geométricas, como o tipo, altura, capacidade de

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armazenamento do reservatório, dados do talude, data da construção, presença de estruturas e prédios


administrativos.

As características hidrológicas, geológicas e sísmicas são importantes, por exemplo, para avaliar o tipo de
ruptura da barragem. Essas informações incluem hidrograma das cheias de projeto afluente e efluente,
sismos de projeto, características geológicas da fundação da barragem e suscetibilidade a escorregamentos
de taludes. Informações do reservatório incluem os níveis de água (normal, máximo maximorum, mínimo
operacional) e as cotas das estruturas (comportas, vertedouro, tomadas de água, descarregador de fundo).
Os órgãos extravasores que devem ser descritos incluem o vertedouro, o descarregador de fundo e as
tomadas de água, devendo conter informações quanto à localização, tipo, capacidade, entre outras
informações relevantes para caracterizar a estrutura.

A descrição e caracterização da instrumentação e do sistema de monitoramento é importante para análise


e determinação dos controles da segurança estrutural da barragem. Os instrumentos possibilitam o
monitoramento da estrutura, verificando a sua condição atual e comparando com o seu desempenho. Essas
informações dependem do tipo de barragem, sendo, geralmente, importante verificar níveis hidrométricos,
pressões no maciço e fundação, movimentações e as vazões.

É importante, também, inserir informações referentes aos acessos à barragem, visando favorecer as ações
de operação de equipamentos, avaliar condições operacionais, proceder ações de alerta ou até realizar
intervenções de emergência.

As informações relacionadas aos recursos materiais e logísticos na barragem em situação de emergência


envolvem tanto recursos fixos quanto mobilizáveis. Os recursos fixos incluem sistema de alimentação de
energia elétrica, sala de emergência, sistema de comunicações, como sistema de alerta (sirenes) quando
presente população na Zona de Autossalvamento (ZAS). Os recursos mobilizáveis incluem meios de
transporte terrestre, equipamentos de segurança, combustíveis, material de primeiros socorros, entre
outros.

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Dados do
Acessos à empreendedor. Identificação e
Barragem. localização.

Dados da Descrição da
Instrumentação Barragem Barragem.
para o PAE

Informações do características
reservatório e hidrológicas,
órgãos geológicas e
extravasores. sísmicas.

6.2.2 – Procedimentos para identificação e notificação

Após a caracterização da estrutura, torna-se possível definir os procedimentos para a identificação e


notificação do mau funcionamento ou de condições potenciais de ruptura da barragem. Essa avaliação leva
em consideração os aspectos individuais de cada barragem, sua localização, suas características
construtivas, além das suas características geométricas. Nessa avaliação, define-se, por exemplo, os
possíveis modos de falha da barragem (tipo de ruptura). Os procedimentos relacionados à identificação da
situação e resposta devem incluir a detecção e avaliação do problema, a classificação das situações e a
análise quanto às ações esperadas.

A detecção e avaliação dos fatores que podem provocar danos à estrutura depende do monitoramento do
comportamento da estrutura, incluindo as grandezas de deformações, tensões, vazões, poropressões e
subpressões. Ao se monitorar a estrutura, torna-se possível avaliar as condições internas e externas à
barragem, as quais devem incluir ocorrências excepcionais naturais exteriores (ex: tempestade, sismos e
cheias) ocorrências excepcionais provocadas pelo homem (ex: guerra e sabotagem), circunstâncias
anômalas do comportamento da barragem, além das situações internas à barragem (ex: esvaziamento
rápido do reservatório).

Após detectar os fatores que podem provocar danos à estrutura, é importante fazer a classificação das
situações, o que deve considerar o comportamento da estrutura. Essa classificação refere-se a uma
graduação realizada das situações que podem comprometer a segurança da barragem e afetar as áreas a
jusante. Geralmente, essa classificação é feita em quatro níveis, que são: normal, atenção, alerta e
emergência, conforme definidos no quadro41 a seguir.

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Nível Definição Situação


Quando as anomalias Situações de incidente declarado ou previsível, com as seguintes
encontradas ou a ação características:
de eventos externos à
barragem não i) serem estáveis ou que se desenvolvem muito lentamente no
NORMAL comprometam a tempo;
segurança da barragem,
mas devam ser ii) poderem ser controladas pelo Empreendedor;
controladas e
monitoradas ao longo do iii) poderem ser ultrapassadas sem consequências nocivas no
tempo; vale a jusante.
Quando as anomalias Situações que impõem um estado de atenção na barragem e/ou
encontradas ou a ação no vale a jusante, inclusive no caso em que a magnitude da vazão
de eventos externos à afluente ao reservatório exija a liberação de vazão efluente
barragem não superior às condições de restrição a jusante (cotas ou vazões
comprometam a limites impostas para evitar inundação de habitações ou
segurança da barragem infraestruturas importantes). As características principais são:
no curto prazo, mas
devam ser controladas, i) a situação tende a progredir lentamente, permitindo a
ATENÇÃO monitoradas ou realização de estudos para apoio à tomada de decisão;
reparadas;
ii) existe a convicção de ser possível controlar a situação, embora
o coordenador do PAE possa vir a necessitar de assistência
especial de entidades externas;

iii) existe a possibilidade de a situação se agravar e de se


desenvolverem efeitos perigosos no vale a jusante sobre pessoas
e bens.
Quando as anomalias Situações que impõem um estado de alerta geral na barragem.
encontradas ou a ação As características principais deste nível de resposta são as
de eventos externos à seguintes:
barragem representem
risco à segurança da i) a situação tende a progredir rapidamente, podendo não existir
barragem, no curto tempo disponível para a realização de estudos para apoio à
ALERTA prazo, devendo ser tomada de decisão;
tomadas providências
para a eliminação do ii) admite-se não ser possível controlar o acidente, tornando-se
problema; indispensável a intervenção de entidades externas;

iii) existe a possibilidade de a situação se agravar com a


ocorrência de consequências muito graves no vale a jusante.

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Nível Definição Situação


Quando as anomalias
encontradas ou a ação
de eventos externos à
barragem representem
EMERGÊNCIA risco de ruptura Situação de catástrofe inevitável, incluindo o início da ruptura da
iminente, devendo ser barragem.
tomadas medidas para
prevenção e redução dos
danos materiais e
humanos decorrentes do
colapso da barragem.

A classificação dos níveis de resposta da estrutura pode ser feita com base em indicadores quantitativos ou
qualitativos. Os medidores quantitativos estão relacionados às medições realizadas na estrutura através dos
sistemas de monitoramento tanto de observação da barragem quanto dos eventos externos (ex: eventos
hidrológicos e sísmicos). Os medidores qualitativos estão relacionados às deteriorações detectadas pelas
inspeções visuais da barragem (ex: fendilhação, infiltrações e deslocamentos).

O PAE deve prover tabelas para a interpretação desses indicadores sejam qualitativos ou quantitativos.
Sempre que possível os limites de cada nível (normal, atenção e alerta) devem ser definidos em função dos
indicadores quantitativos. Esses limites de indicadores de cada nível seriam definidos com base nos valores
medidos pela instrumentação, por exemplo, os valores do sismo, vazões e deslocamento abaixo dos quais se
classificaria como nível normal. Da mesma forma, definir intervalos de valores, medidos pela
instrumentação, para o sismo, vazões e deslocamentos que corresponderiam aos níveis atenção, alerta e
emergência.

Indicadores quantitativos
• São aqueles obitidos através da análise dos resultados da instrumentação.
• Ex: sismos, vazões, deslocamentos verticais, deslocamentos horizontais.
Indicadores qualitativos
• São aqueles obitidos com base na observação ou inspeção aos diferentes componentes da
estrutura.
• Detectáveis na inspeção da barragem: Ex: escorregamento de taludes, movimentos fissuras
e trincas, erosões, zonas úmidas e/ou surgências, inoperacionalidade e/ou funcionamento
deficiente da instrumentação.
• Detectáveis pela exploração do sistema de observação da barragem: incremento/diminuição
importante e inesperada níveis piezométricos.

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Finalmente, após a classificação dos níveis de resposta da estrutura, deve-se, também, indicar as ações
esperadas em cada nível. Dessa forma, para cada nível listado anteriormente (normal, atenção, alerta e
emergência) devem ser listadas as ações a serem implementadas pelo coordenador do PAE.

Nível Ações do coordenador do PAE


NORMAL As ações neste nível estão relacionadas ao monitoramento e registro do problema, além de
implementar medidas corretivas e notificar os recursos humanos da barragem e o
empreendedor.
As ações neste nível estão relacionadas à notificação dos recursos humanos, monitoramento
da situação, verificação da operacionalidade dos meios, registro das ocorrências e
ATENÇÃO procedimentos, implementação de medidas preventivas e corretivas, notificação dos atores
envolvidos (empreendedor, entidade fiscalizadora e defesa civil), acionamento do sistema
de alerta à população, caso previstas.
ALERTA As ações a serem tomadas neste nível são idênticas às ações do nível de Atenção. Sendo que
no Nível Alerta, a principal ação está relacionada ao acionamento do sinal de alerta à
população na zona de autossalvamento para entrar em estado de prontidão, para eventual
evacuação.
EMERGÊNCIA A principal ação neste nível é o acionamento do sistema de alerta à população na ZAS, com
vista à sua evacuação. Além disso, devem ser tomadas as ações do nível de Alerta
(monitorizar a situação, implementar medidas de mitigação, notificar entidades e registrar
todas as ocorrências e procedimentos).

No contexto do PAE, o sistema de notificação consiste na especificação dos indivíduos e entidades a notificar
e a definição dos meios de comunicação. A notificação pode ser interna, quando se trata dos indivíduos
responsáveis pela operação e segurança da barragem, ou externa, quando se trata das entidades com
responsabilidades instituídas, como as entidades fiscalizadoras e o sistema de defesa civil. As entidades a
serem, obrigatoriamente, notificadas são o empreendedor, a entidade fiscalizadora e o sistema de defesa
civil (municipal, estadual e federal).

Visando possibilitar e facilitar a notificação, o PAE deve conter a definição de quem notifica e quem é
notificado, nomes e contatos dos intervenientes e organizações responsáveis e os meios de comunicação
entre o coordenador do PAE. Pode ser necessário, também, contatar os responsáveis pelas barragens a
montante e a jusante, além de outros órgãos como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), para obtenção de informações referentes a hidrometeorologia e a meteorologia.

Após a definição das entidades e agentes a serem notificados (e alertados) deve ser construído o fluxograma
de notificação, no qual são identificados aqueles que devem ser notificados em cada nível de resposta
(normal, atenção, alerta e emergência). Um exemplo de fluxograma de notificação é apresentado na Figura
34.

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Figura 34 - Exemplo de fluxograma de notificação. Fonte42

42ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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Instrumentação e Deformações,
Fluxograma de monitoramento. tensões, vazões,
notificação. poropressões e
subpressões...

Identificação e
notificação dos Classificação em
Quem notifica e
danos e níveis: normal,
quem é notificado;
condições atenção, alerta e
Meios de notificação. potenciais de emergência.
ruptura

Ações a serem Relação dos níveis


implementadas, por com indicadores
nível, pelo quantitativos e
coordenador do PAE. qualitativos.

6.2.3 – Procedimentos preventivos e corretivos

Os procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em situações de emergência também é um


dos elementos que devem constar no PAE. A sua elaboração requer que sejam identificados os problemas
que podem ser gerados na barragem e a indicação do responsável por saná-los. No âmbito dos
procedimentos para identificação e notificação, é previsto que sejam realizadas ações corretivas após a
notificação. Tais ações, no entanto, só são possíveis caso haja responsáveis para tal.

No PAE, a indicação dos procedimentos preventivos e corretivos deve incluir a indicação dos responsáveis
pelas ações de respostas às situações emergenciais identificadas nos cenários acidentais. Para isso, deve-se,
também, incluir o dimensionamento dos recursos humanos e materiais necessários para resposta ao pior
cenário identificado. Esse dimensionamento deve incluir o sistema de monitoramento e controle de
estabilidade da barragem integrado aos procedimentos emergenciais.

Nesse caso, para uma estrutura de DPA alto e Categoria de Risco alto, poderia ser previsto, por exemplo, um
sistema de videomonitoramento 24h por dia. Assim, devem ser previstos recursos humanos suficientemente
adequados para tal, incluindo substitutos para o responsável pelo monitoramento durante as suas ausências
(horário de almoço, ir ao banheiro...). As responsabilidades da equipe técnica dependem da estrutura
organizacional da empresa, sendo que estruturas mais simples podem ter um único encarregado da
barragem, enquanto estruturas mais complexas podem possuir diversos responsáveis, devendo todos eles
constarem no PAE.

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Algumas responsabilidades são determinadas no âmbito do PAE, como as responsabilidades do


empreendedor, do coordenador do PAE além das responsabilidades das entidades externas. As
responsabilidades do empreendedor incluem a elaboração do PAE, promoção dos treinamentos,
participação de simulações, designação do coordenador do PAE, além das demais ações relacionadas às
situações de emergência. Parte das responsabilidades do empreendedor pode ser delegada para o
coordenador do PAE.

Responsabilidades do empreendedor

A) providenciar a elaboração e atualizar o PAE;

B) promover treinamentos internos e manter os respectivos registros das atividades;

C) participar de simulações de situações de emergência, em conjunto com as prefeituras e


organismos de defesa civil;

D) designar formalmente um coordenador para executar as ações descritas no PAE;

E) detectar, avaliar e classificar as situações de emergência em potencial, de acordo com


os níveis de resposta;

F) declarar situação de emergência e executar as ações descritas no PAE;

G) executar as ações previstas no fluxograma de notificação;

H) alertar a população potencialmente afetada na ZAS;

I) notificar as autoridades públicas em caso de situação de emergência;

J) emitir declaração de encerramento da emergência;

K) providenciar a elaboração do relatório de encerramento de eventos de emergência.

* As responsabilidades E, F, G, H, I, J, e K podem ser delegadas do empreendedor para o


coordenador do PAE.

Já as responsabilidades do coordenador do PAE consistem na coordenação das ações descritas no PAE, como
pode ser verificado na própria denominação. É importante ressaltar, que o coordenador do PAE deve estar
sempre disponível para atuar, prontamente, nas situações de emergência relacionadas à barragem.

Para verificar a disponibilidade do coordenador, é comum que os ficais das agências reguladoras, durante as
ações de fiscalização, façam simulações, ligando para o número de telefone do coordenador do PAE, o qual
deve constar no documento. A responsabilidade desse profissional é tamanha, que pode ser exigido pelo
órgão fiscalizador que o PAE seja mantido até mesmo na residência do coordenador. Observe como a
Resolução n° 236 da ANA, que trata do PAE, define coordenador do PAE.

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Art. 3° Para efeito desta Resolução consideram-se:

VII - Coordenador do PAE: responsável por coordenar as ações descritas no PAE, devendo
estar disponível para atuar, prontamente, nas situações de emergência em potencial da
barragem, podendo ser o empreendedor ou pessoa designada por este;

Art. 26 O PAE, quando exigido, deverá estar disponível, além do estabelecido no artigo 9:

I – na residência do coordenador do PAE

O artigo 9 da Resolução 236 informa que o PSB (Plano de Segurança da Barragem) deverá estar disponível
no próprio local da barragem, no escritório regional do empreendedor, caso exista, bem como em sua sede.
Como o PAE faz parte do PSB, se o PSB deverá estar disponível nesses locais, o PAE também deverá.

A responsabilidade das entidades externas INPE, CEMADEN e INMET estão relacionadas com a partilha de
informação no domínio de hidrometeorologia, da meteorologia e da sismologia, devendo essas
responsabilidades estarem descritas no PAE. Já as unidades fiscalizadoras são aquelas que estão usualmente
envolvidas no controle de segurança das barragens.

Por fim, as responsabilidades da defesa civil estão relacionadas com o alerta, a evacuação e a sensibilização
e educação das pessoas nos aspectos relacionados à atuação em emergência. O Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil é constituído por órgãos das esferas municipal, estadual e federal. Vale ressaltar que
o PAE deve prever a implementação de medidas específicas para resgatar atingidos, pessoas e animais, para
mitigar impactos ambientais, para assegurar o abastecimento de água potável e para resgatar e
salvaguardar o patrimônio cultural. Essas ações devem ser elaboradas em articulação com o poder público.

Entidades externas; Dimensionamento dos


Entidades recursos humanos e
materiais. Identificação dos
fiscalizadoras; problemas.
Defesa civil.

Procedimentos Indicação dos


Responsabilidade do preventivos e
coordenador do PAE. responsáveis.
corretivos

Depende da estrutura
Responsabilidades do
organizacional da
empreendedor.
empresa.

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6.2.4 – Divulgação e alerta

A divulgação e alerta se referem à estratégia e ao meio utilizados para que as informações cheguem às
comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência.

No PAE, o sistema de alerta é estabelecido por meio da comunicação entre os agentes responsáveis pela
operação e segurança da barragem e a população em risco na ZAS. Os meios de alerta incluem alarmes
domésticos, por meio de telefones fixos e celulares, os alarmes públicos, utilizando sirenes fixas e
megafones em viaturas móveis, os meios de comunicação social, por meio de boletins de rádio e televisão
e a publicação e afixação de comunicados de alertas. Podem, também, ser utilizados avisos pessoais "porta
a porta". O meio adotado depende da extensão da zona afetada, tipo, dimensão e dispersão geográfica da
população potencialmente afetada.

Em alguns setores mais próximos da barragem, a jusante, o tempo disponível para a atuação dos agentes da
defesa civil é escasso e, por isso, as próprias pessoas são responsáveis por se salvarem. Esses setores são
denominados de Zona de Autossalvamento (ZAS), sendo que, nesse caso, o sistema de alerta à população é
de responsabilidade do empreendedor. Dependendo da classificação da barragem, alguns órgãos
fiscalizadores exigem que sejam instalados sistemas de sirenes automatizadas para alerta à população da
ZAS, sendo que o mapa de localização dessas sirenes é um dos componentes que devem constar no PAE.
Para o sistema de alarme que não é automatizado, deve ser previsto no PAE as atribuições dos envolvidos
no sistema de alerta e o fluxograma de acionamento.

Para a determinação da estratégia de divulgação e alerta, é de fundamental importância que seja realizada
a delimitação da Zona de Autossalvamento e da Zona de Segurança Secundária (ZSS), sendo que essa última
é o trecho constante do mapa de inundação, não definida como ZAS. Portanto, um dos produtos que devem
constar no PAE é o mapa de inundação.

O mapa de inundação é um dos produtos obtidos no estudo de ruptura hipotética, e representa as áreas
potencialmente afetadas por eventual vazamento ou ruptura da barragem e seus possíveis cenários
associados. Para a escala do mapa é recomendável43 a utilização de cartografia 1:25000, podendo dar maior
detalhe para as zonas urbanas e industriais. A critério do órgão fiscalizador, poderão ser apresentados
estudos simplificados para a elaboração do mapa de inundação, o que, geralmente, está condicionado às
características da barragem, como altura e capacidade do reservatório. Observe como esse aspecto é
abordado na Resolução n° 236 da ANA.

Art. 22. O PAE deverá contemplar o previsto no artigo 12 da Lei nº 12.334, de 20 de


setembro de 2010, alterada pela Lei nº 14.066, de 30 de setembro de 2020, e seu nível de
detalhamento deve seguir o estabelecido no Anexo II. (Nova redação dada pela Resolução
ANA nº 121, de 9 de maio de 2022)

43ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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§ 2º Para as barragens com altura inferior a 15 m e capacidade do reservatório inferior a


3.000.000 m³, a ANA, a seu critério, poderá aceitar a apresentação de documentos e/ou
métodos simplificados para a elaboração do PAE.

A partir da definição e validação do mapa de inundação, deve-se realizar um levantamento cadastral e


mapeamento atualizado da população existente na ZAS, incluindo a identificação de vulnerabilidades sociais
(ex: portadores de necessidades especiais, idosos, crianças). Além disso, ao longo de toda a área afetada pela
mancha deve ser previsto o planejamento de rotas de fuga e pontos de encontro, os quais devem estar
devidamente sinalizados com placas indicativas.

Após a validação do mapa de inundação, pode ser exigido pelo órgão fiscalizador, a obrigatoriedade de que
o empreendedor realize seminários orientativos anuais, nos quais devem participar as prefeituras, os
organismos de defesa civil, a equipe de segurança da barragem, demais empregados do empreendimento,
população compreendida na ZAS e a população compreendida na ZSS.

Ressalta-se que o mapa de inundação deve ser alterado, quando da revisão do PAE, podendo, inclusive, ser
necessária a elaboração de novo mapa de inundação, o que pode resultar na maior ou menor mancha de
inundação, inclusive relacionado à abrangência da ZAS.

Para possibilitar a divulgação e alerta, o PAE deve contar com plano de comunicação, o qual deve incluir os
contatos dos responsáveis pelo PAE no empreendimento, da prefeitura municipal, dos órgãos de segurança
pública e de proteção e defesa civil, das unidades hospitalares mais próximas e das demais entidades
envolvidas.

Estratégia e meio
utilizados. Ruptura hipotética e
Plano de comunicação.
mapa de inundação.

Seminários orientativos Divulgação e ZAS e ZSS


anuais. alerta

Levantamento
Atualização do mapa
cadastral e
de inundação.
mapeamento.

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6.3 – Implementação do Plano de Ação de Emergência

Após a elaboração do PAE, deve ser feita a sua implementação, que consiste nos treinamentos e divulgação
para os envolvidos e para as comunidades potencialmente afetadas, com realização de exercícios e
simulados periódicos. Deve ser avaliada a conformidade do PAE aos dispositivos da legislação e avaliar se os
procedimentos descritos no PAE são de fato aplicáveis ou operacionais em uma situação de emergência.
Como resultado desses exercícios e avaliações, pode ser identificada a necessidade de atualização do PAE
ou a sua aprovação.

6.3.1 – Treinamentos internos

Os treinamentos internos são simulações de uma emergência real. O objetivo da realização desses
treinamentos é de contribuir para manter o estado de prontidão, de todos os agentes envolvidos, pois
permite que os envolvidos tenham uma maior familiarização com os seus elementos e atribuições inerentes
ao PAE.

A periodicidade da realização dos exercícios e simulados é definida pelo órgão fiscalizador. Para a ANA, o
prazo para a realização dos treinamentos internos é de no máximo a cada dois anos. Já para a ANM, esse
prazo é de no máximo 6 meses.

Prazo para realização


dos treinamentos
internos

ANM:
ANA:
Máximo a cada 6
Máximo a cada 2 anos
meses

Resolução n° 95 da ANM especifica os requisitos para a realização dos treinamentos


internos. De acordo com a resolução, esses treinamentos internos devem compreender os
exercícios expositivos internos, os exercícios de fluxo de notificações internos e os
exercícios simulados internos, que podem ser hipotéticos ou práticos:

Os exercícios expositivos internos são realizados em salas de treinamento, nos quais são
feitas apresentações para explicação dos procedimentos descritos no PAE. Os exercícios
de fluxo de notificações internos são conduzidos pelo empreendedor, e o objetivo é de
testar os procedimentos de notificação interna presentes no PAE.
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Os exercícios simulados internos hipotéticos são realizados em sala de treinamento, e


consiste em um teste hipotético e lúdico de efetividade e operacionalidade do PAE. São
simuladas situações de tempo próximas ao real previsto e visa avaliar a capacidade do
empreendedor em caso de emergência.

Os exercícios simulados práticos são realizados em campo, e simulam uma situação de


emergência, envolvendo a ativação e mobilização dos centros de operação internas de
emergências, pessoal e recursos disponíveis, inclusive dos procedimentos de evacuação
internos. No caso do exercício prático, simula-se a própria ruptura da barragem.

A resolução dispõe que se pode optar entre os exercícios de simulados internos hipotético
e prático, sendo que o exercício prático deve ser realizado pelo menos uma vez durante o
ano para possibilitar a avaliação da sua operacionalidade.

Para a validação do PAE, pode ser exigida, pelo órgão fiscalizador, a sua avaliação por uma equipe externa
à empresa, e, ainda, que essa equipe seja diferente da equipe que elaborou o PAE. Tais critérios fornecem
maior imparcialidade nessas avaliações. Tal imposição é realizada pela ANM, que, além de exigir a avaliação
do PAE por uma equipe externa, também exige que seja realizado um Relatório de Conformidade e
Operacionalidade (RCO) além de uma Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do PAE.

A conformidade é a característica do PAE de que ele se encontra aderente à legislação vigente. Já a


operacionalidade se refere à sua aplicabilidade em situações de emergência. O não envio da DCO ou seu
envio concluindo pela não conformidade e operacionalidade do PAE resulta na classificação da barragem
em situação de alerta, além da aplicação imediata da sanção de embargo ou de suspensão de atividade da
barragem. Ressalta-se que tais exigências são empregadas para as barragens de mineração, visto que os
riscos associados a essas estruturas, geralmente, são maiores, e, por isso, não é, necessariamente, o caso
das demais barragens, não sendo, por exemplo, previstas tais exigências na resolução da ANA.

6.3.2 – Atualização do PAE

Após a realização dos treinamentos internos e avaliação dos procedimentos, podem ser necessárias
atualizações no PAE. A atualização desse documento é de responsabilidade do empreendedor, devendo,
inclusive, ser feita a divulgação da atualização e a substituição das versões disponibilizadas ao coordenador
do PAE, às prefeituras municipais, aos organismos de Defesa Civil dos municípios e estados abrangidos pelo
PAE e às instalações dos empreendedores de barragens localizados na área afetada por um possível
rompimento.

A frequência de atualização do PAE é exigida pela ANA como sendo anualmente, já a ANM condiciona a
atualização do PAE a diversos fatores. veja:

Atualização do PAE - ANA Atualização do PAE - ANM


O PAE deverá ser atualizado • Sempre que houver alguma mudança nos meios e recursos
anualmente nos seguintes disponíveis para serem utilizados em situação emergência, bem
aspectos: como no que se refere à verificação e à atualização dos contatos e

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• endereços, telefones constantes no fluxograma de notificações ou quando


• telefones e e-mails dos houver mudanças nos cenários de emergência.
contados contidos no • Quando o RISR (Relatório de Inspeção de Segurança Regular), o RCIE
Fluxograma de (Relatório Conclusivo de Inspeção Especial), o RCO (Relatório de
Notificação; Conformidade e Operacionalidade do PAEBM) ou a RPSB (Revisão
• responsabilidades gerais Periódica de Segurança de Barragem) assim o recomendar;
no PAE; • Sempre que a estrutura sofrer modificações estruturais,
• listagem de recursos operacionais ou organizacionais capazes de influenciar no risco de
materiais e logísticos incidente, acidente ou desastre;
disponíveis a serem • Quando a execução do PAEBM (Plano de Ação de Emergência de
utilizados em situação de Barragem de Mineração) em exercício simulado, incidente,
emergência; acidente ou desastre indicar a sua necessidade;
• outras informações que • Quando o PGRBM (Processo de Gestão de Risco de Barragem de
tenham se alterado no Mineração) indicar a sua necessidade;
período. • Quando a mancha de inundação sofrer modificações;
• Em outras situações, a critério da ANM.

Treinamento e
Responsabilidade divulgação. Treinamentos
do empreendedor. internos .

Implementaç Entidades
Atualização do PAE. ão do PAE fiscalizadoras.

Periodicidade dos
Avaliação do PAE. treinamentos
internos.

Este conteúdo de Plano de Ação de Emergência é muito específico, e, por isso, não há muitas questões de
concurso abordando o tema. Para ajudar na memorização, preparei algumas questões, disponibilizadas a
seguir, bem como ao final deste material, na lista de questões comentadas.

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(CEBRASPE/ANM - 2022) Com base na legislação e nas normas adotadas pela ANM no que se refere a
barragens, julgue os itens que se seguem.
O empreendedor responsável por emitir a avaliação de conformidade e operacionalidade do plano de ação
de emergência para barragem de mineração (PAEBM) de uma barragem deverá realizar, a cada seis meses,
treinamento externo de segurança de barragens para a população compreendida na zona de
autossalvamento (ZAS).
Comentários:
Esta questão é específica da legislação da ANM, logo, não será abordada na sua prova. No entanto, esta
questão foi mantida no seu material com os seguintes objetivos: percepção de como esse conteúdo pode
ser cobrado, familiarização com as pegadinhas da banca e memorização do conteúdo da aula.
Respondendo:
O PAE deve ser elaborado e implementado. Na implementação, deve ser feita a sua avaliação quanto à
conformidade à legislação e sua aplicabilidade em situações de emergência, por isso, a legislação da ANM
prevê que seja elaborada a Avaliação de conformidade e operacionalidade (ACO) do PAE.
A implementação do PAE, também requer que sejam elaborados treinamentos internos regularmente, que,
no caso da ANM, o prazo é de no máximo a cada seis meses. No entanto esse treinamento pode ser
hipotético (na sala) ou prático (externo), podendo o empreendedor escolher qual fazer, desde que seja
realizado o treinamento externo pelo menos uma vez por ano para a emissão da DCO.
Para a ANA, esse prazo é de no máximo a cada 2 anos.
Com base no exposto, a assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
O Plano de Ação de Emergência faz parte dos fundamentos e dos instrumentos da Política Nacional de
Segurança de Barragem. A elaboração e implementação desse documento têm como objetivo atenuar as
consequências em uma situação de desastre relacionada ao mau funcionamento da estrutura. Por isso, sua
elaboração deve ser genérica, não considerando as condições específicas da estrutura, para que seja possível
abranger todos os problemas relacionados à barragem.
Comentários:
Faz sentido, mas não está certo. Observe que a questão tenta nos induzir ao erro, colocando algumas
informações verdadeiras e depois uma falsa. Essa é uma tática psicológica, não caia. Avalie cada afirmativa
separada e pacientemente. Veja:
O Plano de Ação de Emergência faz parte dos fundamentos e dos Instrumentos da Política Nacional de
Segurança de Barragem. (Certo)

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A elaboração e implementação desse documento têm como objetivo atenuar as consequências em uma
situação de desastre relacionada ao mau funcionamento da barragem. (Certo)
Por isso, sua elaboração deve ser genérica, não considerando as condições específicas da estrutura, para que
seja possível abranger todos os problemas relacionados à barragem. (Errado) Pelo contrário, a elaboração
do PAE deve levar em consideração os aspectos específicos de cada estrutura, por exemplo, nos estudos de
ruptura hipotética, para que seja o mais representativo de uma situação de emergência real. Por isso a
assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
A elaboração do PAE deve ser realizada antes do primeiro enchimento da barragem, visto que as situações
de emergência podem ocorrer desde o início das operações da estrutura. Como é um documento que
envolve ações de diversos atores, incluindo o poder público e a população, sua modificação deve ser evitada,
visando a manutenção dos procedimentos definidos originalmente.
Comentários:
Novamente, faz sentido, mas não está certo.
A elaboração do PAE deve ser realizada antes do primeiro enchimento da barragem, visto que as situações
de emergência podem ocorrer desde o início das operações. (Certo)
Como é um documento que envolve ações de diversos atores, incluindo o poder público e a população, sua
modificação deve ser evitada, para que sejam mantidos dos procedimentos definidos originalmente.
(Incorreta). Não é bem assim. De nada adiantaria manter os procedimentos definidos inicialmente se eles
não são representativos da realidade. Após a elaboração do PAE, deve ser feita sua implementação e
avaliação quando a operacionalidade dos procedimentos definidos. A ANA exige que o PAE seja atualizado
anualmente, incluindo as seguintes informações: endereços, telefones e e-mails dos contatos contidos no
Fluxograma de Notificação, responsabilidades gerais no PAE, listagem de recursos materiais e logísticos
disponíveis a serem utilizados em situação de emergência e outras informações que tenham se alterado no
período. Por isso a assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
É defeso à Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) exigir que o Plano de Ação de Emergência
(PAE) esteja disponível na residência do coordenador do PAE.
Comentários:
Esta questão possui duas dificuldades. A primeira é o português e a segunda o conteúdo. Possivelmente, se
você não tem muito envolvimento com a área do direito, a definição do termo "defeso" não esteja tão clara.
Mas acredite, as bancas (principalmente o CEBRASPE) adoram colocar essa palavrinha para confundir ainda
mais os candidatos. Então vamos lá.
"Defeso" significa "proibido". Algo que é defeso significa algo que é vedado. Vamos substituir o sinônimo da
palavra defeso na assertiva e avaliar.
É vedado à Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) exigir que o Plano de Ação de Emergência
(PAE) esteja disponível na residência do coordenador do PAE.
Ficou mais fácil, não é? Mas vamos ver o que diz o Art. 26 da Resolução n° 236 de 30 de janeiro de 2017 da
ANA:

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Art. 26 O PAE, quando exigido, deverá estar disponível, além do estabelecido no artigo 9:
I – na residência do coordenador do PAE;
II – nas prefeituras dos municípios abrangidos pelo PAE;
III – nos organismos de Defesa Civil dos municípios e estados abrangidos pelo PAE;
IV – nas instalações dos empreendedores de barragens localizados na área afetada por um possível
rompimento.
Para informação, o artigo 9 da Resolução 236 informa que o PSB (Plano de Segurança da Barragem) deverá
estar disponível no próprio local da barragem, no escritório regional do empreendedor, caso exista, bem
como em sua sede. Como o PAE faz parte do PSB, se o PSB deverá estar disponível nesses locais, o PAE
também deverá.
Logo, não só não é defeso, como a ANA o faz. Por isso, a assertiva está incorreta.

Prezada(o) futura(o) servidor público,

Chegamos ao final desta aula. Parabéns por ter concluído o estudo deste material. A seguir,
você terá a oportunidade de praticar os conceitos abordados durante a aula, por meio da
resolução das questões discursivas e objetivas.

Espero que tenha sido uma aula agradável e que tenha contribuído para o seu
conhecimento sobre o tema. Após a primeira leitura deste material, pode parecer que
pouco foi absorvido. Releia os pontos marcados como mais importantes, mas não dê um
intervalo muito longo entre uma leitura e outra. A cada vez que você passar pelo conteúdo,
entenderá mais e conseguirá relacionar um tópico a outro. Esse é o processo do
conhecimento.

Bons estudo e uma excelente prova!

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5.3 – Inspeção

As inspeções de barragens são uma das ferramentas fundamentais na gestão da sua segurança e da sua
funcionalidade. A sua realização deve ser periódica e obedecer a uma metodologia específica. As inspeções
visam a verificação da condição visual da estrutura, sendo que algumas anomalias não identificadas pela
instrumentação podem ser percebidas durante a vistoria, devendo, nesse caso, proceder à manutenção
corretiva.

Objetiva avaliar as condições físicas das partes integrantes da barragem,


Inspeções visando a identificar e monitorar anomalias que afetem potencialmente
sua segurança.

Ao se inspecionar uma barragem, torna-se possível apontar, com a devida antecedência ou urgência, a
necessidade de reabilitar as barragens que estejam em risco de rompimento. A identificação desses riscos
possibilita a mitigação de danos e a redução dos prejuízos à vida humana, econômicos e ambientais.

As inspeções podem ser de rotina, regular ou especial. As inspeções de rotina são desenvolvidas,
geralmente, mensalmente, sendo mais rápidas que as demais. Nessas inspeções, objetiva-se detectar a
ocorrência de novas anomalias e acompanhar a evolução das registradas anteriormente. As inspeções
regulares são desenvolvidas com um grau de detalhamento maior, e com menor frequência que as de
rotina, sendo recomendada a realização de uma no início do período seco e outra no início do período
úmido.

As inspeções especiais são realizadas após um evento excepcional, como grandes cheias, subsidência de
terrenos, atos de sabotagem, entre outros. Nessas inspeções, devem ser verificados, mais detalhadamente,
todas as partes da barragem, incluindo o vertedouro e o pé de jusante da barragem. Além da sua realização
após eventos extremos, as inspeções de segurança especiais devem ser conduzidas em fases mais delicadas
dos empreendimentos, como, por exemplo, antes do primeiro enchimento, após a conclusão do seu
enchimento ou em situações de depleção rápida do reservatório.

Aspecto Inspeção de Segurança Regular Inspeção de Segurança Especial


QUEM DEVE REALIZAR Responsabilidade do empreendedor Responsabilidade do empreendedor.
OBJETIVO Manter o acompanhamento regular da Detectar a existência de anomalias e
estrutura e identificação de eventuais identificar perigos em potencial e
anomalias que possam comprometer a iminentes da barragem.
segurança da estrutura.

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