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Entre lá e cá: identidade, aculturação e desempenho escolar de descendentes


de imigrantes em Portugal

Chapter · January 2017

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2 authors:

Maria-Benedicta Monteiro João H. C. António


ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa Universidade Católica Portuguesa
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CAPÍTULO 5

Entre lá e cá: identidade,


aculturação e desempenho escolar de
descendentes de imigrantes em Portugal

MARIA BENEDICTA MONTEIRO


JOÃO HOMEM-CRISTO ANTÓNIO

Em outubro de 2005, desencadeou-se em Paris uma série de mani-


festações violentas protagonizadas por jovens imigrantes de 2ª geração,
principalmente magrebinos e africanos subsaarianos, que envolveu o
incêndio de automóveis e de edifícios públicos. A gravidade e a exten-
são da revolta levaram o Parlamento francês a decretar por três meses o
estado de emergência.
No dia 13 de novembro de 2005, o jornal ‘Público’ publicou uma re-
portagem sobre um encontro de dirigentes de Associações de imigrantes,
em Portugal, para discutirem o que fazer para que ‘os nossos filhos não se
sintam como os magrebinos e os subsaarianos em França’. A resposta dos
dirigentes associativos, a que vieram se juntar as vozes de responsáveis
Autárquicos, de Direcção de Escolas e de cientistas sociais, trouxe à luz
do dia as opiniões de muitas instituições envolvidas no assunto da Imi-
gração/ Educação em Portugal. Todas defenderam medidas com o mesmo
objectivo: aumentar nas escolas e nos seus enquadramentos urbanos as
competências, os recursos e as normas de respeito cívico que venham

100 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
dar às minorias de origem imigrante igualdade de oportunidades, de
sucesso escolar, pessoal e profissional em relação ao grupo nacional.
Estes episódios contribuíram para tornar mais visível em Portugal, tanto
a questão politicamente não resolvida do(s) ‘modelo(s) de integração’ a
adoptar relativamente à imigração, como o debate sobre o que, de facto,
se passa nos ‘bairros’, nas escolas e nas famílias, nomeadamente no
domínio da educação.
Neste capítulo, apresentamos, em primeiro lugar, o conceito de
aculturação e os principais modelos que têm equacionado, no quadro da
Psicologia Social, a sua relação com formas de adaptação social de grupos
imigrantes em países hospedeiros. Procederemos depois à apresentação
da investigação que a Psicologia Social tem conduzido, em Portugal, no
quadro mais específico do significado, funcionamento e consequências
da condição bicultural dos imigrantes na infância e na adolescência.

ACULTURAÇÃO

O conceito de aculturação (REDFIELD; LINTON; HERSKOVITS, 1936)


foi primeiramente definido no âmbito da Antropologia como ‘os fenó-
menos que resultam do contacto continuado e em primeira-mão entre
grupos de indivíduos de diferentes culturas e das mudanças subsequen-
tes nos padrões da cultura original de cada um ou de ambos os grupos’
(p. 149). A Psicologia entrou cedo, lado a lado com os seus pares das
Ciências Sociais, nesta área do comportamento humano. Ficou célebre
a contribuição de Otto Klineberg (1935), presidente do Departamento de
Psicologia Social da Universidade de Columbia, ao intervir no debate
norte-americano sobre as causas da migração de um grande grupo de
negros de estados do Sul para estados do Norte dos EUA. A investigação
de Klineberg (1935) mostrou que a ideia de migração selectiva com base na
sua inteligência não era sustentável, já que os testes de inteligência e as

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a contemporaneidade em temas clássicos
notas dos alunos negros, que ficaram no Sul, e as dos que partiram para
o Norte eram idênticas. Esse estudo foi importante, não só no quadro
dos debates sobre o preconceito e a discriminação dos negros nos EUA,
mas também porque adicionou a este debate uma importante dimensão
de contexto: as migrações e as condições em que ocorre a aculturação.
É neste âmbito que, no fim do século XX, se consolida como tema de es-
tudo da Psicologia Social o fenómeno da aculturação, em estreita ligação
com os grandes fluxos migratórios de múltiplas origens para a Europa e
para o continente Americano.

RELAÇÕES INTERCULTURAIS E ACULTURAÇÃO

No início da sua conferência, na sessão em que lhe foi atribuído o


prémio Donald O. Hebb pela sua Distinta Contribuição para a Psicologia e
para a Ciência, em 1998, John Berry tornou claras quais as questões que
estiveram na origem do seu trabalho sobre Aculturação: Como é que
pessoas de diferentes origens culturais conseguem viver juntas com
sucesso em sociedades plurais?
A sua resposta, sustentada pelo conceito de aculturação psicológica
(GRAVES, 1967) e pelo seu próprio trabalho etnográfico (e.g., BERRY,
1970), deu origem ao primeiro modelo pluridimensional sobre os factores
determinantes das orientações de aculturação de imigrantes de minorias
sociais (BERRY, 1990), que influenciou os estudos da Psicologia Social
até ao presente.
O autor definiu dois factores que julga interessarem imigrantes nas
suas interações diárias: a preservação da herança cultural (importa manter
a sua identidade e comportamentos culturais), e o contacto-participação
(importa contactar e participar na vida da sociedade maioritária). A es-
trutura criada pela intersecção destes factores deu origem a um espaço
que define quatro tipos de estrat Na perspectivaisço em que cabem quatro

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a contemporaneidade em temas clássicos
varidades de re lelaçitn sua identidade culturalégias de aculturação (BERRY,
1990): Assimilação (não importa preservar a herança cultural, importa
procurar o contacto com a maioria), Separação (importa preservar a
cultura de origem e evitar contactos com a maioria), Integração (impor-
ta preservar a cultura de origem e manter contactos com a maioria) e
Marginalização (não importa, quer manter ligações à cultura de origem,
quer contactar com a maioria). A investigação utilizando este modelo
de aculturação mostrou que a estratégia dominante era a Integração,
isolada ou em paralelo com a Assimilação (BERRY; SABATIER, 2010).
A estratégia de Integração estava associada ao menor stress de aculturação
(BERRY et al., 1987) e à autoestima mais elevada (e.g., GIANG; WITTIG,
2006). Mas, a orientação de Separação foi a dominante no caso da etnia
nativa canadiana Cree (BERRY et al., 1982). A procura da explicação desta
diferença de estratégias de aculturação e das suas consequências, no grau
de adaptação dos migrantes, trouxe para os estudos subsequentes certo
número de variáveis, individuais, socioculturais e políticas, como o es-
tatuto dos grupos (e.g., ZAGEFKA; BROWN, 2002), a distintividade física
do grupo minoritário e a residência separada em ‘Bairros’ (KIM; BERRY,
1985), a identificação étnica e nacional (e.g., BERRY; KALIN, 1995) ou as
políticas de imigração adoptadas em cada país (e.g., BERRY, 1984), como
factores moderadores no processo.
Apesar da evidência do papel positivo da estratégia de Integração em
vários domínios importantes da vida dos imigrantes, um estudo meta-a-
nalítico efectuado (RUDMIN, 2006) mostrou que há um elevado número
de estudos que não encontra uma relação positiva entre a orientação de
Integração e importantes variáveis como a autoestima, o nível de stress,
a depressão ou o desempenho escolar e estudos em que as orientações
de Separação ou de Assimilação são mais benéficas do que a Integração
para os imigrantes e os seus descendentes.
Em contraste com o modelo das atitudes dos imigrantes em relação
aos membros da cultura dominante, Bourhis e colaboradores (1997)

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a contemporaneidade em temas clássicos
desenvolveram o Modelo da Aculturação Interactiva1. 1 Interactive Acculturation Model

As principais contribuições deste modelo foram o


papel central atribuído às políticas nacionais de imi-
gração e a inclusão da perspectiva da maioria acerca
da aculturação das minorias, de modo a revelar o grau
de compatibilidade entre as preferências dos dois gru-
pos: consensual, problemático ou conflitual. Os poucos
estudos que testaram este modelo e a sua relação com
a adaptação dos imigrantes mostraram a importância
de variáveis moderadoras como a percepção de ameaça
e a percepção de discriminação na qualidade das rela-
ções intergrupais (ZAGEFKA; BROWN, 2002) ou no seu
grau de bem-estar (ROCCAS; HORENCZYK; SCHWARTZ,
2000). Rohmann, Piontkowski e Randenborg (2008),
por seu lado, mostraram que, na condição de discordân-
cia entre as atitudes de aculturação do grupo Alemão
e dos dois grupos migrantes, Turco e Italiano, o grupo
Alemão apresentava níveis mais elevados de percepção
de ameaça do que na condição consensual.

ACULTURAÇÃO E ADAPTAÇÃO DE
CRIANÇAS E JOVENS DESCENDENTES
DE IMIGRANTES

Os modelos anteriores foram quase exclusivamente


testados em populações imigrantes adultas. Mas, em
breve, os investigadores perguntaram se os resultados
observados nessa população poderiam ser extrapola-
dos para os grupos mais jovens, incluindo as crianças.
Para responder a esta questão, Berry e colaboradores

104 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
conduziram um estudo longitudinal com treze países
e 7.997 adolescentes imigrantes de 1ª ou 2ª geração,
entre treze e dezoito anos (BERRY et al., 2006)2. Os au- 2 Países participantes: Alemanha,
Austrália, Canadá, Estados Unidos da
tores enunciaram três questões: como vivem os jovens América, Finlândia, França, Holanda,
descendentes de imigrantes no interior da sua cultura Israel, Nova Zelândia, Noruega,
Portugal, Reino Unido e Suécia. As
e entre duas culturas – a dos seus pais/ da sua família/
amostras em cada país incluíram
da sua geração? Ou seja, como vivem a sua experiência imigrantes ou seus descendentes
de aculturação? Com que sucesso, lidam os jovens (nas (5.366) e naturais do país hospedeiro
(2. 631). Em todos os países, o estatu-
áreas pessoal, social e académica) com a sua condição to profissional dos pais nas amostras
intercultural? Existem padrões de relação entre o modo nacionais era significativamente
mais elevado do que o das amostras
como os imigrantes se envolvem nas relações intercul- imigrantes.
turais e o grau ou qualidade da sua adaptação?
Em relação à primeira questão, os autores testaram
o seu modelo bidimensional de aculturação e encontra-
ram quatro perfis, semelhantes aos dos adultos, quer na
estrutura, quer na preferência explícita pela estratégia
de Integração, mas muito diferentes nos valores mais
baixos, no perfil Nacional/Assimilação, e, mais altos,
nos perfis Étnico/Separação e Difuso/Marginalização.
O carácter longitudinal do estudo revelou ainda que,
quanto maior era o tempo de residência no país actual,
maior era o número de jovens no perfil de Integração
e menor no perfil de Marginalização, sugerindo que o
aumento do tempo de residência dos jovens imigrantes
favorece experiências intergrupais positivas e evita as
negativas.
Em relação à segunda questão – Como se adaptam
os jovens imigrantes à nova situação – o estudo avaliou
duas formas de adaptação (WARD, 1996) – psicológica e
social – com variáveis semelhantes às dos estudos em
adultos. Os resultados mostraram que, apesar das varia-
ções entre grupos imigrantes e países de acolhimento, a

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a contemporaneidade em temas clássicos
qualidade de adaptação dos jovens era tão positiva como a dos seus pares
nacionais. Resultados semelhantes, considerados ‘paradoxais’, foram
encontrados em estudos sobre o sucesso académico de jovens imigrantes
Cambojanos (GARCIA COLL, 2005) e Latinos (HAYES-BAUTISTA, 2004),
nos EUA. Em contexto europeu, Basabe, Zlobina e Páez (2004) estudaram
a adaptação de imigrantes no País Basco. Os resultados foram semelhan-
tes aos encontrados em amostras imigrantes adultas: estar envolvido
num perfil de Integração, estava associado a uma melhor adaptação
psicológica e social e, não estar envolvido em qualquer das culturas ou
sentir-se confuso acerca da sua situação, prejudicava as duas formas de
adaptação. Estar envolvido no perfil de Separação, estava associado a uma
boa adaptação psicológica, mas a uma ineficiente adaptação social. E,
em relação ao perfil de Assimilação, os níveis de adaptação psicológica
e social eram fracos. Os autores concluíram que tanto o perfil de Inte-
gração como o perfil de Separação eram claramente mais benéficos para
os jovens imigrantes.
A importância teórica da construção e gestão das identidades ao longo
do desenvolvimento deu a esta variável uma saliência especial no âmbito
do processo de aculturação de imigrantes, nomeadamente nos estudos
com crianças e adolescentes, em que a questão identitária assume um
papel central no seu desenvolvimento. Por exemplo, no estudo sobre
identidade étnica, imigração e bem-estar em adolescentes, Phinney et
al. (2001) tentaram compreender: Como é que a identidade étnica e a
identificação com a nova sociedade se relacionam entre si; como é que as
duas identidades se relacionam com a adaptação dos jovens imigrantes
e como é que estas relações variam entre grupos e entre contextos na-
cionais. O modelo que propuseram defendia que o papel das identidades
no processo adaptativo decorre da interacção entre as atitudes e caracte-
rísticas dos imigrantes e as respostas da sociedade receptora, moderada
pelas circunstâncias particulares do grupo imigrante na nova sociedade
e as políticas locais. Estas políticas, por sua vez, podem aceitar e mesmo
encorajar o pluralismo cultural, ou serem ambíguas ou hostis em relação

106 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
à imigração em geral ou a grupos particulares de imi-
grantes. Quando os imigrantes têm um forte desejo de
preservar a sua cultura e a sociedade encoraja o pluralis-
mo, estão criadas as condições para que se afirme uma
identidade étnica. Quando essa vontade não está saliente
e os grupos de imigrantes se sentem aceites, é provável
que prevaleça uma identidade nacional.3 Phinney et al. 3 As identidades nacional e étnica
podem ser, de acordo com a inves-
(2001), na continuação de Hutnik (1991) e do modelo tigação, proxies das dimensões de
de aculturação de Berry, assumem estas dimensões manutenção da herança cultural e
de contacto intergrupal, postuladas
como eixos independentes que definem quatro espaços
pelo modelo de Berry.
identitários: identidade integrada (identidade étnica
nacional fortes), identidade separada (identidade étnica
forte e nacional fraca), identidade assimilada (identidade
étnica fraca e nacional forte), e identidade marginalizada
(identidades étnica e nacional fracas).
Para além da importância da inclusão da identida-
de étnica – ‘aquele aspecto da aculturação que se foca
no sentimento subjectivo de pertença a um grupo ou
cultura’ (PHINNEY et al., 2001, p. 495) – a contribuição
destes autores é importante por reafirmar o processo de
aculturação das minorias como uma interacção entre a
sua definição identitária, a sua orientação de acultura-
ção e a percepção da resposta da maioria à sua presença
no país. Em termos da selecção das áreas de impacto
das identidades, os autores estudaram a expressão de
bem-estar, como medida subjectiva de satisfação com
a sua condição, e a adaptação escolar, como medida ob-
jectiva de ajustamento ao sistema educativo nacional.
No seu Estudo Internacional Comparativo da Juven-
tude Etnocultural (2001), os autores verificaram que os
valores da identidade étnica de imigrantes adolescentes
a viver em quatro países – Finlândia, Israel, Holanda

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a contemporaneidade em temas clássicos
e EUA – foram mais elevados do que os da identidade
nacional. E na amostra total, as duas dimensões da
identidade não estavam relacionadas4. Os autores con- 4 Nos EUA, as amostras foram re-
colhidas em adolescentes de origem
cluíram que, embora teoricamente a identidade étnica
Vietnamita, Mexicana e Arménia; em
e a identidade nacional sejam independentes, a relação Israel, a amostra incluiu adolescentes
entre ambas varia empiricamente, de acordo com os imigrantes de origem Russa e Etío-
pe; na Finlândia, a amostra incluiu
respectivos contextos nacionais. adolescentes de origem Vietnamita
Relativamente à importância da resposta da maioria e Turca; e na Holanda, os dados
diziam respeito a adolescentes imi-
para a estratégia de aculturação dos jovens e para a sua grantes de origem Turca, Surinamesa
definição identitária, os autores mostraram que o tipo e Antilhana.

de identidade expressa pela maioria dos participantes


só correspondia às políticas de imigração adoptadas
na Califórnia, em que os adolescentes adoptaram com
maior frequência uma identidade integrada do que
identidades separadas, assimiladas ou marginalizadas.
Em síntese, a evidência sobre a relação entre o tipo
de políticas nacionais de imigração e a formação da
identidade dos adolescentes, na maioria dos países em
estudo, foi fraca, não permitindo sustentar a hipótese.
Quanto à relação entre as orientações identitárias e
o sentimento de bem-estar dos adolescentes, como factor
sinalizador de uma adaptação satisfatória à sociedade
dominante, os resultados indicaram que os jovens
com uma identidade integrada expressaram valores
mais elevados em bem-estar psicológico do que os
outros três grupos identitários, e que os adolescentes
com uma identidade marginalizada expressaram os
mais baixos valores em bem-estar psicológico. Mas,
estes valores sofreram variações em função do país
de destino (ex: em Israel, a opção de Separação estava
associada a mais problemas comportamentais), ou a
percepção dos migrantes sobre a sua posição relativa

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a contemporaneidade em temas clássicos
no país de acolhimento (e.g., para os adolescentes mexicanos nos EUA,
foi a identidade étnica que predisse o seu nível de autoestima). Phinney
et al. concluíram que uma identidade étnica forte e segura, capaz de lidar
com os conflitos dentro do seu grupo, traz consigo sentimentos positivos
e pode ser uma fonte de autoavaliação positiva. E, se estiver associada a
uma forte identidade nacional, isso poderá contribuir para sentimentos
de bem-estar pessoal e de satisfação com a vida.

ACULTURAÇÃO E ADAPTAÇÃO ESCOLAR

A investigação tem persistentemente documentado os resultados


escolares mais fracos de muitos grupos imigrantes, quando compara-
dos com os seus pares nativos (e.g., OECD, 2014), e a adaptação escolar
das crianças e dos jovens é vista pelas famílias imigrantes como a mais
importante tarefa a assegurar no novo país. Como muitos autores têm
sublinhado, a escola pode ser o contexto que promove a igualdade de
oportunidades e que facilita uma integração na sociedade, em geral
(VEDDER; HORENCZYK, 2006). Roche, Ghazarian e Fernandez-Esquer
(2012) estudaram a relação entre as orientações de aculturação de adoles-
centes de origem mexicana e o seu desempenho escolar em Los Angeles
e mostraram a importância do domínio da língua inglesa, mas também
da orientação simultânea dos jovens para as culturas mexicana e ameri-
cana, para a explicação dos seus níveis de sucesso escolar. Também, na
Bélgica, se mostrou que a disparidade, entre os resultados escolares da
minoria turca e dos nativos belgas, é uma das mais elevadas, na Europa.
No estudo de Baysu, Phalet e Brown (2014), que incluiu a avaliação do
desempenho escolar, a avaliação das identidades nacional e étnica e
da percepção de discriminação de 576 jovens turcos, os estudantes que
expressaram dupla identificação (Integração) tinham tido desempenho
académico mais elevado, mas apenas na condição em que tinham expres-

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a contemporaneidade em temas clássicos
sado baixa percepção de discriminação. Na condição de
elevada percepção de discriminação, os estudantes com
maiores probabilidades de sucesso eram os que tinham
expresso identidades de Assimilação ou de Separação.

MIGRAÇÃO E ACULTURAÇÃO
EM PORTUGAL: CRESCER ENTRE
DOIS MUNDOS

Portugal introduziu, nos últimos trinta anos, na sua


agenda política de país da União Europeia, a questão
da imigração. A 1ª geração de imigrantes que aportou a
Portugal, proveniente das suas ex-colónias de África e
do Brasil, e mais recentemente dos Países de Leste eu-
ropeu, deu origem a uma 2ª geração bicultural maiorita-
riamente portuguesa. Este fenómeno está na origem da
multiplicidade de estudos desenvolvidos pelas Ciências
Sociais, quer para a sua caracterização sociodemográ-
fica, quer para a análise transversal e longitudinal dos
processos e contextos de adaptação destas gerações
mais jovens à sociedade portuguesa (Observatório da
5 Identidade étnica (HUTNIK, 1991;
Imigração, http://www.oi.acidi.gov.pt). É neste contexto, PHINNEY, 1990): ‘Quantas vezes te
que a Psicologia Social tem vindo a desenvolver um sentes Cabo-verdiano/Português?
(1=nunca; 5= muitas vezes) e ‘Quanto
conjunto de estudos sobre as estratégias utilizadas pelos é importante para ti seres Cabo-ver-
jovens imigrantes, em contexto escolar, para potenciar diano/Português? (1=nada; 5=muito
importante) (r= -0,40, p< 0.001).
a sua adaptação com sucesso à sociedade portuguesa.
6 Amostra: 120 crianças a frequentar
Carvalho (2009) mostrou a importância da função o 3º e 4º anos do Ensino Básico (8-11
mediadora da identidade étnica na infância5, na rela- anos), descendentes de famílias Cabo-
-verdianas, nascidas em Portugal e
ção entre as metaexpectativas e a metapercepção das habitando bairros sociais na periferia
crianças6 acerca das práticas de socialização étnica de Lisboa e Setúbal.

110 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
na família7 e das suas orientações de aculturação8: as 7 Metapercepções de práticas pa-
rentais de valorização do contacto/
metapercepções parecem constituir-se como ‘guias’ da cultura Cabo-verdianos /Portugue-
autorrepresentação e da valorização da criança como ses: (ex: A minha família convive com
muitas pessoas Portuguesas/ Cabo-ver-
portuguesa ou cabo-verdiana (a sua identidade étnica), dianas; Em minha casa falam crioulo/
e essa relação permite compreender as opções de acul- português) (1=não é nada assim; 5=é
mesmo assim’).
turação no contexto escolar. Neste contexto, a formação
8 Orientações de aculturação:
de uma identidade Cabo-verdiana favorece a orientação Contacto (ex: Eu acho importante
de Separação e rejeita a de Assimilação (replicando os estar com pessoas Cabo-verdianas/
Portuguesas); Valorização da cultura
resultados de Phinney et al., com adolescentes mexica-
(ex: Eu acho importante falar Crioulo/
nos nos EUA), enquanto a formação de uma identidade Português) (1= não é bem assim; 5= é
Portuguesa favoreceu a orientação de Assimilação e não mesmo assim).

teve qualquer relação com outras opções (Figura 1).

Figura 1. Diagrama de mediação das identidades Portuguesa e Caboverdiana

111 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
Por seu lado, Mouro (2003) averiguou como é que
adolescentes portugueses de origem cabo-verdiana9 9 Amostra: 115 alunos portugueses
de origem cabo-verdiana, do ensino
definiam as suas pertenças aos grupos de origem e básico (12 a 18 anos), na área me-
nacional e que relação existia entre essas identidades tropolitana de Lisboa. Medida da
identidade: Quanto é que pertences
e o seu desempenho escolar. A autora verificou que a
ao grupo Caboverdiano/Português,
maioria dos participantes valorizava positivamente a e que importância tem isso para ti?
sua pertença aos dois grupos (Dupla identidade) e que (4 = Pertenço a esse grupo e isso tem
muitíssima importância para mim; 1 =
apenas uma minoria valorizava exclusivamente a per- Não pertenço a esse grupo (MONTEIRO;
tença ao grupo português (Identidade nacional) (Fig. 2). LIMA; VALA, 1991).

Verificou ainda que a relação entre os quatro padrões


de identidade e o desempenho escolar das crianças era
diferente: contrariamente a estudos conduzidos nou-
tros países, mas de forma semelhante a Maurício (2001),
que utilizou uma amostra semelhante em Portugal,
verificou que a Dupla identidade estava associada ao
menor grau de sucesso escolar, enquanto a Identidade
nacional era a que se encontrava associada a níveis de
sucesso escolar mais elevados.

Figura 2. Definição das identidades Cabo-verdiana e Portuguesa em adolescentes de escolas


Portuguesas (MOURO, 2003)

112 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
As Identidades Étnica e Marginal obtiveram um
sucesso escolar menor que a Nacional e mais elevado
do que a Dupla.
A persistência deste padrão de associação entre
tipos de identidade, orientações de aculturação e de-
sempenho escolar, conduziu à exploração do processo
que poderia estar envolvido nestas relações. No âmbito
do modelo de Bourhis et al. (1997), António e Monteiro
(2015) analisaram em adolescentes negros, de escolas
públicas portuguesas, a importância das suas meta-
percepções acerca das atitudes da maioria branca por-
10 Amostra: 140 participantes negros,
tuguesa relativamente à aculturação dos imigrantes, do ensino básico e secundário em es-
colas públicas multiétnicas de Lisboa
no seu desempenho escolar (estudo 1)10. Os resultados
(13 a 20 anos), com baixo ESE. Medida
mostraram que os estudantes preferiam manter a sua das metapercepções da preferência
cultura de origem, mas achavam que os portugueses da maioria: Penso que os Portugueses
querem que os imigrantes e os seus
queriam que os imigrantes e os seus filhos aderissem filhos aprendam e valorizem a cultura
à cultura maioritária.11 Tomando como estratégias a In- Portuguesa/mantenham e desenvolvam
a sua cultura de origem; escalas de con-
tegração e a Assimilação, por um lado12, e a Separação cordância (1-7). As mesmas questões
e a Marginalização, por outro, o desempenho escolar e a mesma escala de resposta foram
utilizadas para medir as atitudes de
variou segundo esta clivagem: os participantes com aculturação dos próprios participantes
orientações de aculturação Integrativas/Assimilativas em relação às duas culturas. Medida
do desempenho académico: autor-
tiveram um desempenho mais elevado (M =.42, DP =
relato das classificações obtidas no
1,07) do que os que apresentaram orientações Separa- período académico anterior (variável
tistas/Marginalizadas (M = -.31, DP = .86) (t(125) =4.06, normalizada).

p < .001 as atitudes). Uma análise de regressão, que 11 Este resultado é semelhante ao
encontrado em estudos portugueses
incluiu, além das atitudes de aculturação dos parti- com adultos (ANTÓNIO, 2012; VALA;
cipantes, as metapercepções, acerca das atitudes de LOPES, 2005).

aculturação da maioria, mostrou ainda que a relação 12 O critério aplicado é o da comu-


nalidade da preferência das duas
entre a atitude relacionada com a cultura maioritária estratégias pela cultura maioritária
e o desempenho académico era moderada pela meta- (Integração e Assimilação) num caso,
e a comunalidade da preferência das
percepção acerca da atitude de aculturação da maioria. outras duas estratégias pela cultura de
Isto é, a relação entre a atitude de aculturação dos origem (Separação e Marginalização).

113 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
adolescentes negros e o seu desempenho escolar apenas se confirmava
quando a maioria branca era percebida como contrária à adopção da
cultura maioritária por parte das minorias (Figura 3). Estes dados dão
duas indicações relevantes. Em primeiro lugar, perceber no grupo maio-
ritário um apoio à integração/assimilação (i.e., à adopção da cultura
dominante) dos imigrantes está associado a níveis mais elevados de
desempenho escolar. Em segundo, a atitude de aculturação dos estu-
dantes negros para com a cultura maioritária apenas é relevante para
o seu desempenho escolar quando a maioria branca é percebida como
não querendo aceitar os imigrantes como parte da sua própria cultura.

Figura 3. Efeito de moderação da meta-percepção da preferência da maioria (Brancos)


na relação entre atitude de aculturação dos estudantes da minoria (Negros) e o seu
desempenho académico

CONCLUSÃO

Os estudos sobre aculturação de populações imigrantes em sociedades


economicamente desenvolvidas têm mostrado a utilidade dos modelos

114 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
bidimensionais de Berry (1990), de Phinney et al. (2001) e de Bourhis et al.
(1997) na compreensão das relações entre imigrantes e nacionais e a sua
associação aos comportamentos de ambos. Neste capítulo, reviram-se os
modelos de Aculturação propostos pela Psicologia Social e os estudos que
têm sido efectuados na busca dos melhores preditores de formas positivas
de adaptação dos imigrantes à sua condição bicultural. Mostrou-se que,
na maioria desses estudos, é necessário incluir variáveis posicionais e
de contexto que moderem ou medeiem a relação entre as orientações de
aculturação previstas pelos modelos e as atitudes e comportamentos das
minorias, de modo a atingir níveis de explicação mais completos sobre
a importância dessa relação.
Na segunda parte, apresentaram-se estudos efectuados em Portugal
por uma equipa de psicólogos sociais, sobre o processo de aculturação
de crianças e jovens de origem africana (o maior grupo imigrante desde
1975) em contexto escolar, e a sua relação com o factor socialmente mais
importante da sua trajectória em Portugal: o desempenho escolar. Os
resultados mostraram, diferentemente da maioria da investigação nes-
te tópico, que existe um padrão consistente de probabilidade de maior
sucesso, na infância e na adolescência, dos que preferem a cultura maio-
ritária, mas apenas desde que percebam que a maioria tem essa mesma
preferência. E a intensidade de preferência pelo seu grupo de origem não
se associa a esta probabilidade.
Estes resultados salientam, por um lado, a virtude do Modelo de
Aculturação Interactiva (BOURHIS et al., 1997), que postula a importância
da compatibilidade entre as preferências da minoria e da maioria para
predizer consequências nas relações interculturais, e por outro lado a
importância da preferência dos participantes pela cultura da maioria,
para que possamos identificar as políticas públicas de aculturação opera-
cionalizadas nas escolas: em Portugal, se o discurso oficial é de Integração
e a legislação europeia e nacional obriga a formação dos docentes na área
da educação multicultural, a prática nas escolas é de Assimilação: as cul-
turas de origem dos grupos imigrantes são reduzidas a meros artefactos

115 | TEORIAS E ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL:


a contemporaneidade em temas clássicos
lúdico-gastronómicos para encher os tempos extracurriculares, enquanto
a quase totalidade dos docentes não teve formação em educação
multicultural e os programas curriculares excluem completamente a
informação sobre as dimensões histórico-sociais relevantes das culturas
de origem dos imigrantes. Os resultados constituem, adicionalmente,
um estímulo para a continuidade dos estudos nesta área, já que falta
conhecer, além de outros factores intervenientes neste processo, a di-
mensão evolutiva dos processos de aculturação e a sua relação com outras
dimensões do desenvolvimento pessoal e social dos jovens.
A transferência de conhecimentos dos resultados da investigação
científica para o resto da sociedade pode ter um papel questionador,
orientador e de reforço da resolução de problemas sociais, como é, neste
caso, o das relações entre os imigrantes e os nacionais, nos países que
habitamos. Estudos mais aprofundados sobre a evolução ao longo da
vida dos processos de aculturação imigrante, aqui estudados, deverão
poder contribuir para esse questionamento.

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