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Cms Files 55806 1608757817atos Dos Apstolos
Cms Files 55806 1608757817atos Dos Apstolos
FABAPAR
F A C U L D A D E S B A T I S TA D O P A R A N Á
Atos dos Apóstolos
FABAPAR
F A C U L D A D E S B A T I S TA D O P A R A N Á
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© Os direitos de autoria e patrimônio são reservados ao(s) autor(es) da obra e a Faculdades
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obra sem autorização da FABAPAR.
ISBN: 978-85-89487-06-1
FABAPAR
F A C U L D A D E S B A T I S TA D O P A R A N Á
Curitiba
2019
Atos dos Apóstolos
1. Estrutura geral do livro
Introdução
O livro “Atos dos Apóstolos” é o único escrito narrativo que realiza
a ligação entre os eventos registrados nos Evangelhos e o restante dos
textos do Novo Testamento, fechando uma lacuna com o desenvolvimento
posterior do cristianismo, especificamente da igreja primitiva.
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A missão entre os gentios e suas primeiras ações efetivas são focos
da sequência do martírio de Estevão, da ação de evangelização de Felipe,
da ação de Jesus na conversão de Saulo e do nascimento da primeira
comunidade orgânica cristã na Cidade de Antioquia. Esta seria o polo de
onde sairiam missionários comissionados até os confins da Terra.
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1.1 Autoria
A tradição tem sido unânime com relação à autoria de Lucas para o livro
de Atos. O fato é que o Evangelho de Lucas e Atos são escritos anônimos. O
autor foi uma pessoa de boa cultura, o que se percebe na introdução do escrito
em grego literário de bom nível. As informações foram transmitidas ao autor
(Lc 1.2), não sendo este, então, um dos apóstolos que andou com Cristo. O
autor conhece o Antigo Testamento, pela versão da Septuaginta, tradução
grega, sabe do contexto político e social de sua época e é alguém bem
próximo do apóstolo Paulo.
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que aconteceram entre nós”. (Lc 1.1) ficaria inexplicável se
ela tratasse de nada mais que uma história de Jesus até
sua ascensão. (MAUERHOFER, 2010, p. 271)
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A autoria de Lucas pode ser apoiada presumindo que a sua profissão
se mostre na linguagem peculiar, que deve ser percebida no uso de termos
adequados a tal realidade, uma vez que o próprio Paulo o reconheceu
como médico. Porém não é fato definitivo, pois não há consenso se, de
fato, há usos de terminologia médica em Atos.
A escolha mais lógica recai sobre Lucas pela via da tradição que
nunca associou Tito a este escrito. Uma vez que se toma tal posição,
alguns problemas surgem, por exemplo, o da distinção entre a teologia de
Paulo em Atos e em suas epístolas e as diferenças de relatos biográficos
de Atos não coincidentes com informação nas epístolas.
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1.3.1 Ano
A datação de Atos é tarefa difícil, por isso surgiram diversas teorias
que variam de uma data primitiva de antes da destruição de Jerusalém no
ano 70 d.C. até uma data posterior, perto de 130 d.C. Em aspectos gerais,
tais teorias situam Atos em três períodos: 62 a 70 – 80 a 95 – 115 a 130.
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Este seria o clímax necessário que configuraria o foco de Lucas no
movimento cristão e seu crescimento certo, mais do que sua preocupação
com a pessoa de Paulo. De fato, Lucas tomou a resolução de publicar sua
narrativa desta forma, sem maiores explicações.
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É possível constatar muito cedo vestígios de Atos que
dificilmente permitem uma datação por volta do ano
100. Em Clemente de Roma (c. 95) encontram-se tais
ressonâncias. Também em O pastor, de Hermas (c. 140),
talvez se possa atribuir uma passagem a Atos, assim como
um texto do Didaquê (c. 100), da Carta de Policarpo (m. c.
155) e das cartas de Inácio. Ainda no século II, também
Justino parece ter conhecido Atos. E na carta das igrejas
de Viena e Lião às igrejas da Ásia e da Frígia constam
semelhanças com Atos. (MAUERHOFER, 2010, p. 290)
1.3.2 Autor
A origem de Lucas é quase desconhecida dos estudiosos. O que
se pode deduzir a partir da epístola de Paulo aos colossenses é que era
um gentio (Cl 4.1-14), uma vez que ele não fora inserido dentre os judeus
que cooperaram com Paulo. Outra informação relevante é que Lucas não
foi um seguidor de Jesus Cristo durante sua vida terrestre. O prólogo do
Evangelho deixa isso bem claro. A antiga tradição liga Lucas à cidade de
Antioquia da Síria.
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Os acontecimentos da narrativa revelam a perspectiva de Lucas ao
mostrar que estes haviam sido previstos nas Escrituras Sagradas. Tais
acontecimentos iriam acontecer, o que incluía o sofrimento necessário
e a glorificação de Jesus e também a propagação das boas-novas para
todas as etnias. A consequência disto era o nascimento de uma igreja que
seria a expressão da comunhão entre judeus e gentios crentes. O uso que
Lucas faz da septuaginta aponta para a obra de continuidade de Deus em
plena concordância com o que havia prometido no Antigo Testamento.
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A apresentação de Lucas de fatos históricos e geográficos
é esplêndida. Demonstra que, em muitos episódios, ele
próprio foi uma testemunha ocular. E quando não havia
estado presente, consultava pessoas que haviam estado
no local e podiam fornecer um relato preciso dos incidentes
ocorridos. (KISTEMAKER, 2016, p. 21)
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O relato que Lucas fez da subida de Jesus aos céus à vista de
testemunhas, aponta para uma referência ao primeiro volume que já tinha
sido completado, relação percebida do final do Evangelho (Lc 24.49) com
o início da narrativa em Atos (At 1.9). Tal percepção também colabora
para a possibilidade de estes escritos terem sido constituídos de uma só
obra literária. Porém a tradição não sustenta tal hipótese, pois não foram
incluídos no cânon dos primeiros pais da igreja.
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A intenção do autor dos Atos é a de descrever a atividade
de Deus, em Cristo, e orientada para a salvação da
humanidade. Atividade esta que alcançou pela primeira
vez seu objetivo com a pregação aos gentios em Roma.
Para atingir esse desiderato, criou uma forma literária
que não tinha precedente, nem no mundo pagão nem no
cristão, e que não deixou imitadores de nenhuma espécie.
(KÜMMEL, 1982, p. 207)
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1.4 Divisões
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Atos, com a informação de que Jesus deu mandamentos aos apóstolos
que ele mesmo escolheu. Em seguida, foi elevado para as alturas (At 1.2).
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passar adiante estas mesmas instruções. Os ensinos de Jesus iriam
tornar tais discípulos aptos para serem o elo de ligação com os futuros
cristãos. Além disso, seriam eles testemunhas vivas de sua morte e
ressurreição. Lucas descreve todas estas ações como realizadas por
meio do Espírito Santo.
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O Espírito Santo veio sobre este grupo que experimenta de modo
inédito sinais sobrenaturais que os leva a expressar altos louvores a
Deus. Os sinais externos apenas apontaram para uma realidade interna e
invisível do que aconteceu no interior de cada uma. Os discípulos foram
capacitados e sobre cada um deles há este sinal externo, uma chama em
forma de língua. A partir deste momento, eles passam a falar em línguas
diferentes de sua materna, passam a falar em línguas estrangeiras.
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O enchimento que os crentes experimentaram, com a descida do
Espírito Santo, é o cumprimento da profecia do profeta Joel, cujo centro é
o derramamento que Deus faria do seu próprio Espírito sobre toda a carne.
Pedro faz a interpretação do profeta e aponta para o seu cumprimento.
Esta é a prova de que é chegado o final dos tempos e a inauguração da
era messiânica, trazendo a salvação do pecado e do julgamento a todos
os que invocarem o nome do Senhor.
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mas pelo determinado desígnio e presciência do próprio Deus (At 2.23). A
ressurreição é ato do poder de Deus, apontando para o renascimento da
morte para a vida, do rompimento dos grilhões para uma libertação real,
predito por Davi no Salmo 16, versos 8 a 11. Pedro liga Jesus a Davi, o
descendente Rei que passa a reinar eternamente em seu próprio trono. O
contraste entre Jesus e Davi é a evidência de que o Filho de Deus se faz
presente em sua humilhação e em sua exaltação, portanto, concretizando
Seu Senhorio e sua Unção.
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1.4.4 Formação da igreja
O evento de Pentecostes tem resultado imediato e eficaz, o
despontar de uma comunidade que passa a identificar sua existência
pela realidade de crer em Jesus Cristo e ter recebido o dom do Espírito
Santo. Esta comunidade é composta por pessoas de várias etnias que
vão sendo inseridas no corpo de Cristo.
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A igreja segue no cuidado uns dos outros, mas também persevera
nas orações, oferecendo a Deus o culto que lhe é devido nas casas, de
modo informal. O serviço a Deus era realizado com alegria e singeleza de
coração, com contentamento e sinceridade, em que os cristãos passam a
adotar um estilo de vida que chamariam de adoração. Tal referência pode
ser evidenciada no relato de que havia temor em cada alma, na realidade
que tinham da visita do Deus Todo Poderoso e que este mesmo Deus
agora resolveu se revelar e habitar em cada nova vida.
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A revelação de Jesus para Paulo foi a causa de uma mudança
radical em sua existência. Paulo nunca mais seria o judeu perseguidor dos
cristãos. Ele passa a experimentar a revelação divina como característica
central dos cristãos. A graça soberana alcançou enquanto Paulo era
perseguidor de Cristo e adversário feroz com as mãos manchadas de
sangue inocente. Está narrado que foi aos pés de Paulo que as vestes
de Estevão foram deixadas (At 7.58). Paulo assolou a igreja, arrastou
pessoas de suas casas, colocou muitos na prisão (At 8.30) Paulo foi um
judeu fiel à sua religião, cheio de ódio, irritabilidade e hostilidade contra os
hereges do judaísmo.
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A conversão de Paulo teve como consequência uma mudança
fundamental que foi percebida na igreja cristã como um todo. Um novo
homem surgiu com novas atitudes que revelaram um novo caráter pautado
num relacionamento real com o seu Senhor e Deus Todo poderoso. Aqui
se tem o início do seu ministério, três dias em jejum e oração e, agora,
tinha acesso direto ao Pai Celeste (At 9.9 e 11). Paulo passa a exercer o
ministério para o qual foi chamado: a missão de proclamar o poder de
Deus para a salvação, o Evangelho de Jesus Cristo. Paulo iria cumprir
tal missão em intensas viagens que fariam dele um plantador de igrejas,
comissionado e enviado pelo Espírito Santo sob a imposição de mãos da
igreja em Antioquia (At 12.2, 3).
O apóstolo Paulo foi usado por Deus numa missão pioneira de levar
a semente da boa notícia aos gentios até os confins da Terra revelando as
verdades do Deus criador que não causavam qualquer ameaça ao império.
A partir da comunidade cristã de Antioquia, Barnabé e Paulo partem para a
primeira viagem missionária (At 12.25 – 13.3). Quando eles retornam, são
confrontados com o debate sobre a conversão dos gentios, que gera o Concílio
de Jerusalém o qual endossa que a boa notícia deve mesmo ser proclamada
a todos os gentios sem a imposição das leis e regras do judaísmo.
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A terceira viagem missionária de Paulo é o relato de como Deus o
dirigiu passo a passo para a Macedônia, cujo resultado de intensa atividade
é o crescimento da Palavra de Deus que prevalecia poderosamente (At
18.24 – 19.20).
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parte do primeiro século era visto como uma seita dentro do mosaico
judaico, e não uma nova religião. A igreja cristã surge dentro da cidade de
Jerusalém, composta de judeus palestinos que passaram a crer no Jesus
ressurreto e em sua volta iminente.
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O cristianismo passa a ser uma religião independente após o ano
64 d.C., por causa do incêndio terrível na cidade de Roma, onde muitos
suspeitaram que foi o próprio imperador Nero quem fez isso, pois desejava
reconstruir Roma num estilo melhor.
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organizando a vida em torno da vida comum, numa comunidade que, aos
poucos, foi se estruturando e estabelecendo diáconos, pastores e bispos
como servos e líderes eficazes que realizariam a excelente obra para a
glória de Deus.
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A teologia cristã é construída aos poucos, como resultado de
tais controvérsias e das inúmeras tentativas de diluir os ensinamentos
cristãos, pelas diversas distorções e heresias. Os pais da igreja teriam
muito trabalho para realizar uma apologia bem fundamentada, frente aos
ataques e ao sarcasmo que colocavam o cristianismo como uma religião
de ignorantes e imorais.
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Síntese
A boa notícia de que Deus tomou a iniciativa de resgatar pecadores
se torna disponível a toda a humanidade pela realidade dos Evangelhos,
textos inspirados por Deus em autores humanos. O ministério de Jesus
na Terra foi registrado nestas páginas, numa narrativa sem igual, numa
progressão real entrelaçada com a história mundial. Por conta disto,
aqueles discípulos desconhecidos do nazareno se tornariam conhecidos
de todos os tempos e em todos os lugares.
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