POESIAS PARA ANÁLISE • Românticos De amar sem medo Que vivem pelos bares • Vander Lee De outra desilusão... E mesmo certos • Românticos são poucos • Romântico Vão pedir perdão Românticos são loucos É uma espécie em Que passam a noite em Desvairados extinção! claro Que querem ser o outro Romântico Conhecem o gosto raro Que pensam que o É uma espécie em De amar sem medo outro extinção! De outra desilusão... É o paraíso... • Românticos são poucos • Romântico • Românticos são lindos Românticos são loucos É uma espécie em Românticos são limpos Desvairados extinção! E pirados Que querem ser o outro Romântico Que choram com Que pensam que o É uma espécie em baladas outro extinção! Que amam sem É o paraíso... • Românticos são poucos vergonha • Românticos são lindos Românticos são loucos E sem juízo... Românticos são limpos Como eu! • São tipos populares E pirados Românticos são loucos Que vivem pelos bares Que choram com Românticos são poucos E mesmo certos baladas Como eu! Como eu! Vão pedir perdão Que amam sem Que passam a noite em vergonha claro E sem juízo... Conhecem o gosto raro • São tipos populares Junqueira Freire [1832-1855 – 23 anos] • Morte (hora do delírio)
Pensamento gentil de paz eterna
Amiga morte, vem. Tu és o termo De dous fantasmas que a existência formam, — Dessa alma vã e desse corpo enfermo. (...)
Amei-te sempre: — pertencer-te quero
Para sempre também, amiga morte. Quero o chão, quero a terra, - esse elemento Que não se sente dos vaivéns da sorte. Casimiro de Abreu [1839-1860 – 21 anos] Amor e Medo Quando eu te vejo e me desvio cauto Da luz de fogo que te cerca, ó bela, Contigo dizes, suspirando amores: — "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"
Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo, E se te fujo é que te adoro louco... És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes. Das folhas secas, do chorar das fontes, Das horas longas a correr velozes.
O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios, E ao vento fresco do cair das tardes, Eu me estremeço de cruéis receios. (...) Álvares de Azevedo [1831-1852 – 21 anos] a) Pálida, a luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! na escuma fria Pela maré das água embalada... — Era um anjo entre nuvens d'alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! o seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti — as noites eu velei chorando Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo! • É ela! É ela ela me enviará cheios de flores...
• É ela! é ela! — murmurei tremendo, Tremi de febre! Venturosa folha!
e o eco ao longe murmurou — é ela! Quem pousasse contigo neste seio! Eu a vi... minha fada aérea e pura — Como Otelo beijando a sua esposa, a minha lavadeira na janela. eu beijei-a a tremer de devaneio...
Dessas águas furtadas onde eu moro É ela! é ela! — repeti tremendo;
eu a vejo estendendo no telhado mas cantou nesse instante uma coruja... os vestidos de chita, as saias brancas; Abri cioso a página secreta... eu a vejo e suspiro enamorado! Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja! Mas se Werther morreu por ver Carlota • Esta noite eu ousei mais atrevido, Dando pão com manteiga às criancinhas, nas telhas que estalavam nos meus passos, Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoro ir espiar seu venturoso sono, Sonhando-te a lavar as camisinhas! vê-la mais bela de Morfeu nos braços! É ela! é ela, meu amor, minh'alma, Como dormia! que profundo sono!... A Laura, a Beatriz que o céu revela... Tinha na mão o ferro do engomado... É ela! é ela! — murmurei tremendo, Como roncava maviosa e pura!... E o eco ao longe suspirou — é ela! Quase caí na rua desmaiado! Afastei a janela, entrei medroso... Palpitava-lhe o seio adormecido... Fui beijá-la... roubei do seio dela um bilhete que estava ali metido... Oh! decerto... (pensei) é doce página onde a alma derramou gentis amores; são versos dela... que amanhã decerto Castro Alves [1847-1871 – 24 anos] Senhor Deus dos desgraçados! Onde vive em campo aberto Dizei-me vós, Senhor Deus! A tribo dos homens nus... Se é loucura... se é verdade São os guerreiros ousados Tanto horror perante os céus?! Que com os tigres mosqueados Ó mar, por que não apagas Combatem na solidão. Co'a esponja de tuas vagas Ontem simples, fortes, bravos. De teu manto este borrão?... Hoje míseros escravos, Astros! noites! tempestades! Sem luz, sem ar, sem razão. . . Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! São mulheres desgraçadas, • Como Agar o foi também. Quem são estes desgraçados Que sedentas, alquebradas, Que não encontram em vós De longe... bem longe vêm... Mais que o rir calmo da turba Trazendo com tíbios passos, Que excita a fúria do algoz? Filhos e algemas nos braços, Quem são? Se a estrela se cala, N'alma — lágrimas e fel... Se a vaga à pressa resvala Como Agar sofrendo tanto, Como um cúmplice fugaz, Que nem o leite de pranto Perante a noite confusa... Têm que dar para Ismael. Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...