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A Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) foi estabelecida em 20 de setembro de 2010, por
meio da Lei 12.334. A referida Lei define segurança de barragem como sendo: "condição que vise a manter
a sua integridade estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio
ambiente".
Observe que pela definição dada, o termo segurança de barragem envolve não apenas a sua estabilidade
física, mas, também, deve envolver a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente.
Os objetivos da PNSB são elencados no seu Art. 3°, sendo reproduzidos a seguir:
Objetivos da PNSB
• GARANTIR a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a fomentar a
prevenção e a reduzir a possibilidade de acidente ou desastre e suas consequências;
• CRIAR condições para que se amplie o universo de controle de barragens pelo poder
público, com base na fiscalização, orientação e correção das ações de segurança;
Perceba que muito do conteúdo visto nesta aula é direcionado à segurança da barragem, o que vai de
encontro ao que é estabelecido como objetivos da PNSB. O Plano de Ação de Emergência, que faz parte da
PNSB será abordado detalhadamente no item a seguir.
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A importância desse documento é tamanha, que os órgãos fiscalizadores exigem que seja entregue uma
cópia do PAE aos órgãos de defesa civil e/ou na prefeitura dos municípios abrangidos nele.
O principal dispositivo legal relacionado ao PAE é a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB),
instituída pela Lei 12.334 de 20 de setembro de 2010. Esse dispositivo é lei federal e, portanto, deve ser
seguido por todos aqueles aos quais ela se aplica.
Além do referido dispositivo, a Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) elaborou o Manual
do Empreendedor Sobre Segurança de Barragens. O documento é composto por 8 volumes, sendo que o
volume IV trata de um Guia de Orientação e Formulários do Plano de Ação de Emergência. Apesar de não
possuir força de lei, não sendo, portanto, impositivo, o documento serve como referência, estabelecendo
orientações gerais quanto às metodologias e procedimentos a serem adotados pelos empreendedores.
A PNSB estabeleceu o PAE como parte de um dos seus fundamentos, conforme estabelecido no seu Art. 4°.
Observe que o PAE está relacionado às ações ou medidas que envolvem a população que seria impactada
pelos possíveis problemas gerados em uma ruptura hipotética. A participação da população pode ocorrer
de forma direta ou indireta e as ações são preventivas e emergenciais. Além disso, note que a população
deve ser considerada tanto na elaboração quanto na implantação do PAE. Tal aspecto é importante, pois,
além da elaboração do documento, é necessário que ele seja operacional, que seja útil para reduzir os
impactos dos possíveis danos que seriam gerados decorrentes do comprometimento da barragem, com sua
ruptura, por exemplo.
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O PAE deve estar contido no Plano de Segurança da Barragem (PSB), fazendo parte, portanto, dos
instrumentos da PNSB. Tal aspecto é importante, pois o PAE, dessa forma, é definido como sendo uma das
ferramentas pelas quais poderão ser alcançados os objetivos da PNSB.
No entanto, não são todas as situações em que o PAE é exigido no Plano de Segurança de Barragem. O PAE
é exigido para as barragens classificadas com DPA médio ou alto ou as barragens classificadas como de alto
risco, nesse último caso, a critério do órgão fiscalizador. Além desses requisitos, a elaboração do PAE passou
a ser obrigatória para todas as barragens destinadas à acumulação ou à disposição de rejeitos de mineração,
independentemente da sua classificação quanto ao DPA e ao risco.
VII - Plano de Ação de Emergência (PAE), exigido conforme o art. 11 desta Lei;
Art. 11. A elaboração do PAE é obrigatória para todas as barragens classificadas como de:
Os órgãos fiscalizadores de barragens são a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).
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• Fiscalização das barragens de usos múltiplos, nas quais a hidroleletricidade não é o principal
uso, quando essas barragens estiverem situadas em rios federais (quando situadas em rios
estadurais, são fiscalizadas pelos órgãos gestores de recursos hídricos).
Com relação às barragens reguladas pela ANA, a Resolução 236 de 30 de janeiro de 2017, alterada pela
Resolução ANA nº 121, de 9 de maio de 2022, aborda os critérios para os quais é exigida a elaboração do
PAE. De acordo com a referida resolução, é exigido o PAE para as barragens de classes A e B de acordo com
a matriz de classificação abaixo:
De acordo com a matriz de classificação, o PAE é exigido, para as barragens reguladas pela ANA, apenas
daquelas cujo DPA é alto ou médio. Dessa forma, se uma barragem é classificada com categoria de risco alto,
mas o DPA é baixo (Classe C na matriz de classificação), não é exigida a elaboração do PAE.
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O conteúdo do PAE varia de estudo para estudo. No entanto, a PNSB também estabeleceu o conteúdo
mínimo que esse documento deve conter. Assim, o empreendedor deve, obrigatoriamente, abordar,
minimamente, os 13 tópicos elencados na lei, ao elaborar o PAE.
Art. 12. O PAE estabelecerá as ações a serem executadas pelo empreendedor da barragem
em caso de situação de emergência, bem como identificará os agentes a serem notificados
dessa ocorrência, devendo contemplar, pelo menos:
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Da listagem acima, deu para perceber a complexidade do estudo, certo? A sua complexidade decorre de ser
um documento realizado de forma preliminar a uma situação hipotética. Além disso, o estudo deve abranger
todos os atores envolvidos no caso mais extremo de um dano na barragem, que geralmente é a sua ruptura
com liberação do material do reservatório.
Para melhor entendermos o conteúdo do PAE, vamos abordá-lo em quatro partes, que incluem a
identificação e análise das situações de emergência, os procedimentos para identificação e notificação do
problema, os procedimentos preventivos e corretivos e as estratégias e meio de divulgação e alerta.
A seguir, é apresentado um resumo sobre o conteúdo mínimo do PAE, procure memorizar os principais
pontos. Isso pode te ajudar tanto na prova objetiva, quanto numa eventual prova dissertativa que venha a
abordar o tema. Em seguida será detalhado cada um desses componentes do PAE.
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Conteúdo mínimo do
PAE
Do mau Da
Do empreendimento funcionamento Do acidente (desastre)
situação emergencial
A primeira etapa para se fazer um PAE é o conhecimento da origem ou causa do possível problema. No caso
da barragem, a elaboração do PAE requer que a estrutura seja descrita e analisada, incluindo as suas
estruturas associadas. A caracterização da barragem envolve, principalmente, sua identificação e
localização, a descrição geral, as características hidrológicas, geológicas e sísmicas, o reservatório, os
órgãos extravasores a instrumentação e os acessos à barragem. Devem ser incluídos, também, os recursos
materiais e logísticos na barragem, incluindo sistemas de iluminação e alimentação de energia, sala de
emergência e recursos materiais mobilizáveis em situação de emergência.
Nota-se que o PAE é um documento relacionado à situação atual da estrutura. Uma vez que as características
da Barragem são constantemente modificadas, sejam condições da estrutura ou os dados dos responsáveis,
é importante que o PAE seja periodicamente revisado, de forma que ele represente as circunstâncias de
operação e as condições de segurança. O empreendedor é o responsável pela emissão, revisão e atualização
do PAE, com frequência de atualização variável, a depender das exigências do órgão fiscalizador40.
Com relação à identificação e localização da barragem, devem ser inseridas informações de modo a
caracterizar a sua unicidade, como a denominação, códigos de sistema, dados do empreendedor,
coordenadas, endereço, classificação do risco, além de existência de barragem a jusante. A descrição geral
da barragem inclui suas características construtivas e geométricas, como o tipo, altura, capacidade de
40ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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As características hidrológicas, geológicas e sísmicas são importantes, por exemplo, para avaliar o tipo de
ruptura da barragem. Essas informações incluem hidrograma das cheias de projeto afluente e efluente,
sismos de projeto, características geológicas da fundação da barragem e suscetibilidade a escorregamentos
de taludes. Informações do reservatório incluem os níveis de água (normal, máximo maximorum, mínimo
operacional) e as cotas das estruturas (comportas, vertedouro, tomadas de água, descarregador de fundo).
Os órgãos extravasores que devem ser descritos incluem o vertedouro, o descarregador de fundo e as
tomadas de água, devendo conter informações quanto à localização, tipo, capacidade, entre outras
informações relevantes para caracterizar a estrutura.
É importante, também, inserir informações referentes aos acessos à barragem, visando favorecer as ações
de operação de equipamentos, avaliar condições operacionais, proceder ações de alerta ou até realizar
intervenções de emergência.
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Dados do
Acessos à empreendedor. Identificação e
Barragem. localização.
Dados da Descrição da
Instrumentação Barragem Barragem.
para o PAE
Informações do características
reservatório e hidrológicas,
órgãos geológicas e
extravasores. sísmicas.
A detecção e avaliação dos fatores que podem provocar danos à estrutura depende do monitoramento do
comportamento da estrutura, incluindo as grandezas de deformações, tensões, vazões, poropressões e
subpressões. Ao se monitorar a estrutura, torna-se possível avaliar as condições internas e externas à
barragem, as quais devem incluir ocorrências excepcionais naturais exteriores (ex: tempestade, sismos e
cheias) ocorrências excepcionais provocadas pelo homem (ex: guerra e sabotagem), circunstâncias
anômalas do comportamento da barragem, além das situações internas à barragem (ex: esvaziamento
rápido do reservatório).
Após detectar os fatores que podem provocar danos à estrutura, é importante fazer a classificação das
situações, o que deve considerar o comportamento da estrutura. Essa classificação refere-se a uma
graduação realizada das situações que podem comprometer a segurança da barragem e afetar as áreas a
jusante. Geralmente, essa classificação é feita em quatro níveis, que são: normal, atenção, alerta e
emergência, conforme definidos no quadro41 a seguir.
41ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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A classificação dos níveis de resposta da estrutura pode ser feita com base em indicadores quantitativos ou
qualitativos. Os medidores quantitativos estão relacionados às medições realizadas na estrutura através dos
sistemas de monitoramento tanto de observação da barragem quanto dos eventos externos (ex: eventos
hidrológicos e sísmicos). Os medidores qualitativos estão relacionados às deteriorações detectadas pelas
inspeções visuais da barragem (ex: fendilhação, infiltrações e deslocamentos).
O PAE deve prover tabelas para a interpretação desses indicadores sejam qualitativos ou quantitativos.
Sempre que possível os limites de cada nível (normal, atenção e alerta) devem ser definidos em função dos
indicadores quantitativos. Esses limites de indicadores de cada nível seriam definidos com base nos valores
medidos pela instrumentação, por exemplo, os valores do sismo, vazões e deslocamento abaixo dos quais se
classificaria como nível normal. Da mesma forma, definir intervalos de valores, medidos pela
instrumentação, para o sismo, vazões e deslocamentos que corresponderiam aos níveis atenção, alerta e
emergência.
Indicadores quantitativos
• São aqueles obitidos através da análise dos resultados da instrumentação.
• Ex: sismos, vazões, deslocamentos verticais, deslocamentos horizontais.
Indicadores qualitativos
• São aqueles obitidos com base na observação ou inspeção aos diferentes componentes da
estrutura.
• Detectáveis na inspeção da barragem: Ex: escorregamento de taludes, movimentos fissuras
e trincas, erosões, zonas úmidas e/ou surgências, inoperacionalidade e/ou funcionamento
deficiente da instrumentação.
• Detectáveis pela exploração do sistema de observação da barragem: incremento/diminuição
importante e inesperada níveis piezométricos.
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Finalmente, após a classificação dos níveis de resposta da estrutura, deve-se, também, indicar as ações
esperadas em cada nível. Dessa forma, para cada nível listado anteriormente (normal, atenção, alerta e
emergência) devem ser listadas as ações a serem implementadas pelo coordenador do PAE.
No contexto do PAE, o sistema de notificação consiste na especificação dos indivíduos e entidades a notificar
e a definição dos meios de comunicação. A notificação pode ser interna, quando se trata dos indivíduos
responsáveis pela operação e segurança da barragem, ou externa, quando se trata das entidades com
responsabilidades instituídas, como as entidades fiscalizadoras e o sistema de defesa civil. As entidades a
serem, obrigatoriamente, notificadas são o empreendedor, a entidade fiscalizadora e o sistema de defesa
civil (municipal, estadual e federal).
Visando possibilitar e facilitar a notificação, o PAE deve conter a definição de quem notifica e quem é
notificado, nomes e contatos dos intervenientes e organizações responsáveis e os meios de comunicação
entre o coordenador do PAE. Pode ser necessário, também, contatar os responsáveis pelas barragens a
montante e a jusante, além de outros órgãos como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), para obtenção de informações referentes a hidrometeorologia e a meteorologia.
Após a definição das entidades e agentes a serem notificados (e alertados) deve ser construído o fluxograma
de notificação, no qual são identificados aqueles que devem ser notificados em cada nível de resposta
(normal, atenção, alerta e emergência). Um exemplo de fluxograma de notificação é apresentado na Figura
34.
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42ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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Instrumentação e Deformações,
Fluxograma de monitoramento. tensões, vazões,
notificação. poropressões e
subpressões...
Identificação e
notificação dos Classificação em
Quem notifica e
danos e níveis: normal,
quem é notificado;
condições atenção, alerta e
Meios de notificação. potenciais de emergência.
ruptura
No PAE, a indicação dos procedimentos preventivos e corretivos deve incluir a indicação dos responsáveis
pelas ações de respostas às situações emergenciais identificadas nos cenários acidentais. Para isso, deve-se,
também, incluir o dimensionamento dos recursos humanos e materiais necessários para resposta ao pior
cenário identificado. Esse dimensionamento deve incluir o sistema de monitoramento e controle de
estabilidade da barragem integrado aos procedimentos emergenciais.
Nesse caso, para uma estrutura de DPA alto e Categoria de Risco alto, poderia ser previsto, por exemplo, um
sistema de videomonitoramento 24h por dia. Assim, devem ser previstos recursos humanos suficientemente
adequados para tal, incluindo substitutos para o responsável pelo monitoramento durante as suas ausências
(horário de almoço, ir ao banheiro...). As responsabilidades da equipe técnica dependem da estrutura
organizacional da empresa, sendo que estruturas mais simples podem ter um único encarregado da
barragem, enquanto estruturas mais complexas podem possuir diversos responsáveis, devendo todos eles
constarem no PAE.
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Responsabilidades do empreendedor
Já as responsabilidades do coordenador do PAE consistem na coordenação das ações descritas no PAE, como
pode ser verificado na própria denominação. É importante ressaltar, que o coordenador do PAE deve estar
sempre disponível para atuar, prontamente, nas situações de emergência relacionadas à barragem.
Para verificar a disponibilidade do coordenador, é comum que os ficais das agências reguladoras, durante as
ações de fiscalização, façam simulações, ligando para o número de telefone do coordenador do PAE, o qual
deve constar no documento. A responsabilidade desse profissional é tamanha, que pode ser exigido pelo
órgão fiscalizador que o PAE seja mantido até mesmo na residência do coordenador. Observe como a
Resolução n° 236 da ANA, que trata do PAE, define coordenador do PAE.
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VII - Coordenador do PAE: responsável por coordenar as ações descritas no PAE, devendo
estar disponível para atuar, prontamente, nas situações de emergência em potencial da
barragem, podendo ser o empreendedor ou pessoa designada por este;
Art. 26 O PAE, quando exigido, deverá estar disponível, além do estabelecido no artigo 9:
O artigo 9 da Resolução 236 informa que o PSB (Plano de Segurança da Barragem) deverá estar disponível
no próprio local da barragem, no escritório regional do empreendedor, caso exista, bem como em sua sede.
Como o PAE faz parte do PSB, se o PSB deverá estar disponível nesses locais, o PAE também deverá.
A responsabilidade das entidades externas INPE, CEMADEN e INMET estão relacionadas com a partilha de
informação no domínio de hidrometeorologia, da meteorologia e da sismologia, devendo essas
responsabilidades estarem descritas no PAE. Já as unidades fiscalizadoras são aquelas que estão usualmente
envolvidas no controle de segurança das barragens.
Por fim, as responsabilidades da defesa civil estão relacionadas com o alerta, a evacuação e a sensibilização
e educação das pessoas nos aspectos relacionados à atuação em emergência. O Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil é constituído por órgãos das esferas municipal, estadual e federal. Vale ressaltar que
o PAE deve prever a implementação de medidas específicas para resgatar atingidos, pessoas e animais, para
mitigar impactos ambientais, para assegurar o abastecimento de água potável e para resgatar e
salvaguardar o patrimônio cultural. Essas ações devem ser elaboradas em articulação com o poder público.
Depende da estrutura
Responsabilidades do
organizacional da
empreendedor.
empresa.
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A divulgação e alerta se referem à estratégia e ao meio utilizados para que as informações cheguem às
comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência.
No PAE, o sistema de alerta é estabelecido por meio da comunicação entre os agentes responsáveis pela
operação e segurança da barragem e a população em risco na ZAS. Os meios de alerta incluem alarmes
domésticos, por meio de telefones fixos e celulares, os alarmes públicos, utilizando sirenes fixas e
megafones em viaturas móveis, os meios de comunicação social, por meio de boletins de rádio e televisão
e a publicação e afixação de comunicados de alertas. Podem, também, ser utilizados avisos pessoais "porta
a porta". O meio adotado depende da extensão da zona afetada, tipo, dimensão e dispersão geográfica da
população potencialmente afetada.
Em alguns setores mais próximos da barragem, a jusante, o tempo disponível para a atuação dos agentes da
defesa civil é escasso e, por isso, as próprias pessoas são responsáveis por se salvarem. Esses setores são
denominados de Zona de Autossalvamento (ZAS), sendo que, nesse caso, o sistema de alerta à população é
de responsabilidade do empreendedor. Dependendo da classificação da barragem, alguns órgãos
fiscalizadores exigem que sejam instalados sistemas de sirenes automatizadas para alerta à população da
ZAS, sendo que o mapa de localização dessas sirenes é um dos componentes que devem constar no PAE.
Para o sistema de alarme que não é automatizado, deve ser previsto no PAE as atribuições dos envolvidos
no sistema de alerta e o fluxograma de acionamento.
Para a determinação da estratégia de divulgação e alerta, é de fundamental importância que seja realizada
a delimitação da Zona de Autossalvamento e da Zona de Segurança Secundária (ZSS), sendo que essa última
é o trecho constante do mapa de inundação, não definida como ZAS. Portanto, um dos produtos que devem
constar no PAE é o mapa de inundação.
O mapa de inundação é um dos produtos obtidos no estudo de ruptura hipotética, e representa as áreas
potencialmente afetadas por eventual vazamento ou ruptura da barragem e seus possíveis cenários
associados. Para a escala do mapa é recomendável43 a utilização de cartografia 1:25000, podendo dar maior
detalhe para as zonas urbanas e industriais. A critério do órgão fiscalizador, poderão ser apresentados
estudos simplificados para a elaboração do mapa de inundação, o que, geralmente, está condicionado às
características da barragem, como altura e capacidade do reservatório. Observe como esse aspecto é
abordado na Resolução n° 236 da ANA.
43ANA, Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens, Volume IV, Gua de Orientação e Formulários do Plano de Ação
de Emergência - PAE, Brasília, DF, 2016
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Após a validação do mapa de inundação, pode ser exigido pelo órgão fiscalizador, a obrigatoriedade de que
o empreendedor realize seminários orientativos anuais, nos quais devem participar as prefeituras, os
organismos de defesa civil, a equipe de segurança da barragem, demais empregados do empreendimento,
população compreendida na ZAS e a população compreendida na ZSS.
Ressalta-se que o mapa de inundação deve ser alterado, quando da revisão do PAE, podendo, inclusive, ser
necessária a elaboração de novo mapa de inundação, o que pode resultar na maior ou menor mancha de
inundação, inclusive relacionado à abrangência da ZAS.
Para possibilitar a divulgação e alerta, o PAE deve contar com plano de comunicação, o qual deve incluir os
contatos dos responsáveis pelo PAE no empreendimento, da prefeitura municipal, dos órgãos de segurança
pública e de proteção e defesa civil, das unidades hospitalares mais próximas e das demais entidades
envolvidas.
Estratégia e meio
utilizados. Ruptura hipotética e
Plano de comunicação.
mapa de inundação.
Levantamento
Atualização do mapa
cadastral e
de inundação.
mapeamento.
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Após a elaboração do PAE, deve ser feita a sua implementação, que consiste nos treinamentos e divulgação
para os envolvidos e para as comunidades potencialmente afetadas, com realização de exercícios e
simulados periódicos. Deve ser avaliada a conformidade do PAE aos dispositivos da legislação e avaliar se os
procedimentos descritos no PAE são de fato aplicáveis ou operacionais em uma situação de emergência.
Como resultado desses exercícios e avaliações, pode ser identificada a necessidade de atualização do PAE
ou a sua aprovação.
Os treinamentos internos são simulações de uma emergência real. O objetivo da realização desses
treinamentos é de contribuir para manter o estado de prontidão, de todos os agentes envolvidos, pois
permite que os envolvidos tenham uma maior familiarização com os seus elementos e atribuições inerentes
ao PAE.
A periodicidade da realização dos exercícios e simulados é definida pelo órgão fiscalizador. Para a ANA, o
prazo para a realização dos treinamentos internos é de no máximo a cada dois anos. Já para a ANM, esse
prazo é de no máximo 6 meses.
ANM:
ANA:
Máximo a cada 6
Máximo a cada 2 anos
meses
Os exercícios expositivos internos são realizados em salas de treinamento, nos quais são
feitas apresentações para explicação dos procedimentos descritos no PAE. Os exercícios
de fluxo de notificações internos são conduzidos pelo empreendedor, e o objetivo é de
testar os procedimentos de notificação interna presentes no PAE.
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A resolução dispõe que se pode optar entre os exercícios de simulados internos hipotético
e prático, sendo que o exercício prático deve ser realizado pelo menos uma vez durante o
ano para possibilitar a avaliação da sua operacionalidade.
Para a validação do PAE, pode ser exigida, pelo órgão fiscalizador, a sua avaliação por uma equipe externa
à empresa, e, ainda, que essa equipe seja diferente da equipe que elaborou o PAE. Tais critérios fornecem
maior imparcialidade nessas avaliações. Tal imposição é realizada pela ANM, que, além de exigir a avaliação
do PAE por uma equipe externa, também exige que seja realizado um Relatório de Conformidade e
Operacionalidade (RCO) além de uma Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do PAE.
Após a realização dos treinamentos internos e avaliação dos procedimentos, podem ser necessárias
atualizações no PAE. A atualização desse documento é de responsabilidade do empreendedor, devendo,
inclusive, ser feita a divulgação da atualização e a substituição das versões disponibilizadas ao coordenador
do PAE, às prefeituras municipais, aos organismos de Defesa Civil dos municípios e estados abrangidos pelo
PAE e às instalações dos empreendedores de barragens localizados na área afetada por um possível
rompimento.
A frequência de atualização do PAE é exigida pela ANA como sendo anualmente, já a ANM condiciona a
atualização do PAE a diversos fatores. veja:
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Treinamento e
Responsabilidade divulgação. Treinamentos
do empreendedor. internos .
Implementaç Entidades
Atualização do PAE. ão do PAE fiscalizadoras.
Periodicidade dos
Avaliação do PAE. treinamentos
internos.
Este conteúdo de Plano de Ação de Emergência é muito específico, e, por isso, não há muitas questões de
concurso abordando o tema. Para ajudar na memorização, preparei algumas questões, disponibilizadas a
seguir, bem como ao final deste material, na lista de questões comentadas.
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(CEBRASPE/ANM - 2022) Com base na legislação e nas normas adotadas pela ANM no que se refere a
barragens, julgue os itens que se seguem.
O empreendedor responsável por emitir a avaliação de conformidade e operacionalidade do plano de ação
de emergência para barragem de mineração (PAEBM) de uma barragem deverá realizar, a cada seis meses,
treinamento externo de segurança de barragens para a população compreendida na zona de
autossalvamento (ZAS).
Comentários:
Esta questão é específica da legislação da ANM, logo, não será abordada na sua prova. No entanto, esta
questão foi mantida no seu material com os seguintes objetivos: percepção de como esse conteúdo pode
ser cobrado, familiarização com as pegadinhas da banca e memorização do conteúdo da aula.
Respondendo:
O PAE deve ser elaborado e implementado. Na implementação, deve ser feita a sua avaliação quanto à
conformidade à legislação e sua aplicabilidade em situações de emergência, por isso, a legislação da ANM
prevê que seja elaborada a Avaliação de conformidade e operacionalidade (ACO) do PAE.
A implementação do PAE, também requer que sejam elaborados treinamentos internos regularmente, que,
no caso da ANM, o prazo é de no máximo a cada seis meses. No entanto esse treinamento pode ser
hipotético (na sala) ou prático (externo), podendo o empreendedor escolher qual fazer, desde que seja
realizado o treinamento externo pelo menos uma vez por ano para a emissão da DCO.
Para a ANA, esse prazo é de no máximo a cada 2 anos.
Com base no exposto, a assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
O Plano de Ação de Emergência faz parte dos fundamentos e dos instrumentos da Política Nacional de
Segurança de Barragem. A elaboração e implementação desse documento têm como objetivo atenuar as
consequências em uma situação de desastre relacionada ao mau funcionamento da estrutura. Por isso, sua
elaboração deve ser genérica, não considerando as condições específicas da estrutura, para que seja possível
abranger todos os problemas relacionados à barragem.
Comentários:
Faz sentido, mas não está certo. Observe que a questão tenta nos induzir ao erro, colocando algumas
informações verdadeiras e depois uma falsa. Essa é uma tática psicológica, não caia. Avalie cada afirmativa
separada e pacientemente. Veja:
O Plano de Ação de Emergência faz parte dos fundamentos e dos Instrumentos da Política Nacional de
Segurança de Barragem. (Certo)
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A elaboração e implementação desse documento têm como objetivo atenuar as consequências em uma
situação de desastre relacionada ao mau funcionamento da barragem. (Certo)
Por isso, sua elaboração deve ser genérica, não considerando as condições específicas da estrutura, para que
seja possível abranger todos os problemas relacionados à barragem. (Errado) Pelo contrário, a elaboração
do PAE deve levar em consideração os aspectos específicos de cada estrutura, por exemplo, nos estudos de
ruptura hipotética, para que seja o mais representativo de uma situação de emergência real. Por isso a
assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
A elaboração do PAE deve ser realizada antes do primeiro enchimento da barragem, visto que as situações
de emergência podem ocorrer desde o início das operações da estrutura. Como é um documento que
envolve ações de diversos atores, incluindo o poder público e a população, sua modificação deve ser evitada,
visando a manutenção dos procedimentos definidos originalmente.
Comentários:
Novamente, faz sentido, mas não está certo.
A elaboração do PAE deve ser realizada antes do primeiro enchimento da barragem, visto que as situações
de emergência podem ocorrer desde o início das operações. (Certo)
Como é um documento que envolve ações de diversos atores, incluindo o poder público e a população, sua
modificação deve ser evitada, para que sejam mantidos dos procedimentos definidos originalmente.
(Incorreta). Não é bem assim. De nada adiantaria manter os procedimentos definidos inicialmente se eles
não são representativos da realidade. Após a elaboração do PAE, deve ser feita sua implementação e
avaliação quando a operacionalidade dos procedimentos definidos. A ANA exige que o PAE seja atualizado
anualmente, incluindo as seguintes informações: endereços, telefones e e-mails dos contatos contidos no
Fluxograma de Notificação, responsabilidades gerais no PAE, listagem de recursos materiais e logísticos
disponíveis a serem utilizados em situação de emergência e outras informações que tenham se alterado no
período. Por isso a assertiva está incorreta.
(Inédita - 2024) Com base no Plano de Ação de Emergência, julgue o item que se segue.
É defeso à Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) exigir que o Plano de Ação de Emergência
(PAE) esteja disponível na residência do coordenador do PAE.
Comentários:
Esta questão possui duas dificuldades. A primeira é o português e a segunda o conteúdo. Possivelmente, se
você não tem muito envolvimento com a área do direito, a definição do termo "defeso" não esteja tão clara.
Mas acredite, as bancas (principalmente o CEBRASPE) adoram colocar essa palavrinha para confundir ainda
mais os candidatos. Então vamos lá.
"Defeso" significa "proibido". Algo que é defeso significa algo que é vedado. Vamos substituir o sinônimo da
palavra defeso na assertiva e avaliar.
É vedado à Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) exigir que o Plano de Ação de Emergência
(PAE) esteja disponível na residência do coordenador do PAE.
Ficou mais fácil, não é? Mas vamos ver o que diz o Art. 26 da Resolução n° 236 de 30 de janeiro de 2017 da
ANA:
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Art. 26 O PAE, quando exigido, deverá estar disponível, além do estabelecido no artigo 9:
I – na residência do coordenador do PAE;
II – nas prefeituras dos municípios abrangidos pelo PAE;
III – nos organismos de Defesa Civil dos municípios e estados abrangidos pelo PAE;
IV – nas instalações dos empreendedores de barragens localizados na área afetada por um possível
rompimento.
Para informação, o artigo 9 da Resolução 236 informa que o PSB (Plano de Segurança da Barragem) deverá
estar disponível no próprio local da barragem, no escritório regional do empreendedor, caso exista, bem
como em sua sede. Como o PAE faz parte do PSB, se o PSB deverá estar disponível nesses locais, o PAE
também deverá.
Logo, não só não é defeso, como a ANA o faz. Por isso, a assertiva está incorreta.
Chegamos ao final desta aula. Parabéns por ter concluído o estudo deste material. A seguir,
você terá a oportunidade de praticar os conceitos abordados durante a aula, por meio da
resolução das questões discursivas e objetivas.
Espero que tenha sido uma aula agradável e que tenha contribuído para o seu
conhecimento sobre o tema. Após a primeira leitura deste material, pode parecer que
pouco foi absorvido. Releia os pontos marcados como mais importantes, mas não dê um
intervalo muito longo entre uma leitura e outra. A cada vez que você passar pelo conteúdo,
entenderá mais e conseguirá relacionar um tópico a outro. Esse é o processo do
conhecimento.
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5.3 – Inspeção
As inspeções de barragens são uma das ferramentas fundamentais na gestão da sua segurança e da sua
funcionalidade. A sua realização deve ser periódica e obedecer a uma metodologia específica. As inspeções
visam a verificação da condição visual da estrutura, sendo que algumas anomalias não identificadas pela
instrumentação podem ser percebidas durante a vistoria, devendo, nesse caso, proceder à manutenção
corretiva.
Ao se inspecionar uma barragem, torna-se possível apontar, com a devida antecedência ou urgência, a
necessidade de reabilitar as barragens que estejam em risco de rompimento. A identificação desses riscos
possibilita a mitigação de danos e a redução dos prejuízos à vida humana, econômicos e ambientais.
As inspeções podem ser de rotina, regular ou especial. As inspeções de rotina são desenvolvidas,
geralmente, mensalmente, sendo mais rápidas que as demais. Nessas inspeções, objetiva-se detectar a
ocorrência de novas anomalias e acompanhar a evolução das registradas anteriormente. As inspeções
regulares são desenvolvidas com um grau de detalhamento maior, e com menor frequência que as de
rotina, sendo recomendada a realização de uma no início do período seco e outra no início do período
úmido.
As inspeções especiais são realizadas após um evento excepcional, como grandes cheias, subsidência de
terrenos, atos de sabotagem, entre outros. Nessas inspeções, devem ser verificados, mais detalhadamente,
todas as partes da barragem, incluindo o vertedouro e o pé de jusante da barragem. Além da sua realização
após eventos extremos, as inspeções de segurança especiais devem ser conduzidas em fases mais delicadas
dos empreendimentos, como, por exemplo, antes do primeiro enchimento, após a conclusão do seu
enchimento ou em situações de depleção rápida do reservatório.
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