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O COMPLEXO DA LINGUAGEM.

Livro - Para a ontologia do ser social. (LUKÁCS)

Capitulo: A reprodução.

Coletivo veredas – paginas 155 a 182.

Boitempo – paginas 201 a 229.

Expositores: Eveline e Expedito.


“O ser social apenas é existente em sua ininterrupta reprodução;
sua substância enquanto ser é por essência uma substância que
interruptamente se altera; ela existe justamente em que a
transformação que jamais cessa na reprodução produz
renovadamente, de modo quantitativo e qualitativamente
sempre mais intenso, os traços especificamente substanciais do
ser social” (LUKÁCS, 2018 p. 155)

REPRODUÇÃO DO SER (BIOLÓGICA)

PROCESSO DE REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO DA TOTALIDADE (SOCIEDADE)


“Em oposição, o ser social exibe como estrutura fundamental a
polarização entre dois complexos dinâmicos que se põem e se
superam no processo de reprodução sempre renovado: o ser
humano singular e a própria sociedade”. (LUKÁCS, 2018 p. 157)

HOMEM SINGULAR

PROCESSO DE REPRODUÇÃO

TOTALIDADE SOCIAL
TRANSFORMAÇÃO BIOLÓGICA: Espontânea, involuntária e
adaptativa;

TRANSFORMAÇÃO SER SOCIAL: Práxis social própria, consciente,


intencional, socialmente regulada.

Lukács ressalta a importância do final da Era do gelo para o


desenvolvimento da agricultura e o afastamento das barreiras
naturais;

Relembra que a relação HOMEM x NATUREZA torna-se mediada


pela sociedade, pelo SOCIAL;
“Uma posição teleológica sempre produz novas, até delas surgir
totalidades complexas que proporcionam a mediação sempre
mais abrangente, sempre mais exclusivamente social, entre ser
humano e natureza”. (LUKÁCS, 2018 p. 159)
Lukács toca novamente na REPRODUÇÃO BIOLÓGICA e na
REPRODUÇÃO SOCIAL para apontar a MUDEZ;

“A mudança ontológica real, do em-si mudo da generidade da natureza


orgânica, no para-si não mais mudo no ser social é algo mais amplo,
mais extenso do que a nua oposição psicológica ou gnosiológica de
consciente e não consciente”. (LUKÁCS, 2018 p. 160)

Com o ato do trabalho o homem perde a sua mudez deixando de ser


apenas biológico tornando-se social, o trabalho funda no homem a
consciência e a linguagem. (FEITOSA, 2019)

*SER-EM-SI
*SER-PARA-SI DO GÊNERO – “significa que o gênero humano, ao se
desenvolver, desenvolve também sua autoconsciência. Sem a fixação
pela consciência dos resultados obtidos a cada momento pelo
desenvolvimento da humanidade, esse sequer poderia ser imaginado”.
CONCIÊNCIA
“Na continuidade do processo, portanto, a consciência deve se
desenvolver continuamente, deve manter em si o já alcançado como
base para o que vem, como trampolim para o mais elevado; deve
sempre elevar o patamar alcançado à consciência de um modo que, ao
mesmo tempo fique aberta — de acordo com a possibilidade —, que
não obstrua a continuidade do percurso ao futuro”. (LUKÁCS, 2018 p.
162)

*CONSCIÊNCIA/LINGUAGEM – ELO/PONTE – PARTICULAR/SINGULAR –


UNIVERSAL/SOCIAL/GENÉRICO;

*CONSCIÊNCIA/LINGUAGEM - ELO/PONTE - PRESENTE/PASSADO/FUTURO;

*O COMPLEXO DE COMPLEXOS = SER SOCIAL – Segundo Lukács é


muito mais que uma mera totalidade: é uma universalidade
potencialmente capaz de conscientemente dirigir sua historia.
*TOTALIDADE SOCIAL – é a mediação eliminável entre o momento
predominante exercido pelo trabalho e a historia de cada um dos
complexos.

Segundo Lukács a função da consciência é mediar as necessidades


orgânicas (biológicas) e os meios para sua satisfação.

LINGUAGEM
Lukács fala da necessidade de percorrer too esse caminho (parágrafos)
para se chegar ao complexo da linguagem.

[...] a linguagem como órgão e medium da continuidade do ser social.


(LUKÁCS, 2018 p. 166)

*Linguagem no reino animal – “Se, agora, considerarmos os alegados


primeiros sinais de uma linguagem no reino animal, não há dúvida de que
existem nos animais superiores comunicações até mesmo bastante
exatas”. (LUKÁCS, 2018 p.166)
*SINAIS VISUAIS E SINAIS AUDITIVOS
Lukács ressalta o uso de sinais para comunicação tanto no ser social
quanto no reino animal.

[...] tanto nos dos seres humanos quando nos dos animais — trata-se de
que um determinado sinal inconfundível prescreve a necessidade
incondicional de um determinado reagir a eles. A reação deve, sem
embargo, ser automaticamente incondicional. (LUKÁCS, 2018 p. 167)

*SINAL REINO ANIMAL – Necessidade biológica, espontânea – não gera


sinais particularizados;
*SINAL SER SOCIAL – Surge sinais particulares (específicos) – sinais de
transito;
*USO DO SINAIS- situações frequentes (usuais/cotidianas), sempre
singular (ação direta/não dúbia), reação bem determinada (resposta
exata);

“Entre sinal e palavra há, portanto, um abismo que apenas pode ser
eliminado através de um salto; entre ambos não existe quaisquer
objetivações de comunicação mediadoras, franqueadoras. O sinal
pressupõe um mundo conhecido, senão absolutamente não poderia ser o
fio condutor da ação”. (LUKÁCS, 2018 p. 168)
O PAPEL DA LINGUAGEM
E, então, é claro que apenas na linguagem emerge, em sentido
subjetivo, um órgão, no objetivo, um medium, com cuja ajuda a
reprodução pode se consumar em circunstâncias tão
radicalmente alteráveis: uma conservação da continuidade do
gênero no interior de uma transformação ininterrupta de todos
os momentos subjetivos bem como objetivos da reprodução.
(LUKÁCS, 2018 p. 168-169)

Segundo Lima (2009), a linguagem tem o papel de realizar a


abstração da atividade imediata, fixar o conhecimento
produzido e funcionar como veiculo para transição.

O processo educativo somente é possível tendo a linguagem


como medium. (PRESEVAR/APERFEIÇOAR/FIXAR/CONSERVAR).
“Engels liga corretamente o surgimento da linguagem ao do
trabalho e constata igualmente corretamente, que ela tem de
surgir quando os seres humanos têm algo dizer um ao outro”.
(LUKÁCS, 2018 p. 169)

A linguagem tende a universalizar o objeto através da palavras


(nomeação).

[...] por muito que o interesse imediato da consciência humana


seja determinado por objetos singulares, seja orientado para
eles, é operante na linguagem, desde o início, uma intenção
objetiva para com a legalidade do objeto (Subjekts), para com a
objetividade do objeto por ela designado. Não se esqueça de
que a palavra mais simples, mais cotidiana, sempre expressa a
generalidade do objeto, o gênero, o tipo, não o exemplar
singular; (LUKÁCS, 2018 p. 170)
OBS: Lukács usa as paginas (217-219 – Boitempo) (Veredas 171-172)
para fazer uma discursão sobre TEORIA/PRÁXIS;

• Linguagem (elo/medium) posições teleológicas primárias (relação


Homem X Natureza);

• Linguagem (elo/medium) posições teleológicas secundárias (relação


Homem X Homem/Consciência);

• Linguagem – Ciências: Podemos apenas, por um lado, constatar que


a inequivocabilidade — sempre apenas alcançável relativamente —
das palavras usadas cientificamente é uma questão vital para o
operar e a existência das ciências, contudo que, por outo lado,
eliminar completamente a ambiguidade da linguagem levaria a uma
renúncia sobretudo da comunicação linguística, da existência da
linguagem como linguagem. (LUKÁCS, 2018 p. 174)
*LINGUAGEM (elo/medium) SINGULAR – PARTICULAR – UNIVERSAL;
A contraditoriedade de ambas as direções origina-se a partir do ser social dos seres
humanos. O movimento em sua contraditoriedade torna-se, através disso, a base
da peculiaridade, da inexauarível fertilidade da linguagem. (LUKÁCS, 2018 p. 175)

*LINGUAGEM- CONTINUIDADE – REPRODUÇÃO SOCIAL.

*LINGUAGEM – UNIDADE CONTRADITÓRIA DO PRESERVAR E DO SEGUIR


ADIANTE.

POR QUE A LINGUAGEM É UM COMPLEXO?


[...] a linguagem tem de constituir um complexo — relativamente —
fechado em si. Apenas porque não apenas pode remodelar a
conscienciosidade movente e progressiva do processo de reprodução
social como um todo em portador da relação viva entre os seres humanos,
mas também recolhe em si todas as manifestações vitais dos seres
humanos e lhes confere uma forma capaz de comunicação, portanto
apenas porque constitui um complexo tão total que a tudo abarca,
estabelecido e sempre móvel, tal como a própria realidade social que ela
reflete e faz comunicável, é a linguagem capaz de satisfazer essa
necessidade social. Por fim, portanto, porque ela constitui um complexo
tão total e dinâmico como a própria realidade por ela representada.
(LUKÁCS, 2018 p. 176)
SUPERAÇÃO DA MUDEZ.
A superação da mudez do gênero só pode caminhar por si se a
consciência cessa de ser um epifenômeno do ser biológico, se se
envolve ativamente na formação do tipo de essência particular
do ser social. [...] A linguagem é o órgão dado para uma tal
reprodução da continuidade no ser social. (LUKÁCS, 2018 p. 176)

LINGUAGEM ORAL/ESCRITA.
Ela já o é mesmo quando apenas funciona como linguagem
falada e provê o suporte da continuidade na tradição oral.
Segue-se de sua essência, todavia — nisto é ela um modo de
manifestação autenticamente nascido no ser social -— que essa
fixação da realização se aperfeiçoa por uma sua própria fixação
na linguagem escrita. (LUKÁCS, 2018 p. 176)
*A linguagem é um autentico complexo social dinâmico.

*LINGUAGEM – REPRODUÇÃO ESSENCIALMENTE ESPONTÂNEA;

*LINGUAGEM ÓRGÃO DA CONSCIÊNCIA;


[...] a linguagem seja um complexo que existe e se reproduz
autonomamente, mas simultaneamente também possua
universalidade e ubiquidade sociais, na medida em que não há
um único complexo no ser social que possa existir e se
aperfeiçoar sem a função mediadora da linguagem. (LIKÁCS,
2018 p.180)
SÍNTESE DO COMPLEXO DA LINGUAGEM

CARÁTER UNIVERSAL - A linguagem como complexo dentro do


complexo: o ser social possui, como mostra a totalidade
(Gesamtheit) das nossas linhas de npensamento, primeiro, um
caráter universal, que se expressa em que, para cada esfera,
para cada complexo do ser social, tem de ser órgão e medium da
continuidade do desenvolvimento, do preservar e do
ultrapassar. (LUKÁCS, 2018 p. 181)

A LINGUAGEM É MEDIADORA (medium) – [...] a linguagem


medeia tanto o metabolismo da sociedade com a natureza como
o puro intercâmbio intrassocial dos seres humanos, enquanto
numerosos outros complexos têm sua base de operação em
apenas uma dessas esferas; mesmo uma forma de atividade tão
universal quanto a do trabalho relaciona-se, em sentido próprio,
ao metabolismo com a natureza. (LUKÁCS, 2018 p. 181)
REPRODUÇÃO DA LINGAUGEM – NATUREZA
PREDOMINANTEMENTE ESPONTÂNEA – [...] o processo de
reprodução da linguagem, como já visto, é de natureza
preponderantemente espontânea, i.e., se consuma sem que a
divisão social do trabalho separe de si um certo grupo humano
cuja existência social se ocupa do funcionar e reproduzir dessa
esfera, cuja posição na divisão social do trabalho experimenta
uma certa institucionalização. (LUKÁCS, 2018 p. 181-182)

Assim, a reprodução da linguagem, em oposição aos outros


complexos sociais, não tem nenhum grupo humano particular
como portador, está toda a sociedade, na qual cada um de seus
membros — não importa se desejado ou sabido — coinfluência
através de seu comportamento na vida, o destino da linguagem.
(LUKÁCS, 2018 p.182)

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