Pierre Bourdieu

Sociologia para Educadores

Maria de Lourdes Tura
Anos 60
• Nos anos 60 surge na França um teórico que
contribuiu muito para os estudos da sociologia
da educação.

• Seguindo a perspectiva crítica da sociedade,

Bourdieu traz para a discussão sobre o papel da
educação na sociedade a ideia de reprodução
cultural.
• Bourdieu não discutiu apenas a educação.
Sociólogo de formação, trabalhou com diversos
temas de estudo como arte, ciência, religião, etc.

• Porém, foi a partir de seus estudos sobre

educação que ele se tornou mais conhecido.
A sociologia da Educação
• Para Bourdieu “A sociologia da educação
configura seu objeto particular quando se
constitui como ciência das relações entre a
produção cultural e a reprodução social, ou seja,
no momento em que se esforça por estabelecer a
contribuição que o sistema de ensino oferece
com vistas à reprodução da estrutura das
relações de força e das relações simbólicas entre
as classes” (BOURDIEU, 1987a, p.295).
• O autor trouxe o foco de sua análise para o
poder simbólico na sociedade e reforçou a ideia
de um desenraizamento do universo familiar e a
familarização com o universo estrangeiro.

• Isto é: em uma sociedade marcada pela

desigualdade social, o meio cultural em que o
indivíduo de classe trabalhadora vive, sua
história de vida e sua experiência familiar não
são valorizados pela escola e pela sociedade.
Trânsfugas
• São aqueles que vêm de origem humilde e
conseguem chegar ao meio universitário. Esses
vivenciam a solidão, o mal estar pelo
deslocamento e, em muitos casos, a vergonha de
suas origens.
Influências no pensamento de
Bourdieu
• Bourdieu combinou em sua teoria o pensamento
de Marx, Weber e Durkheim.
• Sempre valorizou a discussão teórica com base
nos estudos empíricos (de campo) e fez
inúmeros estudos fora da França (morou na
Argélia e passou por outros países da África).
Estruturalismo Construtivista

Esquemas de percepção,
pensamento e ação
(Habitus)

Estruturas
sociais (campos
e grupos); Cultura
classes sociais
A obra do autor no Brasil
• Os textos de Bourdieu começaram a ser
publicados em português nos anos 60, mas a sua
obra não teve grande repercussão antes dos anos
80.
• Nos anos 80 o autor sofre resistência de muitos
pesquisadores brasileiros, principalmente, por
causa de sua obra “A Reprodução”. Nesta época
estava-se discutindo a educação como ato
político e a obra foi entendida com a dicotomia
Reprodução x transformação.
• Nos anos 90, a dicotomia era: Reprodução x
resistência.
• “Bourdieu passa a ser considerado um autor que
se reconhece crítico, porém politicamente
desmobilizador: sua teoria, se possibilita
instrumentos para a crítica da função
desempenhada pela escola na sociedade
capitalista, não fornece armas para a ação”
(Tura, p.137).
O Livro “A Reprodução”
• Durante anos a obra de Bourdieu foi criticada
como conformista e imobilista pois muitos
autores viam nas palavras de Bourdieu a
ausência de alternativas à violência simbólica.

• A oposição se dá, principalmente, ao livro “A

Reprodução” de Bourdieu e Passeron. Uma das
primeiras obras do autor e reconhecida por ele
como uma das mais limitadas.
A recepção da obra de Bourdieu no
Brasil
• Não se pode negar que a obra de Bourdieu não
atende às expectativas dos defensores da escola
libertadora, com forte conotação política.

• A proposta na época era a transformação social

com base nos ideais Marxistas (Bourdieu era
tido como um teórico que ignorava a
contradição).
Não elaborou grandes teorias
• “ Num espaço de produção simbólica como o campo
educacional brasileiro, em que é forte a valorização
das grandes teorias e dos grandes objetos, das
sínteses decisivas da história e da vida econômico-
social, e no qual o trabalho empírico foi, sobretudo
no período aqui estudado, bastante desvalorizado
pela suspeição de positivismo, a sociologia de
Bourdieu esteve, durante certo tempo, condenada a
ocupar lugar um tanto marginal no espaço das
produções”(TURA, p. 143).
• Nos anos 80 e 90 a obra de Bourdieu começa a
ser lida por outros pesquisadores. Esta
diminuição da crítica só é possível quando há
maior pluralidade de pesquisas sociológicas.

• Tais mudanças ocorrem quando os

pesquisadores da educação deixam de procurar
nas obras do autor “apenas propostas de
transformação social via educação”.