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Camarão - Art. 23
Camarão - Art. 23
)
COMENTÁRIOS À LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: LEI Nº 14.133, DE 1º DE ABRIL DE 2021 – Vol. 1
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TATIANA CAMARÃO
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1
Art. 11, III – evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento
na execução dos contratos.
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Acerca do tema, vale alertar, ainda, que um objeto com especificação incorreta
impacta a pesquisa de preços, tanto em virtude do detalhamento desnecessário de
requisitos quanto pela omissão de informações, podendo levar ao direcionamento do
processo licitatório, resultando em contratações contrárias à demanda apresentada ou
mesmo antieconômicas, por induzirem a custos mais elevados ou abaixo do que os
praticados pelo mercado.2
Nesse diapasão é o entendimento das Cortes de Contas.
2
100. Feitas essas considerações, cumpre registrar que o exame dos processos de contratação analisados em
campo evidenciou diversas falhas na definição e/ou na caracterização do objeto contratado, potencialmente
conduzindo a Administração à prática de atos antieconômicos. (Acórdão TCU nº 54/2012 – Plenário).
3
Acórdão TCU nº 54/2012 – Plenário.
4
10.1 Determinar ao (...) que: c) realize o planejamento prévio de seus gastos anuais, de modo a evitar o
fracionamento de despesas de mesma natureza, a fim de não extrapolar os limites estabelecidos nos artigos
23, §2º, e 24, inciso II, da Lei nº 8.666/93, observando que o valor limite para as modalidades licitatórias é
cumulativo ao longo do exercício financeiro; (Acórdão TCU nº 1.084/2007 – Plenário).
5
ZYMLER, Benjamin; CANABRAVA DIOS, Laureano. Regime Diferenciado de Contratação – RDC. 3. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2014. p. 53.
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Portanto, é fundamental que seja feito o estudo técnico preliminar para identificar
as soluções viáveis, devendo as informações da contratação ser lançadas no termo de
referência.
Nesse contexto, cite-se acórdão do TCU:
2.43. Recomendar ao (...) que, nas futuras contratações de bens e serviços de tecnologia
da informação:
i. aprimore os mecanismos de controle do Processo de Planejamento de Contratação, a fim
de detectar erros na elaboração da pesquisa de preços e garantir, efetivamente, o confronto
dos valores cotados com aqueles praticados com outros órgãos da Administração, a fim
de validar os valores aceitos na contratação.
6
Acórdão TCU nº 11.535/2020 – Segunda Câmara.
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Para além das vantagens apontadas, o catálogo pode servir como documento
estratégico para consulta de valores mercadológicos, constando o último valor em vigor
no órgão ou entidade pública contratante.
Oportuno asseverar que o catálogo deverá descrever com precisão os objetos com
as condições básicas necessárias. A indicação de código com abrangência de itens pode
induzir o cotista e fornecedor a erro e a atos antieconômicos. Aliás, o cotista deverá ter
atenção ao item do catálogo descrito pela área demandante. O TCU teve a oportuni-
dade de analisar uma licitação com esse tipo de vício. Na contratação analisada, a área
requisitante indicou o código do Catmat genérico (conjunto de mesas de escritório,
nome da mesa de escritório/acessório/componente) para adquirir gabinetes modulares
de arquivo deslizante. A pesquisa de preços, por óbvio, ficou comprometida. (Acórdão
nº 693/2013 – Plenário).
Disso temos, embasados na orientação do TCU,7 que para utilizar o Catmat, que
é um módulo do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e per-
mite a catalogação dos materiais destinados às atividades fins e meios da Administração
Pública, faz-se necessário que o usuário, antes de promover a licitação, pesquise nos
catálogos (Catmat ou Comprasnet) se o item desejado está registrado. Se estiver, deve
utilizar o código correspondente, caso contrário, deve solicitar a inclusão de novo item
no Catmat.
7
Acórdão TCU nº 693/2013 – Plenário.
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1.5.1.1. Aprimore a metodologia de pesquisa de preços de mercado, atentando, entre outros aspectos, para a
necessidade de definir precisamente as características e os quantitativos do objeto a ser licitado, de modo a obter
preços estimados próximos à realidade de mercado, em atenção ao art. 9º, §2º do Decreto nº 5.450/2005, evitando
discrepâncias significativas entre o valor orçado e o efetivamente licitado, observadas nos Pregões Eletrônicos
nº 28/2012, 29/2012, 30/2012, 31/2012, 36/2012, 38/2012 e 50/2012, todos da UASG 550005. (Acórdão TCU nº
2.908/2013 – 2ª Câmara).
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órgão ou a entidade pública. Para tanto, na fase de coleta devem constar os parâmetros
mínimos de qualidade a serem atendidos, relacionados aos custos indiretos da contra-
tação, como, por exemplo, despesas de manutenção, utilização, reposição, depreciação,
custos de desfazimento dos bens e resíduos e impacto ambiental, entre outros fatores.
Sob essa perspectiva, esclarece Benjamin Zymler e Laureano Canabarro Dios:
Trata-se de procedimento já adotado no setor privado, mas sem aplicação até agora no
setor público diante da falta de previsão legal. Assim, quando da aquisição de deter-
minado equipamento, poderão ser trazidos para o valor presente os gastos estimados
com manutenção e/ou operação – v.g., consumo de combustível – durante determinado
período de tempo e adicionados ao custo de aquisição. Ganhará a licitação pelo menor
preço aquele produto que apresentar o menor resultado da soma do valor de aquisição e
custos de manutenção/operação. Ou seja, paradoxalmente, aquele cujo custo de aquisição
é menor poderá ser menos vantajoso economicamente em razão dos custos elevados de
manutenção/operação.9
No mesmo sentido, Luiz Fernando Biasi Staskowian discorre com absoluta razão:
9
ZYMLER, Benjamin; CANABRAVA DIOS, Laureano. Regime Diferenciado de Contratação – RDC. 3. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2014. p. 46.
10
HARGER, Marcelo (Coord.). Aspectos Polêmicos sobre a Nova lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei nº
14.133/21. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2022. p. 287.
11
Texto extraído do livro de Henrique Campolina, em fase de finalização.
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01. Por fim, trago excerto do Voto condutor do Acórdão nº 2170/2007-TCU-Plenário (Rel.
Min. Ubiratan Aguiar), o qual elencou exemplos de fontes de pesquisa de preços, in verbis:
‘Esse conjunto de preços ao qual me referi como ‘cesta de preços aceitáveis’ pode ser oriun-
do, por exemplo, de pesquisas junto a fornecedores, valores adjudicados em licitações
12
Acórdão TCU nº 265/2010.
13
[...] ausência de orçamento do objeto a ser contratado com base em uma “cesta de preços aceitáveis”, oriunda, por
exemplo, de pesquisas junto à cotação específica com fornecedores, pesquisa em catálogos com fornecedores,
pesquisa em bases de sistema de compras, avaliação de contratos recentes ou vigentes, valores adjudicados em
licitações de outros órgãos públicos, valores registrados em atas de RP e analogia com compras/contratações
realizadas por corporações privadas, expurgados os valores que manifestamente não representem a realidade
do mercado e, ainda, devidamente detalhado a ponto de expressar a composição de todos os custos unitários.
(TCU, Acórdão nº 5.323/2010 – Primeira Câmara).
14
Recomendamos leitura do Manual de orientação de pesquisa de preços do STJ. (BRASIL. Superior Tribunal de
Justiça. Secretaria de Controle Interno. Manual de orientação: pesquisa de preço. Disponível em: https://www.
stj.jus.br/static_files/STJ/Licita%C3%A7%C3%B5es%20e%20contas%20p%C3%BAblicas/Manual%20de%20
pesquisa%20de%20pre%C3%A7o/manual_de_orientacao_de_pesquisa_de_precos.pdf. Acesso em 25 ago.
2021).
15
Acórdão TCU nº 819/2009.
16
Irregularidade: pesquisa de preços restrita à consulta a fornecedores, deixando de incluir contratações realizadas
por outros órgãos e não refletiu o objeto contratado devido às alterações realizadas posteriormente com
a inclusão de novo prazo de garantia (o período de garantia impacta a formação de preço de bens de TI),
sendo que no caso concreto houve uma redução significativa de 48 para doze meses e modificação do prazo
de vigência do contrato de 30 (trinta) meses de vigência para 24 (vinte e quatro), o que deveria ter ensejado a
realização de nova pesquisa de preços e realização de pregão na forma presencial. (Acórdão TCU nº 3.059/2020).
17
As estimativas de preços prévias às licitações devem estar baseadas em cesta de preços aceitáveis, tais como
os oriundos de pesquisas diretas com fornecedores ou em seus catálogos, valores adjudicados em licitações de
órgãos públicos, sistemas de compras (Comprasnet), valores registrados em atas de SRP, avaliação de contratos
recentes ou vigentes, compras e contratações realizadas por corporações privadas em condições idênticas ou
semelhantes. (Acórdão TCU nº 2.637/2015 – Plenário).
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1.5.4. Dar ciência (...) de que: (...) 1.5.4.2. Os certames licitatórios, ante o disposto nos arts.
26, parágrafo único, incisos II e III, e 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, assim como no art.
3º, inciso XI, do Decreto nº 10.024, de 20.09.2019, devem ser precedidos de pesquisa de
preços com base em cesta de preços aceitáveis, tais como os oriundos de pesquisas dire-
tas com fornecedores ou em seus catálogos, valores adjudicados em licitações de órgãos
públicos, sistemas de compras (Comprasnet), valores registrados em atas do Sistema de
Registros de Preços, avaliação de contratos recentes ou vigentes e compras e contratações
realizadas por corporações privadas em condições idênticas ou semelhantes.18
Enfim, há que se fazer uma coleta ampla, com o maior número possível de in-
formações, voltada a refletir com qualidade o valor do mercado.19 20
Por todo o exposto, é de se ter em conta que o mais acertado é a pesquisa merca-
dológica ser abrangente, efetiva e parametrizada em várias fontes, para melhor refletir
o mercado, sendo recomendado regulamentar esse procedimento.
18
Acórdão TCU nº 817/2021 – Plenário.
19
A unidade instrutora apresenta, ainda, um comparativo de valores de outras licitações, o qual indica a possível
existência de sobrepreço em diversos itens registrados, da ordem de até 300% em alguns casos. Além da
baixa competitividade, menciona, como possível causa do suposto sobrepreço, a baixa qualidade da pesquisa
realizada pelo órgão. (Acórdão TCU nº 4530/2020).
20
2.3.6. Comprovar a vantajosidade/economicidade da composição dos grupos do Pregão Eletrônico – SRP
nº 4/2020, apresentando os fundamentos dos estudos de mercado realizados, de modo a demonstrar os
fornecedores aptos a atendê-la nos conjuntos definidos pelos respectivos agrupamentos, e não apenas em
itens individuais, uma vez que os grupos reúnem itens heterogêneos que, em princípio, poderiam ser licitados
separadamente, a fim de melhor aproveitar as particularidades do mercado, conforme preceitua o art. 15, inciso
IV, da Lei nº 8.666/1993 e a Súmula nº 247 do TCU (Acórdão TCU nº 4530/2020).
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A mediana, que identifica o valor central do universo amostral, e a média, que utiliza todos
os valores em sua base de cálculo, são métodos previstos nas INs, nºs 73/2020 e 65/2021
para obtenção do preço estimado. Porém, uma dúvida recorrente dos agentes públicos
repousa no momento de suas escolhas.
Quando a amostragem é mais homogênea, ambos métodos tendem a retornar valores
próximos. Contudo, em dados mais heterogêneos, quando não é possível descartar, de
imediato, valores inexequíveis, inconsistentes e excessivamente elevados, a adoção da
mediana é mais indicada que a média, uma vez que seu cálculo buscará o preço central
e valores muito altos ou baixos não interferirão em seu resultado.22
Existem outras técnicas (média ponderada, média saneada e outras) que podem ser uti-
lizadas, desde que devidamente justificadas pela autoridade competente. É importante
ressaltar que o emprego de qualquer que seja a metodologia não pode suceder em equívoco
ou levar a resultado diverso do fim almejado em lei.23
21
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Secretaria de Controle Interno. Manual de orientação: pesquisa de
preço. Disponível em: https://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Licita%C3%A7%C3%B5es%20e%20contas%20
p%C3%BAblicas/Manual%20de%20pesquisa%20de%20pre%C3%A7o/manual_de_orientacao_de_pesquisa_
de_precos.pdf. Acesso em 25 ago. 2021.
22
Trecho do livro “Pesquisa mercadológica”, em fase de produção.
23
Cf.: Prestação de serviços de limpeza, asseio e conservação: Ministério do Desenvolvimento, Orçamento e
Gestão. SEGES – Secretaria de Gestão, Brasília, 2017. (Caderno de Logística; Contratações públicas sus- tentáveis).
24
Acórdão TCU nº4952/2012 – Plenário.
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9.2.1. A necessidade de adoção de medidas com vistas a obter uma avaliação real e fidedigna
do valor de mercado dos bens e serviços de TI a serem licitados, realizando estimativas
que considerem, além de pesquisa de preços junto a fornecedores, outras fontes, como, por
exemplo, contratações em outros órgãos e entidades da Administração Pública, conforme
previsto no art. 15, inciso V, §1º, c/c o art. 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993.25
25
Acórdão TCU nº 299/2011 – Plenário.
26
A estimativa que considere apenas cotação junto a fornecedores pode apresentar preços superestimados, uma
vez que as empresas não têm interesse em revelar, nessa fase, o real valor a que estão dispostas a realizar o
negócio. Os fornecedores têm conhecimento de que o valor informado será usado para a definição do preço
máximo que o órgão estará disposto a pagar e os valores obtidos nessas consultas tendem a ser superestimados.
(Acórdão TCU nº 299/2011 – Plenário).
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Tal fato acabou por gerar distorções frequentes nas pesquisas, prejudicando a
sua real finalidade, já que o dimensionamento econômico realizado para aferir a des-
pesa não espelha o mercado, o que levou o Tribunal de Contas da União a mudar sua
orientação e a recomendar uma pesquisa mais abrangente com consulta a outras fontes
(Acórdão nº 265/2010 – Plenário).28
Com efeito, se esse parâmetro for adotado, há que se tomar algumas cautelas:
27
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Guia de boas práticas em contratação de soluções de tecnologia da informação
– 1ª edição. 06 dez. 2012. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/guia-de-boas-praticas-em-
contratacao-de-solucoes-de-tecnologia-da-informacao-1-edicao.htm. Acesso em 10 set. 2021.
28
c) realize uma detalhada estimativa de preços com base em pesquisa fundamentada em informações de diversas
fontes propriamente avaliadas. (Acórdão TCU nº 265/2010 – Plenário).
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Vale destacar que, no caso de fiscalização dos órgãos de controle interno e ex-
terno, o registro desses dados no processo é importante para efeito de comprovação
da realização da coleta.
Por fim, cumpre destacar que a Instrução normativa SEGES/ME nº 65, a qual
dispõe sobre o procedimento administrativo para a realização de pesquisa de preços
para aquisição de bens e contratação de serviços em geral, no âmbito da Administração
Pública federal direta, autárquica e fundacional, prevê, em seu art. 5º, IV, que a pesquisa
direta com, no mínimo, 3 (três) fornecedores, deverá ser feita mediante solicitação formal
de cotação, por meio de ofício ou e-mail, desde que seja apresentada justificativa da
escolha desses fornecedores e que não tenham sido obtidos os orçamentos com mais de
6 (seis) meses de antecedência da data de divulgação do edital. Essa orientação exclui
a possibilidade da consulta ser realizada por telefone.
O dispositivo, portanto, estabeleceu uma hierarquia entre as fontes dos preços itens unitá-
rios de uma obra ou serviço de engenharia consideradas legítimas para fins de elaboração
do orçamento estimado da contratação: primeiro, devem ser utilizados valores iguais ou
menores do que a média dos valores constantes nas tabelas SICRO (Sistema de Custos
29
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Obras públicas. 4. ed. Brasília: TCU, 2014. Disponível em: https://portal.
tcu.gov.br/data/files/1E/26/8A/06/23DEF610F5680BF6F18818A8/Obras_publicas_recomendacoes_basicas_
contratacao_fiscalizacao_obras_edificacoes_publicas_4_edicao.PDF. Acesso em 10 set. 2021.
371
[...] utilize, nas licitações para obras e serviços de engenharia, os sistemas oficiais para
apuração do valor do objeto licitado, tais como SICRO ou SINAPI, em observância ao
disposto no art. 115 da Lei nº 11.439/2006 (LDO/2007), de forma a evitar-se consultas
prévias de preços de mercado junto a empresas que poderão participar do certame, com
evidentes prejuízos ao princípio constitucional da isonomia, previsto no art. 3º da Lei nº
8.666/93, o qual assegura a igualdade de condições a todos os concorrentes, prevista no
inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal. (Acórdão TCU nº 1191/2007 – Plenário).
Nas obras e serviços de engenharia, portanto, a fundamentação dos preços-base dos ins-
trumentos convocatórios deve replicar os custos presentes naqueles sistemas oficiais. As
pesquisas de preço devem ser utilizadas unicamente quando não existente determinado
insumo ou serviços naqueles paradigmas legais – caso em que deverão ser apresentadas,
no mínimo, três propostas. Quando existir comprovada inexatidão no valor oferecido
naqueles sistemas, também se admite a pesquisa, acompanhado de documentação hábil
30
HARGER, Marcelo (Coord.). Aspectos Polêmicos sobre a Nova lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei nº
14.133/21. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2022. p. 134.
372
31
CAMPELO, Valmir; CAVALCANTE, Rafael Jardim. Obras públicas comentários à jurisprudência do TCU. 4. ed.
Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 605.
32
CAMPELO, Valmir; CAVALCANTE, Rafael Jardim. Obras públicas comentários à jurisprudência do TCU. 4. ed.
Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 605.
373
33
Os enunciados estão disponíveis para consulta no Portal do CJF, por meio do link: BRASIL. Conselho da
Justiça Federal. I Simpósio de Licitações e contratos da Justiça Federal. Enunciados aprovados. 2022. Disponível
em: https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/
cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/licita-contat-jf. Acesso em 17
mar. 2023.
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A pesquisa de preços que antecede a elaboração do orçamento de licitação demanda avaliação crítica dos
valores obtidos. (TCU. Acórdão nº 403/2013-Primeira Câmara).
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Cotação de preços realizada pela unidade de compras, sem análise crítica dos preços inexequíveis ou excessivos
apresentados, sem avaliação crítica da condição dos fornecedores e sem utilização de outras fontes e parâmetros
de avaliação dos preços de mercado, mesmo com diversos alertas da Procuradoria-Geral do Estado do Amapá
sobre as falhas nos procedimentos adotados, com violação do art. 7º, §2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993 e em
desacordo com jurisprudência deste Tribunal, a exemplo do Acórdão nº 1108/2007-TCU-Plenário; (Acórdão nº
3224/2020 – Plenário).
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Não é admissível que a pesquisa de preços de mercado feita pela entidade seja destituída de juízo crítico
acerca da consistência dos valores levantados, máxime quando observados indícios de preços destoantes dos
praticados no mercado. (Acórdão TCU nº 1108/2007-TCU-Plenário).
37
9.5.7.6. Definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, levando em conta as
diretrizes contidas na IN SLTI 5/2014. (Acórdão nº 4539/2020).
38
Acórdão TCU nº 403/2013-Primeira Câmara.
39
“Não é admissível que a pesquisa de preços de mercado feita pela entidade seja destituída de juízo crítico
acerca da consistência dos valores levantados, máxime quando observados indícios de preços destoantes dos
praticados no mercado”. (Acórdão TCU nº 1.108/2007-TCU-Plenário).
374
Os valores obtidos por meio dessas consultas que sejam incapazes de refletir a realidade
de mercado devem ser desprezados sob pena de comprometer a seleção de proposta van-
tajosa para a entidade contratante. (Acórdão nº 868/2013, TC nº 002.989/2013-1, 10.04.2013).
40
Cf.: Manual de Procedimentos para a Contratação de bens e serviços pelos órgãos públicos federais. 2. ed. AGU,
2012. Disponível em: https://rafaelauditoria.files.wordpress.com/2018/03/2-8-contratac3a7c3b5es-de-bens-e-
servic3a7os-agu.pdf. Acesso em 01 ago. 2021.
41
Acórdão TCU nº 2.908/2013.
42
9.2.1. Desenvolvam métodos eficientes para a crítica e pesquisa de preços dos materiais a serem adquiridos,
estabelecendo procedimento padronizado de forma a possibilitar juízo crítico dos valores levantados, evitando
compras por preços destoantes e antieconômicos em datas próximas devido a não utilização da melhor
negociação disponível; (Acórdão TCU nº 28/2013 – Plenário).
43
Acórdão nº 4530/2020.
44
7. No entanto, ainda que os valores contratados pudessem ser menores, não estaria caracterizada a existência
de sobrepreço. Em face do desconto concedido pela vencedora do certame, seus preços unitários para os itens
que foram orçados com base nas medianas acabaram se situando, quase que totalmente, abaixo das menores
cotações. (Acórdão TCU nº 8514/2017 – Segunda Câmara).
375
45
Acórdão nº 2.170/07, Plenário, Rel. Min. Ubiratan Aguiar, DOU, 19 dez. 2007.
46
BRASIL. Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo. Portaria Normativa nº 071, de 23 de outubro de 2017.
Dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços visando à aquisição
de bens e contratação de serviços em geral no âmbito do TCEES. DOEL, Espírito Santo, 26 out. 2017. Disponível
em: https://www.tcees.tc.br/wp-content/uploads/2017/10/Port-N-n%C2%BA-071-2017-Disp%C3%B5e-sobre-os-
procedimentos-administrativos-b%C3%A1sicos-para.pdf. Acesso em 10 mai. 2021.
47
Acórdão nº 2.622/2015 – TCU – Plenário.
376
Art. 6º, §5º. Excepcionalmente, será admitida a determinação de preço estimado com
base em menos de três preços, desde que devidamente justificada nos autos pelo gestor
responsável e aprovada pela autoridade competente.
9.2. Alertar à (...) que, quando da realização de dispensa de licitação nos termos do art.
24, inciso IV, da Lei nº 8666/1993, além da caracterização da situação emergencial ou
calamitosa que justifique a dispensa, deve-se trazer elementos aos autos do processo que
demonstrem a compatibilidade dos preços contratados com aqueles vigentes no merca-
do ou com os fixados por órgão oficial competente, ou, ainda, com os que constam em
sistemas de registro de preços, bem como que foi consultado o maior número possível
de fornecedores ou executantes, em atenção aos incisos II e III do parágrafo único do art.
26 dessa lei. (Acórdão nº 2.019/2010-Plenário).50
48
“2. A justificativa de preço em contratação decorrente de inexigibilidade de licitação (art. 26, parágrafo único,
inciso III, da Lei nº 8.666/1993) pode ser feita mediante a comparação do valor ofertado com aqueles praticados
pelo contratado junto a outros entes públicos ou privados, em avenças envolvendo o mesmo objeto ou objeto
similar. (TCU, Informativo de Licitações e Contratos nº 361).
49
Orientação Normativa nº 17 da AGU: a razoabilidade do valor das contratações decorrentes de inexigibilidade
de licitação poderá ser aferida por meio da comparação da proposta apresentada com os preços praticados pela
futura contratada junto a outros entes públicos e/ou privados, ou outros meios igualmente idôneos.
50
Outros acórdãos do TCU sobre o tema: “Nas contratações diretas fundadas em emergência (art. 24, inciso IV,
da Lei nº 8.666/1993), cabe ao gestor demonstrar a impossibilidade de esperar o tempo necessário à realização
de procedimento licitatório, em face de risco de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas e de
bens públicos ou particulares, além de justificar a escolha do fornecedor e o preço pactuado”. (Acórdão nº
1130/2019-TCU-Primeira Câmara).
377
Um dos temas que devem fazer parte do ato normativo diz respeito à elabo-
ração do documento que serve de substrato para confecção da pesquisa. A Instrução
Normativa nº 65 da SEGES/ME serve como boa prática, pois traz alguns elementos que
este documento deve conter:
51
TORRES, Ronny Charles Lopes de. Leis de licitações públicas comentadas. 12. ed. São Paulo: Ed. JusPodivm, 2021.
p. 168.
378
Todavia, essa isenção dos demais atores do processo licitatório, com relação à
pesquisa mercadológica, não pode ser vista de forma absoluta. Sob essa perspectiva,
o TCU decidiu52 que
O fato de não constar menção a item específico do edital infringido pelo pregoeiro não
inviabiliza a audiência do responsável, tendo em vista que a sua conduta não deve obe-
decer apenas ao que está disposto no edital, mas sim a todo o arcabouço jurídico que
fundamenta as regras editalícias, tais como a Lei nº 8.666/1993 e o Decreto nº 7.170/2010.
52
Acórdão TCU nº 3059/2020.
379
Essa situação assume contorno mais grave, caso a empresa participe da orça-
mentação e, no momento do torneio licitatório, oferece valor abaixo do que informou
inicialmente. Essa prática de manipulação de valores passou pelo crivo do TCU, que
decidiu responsabilizar as empresas que atuam dessa maneira: “É dever do licitante
ofertar preços compatíveis com os paradigmas de mercado, independentemente de
haver erro no orçamento do órgão contratante. Pior ainda será a responsabilidade da
empresa se ela tiver contribuído para a elaboração da estimativa errada”.54
Por isso, é importante que as empresas fiquem antenadas e se preocupem com
os atos e documentos elaborados na fase preliminar da licitação, em especial a pesquisa
mercadológica.
53
“Os comandos da Lei nº 8.666/1993 se direcionam tanto ao agente público quanto ao privado, que renuncia em
alguma medida ao ambiente de liberdade econômica que prevalece nos contratos privados”. (Acórdão TCU nº
1.304/2007 – Plenário).
54
67. Entretanto, isso não é relevante para o deslinde da matéria, uma vez que, como será demonstrado a
seguir, cabia à licitante cumprir a regra deduzida do art. 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, qual seja, ofertar
preços compatíveis com os praticados pelo mercado, independentemente de eventual erro cometido pela
Administração quando da elaboração do edital e do orçamento. (Acórdão nº 1.304/2017 – Plenário).
380