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David Hume – vida e obra

David Hume – vida e obra

Cronologia básica

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador precoce

• Sentindo aversão por tudo exceto pela


filosofia e por aprender em geral,
abandona os estudos de Direito.
• Tenta, sem sucesso, a vida de comerciante.
Retira-se em França (Reims). Entre 1734-
37 compõe um volumoso Tratado sobre a
Natureza Humana, maioritariamente em
La Flèche, onde estudara Descartes.
• Regressa a Londres (1737) e publica o
Tratado em 3 volumes entre 1738-40.
• O Tratado contém já o essencial do seu
pensamento, que obras posteriores
explicitarão melhor.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Principais obras de D. Hume

Principais obras filosóficas Obras não filosóficas


• 1739-40: Tratado da Natureza • 1741: Ensaios, Moral e Política
Humana • 1752: Discursos Políticos
• 1748: Investigação sobre o • 1754-62: História da Inglaterra (6
Entendimento Humano volumes)
• 1751: Investigação sobre os • 1757: História Natural da Religião
Princípios da Moral
• 1779: Diálogos sobre a Religião
Natural [obra póstuma]

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador iluminista
• A senda mais suave e mais inócua da vida passa pelos caminhos da
ciência e do saber; e quem quer que consiga remover todos os
obstáculos deste rumo ou abrir outras perspetivas deve ser
considerado como um benfeitor da humanidade.
• A obscuridade é, sem dúvida, dolorosa para a mente como o é para
os olhos; mas trazer luz da obscuridade, seja por que trabalho for,
deve forçosamente ser agradável e jubiloso.
• O único método de libertar imediatamente o saber das questões
abstrusas é investigar com seriedade a natureza do entendimento
humano.
• A argumentação rigorosa e justa é o único remédio universal,
adequado a todas as pessoas e a todas as disposições.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

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David Hume – vida e obra

Empirismo consistente

Empiristas, mas racionalistas Empirismo anti-racionalista


• John Locke • David Hume
– Empirista: a origem das ideias está – O seu projeto consiste em
na perceção e introspeção. conceber uma ciência da
– Racionalista: o tribunal da Razão natureza humana, baseada na
decide sobre crenças e juízos. experiência e observação, como
fundamento das outras ciências.
• George Berkeley
– Empirismo metafísico: coisas
– Todo o conteúdo da nossa mente
sensíveis não têm existência provém de perceções (que
independente da mente. incluem impressões e ideias).
– Rejeita a noção de substância – O seu empirismo é uma antítese
material de Locke. do racionalismo continental, sem
– Utiliza o empirismo ao serviço de compromisso algum como
uma metafísica espiritualista: as sucede em Locke ou Berkeley.
coisas são ideias que existem na
mente ou espírito.

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David Hume – vida e obra

Ceticismo consequente
• Distingue dois tipos de ceticismo:
– Ceticismo antecedente: a dúvida metódica de Descartes que é radical,
universal e anterior a qualquer investigação ou filosofia.
• Atinge tanto as crenças e opiniões adquiridas desde criança como as
faculdades capazes de atingir a verdade.
– Ceticismo consequente: o “ceticismo consequente com a ciência e a
investigação” resulta da descoberta e reconhecimento das limitações
da nossa mente e do nosso conhecimento.
• Divide-se em:
– Ceticismo acerca dos sentidos;
– Ceticismo acerca da Razão.

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David Hume – vida e obra

Um pensador antimetafísica
• O único método de libertar imediatamente o saber das
questões abstrusas é investigar com seriedade a natureza do
entendimento humano e mostrar, por meio de uma análise
exata dos seus poderes e da sua capacidade, que de nenhum
modo ele serve para assuntos tão vagos e abstrusos.
• Devemos sujeitar-nos a esta fadiga para, depois, vivermos
sempre em sossego; e devemos cultivar a verdadeira
metafísica com algum cuidado, a fim de destruirmos a falsa e
adulterada.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

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David Hume – vida e obra

Ceticismo multiplamente corrosivo

INDUÇÃO

CAUSALIDADE EU

MORAL E
CONHECIMENTO METAFÍSICA RELIGIÃO

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David Hume – vida e obra

Dissolver a Metafísica em 5 passos

CONHE- CAUSA- INDUÇÃO EU MORAL


CIMENTO LIDADE • Não garante as • O “Eu” como • As distinções
• Todas as • Pensar da conclusões a identidade morais não
inferências a causa para o partir da permanente derivam da
partir da efeito não experiência: não existe: Razão, nem
experiência são deriva da não é processo somos apenas como questão
um efeito do Razão. Tem de raciocínio e cenário ou feixe de facto nem
hábito, não do origem no é impossível conexo de como relação
raciocínio. hábito e provar a perceções. entre ideias.
experiência. semelhança do • A Moral tem a
passado com o sua base no
futuro. sentimento.

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David Hume – vida e obra

“ Ora, para me expressar em linguagem


filosófica, todas as nossas ideias, ou perceções
mais fracas, são cópia das nossas impressões
ou perceções mais intensas.


David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção II, n. 13

CONHECIMENTO
Todas as inferências a partir da experiência são um efeito do
hábito, não do raciocínio.

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David Hume – vida e obra

“ A mente é levada pelo hábito, em consequência do


aparecimento de um evento, a esperar o seu
concomitante usual e a crer que ele virá a existir. (…)
Esta conexão que sentimos na mente é o sentimento
ou impressão a partir do qual formamos a ideia de


poder ou conexão necessária.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção VII, n. 59

CAUSALIDADE
Pensar da causa para o efeito não deriva da Razão. Tem origem no hábito e
experiência.

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David Hume – vida e obra

“ É impossível, pois, que quaisquer argumentos


da experiência possam provar a semelhança
do passado com o futuro, visto que todos os
argumentos se baseiam na suposição desta
semelhança.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção IV, n. 32

INDUÇÃO
Não garante as conclusões a partir da experiência: não é processo de raciocínio e
é impossível provar a semelhança do passado com o futuro.

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David Hume – vida e obra

“ O que eu quero dizer do resto da humanidade


é que não passam de um feixe ou conjunto de
diferentes perceções, seguindo-se umas a
outras muito rapidamente, num fluxo e


movimento perpétuo.
David Hume, Tratado da Natureza Humana, Parte IV, Secção 6

EU
O “Eu” como identidade permanente não existe: somos apenas cenário
ou feixe conexo de perceções.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

“ A mente do homem é de tal modo formada pela


natureza que, com o aparecimento de certas maneiras
de ser, disposições e ações, experimenta
imediatamente o sentimento de aprovação ou censura
(…) sobretudo as que contribuem para a paz e
segurança da sociedade humana.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção VIII, n. 80

MORAL
As distinções morais não derivam da Razão, nem como questão de facto
nem como relação entre ideias. A Moral tem a sua base no sentimento.

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra
Um filósofo reformador

• E embora um filósofo possa viver afastado dos negócios, o


génio da filosofia, se for cuidadosamente cultivado por vários,
deve difundir-se gradualmente por toda a sociedade e
conferir uma similar correção a toda a arte e ofício. O político
adquirirá uma maior previsão e subtileza na divisão e
equilíbrio do poder; o advogado mais método e princípios
apurados nas suas argumentações; e o general, maior
regularidade na sua disciplina e mais cautela nos seus planos
e operações.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção I

Teorias explicativas do conhecimento


David Hume – vida e obra

Um pensador atual e inspirador


“The most important philosopher ever to write in English”
Stanford Encyclopedia of Philosophy

Kant: “Hume
Filosofia
da Religião
Crítica acordou-me do sono
dogmático”

Filosofia
Filosofia
Karl Popper da Moral
Ciência

Filosofia Filosofia Wittgenstein


da da Neopositivismo
causação Mente Filosofia Analítica

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