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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA


ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Estimativa do Índice de Perdas de Água na


rede de distribuição do Sistema de
Abastecimento de Água do município de
Balneário Camboriú-SC

Acadêmico: Robby Ewing Thiesen

Orientadora: Tania Denise Pedrelli, Msc


1. INTRODUÇÃO

 As perdas de água nos sistemas de distribuição é um assunto que vem recebendo destaque tanto no meio
do saneamento, como em noticias do Brasil.
 Em 2019 o Índice de Perdas na rede de distribuição foi de 39,2%.
 Representando 23% acima da média dos países desenvolvidos (SNIS 2019).

Gráfico 1- Índice de Perdas no Brasil.


39.5
39.2
39
38.5
38.5
38.1
38

37.5
36.9 37
37
36.7 36.7
36.5

36

35.5

35
2012 2013 2014 2015 2016 2018 2019
Fonte: Instituto Trata Brasil (2019)(Adaptado pelo autor).
1. INTRODUÇÃO

 O cenário é ainda mais preocupante porque a maior parte dos prestadores de serviços (públicos ou
privados) não possui medição e controle de perdas de água de maneira consistente, os quais podem
gerar dados que não reflitam a realidade sobre a ocorrências das perdas no SAA (GOES ASSOCIADOS,
2018).

 O conhecimento destes volumes perdidos é essencial para um programa de controle de perdas


(preventivo ou corretivo) (SNIS, 2018).

 Tornando-se uma ferramenta útil para o gerenciamento da redução de perdas no SAA e principalmente
na quantidade de água bruta captada (SNIS, 2018).
1.1 OBJETIVOS

 Geral

• Determinar o Índice de Perdas de água na rede de distribuição do Sistema de Abastecimento de Água de Balneário

Camboriú/SC, durante o período de janeiro/2020 a dezembro/2020.

 Específicos

• Descrever o Sistema de Abastecimento de Água de Balneário Camboriú;

• Estimar o volume de água tratada produzida e distribuída;

• Identificar o consumo de água usado para a operação e manutenção da Estação de Tratamento de Água;

• Correlacionar o Índice de Perdas na rede de distribuição do SAA com os problemas operacionais ocorridos;

• Propor ações de controle de perdas conforme a realidade da prestadora de serviço do município.


2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 SAA: Da captação ao consumidor final.


 As perdas podem ocorre em qualquer local do SAA.
 Podendo ser reais (físicas) ou aparentes (comerciais).

Figura 1 - Modelo básico Sistema de Abastecimento de Água.

Fonte: WARTCHOW (2011).


Metodologia
3.1 ÁREA DE ESTUDO

Figura 2 - Município de Balneário Camboriú-SC


 Balneário Camboriú-SC

• Localizado no litoral norte do estado de Santa Catarina.

• Área: 45,214 km²

• População: 145.796 habitantes (IBGE, 2020).

 Rede de distribuição do município de Balneário Camboriú/SC.

 Dados primários

• Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário


Camboriú – EMASA.

• Sistema comercial integrado. Fonte: O autor

• Relatórios de operação da ETA.


3.2 CÁLCULO DO ÍNDICE DE PERDAS

 Para a estimativa dos Índices de Perdas se fez a adoção da metodologia de cálculo usado no SNIS.

 Se deu em virtude do mesmo ser um órgão oficial do governo federal e devido a viabilidade da obtenção dos dados
junto a autarquia municipal.

Fonte: Glossário SNIS, 2019.


3.3 CORRELAÇÃO DE FATORES QUE CONTRIBUEM COM AS PERDAS
DE ÁGUA NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO

 Foi realizado a tabulação e assim feita quantificação dos diversos tipos de ocorrências registrados no
Setor de Comercial da EMASA, que tenham alguma afinidade com vazamento de água.

 Correlacionando também os dados desta tabulação com os dados obtidos nos resultados do estudo.

 Fazendo sempre que possível a correlação das funções operacionais do sistema com outros prestadores
de serviços e dados de literatura.
3.4 PROPOSTA DE AÇÕES MITIGADORAS PARA O CONTROLE DE
PERDAS DA PRESTADORA DE SERVIÇO DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO
CAMBORIÚ-SC

 As ações seguiram pesquisas bibliográficas e métodos já comprovados para o controle de perdas.

 Relacionando também às eventuais oportunidades apontadas pelo presente estudo.

 E então realizou-se uma proposta para o uso de ações de controle e gerenciamento mais adequadas em
decorrência da análise dos Índices de Perdas verificados pelos cálculos do estudo.

 Tomando como base programas existentes executados pelos prestadores de serviço no Brasil.
Resultados
4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE
BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC

Manancial: Rio Camboriú;


Captação: Canal de derivação e gradeamento;
Estação de Recalque de Água Bruta (ERAB);
Adutora de Água Bruta;
Estação de Tratamento de Água (ETA);
Estação de Recalque de Água Tratada (ERAT);
Reservatórios de Água Tratada: com um volume total de 13.400 m³
Reservatório Pulmão: instalado na ETA de 3.400 m³;
Adutoras de Água Tratada: de vários diâmetros;
350 km de rede de distribuição de água (20-900mm) PVC, PEAD e ferro fundido;
Boosters distribuídos ao longo da rede de abastecimento.
Estação de Tratamento de Água

 Avenida Marginal Leste, nº 3.350, no bairro dos Estados e possui cota média de 7 (sete) metros.
Figura 3 - Estação de tratamento de água (EMASA)
 A vazão nominal de tratamento da ETA é de 1.000 l/s e a mesma opera 24 horas por dia, tendo paradas

programadas apenas para manutenções e limpezas periódicas. As unidades de tratamento da água são:

oCâmara de Amortização/ Medidor de Vazão Eletromagnético localizados na tubulação de entrada da ETA;

oMistura rápida hidráulica em uma calha Parshall (que se encontra desativada para medições de vazão);

oFloculador hidráulico vertical;

oDecantador de Alta Taxa;

oFiltros de fluxo descendente com camada com areia e carvão antracito,

oTanque de contato para a desinfecção (hipoclorito de sódio), fluoretação e correção do pH.

Fonte: GOOGLE EARTH (2021).


4.2 LIGAÇÕES E ECONOMIAS

 O número de ligações e economias varia ao longo do ano, em virtude da dinâmica da construção civil, onde temos novas
ligações/economias de acordo com o início e o encerramento das obras.

Quadro 1 – Ligações e economias

Ligações com hidrometro 30.018


Gráfico 2 - Economias por tipo.
Gráfico 3 - Ligações por tipo.
87.77 Ligações sem hidrometro 3
86.88

Economias com 86.107


hidrometro
Economias sem hidrometro 1.156
11.70
11.73
0.26 0.27SISTEMA COMERCIAL EMASA (2021).
Fonte: 0.64 0.75
Residencial Comercial Industrial Publicas Residencial Comercial Industrial Publicas
Fonte: O autor (2021). Fonte: O autor (2021).
4.3 ESTIMATIVA DOS ÍNDICES DE PERDAS

VOLUME MACROMEDIDO NA SAÍDA DA ETA

 O volume de água produzida ao longo do ano de 2020 foi 14.968.876 m³, com um valor médio mensal de
1.247.406 m³.
 Este volume gera uma média de volume distribuído per capita na ordem de 285,19 L/hab.dia, para o
município de Balneário Camboriú, sem considerar as perdas.

1,694,797
Gráfico 4 - Volume macromedido mensal
1,372,663
1,306,478 1,265,542 1,270,947
1,143,133 1,190,063 1,152,572 1,166,835 1,132,348 1,154,833 1,118,665

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Macro Saida ETA BC Volume em m³

Volume macromedido mensal - Fonte: O autor (2021).


4.3 ESTIMATIVA DOS ÍNDICES DE PERDAS

VOLUME MICROMEDIDO NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO

 O volume micromedido é lido no hidrômetro ou pela média dos valores consumidos nos meses
anteriores.

 O setor comercial da EMASA disponibilizou a micromedição da somatória dos municípios de Balneário


Camboriú e Camboriú, e a micromedição do município de Camboriú. Assim, por diferença obteve-se a
micromedição de Balneário Camboriú-SC.

 Como existem volumes que são lidos pela média, estes foram somados ao volume realmente lido, para
então, ter o valor da micromedição corrigido do município de Balneário Camboriú-SC no ano de 2020.
4.3 ESTIMATIVA DOS ÍNDICES DE PERDAS

VOLUME MICROMEDIDO NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO

 Foi também realizado o cálculo para o ano de 2019, a fim de se observar a existência de mudanças no
ano do estudo devido a pandemia.
Quadro 2 - Volume micromedido mensal 2019 e 2020
Mês Volume Micromedido Volume Micromedido Variação do consumo
Corrigido para 2020 Corrigido para 2019 (m³)
(m³) (m³)

JANEIRO 1.175.396 1.086.838 88.558


FEVEREIRO 972.843 955.461 17.382
MARÇO 901.868 919.716 -17.848
ABRIL 802.344 776.838 25.506
MAIO 753.863 720.700 33.163
JUNHO 692.983 726.942 -33.959
JULHO 736.701 754.542 -17.841
AGOSTO 701.714 751.384 -49.670
SETEMBRO 775.354 842.424 -67.070
OUTUBRO 783.414 752.290 31.124
NOVEMBRO 861.394 920.187 -58.793
DEZEMBRO 814.368 860.571 -46.203
  Total  
Total 9.972.242 10.067.893 -95.651
 Também foram verificados os consumos por tipos nos dois anos.

Gráfico 5 - Volume micromedido mensal.


913925
802554 771141 770400
645428 687859 670774
599764 605803 624198 624470
568466

123358 105808 104487 89647 84212 109287 87877 106767 90736 105144 129050
78698

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Residencial Linear (Residencial)


Comercial Linear (Comercial)

Gráfico 6 Volume micromedido mensal 2020;


977008
813369
687488 655277 713263 667094
587286 633898 585915 630368 593455 632889

149171 132540 93067 92369 96052 104602


68209 66925 64377 71191 75557
10942

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Residencial Linear (Residencial)


Comercial Linear (Comercial)

Fonte: O autor (2021).


4.3 ESTIMATIVA DOS ÍNDICES DE PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO

VOLUME MICROMEDIDO NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO

 Com base nos dados disponibilizados os pontos industriais e públicos representam cerca de 2% do
volume de consumo, visto isso não se notaram alterações significativas nestes dados.

 Considerando uma população estimada de 145.796 habitantes para 2020, segundo dados do IBGE, o
volume médio de consumo de 831.020m³ gera uma média de volume consumido per capita na ordem de
190,0 L/pessoa.dia para o ano de 2020.
 O consumo micromedido por economia em m³ para o ano de 2020.

 Resultando uma média estimada de 9,69m³/economia.mês.

Quadro 3 - Volume micromedido por economia.

Mês Consumo por economia em m³.


Janeiro 14,83
Fevereiro 11,73
Março 10,77
Abril 9,56
Maio 8,97
Junho 8,20
Julho 8,68
Agosto 8,23
Setembro 9,10
Outubro 9,14
Novembro 10,02
Dezembro 9,46
Fonte: O autor (2021).
Quadro 4 - Índice de Perdas BC+CB 2020. Modelo de cálculo 1.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total (M³)
 Após a tabulação dos dados já apresentados de macromedição e micromedição e uma inerente
interpretação, foram
Macro saida ETA (M³) 2.271.844 realizados
1.911.929 os cálculos
1.880.016 1.672.901 do Índice
1.729.416 de Perdas
1.658.513 1.681.673 na distribuição,
1.659.964 1.154.833 aplicando
1.703.913 1.618.935 a1.752.434
formula do
20.696.371

SNIS.
Micromedido (M³) 1.767.906 1.537.406 1.301.234 1.352.355 1.303.369 1.179.699 1.260.588 1.220.337 767.053 1.279.338 1.387.154 1.259.320 15.615.759

 Levando-se em consideração que a EMASA exporta cerca de 33% do volume captado e tratado para o
Volume não lido (M³) 503.938 374.523 578.782 320.546 426.047 478.814 421.085 439.627 387.780 424.575 231.781 493.114 5.080.612
município de Camboriú, resolveu-se calcular também o IDP total, ou seja, foi realizado a diferença do
total macromedido
11.465pelo18.601
Volume estimado por Média (M³) total micromedido
204.514 27.140 lido, aqui 26.300
36.414 não excluindo
16.818 o volume
15.684 8.301 exportado.
33.039 13.459 19.070 430.805

Volume não lido micromedido - volume de 492.473 355.922 374.268 293.406 389.633 452.514 404.267 423.943 379.479 391.536 218.322 474.044 4.649.807
média (m³)

Perda IDP (%) 21,68% 18,62% 19,91% 17,54% 22,53% 27,28% 21,7% 25,54% 32,86% 22,98% 13,49% 27,05% 22,47%

Fonte: O autor (2021).


 Mesmo apresentando 22,47% como Índice de Perdas, vale ressaltar que este valor não representa a
realidade de cada município, pois, não leva em consideração a demanda de água inerente de cada
município
 Este valor encontrado é um Índice de Perdas relativamente baixo em comparação ao Brasil ou até
mesmo o estado de Santa Catarina que tem 39,24% e 34,51% (SNIS, 2019) respectivamente.
 Salienta-se que a metodologia adotada pela EMASA para o cálculo para o Índice de Perdas leva em
consideração o montante de água macromedida e micromedida para os municípios de Balneário
Camboriú e Camboriú conjuntamente, por isto foi realizado este cálculo, conforme demostrado.
 Então calculou-se novamente excluindo o volume exportado, e estimando somente para o município de
Balneário Camboriú.
Quadro 5 - Índice de Perdas na distribuição Balneário Camboriú-SC – Modelo de cálculo 2.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total (M³)

Macro Saida ETA BC Volume 1.694.797 1.372.663 1.306.478 1.143.133 1.190.063 1.152.572 1.166.835 1.132.348 1.154.833 1.265.542 1.118.665 1.270.947 14.968.876
em (m³)

Micromedido (m³) 1.767.906 1.537.406 1.301.234 1.352.355 1.303.369 1.179.699 1.260.588 1.220.337 767.053 1.279.338 1.387.154 1.259.320 15.615.759

Micromedido Camboriú 603.975 564.563 603.880 577.151 585.920 513.016 540.705 534.307 541.421 528.963 539.219 464.022 6.597.142
comercial (m³)

Micromedido - Comercial 1.175.396 991.444 901.868 802.344 753.863 692.983 736.701 701.714 775.354 783.414 861.394 814.368 9.449.422
Camboriu micromedido (m³)

Volume nao lido (m³) 519.401 381.219 404.610 340.789 436.200 459.589 430.134 430.634 379.479 482.128 257.271 456.579 5.519.454

Índice de Perda na REDE (%) 30,65% 27,77% 30,97% 29,81% 36,65% 39,88% 36,86% 38,03% 32,86% 38,10% 23,00% 35,92% 36,87%

Fonte: O autor (2021).


Como base o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre
o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR4), o
mesmo aponta que uma pessoa precisa de cerca de
110L/dia de água para sobreviver.

 O mês que apresentou o IPD mais elevado (em termos percentuais) foi o mês de junho com 39,88%,
correspondente ao volume perdido de 459.589m³, ou seja, se este volume fosse distribuído pelo número
de habitantes estimado para o ano de 2020 pelo IBGE que é de 145.796hab no município de Balneário
Camboriú-SC ele daria 105,08 L/hab.dia durante um mês.

Gráfico 7 - Índice de Perdas na rede 2020.


39.88% 38.10%
36.65% 36.86% 38.03% 35.92%
32.86%
30.65% 29.13% 30.97% 29.81%

23.00%

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Indice de perda na rede Linear (Indice de perda na rede)

Fonte: O autor (2021).


Gráfico 8 – Comparação do Índice de Perdas de Balneário Camboriú.

39.24
36.87
34.51

28.04

23.64
21.75

16.38

12.41

Blumenau Itajai Brusque Itapema Florianópolis Santa Catarina Brasil Estudo

Fonte: O autor (2021).


 Buscando uma comparação mais realística com as regiões de Santa Catarina, verificou-se que
a AGIR (Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí) possui analise de
indicadores dos quais os Índices propostos no estudo também são relacionados.

 A agencia em seu sistema de regulação definiu os intervalos de referência deste e outros


indicadores para os municípios regulados, sendo então, adotado no estudo como base de
referencia.

 Os intervalos deste indicador definidos pela agencia são: Não é de menos importância destacar que tendo
estimada perdas na ordem de 36,87% de água e
IDEAL ≤ 33%; considerando o volume perdido no ano de 2020 que foi
apontado pelo estudo de 5.519.454m³ e tendo a tarifa
SATISFATÓRIO ˃ 33%; < 35%; base de R$ 4,16/m³ pela prestadora de serviços, pode
se estimar uma perda de faturamento anual de água na
INSATISFATÓRIO ≥ 35%. ordem de R$ 22.960.928,64. Destacando também que
o faturamento de água hidrometrado da EMASA em
2020 é de R$ 32.449.640,45 o que demonstra
fortemente o impacto desta perda.
4.4 ESTIMATIVA DO ÍNDICE DE PERDAS POR LIGAÇÃO

 Já apresentado os dados referente a ligações e economias e com eles pode-se determinar o Índice de
Perdas por Ligação para o município de Balneário Camboriú.

 O IPL consiste em uma estimativa do volume de água perdido por cada ligação ativa de água do
Quadro 6 - Índice de Perdas por ligação 2020.
município, no qual pode ser qualquer tipo de edificação Mês Perda por ligação/dia em L
Jan 579,14
 Aplicando então a formula do SNIS.
Fev 444,38
Mar 449,18
Abr 376,71
Mai 481,78
Jun 511,75
Jul 481,62
Ago 480,82
Set 424,20
Out 537,29
Nov 285,80
Dez 506,96
Perda p/Ligação 503,71
2020
Fonte: O autor (2021).
A AGIR também definiu os intervalos de referência deste indicador nos munícios regulados sendo

estes:

 IDEAL ≤ 255 l/dia/lig.;

 SATISFATÓRIO ˃ 255; < 320 l/dia/lig.;

 INSATISFATÓRIO ≥ 320 l/dia/lig.

 Fazendo a comparação com o SNIS (2019), Balneário Camboriú é o 14º município que mais perde água

por ligação no estado de Santa Catarina, e dentre os maiores municípios do estado somente 2 (dois)

maiores que Balneário Camboriú estão a frente neste indicador, sendo eles Joinville e Florianópolis que

possuem cerca de 4x a população de Balneário Camboriú.


4.5 IDENTIFICAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA USADO PARA A
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA.

A limpeza dos
decantadores e
floculadores consiste
no jateamento das
paredes internas e
demais dispositivos.
Tal procedimento é
feito uma vez ao mês,
e não há estimativa
do volume de água
usado.

Em relação a descarga completa dos Na ETA há em operação 10 (dez) filtros, e


decantadores para a remoção do lodo, o considerando que são lavados 4 (quatro)
Para os produtos químicos procedimento adotado é esvaziar o decantador filtros por dia, e que cada retrolavagem
usados, os mesmos já vêm
pronto para aplicação; exceto completamente, cujo volume é de 675 m3/cada. consome aproximadamente 300 m 3, o
o hipoclorito de sódio, que é
produzido pela eletrolise do
Considerando que são 5 (cinco) decantadores, consumo total de água seria de 1.200 m3/dia.
cloreto de sódio, que possui e que a descarga de fundo é feita no mínimo a
um consumo de água, que Em resumo, o consumo estimado para a ETA
não irá ser considerado para cada 5 (cinco) dias em todos os decantadores,
o cálculo pois não há é de cerca de 56.250m³/mês.
estimativa deste volume tem que o volume de lodo (basicamente água)
consumido.
Média de 4,5% do volume captado
é de 675 m /dia.
3
4.6 CORRELAÇÃO DO ÍNDICE DE PERDAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
DO SAA COM OS PROBLEMAS OPERACIONAIS.

 Geralmente os vazamentos são decorrentes do desgaste da tubulação e acessórios, como os


adaptadores. Os principais consertos são relativos a vazamento de água no ramal, no cavalete e na rede.
Figura 4 - Tipos Vazamentos.

Fonte: SABESP (2004).


Gráfico 9 – Número de ocorrências procedentes e improcedentes.

16%
16% Improcedentes
Procedentes
Improcedentes
84%
Procedentes

84%

Quadro 7 – Distribuição das ocorrências em 2020.


  Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

Nº de Ocorrências 218 228 222 160 215 194 239 180 158 141 144 136 2.235

Improcedentes 48 52 31 30 35 29 43 18 23 13 15 23 360

Procedentes 170 176 191 130 180 165 196 162 135 128 129 113 1.875

Fonte: O autor (2021).


 Constatou-se que o número de ocorrências varia de acordo com o local do reparo.

 Verificando que problemas de vazamento no ramal são responsáveis por 1.191 (68%) dos vazamentos,
seguido por rede 439 (25%) e cavalete com 114 (7%) das ocorrências.
Com esses valores foi possível
comparar com a Região
Metropolitana de São Paulo
segundo o programa de controle de
perdas da SABESP (2004), onde
90% dos vazamentos ocorrem em
Quadro 8 - Tipos de ocorrências 2020.
ramais, e somente 10% são na rede
TIPO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul de distribuição.
Ago Set Out Nov Dez Total

Rede 26 35 33 41 50 39 49 45 36 34 23 28 439

Cavalete 23 12 6 9 13 10 9 7 6 3 10 6 114

Ramal 106 111 128 73 115 100 119 100 91 82 97 69 1191

25%

7%
68%

Rede Cavalete Ramal


 Também se estimou o número de ocorrências por bairro do município de Balneário Camboriú-SC.

 Tendo o bairro centro com o maior número de ocorrências (32,68%), fato compreensível, pois trata-se do
bairro que detém o maior número de ligações e economias de água.

Gráfico 10 - Ocorrências por bairro.

570

199 196
159 155
103 86 94
61 47 48 46 58 45
27 1

Fonte: O autor (2021).


 Posteriormente
Encontrando o para verificar
r=0,27 pode-see correlacionar o IPL
determinar que que é utilizado
mesmo sendo um como fator
índice de indicio de
amplamente manutenção
utilizado onerosa/ineficiente
para perdas por falta de
foi elaborado uma
manutenção, este,comparação gráfica.
não é necessariamente correlacionado ao número de ocorrências encontrado no município. O mesmo
foi feito para o Índice de Perdas na distribuição também encontrando nenhuma correlação com o r=0,16.
 Para analisar o Gráfico foi aplicada a correlação de Pearson, o qual através do coeficiente de correlação de Pearson ou “r”
permite-se quantificar a força do relacionamento entre as variáveis e também define que, e m termos estatísticos, duas
variáveis se associam quando elas guardam semelhanças na distribuição dos seus pontos (FIGUEIREDO FILHO, 2009). 

 COHEN (1988), destaca que valores entre 0,10 e 0,29 podem ser considerados pequenos; entre 0,30 e 0,49 podem ser
considerados como médios; e valores entre 0,50 e 1 podem ser interpretados como grandes.

Gráfico 11 - Correlação IPL por ocorrências em 2020.


250 700.00
600.00
200
500.00
150 400.00
100 300.00
200.00
50
100.00
0 0.00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nº de chamados realizados IP Ligação

Fonte: O autor (2021).


4.7 AÇÕES DE CONTROLE DE PERDAS CONFORME A REALIDADE DA
PRESTADORA DE SERVIÇO DO MUNICÍPIO.

 Como primeiro passo, foi elaborado um fluxograma de controle de perdas para a


EMASA.
 Após a elaboração do fluxograma foram respondidas as perguntas do 5W2H.

Perguntas Respostas
O que? Que ação será executada? Controle de perdas de água
Quem? Quem irá executar/participar Corpo técnico EMASA/ prestadoras de serviço da
da ação? EMASA/
Onde? Onde será executada a ação? Sistema de abastecimento de água de Balneário
Camboriú-SC.
Quando? Quando a ação será Durante todo o plano de controle de perdas (24
executada? meses).
Por quê? Por que a ação será Para evitar e mitigar as perdas de água.
executada?
Como? Como será executada a ação? Renovação de tecnologias/ações de controle e
* Usando como base plano
fiscalização das prestadoras de serviços da EMASA de controle de perdas
do Serviço Autônomo de
/revisão e padronização de procedimentos/ Água e Esgoto - SAAE - de
Itabira/MG.
treinamento.
Quanto custa? Quanto custa para 1,5% de aumento na cobrança tarifária de água. *
executa a ação?
Mês
Item Meta
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

1 Controle de perdas de água. x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

2 Setorização x X x                                          

3 Geofonamento           x x x x x x x x x x x x x x x x x x X

4 Controle de pressão na rede     x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x X

5 Implantar tecnologias em       X x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

hidrômetros com maior


precisão.

6 Controle de vazamentos       x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

visíveis.
7 Instalação adequada de       x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x X

macromedidores e a
calibração dos medidores de
vazão.

8 Controle de ligações       x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x X

inativas e clandestinas.

9 Instalação adequada e a           x x x x x x x x x x x x x x x x x x X

substituição periódica dos


hidrômetros.

10 Substituição de rede e             x x x x x x x x x x x x x x x x x X

ramais.
11 Treinamento de todo a X X X                   X X X                  

equipe técnica e operacional


da EMASA.
 1. Controle de perdas de água.

 Criação de um Setor de controle de perdas de água.

 Reuniões mensais para: Análise de resultados; Priorização de ações e intervenções; Estudos de caso. Acompanhamento mensal dos
indicadores. Treinamentos.
 2. Setorização

 Como a EMASA já possui um plano de setorização, este item consiste em proceder uma revisão no projeto de setorização, bem
como averiguar o que já foi implementado.
 3. Geofonamento

 Diagnóstico preliminar do cenário situacional da integridade das tubulações.

 Aumentar a pesquisa de vazamento não visíveis com a elaboração de um plano e contrato de uma empresa especializada neste tipo
de execução com profissionais certificados.

 Estipular uma meta de 20km mês de Geofonamento, para que possa alcançar toda a extensão da rede da EMASA ao fim dos 24
meses.
4. Controle de pressão na rede 

 Verificar o plano de controle de pressão se existente por parte da EMASA.

 Elencar 20 pontos principais de controle de pressão, concomitante as pesquisas e dados do geofonamento e


setorização.

 Elaborar estratégias no controle de pressão de rede, bem como atribuir mais pontos de controle caso necessário.

 Iniciar a automação e telegestão (telemetria) das elevatórias de água. Instalações de válvulas redutoras de pressão
(VRP).
 5. Implantar tecnologias em hidrômetros com maior precisão.

 Verificar o modelo de hidrômetro implantado no município.

 Estimular por meios de programas a troca de hidrômetros com tecnologias ultrapassadas.

 Qualificação de fornecedores e substituição de materiais.


 6. Controle de vazamentos visíveis.

 Para tal se faz necessário treinamento da equipe responsável pelo controle de vazamentos, assim como pelas equipes
de produção e distribuição de rede.

 Padronização de procedimentos, como o controle dos níveis de reservatórios afim de se evitar extravasamentos.

 Elaboração de novos procedimentos: Cartilha cartográfica, manuais específicos para os encanadores.


 7. Controle de macromedidores.

 Instalação adequada dos macromedidores e constantes calibrações nos medidores de vazão.

 Qualificação de fornecedores.
 8. Controle de ligações inativas e clandestinas.

 Este item terá que verificar o por que existem ligações e economias sem hidrômetros.

 Atualização do cadastro de consumidores, levantamento dos consumos médios, realização de serviços de detecção de
fraudes.

 Aumentar a fiscalização de economias e ligações clandestinas


 9. Instalação adequada e a substituição periódica dos hidrômetros.

 Treinamento da equipe de instalação de hidrômetros, elaborar um plano para a substituição periódica


de hidrômetros. Início de trocas preventivas de hidrômetros.
 10. Substituição de rede e ramais.

 O item abordara um programa de mapeamento da rede de abastecimento, resultando então no início


da inovação de toda a rede do sistema de abastecimento de água.

 Treinamento para padronização na execução de rede e instalação de válvulas de manobras.


 11. Treinamento de toda equipe técnica e operacional da EMASA.

 Criação de manuais: gestão de fraudes, redes, manutenção de redes, distribuição geral. Novas
ferramentas de gestão para controle de perdas.
Considerações Finais
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O cumprimento dos objetivos geral e específicos produziu diversos resultados positivos, trazendo não só o conhecimento
de dados relevantes para o município de Balneário Camboriú-SC, mas também para a prestadora de serviços EMASA.

 Geral

• Determinar o Índice de Perdas de água na rede de distribuição do Sistema de Abastecimento de Água de Balneário Camboriú/SC, durante o período

de dezembro/ 2019 a junho/2020. (ANO DE 2020) 36,89%

 Específicos

• Descrever o Sistema de Abastecimento de Água de Balneário Camboriú.

• Estimar o volume de água tratada produzida e distribuída no período de dezembro/2019 a junho/2020. (ANO DE 2020) 14.968.876 m³
9.972.242 m³
• Identificar o consumo de água usado para a operação e manutenção da Estação de Tratamento de Água no período de dezembro/2019 a

junho/2020. 56.250m³/mês

• Correlacionar o Índice de Perdas na rede de distribuição do SAA com os problemas operacionais ocorridos no período de dezembro/2019 a

junho/2020. (ANO DE 2020).

• Propor ações de controle de perdas conforme a realidade da prestadora de serviço do município.


 O trabalho apresentou dificuldades no encontro das interpretações mais adequadas para os dados, que
quando estes dados existiam, apresentavam diversas informações duvidosas, isso dificultou o
desenvolvimento do estudo, mas mesmo assim, obteve-se êxito ao conseguir desenvolver os cálculos
propostos mostrando a realidade de perdas do município.

 Apontou-se os déficits e com isso elaborou-se estratégias que precisam de atenção por parte da
EMASA, podendo este estudo ser amplamente utilizado pela empresa.

 Com estes indicadores nos quais se mostraram de simples aplicação, trazem concomitantemente
resultados promissores e são um modo simples de diagnosticar fatores podendo ser aplicados no Brasil
como um todo.

 Os Índices utilizados são uma ótima ferramenta para iniciar o controle de perdas. Visto que, mesmo
com as dificuldades encontradas na coleta de dados ou à necessidade de uma gestão mais adequada,
fatores estes, dos quais compartilham da realidade de diversas prestadoras de serviços, os cálculos
puderam ser concluídos.
SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

 Há a necessidade de estudos futuros, aqui a recomendação para o uso de técnicas mais “finas” como o
método do Balanço Hídrico, que permite um ajuste melhor das técnicas utilizadas para o controle de
perdas de água.

 E também com base nesta nova metodologia elaborar um plano conforme as realidades apontadas por
ela.

 O controle e conhecimento das perdas aparentes com uma abordagem mais abrangente também se faz
necessário.
Referencias

 SABESP. Programa de controle e redução de perdas. São Paulo: Cia de Saneamento Básico do


Estado de São Paulo, 2004. 34 slides, color. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/1841019/.
Acesso em: 17 maio 2021.
 GOES ASSOCIADOS. Instituto Trata Brasil (org.). PERDAS DE ÁGUA 2018 (SNIS 2016): DESAFIOS
PARA DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO. São
Paulo: Instituto Trata Brasil, 2018. 68 p. Disponível em:
http://www.tratabrasil.org.br/estudos/estudos-itb/itb/perdas-de-agua-desafios-para-disponibilidade-hidrica-
e-avanco-da-eficiencia-do-saneamento-basico. Acesso em: 28 fev. 2020
 WARTCHOW, Dieter. SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. Porto Alegre- Rs, [2011]. 106 slides,
color. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/sga/Sistema de Abastecimento de Agua.pdf>. Acesso em: 21
fev. 2020.
 SNIS 25º Diagnóstico de serviços de água e esgotos, – Texto. Visão geral de prestação de serviços.
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Ministério das Cidades, Brasília, 2019.
Quando aceitamos nossos limites,
conseguimos ir além deles.
Albert Einstein

OBRIGADO!

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