homem, caracterizando-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e são consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1.°, IV, da Constituição Federal. • Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Assim, exige-se do Poder Público prestações positivas (direitos de promoção ou direitos prestacionais). A implementação de tais direitos ocorre mediante políticas públicas concretizadoras de certas prerrogativas individuais e/ou coletivas, destinadas a reduzir as desigualdades sociais existentes e a garantir uma existência humana digna. Todos os indivíduos são destinatários dos direitos sociais, ainda que a finalidade principal desses direitos seja a proteção dos hipossuficientes e dos mais fragilizados, que são os maiores dependentes das prestações materiais promovidas pelo Estado. Efetividade dos Direitos Sociais
O custo de implementação e as limitações
orçamentárias do Estado farem com que os direitos prestacionais (caráter positivo) tenham uma efetividade menor que os direitos de defesa (caráter negativo), pois, ainda que presente em todas as espécies de direitos fundamentais, o “fator custo” nunca se constituiu em um elemento impeditivo da efetivação, pela via jurisdicional, desta última espécie de direitos. É justamente neste sentido que deve ser considerada a “neutralidade” econômico- financeira dos direitos de defesa. Judicialização de políticas sociais:
_ Contra: Argumenta-se, que a interferência do
Poder Judiciário nas demandas a serem priorizadas por meio de políticas públicas seria antidemocrática e incompatível com o princípio da separação dos poderes, por significar uma usurpação de competências do Legislativo e do Executivo. Em razão da escassez de recursos orçamentários, a escolha sobre quais direitos merecem ser priorizados deveria recair sobre esses representantes do povo eleitos democraticamente para tal fim. _ Favorável: Os direitos sociais, na qualidade de direitos fundamentais, possuem uma dimensão subjetiva, conferindo aos cidadãos o direito de exigir do Estado determinadas prestações materiais.
Princípio da inafastabilidade da função
jurisdicional (CF, art. 5.°, XXXV). A complexidade envolvendo os direitos sociais e sua efetividade exige uma análise específica e pontual desses direitos, para que sejam encontradas soluções adequadas à sua natureza e enunciado, sempre tendo como diretriz- guia o princípio da máxima efetividade. Este impõe uma interpretação que confira a maior eficácia social “possível” ao direito em jogo, de modo a fazê-lo cumprir a finalidade para a qual foi criado. Reserva do possível: A reserva do possível pode ser compreendida como uma limitação fática e jurídica oponível, ainda que de forma relativa, à realização dos direitos fundamentais, sobretudo os de cunho prestacional. A reserva do possível apresenta uma tríplice dimensão, abrangendo: a) a disponibilidade fática; b) a disponibilidade jurídica; e, c) a razoabilidade e proporcionalidade da prestação. Mínimo Existencial: O mínimo existencial consiste em um grupo menor e mais preciso de direitos sociais formado pelos bens e utilidades básicas imprescindíveis a uma vida humana digna. Corrente majoritária entende que engloba os direitos à saúde, educação, assistência aos desamparados. (alimentação, vestuário e abrigo) e acesso à justiça. Vedação de retrocesso social: A vedação de retrocesso está diretamente relacionado ao princípio da segurança jurídica, tendo em vista que os direitos sociais, econômicos e culturais devem “implicar uma certa garantia de estabilidade das situações ou posições jurídicas criadas pelo legislador ao concretizar as normas respectivas”. Esta limitação é dirigida aos poderes encarregados da concretização desses direitos, atuando no sentido de impedir o legislador e o administrador de extinguir ou reduzir uma determinada política pública efetivadora dos direitos fundamentais sociais. No ordenamento jurídico brasileiro a proibição do retrocesso pode ser abstraída, dentre outros, do princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1.°, HI), do princípio da máxima efetividade (CF, art. 5.°, § 1.°) e do princípio do Estado democrático e social de direito (CF, art. I.0). Direitos Sociais em espécie: Direito à moradia: Em sua dimensão positiva, a moradia não se traduz, necessariamente, no direito à propriedade imobiliária ou nó direito de ser proprietário de um imóvel. A limitação e escassez de recursos (reserva do possível), infelizmente, impede que esse direito seja implementado no grau máximo desejável. Seu núcleo essencial inviolável, no entanto, confere aos desamparados um direito subjetivo, exigível do Estado, a ter pelo menos um abrigo no qual possam se recolher durante a noite e fazer sua higiene diária (mínimo existencial). Em sua dimensão negativa, este direito protege a moradia contra ingerências indevidas do Estado e de outros particulares. De acordo com o entendimento adotado pelo STF, a penhorabilidade do bem de família do fiador do contrato de locação não ofende o art. 6.° da Constituição, mas com ele se coaduna por viabilizar o direito à moradia, facilitando e estimulando o acesso à habitação arrendada, constituindo reforço das garantias contratuais dos locadores, e afastando, por conseguinte, a necessidade de garantias mais onerosas, tais como a fiança bancária. Direitos individuais dos trabalhadores:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) No âmbito das relações de trabalho, os direitos fundamentais decorrem dos valores liberdade e igualdade e são voltados à proteção da integridade física, psicológica e moral do trabalhador, a fim de lhes assegurar uma existência digna. A Constituição de 1988 estabeleceu, em seu art. 7.°, uma série de direitos sociais fundamentais protetivos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho. Rol Exemplificativo. A interpretação e apuração desses direitos devem ser orientadas por alguns princípios, dentre os quais, podem ser destacados: dignidade da pessoa humana (CF, art. 1.°, Dl); valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (CF, art. 1.°, IV); valorização do trabalho humano e justiça social (CF, art. 170); busca do pleno emprego (CF, art. 170, VHI); e, primado do trabalho como base da ordem social (CF, art. 193). São destinatários dos direitos previstos neste dispositivo os trabalhadores subordinados, assalariados e que prestam pessoalmente serviços de caráter permanente. Trabalhador eventual ≠ Trabalhador Temporário ≠ Trabalhador Autônomo, que não são referidos pelo texto constitucional, mas tão somente pela legislação infraconstitucional. Os trabalhadores domésticos são aqueles que prestam serviços contínuos na residência de uma pessoa ou família, em atividade sem fins lucrativos. São direitos dos trabalhadores domésticos: Salário mínimo; Jornada de Trabalho; Hora extra; Banco de Horas; Remuneração de horas trabalhadas em viagem a serviço; Intervalo para refeição e/ou descanso; Adicional noturno; Repouso semanal remunerado; Feriados Civis e Religiosos; Férias; 13º salário; Licença-maternidade; Vale-Transporte; Estabilidade em razão da gravidez; FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; Seguro-desemprego; Salário-família; Aviso prévio; Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa. Direito ao trabalho e à garantia de emprego: O direito ao trabalho e à garantia do emprego estão consagrados nos dispositivos que protegem a relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa (CF, art. 7°, I) e que prevêem o seguro-desemprego (CF, art. 7.°, II), a fundo de garantia por tempo de serviço (CF, art. 7.°, III) e o aviso prévio (CF, art. 7.°, XXI). Direitos sobre as condições de trabalho: Os direitos sobre as condições de trabalho visam à garantia de condições dignas para o exercício da atividade laborativa sendo assegurados pelos dispositivos que estabelecem: duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais (CF, art. 7.°, XD3); jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento (CF, art 7.°, XTV);45 redução dos riscos inerentes ao trabalho (CF, art. 7.°, XXII); proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual (CF, art 7.°, XXXII). Direitos relativos ao salário:
Artigo 7º. (...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; (...) X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil, XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios-de-admissão do trabalhador portador de deficiência; DECRETO Nº 8.618, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2015 - DECRETA: Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2016, o salário mínimo será de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais). Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 29,33 (vinte e nove reais e trinta e três centavos) e o valor horário, a R$ 4,00 (quatro reais). Art. 2º Este Decreto entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016. Brasília, 29 de dezembro de 2015; 194º da Independência e 127º da República. DILMA ROUSSEFF Direitos relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador:
CF, art. 7.° ) (...)
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVII - gozo-de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do. que o salario normal, XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XXIV - aposentadoria; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Direitos de proteção dos trabalhadores:
CF, art. 7.° _ (...)
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão, do trabalhador portador de deficiência, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,-técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a. menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Direitos relativos aos dependentes do trabalhador:
CF, art. 7.° _ (...)
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5, (cinco) anos de idade em creches e pré- escolas; Direito de participação dos trabalhadores:
CF, art. 7.° _ (...)
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido ,em lei; Direitos coletivos dos trabalhadores:
Ao lado dos direitos dos trabalhadores
aplicáveis às relações individuais de trabalho (CF, art. 7.°), a Constituição consagrou direitos coletivos dos trabalhadores (CF, arts. 8.° ao 11), os quais compreendem a liberdade sindical, o direito de greve, o direito de substituição processual, o direito de participação laboral e o direito de representação na empresa. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. O direito de greve pode ser exercido pacificamente de variadas formas. Além do meio mais usual, consistente em não trabalhar, pode haver trabalho em ritmo lento (“operação tartaruga”), em período inferior à jornada de trabalho, piquetes, passeatas etc. A Lei 7.783/89 dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. De acordo com este diploma legal, para ser considerada legítima, a suspensão total ou parcial de prestação pessoal de serviços a empregador deverá ser: coletiva, temporária e pacífica (Lei 7.783/89, art 2.°). Foram assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I) o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; e II) a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento (Lei 7.783/89, art. 6.°). Lei 7.783/89: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI - compensação bancária. Participação em colegiados de órgãos públicos:
Art. 10. É assegurada a participação dos
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.