Professora de História da Rede Municipal de Ensino de São José/ Santa Catarina O que queríamos? Promover na escola básica o debate sobre os perigos da Intolerância Religiosa, a partir do estudo sobre as experiências religiosas muçulmanas.
Analisar o fenômeno religioso do Islã e das
experiências religiosas de muçulmanas convertidas ao Islamismo. Espaço Pedagógico:
- Escola de Ensino Fundamental da Rede Municipal de São José/SC.
- Aulas da disciplina de História. - Sujeitos envolvidos: estudantes das turmas do 7º ano do Ensino Fundamental ( faixa etária entre 12 e 13 anos) Desafios:
- Discursos da mídia: xenofobia e islamofobia
- Maturidade dos estudantes em relação a temática (??) - Escola e Diversidade cultura religiosa: diálogo e conhecimento - É aula de “Religião” ou aula de História? : currículo Processos pedagógicos: - Estudos sobre o processo de formação histórica do Islamismo - Estudos sobre a experiência religiosa muçulmana - Escolha dos sujeitos de pesquisa: mulheres brasileiras convertidas ao Islamismo - Expectativa da chegada: elaboração anterior de perguntas pelos estudantes para o diálogo com as mulheres muçulmanas. - Diálogo não proselitista: conversas e construção do bate papo. Por que escolher as mulheres brasileiras convertidas ao Islamismo? Têm-se muitas informações contraditórias e, ao mesmo tempo, carregadas de estereótipos, construindo-se um imaginário cultural acerca da figura do muçulmano e da muçulmana e que sofre muitas vezes atos de intolerância religiosa, discriminação e perseguição religiosa.
A ideia preconcebida de que todos os muçulmanos e muçulmanas são
de origem árabe revela, em sua maior parte, um desconhecimento da população em geral (e até mesmo alguns meios de comunicação social) sobre a grande diversidade de povos e culturas que compõem a comunidade islâmica ao redor do mundo. Por que escolher as mulheres brasileiras convertidas ao Islamismo? Ÿ Observa-se desde uma imagem fascinante de um “Oriente sensualizado” através da figura da dançarina do harém, até a representação da mulher oprimida e violentada.
mulher muçulmana, ao transitar pelo espaço público, o afeta de
A forma por vezes involuntária, pois sua simples aproximação, especialmente em locais de maioria não muçulmana, com seus modos de vestir e de ser quebram a rotina das comunidades onde se integram e vivem. Por que escolher as mulheres brasileiras convertidas ao Islamismo? Ÿ A distinção que o uso véu proporciona torna-se mais evidente em um país como o Brasil de maioria cristã, apontando a diferença entre uma mulher em relação às outras que não o usam e ao restante do seu grupo que também utilizaria tipos de véus diferentes do seu. O véu, além de ser um símbolo da religiosidade feminina, demarca a diferença e fabrica a identidade de um grupo. Enfim chegou o dia tão esperado...
Os diálogos com as muçulmanas ocorreram no dia 07 de
junho de 2017 no período vespertino, com a duração aproximada de uma aula de 45 minutos. Algumas falas... “ Elas são mulheres que escolheram e optaram, por ser dessa religião o Islã, e sendo assim, elas usam roupas ou trajes de sua religião, e usam porque querem. Não são obrigadas a usar a roupa (mas devem usar em respeito ao Islâ” ( Leonardo, 13 anos).
“... As muçulmanas sofrem preconceito na rua e no trabalho. Chamam
elas de ninja, mulher bomba, por causa do Islã e até chegaram a fazer boletins de ocorrência”. (Nicolas, 12 anos). Algumas falas... “As muçulmanas não são reprimidas em relação aos homens (o que geralmente é falado na mídia)”. (Fernanda, 12 anos).
“Essa aula foi muito diferente, com certeza uma das aulas de História que mais gostei. Aprendi bastante coisas com a S.” (Eduardo, 13 anos).
“ Nós aprendemos que as mulheres muçulmanas não são terroristas…”
(Yuri, 12 anos) Considerações: Dar visibilidade à diversidade religiosa no contexto educacional é necessário e urgente.
As identidades dos indivíduos ou dos grupos étnicos são dominadas,
distorcidas e ignoradas frente às culturas hegemônicas.
Educação intercultural: relação entre sujeitos culturais diferentes.
Promoção da reciprocidade, interação e intercâmbio nos currículos
escolares. Referências: AL-SHEHA, Abdurrahman. A Mensagem do Islam. São Paulo: FAMBRAS, [s.n]. AZIM, Sherif Abdel. A Mulher no Islam: mito e realidade. São Paulo: FAMBRAS, [s.n]. BALTA, Paul. Islã: uma breve introdução. Porto Alegre: L&PM, 2016. BAUMAN, Zygmunt. Comunidad: en busca de seguridad en un mundo hostil. Argentina: Siglo XXI de Argentina Editores, 2003. ______. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. CAMPOS, Emerson César de. Estrangeiros numa Ilha: Comunidade Árabe Islâmica em Florianópolis(SC)(1991-2008). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH, São Paulo, julho 2011. • DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2015. ESPINOLA, Cláudia Voigt. O véu que (des)cobre: etnografia da comunidade árabe muçulmana em Florianópolis. Tese de doutorado em Antropologia Social .Florianópolis: UFSC, 2005. • FERREIRA, Francirosy Campos Barbosa. Teatralização do sagrado Islâmico: a palavra, a voz e o gesto. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, volume 29, 2009, p. 95-125. • ______. Diálogos sobre o uso do véu (hijab): empoderamento, identidade e religiosidade. Perspectivas, São Paulo, v. 43, p. 183-198, jan./jun. 2013, p. 183 a 198. .HALL, Stuart. A identidade cultural na pós- modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. POZZER, Adecir; PALHETA, Francisco. Ensino religioso na educação básica: fundamentos epistemológicos e curriculares. Florianópolis: Saberes em Diálogo, 2015.