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Migrações negras

após a Abolição
Tornando-se
da Escravidão
Livre
“Boa Esperança” – Emicida
Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão!
Bomba relógio prestes a estourar
O tempero do mar foi lágrima de preto
Papo reto como esqueletos de outro Depressão no convés
dialeto Há quanto tempo nóiz se fode e tem
Só desafeto, vida de inseto, imundo que rir depois
Indenização? Fama de vagabundo Pique Jack-ass, mistério tipo lago Ness
Nação sem teto, Angola, Keto, Congo, Sério és, tema da faculdade em que
Soweto não pode por os pés
A cor de Eto'o, maioria nos gueto Vocês sabem, eu sei
Monstro sequestro, capta-tês, rapta Que até Bin Laden é made in USA
Violência se adapta, um dia ela volta Tempo doido onde a KKK, veste Obey
pu cêis (é quente memo)
Tipo campos de concentração, prantos Pode olhar num falei?
em vão
Quis vida digna, estigma, indignação
O trabalho liberta (ou não)
Com essa frase quase que os nazi,
varre os Judeu, extinção
Aê, nessa equação, chata, polícia mata, Que eu faço igual burkina faso
plow! Nóiz quer ser dono do circo
Médico salva? Não! Cansamos da vida de palhaço
Por quê? Cor de ladrão É tipo Moisés e os Hebreus, pés no
Desacato, invenção, maldosa intenção breu
Cabulosa inversão, jornal distorção Onde o inimigo é quem decide quando
Meu sangue na mão dos radical cristão ofendeu
Transcendental questão, não choca ('Cê é loco meu!)
opinião No veneno igual água e sódio (vai, vai,
Silêncio e cara no chão, conhece? vai)
Perseguição se esquece? Tanta Vai vendo sem custódio
agressão enlouquece Aguarde cenas no próximo episódio
Vence o Datena com luto e audiência Cês diz que nosso pau é grande
Cura, baixa escolaridade com auto de Espera até ver nosso ódio
resistência
Pois na era Cyber, cêis vai ler
Os livro que roubou nosso passado
igual alzheimer, e vai ver
13 de maio de
1888: Lei Áurea
“A liberdade para
muitos escravos era
sobretudo, o direito
de ir e vir” (SILVA,
2007)

Ao lado, escravos em Cafezal do Rio de Janeiro (1882)


“O que une libertos no Paraná e descendentes de libertos em São Paulo
foi a estratégia de migração como possibilidade de evitar tentativas
senhoriais de manutenção da situação sócio-racial e a escolha de um
novo meio sócio-geográfico para recomeçar a vida. Migrando para
lugares próximos ou nem tanto, eles iam atrás de respeito, trabalho,
enfim, obter condições mínimas de sobrevivência frente a uma
sociedade que os via como responsáveis pelo atraso do país. Em ambos
estados os libertos se viram frente a uma concorrência que se ampliou
durante as duas primeiras décadas com a entrada de imigrantes que se
tornaram mão-de-obra preferencial e dificultou sobremaneira a
inserção social de libertos e afro-descendentes.” (SILVA, 2007)
E agora, pra onde ir?
“muitos negros foram vistos a percorrer as estradas e a perambular
sem destino pelas ruas das cidades. Outros, temerosos de se arriscar a
uma vida livre, para a qual não se sentiam capacitados depois de
longos anos de cativeiro, deixavam-se ficar nas fazendas onde sempre
tinham vivido. A liberdade chegava tarde demais e a perspectiva que o
futuro apresentava era de uma velhice desamparada”. (COSTA, 1997)
“Mas antes mesmo da vinda destas ondas migratórias, a cidade [Rio de
Janeiro] já era vista como um ponto de convergência da população
negra, observada pelos viajantes como Debret, Luccock, Rugendas,
Maria Graham. Esta presença de escravos, livres e libertos criou uma
cidade dentro da cidade, um espaço criado pelos negros de todas as
condições onde podiam manifestar seus credos e costumes. Assim, a
cidade do Rio de Janeiro era um espaço atraente que poderia motivar
libertos e afro-descendentes a tentarem nela criar uma vida com
condições melhores do que tinham no Estado de São Paulo”. (SILVA,
2001)
Apesar de esses exemplos demonstrarem a possibilidade de moradia bem
próxima ao grande centro urbano, a maior parte dos migrantes
descendentes diretos ou indiretos de ex-escravizados parece ter ocupado
regiões periféricas. Na Bahia, por exemplo, Walter Fraga Filho conseguiu
acompanhar uma migração de libertos para Região Metropolitana de
Salvador, mas não avançou, pois encontrou poucas trajetórias. Já em
outras regiões, como, por exemplo, o Paraná, de acordo com Leonardo
Marques, os ex-escravos migraram para as cidades mais próximas que
ainda eram marcadas por um misto de área rural com a urbanização em
crescimento. Ou seja, em comparação a esses movimentos, mesmo que o
destino fosse o centro urbano, essa primeira geração de migrantes,
provavelmente, estabilizou-se socialmente nas regiões do entorno, uma
vez que ali estavam as lavouras e as áreas de criação de animais,
destinadas ao abastecimento alimentar da cidade. Conhecedores do
trabalho braçal no campo, é possível que ali tenham encontrado seus
primeiros empregos. (COSTA, 2015)
“Senhor Bernardi Vianna, recentemente chegado do Rio e que por ser
preto não encontra emprego em parte alguma, vai às fábricas mas nem
lhe deixam falar com os gerentes. Procura anúncios nos jornais onde
precisam e embora chegue primeiro que qualquer outro candidato por
ser de cor é posto à margem e recusado... O missivista manifesta
assustado diante das suas crescentes privações e escreve a distinta
folha citada, protestando contra a perseguição e lembrando a
conveniência de se fundar, a exemplo do Rio, uma “Associação de
Homens de Cor, em São Paulo” (Jornal “Os pretos em São Paulo, 1924)
O surgimento das “Favelas”

Cortiços no Rio de Janeiro, início do século XX Flor de “Favela”


Cortiço Cabeça de
Porco, que abrigava
mais de 4 mil pessoas.
Foto Marc Ferrez.
Morro da Favela
(atual Morro da
Providência), Rio
de Janeiro, 1966.
Fonte: O Globo.
Morro da
Providência,
Rio de Janeiro
(2017)
Referências Bibliográficas
• SILVA, Lucia Helena Oliveira Silva. Vivências no Pós-abolição: migração, trabalho, autonomia.
Disponível em:
http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos3/lucia%20helena%20oliveira%20sil
va.pdf
• COSTA, Carlos Eduardo Coutinho da. Migrações negras no pós-abolição do sudeste cafeeiro (1888-
1940). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-
101X2015000100101
• COSTA, Emilia Viotti da. Da Senzala à Colônia. Ed Unesp, 2010.
• MAXWELL. As Favelas no Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/16168/16168_4.PDF
• Acervo de Imagens da Escravidão: http://brasilianafotografica.bn.br/?page_id=556
• https://oglobo.globo.com/rio/primeira-favela-do-brasil-morro-da-providencia-completa-120-
anos-21378057
• FERREIRA, ALVARO. FAVELAS NO RIO DE JANEIRO: NASCIMENTO, EXPANSÃO, REMOÇÃO E,
AGORA, EXCLUSÃO ATRAVÉS DE MUROS. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/b3w-
828.htm
E hoje, como estamos?
• https://www.nexojornal.com.br/especial/2018/05/11/130-anos-
p%C3%B3s-aboli%C3%A7%C3%A3o

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