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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

ENQUADRAMENTO IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL

Antes da década de 70, o fluxo emigratório dominava a dinâmica migratória de Portugal.1


Contudo, o fim do regime ditatorial em 25 de Abril de 1974, o processo de transformações
económicas que o acompanharam, o desenvolvimento de actividades sazonais e em part-time
(tal como o turismo ou a construção civil) e a necessidade de uma mão-de-obra não
especializada; tornou Portugal, à semelhança dos outros países da Europa do Sul, num país de
imigração. A adopção de políticas restritivas à imigração em países tradicionais de
acolhimento do Norte e Centro da Europa encaminhou também alguns fluxos para o sul
europeu.
Segundo dados dos Recenseamentos Gerais da População, de 1960 para 1981, a população
residente em Portugal cresceu 11% e a população estrangeira residente 269%. Depois de
1993, o saldo migratório português foi sempre positivo, situação que desde 1960 só tinha
também acontecido após a descolonização, entre 1974 e 1981.
Assim, embora a vinda de pessoas para Portugal não pertença à história recente do país2, é a
partir de meados dos anos 70 que a visibilidade destes fluxos aumenta. Segundo dados do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 1960 a população estrangeira com residência
legal era de apenas 0,3%. Em 1980 essa percentagem passa a corresponder a 0,5% e já em
2004, verifica-se um reforço significativo da sua importância numérica para 4,3%.
O crescimento das últimas décadas é ainda mais significativo se tivermos em consideração
que entre 1981 e 2001 a população estrangeira aumentou mais do que seis vezes, enquanto
que o total da população residente em Portugal aumentou, no mesmo período, apenas 5%.

1
Segundo dados do Recenseamento Geral da População de 1960, residiam em Portugal 29.428 estrangeiros,
maioritariamente europeus e brasileiros. Recorde-se que até meados da década de setenta os cidadãos oriundos
dos PALOP não eram considerados estrangeiros.
2
Durante a década de 1960 definiram-se mesmo processos de recrutamento de imigrantes cabo-verdianos para
satisfazer as carências de mão-de-obra, fruto da emigração (Vd. Saint- Maurice 1997).

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1) Quantos imigrantes legais tem Portugal? E ilegais?

Estima-se que em Portugal estejam 423.330 estrangeiros em situação legal (não estão
contabilizados neste número os estrangeiros que chegam ao país com um visto de curta
duração, visto de trânsito e/ou visto de escala).

2005 Total
Autorizações de Residência 276.460
Total Prorrogações de AP 93.391
Total Prorrogações Vistos de Longa Duração 46.637
Vistos de Trabalho 16.137
Vistos de Estada Temporária 23.169
Vistos de Estudo 7.331
Vistos de Trabalho Concedidos (1) 3.054
Vistos de Estudos Concedidos (1) 3.788
TOTAL 423.330
Fonte: SEF e (1) Ministério dos Negócios Estrangeiros

Os imigrantes legais em Portugal podem ser portadores de vistos concedidos no estrangeiro


(visto de escala e de trânsito, visto de curta duração, visto de residência, visto de estudo,
vistos de trabalho, vista de estada temporária), autorização de residência ou autorização de
permanência.
Os estrangeiros com uma autorização de residência (AR) representam uma importante parcela
do total. De 1980 para 2004, o número de estrangeiros nessas circunstâncias em Portugal
aumentou cerca de 356,8% (passou de 58.091 para 265.361, respectivamente), sendo a
maioria desses estrangeiros de origem de países PALOP (em especial de Cabo-verde, Angola
e Guiné-Bissau).
Contudo, de 1981 à actualidade (e com o aumento da diversidade dos títulos para
estrangeiros), a concessão de autorizações de residência tem sido progressivamente preterida
em relação aos vistos consulares (principalmente os vistos de trabalho) e de permanência
(como se pode observar no quadro em baixo). A concessão de vistos de fixação de residência
(sem os quais não é possível adquirir a autorização de residência, salvo raras excepções3)
entra em clara quebra.

Não há dados oficiais relativos aos estrangeiros que vivem em Portugal em situação
irregular. Os processos de regularização extraordinária dão-nos alguma ideia dos imigrantes
que em determinados momentos viveram em Portugal em situação irregular.

3
Previstas no Artigo 54.º do Decreto Regulamentar n.º 6/2004 de 26 de Abril.

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Países Número % Pop. Total Ano Método de Estimativa


Austrália 50.000 0,2 2005 Sistema de Cartão de Entrada e Saída
Japão 210.000 0,2 2005 Sistema de Cartão de Entrada e Saída
Estados Unidos 10.300.000 3,6 2004 Método Resídual
Holanda 125.000 - 230.000 0,8 - 1,4 2004 Capture/recapture
Suiça 80.000 - 100.000 1,1 - 1,5 2005 Delphi method
Espanha 690.000 1,6 2005 Regularização
Itália 700.000 1,2 2002 Regularização
Portugal 185.000 1,8 2001 Regularização
Grécia 370.000 3,4 2001 Regularização
Fonte: International Migration Outlook, OCDE 2006: 46

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2) Que percentagem representam em termos de população residente? E de população activa?

Tem sido repetido à exaustão que Portugal viveu nos últimos anos um crescimento muito
significativo do número de imigrantes. Em números redondos, em 1960 a população
estrangeira com residência legal era de apenas 0,3%. Em 1980 essa percentagem passa a
corresponder a 0,5% e já em 2005, verifica-se um reforço significativo da sua importância
numérica para 4,0% (percentagem aferida a partir da estimativa do INE para população
residente em 2005).

Apesar do crescimento do número de imigrantes nos últimos anos, Portugal está longe de ser
um dos países europeus com maior percentagem de imigrantes, em particular se nos
compararmos com os países da Europa do Norte. Em 2004, não considerando o caso
específico do Luxemburgo com cerca de 39% de imigrantes (a maioria dos quais
portugueses), os países europeus com maior percentagem de imigrantes no seu território eram
a Suíça (20,2%), a Áustria (9,5%), a Alemanha (8,9%) e a Bélgica (8,4%).

% População Estrangeira por País (2004)


Luxemburgo 39,0
Suiça 20,2
Áustria 9,5
Alemanha 8,9
Bélgica 8,4
Irlanda 5,5
Suécia 5,1
Dinamarca 4,9
Inglaterra 4,9
Noruega 4,6
Espanha 4,6
Holanda 4,3
Portugal 4,3
Itália 3,9
Finlândia 2,1
Fonte: International Migration Outlook, OCDE 2006

Nota-se também que Portugal está entre os países que recebe anualmente menor número de
imigrantes. Segundo dados da OCDE, em 2004 as chegadas de estrangeiros a Portugal
representou apenas 0,12% da sua população total.

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Gráfico 1. Percentagem de Estrangeiros entrados em 2004 por


total de população em países seleccionados na OCDE

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

l ia
do

o
ia

da
á

ia
ga

ca
a
a

ça
s

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di

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do
a

D
R
ov

ta
N

Es

Fonte: International Migration Outlook,OCDE, http://www.oecd.org/els/migration/imo2006.

Acresce que este aumento de imigração se deveu a um período de grande crescimento


económico de Portugal, na segunda metade dos anos 90. Este exigiu, para a sua concretização,
uma disponibilidade de mão-de-obra muito significativa, à qual Portugal não tinha capacidade
de responder. Era o tempo da Expo 98, da Ponte Vasco da Gama, da Auto-estrada do Sul e,
mais tarde, dos Estádios do Euro 2004. Quando se contextualiza desta forma o aumento do
número de imigrantes, percebe-se que e, como sempre nos fenómenos migratórios, essa
oportunidade/necessidade encontra de imediato resposta nos fluxos migratórios.

Portugal precisa, tal como os restantes países da Europa, dos trabalhadores imigrantes para
satisfazer as carências do mercado de trabalho.4 Assim não é surpreendente verificar que,
quando comparado com outros países, Portugal destaca-se por procurar na imigração
essencialmente uma força de trabalho. Segundo dados da OCDE, em 2004, perto de 60% dos
fluxos imigratórios que chegaram a Portugal vieram para trabalhar.

4
Vd. Trends in International Migration, OCDE, 2003: 27.

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Gráfico 2. Percentagem de fluxos de Imigração segundo a


categoria de entrada em países da OCDE, 2004
Portugal
Dinamarca
Suiça
Reino Unido
Filândia
Austrália
Itália
Holanda Trabalho
Nova Zelândia Acom panhantes de Im igrantes
canadá Reunificação Fam iliar
Austria
Japão Razões Hum anitárias
Alemanha Outros (e.g. Reform ados )
Suécia
França
Estados
Noruega
0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: International Migration Outlook , OCDE, http://www.oecd.org/els/migration/imo2006.

Espera-se que os fluxos imigratórios continuem a crescer na Europa. Alguns factores


justificam essa tendência, entre esses: a entrada de novos países para a União Europeia, em
2004, a necessidade dos fluxos imigratórios para abrandar o envelhecimento demográfico e
para satisfazer as carências dos mercados de trabalho europeus.5 Os processos de
reunificação familiar prometem também continuar a alimentar os fluxos migratórios para as
sociedades europeias.

O nosso país, como toda a Europa, vive um ciclo de quebra demográfica, com redução
significativa quer do número total de habitantes, quer com o seu envelhecimento. As
previsões apontam que a Europa irá perder até 2050, pelo menos, 22 milhões de pessoas. E
que se não existisse imigração, o número de pessoas em idade activa (entre 15 e 64 anos)
desceria 19% até essa data6. No mesmo período, as pessoas com mais de 64 anos, aumentarão
de 73 para 125 milhões. Em 2050, por cada 2 trabalhadores no activo haverá 1
reformado/pensionista. Hoje é de 4 trabalhadores para cada reformado.

Este cenário é muito complexo e de sustentabilidade duvidosa e torna-nos dependentes da


imigração como um dos principais factores de compensação.

5
Vd. OCDE: SOPEMI 2003: 27.
6
cf. Holzmann, R.; Munz, R. (2004) Challenges and opportunities of international migration for EU, its member
States, neighboring countries and Regions:a policy note, World Bank

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A importância dos estrangeiros no total da população activa portuguesa era, segundo os


dados dos Censos de 2001, de 4,2% (nos Censos de 2001 a população estrangeira
representava 2,2% da população total). Essa importância relativa é ainda mais significativa se
atendermos ao facto de que, em 2001, a percentagem de activos com idades compreendidas
entre os 20 e os 44 anos corresponde a 80,3% da população activa estrangeira e a apenas
63,8% do total de activos em Portugal.

População Activa segundo o escalão etário, em 2001


Portugal Estrangeiros
Escalões Etários N % N %
15-19 179642 3,8 7581 3,8
20-24 513341 10,7 29664 14,7
25-29 677126 14,1 43467 21,6
30-34 638528 13,3 37308 18,5
35-39 639416 13,4 29371 14,6
40-44 590580 12,3 21918 10,9
45-49 532481 11,1 14612 7,2
50-54 446543 9,3 8290 4,1
55-59 301274 6,3 5044 2,5
60-64 181077 3,8 2753 1,4
65 + 88553 1,8 1639 0,8
Total 4.788.561 100 201.647 100
Fonte: Censos 2001, INE

25

20

15
%
10

0
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65 +
Escalões Etários

Portugal Estrangeiros

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Como foi sublinhado pelo estudo do Observatório de Imigração da Prof. Dra. Maria João
Valente Rosa7, os imigrantes contribuíram para o reequilíbrio dos dois sexos, para o aumento
de efectivos em idade activa (na década de noventa, o número de indivíduos com 15-34 anos
teria diminuído em Portugal sem a presença de estrangeiros) e, com as suas últimas vagas,
para um povoamento mais equilibrado. Mas, fundamentalmente, “a manutenção de um saldo
migratório positivo8 pode contribuir para inverter a tendência de efectivos e para “segurar”
o decréscimo de efectivos em idades activas”. Apesar disso, não será suficiente para
contrariar, em absoluto, a quebra demográfica. Ou seja, sem a entrada de novos imigrantes, o
nosso problema demográfico será muito mais grave.

7
Valente Rosa, Maria João et al (2004) Contributos dos Imigrantes na Demografia Portuguesa – O papel das
populações de nacionalidade estrangeira, Observatório da Imigração.
8
entrada de imigrantes superior á saída de emigrantes

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3) Qual é o ranking actual em termos distritais?

Até meados da década de 1990 a população estrangeira com residência legal em Portugal
concentrava-se na Área Metropolitana de Lisboa, o que reflectia a polarização dos empregos
na principal área metropolitana do país e a existência de redes migratórias centradas em
Lisboa e periferias. Ora este padrão de distribuição geográfica dos estrangeiros, muito
presente ainda nos cidadãos com autorização de residência, alterou-se rapidamente com a
chegada das novas vagas de imigrantes (essencialmente a partir de finais da década de 1990).
Os novos fluxos imigratórios dos últimos anos, essencialmente de cidadãos da Europa de
Leste e do Brasil, definiram novos padrões de dispersão geográfica. Embora com maior
presença nos distritos do litoral, estes imigrantes espalharam-se um pouco por todo o país
(compara-se os padrões de dispersão dos cidadãos com AP e AR).

Prorrogações de Vistos Prorrogações de AP


de Longa Duração 2005 AR 2005 2005 Total
Distritos N % N % N % Geral
Viana do Castelo 190 0,4 2298 0,8 579 0,6 0,7
Vila Real 204 0,4 979 0,4 440 0,5 0,4
Bragança 178 0,4 647 0,2 316 0,3 0,3
Braga 1008 2,2 4507 1,6 2354 2,5 1,9
Porto 3280 7,0 14954 5,4 5274 5,6 5,6
Aveiro 1337 2,9 9657 3,5 3527 3,8 3,5
Viseu 495 1,1 2069 0,7 1062 1,1 0,9
Coimbra 1250 2,7 8405 3,0 2113 2,3 2,8
Guarda 210 0,5 1178 0,4 687 0,7 0,5
Castelo Branco 354 0,8 1112 0,4 811 0,9 0,5
Portalegre 734 1,6 1198 0,4 964 1,0 0,7
Leiria 1531 3,3 4108 1,5 5186 5,6 2,6
Lisboa 23322 50,0 144133 52,1 35775 38,3 48,8
Santarém 3848 8,3 2621 0,9 7709 8,3 3,4
Setúbal 2761 5,9 30843 11,2 5647 6,0 9,4
Évora 656 1,4 1392 0,5 1368 1,5 0,8
Beja 607 1,3 1529 0,6 888 1,0 0,7
Faro 3824 8,2 38052 13,8 16076 17,2 13,9
Madeira 486 1,0 3857 1,4 1784 1,9 1,5
Açores 362 0,8 2921 1,1 831 0,9 1,0
Total 46637 100 276460 100 93391 100 100
Fonte: SEF

O dinamismo económico verificado nos últimos anos em sectores como o da construção civil
e obras públicas contribuíram para esta dispersão geográfica. Os distritos da Região Norte e

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Centro reforçaram bastante o seu peso relativo na distribuição dos estrangeiros com
autorização de permanência pelo país.9
Ainda assim, em termos absolutos, continua a verificar-se uma sobre-representação da
presença de estrangeiros no distrito de Lisboa. A condições de habitabilidade de alguns dos
bairros da área metropolitana, onde residem também imigrantes e seus descendentes, tem
gerado a veiculação de alguns estereótipos e/ou mitos que associam os imigrantes à criação de
guetos étnicos.
Num estudo recente do Observatório de Imigração acerca de Espaços e Expressões de
Conflito e Tensão entre Autóctones, Minorias Migrantes e Não Migrantes na Área
Metropolitana de Lisboa, coordenado pelo Professor Jorge Malheiros, concluía-se que há
lugares na Área Metropolitana de Lisboa onde se verifica uma privação elevada. Esses
lugares, de pobreza localizada, são caracterizados por maiores índices de desemprego, níveis
de instrução mais baixos e piores condições de habitabilidade. Ora, exactamente por as suas
características – habitações antigas e pequenas e, muitas vezes, mal equipadas e/ou com
poucas condições (sem água, sem saneamento básico, sem electricidade, etc.) – estas zonas
não têm contribuído para fixar descendentes dos habitantes tradicionais e/ou novos residentes
com outras características sócio-económicas.
Neste âmbito, como o estudo adianta, tende a detectar-se nesses locais processos de
reprodução de pobreza. Jovens que ficam no bairro, mesmo possuindo expectativas de
mobilidade social superiores às dos seus progenitores, acabam por não conseguir empregos
correspondentes às suas ambições, vendo-se canalizados para situações de desemprego
frequentes. Estas características de pobreza e privação localizada não têm, contudo, matiz
étnica. Ou seja, não se verifica que os guetos pobres correspondem a guetos étnicos. Como os
autores demonstraram, a partir da análise dos dados dos Censos de 2001, os vários grupos de
estrangeiros encontram-se tendencialmente dispersos por zonas de diferentes níveis de
privação (ou ausência dela).

9
Para aprofundar vd. Malheiros (2002) e Pires (2002).

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Coeficientes de correlação de Spearman entre a ordenação das 25 melhores e piores freguesias


segundo o índice de privação e a ordenação da percentagem de imigrantes dos diversos grupos
Melhores freguesias Piores freguesias (valores
Nacionalidade (valores mais reduzidos mais elevados no índice
no índice de privação) de privação)
Estrangeiros - total 0,292 0,433
União Europeia -0,104 -0,145
Resto da Europa 0,319 -0,212
Brasil 0,284 -0,293
Índia-Paquistão 0,013 0,139
China 0,254 -0,064
PALOP 0,336 0,522
Angola 0,512 0,485
Cabo-Verde 0,168 0,404
Mioçambique 0,3 0,273
Guiné-Bissau 0,427 0,512
S.Tomé e Príncipe 0,215 0,557
Fonte: Malheiros et al. 2007: 70.

Verificam-se também situações distintas no que diz respeito à situação residencial dos vários
grupos estrangeiros. Os cidadãos dos PALOP continuam a ter um peso relativo superior em
habitação mais degradada (alojamentos não clássicos que correspondem a barracas ou
alojamentos abarracados) – não obstante a evolução relativa fortemente positiva observada
entre 1991 e 2001, de 24% para 9,3%.
Já no caso dos imigrantes que chegaram na vaga imigratória mais recente verifica-se uma
vulnerabilidade residencial de tipo diverso. As possibilidades de construção de barracas ou
alojamentos abarracados são hoje praticamente impossíveis e o acesso a habitação pública é
praticamente impossível, uma vez que os programas existentes se destinam quase
exclusivamente ao realojamento de residentes de antigos bairros de barracas. Neste âmbito, os
imigrantes que chegaram a partir de meados da década de 1990 (Europeus de Leste,
Brasileiros e Asiáticos) concentram-se essencialmente no mercado de arrendamento.

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Elementos sobre as condições de alojamento dos estrangeiros na AML (%) – 2001

Alojamento próprio com

Alojamentos partilhados
Alojamentos arrendados

arrendamento inferior a

Alojamento Próprio
Alojamentos não

Alojamento com

(+ de 1 família)
sobrelotados
Alojamento
encargos
clássicos

99.776€
Nacionalidade

Total 1,4 30,4 17,6 69,6 33,1 24,7 2,3


Portugal 1,1 29,4 18,1 70,6 33,8 23,2 1,8
EU – 15 0,7 45,3 7,9 54,7 31,8 14,6 5,8
Europa de Leste 4,7 79,6 5 20,4 11,6 64,9 41,4
PALOP 9,3 46,1 12,5 53,9 19 64,2 8,9
Outros África 2 58,6 4,6 41,4 17,8 52,5 24,3
América do Norte 0,6 38,4 5,4 61,6 39,4 12 4,6
Brasil 1,3 71,7 3,1 28,3 11 51,6 23
China, índia e Paquistão 1,3 65,3 5,4 34,7 18,3 65,7 31,7
Resto Ásia 0,3 59,6 5,9 40,4 24,3 38,8 23,5
Fonte: Censos de 2001, INE cit in Malheiros 2007: 79.

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4) E o ranking por comunidades?

Segundo dados do Recenseamento Geral da População, em 1960 residiam em Portugal 29.428


estrangeiros (0,3% da população residente total), correspondendo na sua maioria a cidadãos
europeus (67%) e brasileiros (22%). Recorde-se que até à independência das ex-colónias os
imigrantes de origem dos PALOP não eram considerados estrangeiros, sendo por isso difícil
de os contabilizar.
A amplitude dos fluxos de origem dos PALOP só se torna visível no Recenseamento Geral da
População de 1981, no qual passou a representar 41,7% da população estrangeira com
residência legal em Portugal.

População estrangeira residente em Portugal por país de origem, 1960 e 1980


1960 1981
País de Nacionalidade (%) (%)
Europa 67,3 32,6
Alemanha Federal 5,1 3,3
Espanha 39,8 7,4
França 5,7 11,1
Grã-Bretanha 7,2 2,9
Outros países 9,4 7,9
África 1,5 44,1
PALOP - 41,7
Angola - 18
Cabo Verde - 17,1
Guiné-Bissau - 1
Moçambique - 4,1
S. Tomé - 1,4
Outros países 1,5 2,4
América 30,5 21,3
Brasil 21,6 9,2
Estados Unidos 4,8 3,4
Outros países 4,1 8,7
Ásia e Oceânia 0,8 2
Total 100 100
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População de 1960 e 1981

A partir da década de 1980, a imigração em Portugal desenvolveu-se aceleradamente,


passando a verificar-se um aumento dos cidadãos dos PALOP (sobretudo de Cabo Verde,
Angola e Guiné-Bissau), uma ligeira redução da proporção de europeus (sobretudo da UE) e
um aumento dos asiáticos (sobretudo indianos, chineses e paquistaneses) e sul-americanos.

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De 1991 para 2001 a população estrangeira residente em Portugal registou um acréscimo de,
aproximadamente, 105 mil indivíduas, tornando-se a população de origem africana no maior
grupo estrangeiro (ultrapassando em cerca de 31 mil indivíduos a população europeia).

Nacionalidades mais representativas 1991 Nacionalidades mais representativas 2001


Nacionalidade Totais % Nacionalidade Totais %
Cabo Verde 15714 12 Angola 37014 16
França 13742 11 Cabo Verde 33145 14
Brasil 13598 11 Brasil 31869 14
Angola 9368 7 Guiné-Bissau 15824 7
Venezuela 8455 7 França 15359 7
Espanha 6273 5 Espanha 9047 4
Reino Unido 5977 5 S.Tomé e Príncipe 8517 4
Alemanha 5402 4 Alemanha 8387 4
EUA 4673 4 Reino Unido 8227 4
Moçambique 3186 3 Venezuela 5242 2
Total 127370 100 Total 232695 100
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População de 1991 e 2001

A partir de 2001, por outro lado, os cidadãos da Europa de Leste e do Brasil passaram a
posicionar-se entre as populações estrangeiras (sobretudo com autorização de permanência)
mais numerosas do país. O fluxo de origem da Europa de Leste mudou profundamente os
padrões de imigração10, uma vez que, pela primeira vez, Portugal recebeu um fluxo massivo
de países com quem não tinha qualquer ligação particular de natureza económica, histórica
e/ou cultural.11

10
Note-se que, segundo dados do SEF, em 1999 o número de Europeus de Leste era de 2.373. Contudo, já em
2002, só os Ucranianos passaram a ser 62.041, o correspondente a 26% do total de estrangeiros com residência
legal no país.
11
Para aprofundar vd. Baganha e Fonseca (2004).

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N.º de Imigrantes em Portugal por Nacionalidade


(AP + AR – Autorizações de Permanência + Autorizações de Residência)

Prorrogações de AP
Nacionalidades 2005 AR 2005 Total %
EUROPA 52948 88.560 141.508 38,32
Rússia 2744 1.335 4.079 1,10
Moldávia 8325 1.374 9.699 2,63
Roménia 6133 1.556 7.689 2,08
Ucrânia 33434 2.070 35.504 9,61
ÁFRICA 15122 125.934 141.056 38,20
Angola 3557 27.697 31.254 8,46
Cabo Verde 5082 56.433 61.515 16,66
Guiné Bissau 2500 21.258 23.758 6,43
Moçambique 271 5.074 5.345 1,45
São Tomé e Príncipe 1635 8.274 9.909 2,68
AMÉRICA 18566 50.737 69.303 18,77
Brasil 18132 31.546 49.678 13,45
Canadá 5 1.834 1.839 0,50
EUA 6 8.003 8.009 2,17
ÁSIA 6752 12.847 19.599 5,31
China 2604 5.530 8.134 2,20
Índia 1679 1.770 3.449 0,93
Paquistão 612 1.382 1.994 0,54
OCEÂNIA 3 556 559 0,15
APÁTRIDAS 273 273 0,07
DESCONHECIDOS 11 11 0,00
Total 93391 275906 369.297 100
Fonte: SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras)

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5) Qual é a idade média dos imigrantes em Portugal?

Tal como em outros países de destino, em Portugal, verifica-se uma elevada concentração dos
estrangeiros nas idades activas, denotando a importância dos factores económicos na origem
dos fluxos imigratórios.
Segundo dados dos Censos de 2001, os cidadãos da União Europeia (com a excepção dos
franceses), apresentam a idade média mais elevada das populações estrangeiras residentes no
país. Enquanto que os africanos (com a excepção dos cabo-verdianos) e os americanos
destacam-se entre os estrangeiros com idade média mais baixa.
No caso dos europeus de Leste, a sua idade média é ligeiramente superior à idade média do
total de estrangeiros residentes. Para explicar este dado deve ter-se em atenção que o fluxo da
Europa de Leste é relativamente recente em Portugal sendo, por isso, bastante reduzido o
número de efectivos jovens e idosos.
Idade Média dos estrangeiros em 2001 por a nacionalidade
Nacionalidade Idade Média
França 26,8
Angola 28,5
São Tomé e Príncipe 29,6
Guiné-Bissau 29,8
Roménia 30,3
China 30,5
Brasil 31,2
Total Estrangeiros 32,3
Moldávia 32,9
Rússia 33,8
Ucrânia 34,2
Cabo Verde 34,4
Alemanha 38,4
Espanha 41
Reino Unido 45,3
Fonte: Recenseamento Geral da População de 2001

Em 2001, todas as populações estrangeiras (com a excepção dos britânicos e dos espanhóis)
apresentam uma idade média inferior à da população portuguesa. Neste âmbito, a composição
por idades da população estrangeira é fundamental para atenuar o envelhecimento
demográfico que se tem vindo a registar em Portugal.12

12
Para aprofundar vd. Rosa et al. (2004).

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6) Qual é a percentagem de homens e mulheres?

Os fluxos migratórios começam por ser predominantemente masculinos: na sua maioria, as


populações imigrantes mais recentes no país são dominadas por homens (e.g. imigrantes
da Europa de Leste); enquanto que as populações mais antigas tendem a apresentar uma
estrutura sexual equilibrada ou mesmo mais feminina (e.g. imigrantes da União Europeia
e dos PALOP).13
Ainda assim, segundo dados dos Censos de 2001, a composição por sexos da população de
nacionalidade estrangeira em Portugal é dominada por efectivos masculinos. Conforme Rosa
et al. (2004: 55) mostraram, o valor da relação de masculinidade em 2001 era de 118, ou seja,
para 100 efectivos femininos existiam 118 masculinos.
A relação de masculinidade difere, contudo, em função da nacionalidade da população
estrangeira. As populações imigrantes mais recentes no país apresentam os valores de relações
de masculinidade mais elevados: os cidadãos de origem da Ucrânia e da Moldávia realçam-se
a esse respeito (o número de homens é quatro vezes superior ao número de mulheres). Em
contrapartida, os espanhóis e franceses destacam-se entre as populações estrangeiras com uma
composição predominantemente feminina (com relações de masculinidade de 79,2 e de 85,0
respectivamente). Por sua vez os nacionais dos PALOP, apesar de continuarem a ter mais
cidadãos masculinos do que femininos, têm vindo a reforçar de 1991 para cá a sua
componente feminina.
Note-se, porém, que podem ser detectadas diferenças entre a composição por sexos da
população de nacionalidade estrangeira com residência legal em Portugal e a população
estrangeira irregular no país. O fenómeno do tráfico de mulheres para a prostituição, por
exemplo, ilustra bem como alguns fluxos particulares de imigração ilegal podem ter uma
sobre-representação de determinado sexo (neste caso feminino), distinguindo-se por isso da
composição por sexos de fluxos legais.14

13
O reagrupamento familiar torna-se importante também para explicar a composição por sexos da população
imigrante, em particular, por esse estimular o reforço da representatividade feminina entre a população imigrante
(Rosa et al. 2004: 56).
14
Como ilustram os casos das recentes vagas imigratórias da Europa de Leste e do Brasil para Portugal (vd.
Peixoto et al. 2005).

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Mulheres Homens Total


N 26425 66966 93391
Prorrogações de AP 2005 % 28,3 71,7 100
N 127257 149203 276460
AR 2005 % 46,0 54,0 100
N 25958 20679 46637
Prorrogações de Vistos de Longa Duração % 55,7 44,3 100
N 7189 8948 16137
Vistos de Trabalho % 44,5 55,5 100
N 15144 8025 23169
Vistos de Estada Temporária % 65,4 34,6 100
N 3625 3706 7331
Vistos de Estudo % 49,4 50,6 100
N 205598 257527 463125
Total % 44,4 55,6 100
Fonte: SEF

7) Qual é a percentagem de nascimentos em Portugal com progenitores estrangeiros?

Segundo dados do último Recenseamento Geral da População, em 2001, nasceram em


Portugal 11.987 cidadãos que permanecem com nacionalidade estrangeira.

População residente de nacionalidade estrangeira, nascida em Portugal, segundo o grupo etário, por país de
nacionalidade
Nacionalidade Total % 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24
Total Europa 3340 27,9 521 355 248 183 164
Total África 4787 39,9 1425 1073 883 734 128
Angola 829 6,9 349 184 90 31 16
Cabo Verde 2522 21,0 619 542 584 580 52
Guiné-Bissau 729 6,1 238 200 117 63 33
São Tomé e Príncipe 484 4,0 173 121 60 45 14
Total América 1451 12,1 234 156 106 82 61
Total Ásia 208 1,7 93 44 22 15 8
Austrália 99 0,8 3 5 1 5 3
Outros Casos 2102 17,5 462 295 184 191 111
TOTAL 11.987 100 2738 1928 1444 1210 475
Fonte: Censos 2001, INE

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8) Qual o índice de fecundidade da população estrangeira?

As populações estrangeiras apresentam taxas de natalidade superiores à da população de


nacionalidade portuguesa. A diferença deve-se ao facto de as populações estrangeiras
apresentarem uma estrutura etária muito mais favorável à ocorrência de nascimentos –
concentração superior de efectivos em idades férteis.

Portugueses Estrangeiros
Taxa de Natalidade Masculina (‰) 21,1 51,1
Taxa de Natalidade Feminina (‰) 20,4 55,8
Taxa Fecundidade Geral Feminina (‰) 41,8 80,4
Fonte: Censos 2001, INE cit in Valente Rosa et al. 2004:76

9) Estrangeiros no Sistema de Ensino

Estudantes Estrangeiros por nível de ensino


N 2000/2001 2001/2002 2002/2003 2003/2004
Pré-escolar 7954 9357 10233 10655
Básico - 1º Ciclo 31268 34673 36568 35154
Básico - 2º Ciclo 9670 10388 11974 11818
Básico - 3º Ciclo 12334 13801 14193 13784
Secundário gerais 6803 7495 7503 7328
Secundário tecnológicos 2375 2509 2901 2731
Total 70404 78223 83372 81470
%
Pré-escolar 11,3 12,0 12,3 13,1
Básico - 1º Ciclo 44,4 44,3 43,9 43,1
Básico - 2º Ciclo 13,7 13,3 14,4 14,5
Básico - 3º Ciclo 17,5 17,6 17,0 16,9
Secundário gerais 9,7 9,6 9,0 9,0
Secundário tecnológicos 3,4 3,2 3,5 3,4

Fonte: http://www.giase.min-edu.pt/upload/docs/GCN_01_04.pdf

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10) Nível de Escolaridade dos Estrangeiros

A maioria dos estrangeiros em Portugal tem vindo a concentrar-se nos sectores menos
qualificados do mercado de trabalho. Contudo, a inserção profissional dos imigrantes não
traduz os seus níveis de habilitação. Esta contradição tem vindo a tornar-se ainda mais
evidente com a chegada dos cidadãos da Europa de Leste que estão entre as populações
estrangeiras mais qualificadas do país e em situação de maior desqualificação profissional.

Distribuição Percentual da População Estrangeira Residente em Portugal por Nível de Qualificação Académica,
2001
Sabe ler e escrever Ensino
Não sabe ler sem possuir Ensino Secundário Ensino
Nacionalidades nem escrever qualquer grau Básico e/ou Médio Superior
EUROPA 6,2 6,2 37,4 26,1 24,0
União Europeia 7,0 6,8 38,3 24,5 23,4
Federação Russa 3,7 3,9 29,0 27,0 36,3
República Moldava 2,3 2,2 33,5 33,9 28,0
Roménia 3,6 3,0 39,1 38,2 16,0
Ucrânia 3,0 3,0 36,2 30,6 27,3
ÁFRICA 12,6 11,2 58,8 13,8 3,7
Angola 8,2 9,7 60,4 17,8 3,9
Cabo Verde 19,5 13,4 58,5 7,1 1,4
Guiné Bissau 12,0 12,6 56,3 14,4 4,7
Moçambique 5,7 5,1 61,3 21,5 6,4
São Tomé e Príncipe 10,1 11,1 61,9 12,6 4,3
AMÉRICA 5,8 6,7 48,1 25,0 14,3
Brasil 6,0 6,4 46,9 26,7 14,0
Canadá 6,8 11,8 50,9 20,2 10,2
EUA 8,4 9,5 39,8 20,8 21,5
ÁSIA 11,2 10,4 45,1 21,8 11,4
China 12,5 14,5 48,7 19,4 4,9
Índia 11,5 9,0 48,3 22,3 8,8
Paquistão 14,2 9,7 49,4 19,6 7,2
OCEÂNIA 5,3 7,8 45,5 20,8 20,6
APÁTRIDAS 38,4 14,3 34,1 9,5 3,6
Total 9,3 8,7 49,4 20,1 12,5
Fonte: Recenseamento Geral da População 2001 - INE

Entre os estrangeiros mais qualificados, destacam-se também os cidadãos da União Europeia


com níveis significativos de ensino secundário e/ou médio (24,5%) e de ensino superior
(23,4%).

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Em contrapartida, os imigrantes dos PALOP apresentam, entre as populações estrangeiras, os


níveis de qualificação académica mais baixos. Perto de 60% destes estrangeiros tinha, em
2001, o ensino básico e cerca de 24% não tinha qualquer grau de ensino.

11) E a sua distribuição por sectores de actividade económica?

Os imigrantes tendem a concentrar-se em sectores económicos que, pelas suas características


e riscos, os portugueses não procuram. Por outras palavras os imigrantes respondem às
carências de determinados segmentos do mercado de trabalho português.

População Estrangeira por Grupos Sócio-Económicos


Grupo Sócio-Económico N %
Empresários e Pequenos patrões 12.900 9,1
Independentes 6.161 4,3
Dirigentes e Quadros Superiores 3.453 2,4
Quadros intelectuais e científicos 8.819 6,2
Quadros intermédios 7.613 5,3
Empregados do Comércio e Serviços 21.912 15,4
Operários qualificados e semi-qualificados 43.428 30,5
Operários não qualificados 33.716 23,7
Outros Activos 4.440 3,1
Total Activos 142.442 100
Inactivos 85.348 37,5
TOTAL 227.790 100
Fonte: Censos 2001, INE

Distribuição da população empregada estrangeira e portuguesa por sector de actividade (2001)


Estrangeiros por Repartição sectorial
Sector de Actividade Sector Repartição Sectorial dos restantes
(%) dos Estrangeiros (%) trabalhadores (%)
Agricultura/Sivicultura e pescas 2,7 2,7 12,6
Indústrias 3,1 14,0 22,0
Construção Civil 14,8 36,1 11,1
Hotelaria e restauração 11,7 12,9 4,9
Comércio 1,9 7,8 15,5
Serviço a empresas 9,6 15,0 4,8
Outros 2,3 11,6 29,1
Total 5,0 100 100
Fonte: Censos de 2001, INE

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Verifica-se que uma parte substantiva dos estrangeiros activos trabalham no sector da
construção civil e indústrias. Ora, segundo dados da Inspecção-Geral do Trabalho, esses são
exactamente os sectores de actividade com maior sinistralidade mortal. Segundo a mesma
fonte, os riscos profissionais tendem a variar também em função da nacionalidade. Em 2001,
por cada 10.000 trabalhadores morreram 2 estrangeiros e apenas 0,56 portugueses. Os
ucranianos destacaram-se a esse respeito, tendo morrido 4,1 por cada 100 000 trabalhadores.
É exactamente neste contexto que se torna possível concluir que a nacionalidade é uma
variável explicativa da sinistralidade mortal em Portugal.

Por outras palavras, indivíduos com nacionalidade estrangeira encontram-se substancialmente


mais vulneráveis ao risco e à insegurança no trabalho que os trabalhadores portugueses.

Impacto dos Acidentes de Trabalho Mortais na população empregada, segundo a nacionalidade (2001)
Acidentes de Trabalho População Acidentes de trabalho mortais por
Nacionalidade Mortais (a) Empregada (b) 10 000 empregados (d)
Total Estrangeiros 45 223279 2,02
Ucranianos 21 51232 4,10
Guineenses 3 12757 2,35
Brasileiros 5 43834 1,14
Total Geral 280 4.989.125 (c) 0,56
Fontes: (a) Inspecção Geral do Trabalho, (b) INE - Censos 2001 e
(c) Estatísticas do Emprego, INE.

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12) Remuneração dos estrangeiros em Portugal

A fonte mobilizada é, neste caso, a publicação Quadros de Pessoal 2003 da Direcção-Geral


de Estudos, Estatística e Planeamento (DGEEP), que tem por base o preenchimento anual e
obrigatório15 dos mapas do quadro de pessoal por parte das entidades com trabalhadores aos
seu serviço, constituindo desse modo um virtual censo dos trabalhadores por conta de outrem.
Tal como é possível observar na tabela, existem claras diferenças na remuneração base dos
estrangeiros face ao total nacional em todos os níveis de qualificação.

Contudo, estas diferenças não têm sempre o mesmo sentido: no topo da escala de qualificação
a remuneração base dos estrangeiros é mais alta, enquanto nos níveis inferiores de
qualificação os estrangeiros auferem remunerações base inferiores.

No que respeita à profissão, o panorama é em tudo semelhante: nos grupos profissionais


superiores os estrangeiros são melhor remunerados do que a generalidade dos trabalhadores
por conta de outrem, enquanto nos grupos profissionais menos qualificados os estrangeiros
são pior remunerados do que usual nesses mesmos grupos.

Remuneração base média por níveis de qualificação em 2003


Remuneração Base Diferença relativa entre
Total Estrangeiros estrangeiros e total de
Qualificação trabalhadores
Quadros. Superiores 1.965,13 € 2.629,72 € 34%
Quadros Médios 1.318,47 € 1.454,05 € 10%
Encarregados, Contramestres, 930,50 € 963,52 € 4%
Mestres e Chefe de Equipa
Profissionais Altamente 1.023,86 € 1.080,92 € 6%
Qualificados
Profissionais Qualificadas 599,67 € 543,29 € -9%
Profissionais Semi-Qualificadas 482,91 € 450,46 € -7%
Profissionais Não Qualificadas 436,03 € 405,48 € -7%
Praticantes e Aprendizes 413,64 € 405,05 € -2%
Nível Desconhecido 627,15 € 538,10 € -14%
Total 714,29 € 591,45 € -17%
Fonte: DGEEP, Quadros de Pessoal de 2003.

15
Decreto-Lei 332/93, 25 de Setembro e Portaria nº 46/94, de 17 de Janeiro.

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13) Qual é a taxa de desemprego actual nos imigrantes e a comparação com a taxa de desemprego global
no país?

Não se verifica uma correlação automática entre imigração e desemprego. A ser verdade essa
correlação, encontraríamos uma maior taxa de desemprego nos países com maior
percentagem de imigrantes. Ora um estudo da OCDE16, mostra o contrário: as maiores taxas
de desemprego estão em países com baixas percentagens de imigrantes e os países com
maiores percentagens de imigrantes, têm taxas de desemprego relativamente baixas (Canadá,
Austrália, USA, Suíça).
A presença de taxas elevadas de imigrantes num país não é um factor explicativo de elevadas
taxas de desemprego. Por outro lado, a ser verdade que os imigrantes roubam os empregos
dos nacionais deve detectar-se que as taxas de desemprego são maiores entre as populações
nativas. Contudo os dados oficiais acerca de países de imigração mostram exactamente o
inverso. Em particular na Europa, segundo dados da OCDE, os imigrantes mostram-se
bastante mais vulneráveis ao desemprego que as populações europeias.17
Portugal não é excepção. Segundo dados dos Censos, verifica que nas últimas duas décadas os
estrangeiros apresentaram sempre taxas de desemprego mais elevadas.
Taxa de desemprego
Nacionalidade 1991 2001
Angola 12% 14%
Guiné-Bissau 9% 12%
São Tomé e Príncipe 12% 11%
Moçambique 11% 11%
França 10% 8%
Venezuela 9% 8%
Canadá 9% 8%
Cabo Verde 8% 8%
Estados Unidos da América 8% 8%
Brasil 9% 7%
Espanha 7% 7%
Alemanha 8% 6%
Países Baixos 8% 4%
Reino Unido 6% 4%
Total de estrangeiros 9% 9%
Portugueses 6% 7%
Fonte: Censos de 1991 e 2001, INE

16
Gráfico disponível no relatório da OCDE Trends in immigration and economics consequences de Coppel et al
(2001), pag. 15. Ver em www.oecd.org/eco/eco
17
Para aprofundar vd. International Migration Outlook, OCDE, 2006: 58.

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População Desempregada segundo o escalão etário, em 2001


Portugal Estrangeiros
Escalões Etários N % N %
Total 321606 100 17655 100
15-19 32249 10,0 1736 9,8
20-24 53086 16,5 3880 22,0
25-29 43514 13,5 3632 20,6
30-34 35616 11,1 2753 15,6
35-39 34972 10,9 2128 12,1
40-44 29275 9,1 1429 8,1
45-49 27207 8,5 938 5,3
50-54 27512 8,6 548 3,1
55-59 24904 7,7 402 2,3
60-64 12598 3,9 193 1,1
65 + 673 0,2 16 0,1
Fonte: Censos 2001

É também significativo verificar que os picos de taxa de desemprego tenham ocorrido em


anos que não registávamos uma presença relevante de imigrantes:

8,00

7,00

6,00

5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Taxa de Desemprego (Total) - HM % Pop. Estrangeiro por Pop. Total em Portugal

Por outro lado, a taxa actual de desemprego, que aponta para cerca de 7% com um universo
de cerca de 400.000 imigrantes, é idêntica à dos anos 80/81 em que tínhamos só 58.000
imigrantes. Por outro lado ainda, os períodos de mais baixa taxa de desemprego

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correspondem quer a períodos onde não existiam imigrantes em Portugal (4% em 1974) quer
em períodos onde existiam 350.000 imigrantes. Estes números evidenciam inequivocamente
que não há correlação entre desemprego e imigração.

A este ponto importa acrescentar um outro que também é evidenciado pelas estatísticas: os
imigrantes, em contexto de crise económica, são os primeiros a perderem o emprego, dado a
sua maior vulnerabilidade contratual e por estarem em sectores de actividade muito sensíveis
às crises. Isso faz com que exista mais uma desvantagem competitiva para esta comunidade
que mais facilmente é “descartada” pelo sistema. De uma forma grosseira, quando escasseiam
os empregos, os mais ameaçados são os imigrantes, que sofrem percentagens de desemprego
proporcionalmente maiores que os nacionais.

Estrangeiros inscritos nos Centros de Emprego do Continente, por país de origem

Janeiro Janeiro Janeiro Janeiro Janeiro Janeiro


Países de 2001 de 2002 de 2003 de 2004 de 2005 de 2006
Europa de Leste 21 765 3068 3897 4868 5823
Moldávia 0 11 399 488 635 832
Roménia 4 80 253 329 409 492
Rússia 8 162 402 494 542 576
Ucrânia 1 458 1882 2395 3104 3649
África 3363 5034 8320 9019 8918 9147
Angola 1020 1555 2745 2790 2801 2882
Cabo Verde 1084 1533 2466 2938 2921 2977
Guiné-Bissau 766 1124 1771 1895 1819 1695
Moçambique 141 219 292 284 281 291
São Tomé e Príncipe 294 491 867 940 942 905
América 513 1305 2513 3199 4292 5244
Brasil 423 1116 2280 2931 4041 4911
Total 5300 9055 16389 18735 20792 22485
Taxa de Crescimento 70,8 81,0 14,3 11,0 8,1
Fonte: IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional

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14) Qual tem sido o impacto nas contas publicas da imigração (dos imigrantes)?

Os imigrantes dão uma substancial contribuição para o equilíbrio das contas do Estado -
as conclusões apontam para saldo positivo de 324 milhões de Euros em 2001 e de 243
milhões de Euros em 2002 (cada estrangeiro empregado terá em média sido um contribuinte
líquido do Estado Português no montante de € 1.365 por ano em 2001 e de € 827 por ano em
2002.

Analisemos em detalhe as contas da segurança social. Nos inquéritos sobre Imagens


Recíprocas entre Imigrantes e Nacionais18, desenvolvidos para o Observatório de Imigração,
o número de portugueses que respondeu “concordo” à afirmação “os imigrantes recebem da
Segurança Social mais do que o dão”, desceu de 42% para 21%.

Os dados objectivos são, no entanto, inequívocos, em Portugal e noutros países. Apesar da


complexidade da análise, nomeadamente na sobreposição de diferentes ciclos de vida de
contribuições e de diferentes metodologias de cálculo, quando se procura estudar o contributo
dos imigrantes para as contas do Estado, todos as conclusões são convergentes.

Comecemos pelo World Economic and Social Survey 2004, das Nações Unidas, sobre
Migrações internacionais que refere:
“Em geral, estes exercícios tendem a mostrar que os imigrantes dão uma substancial
contribuição para aliviar a carga fiscal de gerações futuras em países da Europa com
baixa fertilidade (Collado, Iturbe-Ormaetxe and Valera, 2003; Bonin, 2002). Cálculos
da Alemanha, mostram que o seu ganho fiscal, decorrente da admissão de
trabalhadores migrantes, é potencialmente grande (...). Devido à composição etária
favorável, a sua média de pagamentos para o sector público pode ser positivo, mesmo
depois de descontar os gastos adicionais com eles(...).”19

Ainda sobre a situação portuguesa, importa referir que os imigrantes não beneficiam de
qualquer subsídio ou apoio social específico, exclusivamente a eles destinados. Ao nível do
apoio social, cumprem os mesmos prazos de garantia que os nacionais para poderem
beneficiar de, por exemplo, subsídio de desemprego e só acedem gratuitamente, ou com taxas
moderadoras, ao Sistema Nacional de Saúde se estiverem inscritos na Segurança Social.
Quanto a isto, nada a opor. É o justo princípio da igualdade. Mas importa ter consciência – e
que a opinião pública o saiba – que nada é oferecido aos imigrantes: os benefícios que podem
usufruir decorrem das suas próprias contribuições. São, por isso, direitos adquiridos e não
benesses da sociedade de acolhimento.

18
disponíveis em www.oi.acime.gov.pt
19
World Economic and Social Survey 2004 – International Migrations, United Nations, pag. 121.

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No domínio da Segurança Social, há ainda uma outra dimensão a sublinhar, que contraria o
preconceito de que os imigrantes sobrecarregam o sistema. A quebra demográfica acentuada
que temos vindo a sentir em toda a Europa, e também em Portugal, vai agravar-se. Ao mesmo
tempo, a esperança de vida alarga-se, havendo por isso um número de beneficiários cada vez
maior a usufruir mais tempo de apoio social. Este fenómeno arrasta a preocupante questão da
sustentabilidade do sistema de segurança social. Ora, não sendo a solução completa, a
contribuição de mão-de-obra imigrante legal, que entra de imediato na vida activa e é
contribuinte líquida, não só não é um peso, como é importante para a sustentabilidade do
sistema da segurança social.

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15) E a taxa de condenações judiciais de imigrantes pela prática de crimes? Que crimes são mais
praticados?

Recorrentemente, nos meios de comunicação social, surgem notícias que associam os


imigrantes ao mundo da criminalidade. Quando se olha as taxas brutas de criminalidade e se
analisa o grupo de nacionais e o grupo dos estrangeiros verifica-se que para os primeiros esta
é de 7/oo e no segundo, 11/oo. Aparentemente, os números confirmam esta ligação. Mas,
veremos, trata-se de mais um erro de análise.

Interpretemos melhor então estes números. Os investigadores Hugo Martinez de Seabra e


Tiago Santos, num estudo acerca da “Criminalidade de Estrangeiros em Portugal: um
inquérito científico”20, deram passos significativos nesse objectivo, começando pelos
universos de comparação. A caracterização demográfica do universo da criminalidade é
semelhante para nacionais e estrangeiros, com uma predominância de homens, em idade
activa, solteiros e com habilitações académicas básicas. Até aqui, tudo bem. Mas, no passo
seguinte, dá-se um enorme enviusamento: no caso dos nacionais, o universo de referência,
sobre o qual se faz a percentagem para obter a taxa bruta de criminalidade, é o de todos os
cidadãos nacionais, ou seja, dos 0 aos 100 anos, com proporção equilibrada no género e de
todas as classes sociais e níveis académicos. Já o universo de referência dos estrangeiros é
maioritariamente masculino, em idade activa e de nível sócio-economico médio-baixo. São
universos não comparáveis, à partida, pois o dos nacionais inclui um peso muito significativo
da faixa 0/16 anos (inimputável) e acima dos 60 anos (onde praticamente já não há
criminalidade), faixas que quase não existem no universo dos estrangeiros. Desta diferença
dos universos de referência, resulta, naturalmente um resultado errado.

Mas há ainda outro factor a considerar. O que as estatísticas da Justiça nos dão é
simplesmente a nacionalidade, distinguindo entre nacionais e estrangeiros. Ora, não é
coincidente o conceito de estrangeiro e de imigrante. Por exemplo, todos os turistas que nos
visitam, são estrangeiros, mas não são imigrantes. No número de condenados estrangeiros há
uma presença significativa de estrangeiros não imigrantes, nomeadamente de “correios de
droga”, ou seja pessoas, sem residência ou profissão em Portugal que procuravam introduzir
droga no nosso país, numa viagem de curta duração. Daqui se conclui, que da taxa de bruta de
criminalidade nos estrangeiros, uma parte não corresponde a imigrantes.

Se se corrigir os universos de comparação, equiparando-os, o valor de taxa bruta de


criminalidade encontrado nos nacionais sobe de 7/oo para 11/oo, para enquanto se mantém
nos 11/oo para os estrangeiros. Isto é, se compararmos o comparável, não há diferença na taxa
de criminalidade entre nacionais e estrangeiros .

20
disponível em www.oi.acime.gov.pt

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Finalmente, para concluir, soma-se à evidência de que não existe uma taxa de criminalidade
superior nos estrangeiros, o facto de, em média, os estrangeiros serem sujeitos, para os
mesmos crimes a penas mais duras. Isso é evidente desde a aplicação da prisão preventiva –
facto que teria alguma explicação, pelo maior risco de fuga – até à comparação das penas pelo
mesmo tipo de crime, como se verifica, por exemplo, na percentagem de aplicação de pena de
prisão efectiva por tráfico de droga, entre os anos 1997 e 2003:

Pena de Prisão Efectiva por Tráfico21

100%
95%
90%
85%
80% Nacionais
75%
70%
65%
60%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Taxas de condenação a pena de prisão efectiva


2003
Taxas de Condenação Nacionalidade N %
Português 804 33
Furto Qualificado Estrangeiro 39 43
Português 621 43
Roubo ou violência depois da subtracção Estrangeiro 60 45
Português 526 65
Tráfico e Actividades ilícitas, simples ou agravado Estrangeiro 218 86
Fonte: GPLP do Ministério da Justiça cit. in Seabra e Santos 2005:199-200

A desconstrução deste mito poderia ter começado por outra perspectiva de abordagem: a
exclusão social que gera criminalidade. Com efeito, fruto de um percurso de discriminação
face às oportunidades geradas e de uma acentuada desvantagem competitiva em relação à
maioria dos nacionais – que reduz muitas vezes a zero o horizonte de futuro – alguns
imigrantes, especialmente de 2ª geração, chegam à criminalidade. Não porque sejam
estrangeiros, mas porque são excluídos. Sendo uma explicação parcial – verídica também para
21
A partir do Estudo de Seabra, H. ; Santos, T.(2005) Criminalidade de Estrangeiros: um Inquérito científico,
Observatório de Imigração.

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bolsas de exclusão social composta por nacionais – esta perspectiva é eminentemente


justificativa e pode dar involuntariamente a ideia (errada) que a taxa de criminalidade é
fatalmente maior entre os imigrantes. E como ficou anteriormente provado, isso não é
verdade.

Crimes que mais levam à condenação a pena de prisão efectiva em processos penais findos
2003
Crimes Nacionalidade N %
Português 526 15
Tráfico e actividades ilícitas, simples ou agravado Estrangeiro 218 47
Português 621 18
Roubo ou violência depois da subtracção Estrangeiro 60 13
Português 804 23
Furto qualificado Estrangeiro 39 8
Português 117 3
Tráfico de quantidades diminutas Estrangeiro 24 5
Português 75 2
Falsificação de documentos Estrangeiro 15 3
Português 134 4
Furto Estrangeiro .. 0
Fonte: GPLP do Ministério da Justiça cit. in Seabra e Santos 2005:198-199

16) Qual é a percentagem de presos estrangeiros nas prisões portuguesas?

Evolução da população prisional por nacionalidades


Local de Residência
Nacionalidade Estrangeiro/Omisso Portugal
Nacionalidade 1994 2003
Total 10311 13635
N 9320 11490
Português % 90 84
N 991 2145
Estrangeiro % 10 16
Fonte: Direcção Geral dos Serviços Prisionais cit. in Seabra e Santos 2006:107

Distribuição dos reclusos a 31/12/03 por nacionalidade e local de residência


Local de Residência
Nacionalidade Estrangeiro/Omisso Portugal
N 306 10924
Português % 3 97
N 791 1549
Estrangeiro % 34 66
Fonte: Direcção Geral dos Serviços Prisionais cit. in Seabra e Santos 2006:118

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SERVIÇOS E/OU ACÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO DE IMIGRANTES

17) Quantas Associações de Imigrantes reconhecidas existem em Portugal?

Em Dezembro de 2006 estavam reunidas 99 Associações de Imigrantes com


representatividade reconhecida pelo ACIME. Lista de Associações de Imigrantes
reconhecidas disponível em: http://www.acime.gov.pt/docs/Assoc/BD_Assoc_actual.xls

Comunidades N.º associações


Angolana 19
Brasileira 4
Caboverdeana 20
Chinesa 1
Filipina 1
Guineense 17
Guineense Conakri 1
Moçambicana 4
Moldava 1
Romena 3
Santomense 5
Ucraniana 5
Diversas Comunidades 18
TOTAL 99
Fonte: GATAIME/ACIME

Entre Setembro de 2005 e Dezembro de 2006 foram apoiadas 40 Associações de Imigrantes,


tendo o ACIME disponibilizado para o devido efeito € 495 705.50 do seu orçamento.

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18) Quais são as verbas envolvidas no Programa Escolhas (desde 2000) e o universo de jovens que tem
usufruído desse programa?

- Financiamento:
De acordo com a RCM 4/2001, de 9 de Janeiro, que criou o Programa Escolhas o orçamento
para os anos de 2001 a 2003 foi de 15.313.095,44€. A execução para este período foi de
10.000.000€ nos 53 territórios abrangidos.
No Programa Escolhas 2ª Geração, renovadas pela RCM n.º 60/2004 de 30 de Abril, para o
período de 2004 a 2006 foram apoiados 87 Projectos de intervenção de Norte a Sul do país,
incluindo Regiões Autónomas. Estes projectos que terminaram em Outubro de 2006,
representaram um investimento inicial previsto de 12.114.113,07€ em dois anos, sendo
9.724.544,51€ referentes às medidas I, II e III, e 2.389.568,56€ referentes à medida IV.
A repartição dos orçamentos por zona foi a seguinte:

Zona Centro (29 Projectos) € 4.057.195,22


Zona Norte (33 Projectos) € 4.667.045,66
Zona Sul e Ilhas (25 Projectos) € 3.389.872,19
Total (87 Projectos) € 12.114.113,07
Fonte: ESCOLHAS

O Programa Escolhas 2ª Geração foi financiado através do Instituto da Segurança Social, I.P.
com 5.750.000,00 € por ano. As verbas destinadas à Medida IV, que levaram à
implementação de 79 Centros de Inclusão Digital, foram financiadas integralmente através de
Contrato Programa efectuado com o POS-C - Programa Operacional da Sociedade do
Conhecimento.
Dados os projectos terem terminado a 31 de Outubro de 2006, estão ainda a decorrer os
acertos finais de contas, no entanto poderemos avançar com segurança que a média de
execução rondará os 90 % face aos orçamentos aprovados e protocolados.
A terceira fase do Programa Escolhas renovado através da RCM n.º80/2006 de 26 de Junho,
para o período de 2007 a 2009, contemplará o financiamento de 120 projectos num total de
20.741.368,10€ para os três anos, sendo 17.419.293,10€ destinados às medidas I, II e III e
3.322.074,79€ destinados à medida IV (Centros de Inclusão Digital).

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A repartição do investimento a concretizar por zona é a seguinte:


Zona Centro (45 Projectos) € 7.888.485,09
Zona Norte (38 Projectos) € 6.503.338,03
Zona Sul e Ilhas (37 Projectos) € 6.349.544,98
Total (120 Projectos) € 20.741.368,10
Fonte: ESCOLHAS
Na presente fase, o Programa Escolhas continuará a ser financiado através do Instituto da
Segurança Social, I.P. com 5.750.000,00€ em 2007, sendo que no âmbito da Medida I se
prevê uma dotação de 2.000.000€ através de financiamento a conceder via Ministério da
Educação.
No âmbito da Medida II, relativa à formação profissional e empregabilidade, o Programa irá
nesta terceira fase celebrar um Protocolo de Parceria com o IEFP, onde se prevê o
financiamento de 3.000.000€ para os três anos. Será também apoiado através de um Contrato
Programa com o POEFDS – Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento
Social com 2.000.000€, verba ainda referente ao terceiro Quadro Comunitário de Apoio.
É de salientar que 45% das verbas destinadas à Medida IV (Centros de Inclusão Digital) são
financiadas através do POS-C - Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento.

- N.º de jovens abrangidos (desde 2001)


Desde o início da intervenção directa nos territórios mais vulneráveis (sensivelmente desde
Janeiro de 2002) o Programa envolveu um total de 49.911 destinatários directos nas suas
actividades. Deste total, 39.580 são crianças e jovens dos 6 aos 24 anos, oriundos dos
contextos sócio-económicos mais vulneráveis.
Para a nova fase do programa Escolhas, e face à estimativa estabelecida pelas candidaturas
aprovadas, prevê-se o envolvimento de 39.732 indivíduos.
1ª Geração 2º Geração 3ª Geração (estimativa)
Nº de locais de intervenção 50 87 120
Nº de destinatários
6.712 43.199 39.732
Nº de crianças e jovens
5.000 34.580 26.064
Nº de técnicos envolvidos
170 394 480
Fonte: ESCOLHAS

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Desde 2001 foram envolvidos 1299 parceiros nos protocolos assinados.


Escolhas Escolhas Escolhas
1ª Geração 2º Geração 3ª Geração (estimativa)
Nº concelhos com projectos 17 54 71
Nº de parceiros com protocolos 111 412 776
Fonte: ESCOLHAS

Desde a reestruturação efectuada em 2004 no modelo do Programa, os projectos são


apresentados por consórcios de instituições. Os consórcios incluem, no mínimo, três
instituições. No âmbito da presente versão do Programa, candidataram-se, com carácter
prioritário, as seguintes instituições:
a) Escolas e agrupamentos de escolas;
b) Centros de formação;
c) Associações de jovens;
d) Associações de imigrantes e minorias étnicas;
e) Associações desportivas e culturais;
f) Instituições particulares de solidariedade social;
g) Entidades públicas e pessoas colectivas de interesse público que prossigam os
objectivos definidos no Programa;
h) Associações de desenvolvimento local.

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- Parcerias
Relativamente à última versão do Programa, para o período de 2007 a 2009, num total de 776
parceiros envolvidos, destacam-se as Escolas e os Agrupamentos de Escolas (145 envolvidos
nos 120 projectos aprovados), as IPSS (134), os Municípios (90), as Juntas de Freguesia (68)
e as CPCJ (46).

Tipo de Instituição Aprovados


Escolas/Agrupamentos 145
Centros de Formação 16
Associações Juvenis 19
Associações de Imigrantes 13
Associações Desportivas e Culturais 42
IPSS 134
Associações de Desenvolvimento Local 21
IRS 11
ISSS 8
CPCJ 46
PETI 7
Saúde 21
Centros de Emprego 4
Direcção de Educação 18
Municípios 90
Juntas 68
Institutos e Fundações 8
Empresas Públicas 20
Empresas Privadas 13
Entidades Religiosas 2
ONG 5
Polícias 2
Outras 63
Total 776
Fonte: ESCOLHAS

- Destinatários (quantitativa e qualitativamente)


O Programa Escolhas, renovado através da RCM 80/2006, de 26 de Junho, visa promover a
inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos sócio-económicos mais
vulneráveis, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social. Tem-
se, assim, em consideração o maior risco de exclusão social e cultural dos destinatários,
particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias étnicas.

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São potenciais destinatários do Programa Escolhas crianças e jovens, entre os 6 e os 24 anos,


provenientes de contextos sócio-económicos mais vulneráveis, sendo prioritários:
a) Crianças e jovens residentes em territórios com maior índice de exclusão e
insuficientes respostas institucionais;
b) Jovens com abandono escolar precoce, sem escolaridade mínima;
c) Descendentes de imigrantes e minorias étnicas;
d) Jovens que estão ou estiveram sujeitos a medidas tutelares educativas e a medidas de
promoção e protecção.

São ainda considerados potenciais destinatários, os familiares das crianças e jovens, numa
lógica de co-responsabilização no processo de desenvolvimento pessoal e social. Para além
das actividades directas com os destinatários, podem ser consideradas nos projectos
apresentados actividades que se dirijam a outros públicos-alvo, desde que não se afastem dos
objectivos prioritários do Programa e sejam fundamentadas no diagnóstico de necessidades.
Para a nova fase do Programa Escolhas, e face à estimativa estabelecida pelas candidaturas
aprovadas, prevê-se o envolvimento de 39.732 indivíduos, conforme referido anteriormente.

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19) Quantos estudos já realizou e publicou o Observatório da Imigração desde a sua criação?

Com a filosofia de “Conhecer mais para agir melhor”, o Observatório de Imigração tem sido
uma peça fundamental para a avaliação e/ou recomendação de políticas públicas em matéria
de integração de imigrantes, e para a desconstrução de mitos e estereótipos acerca dos
imigrantes.
Este Observatório da Imigração é uma unidade informal, criada em 2003 no âmbito do
ACIME, que tem procurado ter um papel fundamental como um promotor de redes de
cooperação científica e institucional, por forma a garantir o conhecimento rigoroso dos temas
que constituem a sua preocupação dominante. A sua filosofia de trabalho é subsidiária e
complementar relativamente ao universo de instituições e de investigadores que se dedicam,
sistematicamente, ao estudo do tema da imigração.
O Observatório não dispõe de estrutura própria nem é dotado de quadro de colaboradores
permanentes. É uma rede, dirigida por um coordenador que é responsável pela respectiva
actividade científica, o qual responde perante o Alto Comissariado quanto à realização dos
objectivos para que foi criado. O orçamento do Observatório está integrado no do ACIME.
Em 2003, foi criada a colecção de Estudos do Observatório de Imigração que conta já com
22 obras publicadas (todas disponíveis em www.oi.acime.gov.pt).
Em 2005, procurando colmatar algumas lacunas existentes na edição de dissertação de
mestrado e teses de doutoramento sobre imigração e minorias étnicas em Portugal, o
ACIME, através do Observatório de Imigração, decidiu apoiar também a publicação de teses
de reconhecido interesse. O Edital desta medida de apoio à edição encontra-se disponível em
http://www.oi.acime.gov.pt/docs/pdf/editeses.pdf. Á semelhança dos estudos, esta colecção de
7 livros (até final de 2006) encontra-se disponível em formato digital em
http://www.oi.acime.gov.pt/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=17
Uma aposta mais recente passa pela reflexão sobre a identidade nacional e a sua relação com
o “outro”. Neste contexto acaba de ser criada uma nova colecção de estudos do Observatório
de Imigração: a Colecção Portugal Intercultural que procura demonstrar, a partir de marcas
históricas, a presença e cruzamento de povos e culturas na identidade portuguesa. No primeiro
estudo desta colecção – A Interculturalidade na Expansão Portuguesa – os autores ilustram
bem como a interculturalidade foi um traço marcante da Expansão portuguesa dos séculos XV
a XVIII e como influenciou o nosso património cultural e a nossa identidade colectiva. Estes
resultados são particularmente interessantes de realçar, em particular quando a História pode
ter um papel crucial na projecção que se quer para o futuro de uma sociedade marcada pela
riqueza da diversidade cultural.
Procurando aprofundar o conhecimento acerca das comunidades imigrantes que vivem em
Portugal, o Observatório irá lançar ainda este mês uma nova colecção de estudos: Colecção
Comunidades. O primeiro número será acerca da Imigração Brasileira em Portugal.

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O interesse e utilidade do site têm sido demonstrados pelo número de visitantes que não tem
parado de crescer: em 2003 o site teve cerca de 54.683 visitantes e, em 2006, cerca de
628.189.

23) Qual a tiragem do Boletim Informativo do ACIME e quantas visitas já teve o sitio na Internet?

O Boletim Informativo (BI) do ACIME tem uma tiragem mensal de 6000 exemplares, indo já
no número 49. Todos os BI publicados encontram-se disponíveis para download em
http://www.acime.gov.pt/modules.php?name=Downloads&d_op=viewdownload&cid=23&orderby=dateD

O Site www.acime.gov.pt teve durante o ano de 2006 cerca de 693.612 visitas.

24) Quantos Centros de Acolhimento Temporário foram criados em Portugal? Quantas pessoas acolhem
neste momento?

A 8 de Maio de 2006 foi inaugurado o Centro de Acolhimento Temporário – Centro Pedro


Arrupe – com o apoio do ACIME. Este centro com capacidade para 25 utentes, já acolheu 54
cidadãos estrangeiros (36 homens, 12 mulheres e 6 crianças), a destacar: 15 guineenses, 11
ucranianos, 6 brasileiros.
Este centro tem como principais parceiros o Serviço Jesuíta aos Refugiados - JRS (promotor
do centro), Santa Casa da Misericórdia, Instituto de Segurança Social, Câmara Municipal de
Lisboa e a Província Portuguesa das Filhas da Caridade de São Vicente Paulo.

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