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PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL EM

FORNOS CIRCULARES COM BAIXA


EMISSÃO DE POLUENTES

Camila Soares Braga


Comissão Nacional de Silvicultura e
Agrossilvicultura
Equipe Técnica Responsável
Coordenadora

• Profª Drª Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Departamento de


Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa – DEF/ UFV.

Executores

• Artur Queiroz Lana, Engenheiro Florestal, Mestrando em Ciência


Florestal, DEF/ UFV;

• Aylson Costa Oliveira, Engenheiro Florestal, M.Sc., Doutorando em


Ciência Florestal, DEF/ UFV;

• Bárbara Luísa Corradi Pereira, Engenheira Florestal, M.Sc., Doutorando


em Ciência Florestal, DEF/ UFV;

• Thiago Taglialegna Salles, Engenheiro Florestal, M.Sc., Doutorando em


Ciência Florestal, DEF/ UFV.
Sistema fornos-fornalha

• Universidade Federal de Viçosa (UFV);

• Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino


Superior de Minas Gerais (SECTES);

• Pólo de Excelência em Florestas;

• Associação das Siderúrgicas para Fomento Florestal


(ASIFLOR).
Carbonização

Tecnologia
Matéria Carvão
de
prima vegetal
conversão

Siderúrgicas, cerâmicas, padarias, churrascarias,


cimenteiras, residências
Introdução Gases Não-
Condensáveis (33%)
C
O
N
D
E
N
S
A
D
O
R

Licor
Pirolenhoso +
Carvão Alcatrão (33%)
Madeira
Vegetal
(1000 kg)
(34%)
Objetivos

• Apresentar a viabilidade técnica do sistema fornos-


fornalha com baixa emissão de gases poluentes e
elevado rendimento gravimétrico em carvão vegetal;

• Analisar a viabilidade econômica da produção de


carvão vegetal em duas tecnologias de conversão:
sistema fornos-fornalha e fornos do tipo “rabo-quente”
sem sistema de queima de gases.
Sistema fornos-fornalha
 Combustão dos gases da carbonização na
fornalha:

o Redução das emissões de gases


para a atmosfera;

oAproveitamento do calor na
propriedade rural;

o Geração de energia elétrica


(gerador).
Sistema fornos-fornalha
Tabela 1 – Faixas teóricas de temperatura para controle da carbonização no sistema
forno-fornalha, mensuradas na cúpula do forno

Faixa de Tempo
Fase Fenômeno
Temperatura Manutenção
Liberação de vapor de água – secagem da
I 100-150oC 15-16 horas
madeira, fase endotérmica
Degradação das hemiceluloses, aumento da
II 150-275oC 11-12 horas
emissão de gases, fase endotérmica
Degradação da celulose, grande produção de
III 275-400oC 23-24 horas gases, fase exotérmica. Formação do carvão
vegetal
Redução da emissão de gases, fase exotérmica.
IV 400-450oC 17-18 horas Aumento da concentração de carbono no
carvão vegetal
Sistema fornos-fornalha

Figura 1 – Planta baixa do sistema fornos-fornalha, com medidas em centímetros.


Sistema fornos-fornalha

Figura 2 – Vista frontal do sistema fornos-fornalha, com medidas em centímetros


Sistema fornos-fornalha
Sistema fornos-fornalha
• Carbonização da madeira

o Utilização de madeira de Eucalyptus spp;


o A carbonização tem duração média de 3 dias;
o O refriamento natural ocorre em 2-3 dias.
Tabela 2 – Rendimento gravimétrico do sistema fornos-fornalha
Carvão Vegetal Atiço Finos
33% 8% 3%
Sistema fornos-fornalha
• Redução do passivo ambiental
600 0.35
500 0.3
0.25
↓ 95%
Temperatura (ºC)

CH4 (%)
400
0.2
300
0.15
200
0.1
100 0.05
0 0
Sem combustão Com combustão Sem combustão Com combustão

1.6 7
1.4 6
1.2 ↑ 53%
5
CO (%)

CO2 (%)

1
↓ 89% 4
0.8
3
0.6
0.4 2
0.2 1
0 0
Sem combustão Com combustão Sem combustão Com combustão

CARDOSO (2010)
Análise Econômica
• A análise econômica de um investimento envolve o
uso de técnicas e critérios de análise que comparam
os custos e as receitas inerentes aos projetos;

• Além das questões técnicas e ambientais, a questão


econômica deve ser considerada quando se deseja
realizar o investimento em determinada tecnologia,
devendo estabelecer qual opção disponível apresenta
maior rentabilidade ao produtor;
Análise Econômica
• Indicadores para análise econômica e financeira

o Horizonte de planejamento de 12 anos,


contemplando dois cortes de madeira de Eucalyptus
aos 6 anos

o Taxa de juros: 7,5% (Taxa Selic – Set/2012)

o Valor Presente Líquido (VPL)


o Valor Anual Equivalente (VAE)
o Razão Benefício – Custo (B/C)
o Lucratividade
Análise Econômica
• Cenários

o 1 e 3: Após a colheita da madeira, novo plantio.


o 2 e 4: Após a colheita da madeira, condução da brotação.

o Custo da madeira:
o Ano 1-6: R$ 35,18/st
o Anos 7-12: R$ 21,00/st

o Preço de venda do carvão vegetal: R$ 110,00 mdc (08/2012)


Análise Econômica
• Cenários 1 e 2
Tabela 2 - Informações referentes às carbonizações, consumo de madeira e produção
de carvão vegetal dos cenários 1 e 2
Sistema Fornos- Fornos “Rabo-
Variáveis
fornalha quente”
Número de fornos 4 5
Rendimento (%) 32,0 25,0
Vida útil (anos) 6 2
Fator de conversão (ST/MDC) 2,2 2,75
Carbonizações mensais 12 15
Consumo mensal de lenha (st) 144 180
Produção mensal de carvão (mdc) 65,45 65,45
Carbonizações anuais 144 180
Consumo anual de lenha (st) 1728 2160
Produção anual de carvão (mdc) 785,4 785,4
Análise Econômica
• Cenários 1 e 2

o Custo de construção do sistema fornos-fornalha: R$ 4390,00

o Custo de construção dos fornos “rabo-quente”: R$ 3850,00

o Custo de manutenção anual: 5% do custo de construção


Análise Econômica
• Cenários 3 e 4
Tabela 3 - Informações referentes às carbonizações, consumo de madeira e produção
de carvão vegetal dos cenários 3 e 4
Sistema Fornos- Fornos “Rabo-
Variáveis
fornalha quente”
Número de fornos 8 10
Rendimento (%) 32,0 25,0
Vida útil (anos) 6 2
Fator de conversão (ST/MDC) 2,2 2,75
Carbonizações mensais 24 30
Consumo mensal de lenha (st) 288 360
Produção mensal de carvão (mdc) 131 131
Carbonizações anuais 288 360
Consumo anual de lenha (st) 3.456 4.320
Produção anual de carvão (mdc) 1.571 1.571
Análise Econômica
• Cenários 3 e 4

o Custo de construção do sistema fornos-fornalha:


R$ 8.295,70

o Custo de construção dos fornos “rabo-quente”: R$ 5.700,00

o Custo manutenção de anual: 5% do custo de construção


Análise Econômica
• Área necessária de plantio de Eucalyptus spp.
Tabela 4 – Área de plantio de eucalipto necessária para produção de carvão vegetal
nos cenários propostos
Área anual
Área mensal de Área total de
Cenários Fornos de plantio
plantio (ha) plantio (ha)
(ha)
Sistema
0,6 7,2 43,2
Fornos-fornalha
Cenários 1 e 2
Fornos
0,75 9,0 54,0
“Rabo-quente”
Sistema
1,2 14,4 86,4
Fornos-fornalha
Cenários 3 e 4
Fornos
1,5 18,0 108,0
“Rabo-quente”
* Densidade média da madeira de eucalipto igual a 450kg/m³ e incremento
médio anual de 31m³/ha/ano, aos 6 anos
VPL (R$) VAE
500.00 60.00

400.00 50.00
40.00
Thousands

Thousands
300.00
30.00
200.00
20.00
100.00 10.00
0.00 0.00
1 2 3 4 1 2 3 4
Cenários Cenários

B/C Lucratividade (%)


2 50

40
1.5
30
1
20
0.5 10

0 0
1 2 3 4 1 2 3 4
Cenários Cenários

 Sistema Forno Fornalha  Forno Rabo Quente


Sistema fornos-fornalha
• Recomendações:

o Novos estudos para o redimensionamento da fornalha


e sincronização de fornos;
o Estudos para o aproveitamento da energia térmica
gerada para a secagem da madeira ou fornecimento
de energia elétrica;
o Estudos para determinação do número mínimo e
posicionamento ideal dos cilindros metálicos;
o Novas pesquisas para modelagem de curvas de
carbonização para diferentes condições da madeira.
Considerações Finais
• O sistema fornos-fornalha apresentou maior viabilidade
econômica que os fornos “rabo-quente”, gerando maior
lucro ao produtor de carvão vegetal em todos os
cenários propostos;

• O sistema fornos-fornalha apresenta maior ganho


técnico, devido ao maior rendimento gravimétrico, menor
consumo de madeira e necessidade de menor número
de fornos para uma mesma produção e controle por
temperatura, sem critérios subjetivos;

• Há ainda, o ganho ambiental, devido ao acoplamento


dos fornos a fornalha, reduzindo a emissão de gases
poluentes durante a carbonização da madeira;
Considerações Finais
• A cadeia produtiva está avançando, porém, é necessário
mais investimentos para evolução e consolidação das
melhores técnicas para a produção sustentável do
carvão vegetal;

• É necessário políticas públicas que estimulem o


emprego de tecnologias voltadas para a redução da
emissão de gases de efeito estufa durante a produção
de carvão vegetal;

• É importante considerar a resistência do setor produtivo


na adoção de novas práticas e a necessidade de melhor
capacitação da mão-de-obra.
Obrigada!!

cassia.carneiro@ufv.br

camila.braga@cna.org.br

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