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PROTOCOLO PARA PACIENTES

VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
SEXUAL

Versão 3 - 2019
1ª Revisão/Março 2019 - Versão 2

SIGLAS

3TC - Lamivudina
ATV/r - Atazanavir/Ritonavir
CC - Cadeia de Custódia
CID 10 - Código Internacional de Doenças versão 10
DTG - Dolutegravir
HMOB - Hospital Metropolitano Odilon Behrens
IML - Instituto Médico Legal
PCMG - Polícia Civil de Minas Gerais
PEP - Profilaxia Pós Exposição
PS- Pronto Socorro
RAL - Raltegavir
SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação
TDF - Tenofovir
VVS - Vítimas de Violê

PROTOCOLO PARA PACIENTES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA SEXUAL
1ª Revisão/Março 2019 - Versão 2

Superintendente do HOB
Dr. Danilo Borges Matias

Diretora de atenção ambulatorial e urgência


Dr. Cleinis de Alvarenga Mafra Júnior

Gerente do pronto-socorro e editora


Dra. Luciana Froede

Gerente de Atenção à Mulher


Felipe José Almeida de Melo
Gerente de Atenção à Criança
Marcos Evangelista de Abreu

Revisão
Dr. Felipe José Almeida de Melo
Dr Marcos Evangelista de Abreu
Médicos colaboradores
Dr. Bruno Belezia
Dra. Cristiani Regina dos Santos de Faria
Enf. Debora Carla Soares Meira
Enf. Renata de Almeida Silva
Farmacêutica Juliana Sad
Assistente Social Eliana Maria Mendes
Psicóloga Sarah Batista Freire Morais
Revisões
1ª maio/2015
2ª março/2019

PROTOCOLO PARA PACIENTES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA SEXUAL
PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

OBJETIVO:

Considerando Decreto Nª 7.958, de 13 de março de 2013 que “Estabelece diretrizes para o


atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede
de atendimento do Sistema Único e Saúde”, e sendo o HOB um centro de referência no atendi-
mento a pessoas vítimas de violência sexual, faz-se necessário definir um protocolo institu-
cional de atendimento a estas pessoas.

METODOLOGIA:

Este protocolo foi elaborado baseado nas Diretrizes para o Atendimento a Vítimas de Vio-
lência Sexual do Ministério da Saúde, do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
Profilaxia Pós-exposição do Ministério da Saúde e do Programa de Humanização do
Atendimento à Vítima de Violência Sexual da Polícia Civil de Minas Gerais.

PÚBLICO ALVO:

Profissionais de saúde envolvidos no atendimento a pacientes vítimas de violência sexual


(médicos residentes, psicólogos, assistentes sociais, equipe de enfermagem e seus res-
pectivos residentes, dentre outros).

CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONA-


DOS À SAÚDE (CID-10)

Y05 - Agressão sexual por meio de força física.


T74.2 - Abuso sexual.
Z61.4 - Problemas relacionados com abuso sexual alegado de uma criança por uma
pessoa de dentro de seu grupo.
Z61.5 - Problemas relacionados com abuso sexual alegado de uma criança por pessoa de
fora de seu grupo.

4 Versão 2 Revisão 1 Outubro/2018


ÍNDICE:

Introdução e Metodologia 01 a 03
Índice 04
Fluxograma Geral de atendimento Inicial 05
Fluxograma de cadeia de custódia 06
Fluxograma: Mulheres e meninas de mais de 13 anos 07
Fluxograma: Meninas de menos de 13 anos 08
Fluxograma: Meninos de menos de 13 anos 09
Fluxograma: Meninos de mais de 13 anos 10
Profilaxia e Exames 11
Anticoncepção de Emergência 12
Profilaxia das DSTs não virais 13
Profilaxia de HIv para adultos e adolescentes (medicamentos e doses) 14
Profilaxia de HIv para Neonatos e Crianças (medicamentos e doses) 15
Profilaxia de Hepatite B 16
Profilaxia de HPV 17
Dispensação de Medicamentos (Farmácia ) 18
Protocolo de cadeia de custódia (kits, formulários, fluxo) 19
Fluxo de Atendimento do serviço social e Psicologia 20 e 21
Profilaxia HIV em Gestantes. (Anexo 1 ) 22 e 23
Orientações Médico Legais 24 a 37
PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

ATENDIMENTO INICIAL A PACIENTES


VITIMAS DE VIOLENCIA SEXUAL
(VVS)

MULHERES E
CRIANÇAS DO SEXO CRIANÇAS DE TODOS PESSOAS DO SEXO
FEMININO COM OS SEXOS COM MASCULINO COM
IDADE >= 13 ANOS IDADE < 13 ANOS IDADE >= 13 ANOS

GINECOLOGIA PEDIATRIA CIRURGIA GERAL


HMOB

6 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL


(VVS) COM INDICAÇÃO DE CADEIA
DE CUSTÓDIA (Coleta de Material)

MULHERES E HOMENS E
CRIANÇAS DO CRIANÇAS DO
SEXO FEMININO SEXO MASCULINO

CIRURGIA GERAL/
GINECOLOGIA PEDIÁTRICA
HOB

As amostras serão colhidas em todos os pacientes até 10 dias úteis da suspeita da


agressão a fim de se identificar o agressor.
A anamnese deverá ser realizada pela clínica responsável pelo atendimento.

7 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

MULHERES E CRIANÇAS DO SEXO


FEMININO COM IDADE MAIOR OU
IGUAL 13 ANOS COM SUSPEITA DE
VIOLÊNCIA SEXUAL

RECEPÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO

CENTRO OBSTÉTRICO

Consulta médica e
avaliação multiprofissional Notificar

Realizar profilaxia
conforme fluxogra- PROFILAXIA Se condições de
ma e encaminhar SIM INDICADA NÃO alta, encaminhar
para o ambulatório
para o ambulatório

Realizar a coleta INDICAÇÃO DE Se condições de


de material no BO
SIM CADEIA DE NÃO alta, encaminhar
e encaminhar para
o ambulatório CUSTÓDIA para o ambulatório

68 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

CRIANÇAS DO SEXO FEMININO


COM IDADE MENOR QUE 13 ANOS
COM SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
SEXUAL

RECEPÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO

PEDIATRIA

Consulta médica e
avaliação multiprofissional Notificar

Realizar profilaxia PROFILAXIA Se condições de


conforme fluxogra- alta, encaminhar
ma e encaminhar
SIM INDICADA NÃO para o ambulatório
para o ambulatório

Realizar a coleta
de material no BO INDICAÇÃO DE Se condições de
CADEIA DE alta, encaminhar
e retornar a pedia- SIM NÃO para o ambulatório
tria para encami- CUSTÓDIA
nhamentos

69 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

PESSOAS DO SEXO MASCULINO


COM IDADE MAIOR QUE 13 ANOS
COM SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
SEXUAL

RECEPÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO

CIRURGIA GERAL

Consulta médica e
avaliação multiprofissional Notificar

Realizar profilaxia
PROFILAXIA Se condições de
conforme fluxogra-
ma e encaminhar
SIM INDICADA NÃO alta, encaminhar
para o ambulatório
para o ambulatório

Realizar a coleta INDICAÇÃO DE Se condições de


de material e CADEIA DE
encaminhar para o SIM NÃO alta, encaminhar
CUSTÓDIA para o ambulatório
ambulatório

6 161Versão 2 Revisão 1 Março/2019


10
PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

CRIANÇAS DO SEXO MASCULINO


COM IDADE MENOR QUE 13 ANOS
COM SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
SEXUAL

RECEPÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO

PEDIATRIA

Consulta médica e
avaliação multiprofissional Notificar

Realizar profilaxia PROFILAXIA Se condições de


conforme fluxogra- SIM INDICADA NÃO alta, encaminhar
ma e encaminhar para o ambulatório
para o ambulatório

Encaminhar a
cirurgia para a INDICAÇÃO DE Se condições de
coleta de material CADEIA DE alta, encaminhar
e encaminhar para SIM NÃO para o ambulatório
CUSTÓDIA
o ambulatório

11 Versão 2 Revisão 1 Outubro/2018


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

PROFILAXIA E EXAMES

Profilaxia Profilaxia para Profilaxia para Profilaxia para Profilaxia para


para gravidez DSTs não virais HIV Hepatites B e C HPV

Contato com semêm Penetração Penetração oral


Teve Menarca, Contato com Contato com
(oral, vaginal, anal), vaginal e/ou anal com ejaculação
coito vaginal sem sêmem(oral, sêmem(oral,
sangue e outros desprotegida, (presença de
preservativo, sem fluidos corporais. lesões na cavidade vaginal, anal), vaginal, anal),
uso de métodos com ejaculação,
oral status sorolo- sangue e outros sangue e outros
anticoncepcionais há menos de gico do agressor fluidos corporais. fluidos corporais.
72h. conhecido e/ou
desejo da vitima).

Anti-Hbs, HBsAg,
B-Hcg VDRL Anti-HIV Anti Hbc

Anti-Hbs e HBsAg
negativos Ver pag. 19
Anti-HIV negativo, Autor desconheci-
Individualizar
Se negativo autor desconhecido do ou HBAg+
ou HIV+ decisão

Ver pag. 18
Solicitar hemograma
Anticoncepcional
Ver pag. 15 TGO, TGP, GGT, FA,
Emergencia pag. 14 uréia, creatinina.

Ver pag. 16

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

PROTOCOLO CADEIA DE CUSTÓDIA


COLETA DE AMOSTRAS ANÁLISE DE DNA

1- As amostras serão colhidas em todos os pacientes até 10 dias da suspeita da agressão a fim de se identificar o agressor.
2- Para coleta de material deverá ser seguido o protocolo da PCMG/IML para cadeia de custodia que se encontra no anexo I.
3- Solicitar o Kit IML (Farmácia do 2º andar)(O Kit IML somente será utilizado para os pacientes que forem se submeter a coleta
de vestígios). Fazer solicitação em receituário com o nome completo da paciente, nome, assinatura e carimbo do médico.

KITS E FORMULÁRIOS VVS


(Todos formulários do KIT IML possuem codigo de barras e serão utilizados somente por pacientes que for feita a
coleta deste material)

1- Preencher no ALERT todo o atendimento (anamnse, exame clínico e conduta). Informar se foi colhido material para coleta e
em quais sitios. Registrar no ALERT o número do código de barras contido no KIT IML.
2- Preencher a ficha de notificação original SINAN do KIT IML. (Providenciar 2 cópias xerográficas desta após preenchidas).
3- Preencher ficha de atendimento a vítima de Violência Sexual. (Complementação da ficha de notificação - SINAN).
4- Preenchera ficha para entrega ao cliente.
5- Preencher e assinar a capa do envelope (médico assistente).
6- Preencher a autorização para coleta e utilização de material biologico que se encontra no verso do envelope KIT IML.

COLETA DE MATERIAL

1- Utilizar para coleta de material biológico o material contido no KIT IML.


2- Seguir os passos conforme Protocolo da PCMG/IML contido no anexo I.
3- Acionar outro profissional(Enfermeiro ou Técnico de Enfermagem) do B.O para participar do atendimento.
4- Após a coleta, a correta identificação e armazenamento, acondicionar todo material dentro do envelope (atentar para que o
codigo de barras do material seja o mesmo do envelope). ;
5- A critério médico poderão ser colhidas amostras de outras fontes como: leito ungeal, vestes, bolsas, e qualquer outro local
onde possa haver material para coleta. (Utilizar para esses casos o suabe extra identificando o local da coleta no envólcrulo).
6- Proceder ao fechamento do envelope vedando a abertura após coleta e inclusão dos formulários dentro do envelope.

FLUXO DE ENCAMINHAMENTO DO KIT PÓS COLETA DO MATERIAL

1- Os formulários devem ser revisados, concluídos, identificados e assinados


2- Providenciar cópia xerográfica da ficha SINAN
3- Inserir dentro do envelope as seguintes folhas: Cópia Alert, ficha SINAN original, de Complementação a SINAN original)
4- Lacrar o envelope
5- O médico assistente deve registrar seu nome/CRM como responsável pela coleta na capa do envelope, assinando e carim-
bando no local indicado.
6- Entregar o envelope ao recepcionista ou enfermeiro. Registrar na capa do envelope (Cadeia de Custódia) o nome legível de
quem recebeu o material conforme preconizado.
7- Recepcionista/Enfermeiro encaminham envelope lacrado para a coordenação do P.S.
8- Registrar na capa do envelope 6. Registrar na capa do envelope (Cadeia de custódia) o nome do coordenador ou funcioná-
rio da coordenação que recebeu material.
9- O profissional que recebeu o envelope deverá inseri-lo no armário específico para tal fim para guarda do material até o
recolhimento pela PCMG.
10- Quando o profissional profissional designado e identificado da PCMG vier recolher o kit, entregá-lo mediante assinatura e
preenchimento da capa (Cadeia de Custódia) do envelope sempre na presença de um funcionário do HOB, o qual providen-
ciará o registro em caderno de protocolo específico para esse fim.

FORMULÁRIOS HOB
1- Uma cópia xerográfica da ficha SINAN deverá ser armazenada em local específico em cada setor (BO e Coordenação PS) para
recolhimento pela CCIRAS e posteriormente ser encaminhada ao ambulatório de VVS. A outra cópia deverá ser encaminhada a
farmácia para fornecimento dos medicamentos.

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Mulheres, adolescentes e crianças expostas à gravidez:


- Houve coito vaginal
- não estava em uso de método anticoncepcional eficaz
(anticoncepcional oral ou injetável, DIU e ligadura de trompas).
- Encontra-se no menacme (período entre a primeira menstruação
e a menopausa)

Até 5 dias após o evento.

Levonorgestrel 0,75mg
02 comprimidos dose única

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

- Exposição crônica e repetida com o NÃO RECOMENDADA


agressor Obs.: Investigar a
- Uso de preservativo durante todo o presença de sinais e/ou
sintomas de DST para
crime sexual adolescentes (≥13 anos)
PROFILAXIA DAS avaliar tratamento
DST ≥ 45 Kg não gestantes
NÃO VIRAIS - Quando há exposição com (TABELA 1)
risco de transmissão de agentes,
RECOMENDADA
independentemente da presença ou crianças e adolescentes
gravidade das lesões físicas e idade da < 45Kg
vítima (TABELA 2)

Medicação Apresentação Via de Administração Posologia


2,4 milhões UI (1,2 milhão em cada
Penicilina G benzatina 1.200.000 UI Intramuscular (IM)
nádega) -dose única
Ceftriaxona 1g/10 ml de lidocaína a Intramuscular (IM) 250 mg (2,5 ml) - dose única
1% s/v
Azitromicina 500 mg Via Oral (VO)

Metronidazol* 250 mg Via Oral (VO) 8 comprimidos - dose única

Medicação Apresentação Via de Administração Posologia

50.000 UI/Kg (Dose máxima 2,4


Penicilina G benzatina 1.200.000 UI Intramuscular (IM) milhões UI) - dose única
Peso < 20 kg: 600.000 UI
Peso ≥ 20 kg: 1.200.000 UI
1g/10 ml de lidocaína a Intramuscular (IM) 125 mg (1,25 ml) – dose única
Ceftriaxona
1% s/v
Azitromicina Comp. 500 mg Via Oral (VO) 20 mg/Kg (dose máxima: 1g) -
dose única
Metronidazol* Comp. 250 mg Via Oral (VO) 8 comprimidos - dose única

* O metronidazol pode ser receitado para ser ingerido até 7 dias depois o que
acarretará na diminuição da intolerância gástrica.

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

- Penetração oral sem ejaculação


- Uso de preservativo durante a
agressão NÃO RECOMENDADA
- Agressor sabidamente HIV negativo
- Violência sofrida há mais de 72 horas
PROFILAXIA - Abuso crônico pelo mesmo agressor
PARA HIV

- Penetração oral com ejaculação INDIVIDUALIZAR


(presença de lesões na cavidade oral, DECISÃO
status sorológico do agressor conheci- Profilaxia para adul-
do e/ou desejo da vítima) tos e adolescentes ≥
13 anos
(TABELA 3)
- Violência sexual com penetração
vaginal e/ou anal desprotegida, com
ejaculação, sofrida há menos de 72 RECOMENDADA
Profilaxia para crian-
horas ças < 13 anos
(TABELA 4)

TABELA 3 - Profilaxia para adultos e adolescentes ≥ 13 anos


1ª Escolha Apresentação Via de Administração Posologia

Tenofovir (TDF) + 300mg/300mg Via Oral (VO) 1 comprimido coformulado 1x ao dia


Lamivudina (3TC)

Dolutegravir(DTG)* 50mg Via Oral (VO) 1 comprimido 1x ao dia

* DTG não deve ser usado em gestantes


*(presença de lesões na cavidade oral, status sorológico do agressor conhecido e/ou desejo da vítima)

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

TABELA 4 - Profilaxia para crianças e adolescentes


Raltegravir (RAL)*
14kg a < 20kg: 100mg 12/12h
20kg a < 28kg: 150mg 12/12h
28 a < 40kg: 200mg 12/12h
> 40kg: 300mg 12/12h

Zidovudina (AZT)
Até 4kg: 4mg/kg/dose 12/12h
4kg a 9kg: 12mg/kg 12/12h
9kg a 30kg: 9mg 12/12h (dose máxima 150mg 12/12h)
> 30kg: 300mg 12/12h
Lamivudina (3TC)
RN: 2mg/kg 12/12h
4mg/kg de 12/12h (dose máxima 150mg 12/12h)

Lopinavir/Ritonavir (LPV/r)
Solução Oral: 80/20mg/mL

> 14 dias a 28 dias: 300mg/75mg/m² 12/12h


1 mês a 6 meses: 1ml 12/12h
6 a 12 meses: 1,5ml 12/12h
1 a 3 anos: 2ml 12/12h
3 a 6 anos: 2,5ml 12/12h
6 a 9 anos: 3ml 12/12h
9 a 14 anos: 4ml 12/12h
Comprimido infantil: 100mg/25mg
10kg a 13,9kg: 2cp de manhã e 1 a noite
14kg a 19,9kg: 2cp de manhã e 2 a noite
20kg a 24,5kg: 3cp de manhã e 2 a noite
25kg a 29,5kg: 3cp de manhã e 3 a noite
>35 kg: 400mg/100mg de 12/12h

Faixa etária Esquema preferêncial Medicações alternativas

0 a 14 dias AZT + 3TC + NVP -


14 dias - 2 anos AZT + 3TC + LPV Impossibilidade do uso de LPV/r: NVP
2 anos - 12 anos AZT + 3TC + RAL Impossibilidade do uso de RAL/r: LPV
Acima de 12 anos é recomendavel seguir as recomendações para adultos

Nevirapina (NVP) - uso neonetal


Peso de nascimento 1,5 a 2kg : 8mg (0,8ml) / dose 12/12h
>2kg: 12mg (1,2ml) / dose 12/12h
< 1,5kg: não usar NVP
14 dias a 8 anos: 200mg/m² 1x / dia por 14 dias, depois: 200mg/m² 12/12h
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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

- Exposição crônica e repetida com o


agressor
- Quando o agressor é sabidamente
vacinado NÃO RECOMENDADA
- Uso de preservativo durante todo o
PROFILAXIA
crime sexual
PARA HEPATITE
BEC
- Quando há exposição ao sêmen, sangue
RECOMENDADA violência sexual
- Vítimas não imunizadas contra hepatite (TABELA 6)
B, com esquema vacinal incompleto ou
que desconhecem seu status vacinal

TABELA 6 – PROFILAXIA
Objetivo Via de Administração Posologia
1 ml Intramuscular (IM) 3 doses:
Vacina anti-hepatite B* Imunização ativa em deltoide para > 20 0,1 e 6 meses após a
anos e 0,5 ml (IM) violência sexual
para < 20 anos
Imunoglobulina
humana Imunização passiva Intramuscular (IM)
0,06 ml/Kg dose única
anti-hepatite B# em glúteo

*Mulheres com esquema vacinal incompleto devem completar as doses recomendadas.


#Pode ser administrada até 14 dias, mas o ideal é nas primeiras 48 horas.

ENCAMINHAR O/A PACIENTE AO CENTRO DE REFERÊNCIA DE IMUNOBIOLÓGICOS ESPECIAIS – CRIE


(RUA PARAÍBA, 890 – BAIRRO FUNCIONÁRIOS – TEL.: 313277-4949) PORTANDO A RECEITA DA
VACINA E DA IMUNOGLOBULINA

18 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Orientar todas as pessoas expostas sexualmente


sobre as medidas de prevenção do HPV.

O HPV é transmitido preferencialmente por via sexual, sendo responsável por verrugas
na região anogenital e até em áreas extragenitais como conjuntivas e mucosa nasal, oral
e laríngea , além de estar relacionado ao câncer de colo de útero, colo retal, pênis, vulva
e vagina.

O tempo de latência viral e os fatores associados não são plenamente conhecidos, e o


HPV pode permanecer quiescente por muitos anos até o desenvolvimento de lesões, não
sendo possível estabelecer o intervalo mínimo entre a infecção e o aparecimento destas.
No homem, as lesões localizam-se na glande, sulco bálano-prepucial e região perianal.
Na mulher, encontram-se na vulva, períneo, região perianal, vagina e colo do útero.
Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjunti-
vas e mucosa nasal, oral e laríngea.

Para as mulheres que evoluem sem lesões, é fundamental reforçar a importância de reali-
zar periodicamente o exame preventivo de colo de útero (conhecido também como
Papanicolau), o que pode ser feito na Atenção Básica.

O PNI indica vacinação para meninos e meninas. O esquema é composto de duas doses,
com intervalo de seis meses. Para PVHIV, pessoas transplantadas de órgãos sólidos ou
medula óssea e pacientes oncológicos, a faixa etária indicada para imunização é de nove
a 26 anos, sendo o esquema de vacinação composto por três doses (0, 2 e 6 meses).

19 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Pacientes vítimas de violência sexual (VVS)

Para dispensação da medicação é necessário os seguintes


impressos:

1. Prescrição dos medicamentos para PEP


2. Formulário SICLOM para ARV
3. Formulário para dispensão de Antibióticos
4. Receituário para medicação domiciliar

Enfermagem do PS: busca os medicamentos na farmácia do PS.

Enfermagem do BO: busca os medicamentos na farmácia do 2º andar.

Administrar conforme prescição. Acionar Psicologia. Comunicar


efeitos adversos dos medicamentos.

FARMÁCIA Os medicamentos prescritos serão


administrados no local do atendi-
Dispensa os medicamentos ARV mento (BO ou PS).
para 28 dias O Metronidazol deverá ser prescrito
preferencialmente para o domicílio,
em separado.

20 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

ATENDIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL (VVS)

Após o atendimento médico da VVS acionar o serviço social que


irá avaliar a situação social, fazer os encaminhamentos necessários
para rede de proteção e prestar as orientações quanto ao seguimento
ambulatorial

TODOS OS PACIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL serão


encaminhados pelo médico ao AMBULATÓRIO DE VIOLÊNCIA SEXUAL
DO HOSPITAL ODILON BEHRENS (atendimento às 5ª feiras, às 8
horas). Não é necessário agendar consulta.

IMPORTANTE

O assistente social deverá comunicar o Conselho Tutelar, caso o paciente VVS seja criança ou
adolescente. Já os casos de pacientes VVS mulheres deverão ser orientados
a procurar a Delegacia de Mulheres.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

DEMID – Delegacia de Mulheres: Rua Aimorés, 3005 – Bairro Barro Preto (esquina com Av. Barbacena)
– Atendimento de 2ª a 6ª feira de 9 às 16 horas.

Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente: Av. Afonso Pena, 4028 – Bairro Cruzeiro –
Tels: (31) 3236-3808 ou 3809.

Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso e Portador de Necessidades Especiais: Rua Paracatu, 822
– Bairro Barro Preto – Tel: (31) 3236-3010.

Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher - CIM (Centro Integrado de Atendimento à Mulher)


- Atendimento 24 horas: Rua São Paulo, 679 – Bairro Centro – Tel: (31) 3291-2931
DST/Aids: Tel: (31) 3277-7798 (Gorete ou Ana Cristina) /(31) 3377-7796 (Núbia).

Conselho Tutelar – Nordeste: Av. Bernardo Vasconcelos, 1379 – Bairro Cachoeirinha –


Tel: (31) 3277-6122

Vara da Infância e Adolescência: Av. Olegário Maciel, 600 - Bairro Centro – Tel: (31) 3207-8100

Instituto Médico Legal (IML): Rua NíciasContinentino, 1291 – Bairro Gameleiras – Tel: (31) 3379-5090

21 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

VÍTIMAS GESTANTES EXPOSTAS A MATERIAL


BIOLÓGICO

Gestantes acima de 14 semanas devem substituir o Dolutegavir (DTG) pelo


Raltegavir (RAL)

Gestantes abaixo de 14 semanas recomenda-se o ATV/r

TABELA 5- Profilaxia para adultos e adolescentes > 13 anos


1ª Escolha Apresentação Via de Administração Posologia

Tenofovir (TDF) + 300mg/300mg Via Oral (VO) 1 comprimido coformulado 1x ao dia


Lamivudina (3TC)

Raltegavir (RAL) 400MG Via Oral (VO) 1 comprimido 2x ao dia

Atazanavir/Ritonavir 1 comprimido (ATV) 1x ao dia


300mg/100mg Via Oral (VO)
(ATV/r) 1 comprimido (RTV) 1x ao dia

22 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

As mulheres devem ser informadas quanto à contraindicação do uso de


DTG no período pré-concepção pelo risco de malformação congênita. O
DTG pode ser indicado como parte da profilaxia para mulheres em idade
fértil desde que antes do início do seu uso seja descartada a possibilidade
de gravidez e que a mulher esteja em uso regular de método contraceptivo
eficaz, preferencialmente os que não dependam da adesão (DIU ou implan-
tes anticoncepcionais), ou que se assegure que a mulher não tenha a possi-
bilidade de engravidar (método contraceptivo definitivo ou outra condição
biológica que impeça a ocorrência de gestação). Nas situações em que a
exposição de risco envolva também risco de gestação não desejada, proce-
der com a anticoncepção de emergência

23 Versão 2 Revisão 1 Março/2019


PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO


À VITIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Superintendência de Polícia Técnico-Ciêntifica - SPTC Instituto Médico


Legal/ Instituto de Criminalística Centros de referência/ Delegacias especializadas

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Preâmbulo:

Abordar um tema tão importante quanto o da “investigação do crime sexual” é sempre um


processo desafiador. Dentre os vários aspectos, o conforto da vítima ao ser entrevistada e
examinada e a coleta e preservação de evidências devem fazer parte dos tópicos centrais.
Pensando nisto, o Instituto Médico Legal de Belo Horizonte iniciou, há cerca de cinco anos,
um projeto de descentralização do atendimento às vítimas de violência sexual em parceria
com hospitais públicos credenciados.
O cerne deste projeto está na coleta precoce de evidências, com preservação e rastreabili-
dade, quando do exame médico da vítima nos ambientes hospitalares, evitando o seu com-
parecimento para novo exame nos Postos Médico-legais e permitindo a confecção do laudo
médico-legal de maneira indireta.
As parcerias da Polícia Civil com o Ministério Público de Minas Gerais, a Fundação Hospitalar
do Estado de Minas Gerais – FHEMIG através dos Hospitais Júlia Kubitschek e Odete Valada-
res, o Hospital Odilon Behrens, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas
Gerais, dentre outras, nos possibilitaram entender melhor o processo e caminhar até aqui.
A proposta deste manual é a revisão dos procedimentos para uniformização, com participa-
ção de todos os envolvidos.

2. MATERIAIS UTILIZADOS:

Para aplicação deste protocolo deverão ser utilizados os materiais constantes no kit atual,
fornecidos pelo Instituto Médico Legal de Belo Horizonte. Serão eles:
- Autorização de coleta de amostras e informações – impressa no envelope do kit.
- Um formulário de notificação de agravos de violência – SINAN.
- Um formulário de complementação de informações médico-legais do IML-BH.
- Um formulário para informar a autoridade policial de que o exame médico e coleta de ves-
tígios já foi realizada.
- Um porta-lâminas com 02 (duas) lâminas para esfregaços a fresco.
- Oito swabs de algodão estéreis.
- Quatro envelopes para acondicionamento de swabs.

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VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

3 – DO PROCEDIMENTO:
3.1- Recepção da paciente.
Deve ser feita a conferência da identificação da paciente. Na falta de documento oficial com
foto, deverá ser colhida a impressão digital do polegar direito em espaço reservado na parte
inferior do termo de autorização, impresso no envelope do KIT. A ausência de documento de
identidade não deve impedir ou retardar a realização do exame. Inicia-se a coleta de infor-
mações para anamnese, com preenchimento parcial dos formulários, que serão concluídos
após a realização do exame.
3.2- Orientação sobre o exame e autorização para coleta.
Como todo exame médico, a paciente deve ser informada sobre a finalidade, a técnica a ser
utilizada, os eventuais desconfortos atinentes ao exame, etc. Deve-se ter em mente que
trata-se não somente de um exame íntimo, mas de um exame em uma pessoa vitimada
recentemente pela violência. A autorização para coleta de informações e de materiais para
exames complementares para uso da Polícia Civil se refere às lâminas de esfregaço e aos
swabs, bem como às informações contidas nos formulários. Este conjunto poderá servir de
base para pesquisa de esperma, identificação do perfil genético de um agressor e elabora-
ção de laudo pericial indireto, instruindo um eventual inquérito criminal, o que deve
também ser informado à paciente.
Caso a paciente não concorde com o “termo de autorização” e não deseje assiná-lo, todas as
medidas médicas assistenciais devem ser implementadas e ela deve ser orientada a procu-
rar uma Unidade Policial (Delegacia).
Para preservação das evidências, considerando que as medidas a serem tomadas visam pro-
teção da própria vítima, pacientes menores de idade desacompanhadas e que aceitam se
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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

submeter aos exames devem ter os vestígios colhidos, as adolescentes assinando o termo
de autorização e as crianças tendo o termo assinado por testemunhas do próprio atendi-
mento.

3.3- Identificação do médico responsável pela coleta.


No próprio envelope do kit, em seu verso, encontra-se o espaço para preenchimento do
nome do profissional médico responsável pela coleta do material, com seu Registro Civil
(número da carteira de identidade) ou Matrícula de Servidor Público (número do HM), sua
rubrica e identificação do Hospital onde se procedeu a coleta, que devem ser preenchidos
neste momento, antes do uso de luvas de procedimento ou similares.
Para preservação das evidências, considerando que as medidas a serem tomadas visam pro-
teção da própria vítima, pacientes menores de idade desacompanhadas e que aceitam se
submeter aos exames devem ter os vestígios colhidos, as adolescentes assinando o termo
de autorização e as crianças tendo o termo assinado por testemunhas do próprio atendi-
mento.

3.4- Identificação do local de coleta de amostras referentes ao item 3.11 “outro local”.
Nos casos onde houver relato de ejaculação ou possibilidade de ejaculação, contato de
secreções (como saliva do agressor, por exemplo) em outras topografias mais específicas
(superfície corporal de determinada parte do corpo, como mamas, por exemplo),
excetuando-se região perianal e vagina, ou mesmo resquícios de tecido do agressor
(subungueais), a amostra coletada através dos swabs umedecidos deve ser acondicionada
no envelope nominado “outro local”. Tendo a anamnese direcionado para esta suspeita, este
é o momento de identificar o envelope “outro local”, escrevendo-se a topografia onde será
coletado o material, ainda antes da colocação das luvas de procedimento.

3.5- Exame físico extraperineal.


Apesar de a vítima poder ser subjugada através de formas não físicas de violência, como
ameaças, é relativamente freqüente o encontro de lesões não perineais ao exame físico.
Assim, equimoses intra-labiais resultantes de abafamento de gritos, sinais de constrição do
pescoço na própria região cervical ou evidenciada por pequenas petéquias nas escleras ou
difusamente na face, equimoses glúteas, hematomas periorbitais, lesões de arrasto em
membros, fraturas ungueais, equimoses e escoriações de afastamento de coxas, dentre
outras lesões, podem ser encontradas. A adequada constatação destas lesões pode vir a ser
fundamental na qualificação adequada do delito e no entendimento da dinâmica do
evento, por vezes revelando “assinaturas” de agressores. Portanto, faz-se fundamental o
registro destes achados na ficha complementar. O médico, autorizado pela paciente, pode
até mesmo registrar fotograficamente estas imagens, e o uso de uma régua nas imagens
auxiliaria ainda mais a interpretação posterior. A maneira de envio destas imagens ou outras
eventuais dúvidas poderão ser esclarecidas no email sexologiaforense.iml@policia
civil.mg.gov.br
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3.6- Exame físico perineal.


Além do exame ginecológico convencional, faz-se importante constatar quaisquer indícios
de traumas na vulva, na rafe do períneo e na região anal. Para unificar a terminologia,
optou-se pelos termos utilizados na figura que ilustra a ficha complementar de atendimen-
to.
Para um adequado exame himenal, com a paciente em posição ginecológica, deve-se
tracionar os grandes lábios (por vezes com os pequenos lábios incluídos) distal e lateralmen-
te, em direção ao examinado, tencionando levemente o hímen afim de eliminar eventuais
dobras, como demonstrado na ilustração da ficha complementar.
Na região anal avalia-se a eventual presença de vegetações, secreções, fissuras ou outras
lesões.

3.7- Exame vulvar e do intróito vaginal.


O contorno do óstio himenal pode apresentar irregularidades, o que pode tratar-se de
dobras (usualmente eliminadas pela boa exposição), entalhes ou roturas, as últimas com ou
sem sinais de recenticidade. Doutrinariamente os entalhes são irregularidades congênitas,
reentrâncias na borda himenal, que não se cooptariam bem em uma reconstituição hime-
nal, não atingindo a borda de inserção himenal e não contendo sinais de cicatrização. As
roturas, por sua vez, possuem ângulos mais abruptos, e grande parte dos autores não consi-
dera a existência de roturas incompletas, portanto atingem a borda inserção himenal, atra-
vessando toda a orla. (vide http://www.drpaulosilveira.med.br/visualizar.php?idt=1625754).
A descrição de sufusões hemorrágicas, equimoses ou pequenos hematomas nas bordas da
rotura habitualmente configuram a rotura recente, sugerindo que esta tenha ocorrido em
tempo não superior a 48 horas antes do exame.

3.8- Passagem de espéculo vaginal.


A passagem do espéculo, embora controversa para o exame médico-legal, é sempre estimu-
lada na avaliação ginecológica, ficando esta decisão a cargo do médico examinador.
Optando-se pelo uso do espéculo, não se recomenda o uso de lubrificantes, e atenção espe-
cial deve ser dada à parede vaginal, especialmente quanto à presença de lesões ou corpos
estranhos. O colo do útero deve ser inspecionado, e eventuais sinais de manipulação do colo
devem ser documentadas (feridas punctórias causadas pela pinça de Pozzi, por exemplo).
Passado o espéculo, a coleta dos swabs vaginais deve ser realizada com este ainda posicio-
nado, coletando-se a secreção especialmente do fundo de saco vaginal.
3.9- Metodologia para coleta de swabs vaginais, confecção do esfregaço e acondiciona-
mento.

Trabalharemos sempre com o conjunto de dois swabs. Desta forma, deve-se abrir os dois
swabs individuais e juntá-los.

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Os swabs devem ser introduzidos na vagina até o encontro de resistência (quando da ausên-
cia de espéculo) ou diretamente até o fundo de saco (quando do uso de espéculo). Neste
ponto deve-se fazer movimentos giratórios dos swabs sobre seus próprios eixos, interrom-
pendo o movimento e retirando-os ao final, tendo-se em mente que o objetivo não é forçar
os swabs contra a parede vaginal, e sim a captura do material depositado, motivo pelo qual
o movimento deve ser suave, pois o descolamento de muitas células da mucosa da vagina
pode prejudicar a realização dos exames.

Cuidado especial deve ser tomado na abertura do porta-lâminas, observando-se sua posi-
ção com etiqueta de identificação voltada para cima e local de pressão do travamento, con-
forme figura abaixo.

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Ainda com os swabs unidos, deve-se tocar suavemente a lâmina de vidro identificada como
“V”, com leve arrasto na superfície em movimento único.

A lâmina “V” deve ser reposicionada no porta-lâminas, e os dois swabs em conjunto devem
ser colocados dentro do envelope com a inscrição “vaginal”.

Caso não sejam realizados outros esfregaços, conferir o travamento da tampa do porta-
lâminas, para evitar sua abertura acidental.

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3.10- Coleta de swabs perianal e confecção do esfregaço na lâmina “P”.


A recuperação de esperma na ampola retal é ainda mais sujeita a interferências que a recu-
peração na vagina, especialmente pela contaminação microbiana e eliminação fecal. Por
este motivo, a coleta de material sempre será efetuada na região perianal ou borda anal,
sem introdução dos swabs no canal anal. Mesmo na ausência de relato de coito anal, esta
coleta será realizada de rotina, pois pode detectar tanto material exteriorizado pelo canal
anal quanto exteriorizado do canal vaginal. É oportuno salientar que a simples presença de
esperma nesta região, mesmo não caracterizando “conjunção carnal”, pode ser suficiente
para a caracterização do estupro, obviamente nas situações de violência ou vítimas vulnerá-
veis.
Também com dois swabs unidos, umedecidos em soro fisiológico ou água destilada, devese
tocar a pele da borda anal e fazer movimentos giratórios dos swabs, sem forçá-los contra a
pele,no entanto. O objetivo é capturar, nos swabs umedecidos, material biológico do agres-
sor, e apressão exagerada pode destacar células da vítima e dificultar a extração de DNA
posteriormente.Após este procedimento, com os swabs ainda unidos, deve-se tocar suave-
mente a lâmina de vidro identificada como “P”, com leve arrasto na superfície em movimen-
to único.
A lâmina “P” deve ser recolocada no porta-lâminas, (conferir o travamento da tampa do por-
talâminas) e os dois swabs em conjunto devem ser colocados dentro do envelope com a
inscrição “perianal”.

3.11- Coleta de swabs em outros locais.

A literatura descreve o umedecimento dos swabs em soro fisiológico ou água destilada,


portanto qualquer uma das duas técnicas poderá ser utilizada.
O objetivo é capturar, por contato, a maior quantidade de material. Com os swabs umedeci-
dos, deve-se tocar a região suspeita e fazer movimentos giratórios, com o cuidado de não
forçar a pele, para não destacar células da própria vítima.
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Desta forma podem ser coletados swabs de manchas na pele, de locais de contato da boca
do agressor (mamilo da vítima, por exemplo), subungueais e até dos espaços dentários, nos
casos de suspeita de ejaculação oral.
Não há confecção de lâmina com esfregaço para esta coleta. Os dois swabs em conjunto
devem ser colocados dentro do envelope com a inscrição “outro local”, já devidamente infor-
mando o local escrito, conforme item 3.4.

3.12- Coleta de swabs na cavidade oral (amostras de referência da vítima).

A coleta de swabs orais padrão se presta para definir o perfil genético da própria paciente.
Para isto, deve-se introduzir os dois swabs simultaneamente no vestíbulo bucal (espaço
entre os dentes e a bochecha internamente), girando-os de forma a atritar com a mucosa,
desta forma transferindo células para os swabs.
Não cabe a confecção de lâminas de esfregaço para este procedimento. Os dois swabs em
conjunto devem ser colocados dentro do envelope com a inscrição “oral”.

3.13- Fechamento do material.

Terminados os procedimentos de coleta, todos os envelopes de swabs devem ser fechados


por grampeamento na área escrita “grampo”.

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O porta-lâminas deve ser fechado e deve-se certificar de seu travamento para evitar abertu-
ra acidental. Todos os envelopes de swabs e o porta-lâminas devem ser devolvidos para o
envelope principal, mesmo se não tiverem sido utilizados. O envelope principal deve ser
fechado por grampeamento de sua borda.
No formulário complementar deve ser citado todo o material colhido.

3.14- Conclusão dos formulários e cópias.

Os formulários devem ser revisados e concluídos e, em seguida, devem ser providenciadas


as seguintes cópias xerográficas:
- Uma cópia do formulário do SINAN para tramite usual deste documento.
- Uma cópia de todos os formulários para anexar ao prontuário da paciente.

3.15- Anexando os formulários ao conjunto.

Os formulários originais devem ser colocados dentro do envelope branco do Kit, para serem
enviados, junto com o material coletado, ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte.

3.16- Cuidados com a custódia.

Todos os indivíduos que portarem, mesmo transitoriamente, o envelope principal, devem


preencher os dados constantes no verso deste envelope na “listagem da cadeia de custó-
dia”: nome, rubrica, RG ou HM, data e hora. Com as cópias dos formulários providenciadas e
todo o conjunto pronto para a remessa, o envelope deverá ser lacrado com a fita prateada e
deverá ser acondicionado em local seguro, definido pelo Hospital, para sua guarda provisó-
ria, até seu recolhimento pela Polícia Civil.

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PROTOCOLO PARA PACIENTES
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4- PONTOS CRÍTICOS:

O preenchimento inadequado da documentação e/ou identificação do material pode preju-


dicar a finalidade de todo este protocolo. Em caso de dúvida na identificação, recomenda-se
a coleta da impressão digital do polegar direito na ficha de autorização para coleta.
A coleta com técnica inadequada ou quantidade insuficiente de material pode comprome-
ter os resultados das análises laboratoriais. No caso de ser necessário tratamento com higie-
nização, coletar as amostras sempre que possível antes da higienização.
A não observância dos procedimentos que compõem a cadeia de custódia, como cuidados
na identificação, lacre, guarda, conservação e transporte do material podem comprometer
a idoneidade do processo, invalidando os procedimentos.

4.1- Substância psicoativa:

Nas situações de suspeita de uso de substância psicoativa para redução da capacidade de


resistência, a paciente deve ser sempre encaminhada para exame no Instituto Médico Legal
de Belo Horizonte (Rua Nícias Continentino, 1291 – Nova Gameleira, telefone (31) 3379-
5072), ou para o serviço Médico Legal daquela jurisdição, independentemente do horário
de atendimento.

4.2- Vestes:

Nos casos em que as vestes possuam vestígios do delito, deve-se coletá-las e contactar o
email sexologiaforense.iml@policia civil.mg.gov.br, ou comunicar por telefone o setor de
Sexologia Forense do IML pelo número: 33795042, para que o material possa ser recolhido
pelo IML para providências legais cabíveis.
Cabe lembrar que o acondicionamento destas vestes deve ser feito em invólucros de papel,
para que o material seque, o que é fundamental para a preservação do DNA.

4.3- Exame repetido:

Nos casos em que a paciente relate no hospital já ter sido atendida no serviço Médico Legal,
tendo coletado amostras para exame, fica dispensada a nova coleta para fins de investiga-
ção policial, e esta informação deverá constar no prontuário da paciente, não sendo neces-
sária a abertura do Kit.
O formulário do SINAN, no entanto, deverá ser preenchido com cópia fornecida pelo próprio
hospital, como de costume, sem necessidade de envio deste documento ao Instituto
Médico Legal.

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5- ABORTO LEGAL

A qualidade, a exatidão e a confiabilidade dos resultados obtidos nas análises destes vestí-
gios biológicos dependem de procedimentos próprios que devem ser adotados no momen-
to na coleta, acondicionamento, identificação e na preservação das amostras.
Acompanhando o material, resultado de abortamento, deve-se utilizar um KIT padrão do
Protocolo de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual, contendo:

- Preenchimento da Autorização de Coleta de Material;

- Preenchimento da Ficha Complementar, na qual um breve histórico deve ser relatado;

- Preenchimento da Ficha Sinam (caso ainda não tenha sido preenchida em outro momento
do acompanhamento da paciente) e se já preenchida, constar esta informação;

- Coleta de Swab da cavidade oral da paciente, conforme orientação de coleta já descrito,


para amostra de referência da vítima.

Sobre o material colhido:

- Encaminhar restos embrionários ou o feto. No segundo caso, o material a ser enviado para
DNA será retirado no IML;

- Os materiais utilizados para a coleta, armazenamento de vestígios e de amostras biológicas


devem ser descartáveis, não podendo ser reaproveitados;

- Acondicionar em invólucro plástico ou frasco apropriado devidamente vedado e conservar


sob refrigeração (Ex: frasco de coleta de urina);

- O material deve estar criteriosamente identificado (nome da paciente, data da coleta, local
da coleta, número do KIT);

- Recomenda-se manter registro do profissional responsável pela coleta, acondicionamento,


identificação e lacre do material, assim como de todas as pessoas responsáveis pela guarda
e pelo transporte (cadeia de custódia).

- Comunicar ao IML BH pelo telefone 33795042, no próximo dia útil, para agendamento do
transporte do material, por agente policial designado, ao IML, dentro de caixa térmica com
refrigeração (providenciado pelo IML).

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6- CONTATO.

Em caso de dúvidas:

Telefone da sexologia é: (31) 33795042

Horário de funcionamento 24h

E-mail sexologiaforense.iml@policia civil.mg.gov.br

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