representa um bom caminho para a economia do Estado e, assim, não se justifica. Quando os Estados se derem conta disso, abandonarão o recurso à força, que é economicamente ineficiente. Elihu Root: A Requisite for the Success of Popular Diplomacy (1922) “When foreign affairs were ruled by autocracies or oligarchies, the danger of war was in sinister purpose. When foreign affairs are ruled by democracies, the danger of war will be in mistaken beliefs” (p. 482) Para ele, democracias estimulam a chamada “diplomacia popular” e criam incentivos para a educação em assuntos internacionais. A diplomacia popular geraria estímulos para que os Estados, à semelhança das vizinhanças humanas, pautassem suas ações na obediência a normas e obrigações – que garantem a sobrevivência comunitária. Toda ciência, quando nasce, privilegia o desejo sobre a razão. Eis o motivo que levou o idealismo anti-guerra a povoar o pensamento das RIs. Harmonia de interesses e harmonia entre Estados: noções liberais que tentaram ser adaptadas ao pensamento internacional, sem sucesso. A história mostra que o livre-comércio não é o curso preferido dos Estados. Crítica realista ao idealismo moderno: 1 – O Estado é o único ator relevante das relações internacionais: organizações como a Liga das Nações sempre estarão subordinadas ao interesse nacional. “Qualquer governo internacional real é impossível na medida em que o poder, que é uma condição fundamental do governo, está organizado nacionalmente” (p. 142) 2 – O poder é o que motiva a ação dos Estados: sobrevivência e adaptação ao sistema internacional estão acima da moral. O poder, e não a harmonia de interesses, é o coração da política internacional. “A alegada ‘ditadura das grandes potências’, que por vezes é denunciada por autores utópicos, como se fosse uma política malévola deliberadamente adotada por certos estados, é um fato que constitui algo como uma ‘lei da natureza’ em política internacional” (p. 138) Ao contrário do que se pensa, a “política de poder” é praticada tanto por quem está insatisfeito com a ordem vigente quanto pelas potências status quo. A busca de segurança pelas últimas é recorrente, e não parece haver uma dicotomia entre a força, pelos primeiros, e a moral, pelos últimos. “Qualquer que seja o envolvimento moral, a política de força predomina de ambos os lados” (p. 139). O poder pode ser dividido em três componentes, mas é único e indivisível.
a) Poder militar: a ultima ratio (razão
maior) do poder, nas relações internacionais, é a guerra (p. 143). Guerra é uma arma cujo uso não necessariamente é desejável, mas é um último recurso que tem que existir, pois garante, em última instância, a sobrevivência do Estado. b) Poder econômico: Toda campanha militar necessita de embasamento econômico. A história mundial demonstra uma íntima ligação entre poder militar e poder econômico. Poder econômico como instrumento da política nacional: a) exportação de capital (Inglaterra, EUA) b) o controle de mercados estrangeiros :“é impossível saber se o poder político é usado, para a aquisição de mercados, por seu valor econômico, ou se mercados são buscados para estabelecer e fortalecer o poder político” (p. 165).
Utilizar a arma econômica é menos imoral do que o uso da
arma militar? “Em certo sentido os dólares são mais humanitários que as balas” (p. 171). A estratégia do país forte será utilizar-se do poder econômico quando a guerra não se faz necessária. c) Poder sobre a opinião: Terceira forma de poder: poder sobre a opinião relaciona-se com a democratização e participação popular. Legitimação dos atos do Estado é essencial, tanto interna quanto externamente. Propaganda de Estado: rádio, cinema, imprensa popular. Mesmo em democracias, o Estado centraliza esse poder sobre a opinião. Papel da propaganda na guerra – impacto psicológico e legitimação dos atos de guerra. Política entre as nações: primeira e principal obra científica do realismo moderno.
Crítica ao idealismo: paz mundial só é possível por meio de
mecanismos “negativos” como o equilíbrio de poder.
Contexto da obra:
a) Multipolaridade -> bipolaridade, mundo não-eurocêntrico;
b) “Unidade moral” dividida em duas ideologias antagônicas;
c) Armas nucleares -> salto qualitativo na tecnologia militar
(M.A.D.) Capítulo I: Uma Teoria Realista da Política Internacional Os “seis princípios do realismo político”: 1.A política obedece a leis objetivas que são fruto da natureza humana e, por isso, qualquer mudança social deve levar isso em conta. A natureza humana é imutável, busca a sobrevivência, é conflituosa. Isso não mudou desde a antiguidade até hoje. Os “seis princípios do realismo político”:
2. O interesse dos Estados é sempre
definido em termos de poder.
O interesse próprio é o que guia a
ação dos Estados, num cálculo de custo-benefício que visa à maximização do poder. Os “seis princípios do realismo político”:
3.O conceito de interesse traduzido
em poder é uma categoria objetiva de validade universal.
Da mesma forma como a natureza
humana não muda, a busca pelo poder sempre pautou a ação das comunidades políticas. Os “seis princípios do realismo político”:
4. Os princípios moderais universais não
podem ser aplicados aos Estados, sendo condicionados a tempo e lugar.
Se existem princípios universais de
moralidade, eles não passam de instrumentos para justificar/legitimar a ação política, que sempre é baseada no poder. Os “seis princípios do realismo político”:
5. As aspirações morais de uma nação em
particular não podem ser identificadas com os preceitos morais que governam o universo.
Não há visão de mundo verdadeira ou
definitiva. Não é possível, portanto, generalizar aspirações nacionais, como as soviéticas ou alemãs ou americanas, para os demais povos. Os “seis princípios do realismo político”:
6. A esfera política é autônoma, ou seja, não é subordinada a qualquer outra esfera.
Direitoou economia são componentes da
lógica do Estado, mas a ação política é o que pauta as decisões dos governos em última instância. O universo político internacional tem uma lógica própria e autônoma. Capítulo III: Poder Político A política internacional consiste em uma luta pelo poder, que é sempre seu objetivo imediato. “Os povos e os políticos podem buscar, como fim último, liberdade, segurança, prosperidade ou o poder em si mesmo (...) contudo, sempre que buscarem realizar o seu objetivo por meio da política internacional, eles estarão lutando pelo poder” (p. 49). Duas considerações sobre o poder:
1 – Nem toda ação que um país desenvolva
com respeito a um outro será de natureza política (atividades legais, culturais, econômicas, humanitárias, etc)
2 – Nem todas as nações estão, o tempo todo,
em maior ou menor grau, engajadas em atividades da política internacional. Esse envolvimento pode ser máximo (EUA, URSS) ou mínimo (Suíça, Costa Rica). Quatro distinções sobre a natureza do poder político:
1 – Poder ≠ Influência: o ministro tem
influência sobre o presidente, mas este tem poder sobre o aquele.
2 – Poder ≠ Violência Física: sempre
que a força é o caminho adotado, abandona-se o poder político em favor do poder militar. Quatrodistinções sobre a natureza do poder político: 3 – Poder Utilizável ≠ Poder Não-Utilizável: armas nucleares, quando os dois lados do conflito a possuem, deixam de ser moeda de barganha. 4 – Poder Legítimo ≠ Poder Ilegítimo: enquanto o primeiro tem seu exercício justificado tanto moral quanto legalmente, o último é visto como pura e simples agressão, sendo menos eficiente. Capítulos IV-V-VI: A Luta Pelo Poder Qual a natureza da política externa dos países? Política do status quo: visa conservar o poder e evitar mudanças no SI que alterem a posição relativa do país. Política de imperialismo: orientada para a aquisição de mais poder mediante alteração da estrutura vigente. Política de prestígio: pela via diplomática, visa complementar as demais políticas, valendo-se da ostentação e do ritualismo como forma de potencializar o poder do Estado. Capítulos VIII-IX-X: O Poder Nacional Quais os elementos que compõem o poder nacional? Geografia: tanto a extensão territorial quanto a localização relativa (insular, continental) são importantes fontes de poder. Recursos naturais: (a) Alimentos; (b) Matérias-Primas; (c) Petróleo. Capacidade Industrial: tecnologia industrial é crucial para transformar a matéria-prima em capacidade militar. Liderança: a qualidade da liderança militar é importante elemento de poder, uma vez que pode definir resultados de combate. Quantidade/Qualidade das Forças Armadas: contingente e tecnologia são essenciais para o poder nacional, de forma a extrair o melhor potencial dos recursos militares disponíveis. População: (a) Distribuição; (b) Tendência demográfica e etária; (c) Índole Nacional: características intelectuais e morais de uma nação; (d) Moral Nacional: grau de determinação com que uma nação apóia as políticas externas de seu governo, em guerra ou paz; (e) Qualidade da Diplomacia: elemento de equilíbrio em tempos de paz; (f) Qualidade do Governo: elemento de equilíbrio entre recursos disponíveis e apoio popular à política. Podernacional + condução da política externa = balanço de poder. O equilíbrio de poder é a consequência da tentativa dos países em manter ou derrubar o status quo. Estabelece-se o balanço de poder pela diminuição/aumento de poder da parte mais forte/fraca. Formasde se equilibrar o poder: dividir e conquistar territórios, corrida armamentista, alianças. Limites do sistema de equilíbrio de poder: 1. Grau de incerteza: sempre pode haver erro de cálculo de força de cada participante das relações de poder; 2. Grau de irrealidade: os juízos sobre o poder e sobre a força de cada participante podem estar errados; 3. Grau de insuficiência: valores morais, relações jurídicas e opinião pública podem distorcer cálculos corretos, e devem ser considerados. Em qualquer sociedade “anárquica”, há a ocorrência do “dilema da segurança”, seja entre homens, grupos políticos ou líderes de Estado.
A origem do DS é o medo de ser atacado, subjugado,
dominado ou aniquilado por outros grupos ou indivíduos.
Como forma de se proteger das potenciais agressões,
indivíduos são compelidos a adquirir mais poder de forma a minimizar o impacto do poder alheio.
A obtenção de poder por parte de um deixa os demais
inseguros e os estimula a adquirir mais e mais poder, “preparando-se para o pior” (p. 157) Jáque ninguém se sente seguro num mundo de unidades que competem pelo poder, o dilema da segurança conduz a um círculo vicioso de acumulação de poder.
A natureza humana importa pouco. É possível
observar, no DS, cooperação e competição: indivíduos se unem, formando grupos que competirão com outros grupos, e estes se unem num Estado para competir com outros Estados, etc. ealismo Político: dealismo Político: concentra-se nas nfatiza a força condições e soluções explicativa da que supostamente segurança na política superam os instintos de poder e na e atitudes egoístas relação entre dos indivíduos e indivíduos e grupos. grupos, indo além da segurança e do interesse próprio. Proposta de Herz: conciliar as duas abordagens no que ele chama de “Liberalismo Realista”
Realismo: o sistema ou política em questão deve
iniciar-se nos insights factuais do Realismo Político, e aceitá-los.
Liberalismo: indica os objetivos ou ideais que
guiam as atitudes da política. Síntese: o liberalismo realista aceita a existência de fenômenos de poder, como o DS, mas propõe formas de superá-lo. A bipolaridade do mundo da Guerra Fria exclui a possibilidade de mecanismos de segurança coletiva -> suas conseqüências são ou a dominação global por um dos lados ou a difusão e desintegração do poder concentrado. O liberalismo realista, portanto, vislumbra o internacionalismo da segurança coletiva (como um desenvolvimento do equilíbrio de poder) para superar o dilema da segurança.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições