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1
Segundo dados do Recenseamento Geral da População de 1960, residiam em Portugal 29.428 estrangeiros,
maioritariamente europeus e brasileiros. Recorde-se que até meados da década de setenta os cidadãos oriundos
dos PALOP não eram considerados estrangeiros.
2
Durante a década de 1960 definiram-se mesmo processos de recrutamento de imigrantes cabo-verdianos para
satisfazer as carências de mão-de-obra, fruto da emigração (Vd. Saint- Maurice 1997).
Estima-se que em Portugal estejam 423.330 estrangeiros em situação legal (não estão
contabilizados neste número os estrangeiros que chegam ao país com um visto de curta
duração, visto de trânsito e/ou visto de escala).
2005 Total
Autorizações de Residência 276.460
Total Prorrogações de AP 93.391
Total Prorrogações Vistos de Longa Duração 46.637
Vistos de Trabalho 16.137
Vistos de Estada Temporária 23.169
Vistos de Estudo 7.331
Vistos de Trabalho Concedidos (1) 3.054
Vistos de Estudos Concedidos (1) 3.788
TOTAL 423.330
Fonte: SEF e (1) Ministério dos Negócios Estrangeiros
Não há dados oficiais relativos aos estrangeiros que vivem em Portugal em situação
irregular. Os processos de regularização extraordinária dão-nos alguma ideia dos imigrantes
que em determinados momentos viveram em Portugal em situação irregular.
3
Previstas no Artigo 54.º do Decreto Regulamentar n.º 6/2004 de 26 de Abril.
Tem sido repetido à exaustão que Portugal viveu nos últimos anos um crescimento muito
significativo do número de imigrantes. Em números redondos, em 1960 a população
estrangeira com residência legal era de apenas 0,3%. Em 1980 essa percentagem passa a
corresponder a 0,5% e já em 2005, verifica-se um reforço significativo da sua importância
numérica para 4,0% (percentagem aferida a partir da estimativa do INE para população
residente em 2005).
Apesar do crescimento do número de imigrantes nos últimos anos, Portugal está longe de ser
um dos países europeus com maior percentagem de imigrantes, em particular se nos
compararmos com os países da Europa do Norte. Em 2004, não considerando o caso
específico do Luxemburgo com cerca de 39% de imigrantes (a maioria dos quais
portugueses), os países europeus com maior percentagem de imigrantes no seu território eram
a Suíça (20,2%), a Áustria (9,5%), a Alemanha (8,9%) e a Bélgica (8,4%).
Nota-se também que Portugal está entre os países que recebe anualmente menor número de
imigrantes. Segundo dados da OCDE, em 2004 as chegadas de estrangeiros a Portugal
representou apenas 0,12% da sua população total.
1,2
1,0
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Portugal precisa, tal como os restantes países da Europa, dos trabalhadores imigrantes para
satisfazer as carências do mercado de trabalho.4 Assim não é surpreendente verificar que,
quando comparado com outros países, Portugal destaca-se por procurar na imigração
essencialmente uma força de trabalho. Segundo dados da OCDE, em 2004, perto de 60% dos
fluxos imigratórios que chegaram a Portugal vieram para trabalhar.
4
Vd. Trends in International Migration, OCDE, 2003: 27.
O nosso país, como toda a Europa, vive um ciclo de quebra demográfica, com redução
significativa quer do número total de habitantes, quer com o seu envelhecimento. As
previsões apontam que a Europa irá perder até 2050, pelo menos, 22 milhões de pessoas. E
que se não existisse imigração, o número de pessoas em idade activa (entre 15 e 64 anos)
desceria 19% até essa data6. No mesmo período, as pessoas com mais de 64 anos, aumentarão
de 73 para 125 milhões. Em 2050, por cada 2 trabalhadores no activo haverá 1
reformado/pensionista. Hoje é de 4 trabalhadores para cada reformado.
5
Vd. OCDE: SOPEMI 2003: 27.
6
cf. Holzmann, R.; Munz, R. (2004) Challenges and opportunities of international migration for EU, its member
States, neighboring countries and Regions:a policy note, World Bank
25
20
15
%
10
0
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65 +
Escalões Etários
Portugal Estrangeiros
Como foi sublinhado pelo estudo do Observatório de Imigração da Prof. Dra. Maria João
Valente Rosa7, os imigrantes contribuíram para o reequilíbrio dos dois sexos, para o aumento
de efectivos em idade activa (na década de noventa, o número de indivíduos com 15-34 anos
teria diminuído em Portugal sem a presença de estrangeiros) e, com as suas últimas vagas,
para um povoamento mais equilibrado. Mas, fundamentalmente, “a manutenção de um saldo
migratório positivo8 pode contribuir para inverter a tendência de efectivos e para “segurar”
o decréscimo de efectivos em idades activas”. Apesar disso, não será suficiente para
contrariar, em absoluto, a quebra demográfica. Ou seja, sem a entrada de novos imigrantes, o
nosso problema demográfico será muito mais grave.
7
Valente Rosa, Maria João et al (2004) Contributos dos Imigrantes na Demografia Portuguesa – O papel das
populações de nacionalidade estrangeira, Observatório da Imigração.
8
entrada de imigrantes superior á saída de emigrantes
Até meados da década de 1990 a população estrangeira com residência legal em Portugal
concentrava-se na Área Metropolitana de Lisboa, o que reflectia a polarização dos empregos
na principal área metropolitana do país e a existência de redes migratórias centradas em
Lisboa e periferias. Ora este padrão de distribuição geográfica dos estrangeiros, muito
presente ainda nos cidadãos com autorização de residência, alterou-se rapidamente com a
chegada das novas vagas de imigrantes (essencialmente a partir de finais da década de 1990).
Os novos fluxos imigratórios dos últimos anos, essencialmente de cidadãos da Europa de
Leste e do Brasil, definiram novos padrões de dispersão geográfica. Embora com maior
presença nos distritos do litoral, estes imigrantes espalharam-se um pouco por todo o país
(compara-se os padrões de dispersão dos cidadãos com AP e AR).
O dinamismo económico verificado nos últimos anos em sectores como o da construção civil
e obras públicas contribuíram para esta dispersão geográfica. Os distritos da Região Norte e
Centro reforçaram bastante o seu peso relativo na distribuição dos estrangeiros com
autorização de permanência pelo país.9
Ainda assim, em termos absolutos, continua a verificar-se uma sobre-representação da
presença de estrangeiros no distrito de Lisboa. A condições de habitabilidade de alguns dos
bairros da área metropolitana, onde residem também imigrantes e seus descendentes, tem
gerado a veiculação de alguns estereótipos e/ou mitos que associam os imigrantes à criação de
guetos étnicos.
Num estudo recente do Observatório de Imigração acerca de Espaços e Expressões de
Conflito e Tensão entre Autóctones, Minorias Migrantes e Não Migrantes na Área
Metropolitana de Lisboa, coordenado pelo Professor Jorge Malheiros, concluía-se que há
lugares na Área Metropolitana de Lisboa onde se verifica uma privação elevada. Esses
lugares, de pobreza localizada, são caracterizados por maiores índices de desemprego, níveis
de instrução mais baixos e piores condições de habitabilidade. Ora, exactamente por as suas
características – habitações antigas e pequenas e, muitas vezes, mal equipadas e/ou com
poucas condições (sem água, sem saneamento básico, sem electricidade, etc.) – estas zonas
não têm contribuído para fixar descendentes dos habitantes tradicionais e/ou novos residentes
com outras características sócio-económicas.
Neste âmbito, como o estudo adianta, tende a detectar-se nesses locais processos de
reprodução de pobreza. Jovens que ficam no bairro, mesmo possuindo expectativas de
mobilidade social superiores às dos seus progenitores, acabam por não conseguir empregos
correspondentes às suas ambições, vendo-se canalizados para situações de desemprego
frequentes. Estas características de pobreza e privação localizada não têm, contudo, matiz
étnica. Ou seja, não se verifica que os guetos pobres correspondem a guetos étnicos. Como os
autores demonstraram, a partir da análise dos dados dos Censos de 2001, os vários grupos de
estrangeiros encontram-se tendencialmente dispersos por zonas de diferentes níveis de
privação (ou ausência dela).
9
Para aprofundar vd. Malheiros (2002) e Pires (2002).
Verificam-se também situações distintas no que diz respeito à situação residencial dos vários
grupos estrangeiros. Os cidadãos dos PALOP continuam a ter um peso relativo superior em
habitação mais degradada (alojamentos não clássicos que correspondem a barracas ou
alojamentos abarracados) – não obstante a evolução relativa fortemente positiva observada
entre 1991 e 2001, de 24% para 9,3%.
Já no caso dos imigrantes que chegaram na vaga imigratória mais recente verifica-se uma
vulnerabilidade residencial de tipo diverso. As possibilidades de construção de barracas ou
alojamentos abarracados são hoje praticamente impossíveis e o acesso a habitação pública é
praticamente impossível, uma vez que os programas existentes se destinam quase
exclusivamente ao realojamento de residentes de antigos bairros de barracas. Neste âmbito, os
imigrantes que chegaram a partir de meados da década de 1990 (Europeus de Leste,
Brasileiros e Asiáticos) concentram-se essencialmente no mercado de arrendamento.
Alojamentos partilhados
Alojamentos arrendados
arrendamento inferior a
Alojamento Próprio
Alojamentos não
Alojamento com
(+ de 1 família)
sobrelotados
Alojamento
encargos
clássicos
99.776€
Nacionalidade
De 1991 para 2001 a população estrangeira residente em Portugal registou um acréscimo de,
aproximadamente, 105 mil indivíduas, tornando-se a população de origem africana no maior
grupo estrangeiro (ultrapassando em cerca de 31 mil indivíduos a população europeia).
A partir de 2001, por outro lado, os cidadãos da Europa de Leste e do Brasil passaram a
posicionar-se entre as populações estrangeiras (sobretudo com autorização de permanência)
mais numerosas do país. O fluxo de origem da Europa de Leste mudou profundamente os
padrões de imigração10, uma vez que, pela primeira vez, Portugal recebeu um fluxo massivo
de países com quem não tinha qualquer ligação particular de natureza económica, histórica
e/ou cultural.11
10
Note-se que, segundo dados do SEF, em 1999 o número de Europeus de Leste era de 2.373. Contudo, já em
2002, só os Ucranianos passaram a ser 62.041, o correspondente a 26% do total de estrangeiros com residência
legal no país.
11
Para aprofundar vd. Baganha e Fonseca (2004).
Prorrogações de AP
Nacionalidades 2005 AR 2005 Total %
EUROPA 52948 88.560 141.508 38,32
Rússia 2744 1.335 4.079 1,10
Moldávia 8325 1.374 9.699 2,63
Roménia 6133 1.556 7.689 2,08
Ucrânia 33434 2.070 35.504 9,61
ÁFRICA 15122 125.934 141.056 38,20
Angola 3557 27.697 31.254 8,46
Cabo Verde 5082 56.433 61.515 16,66
Guiné Bissau 2500 21.258 23.758 6,43
Moçambique 271 5.074 5.345 1,45
São Tomé e Príncipe 1635 8.274 9.909 2,68
AMÉRICA 18566 50.737 69.303 18,77
Brasil 18132 31.546 49.678 13,45
Canadá 5 1.834 1.839 0,50
EUA 6 8.003 8.009 2,17
ÁSIA 6752 12.847 19.599 5,31
China 2604 5.530 8.134 2,20
Índia 1679 1.770 3.449 0,93
Paquistão 612 1.382 1.994 0,54
OCEÂNIA 3 556 559 0,15
APÁTRIDAS 273 273 0,07
DESCONHECIDOS 11 11 0,00
Total 93391 275906 369.297 100
Fonte: SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras)
Tal como em outros países de destino, em Portugal, verifica-se uma elevada concentração dos
estrangeiros nas idades activas, denotando a importância dos factores económicos na origem
dos fluxos imigratórios.
Segundo dados dos Censos de 2001, os cidadãos da União Europeia (com a excepção dos
franceses), apresentam a idade média mais elevada das populações estrangeiras residentes no
país. Enquanto que os africanos (com a excepção dos cabo-verdianos) e os americanos
destacam-se entre os estrangeiros com idade média mais baixa.
No caso dos europeus de Leste, a sua idade média é ligeiramente superior à idade média do
total de estrangeiros residentes. Para explicar este dado deve ter-se em atenção que o fluxo da
Europa de Leste é relativamente recente em Portugal sendo, por isso, bastante reduzido o
número de efectivos jovens e idosos.
Idade Média dos estrangeiros em 2001 por a nacionalidade
Nacionalidade Idade Média
França 26,8
Angola 28,5
São Tomé e Príncipe 29,6
Guiné-Bissau 29,8
Roménia 30,3
China 30,5
Brasil 31,2
Total Estrangeiros 32,3
Moldávia 32,9
Rússia 33,8
Ucrânia 34,2
Cabo Verde 34,4
Alemanha 38,4
Espanha 41
Reino Unido 45,3
Fonte: Recenseamento Geral da População de 2001
Em 2001, todas as populações estrangeiras (com a excepção dos britânicos e dos espanhóis)
apresentam uma idade média inferior à da população portuguesa. Neste âmbito, a composição
por idades da população estrangeira é fundamental para atenuar o envelhecimento
demográfico que se tem vindo a registar em Portugal.12
12
Para aprofundar vd. Rosa et al. (2004).
13
O reagrupamento familiar torna-se importante também para explicar a composição por sexos da população
imigrante, em particular, por esse estimular o reforço da representatividade feminina entre a população imigrante
(Rosa et al. 2004: 56).
14
Como ilustram os casos das recentes vagas imigratórias da Europa de Leste e do Brasil para Portugal (vd.
Peixoto et al. 2005).
População residente de nacionalidade estrangeira, nascida em Portugal, segundo o grupo etário, por país de
nacionalidade
Nacionalidade Total % 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24
Total Europa 3340 27,9 521 355 248 183 164
Total África 4787 39,9 1425 1073 883 734 128
Angola 829 6,9 349 184 90 31 16
Cabo Verde 2522 21,0 619 542 584 580 52
Guiné-Bissau 729 6,1 238 200 117 63 33
São Tomé e Príncipe 484 4,0 173 121 60 45 14
Total América 1451 12,1 234 156 106 82 61
Total Ásia 208 1,7 93 44 22 15 8
Austrália 99 0,8 3 5 1 5 3
Outros Casos 2102 17,5 462 295 184 191 111
TOTAL 11.987 100 2738 1928 1444 1210 475
Fonte: Censos 2001, INE
Portugueses Estrangeiros
Taxa de Natalidade Masculina (‰) 21,1 51,1
Taxa de Natalidade Feminina (‰) 20,4 55,8
Taxa Fecundidade Geral Feminina (‰) 41,8 80,4
Fonte: Censos 2001, INE cit in Valente Rosa et al. 2004:76
Fonte: http://www.giase.min-edu.pt/upload/docs/GCN_01_04.pdf
A maioria dos estrangeiros em Portugal tem vindo a concentrar-se nos sectores menos
qualificados do mercado de trabalho. Contudo, a inserção profissional dos imigrantes não
traduz os seus níveis de habilitação. Esta contradição tem vindo a tornar-se ainda mais
evidente com a chegada dos cidadãos da Europa de Leste que estão entre as populações
estrangeiras mais qualificadas do país e em situação de maior desqualificação profissional.
Distribuição Percentual da População Estrangeira Residente em Portugal por Nível de Qualificação Académica,
2001
Sabe ler e escrever Ensino
Não sabe ler sem possuir Ensino Secundário Ensino
Nacionalidades nem escrever qualquer grau Básico e/ou Médio Superior
EUROPA 6,2 6,2 37,4 26,1 24,0
União Europeia 7,0 6,8 38,3 24,5 23,4
Federação Russa 3,7 3,9 29,0 27,0 36,3
República Moldava 2,3 2,2 33,5 33,9 28,0
Roménia 3,6 3,0 39,1 38,2 16,0
Ucrânia 3,0 3,0 36,2 30,6 27,3
ÁFRICA 12,6 11,2 58,8 13,8 3,7
Angola 8,2 9,7 60,4 17,8 3,9
Cabo Verde 19,5 13,4 58,5 7,1 1,4
Guiné Bissau 12,0 12,6 56,3 14,4 4,7
Moçambique 5,7 5,1 61,3 21,5 6,4
São Tomé e Príncipe 10,1 11,1 61,9 12,6 4,3
AMÉRICA 5,8 6,7 48,1 25,0 14,3
Brasil 6,0 6,4 46,9 26,7 14,0
Canadá 6,8 11,8 50,9 20,2 10,2
EUA 8,4 9,5 39,8 20,8 21,5
ÁSIA 11,2 10,4 45,1 21,8 11,4
China 12,5 14,5 48,7 19,4 4,9
Índia 11,5 9,0 48,3 22,3 8,8
Paquistão 14,2 9,7 49,4 19,6 7,2
OCEÂNIA 5,3 7,8 45,5 20,8 20,6
APÁTRIDAS 38,4 14,3 34,1 9,5 3,6
Total 9,3 8,7 49,4 20,1 12,5
Fonte: Recenseamento Geral da População 2001 - INE
Verifica-se que uma parte substantiva dos estrangeiros activos trabalham no sector da
construção civil e indústrias. Ora, segundo dados da Inspecção-Geral do Trabalho, esses são
exactamente os sectores de actividade com maior sinistralidade mortal. Segundo a mesma
fonte, os riscos profissionais tendem a variar também em função da nacionalidade. Em 2001,
por cada 10.000 trabalhadores morreram 2 estrangeiros e apenas 0,56 portugueses. Os
ucranianos destacaram-se a esse respeito, tendo morrido 4,1 por cada 100 000 trabalhadores.
É exactamente neste contexto que se torna possível concluir que a nacionalidade é uma
variável explicativa da sinistralidade mortal em Portugal.
Impacto dos Acidentes de Trabalho Mortais na população empregada, segundo a nacionalidade (2001)
Acidentes de Trabalho População Acidentes de trabalho mortais por
Nacionalidade Mortais (a) Empregada (b) 10 000 empregados (d)
Total Estrangeiros 45 223279 2,02
Ucranianos 21 51232 4,10
Guineenses 3 12757 2,35
Brasileiros 5 43834 1,14
Total Geral 280 4.989.125 (c) 0,56
Fontes: (a) Inspecção Geral do Trabalho, (b) INE - Censos 2001 e
(c) Estatísticas do Emprego, INE.
Contudo, estas diferenças não têm sempre o mesmo sentido: no topo da escala de qualificação
a remuneração base dos estrangeiros é mais alta, enquanto nos níveis inferiores de
qualificação os estrangeiros auferem remunerações base inferiores.
15
Decreto-Lei 332/93, 25 de Setembro e Portaria nº 46/94, de 17 de Janeiro.
13) Qual é a taxa de desemprego actual nos imigrantes e a comparação com a taxa de desemprego global
no país?
Não se verifica uma correlação automática entre imigração e desemprego. A ser verdade essa
correlação, encontraríamos uma maior taxa de desemprego nos países com maior
percentagem de imigrantes. Ora um estudo da OCDE16, mostra o contrário: as maiores taxas
de desemprego estão em países com baixas percentagens de imigrantes e os países com
maiores percentagens de imigrantes, têm taxas de desemprego relativamente baixas (Canadá,
Austrália, USA, Suíça).
A presença de taxas elevadas de imigrantes num país não é um factor explicativo de elevadas
taxas de desemprego. Por outro lado, a ser verdade que os imigrantes roubam os empregos
dos nacionais deve detectar-se que as taxas de desemprego são maiores entre as populações
nativas. Contudo os dados oficiais acerca de países de imigração mostram exactamente o
inverso. Em particular na Europa, segundo dados da OCDE, os imigrantes mostram-se
bastante mais vulneráveis ao desemprego que as populações europeias.17
Portugal não é excepção. Segundo dados dos Censos, verifica que nas últimas duas décadas os
estrangeiros apresentaram sempre taxas de desemprego mais elevadas.
Taxa de desemprego
Nacionalidade 1991 2001
Angola 12% 14%
Guiné-Bissau 9% 12%
São Tomé e Príncipe 12% 11%
Moçambique 11% 11%
França 10% 8%
Venezuela 9% 8%
Canadá 9% 8%
Cabo Verde 8% 8%
Estados Unidos da América 8% 8%
Brasil 9% 7%
Espanha 7% 7%
Alemanha 8% 6%
Países Baixos 8% 4%
Reino Unido 6% 4%
Total de estrangeiros 9% 9%
Portugueses 6% 7%
Fonte: Censos de 1991 e 2001, INE
16
Gráfico disponível no relatório da OCDE Trends in immigration and economics consequences de Coppel et al
(2001), pag. 15. Ver em www.oecd.org/eco/eco
17
Para aprofundar vd. International Migration Outlook, OCDE, 2006: 58.
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Por outro lado, a taxa actual de desemprego, que aponta para cerca de 7% com um universo
de cerca de 400.000 imigrantes, é idêntica à dos anos 80/81 em que tínhamos só 58.000
imigrantes. Por outro lado ainda, os períodos de mais baixa taxa de desemprego
correspondem quer a períodos onde não existiam imigrantes em Portugal (4% em 1974) quer
em períodos onde existiam 350.000 imigrantes. Estes números evidenciam inequivocamente
que não há correlação entre desemprego e imigração.
A este ponto importa acrescentar um outro que também é evidenciado pelas estatísticas: os
imigrantes, em contexto de crise económica, são os primeiros a perderem o emprego, dado a
sua maior vulnerabilidade contratual e por estarem em sectores de actividade muito sensíveis
às crises. Isso faz com que exista mais uma desvantagem competitiva para esta comunidade
que mais facilmente é “descartada” pelo sistema. De uma forma grosseira, quando escasseiam
os empregos, os mais ameaçados são os imigrantes, que sofrem percentagens de desemprego
proporcionalmente maiores que os nacionais.
14) Qual tem sido o impacto nas contas publicas da imigração (dos imigrantes)?
Os imigrantes dão uma substancial contribuição para o equilíbrio das contas do Estado -
as conclusões apontam para saldo positivo de 324 milhões de Euros em 2001 e de 243
milhões de Euros em 2002 (cada estrangeiro empregado terá em média sido um contribuinte
líquido do Estado Português no montante de € 1.365 por ano em 2001 e de € 827 por ano em
2002.
Comecemos pelo World Economic and Social Survey 2004, das Nações Unidas, sobre
Migrações internacionais que refere:
“Em geral, estes exercícios tendem a mostrar que os imigrantes dão uma substancial
contribuição para aliviar a carga fiscal de gerações futuras em países da Europa com
baixa fertilidade (Collado, Iturbe-Ormaetxe and Valera, 2003; Bonin, 2002). Cálculos
da Alemanha, mostram que o seu ganho fiscal, decorrente da admissão de
trabalhadores migrantes, é potencialmente grande (...). Devido à composição etária
favorável, a sua média de pagamentos para o sector público pode ser positivo, mesmo
depois de descontar os gastos adicionais com eles(...).”19
Ainda sobre a situação portuguesa, importa referir que os imigrantes não beneficiam de
qualquer subsídio ou apoio social específico, exclusivamente a eles destinados. Ao nível do
apoio social, cumprem os mesmos prazos de garantia que os nacionais para poderem
beneficiar de, por exemplo, subsídio de desemprego e só acedem gratuitamente, ou com taxas
moderadoras, ao Sistema Nacional de Saúde se estiverem inscritos na Segurança Social.
Quanto a isto, nada a opor. É o justo princípio da igualdade. Mas importa ter consciência – e
que a opinião pública o saiba – que nada é oferecido aos imigrantes: os benefícios que podem
usufruir decorrem das suas próprias contribuições. São, por isso, direitos adquiridos e não
benesses da sociedade de acolhimento.
18
disponíveis em www.oi.acime.gov.pt
19
World Economic and Social Survey 2004 – International Migrations, United Nations, pag. 121.
No domínio da Segurança Social, há ainda uma outra dimensão a sublinhar, que contraria o
preconceito de que os imigrantes sobrecarregam o sistema. A quebra demográfica acentuada
que temos vindo a sentir em toda a Europa, e também em Portugal, vai agravar-se. Ao mesmo
tempo, a esperança de vida alarga-se, havendo por isso um número de beneficiários cada vez
maior a usufruir mais tempo de apoio social. Este fenómeno arrasta a preocupante questão da
sustentabilidade do sistema de segurança social. Ora, não sendo a solução completa, a
contribuição de mão-de-obra imigrante legal, que entra de imediato na vida activa e é
contribuinte líquida, não só não é um peso, como é importante para a sustentabilidade do
sistema da segurança social.
15) E a taxa de condenações judiciais de imigrantes pela prática de crimes? Que crimes são mais
praticados?
Mas há ainda outro factor a considerar. O que as estatísticas da Justiça nos dão é
simplesmente a nacionalidade, distinguindo entre nacionais e estrangeiros. Ora, não é
coincidente o conceito de estrangeiro e de imigrante. Por exemplo, todos os turistas que nos
visitam, são estrangeiros, mas não são imigrantes. No número de condenados estrangeiros há
uma presença significativa de estrangeiros não imigrantes, nomeadamente de “correios de
droga”, ou seja pessoas, sem residência ou profissão em Portugal que procuravam introduzir
droga no nosso país, numa viagem de curta duração. Daqui se conclui, que da taxa de bruta de
criminalidade nos estrangeiros, uma parte não corresponde a imigrantes.
20
disponível em www.oi.acime.gov.pt
Finalmente, para concluir, soma-se à evidência de que não existe uma taxa de criminalidade
superior nos estrangeiros, o facto de, em média, os estrangeiros serem sujeitos, para os
mesmos crimes a penas mais duras. Isso é evidente desde a aplicação da prisão preventiva –
facto que teria alguma explicação, pelo maior risco de fuga – até à comparação das penas pelo
mesmo tipo de crime, como se verifica, por exemplo, na percentagem de aplicação de pena de
prisão efectiva por tráfico de droga, entre os anos 1997 e 2003:
100%
95%
90%
85%
80% Nacionais
75%
70%
65%
60%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
A desconstrução deste mito poderia ter começado por outra perspectiva de abordagem: a
exclusão social que gera criminalidade. Com efeito, fruto de um percurso de discriminação
face às oportunidades geradas e de uma acentuada desvantagem competitiva em relação à
maioria dos nacionais – que reduz muitas vezes a zero o horizonte de futuro – alguns
imigrantes, especialmente de 2ª geração, chegam à criminalidade. Não porque sejam
estrangeiros, mas porque são excluídos. Sendo uma explicação parcial – verídica também para
21
A partir do Estudo de Seabra, H. ; Santos, T.(2005) Criminalidade de Estrangeiros: um Inquérito científico,
Observatório de Imigração.
Crimes que mais levam à condenação a pena de prisão efectiva em processos penais findos
2003
Crimes Nacionalidade N %
Português 526 15
Tráfico e actividades ilícitas, simples ou agravado Estrangeiro 218 47
Português 621 18
Roubo ou violência depois da subtracção Estrangeiro 60 13
Português 804 23
Furto qualificado Estrangeiro 39 8
Português 117 3
Tráfico de quantidades diminutas Estrangeiro 24 5
Português 75 2
Falsificação de documentos Estrangeiro 15 3
Português 134 4
Furto Estrangeiro .. 0
Fonte: GPLP do Ministério da Justiça cit. in Seabra e Santos 2005:198-199
18) Quais são as verbas envolvidas no Programa Escolhas (desde 2000) e o universo de jovens que tem
usufruído desse programa?
- Financiamento:
De acordo com a RCM 4/2001, de 9 de Janeiro, que criou o Programa Escolhas o orçamento
para os anos de 2001 a 2003 foi de 15.313.095,44€. A execução para este período foi de
10.000.000€ nos 53 territórios abrangidos.
No Programa Escolhas 2ª Geração, renovadas pela RCM n.º 60/2004 de 30 de Abril, para o
período de 2004 a 2006 foram apoiados 87 Projectos de intervenção de Norte a Sul do país,
incluindo Regiões Autónomas. Estes projectos que terminaram em Outubro de 2006,
representaram um investimento inicial previsto de 12.114.113,07€ em dois anos, sendo
9.724.544,51€ referentes às medidas I, II e III, e 2.389.568,56€ referentes à medida IV.
A repartição dos orçamentos por zona foi a seguinte:
O Programa Escolhas 2ª Geração foi financiado através do Instituto da Segurança Social, I.P.
com 5.750.000,00 € por ano. As verbas destinadas à Medida IV, que levaram à
implementação de 79 Centros de Inclusão Digital, foram financiadas integralmente através de
Contrato Programa efectuado com o POS-C - Programa Operacional da Sociedade do
Conhecimento.
Dados os projectos terem terminado a 31 de Outubro de 2006, estão ainda a decorrer os
acertos finais de contas, no entanto poderemos avançar com segurança que a média de
execução rondará os 90 % face aos orçamentos aprovados e protocolados.
A terceira fase do Programa Escolhas renovado através da RCM n.º80/2006 de 26 de Junho,
para o período de 2007 a 2009, contemplará o financiamento de 120 projectos num total de
20.741.368,10€ para os três anos, sendo 17.419.293,10€ destinados às medidas I, II e III e
3.322.074,79€ destinados à medida IV (Centros de Inclusão Digital).
- Parcerias
Relativamente à última versão do Programa, para o período de 2007 a 2009, num total de 776
parceiros envolvidos, destacam-se as Escolas e os Agrupamentos de Escolas (145 envolvidos
nos 120 projectos aprovados), as IPSS (134), os Municípios (90), as Juntas de Freguesia (68)
e as CPCJ (46).
São ainda considerados potenciais destinatários, os familiares das crianças e jovens, numa
lógica de co-responsabilização no processo de desenvolvimento pessoal e social. Para além
das actividades directas com os destinatários, podem ser consideradas nos projectos
apresentados actividades que se dirijam a outros públicos-alvo, desde que não se afastem dos
objectivos prioritários do Programa e sejam fundamentadas no diagnóstico de necessidades.
Para a nova fase do Programa Escolhas, e face à estimativa estabelecida pelas candidaturas
aprovadas, prevê-se o envolvimento de 39.732 indivíduos, conforme referido anteriormente.
19) Quantos estudos já realizou e publicou o Observatório da Imigração desde a sua criação?
Com a filosofia de “Conhecer mais para agir melhor”, o Observatório de Imigração tem sido
uma peça fundamental para a avaliação e/ou recomendação de políticas públicas em matéria
de integração de imigrantes, e para a desconstrução de mitos e estereótipos acerca dos
imigrantes.
Este Observatório da Imigração é uma unidade informal, criada em 2003 no âmbito do
ACIME, que tem procurado ter um papel fundamental como um promotor de redes de
cooperação científica e institucional, por forma a garantir o conhecimento rigoroso dos temas
que constituem a sua preocupação dominante. A sua filosofia de trabalho é subsidiária e
complementar relativamente ao universo de instituições e de investigadores que se dedicam,
sistematicamente, ao estudo do tema da imigração.
O Observatório não dispõe de estrutura própria nem é dotado de quadro de colaboradores
permanentes. É uma rede, dirigida por um coordenador que é responsável pela respectiva
actividade científica, o qual responde perante o Alto Comissariado quanto à realização dos
objectivos para que foi criado. O orçamento do Observatório está integrado no do ACIME.
Em 2003, foi criada a colecção de Estudos do Observatório de Imigração que conta já com
22 obras publicadas (todas disponíveis em www.oi.acime.gov.pt).
Em 2005, procurando colmatar algumas lacunas existentes na edição de dissertação de
mestrado e teses de doutoramento sobre imigração e minorias étnicas em Portugal, o
ACIME, através do Observatório de Imigração, decidiu apoiar também a publicação de teses
de reconhecido interesse. O Edital desta medida de apoio à edição encontra-se disponível em
http://www.oi.acime.gov.pt/docs/pdf/editeses.pdf. Á semelhança dos estudos, esta colecção de
7 livros (até final de 2006) encontra-se disponível em formato digital em
http://www.oi.acime.gov.pt/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=17
Uma aposta mais recente passa pela reflexão sobre a identidade nacional e a sua relação com
o “outro”. Neste contexto acaba de ser criada uma nova colecção de estudos do Observatório
de Imigração: a Colecção Portugal Intercultural que procura demonstrar, a partir de marcas
históricas, a presença e cruzamento de povos e culturas na identidade portuguesa. No primeiro
estudo desta colecção – A Interculturalidade na Expansão Portuguesa – os autores ilustram
bem como a interculturalidade foi um traço marcante da Expansão portuguesa dos séculos XV
a XVIII e como influenciou o nosso património cultural e a nossa identidade colectiva. Estes
resultados são particularmente interessantes de realçar, em particular quando a História pode
ter um papel crucial na projecção que se quer para o futuro de uma sociedade marcada pela
riqueza da diversidade cultural.
Procurando aprofundar o conhecimento acerca das comunidades imigrantes que vivem em
Portugal, o Observatório irá lançar ainda este mês uma nova colecção de estudos: Colecção
Comunidades. O primeiro número será acerca da Imigração Brasileira em Portugal.
O interesse e utilidade do site têm sido demonstrados pelo número de visitantes que não tem
parado de crescer: em 2003 o site teve cerca de 54.683 visitantes e, em 2006, cerca de
628.189.
23) Qual a tiragem do Boletim Informativo do ACIME e quantas visitas já teve o sitio na Internet?
O Boletim Informativo (BI) do ACIME tem uma tiragem mensal de 6000 exemplares, indo já
no número 49. Todos os BI publicados encontram-se disponíveis para download em
http://www.acime.gov.pt/modules.php?name=Downloads&d_op=viewdownload&cid=23&orderby=dateD
24) Quantos Centros de Acolhimento Temporário foram criados em Portugal? Quantas pessoas acolhem
neste momento?