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Procedimentos especiais:

Ação de consignação em pagamento


A Ação de consignação em pagamento tem seu
rito detalhado nos arts. 890 a 900 do CPC.

O artigo 890 do CPC determina que:

Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou


terceiro requerer, com efeito de pagamento, a
consignação da quantia ou da coisa devida.
O artigo 335 do CC define quais seriam estes casos:

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,
tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Por análise lógica, cabe o pagamento em consignação extrajudicial no caso do
inc. I do 335 do CC, ou seja, quando o credor é conhecido e sabe-se o seu
paradeiro.

•Isto porque o pagamento em consignação extrajudicial tem lugar apenas para


obrigações em dinheiro (§1º do 890 do CPC), o que prontamente exclui sua
utilização no caso do inc. II (entrega de coisa).
•Além disso, para que o pagamento em consignação possa ser utilizado, é
necessário que o credor seja capaz para dar quitação e, por óbvio, seja
conhecido, bem como sua localização, uma vez que é necessário o envio de aviso
de recebimento (AR) para validar o procedimento (excluindo, portanto, os incisos
III e IV).
•Por fim, se pender litígio sobre o objeto do pagamento, não caberá mais a via
extrajudicial para sua consignação, mas sim o pedido para que seja efetuado o
pagamento em consignação (de forma incidental), o que exclui sua utilização
para o caso do inc. V.
Os parágrafos do art. 890 do CPC definem o procedimento da consignação em
pagamento extrajudicial.

O trâmite do procedimento extrajudicial:


1.O credor recusa/não pode receber/dar quitação (inc. I do art. 335 do CC);
2.O devedor deverá ir imediatamente a um banco oficial (Nossa Caixa – ver
também BB);
3.No banco, deverão ser apresentados os documentos necessários para a
abertura de uma conta para pagamento em consignação, bem como o valor total
da dívida que se pretende pagar;
4.Deverá ser enviada uma carta com aviso de recepção (AR) informando o credor
quanto ao depósito e o prazo de 10 dias para manifestação da recusa;
5.Se decorrido o prazo sem a manifestação da recusa, ou se o credor levantar o
depósito, o devedor ficará liberado da obrigação (quitação);
6.Se o credor manifestar sua recusa dentro do prazo de 10 dias, o devedor terá
30 dias para ingressar com a ação de pagamento em consignação.
Ação de pagamento em consignação
Requisitos:
A petição deverá conter os requisitos do art. 282 e do art.
893, I e II do CPC (como aponta Barbosa Moreira, o rito do
pagamento em consignação possui particularidades
iniciais, mas sob certas circunstâncias recaem no
procedimento ordinário).
Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no
prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a
hipótese do § 3o do art. 890; 
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer
resposta.
Competência territorial:
Local da obrigação, nos termos do CPC:
Art. 100. É competente o foro:
IV - do lugar:
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se
Ihe exigir o cumprimento;
Obs.: ressalvada a competência absoluta nos casos de
relação de consumo (art. 6º, VII c/c art. 101, I do CDC)
Hipóteses de cabimento
São as constantes no art. 335 do CC.
Fundamentos da pretensão jurisdicional
Devem ser buscados nos artigos 890 a 900 do CPC e 334 a
345 do CC.
Quanto aos pedidos deve ser observado o seguinte:
1.Autorização para o depósito da coisa ou quantia em 5
dias, (somente no caso de não ter sido utilizado,
previamente, o pagamento em consignação extrajudicial,
como exposto nos parágrafos do art. 890 do CPC);
2.Citação do credor para levantamento do valor ou
oferecer manifestação diversa;
3.Pedir a procedência para que seja declarada extinta a
obrigação.
Valor da causa:
O valor da causa coincidirá com o valor da quantia a ser
(ou já) depositada.
Se a obrigação for de trato sucessivo, o valor da causa
corresponderá a 12 vezes o valor a ser depositado, ou o
total de parcelas, de inferior a um ano, como preceitua o
art. 260 do CPC:
Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,
tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor
das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a
obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior
a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.
Questões específicas:
Se a obrigação for de trato sucessivo (prestação
contínua), após o primeiro depósito, os demais não
dependerão de mais nenhuma formalidade, devendo
apenas serem efetuados no mesmo processo até 5 dias
após o vencimento (art. 892 do CPC).
Se o objeto for coisa indeterminada, cuja escolha caiba
ao credor, este deverá ser citado para que faça a escolha,
no prazo de 5 dias (ou outro, dependendo de lei esparsa
ou do contrato), nos termos do art. 894 do CPC.
Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento (art. 335, IV do CC),
deverão ser citados todos que disputam a legitimidade
para receber a coisa ou quantia (art. 895)

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