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Violência Domestica

Violência Domestica
• Violência doméstica é a violência, explícita ou velada, literalmente praticada
dentro de casa ou no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco
civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos,
irmãos etc. Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as
crianças, maus-tratos contra idosos, e violência contra a mulher e contra o
homem geralmente nos processos de separação litigiosa além da violência
sexual contra o parceiro.

• Pode ser dividida em violência física — quando envolve agressão directa, contra
pessoas queridas do agredido ou destruição de objectos e pertences do mesmo
(patrimonial); violência psicológica — quando envolve agressão verbal,
ameaças, gestos e posturas agressivas, juridicamente produzindo danos morais;
e violência sócio económica, quando envolve o controle da vida social da vítima
ou de seus recursos económicos. Também alguns consideram violência
doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças, parceiros ou idosos.
Violência Domestica
• Enquadradas na tipologia proposta por Dahlberg; Krug, na categoria
interpessoais, subdividindo-se quanto a natureza Física, Sexual,
Psicológica ou de Privação e abandono. Afectando ainda a vida
doméstica pode-se incluir da categoria auto dirigida o comportamento
suicida especialmente o suicídio ampliado (associado ao homicídio de
familiares) e de comportamentos de auto-abuso especialmente se
consideramos o contexto de causalidade. É mais frequente o uso do
termo "violência doméstica" para indicar a violência contra parceiros,
contra a esposa, contra o marido e filhos. A expressão substitui outras
como "violência contra a mulher". Também existem as expressões
"violência no relacionamento", "violência conjugal" e "violência intra-
familiar".
Violência Domestica
• Note que o poder num relacionamento envolve geralmente a percepção
mútua e expectativas de reacção de ambas as partes calcada nos
preconceitos e/ou experiências vividas. Uma pessoa pode se considerar
como subjugada no relacionamento, enquanto que um observador menos
envolvido pode discordar disso.

• Mulher no hospital depois que o marido dela a espancou

• Muitos casos de violência doméstica encontram-se associados ao


consumo de álcool e drogas, pois seu consumo pode tornar a pessoa mais
irritável e agressiva especialmente nas crises de abstinência. Nesses casos
o agressor pode apresentar inclusive um comportamento absolutamente
normal e até mesmo "amável" enquanto sóbrio, o que pode dificultar a
decisão da parceiro em denunciá-lo.
Ciclo da Violência

• A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado ciclo da


violência doméstica – que apresenta, regra geral, três fases:

• 1. Fase de aumento da tensão: as tensões quotidianas acumuladas pelo/a agressor/a


que este/a não sabe/consegue resolver, criam um ambiente de perigo iminente para
a vítima que é, muitas vezes, culpabilizada por tais tensões.
• Sob qualquer pretexto o/a agressor/a direcciona todas as suas tensões sobre a
vítima. E os pretextos, que podem ser muito simples, são usualmente situações do
quotidiano, como exemplo, acusar a vítima de não ter cozinhado ou cozinhado com
sal a mais, de ter chegado tarde a casa ou a um encontro, de ter amantes, etc.
Ciclo da Violência
• 2. Fase do ataque violento: o/a agressor/a maltrata, física e
psicologicamente a vítima (homem ou mulher), que procura defender-se,
esperando que o/a agressor/a pare e não avance com mais violência.

• Este ataque pode ser de grande intensidade, podendo a vítima por vezes
ficar em estando bastante grave, necessitando de tratamento médico, ao
qual o/a agressor/a nem sempre lhe dá acesso imediato.

• 3. Fase do apaziguamento ou da lua-de-mel: o/a agressor/a, depois da


tensão ter sido direccionada sobre a vítima, sob a forma de violência,
manifesta-lhe arrependimento e promete que não vai voltar a ser
violento/a.
Ciclo da Violência
• Pode invocar motivos para que a vítima desculpabilize o comportamento violento,
como por exemplo, ter corrido mal o dia, ter-se embriagado ou consumido drogas;
pode ainda invocar o comportamento da vítima como motivo para o seu
descontrolo. Para reforçar o seu pedido de desculpas pode tratá-la(o) com
delicadeza e tentar seduzi-la(o), fazendo-a(o) acreditar que, de facto, foi essa a
última vez que ele/a se descontrolou.
• Este ciclo é vivido pela vítima numa constante de medo, esperança e amor. Medo,
em virtude da violência de que é alvo; esperança, porque acredita no
arrependimento e nos pedidos de desculpa que têm lugar depois da violência;
amor, porque apesar da violência, podem existir momentos positivos no
relacionamento.
• O ciclo da violência doméstica caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto
é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez
menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez maior e mais intensa a
fase do ataque violento. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser
o homicídio.
Violência: E a Lei ?
• Actualmente o Código Penal já consagra expressamente (no art.
152º - Violência Doméstica) que existe crime de violência
doméstica quando existam "maus tratos físicos e psíquicos,
incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas
sexuais (...) a pessoa de outro ou do mesmo sexo" com quem o
agressor "mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à
dos cônjuges, ainda que sem habitação".
• Para além deste artigo específico, a lei também criminaliza, por
exemplo, as ameaças, a coacção, a difamação, as injúrias, a
subtracção de menor, a violação de obrigação de alimentos, a
violação, o abuso sexual e o homicídio ou tentativa de
homicídio.
Mitos & Factos
• A violência doméstica em casais do mesmo sexo está povoada de
alguns mitos: alguns desculpabilizam o/a agressor/a e minimizam a
sua violência, outros culpabilizam a vítima.

• Mito: “A violência nos casais gays e de lésbicas é mútua”

• Facto: A violência doméstica é, sobretudo, uma questão de poder e do


seu exercício e controlo. Nas vivências violentas homo ou
heterossexuais, o exercício desse poder através da violência não se
traduz apenas em violência física, mas também psicológica, social,
económica. Mesmo relativamente à violência física, o facto de serem
dois homens ou duas mulheres não significa que exista um equilíbrio
de poder ou de força física.
Mitos & Factos
• Mito: “As drogas e/ou o álcool é que o/a tornam violento/a”

• Facto: O álcool e a droga podem potenciar a violência ou o grau de


violência da agressão, mas não explicam, nem podem desculpabilizar
a violência. Culpar as drogas e/ou o álcool servirá apenas para
desculpabilizar o/s comportamento/s violentos do/a agressor/a.

• Provavelmente o/a agressor/a também já exibiu sinais de violência


em situações ou momentos em que não estava sob o efeito do álcool
ou droga. A vítima precisa reconhecer e acautelar, nestas
circunstâncias, a possibilidade de ocorrência de comportamentos
mais violentos.
Mitos & Factos
• Mito: "A lei não me protege e a polícia não quer saber”

• Facto: A lei protege – actualmente o Código Penal prevê


expressamente que o crime de violência doméstica existe nos
relacionamentos gays e de lésbicas.

• A polícia tem a missão e a obrigação de proteger e ajudar todas as


vítimas de crime. A polícia portuguesa, sobretudo na última
década, têm vindo a desenvolver um grande esforço nesse
sentido. No contacto com a polícia ou outros órgãos de segurança
não hesite em fazer valer os seus direitos como vítima. A APAV
também pode apoiar nesse contacto.
Dados de Violência contra Mulheres
• A maioria da mulheres com dezoito ou mais anos foram vitimas de
pelo menos um acto de violência (52,2%), sendo que 36% o foram
de dois ou mais.
Quanto aos tipos de violência:
• Violência psicológica: 37% das inquiridas

• Violência sexual: 25,4% das inquiridas

• Violência física: 13,7% das inquiridas

• Os dados dizem respeito aos actos e não as mulheres . Ora, há


mulheres que são vitimas de mais de um acto.
Dados de Violência contra Mulheres
• No ano de 2000, registaram-se 11.765
ocorrências na PSP e na GNR
• Sexo da vitima: 84% feminino
• Grau de parentesco do agressor: 69% conjugue
ou companheiro
• Tipo de crime: 79% contra a integridade física
• Por semana, cerca de seis mulheres , em média,
são vítimas de crimes contra a vida, praticados
por homens.

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