MINISTRANTE Prof. Dr. Mário Lourenço MIKHAIL BAKHTIN
Mikhail Bakhtin (Volochinov)
Marxismo e filosofia da linguagem MIKHAIL BAKHTIN
M Bakhtin nasceu em 1895, em Oriol
(Rússia) Graduou-se em História e Filologia
Pertencia a um pequeno ciclo de
intelectuais e artistas em Vitebsk, cidade em que se instalou a partir de 1920. MIKHAIL BAKHTIN
Dentre os participantes deste ciclo
estavam Volochinov (professor de música) e Medviédiev (empregado de uma casa editora). O grupo ficou conhecido por “Círculo de Bakhtin” Mudou-se para Petrogrado em 1923, por motivo de doença. Aqueles dois discípulos seguiram com ele. MIKHAIL BAKHTIN
Em 1929 publica “Marxismo e filosofia da
linguagem” assinado por Volochinov.
Motivos: Bakhtin não teria acatado
mudanças propostas pelo editor; modéstia do próprio Bakhtin. Teria afirmado que um pensamento inovador, para se manter não teria necessidade de assinatura. MIKHAIL BAKHTIN
Defende sua tese sobre Rabelais
em 1946. Se aposentou da docência em 1961. Só a partir de 1963 passa a gozar de uma certa notoriedade. Morreu em Moscou em 1975. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
O livro filia-se a uma concepção
marxista do mundo (materialismo dialético). O título, no entanto, não revela toda a riqueza do conteúdo da obra. “trata-se, principalmente, de um livro sobre as relações entre linguagem e sociedade, colocado sob o signo da dialética do signo, enquanto efeito das estruturas sociais.” (p. 13) MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Questões que são o fio condutor da obra:
sendo o signo de natureza social em que medida a linguagem determina a consciência, a atividade mental? em que medida a ideologia determina a linguagem? MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Questão posta pela filosofia marxista
em relação à língua: “a língua é uma superestrutura?” Critica Saussure identificando-o como o maior representante do “objetivismo abstrato” e critica também os excessos do “estruturalismo nascente”. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Defende, como o fazia Saussure, que “a
língua é um fato social” cuja existência se funda nas necessidades de comunicação.
Mas Saussure faz da língua “um objeto
abstrato ideal” e a esta se consagra como “sistema sincrônico homogêneo” rejeitando suas manifestações individuais: a fala. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Para Bakhtin o mais importante é a
“fala” a “enunciação” afirmando a sua natureza social, não individual: “a fala está indissoluvelmente ligada às condições da comunicação, que, por sua vez, estão sempre ligadas às estruturas sociais.” (p.14). MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
“a palavra é a arena onde se confrontam
os valores sociais contraditórios; os conflitos da língua refletem os conflitos de classe no interior mesmo do sistema [...]” (p. 14). A comunicação verbal (assim como outras formas de comunicação) implica conflitos, relações de dominação e de resistência. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Bakhtin se interessa pelos conflitos no
interior de um mesmo sistema.
Todo signo linguístico é ideológico; a
ideologia é um reflexo das estruturas sociais; assim, toda modificação da ideologia encadeia uma modificação da língua. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
“A evolução da língua obedece a uma
dinâmica positivamente conotada, ao contrário do que afirma a concepção saussuriana. A variação é inerente à língua e reflete variações sociais”. Obedece não apenas a leis internas, mas sobretudo a leis externas, de natureza social. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Contrapõe o “signo dialético, vivo” ao
“sinal” inerte da análise da língua como sistema “sincrônico abstrato”. Se contrapõe à dicotomia saussuriana língua/fala, sincronia/diacronia. O próprio locutor-ouvinte percebe a língua não como um sistema estável e abstrato de sinais constantemente iguais a si mesmos. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
“A forma linguística é sempre
percebida como um signo mutável. A entonação expressiva, a modalidade apreciativa sem a qual não haveria enunciação, o conteúdo ideológico, o relacionamento com uma situação social determinada, afetam a significação.” (p.15). MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Bakhtin faz uma critica a noção de corpus
presente na linguística saussuriana, por tratar-se de uma prática reducionista que tende a “reificar” a linguagem. “Toda enunciação, fazendo parte de um processo de comunicação ininterrupto, é um elemento do diálogo, no sentido amplo do termo, englobando as produções escritas. O corpus transforma as enunciações em monólogos.” MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
O “signo” não deve ser reduzido a um
“sinal” como o faz o descritivismo abstrato. A enunciação, par Bakhtin, é a unidade de base da língua; é de natureza social, portanto, ideológica; ela não existe fora de um contexto social. O locutor pensa e se expressa para um auditório social bem definido. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Bakhtin entende que não se pode tratar
esquematicamente a língua como superestrutura, como queria Nicolau Marr (o marrismo, conhecido como sociologismo vulgar). “a palavra veicula de maneira privilegiada, a ideologia; a ideologia é uma superestrutura, as transformações sociais da base refletem-se na ideologia e, portanto, na língua que as veicula.” (p. 17)