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40º Aniversário da criação da Marinha de Guerra

CONFERÊNCIA
“O PODER NAVAL de ANGOLA:
REALIDADES E CONSTRANGIMENTOS”

Brig. Manuel Correia de Barros

MUSEU de HISTÓRIA MILITAR, Luanda, 1 de Julho de 2016


Introdução
Bases Teóricas
O Espaço Marítimo
As Ameaças e as Vulnerabilidades
A Situação de Angola
Como Atingir um Verdadeiro Poder Naval
Bases Teóricas
• “A Influência do Poder Naval na História –
1660-1783” – Alfred Mahan
• POTÊNCIAS NAVAIS ao longo da História:
• CHINA – século XV
• PORTUGAL, ESPANHA, HOLANDA – séc.
XVI e XVII
• GRÃ-BRETANHA – séc. XVIII
• ESTADOS UNIDOS – séc. XX
O PODER NAVAL
• Para Alfred Mahan:
• Era necessário:
• Uma economia produtiva;
• A transportação por mar;
• A existência de pontos de apoio;
• Era fundamental a supremacia naval, só possível
com a destruição das esquadras do inimigo
O PODER NAVAL (cont.)
• Para Julian Corbett:
• A estratégia marítima, por si só, não podia
considerar-se suficiente;
• A decisão final da guerra estava em terra;
• O importante era o controle dos mares e, se isso
fosse conseguido, a destruição da esquadra
inimiga era irrelevante;
• Uma “esquadra em potência” fechada nas suas
bases deixava ao inimigo o comando dos mares.
A Guerrilha Naval
Alguns números:
- Na I Guerra Mundial os
30 submarinos alemães
com maior sucesso
afundaram 2.188 navios
com 5 milhões de tons.
- Na II GM os 20
submarinos alemães com
maior sucesso afundaram
674 navios com 3.7
milhões de tons.
- Nessa guerra os
submarinos americanos
afundaram no Pacífico
600.000 tons de navios
de guerra e mais de 5
milhões tons de navios
mercantes japoneses
O PODER NAVAL - Conceito
“Significa a extensão do poder militar de
uma nação para os mares. Medido em
termos de capacidade de uma nação em
usar os mares [...] desafiando rivais e
competidores e compreende elementos
como navios armados, navios e
embarcações auxiliares, navegação
comercial, bases e pessoal treinado.”
Depende de factores como população,
economia, portos e extensão da costa.
O Golfo da Guiné

15 Países
8.766 kms de costa
889.900 mi2 de
águas
territoriais
Oceano Atlântico
Riquezas:
• Correntes
• Peixe
• Sal
• Produção de energia:
• Ondas
Fenda do médio
• Marés
Atlântico
• Temperaturas
• Petróleo e gás
• Diamantes
• Nódulos poli-metálicos
Portos Libéria – Monrovia
Gana – Tekoradi
Namibia – Walvis Bay
África Sul - Capetown
Togo – Lomé
Benin – Cotonou
Nigéria – Lagos
Camarões – Douala
Guiné Eq. – Malabo
Gabão – Libreville
Congo – Ponta Negra
Angola – Luanda e Lobito
Frotas Mercantes
Navios:
• Libéria: 2.771
• Nigéria: 122
• Togo: 61
• Angola: 24
• África Sul: 21
Marinhas de Guerra
Capacidades:
• Patrulha Oceânica – Gana, Nigéria e África
do Sul
• Patrulha Costeira – Nigéria, Togo, Benin e
Guiné Equatorial
• Luta contra minas – Nigéria e África do Sul
• Desembarque – Camarões, Costa do Marfim,
Gabão, Nigéria e África do Sul
Dados da Componente Terrestre
Área (em km2) Densidade (h / km2) PIB (em milhões US$)
RDC – 2.394.858 S. Tomé – 201.0 Nigéria – 1.013.700
Angola – 1.246.700 Nigéria – 197.0 África Sul – 685.700
Guiné Eq. – 28.051 Gabão – 6.4 Libéria – 3.100
S. Tomé – 964 Namíbia – 2.7 S. Tomé - 586

População Esperança de Vida PIB p/ capita (US$)


Nigéria – 177.500.000 S. Tomé – 66 Guiné Eq. – 17.660
RDC – 74.900.000 Namíbia – 65 Gabão – 17.200
Guiné Eq. – 821.000 Angola – 52 Libéria – 700
S. Tomé – 186.000 Costa Marfim – 50 RDC – 650

Crescimento anual Literacia Crescimento anual


Angola – 3.3 % Guiné Eq. – 95.3 % Costa Marfim – 8.6 %
RDC – 3.2 % África Sul – 94 % RDC – 7.7 %
S. Tomé – 2.1 % Costa Marfim – 73 % Libéria – 0.8 %
África Sul – 1.6 % Chade – 40.2 % Guiné Eq. – -12.2 %
AMEAÇAS
• Pesca Ilegal
• em local errado, usando ferramentas proibidas, em época
não autorizada ou não cumprindo as regras
• Tráficos
• de pessoas, de drogas, de diamantes e de armas
• Pirataria
• Terrorismo
• Bunkering
• Despejo de Resíduos
• tóxicos e nucleares
• Interesses dos Grandes
• Possíveis Conflitos
VULNERABILIDADES
• Falta de Visão Marítima
• Falta de Vontade Política
• Recolha, Partilha e Gestão da Informação
• Legislação Inaplicável e Desactualizada
• Insuficiente Capacidade de Protecção Marítima
• Insegurança e Ineficiência Logística
• Agendas Externas
Situação de Angola

Costa marítima:
864 mi = 1.600 kms
Águas Territoriais:
10.367 mi2
Zona Económica Exclusiva:
172.786 mi2
Constituição da República de Angola
Artigo 3º (Soberania)

“2. O Estado exerce a sua soberania sobre a totalidade do território angolano


compreendendo este [...] o mar territorial, bem como [...] o fundo marinho e
os leitos correspondentes.

3. O Estado exerce jurisdição e direitos de soberania em matéria de


conservação, exploração e aproveitamento dos recursos naturais, biológicos
e não biológicos, na zona contígua, na zona económica exclusiva e na
plataforma continental, nos termos da lei e do direito internacional.”
Blocos Petrolíferos
Meios da M.G.P.A.
1ª Fase
4 LFG – 210 tons, 20 nós, 2 peças de 40 mm
10 LFP – 40 tons, 14 nós, 2 metralhadoras 20 mm
2 LDG – 480 tons, 10 nós, 2 metralhadoras 20 mm
4 LDM – 60 tons, 9 nós, 2 metralhadoras 7.62 mm
5 LDP – 18 tons, 10 nós, 2 metralhadoras 7.62 mm

2ª Fase
3 NDM – 805 tons, 19 nós, 2 peças AK 230
4 Lanchas torpedeiras – 129 tons, 46 nós, 2 torpedos 533 mm
6 Lanchas Porta-mísseis – 192 tons, 42 nós, 4 mísseis SS
A Importância da M.G.P.A.
Tendo Angola “uma faixa costeira bastante ampla [...] é utópico pensar-se
que podemos estar descansados em terra quando se tem o mar
desguarnecido [para além] da existência de petróleo no mar, assim como a
fauna marítima e a posição geográfica das nossas províncias [...] como
Cabinda e a navegabilidade do rio Zaire [...] são algumas das razões que
definem a necessidade inequívoca da defesa das nossas águas territoriais.”
Comandante Avelino Soares da Silva, 10 Julho 1976

“Para proteger o nosso território nacional esta Marinha é necessária [para]


protecção das nossas águas territoriais, onde até agora têm vindo piratear
muitos navios estrangeiros, que fazem a pesca [...]. É um facto que
devemos neutralizar, devemos evitar no futuro [...] aqueles que querem de
qualquer maneira roubar o que existe no nosso País, ou que pretenderão
talvez, através dos mares, atacar o nosso País.”
Presidente Agostinho Neto, 10 Julho 1976
Estratégia Angola - 2025
Opções estratégicas para o posicionamento do País:
“em torno do Golfo da Guiné, de modo a consolidar a presença angolana na
região [...] tomando iniciativas políticas para assegurar a segurança e a
estabilidade política regional, ou afirmando-se como plataforma de
articulação entre a SADC, a CEEAC e a região do Golfo da Guiné” e “reforçar
a posição geoestratégica de Angola na região e no mundo.”
Medidas para o Sector Marítimo-Portuário:
“Assegurar a construção de terminais marítimos [...] criar condições de
protecção e segurança do ambiente marítimo [...] desenvolver a hidrografia
[...] promover a reposição do transporte marítimo internacional de bandeira
[e] melhorar a segurança e a navegação marítima.”
Medidas para o Sector das Pescas:
“Reabilitar o porto pesqueiro da Boavista [...] construir o terminal pesqueiro
do Buraco [...] construir oficinas de apoio à doca flutuante e reabilitar a
ponte do Cais de Carvão.”
Estratégia Angola – 2025 (cont.)
Potencialidades:
Do Sector de Transportes:
“Relançamento do sector marítimo nacional para o transporte marítimo
internacional e nacional (cabotagem e fluvial)”
Do Sector das Pescas:
“A orla marítima extensa [...] o desenvolvimento da aquacultura [...] e o
desenvolvimento da indústria do processamento do pescado.”
Do Sector dos Petróleos:
“As grandes reservas de recursos petrolíferos por explorar e descoberta de
novos campos de produção, incluindo o pré-sal ”

Despacho 04/01 do Comandante-em-Chefe das FAA


“A adaptação das estruturas da Marinha de uma flexibilidade e rapidez de
ajustamento de tempo de paz à situação de guerra.”
ANGOLA
Realidade e Constrangimentos
Considerando as ameaças e vulnerabilidades definidas, e perante o
cenário inicial, as opções estratégicas, as medidas políticas, as
potencialidades e a directiva do Comandante-em-Chefe, estará a
Marinha de Guerra em condições de garantir o verdadeiro Poder Naval
para Angola?

Em caso de conflito, Angola está longe de ter o poder naval mínimo


para garantir o controlo das suas águas costeiras e muito menos as
oceânicas em caso de conflito.

Como resolver esta grave situação?


Como Atingir um Verdadeiro Poder Naval
Objectivos:
- Existência de uma única entidade fiscalizadora – a MGA
- Recolha, partilha e gestão da informação sobre as actividades
marítimas
- Cooperação com outros países na criação e actualização da
legislação
- Melhorar as condições existentes na manutenção e reparação naval
- Manter o patrulhamento e a fiscalização em regime de permanência
- Recriar a capacidade anfíbia
- Criar a capacidade de luta contra a mina marítima
- Criação e preparação da capacidade da MGA para operar a grandes
distâncias das suas bases
CONCLUSÕES

Atingidos estes objectivos, Angola poderá


orgulhar-se do seu Poder Naval o que lhe dará
uma enorme capacidade de dissuasão e de
resposta aos desafios que lhe serão lançados
e garantindo assim a sua soberania.
A TODOS MUITO
OBRIGADO!

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