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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

Memorial: Determinação da vazão de projeto de um


Sistema de Abastecimento de Água na cidade de Ouro
Velho-PB

Adriel Josef Rodrigues Resende de Andrade

João Pessoa, 24 de Fevereiro de 2024


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Sumário

1.0 – PROJEÇÃO POPULACIONAL FUTURA.........................................................3

2.0 – INDICADORES OPERACIONAIS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA.......6

3.0 – ESTIMATIVA DO CONSUMO PER CAPITA...................................................9

4.0 – DETERMINAÇÃO DA DEMANDA DO SISTEMA........................................10

5.0 - REFERÊNCIAS....................................................................................................13
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1. PROJEÇÃO POPULACIONAL FUTURA

A partir dos dados do IBGE, que apresentam a população da cidade de Ouro Velho-PB
obtida na realização dos censos de 1970 a 2022, dispostas na tabela 1.

Tabela 1: População de Ouro Velho-PB.

Ano População
1970 2767
1980 2997
1991 2826
2000 2823
2010 2928
2022 2918
Fonte: IBGE.

Nota-se que a população de Ouro Velho não possui o comportamente crescente ao longo
dos censos, isso impede a utilização dos dados do município na realização dos cálculos
referentes ao método dos mínimos quadrados para estimativa da população futura. Com
isso, iremos utilizar os dados da Paraíba e aplicar o crescimento populacional percentual
do estado à população de Ouro Velho.

➢ Método dos Mínimos Quadrados

Tabela 2: População do estado da Paraíba.

Ano População
1970 2.382.617
1980 2.770.346
1991 3.201.114
2000 3.444.794
2010 3.766.528
2022 3.974.687

Fonte: IBGE.

Com esses dados, podemos calcular a população futura pro estado da Paraíba pelo
método dos mínimos quadrados, para um horizonte de projeto de 25 anos, a partir do
ano de 2024, logo após, aplicaremos o crescimento percentual ao município de estudo.
Por meio do Excel, observamos que a função potência foi a que apresentou o coeficiente
de determinação mais satisfatório (R2 = 0,9927), o gráfico 1 mostra a curva da função
potência.
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Gráfico 1: Variação da população da Paraíba (Função Potência).

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do IBGE).

Pela equação da curva, podemos calcular a população futura do estado para o ano de
2049, onde, x é a diferença entre o ano base (1970) e o ano da projeção (2049), ou seja,
x = 79.
𝑦 = 2 × 106 × 𝑥 0,2207
𝑦 = 2 × 106 × 790,2207

𝑦 = 5.246.096,738 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

O crescimento percentual pode ser determinado da seguinte maneira:

𝑃2049 − 𝑃2022
𝐶𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 = × 100
𝑃2049
5246096,738 − 3974687
𝐶𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 = × 100 = 32%
5246096,738

Agora, iremos implementar esse percentual a população da cidade de Ouro Velho


registrada no censo de 2022.

𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑂𝑢𝑟𝑜 𝑉𝑒𝑙ℎ𝑜 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑒 2049 = 2918 × 1,32 = 3851,76 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠


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Agora, para trabalharmos com os Métodos Aritimético e Geométrico, vamos utilizar as


populções dos censos de 2000 e 2010 da cidade de Ouro Velho e com elas determinar a
população futura para o ano de 2049. Ambos os metodos pressupõem uma taxa de
crescimento populacional constante (Ka e Kg).

Tabela 3: População de Ouro Velho – PB, nos anos de 2000, 2010 e 2049.

Ano População
2000 t1 2823 P1
2010 t2 2928 P2
2049 t ? P
Fonte: IBGE.

➢ Método Aritimético
(𝑃2 − 𝑃1 )
𝐾𝑎 =
(𝑡2 − 𝑡1 )
𝑃 = 𝑃2 + 𝐾𝑎 × (𝑡 − 𝑡2 )
Onde:
Ka - é a taxa de crescimento constante;
𝑃1 – é a população no penúltimo censo, 𝑡1 (2000);
𝑃2 – é a população no último censo, 𝑡2 (2010);
𝑡 - é o ano de projeção (2049);
P – é a população estimada para o ano de projeção.

Substituindo os dados da tabela 3 nas equações do Método Aritimético, iremos obter Ka


= 10,5 e uma pupulação futura para o ano de 2049 de 3337,5 habitantes.

➢ Método Geométrico

O Método Geométrico assim como o Aritimético é aplicavél apenas em casos em que


não surgem acontecimentos que possam perturbar o ritmo regular de crescimento da
cidade, onde Kg é a taxa de crescimento constante. Novamente, por meio dos dados da
tabela 3 podemos encontrar uma população futura, através das seguintes equações:
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Os valores obtidos foram, kg = 0,003652 e uma pupulação futura para o ano de 2049 de
3376,182 habitantes.

2. INDICADORES OPERACIONAIS DE ABSTECIMENTO DE ÁGUA

Com base nos dados obtidos no SNIS, é viável comparar séries históricas de diferentes
indicadores para analisar suas mudanças ao longo do tempo. Ao examinar o gráfico 2, é
perceptível que o consumo de água na cidade de Ouro Velho atingiu seu pico em 2005.

Gráfico 2: Índice de consumo de água, Ouro Velho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do SNIS).

Porém, se analisarmos o gráfico 3 que expõe informações a cerca das perdas na


distribuição e o gráfico 4 que apresente as perdas por ligação, observamos que houve
uma subnotificação dessas perdas neste ano, visto que no ano seguinte (2006) o sistema
apresentou perdas significativamente maiores.
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Gráfico 3: Índice de perdas na distribuição, Ouro Velho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do SNIS).

Gráfico 4: Índice de perdas por ligação, Ouro Velho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do SNIS).

Ao analisarmos os gráficos 3 e 4, podemos nos atentar que o mair índice de perdas


ocorreu no ano de 2011 e observando o mesmo ano no gráfico 2, note que o consumo de
água da cidade teve seu menor percentual. Ao obter esses dados, torna-se viável
identificar os anos em que houve as maiores perdas, possibilitando investigar suas
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causas. Essa análise é crucial para mitigar o desperdício, o qual impacta negativamente
tanto a população quanto a prestadora de serviços.
O gráfico 5 apresenta os dados referentes ao índice de hidrometração, que calcula a
relação entre a quantidade de água efetivamente medida e o total de ligações de água.
Esse índice é de extrema importância para identificar problemas de medição, seja pela
ausência de hidrômetros ou pela má condição que são encontrados. Ao analisar o gráfico
identifica-se que o índice de hidrometração permaneceu abaixo dos 50% até o ano de
2011, após esse ano, tivemos um aumento substancial nesse percentual, beirando os
100%, a partir de 2013 até 2019 tendo em vista uma leve queda nos anos posteriores,
atingindo seu pico de 99,72% no ano de 2014. Nesse período o controle nas medições
de água atingiu níveis excepcionais, levando em conta que o percentual se manteve
acima de 90% em quase todos os anos desde 2013.

Gráfico 5: Índice de hidrometração, Ouro Velho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do SNIS).

Por fim, o gráfico 6 apresenta os dados acerca do índice de atendimento total de água,
que mostra o percentual de domicílios beneficiados pelo sistema de abastecimento de
água na cidade de Ouro Velho. Analisando o gráfico, note que, apenas nos anos de 2006
a 2008 o índice permaneceu acima da média nacional segundo o SNIS de 84,2%, nos
demais anos, temos uma diferença percentual de mais de 10% em relação à média do
país.
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Gráfico 6: Índice de atendimento total de água, Ouro Velho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal (Dados do SNIS).

3. ESTIMATIVA DO CONSUMO PER CAPITA

O consumo per capita (qpc) é a média diária de volume de água necessária por
indivíduo para atender às demandas domésticas, comerciais, públicas e industriais, além
das perdas no sistema. A unidade padrão de medida do qpc é litros por habitante por dia
(L/hab.dia). Portanto, fica evidente que esse indicador desempenha um papel
fundamental na caracterização dos segmentos das adutoras que compõem o sistema de
abastecimento de água.
De acordo com os dados desagregados da série histórica de 2021 do SNIS, o consumo
per capita no município de São Ouro Velho foi registrado em 81,6 L/hab.dia.
Já de acordo com as informações fornecidas pelo Atlas Águas da ANA, a respeito do
sistema de abastecimento da cidade de Ouro Velho-PB, tem-se que o consumo per
capito será encontrado da seguinte maneira:
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Tabela 4: Consumo per capita segundo o Atlas Águas da ANA.

População Urbana População Urbana Demanda Urbana Demanda Urbana


Código IBGE Município UF Região Metropolitana
2020 2035 2020 (litros/s) 2035 (litros/s)

2510600 Ouro Velho PB 2.255 2.455 3 3

Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA).

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𝑞𝑝𝑐 = × 86400 = 114,945 𝐿⁄ℎ𝑎𝑏. 𝑑𝑖𝑎
2255

A partir dos cálculos realizados acima, não observa-se uma diferença expressiva entre o
consumo per capita encontrado através dos dados do SNIS, com os dados encontrados
no Atlas de Águas da ANA. No projeto em questão, será adotado o valor de 114,945
L/hab.dia, obtido a partir dos dados da ANA, pois, esse valor é mais próximo da média
nacional de consumo per capita de água de 150 L/hab.dia segundo o SNIS (2021),
evitando o subdimensionamento do sistema de abastecimento em análise.
A diferença nos valores de consumo encontrados pode estar relacionada a um período
de racionamento de água. Durante períodos de escassez ou restrição no abastecimento, é
comum que o consumo per capita seja significativamente reduzido.

4. DETERMINAÇÃO DA DEMANDA DO SISTEMA

Para determinar a demanda do sistema, é necessário calcular a vazão a ser retirada do


manancial. Devemos considerar o cenário em que há uma Estação de Tratamento de
Água (ETA) com um acréscimo de 3% na demanda. Além disso, devemos levar em
consideração as variações máximas diária e horária do consumo, como não estão
disponíveis os dados para calcularmos os coeficientes K1 (Coeficiente do dia de maior
consumo) e K2 (Coeficiente da hora de maior consumo), vamos adotar os valores de 1,2
e 1,5 respectivamente.
A vazão de demanda é dada pela seguinte equação:
𝑞×𝑃
𝑄=
86400
Onde:
Q é a demanda em (L/s);
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p é a população (hab.);
q é o consumo diário per capita (L/hab.dia);
86400 é o fator de conversão para segundos.

Tabela 4: Dados necessários para calcular a demanda do sistema.

Demanda do Sistema
Consumo per capita (l/hab.dia) Métodos População (habitantes) K1 K2 ETA
114,945 Mínimos Quadrados 3851,76 1,2 1,5 3%
Aritimético 3337,5
Geométrico 3376,182

Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA); IBGE.

Figura 1: Representação do sistema de abastecimento com a presença de uma estação de tratamento de água.

Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?reload=9&app=desktop&v=mjTxPhIoBxk>. Acesso em 20


de agosto de 2023.

Por fim, vamos determinar as vazões Q1, Q2 e Q3 para as 3 populações encontradas no


item 1, sendo Q1 a vazão que é retirada do manancial com acréscimos do C ETA e K1, Q2
a vazão que sai da ETA e chega ao Reservatório de distribuição com acréscimo do K 1 e
Q3 a vazão de demanda da rede, com acréscimo de K1 e K2.
➢ Método dos Mínimos Quadrados

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3851,76 × 1,2


𝑄1 = ( ) × 𝐶𝐸𝑇𝐴 = ( ) × 1,03 = 6,33 𝐿⁄𝑠
86400 86400

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3851,76 × 1,2


𝑄2 = = = 6,15 𝐿⁄𝑠
86400 86400
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𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 × 𝐾2 114,945 × 3851,76 × 1,2 × 1,5


𝑄3 = = = 9,22 𝐿⁄𝑠
86400 86400

➢ Método Aritimético

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3337,5 × 1,2


𝑄1∗ = ( ) × 𝐶𝐸𝑇𝐴 = ( ) × 1,03 = 5,49 𝐿⁄𝑠
86400 86400

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3337,5 × 1,2


𝑄2∗ = = = 5,33 𝐿⁄𝑠
86400 86400

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 × 𝐾2 114,945 × 3337,5 × 1,2 × 1,5


𝑄3∗ = = = 8,00 𝐿⁄𝑠
86400 86400

➢ Método Geométrico

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3376,182 × 1,2


𝑄1∗∗ = ( ) × 𝐶𝐸𝑇𝐴 = ( ) × 1,03 = 5,55 𝐿⁄𝑠
86400 86400

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 114,945 × 3376,182 × 1,2


𝑄2∗∗ = = = 5,39 𝐿⁄𝑠
86400 86400

𝑞 × 𝑃 × 𝐾1 × 𝐾2 114,945 × 3376,182 × 1,2 × 1,5


𝑄3∗∗ = = = 8,08 𝐿⁄𝑠
86400 86400
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5. REFEÊNCIAS

Panorama. IBGE. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/ouro-


velho/panorama>. 24 de fevereiro de 2024.

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Dados do município de


Ouro Velho-PB. Disponível em:
<http://appsnis.mdr.gov.br/indicadores/web/agua_esgoto/mapa-agua>. Acesso em: 24 de
fevereiro de 2024.

Atlas de Abastecimento Urbano de Água. Disponível em:


<http://atlas.ana.gov.br/Atlas/forms/Home.aspx>. Acesso em: 24 de fevereiro de 2024.

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