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Sistema fluvial I Workshop

sobre
Alunos: Mércio John Pereira Nunes Segundo; Keven Igor Liborio da Silva; Silas Samuel dos Santos Costa Sistemas
Disciplina: Estratigrafia (GEO0312) Deposicionais
Professora: Dra. Valéria Centurion Córdoba DG/UFRN

Introdução
Este trabalho parte da proposta da disciplina de Estratigrafia (GEO0312) ofertada no
Curso de Bacharelado em Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de
realizar um Workshop sobre os sistemas deposicionais a nível local no Departamento de
Geologia e para público convidado dos dois dias de apresentação no mês de março de
2018. Nele serão apresentados os mais diversos sistemas deposicionais com seus modelos
de fácies, importância numa bacia sedimentar e também aplicações.
A meta desta produção é de apresentar o modelo de fácies dos sistemas fluviais
conforme a bibliografia, mostrando algumas de suas aplicações em estudos de bacias
sedimentares nacionais e locais.

Metodologia
Os procedimentos para realização deste trabalho foram num primeiro momento a
revisão de quatro textos-base (Walker & James, 1992; Selley, 2000; Nichols, 2009; Reading,
2009) para fundamentar uma discussão acerca dos modelos de fácies fluviais,
concentrando-se nas duas principais morfologias de canal, meandrante e entrelaçado. Em Figura 2. Seção colunar com fácies e bloco diagrama de elementos arquiteturais do
sequência foi feita uma rápida revisão bibliográfica em algumas bases de pesquisa para sistema fluvial entrelaçado. Adaptado de Nichols (2009).
evidenciar o que foi referenciado na discussão sobre os processos e produtos
sedimentares dos depósitos fluviais em exemplos de bacias sedimentares nacionais.

Discussões
Os ambientes deposicionais (Figura 1) em sua classificação mais geral pode se dividir
em três grandes porções, sendo elas: continental, costeiro e marinho. O sistema fluvial
está relacionado com o ambiente continental juntamente com o sistema de leques aluviais,
lacustres e eólicos. Três zonas geomorfológicas são responsáveis por atuar juntamente
com os sistemas fluviais: zona erosional (escava as rochas do vale e remove sedimentos de
forma descendente), zona de transferência (baixo gradiente, mas não há erosão e
deposição de forma contundente) e zona de deposição (o sedimento é depositado nos
canais e nas planícies de inundação).

Figura 3. Seção colunar com fácies e bloco diagrama de elementos arquiteturais do


sistema fluvial meandrante. Adaptado de Nichols (2009)..

Podem ser citados facilmente exemplos de fácies de sistemas fluviais entrelaçados


em algumas formações paleozoicas de bacias, a Formação Cariri da Bacia do Araripe de
idade paleozoica conforme sumariza Assine (2007) é constituída por arenitos imaturos
de granulação média a grossa interpretados como parte de sistemas entrelaçados,
enquanto que a Formação Furnas da Bacia do Paraná também paleozoica (eodevoniano)
colocada por Assine (2017) tem litofácies de arenitos grossos a muito grossos com
presença de estratificações cruzadas e níveis conglomeráticos, no entanto a sugestão do
sistema entrelaçado deve-se a presença dos elementos arquiteturais de fácies,
geometria de litossomas caracterizada pela tabularidade das camadas, também pela
presença de formas canalizadas e estruturas de cut e fill.
Uma situação interessante para a definição de um sistema fluvial por meio de
interpretações está na Formação Barreiras, de idade , que em outros trabalhos seus
litotipos foram interpretados como de leque aluvial e sistema fluvial entrelaçado
provavelmente associados a porções mais proximais, os sistemas meandrantes tem sua
presença associada a microclimas ou mesmo outras condições específicas, que envolvam
rios com baixo gradiente, no trabalho de Araújo et al. (2006) o que caracterizou os
litotipos da Formação Barreiras de idade cenozoica na porção da Barreira do Inferno,
inserida na Bacia Potiguar, foram a presença de depósitos de planície de inundação com
Figura 1. Zonas geomorfológicas em sistemas aluviais e fluviais. Retirado de Selley (2000). lamitos bioturbados e de depósitos de abandono de canal que favorecem a colonização
de organismos bioturbadores.
Caracterizado por rede de baixa sinuosidade em constante mudança de cursos, os
principais padrões de rios entrelaçados (Figura 2) ocorrem associados a leques aluviais em Considerações finais
climas semiáridos e áridos ou ainda em frentes de montanhas. Por estarem associados a
descargas sazonais e gradiente altos e de sedimentos mais grosseiros têm sobrecarga de O conhecimento a respeito dos sistemas fluviais é importante na compreensão da
sedimentos que levam a formação contínua de barras de canais que por sua vez levam os dinâmica de deposição de estratos em bacias sedimentares. Não obstante vê-se
talvegues a divergirem para outros cursos por bloqueio. Resultando também na deposição aplicações também na exploração de recursos minerais em rochas originadas a partir dos
da carga em suspensão somente em canais abandonados e em planícies de canais ativos. A seus processos, preenchimentos de paleovales por exemplo formam reservatórios
erosão de cabeças de canais pode levar a captura da drenagem de um canal ativo. lineares, os hidrocarbonetos são trapeados estratigraficamente por lençóis de areia
A vegetação é importante no controle do estilo dos canais meandrantes (Figura 3), isoladas por finos de planície de inundação. Outros recursos minerais aluvionares como o
no Pré-Cambriano até o Paleozoico Inferior a água da chuva drenou rapidamente através ouro e urânio estão associados a esses sistemas, de igual forma no entendimento no
de canais de rios efêmeros com padrão entrelaçado, a descarga constante necessária para fluxo de aquíferos.
os canais meandrantes só ocorreu após a colonização da Terra pelas vegetações. Como a
REFERÊNCIAS
vegetação é dependente do clima o controle dos estilos de canais pela vegetação inicia no
Siluriano ou Devoniano quando as plantas passam a ser importantes componentes Araújo V. D., Reyes-Peres Y. A., Oliveira Lima R., Pelosi A. P. D. M. R., Menezes L., Córdoba, V. C. & Lima-Filho F. P. 2006. Fácies
e sistema deposicional da Formação Barreiras na região da Barreira do Inferno, litoral oriental do Rio Grande do Norte.
subaéreos da paisagem Os meandros se desenvolvem pela erosão do banco mais próximo Geologia USP. Série Científica, 6(2): 43-49.
da linha do talvegue acompanhado da deposição no lado oposto do canal onde o fluxo é Assine M. L. 2007. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 15(2):371-389.
Assine M. L. 2017. Fácies, icnofósseis, paleocorrentes e sistemas deposicionais da Formação Furnas no flanco sudeste da
mais lento e o sedimento tende a se depositar. Com a erosão contínua do banco externo e Bacia do Paraná. Revista Brasileira de Geociências, 29(3):357-370.
a deposição de carga sedimentar no interno o canal se desenvolve com uma espécie de Nichols, G. 2009. Sedimentology and stratigraphy. John Wiley & Sons, 432 p.
curva e consequentes loops de meandro são formados. É importante ressaltar a distinção Reading H. G. (ed.). 2009. Sedimentary environments: processes, facies and stratigraphy. John Wiley & Sons 704 p.
Selley R. C. 2000. Applied sedimentology. Elsevier, 543 p.
entre a sinuosidade de um rio e a forma sinuosa, essa está associada com a acumulação de Walker R. G., James N. P. 1992. Facies, facies models and modern stratigraphic concepts. Facies models response to sea-level
sedimentos no interior das curvas. change, 407 p.

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