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CIÊNCIA E ENG MATERIAIS

PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Quando uma tensão de tração é imposta sobre uma


amostra de um metal, um alongamento elástico e a sua
deformação correspondente ϵz resultam na direção da tensão
aplicada.

Callister, J. W. D., Ciência e engenharia de materiais: uma introdução, LTC, 7ª Ed, 2008
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PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Como resultado desse alongamento, existirão


constrições nas direções laterais (x e y) perpendiculares à
tensão aplicada.

Se a tensão aplicada for uniaxial (apenas na direção z)


e o material for isotrópico, então ϵx = ϵy.
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PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Um parâmetro denominado coeficiente de Poisson ν é


definido como sendo a razão entre as deformações lateral e
axial.
∈𝑥 ∈𝑦
ν=− =−
∈𝑧 ∈𝑧

O sinal negativo é incluído na expressão para que ν seja


sempre um número positivo, uma vez que ϵx e ϵz, terão sempre
sinais opostos.
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PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Teoricamente, o coeficiente de Poisson para materiais


isotrópicos deve ser de ¼, e seu valor máximo é de 0,5.

Para muitos metais e outras ligas, os valores para o


coeficiente de Poisson variam na faixa entre 0,25 e 0,35.
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PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Para os materiais isotrópicos, os módulos de


cisalhamento e de elasticidade estão relacionados entre si e
com o coeficiente de Poisson de acordo com a expressão:

E = 2G 1 + ν

Na maioria dos metais, G vale aproximadamente 0,4E.


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PROPRIEDADES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS

Uma tensão de tração deve ser aplicada ao longo do eixo do


comprimento de uma barra cilíndrica de latão, que tem um
diâmetro de 10 mm. Determine a amplitude da carga
necessária para produzir uma variação de 2,5 x 10-3 mm no
diâmetro se a deformação é puramente elástica.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Para a maioria dos materiais metálicos, o regime de


deformação elástica persiste apenas até deformações de
aproximadamente 0,002.

Além desse ponto, a tensão não é mais proporcional à


deformação e ocorre uma deformação permanente, não
recuperável, ou deformação plástica.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Comportamento tensão-deformação em tração até a


região plástica para um metal típico.

Callister, J. W. D., Ciência e engenharia de materiais: uma introdução, LTC, 7ª Ed, 2008
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
A transição do comportamento elástico para
comportamento plástico é gradual para a maioria dos metais;
há uma curvatura no ponto onde há o surgimento da
deformação plástica, a qual aumenta mais rapidamente com o
aumento da tensão.

De uma perspectiva atômica, a deformação plástica


corresponde à quebra de ligações com os átomos vizinhos
originais, seguida pela formação de novas ligações com novos
átomos vizinhos, na medida em que um grande número de
átomos ou moléculas se movem uns em relação aos outros;
com a remoção da tensão, eles não retornam às suas posições
originais.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
O mecanismo de deformação plástica é diferente para
os materiais cristalinos e os materiais amorfos.

Para os sólidos cristalinos, a deformação ocorre por


meio de um processo chamado de escorregamento.

A deformação plástica para os sólidos não cristalinos


(assim como nos líquidos) ocorre por um mecanismo de
escoamento viscoso.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Uma estrutura ou componente que se deformou


plasticamente, ou que sofreu uma mudança permanente na
forma, pode não ser capaz de funcionar como programado.

É desejável, portanto, conhecer o nível de tensão no


qual a deformação plástica tem o seu início, ou onde ocorre o
fenômeno do escoamento.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Para os metais que apresentam essa transição
elastoplástica gradual, o ponto de escoamento pode ser
determinado como ponto onde se inicia o afastamento da
linearidade na curva tensão-deformação, chamado algumas
vezes de limite de proporcionalidade.

Como a determinação desse ponto não pode ser feita


com precisão, adota-se, como convenção, uma linha reta
construída paralelamente à porção elástica da curva tensão-
deformação, a partir de alguma pré-deformação especificada
geralmente de 0,002.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
A tensão correspondente à interseção dessa linha com a
curva tensão-deformação, é definida como limite de
escoamento σl ou σe.

Sua unidade no SI é o Pa.

A amplitude do limite de escoamento para um metal é


uma medida de sua resistência à deformação plástica. Os
limites de escoamento podem variar desde 35 MPa, para o
alumínio de baixa resistência, até acima de 1.400 MPa, para
aços de alta resistência.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Após o escoamento, a tensão necessária para continuar
a deformação plástica nos metais aumenta até uma valor
máximo, o ponto M da figura abaixo, e então diminui até a
eventual fratura do material, ponto F.

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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
O limite de resistência à tração, LRT, é a tensão no
ponto máximo da curva tensão-deformação.

Esse ponto corresponde à tensão máxima que pode ser


suportada por uma estrutura sob tração.

Se essa tensão for aplicada e mantida, ocorrerá fratura.


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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Nessa tensão máxima, uma pequena constrição ou
estrangulamento começa a se formar em algum ponto, e toda a
deformação subsequente fica confinada no estrangulamento.

Esse fenômeno é conhecido como empescoçamento, e


a fratura, por fim, ocorre no empescoçamento.

A resistência à fratura corresponde à tensão aplicada no


momento da fratura.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Os limites de resistência à tração podem variar desde
aproximadamente 50 MPa, para um alumínio, até um valor tão
elevado quanto 3.000 MPa, para aços de alta resistência.

Exr.: A partir do comportamento tensão-deformação em tração para


o corpo de prova de latão, que está mostrado na figura a seguir,
determine o seguinte:
a) O módulo de elasticidade;
b) O limite de escoamento para um nível de pré-deformação de
0,002;
c) A carga máxima que pode ser suportada por um corpo de prova
cilíndrico que possui um diâmetro original de 12,8 mm.
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DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
d) A variação no comprimento de um corpo de prova que
tenha originalmente 250 mm de comprimento e que esteja
submetido a uma tensão de tração de 345 MPa.

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DUCTILIDADE

É a medida do grau de deformação plástica que foi


suportada até a fratura.

Um material que apresenta uma deformação plástica


muito pequena ou mesmo nenhuma deformação plástica até a
fratura é chamado de frágil.
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DUCTILIDADE
Representações esquemáticas do comportamento
tensão-deformação em tração para materiais frágeis e dúcteis
carregados até a fratura.

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DUCTILIDADE
A ductilidade pode ser expressa quantitativamente tanto
como alongamento percentual ou como uma redução percentual de
área, também denominada como coeficiente percentual de estricção,
segundo norma ABNT NBR 6152.

O alongamento percentual %AL é a porcentagem de


deformação plástica na fratura.

ℓf −ℓo
%AL = x 100
ℓo

Onde ℓf é o comprimento no momento da fratura e ℓo é o


comprimento útil original.
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DUCTILIDADE
Uma vez que uma proporção significativa da
deformação plástica no momento da fratura está confinada à
região do empescoçamento, a amplitude da %AL dependerá
do comprimento útil do corpo de prova.

Quanto menor for o valor de ℓo, maior será a fração do


alongamento total relativa ao empescoçamento e,
consequentemente, maior será o valor de %AL.

Portanto, o valor de ℓo deve ser especificado quando


forem citados os valores do alongamento percentual;
frequentemente ele é de 50 mm.
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DUCTILIDADE
A redução percentual na área %RA, é definida como:

Ao − Af
%RA = x 100
Ao

Onde Ao é a área da seção transversal original, e Af é a


área da seção transversal no ponto de fratura.
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DUCTILIDADE
O conhecimento da ductilidade dos materiais é
importante porque ele indica ao projetista o grau ao qual uma
estrutura irá se deformar plasticamente antes de fraturar, e
também porque especifica o grau de deformação que é
permitido durante as operações de fabricação.
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TENACIDADE
É a medida da habilidade de um material em absorver
energia até a sua fratura.

A geometria do corpo de prova, assim como a maneira


como a carga é aplicada, são fatores importantes nas
determinações da tenacidade.

Para uma situação estática (pequena taxa de


deformação), a tenacidade pode ser determinada a partir dos
resultados de um ensaio tensão-deformação em tração.
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TENACIDADE
Ela é a área sob a curva tensão-deformação até o ponto
da fratura.

Para que um material seja tenaz, ele deve exibir tanto


resistência como ductilidade e, com frequência, os materiais
dúcteis são mais tenazes que os materiais frágeis.

Assim, embora o material frágil tenha um maior limite de


escoamento e um maior limite de resistência à tração, ele
possui uma tenacidade menor que o material dúctil, em virtude
de sua falta de ductilidade.
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Exr.
1) Um corpo de prova cilíndrico feito em aço, que possui um
diâmetro de 15,2 mm e um comprimento de 250 mm é
deformado elasticamente em tração com uma força de
48.900 N. Determine:
a) O valor segundo o qual esse corpo de prova irá se alongar
na direção da tensão aplicada;
b) A variação no diâmetro do corpo de prova. O diâmetro irá
aumentar ou diminuir?
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2. Uma barra cilíndrica de alumínio com 19 mm de diâmetro


deve ser deformada elasticamente pela aplicação de uma
força ao longo de seu eixo. Determine a força que irá
produzir uma redução elástica de 2,5 x 10-3 mm no
diâmetro.
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3. Um corpo de prova cilíndrico feito em uma dada liga


metálica, com 10 mm de diâmetro, é tensionado
elasticamente em tração. Uma força de 15.000 N produz
uma redução no diâmetro do corpo de prova de 7 x 10-3
mm. Calcule o coeficiente de Poisson para esse material se
o seu módulo de elasticidade é de 100 Gpa.
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4. Um corpo de prova cilíndrico de uma liga metálica


hipotética é tensionado em compressão. Se os seus
diâmetros original e final são de 30,00 e 30,04 mm,
respectivamente, e se o seu comprimento final é de 105,20
mm, calcule o seu comprimento original se a deformação
ocorrida foi totalmente elástica. Os módulos de elasticidade
e de cisalhamento para essa liga são de 65,5 GPa e 25,4
GPa, respectivamente.
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5. Considere um corpo de prova cilíndrico de alguma liga


metálica hipotética que possui um diâmetro de 10,0 mm.
Uma força de tração de 1.500 N produz uma redução
elástica no diâmetro de 6,7 x 10-4 mm. Calcule o módulo de
elasticidade para essa liga, dado que o coeficiente de
Poisson é de 0,35.
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6. Sabe-se que uma liga de latão possui um limite de


escoamento de 240 MPa, um limite de resistência à tração
de 310 MPa e um módulo de elasticidade de 110 GPa. Um
corpo de prova cilíndrico feito dessa liga, com 15,2 mm de
diâmetro e 380 mm de comprimento, é tensionado em
tração e se alonga de 1,9 mm. Com base na informação
dada, informe se é possível calcular a amplitude da carga
necessária para produzir essa variação no comprimento.
Caso seja possível, calcule a carga. Caso não seja
possível, explique o porquê.
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7. Um corpo de prova metálico com formato cilíndrico, com


15,0 mm de diâmetro e 150 mm de comprimento, deve ser
submetido a uma tensão de tração de 50 MPa. Nesse nível
de tensão, a deformação resultante será totalmente
elástica.
a) Se o alongamento deve ser inferior a 0,072 mm, quais
metais são candidatos adequados? Por que?
b) Se, além disso a máxima redução permissível no diâmetro
é de 2,3 10-3 mm quando uma tensão de tração de 50 MPa
é aplicada, quais dos metais que satisfazem o critério
estabelecido na parte a) são candidatos adequados? Por
que?
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8. Considere a liga de latão para a qual o comportamento tensão deformação está


mostrada na figura a seguir. Um corpo de prova cilíndrico feito desse material,
com 10,0 mm de diâmetro e 101,6 mm de comprimento, é tracionado com uma
força de 10.000 N. Se é conhecido que essa liga tem uma valor para o
coeficiente de Poisson de 0,35. Calcule:
a) O alongamento do corpo de prova;
b) A redução no diâmetro do corpo de prova.

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9. Um bastão cilíndrico com 120 mm de comprimento e que possui um


diâmetro de 15,0 mm deve ser deformado utilizando-se uma carga de
tração de 35.000 N. Ele não deve apresentar deformação plástica e a
redução no seu diâmetro não deve ser superior a 1,2 x 10-2 mm. Dentre
os materiais listados a seguir, quais são os possíveis candidatos?
Justifique sua(s) escolha(s).

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10. Um bastão cilíndrico com 500 mm de comprimento e que possui um


diâmetro de 12,7 mm deve ser submetido a uma carga de tração. Se o
bastão não deve apresentar deformação plástica ou um alongamento
de mais de 1,3 mm quando a carga aplicada for de 29.000 N, quais dos
quatro metais ou ligas listados adiante são possíveis candidatos?
Justifique sua(s) escolha(s).

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11. A figura abaixo mostra o comportamento tensão-deformação de engenharia em


tração para uma liga de aço.
a) Qual é o módulo de elasticidade?
b) Qual é o limite de proporcionalidade?
c) Qual é o limite de escoamento para uma pré-deformação de 0,002?
d) Qual é o limite de resistência à tração?

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12. Um corpo de prova cilíndrico feito de uma liga de latão e que possui um
comprimento de 100 mm deve se alongar em apenas 5 mm quando
uma carga de tração de 100.000 N for aplicada. Sob essas
circunstâncias, qual deve ser o raio do corpo de prova? Considere que
essa liga de latão tem o comportamento tensão-deformação da figura
abaixo.

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13. Uma carga de 140.000 N é aplicada em um corpo de prova


cilíndrico feito de uma liga de aço, cujo comportamento
tensão-deformação está mostrado na figura do problema
11, e que possui um diâmetro de 10 mm.
a) O corpo de prova irá apresentar deformação elástica e/ou
plástica? Por que?
b) Se o comprimento original do corpo de prova for de 500
mm, quanto ele irá aumentar em comprimento quando essa
carga for aplicada?
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14. Uma barra feita em uma liga de aço que exibe o


comportamento tensão-deformação mostrado na figura do
problema 13 é submetida a uma carga de tração; o corpo
de prova tem 375 mm de comprimento e uma seção
transversal quadrada com 5,5 mm de lado.
a) Calcule a amplitude da carga necessária para produzir um
alongamento de 2,25 mm;
b) Qual será a deformação após a carga ter sido liberada?
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15. Um corpo de prova metálico cilíndrico e que possui um


diâmetro original de 12,8 mm e um comprimento útil de
50,80 mm é tracionado até a fratura. O diâmetro no ponto
de fratura é de 8,13 mm e o comprimento útil na fratura é
de 74,17 mm. Calcule a ductilidade em termos da redução
percentual na área e do alongamento percentual.

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