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UNIVERSIDADE GAMA FILHO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL


ALUNA: ELIANA CRISTINA DA SILVA
TURMA: 02.2008
ÁRES DA EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: PESQUISA EM EDUCAÇÃO I
ATIVIDADE : A HISTÓRIA E OS FUNDAMENTOS DA PESQUISA
UNIDADE I :FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM METODOLOGIA DA PESQUISA

“O conhecimento é decorrente da prática humana e se constrói a partir da interação entre


seres humanos e o mundo, transmitido no contexto social ocorrendo quando o indivíduo
interage com o mundo que o interpreta.”
Gerard Fourez
A HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA PESQUISA

O conhecimento é decodificado através da construção de significados que a sociedade faz sobre o mundo, ou seja, é o
resultado da nossa relação com o mundo. Questionamentos como; como as ciências inserem na sociedade?,qual é o tipo
de verdade? Em que medida elas podem contribuir para a solução dos problemas individuais e sociais?, para a busca
dessa respostas tomamos como ponto de partida a idéia que usualmente se têm das ciências, mostrando limites e
expondo concepções compatíveis com o desenvolvimento contemporâneo da filosofia e da sociedade das ciências.
Apesar de usar o conhecer,não podemos usar sem refletir, assim conhecer é construir significados sobre algo que nos
é apresentado, formando assim os saberes humanos acumulados ao longo da história como: sabedoria popular, vivências
ou experiências científicas.
A história do pensamento humano começou a mudar com o surgimento da filosofia, no século V a.c, na Grécia. Após
muitos séculos no período chamado de Idade média, o pensamento humano ficou polarizado entre a razão e a fé, tendo o
pensamento religioso imperado no mundo ocidental como forma de explicar a realidade. Nos séculos XIV e XV surgem
novas formas de organização social, provocando uma crise social que culmina com a contestação das velhas tradições e
o rompimento da ciência com a realidade até ao desenvolvimento da individualização do homem, esse processo chamou-
se experiência da subjetividade privatizada.
Com o surgimento do mercantilismo, o declínio do feudalismo e as grandes navegações do século XIV, uma nova
forma de compreender a realidade foi se consolidando, por meio do uso da razão, para otimizar os recursos e transformar
a realidade por meio da tecnologia. Esta teve papel fundamental para racionalização dos processos produtivos e o
surgimento de uma nova forma de compreender o mundo. Existem quatro formas de conhecimentos da realidade: o
filosófico ( Pretende conhecer a essência de todos as coisas ), o religioso( Busca explicar os fenômenos da realidade a
partir da divindade), o senso comum ( Através do conhecimento popular busca a solução de problemas do cotidiano)e a
ciência ( Tem a intenção de explicar a realidade , por meio da pesquisa e da investigação científica).
Essa mudança na forma de ver e perceber a realidade, trazida pelo surgimento do pensamento científico cartesiano no
século XVII, alicerçou o aparecimento nos séculos seguintes das Ciências Sociais. Onde não apenas os fenômenos da
natureza poderiam ser explicados pela razão, mas os fenômemos sociais. Requisitos fundamentais para a organização
da sociedade capitalista.
Sendo assim o conhecimento científico apresenta características que o tornam diferenciado e de maior confiabilidade
para explicar os fenômenos naturais e sociais, devido as suas características racionais que transcede os fatos através do
senso analítico, sistemático, cumulativo explicativo e preditivo.
Essas análises permitem observar como as ciências e a tecnologia estão sempre relacionados a projetos humanos.
Produzidas historicamente pelos homens e para os homens, elas têm o seu espaço na história humana, o que nos leva a
indagar a respeito as condições econômicas, políticas e culturais em que foram produzidas. Isso torna possível o exame
das relações entre os saberes e as aplicações técnicas, entre as práticas científicas tidas como fundamentais e as
consideradas aplicadas e entre as ciências e as ideologias. Possibilitam, enfim, observar como esses saberes contribuem
para a solução de questões éticas e políticas. E ainda que papel desempenham nesse processo o especialista e o
homem comum. É de especial interesse a todos nós que precisamos compreender e explicar como as ciências fazem
parte do mundo em que vivemos.

Bibliografia:

FREIRE-MAIA, Newton. A ciência vista por dentro. Petrópois:


Vozes, 1991.262p

DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas.Rio de


Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994.

CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Cientifica. São Paulo: O nome da Rosa, 2000,pp.11-69.
AS DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS DA PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVAS.

“Pesquisa científica é um processo de busca, tratamento e transformação de informações,


levado a efeito segundo determinadas regras fornecidas pela Metodologia de Pesquisa.”
Pedro Demo

A espécie humana, bem como vários outros seres vivos são movidos pela curiosidade. Este comportamento é
responsável por boa parte da capacidade de sobrevivência da espécie. Nos seres humanos o desenvolvimento cerebral,
notadamente dos lobos temporais, possibilitou acumular memória, que aliada ao raciocínio das áreas integrativas, como a
lobos frontais, conferem ao homem a capacidade de perceber e interpretar a realidade, elaborando teorias para
compreendê-la.
A Pesquisa Qualitativa parece ter vocação para mergulhar na profundidade dos fenômenos. Faz isto de forma
compreensiva, abrindo-se para apreender a agrégoria informacional subjacente ao fenômeno, leva em conta a sua
complexidade e particularidade. Não almeja alcançar a generalização, mas sim o entendimento das singularidades.Sendo
assim, a abordagem qualitativa é baseada na coerência e originalidade dos fatos e apresenta maior liberdade
teórico/metodológico para realizar seu estudo.
A Pesquisa Quantitativa aplica-se à dimensão mensurável da realidade, origina-se na visão newtoniana dos fenômenos
e transita com eficácia na horizontalidade dos extratos mais densos e materiais da realidade. Seus resultados auxiliam o
planejamento de ações coletivas e produz resultados passíveis de generalização, principalmente quando as populações
pesquisadoras representam com fidelidade o coletivo. Sendo assim, a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo uso da
quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento das informações, por meio de técnicas estatísticas.
A similitude entre essas abordagens é preconizado por meio da visão purista e da visão dialógica.
Na visão purista, estudiosos de ambas abordagens julgam que não há possibilidade de diálogo entre as duas
abordagens. Na visão dialógica afirmam que dependendo do problema investigado, admiti-se ambas abordagens em uma
mesma pesquisa.
Assim, há a teoria da complementaridade, decorrente da integração as duas abordagens, onde ambas fundamentam a
investigação científica.
Um exemplo dessa similitude é a Qualidade de Vida que é um conceito que se manteve impreciso e imensurável até
recentemente. A medida em que o fenômeno passou a ser investigado por meio de questionários e grupos focais, numa
abordagem qualitativa, foi progressivamente possível compreender sua intimidade a ponto de se desenvolver
instrumentos capazes de mensurar a subjetividade envolvida no sentido de qualidade de vida.
Entendemos, portanto, que a realidade só pode ser apreendida em sua complexidade com metodologias de pesquisa
que tenham por meta alcançar a verticalidade informacional da intimidade dos fenômenos aliada a mensuração e
tradução matemática da horizontalidade dos mesmos.

Bibliografia:

Reflexões sobre a PESQUISA QUALITATIVA & QUANTITATIVA:


Maneiras complementares de aprender a Realidade
Fernando A C Bignardi
AS MUDANÇAS DE PARADIGMAS NA CIÊNCIA

“Como seria de se esperar, essa insegurança é gerada pelo fracasso constante dos quebra-cabeças da
ciência normal em produzir os resultados esperados. O fracasso das regras existentes é o prelúdio para
uma busca de novas regras.”
Thomas Kuhn

A noção de paradigma é normalmente utilizada para estabelecer uma diferenciação entre dois momentos ou
dois níveis do processo de conhecimento científico (Kuhn, 1989; Capra, 1982). Para um entendimento mínimo do que
significa essa noção, pode-se conceituar o paradigma enquanto um modelo de ciência que serve como referência para
todo um fazer científico durante uma determinada época ou período de tempo demarcado.A partir de um certo momento
da história da ciência, o referido modelo predominante tende a se esgotar em função de uma crise de confiabilidade nas
bases estruturantes de seu conhecimento. Então, paradigma passa a ser substituído por outro modelo científico
predominante. Também pode ocorrer o fato de dois paradigmas disputarem o espaço de hegemonia da construção do
predominante, do fazer científico.
O paradigma precedente pode passar a viver uma crise de credibilidade científica, enquanto o modelo
paradigmático emergente ainda não chega a ser aceito pela comunidade cientifica internacional. Assim sendo, dois
grandes paradigmas científicos podem conviver, em disputa ou equilíbrio, durante largos períodos da história da ciência e
das sociedades.
A ciência pós-moderna , ao sensocomunicar-se, não despreza o conhecimento que produz na área da
tecnologia, mas entende que, tal como conhecimento se deve traduzir em auto-conhecimento, o seu desenvolvimento
tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida. É esta que assinala os marcos da prudência à nossa aventura
científica. A prudência é a insegurança assumida e controlada. Tal como Descartes, no limiar da ciência moderna, exerceu
a dúvida em vez de a sofrer, nós, no limiar da ciência pós-moderna, devemos exercer a insegurança em vez de a sofrer.
Na fase de transição e de revolução científica, esta insegurança resulta ainda do fato de a nossa reflexão
epistemológica ser muito mais avançada e sofisticada que a nossa prática científica. Nenhum de nos pode neste
momento visualizando projetos concretos de investigação que correspondam inteiramente ao paradigma aqui delineado.
E isso é assim precisamente por estarmos numa fase de transição. Duvidamos suficientemente do passado para
imaginarmos o futuro, mas vivemos demasiadamente o presente para podermos realizar nele o futuro. Estamos divididos
, fragmentados. Sabemos o caminho mas não exatamente onde estamos na jornada.
A condição epistemológica da ciência repercute-se na condição existencial dos cientistas. Afinal se todo o
conhecimento é auto-conhecimento, também todo o desconhecimento é auto-conhecimento.
Segundo Thomas Kuhn, a concepção de ruptura nas ciências conceituadas como revoluções científicas, se
estabelece a partir da teoria de paradigmas, tratando–se da ruptura entre ciência normal e ciência em crise.Quando na
ciência normal os paradigmas não conseguem dar respostas satisfatórias às questões propostas, o paradigmas que a
sustenta entram em crise e, consequentemente, surge um novo paradigma como tentativa de resposta ás questões não
respondidas pelo paradigma anterior.Com a afirmação do novo paradigma a ciência volta a ser uma atividade normal, até
que uma nova crise se forme no seu interior.
Segundo Kuhn,
“......ciência normal significa pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações cientifícas passadas. Essas
realizações são reconhecidas durante algum tempo, por alguma comunidade científica específica como proporcionando
os fundamentos para sua prática posterior.”
Contudo, um paradigma nunca é aceito a partir de considerações lógicas.Há sempre uma prova na qual se
apóia e uma outra que opõe em causa. Esta mudança se caracteriza por um processo não cumulativo do conhecimento
científico, pois nesta mudança não há articulação com o antigo paradigma, mas sim ruptura. Na ciência normal, há um
processo cumulativo do conhecimento. Na mudança paradigmática, há uma rompimento com a tradição de prática
científica e a introdução de uma nova, orientada por regra distintas, com um novo discurso científico.Isto só pode ocorrer
quando se percebe e se assume que a tradição anterior não está correspondendo ás novas questões.Portanto, as crises
produzem renovação que demonstram que é o momento da ciência se renovar surgindo novas teorias nos momentos das
crises paradigmáticas.E de acordo com o objetivo da pesquisa , encontramos diferentes metodologias e técnicas de
pesquisa, as quais dão ao pesquisador fundamentos para a organização de seu trabalho, desde a sua concepção,
execução e obtenção de resultados.
Assim, o conhecimento científico vem se colocando atualmente como uma das únicas maneiras confiáveis
de se compreender a realidade por seu rigor e caráter racional e metodológico. Mudam teorias mas mudam também as
concepções de mundo da comunidade cientifíca, bem como sua linguagem e práticas.
Breve considerações a respeito da neutralidade científica;

O PARADIGMA DA NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

“ Guiados por um novo paradigma, os cientistas adotam novos instrumentos e orientam seu olhar
em novas direções(...) Em vês de ser intérprete, o cientista que abraça o novo paradigma é como o homem
que usa lentes inversoras. Defrontando com a mesma constelação de objetivos que antes e tendo
consciência disto, ele os encontra, não obstante, totalmente transformadores em muitos detalhes.”
Marisa Costa

Ao se analisar a neutralidade da ciência faz-se necessário analisar o contexto histórico no contexto da


ciência como paradigma da verdade, ou seja métodos pressupostamente aceitos ao longo do tempo vem se preservando
ao longo do mesmo. Mas surgiram no último século questionamentos ao paradigmas positivista da ciência, principalmente
nas ciências sociais.
Diante deste questionamentos não se aceita mais um fundamento único para a verdade, a qual passa a
ser considerada como múltipla, ligada as condições históricas e concretas do sujeito. Dentro das novas concepções
subjetivistas onde os métodos de pesquisa na perspectiva qualitativa são aplicados, a verdade deixou de ser absoluta, os
critérios de verdades são construções determinadas pelas práticas sociais, o conhecimento passa a ser validade por
comunidades científicas de acordo com seu valor de uso e funcionalidade.
Considera-se a neutralidade da ciência no sentido dela como uma resposta para os fenômenos da
realidade. Desta forma, podemos abordar o trabalho científico enquanto ação metodológica do pesquisador. Aplicando o
sentido stricto da pesquisa científica.
As novas concepções de ciência que vêm desenvolvendo em nosso século necessitam ser exploradas e
compreendidas mais profundamente para que possa articula-las em projetos que conduzam à solução dos graves
problemas que enfrentamos nesta conturbada conteporaneidade é possível conceber o conhecimento de uma outra
forma, com diferentes tipos de saber assumindo formas diversas, ou ainda, construindo pontes que liguem corpos
distintos de conhecimentos. Todavia, novos modelos estão ainda para ser construídos. Eis o nosso desafio!

Bibliografia:

BARNES, BARRY.Thomas Kuhn. In: QUENTIN Skinner. A ciências humanas e seus grandes pensadores.Trad. de
Teresa Curvelo. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992.264p

Costa, Marisa c. Vorraber..PESQUISA EM EDUCAÇÃO DE CIÊNCIA, PARADIGMAS TEÓRICOS E PRODUÇÃO DE


CONHECIMENTOS. In: Cad. Pesq., São PAaulo, n 90, p.15-20,ago,1994.

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