Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OD ES
Q
LE
UI
C
NÚ
SA
UNIG
ESPORTE
N E P
RA - C
DO
CENTRO DE FORMAÇÃO
EN
AS
T
EM CIÊNCIAS DO ESPORTE
RO
CI
DE
FO I ÊN
RMAÇÃO EM C
melhores
40
artigos científicos
para entender tudo sobre
tática no futebol
Atualizados e grátis
40 MELHORES ARTIGOS CIENTÍFICOS PARA
ENTENDER TUDO SOBRE A TÁTICA NO FUTEBOL
40 MELHORES ARTIGOS CIENTÍFICOS PARA
ENTENDER TUDO SOBRE A TÁTICA NO FUTEBOL
E ENSINO E P
OD E SQ
LE
UI
C
NÚ
SA
UNIG
ESPORTE
N E P
RA - C
DO
EN
AS
TR
CI
DE
ÊN
O
FO I
RMAÇÃO EM C
São Leopoldo/RS
2023
CENTRO DE FORMAÇÃO
EM CIÊNCIAS DO ESPORTE
ISBN XX-XXX-XXX-X
Artigos científicos
40 melhores artigos científicos para entender tudo sobre tática no
futebol
Lista
www.unigra.com.br
Artigos científicos
40 melhores artigos científicos para entender tudo sobre tática no
futebol
Lista
18. Comparação do desempenho tático entre resultados finais dos jogos reduzidos de
futebol
24. Evolução dos sistemas táticos no futebol de campo: uma revisão de literatura
27. Influência do desempenho tático sobre o resultado final em jogo reduzido de futebol
www.unigra.com.br
Artigos científicos
40 melhores artigos científicos para entender tudo sobre tática no
futebol
Lista
30. Motivação e desempenho tático em jovens jogadores de futebol: uma análise a partir
da teoria da autodeterminação
39. Sistemas táticos: análise da utilização e eficácia nos jogos da copa américa de
futebol 2011
www.unigra.com.br
CURSOS
Cursos de qualificação e aperfeiçoamento exclusivamente para a
área da Educação Física.
www.unigra.com.br
LIVROS GRÁTIS
Uma biblioteca com centenas de livros exclusivos para área da Educação
Física para você baixar totalmente grátis.
www.unigra.com.br/ebookgratis
LIVRARIA DA UNIGRA
A Livraria da UNIGRA em parceria com a Amazon, disponibiliza o
ESPE
IC A
O
LI
AD
ÇÃ
AE
ML DU
IV R O S DE E
www.unigra.com.br
33
“ A tática enquanto objeto de
estudos em revistas científicas
brasileiras sobre futebol
10.37885/201102310
RESUMO
O estudo teve como objetivo realizar uma pesquisa do tipo estado do conhecimento em
dois periódicos científicos da área de futebol. Para tanto, as fontes selecionadas foram
artigos publicados em dois periódicos específicos da área do futebol, “Revista Brasileira
de Futebol” e “Revista Brasileira de Futsal e Futebol”, com intuito de investigar como a
questão da tática no futebol é discutida na área acadêmica. A partir dos Palavras-chave
optados na busca das respectivas revistas: “tática” e “tático”, foram elencados 30 artigos
científicos ligados à tática no futebol entre os anos de 2008 a 2015. O levantamento tam-
bém identificou 30 instituições envolvidas com a produção destes artigos. Dentre eles,
a análise tática, a inteligência tática e a valorização do treinamento técnico-tático foram
os aspectos mais abordados pelos autores. Já em relação aos pesquisadores consul-
tados nos artigos, os professores Greco, Garganta, Mesquita, Paoli e Costa constaram
como as fontes mais citadas que mais selecionadas para estudos sobre o aspecto tático
no futebol. Apesar disso, a tática enquanto objeto de estudo no campo acadêmico, nas
fontes selecionadas, apresenta uma condição incipiente quando se compara com ou-
tras estruturas componentes do futebol, tais como técnica, preparação física e iniciação
esportiva. A partir deste panorama, a aplicação de testes de avaliação da inteligência
tática no futebol brasileiro pode oferecer elementos fundamentais na busca de respostas
para corrigir deficiências no padrão de jogo dos atletas desde a base e contribuir para a
melhoria de desempenho do futebol brasileiro.
MATERIAIS E MÉTODOS
1 A Revista Brasileira de Futebol (The Brazilian Journal of Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu do Departamento de Educação
Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV), cuja missão é divulgar informações científicas para a comunidade acadêmica na-
cional e mundial, bem como para profissionais e/ou estudantes que pretendam aprimorar o conhecimento técnico-científico nesta
modalidade. 2 Revista Brasileira de Futsal e Futeb
2 Revista Brasileira de Futsal e Futebol (RBFF) é uma publicação do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exer-
cício (IBPEFEX), é de periodicidade quadrimestral, com publicação de artigos científicos, fruto de pesquisas e estudos de cientistas,
professores, estudantes e profissionais que lidam com o Futsal, o Futebol e a Pedagogia do Esporte no sentido da aprendizagem, da
iniciação e do alto rendimento no âmbito do esporte, da educação e da sociedade.
O ano de 2013 foi o de maior produção científica, com 8 publicações. Dentre uma das
possíveis explicações podemos inferir que este ano, por ser anterior à Copa do Mundo,
estimulou o interesse de pesquisadores da área em escrever artigos específicos para o
universo do futebol.
Outro resultado que pode ser ressaltado é a constância do número de publicações,
sobre tática nos anos de 2010 a 2012, com o total de 4 artigos, assim como 2014, revelando
que o tema mantém seu espaço nas discussões científicas acerca do futebol.
Contudo deve se salientar que quando se compara a temática em questão com outros
temas abordados nas revistas nota se que tática não tem se configurado como um dos
principais interesses dos pesquisadores da área, pois temáticas como técnica, iniciação e
preparação física têm maior recorrência de publicação.
Este levantamento identificou 30 instituições envolvidas com a produção de artigos,
sendo elas universidades (23 no total, com uma estrangeira, a FADEUP, de Portugal), clubes
(3), uma Instituição e uma Secretaria Estadual. Também foi encontrada uma publicação com
o autor sem vínculo com uma instituição específica.
Quanto ao número de autores que publicaram artigos pelas instituições, observa- se
quantidade significativa na Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, com 15 pesquisa-
dores escrevendo por suas universidades, assim como na Universidade Federal de Viçosa,
de Minas Gerais, onde 12 pesquisadores estiveram envolvidos com artigos no universo da
tática no futebol.
Um ponto de interrogação em relação a este levantamento é o fechamento da
Universidade Gama Filho, de onde 15 autores estavam vinculados. Fato que gera certa
preocupação na quantidade de futuras pesquisas não apenas na parte tática do futebol,
como também no universo deste esporte como um todo.
Legenda: * OC = Ocorrências.
Dentre os autores mais citados nos artigos destaca-se Pablo Juan Greco, com 66
ocorrências, sendo 15 do livro Iniciação Esportiva Universal, com seus diferentes volumes
e títulos, em que o pesquisador aborda a importância da formação esportiva desde a esco-
la, desenvolvendo a criança no seu aspecto motor através da escolha mais adequada do
método de ensino que mais facilite a aprendizagem técnica e tática.
Dentro destes volumes, a obra mais citada pelos pesquisadores, com 8 ocorrências,
foi “Iniciação esportiva universal: metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube”.
Neste estudo, Greco propõe um modelo de treinamento técnico-tático em diversas
modalidades esportivas, dentre elas o futebol, no intuito de ofertar aos jogadores um co-
nhecimento mais abrangente que apenas a execução do gesto técnico empregado em uma
situação, explicando o que fazer e como fazer, desenvolvendo sua capacidade de jogo.
O outro título, “Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento
técnico” também foi bem mencionado, com 5 citações ao todo.
Nessa obra, Greco enfatiza os diferentes princípios que norteiam a ação pedagógica
no processo de ensino- aprendizagem-treinamento no intuito de desenvolver as capacidades
psíquicas, técnica, socioambiental, biotipológica, tática e física do indivíduo, cuidando para
que seja respeitada nesse processo tanto a individualidade biológica quanto os conteúdos
psicossociais da criança.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. Aburachid, L. M. C.; Silva, S. R.; Greco, P. J. Nível de conhecimento tático de jogadores e
avaliação subjetiva dos treinadores de futebol. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Edição
Especial: Pedagogia do Esporte. Vol. 5. Núm. 18. p.322-330. 2013. Disponível em: <http://
www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/218/204>
2. Bezerra, E. L.; Neto, E. O. C.; Galatti, L. R.; Rodrigues, A. L. L.; Lopes, C. R. Catálogo de
testes para jovens jogadores de futebol: análise da avaliação subjetiva e perspectivas para
acompanhamento em longo prazo. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 5. Núm. 16.
p.111-121. 2013. Disponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/192/175>
3. Bezerra, R.; Navarro, A. C. Análise dos gols da VI Taça Brasil de clubes 2010 na categoria
sub-20 feminino. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 4. Núm. 11. p.47-54. 2012. Dis-
ponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/124/122>
4. Braz, T. V. Análise de jogo no futebol: considerações sobre o componente técnico- tático, planos
de investigação, estudos da temática e particularidades do controle das ações competitivas.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 5. Núm. 15. p.28-43. 2013. Disponível em: <http://
www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/172/162>
8. Costa, I. T.; Garganta, J.; Greco P. J.; Mesquita I.; Müller E.; Silva, B.; Castelão, D. Análise
do Comportamento Tático de Jogadores de Futebol através da aplicação do Teste “Gr3-3Gr”,
em dois períodos de jogo distintos. Revista Brasileira de Futebol. Vol. 2. Núm. 2. p.3-11. 2009.
9. Costa, I.T.; Silva, J.M.G.; Greco, P.J.; Mesquita, I. Princípios táticos do jogo de futebol: Con-
ceitos e aplicação. Motriz. Vol. 15. Núm. 3. p 657-668. 2009.
10. Costa, I. T.; e colaboradores. Sistema de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvol-
vimento e validação preliminar. Motricidade. Vol. 7. Núm. 1. p.69-84. 2011.
11. Costa, J.C.; Garganta, J.; Fonseca, A.; Botelho, M. Inteligência e conhecimento específico
em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto. Vol. 2. Núm. 4. p.7-20. 2002.
12. Ferreira, N. S. A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade. Ano
23. Núm. 79. 2002.
13. Ferreira Junior, O. N.; Almeida, R.; Navarro, A. C. Comparar a capacidade de tomada de decisão
e conhecimento declarativo de jogadores de futsal da categoria sub-20 com o conhecimento
tático de “experts” do futsal. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 2. Num. 4. p.54-61.
2010. Disponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/43/43>
14. Filgueira, F. M.; Greco, P. J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento. Revista Brasileira Futebol. Vol. 1. Num. 2. p.53-65. 2008.
15. Garcia, L. C. G.; Araújo, D. M. E. Análise do sistema de jogo do campeão brasileiro de 2010.
Revista Brasileira de Futebol. Vol. 5. Num. 1. p.47-58. 2012.
16. Garganta, J. M. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In Graça, A.; Oliveira, J.
(Ed.). O ensino dos jogos desportivos. 2.ed. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de
Educação Física. p.11-25. 1995.
17. Garganta, J. M. Estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento. Tese
de Doutorado. Universidade do Porto. Portugal, 1997.
18. Garganta, J. M.; Gréhaigne, J. F. Abordagem Sistêmica do Jogo de Futebol: Moda ou Neces-
sidade? Movimento. Ano V. Num. 10. 19991.
20. Giacomini. D. S.; Silva, E. G.; Greco, P. J.; Comparação do conhecimento tático declarativo
de jogadores de futebol de diferentes categorias e posições. Rev. Bras. Ciênc. Esporte. Vol.
33. Num. 2. p.445-463. 2011.
23. Greco, P. J. Conhecimento tático-técnico: eixo pendular da ação tática (criativa) nos jogos es-
portivos coletivos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. Vol. 20. p.210- 212. 2006.
24. Greco, P. J. (Org.). Iniciação esportiva universal: metodologia da iniciação esportiva na escola
e no clube. Vol. 2. Belo Horizonte. UFMG. 2007.
25. Guimarães, M. B.; Lima, R. C.; Guerra, I. H.; Paoli, P.B. Comportamentos ofensivos e defen-
sivos dos atletas envolvidos em situações táticas individuais e de grupo no jogo de futebol.
Revista Brasileira de Futebol. Vol. 5. Num. 1. p.31-41. 2012
26. Kaid, J.C.; Kaid, D.F.; Casarin, C. A. S.; Arsa, G. A escolha da tática de jogo no futebol de
campo. Revista Brasileira de Futebol. Vol. 3. Num. 2. p.48-55. 2010.
27. Macedo, T. L. Comparação do conhecimento tático declarativo de jogadores de futsal das ca-
tegorias de base. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Edição Suplementar 1. Vol. 7. Num.
24. p.141-147.2015. Disponível em: <http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/270/269>
28. Macedo, P. A. P.; Leite, M. M. Scout como um instrumento avaliativo do treinamento esportivo
nas categorias de base do futebol. Revista Brasileira de Futebol. Vol. 2. Num. 1. p.21-35. 2009.
29. Marcon, M. F.; Saad, M. A. Estilo de tomada de decisão dos treinadores de equipes de futsal e
futebol nas categorias de base. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 5. Num. 17. p.205-
212. 2013. Disponível em: <>
30. Melo, V. P.; Paoli, P. B.; Silva, C. D. O desenvolvimento do processo de treinamento das ações
táticas ofensivas no futebol na categoria infantil. Lecturas Educación Física y Deportes. Revista
Digital. Buenos Aires. Año11. Num. 104. 2007. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/
efd104/ensino.htm>. Acesso em 10 outubro 2016.
32. Mugnaini, R.; Carvalho, T.; Campanatti- Ostiz, H. Indicadores de produção científica: uma
discussão conceitual. (S/D)
33. Ribeiro, L. C. O Futebol no Campo Afetivo da História. Movimento. Vol. 10. Num. 3. p.99- 111.
2004.
35. Romanowski, J. P.; Ens, R. T. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educa-
ção. Diálogo Educ. Vol. 6. Num. 19. p.37-50. 2006.
36. Spinak, E. Indicadores cienciométricos. Ciência da Informação, Brasília-DF. Vol. 27. Num. 2.
p.141-148. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n2/spinak.pdf>. Acesso em
04 de maio de 2016.
Abstract––Conceptual small-sided games (CSSGs) may be interesting as a methodology for training soccer players
given its connection to the unpredictability that is inherent to soccer. Our aim was investigate, through videogrammetry,
if the technical and tactical principles promoted through the adoption of distinct rules from two distinct CSSGs
(maintaining ball possession; and progression to the target) would actually be achieved. The study included 24 athletes
assigned to 6-player teams. Our data showed that the CSSGs’ organising principles create situations with differing
levels of difficulty that obey the propositions of maintaining ball possession and progression to the target, i.e., CSSGs
permit systematic training on technical and tactical components in order to emphasize the concepts adopted in this
study in games context. Our data credit the CSSGs for teaching technical and tactical lessons that, when coupled with
adequate physical conditioning, can facilitate a player’s capacity to merge thoughts and events in different situations.
Keywords: soccer, conceptual small-sided games, technical, tactical
Resumen––“Rendimiento técnico y táctico de jugadores de fútbol en juegos reducidos conceptuales.” El uso de los
juegos reducidos conceptuales (JRC) puede ser una interesante metodología para entrenar a la imprevisibilidad inherente
en el juego de fútbol. Nuestro objetivo en este estudio fue investigar por videogrametría los principios técnico-tácticos
adoptadas en respuesta a las respectivas reglas de dos JRC distintos (posesión del balón y la progresión a la meta).
El estudio incluyó a 24 atletas divididos en equipos de 6 jugadores. Nuestros datos muestran que los principios de
organización de los JRC crean diferentes situaciones con diferentes grados de dificultad. Es decir, es posible sistematizar
el desarrollo de los componentes técnicos y tácticos de una manera a enfatizar los conceptos adoptados para este estudio
en el contexto del juego. Nuestros datos acreditan JRC para el aprendizaje de situaciones técnicas tácticas que, junto
con la preparación física adecuada puede ayudar a producir jugadores capacitados a unir cada vez más pensamientos
y acciones en diferentes situaciones.
Palabras claves: fútbol, juegos reducidos conceptuales, técnica, táctica
312
Soccer players’ performance
Hz) positioned at the highest point of the bleachers; afterward, between two subsequent technical events; and b) all players’
the video sequences were transferred to a computer (Intel® positions on the field in the moment of each technical event.
Core™ i7-2600k, 3.40 GHz processor, 16 GB, NVIDIA
GeForce 9500 GT).
In the reference system associated with the field (the X-axis Analysed variables
corresponding to the touch line and the Y-axis corresponding
to the goal line, as defined using a Bosch GPL 5C Professional The data’s processing and treatment as well as the creation
Point Laser), approximately 16 control points were established of matrices (primary and secondary) were performed with
directly by measurement of the field using laser distance me- Matlab. The secondary matrices were structured to include
tre (Leica Disto™ D5 that measure to the nearest 0.001 m). the following: a) the total number of passes; b) percentage of
The control points were used to calculate the image-object correct passes; c) the main trend of the direction of movement
transformation for the calibration process and to produce a (forward or backward) based on the α angle (Figure 1) asso-
two-dimensional reconstruction using the DLT method (Direct ciated with the pass line derived from the action taken by a
Linear Transformation) (Abdel-Aziz & Karara, 1971). The player; d) the total number of shots; e) percentage of correct
system accuracy in the determination of athlete position on the shots; f) the total number of time intervals between each
field was 0.3 m (Misuta et al., 2005). identified technical event; g) the duration in seconds of the
The DVideo System (Figueroa, Leite, & Barros, 2003) on time intervals between each identified technical event; h) the
manual tracking mode was used to measure the 2D positions situations of offensive and defensive superiority and numerical
of all players and to record each event that occurred during the equality that were created during the games. For this latter
game with the position on the field of each athlete involved. variable, the number of players—opponents and teammates
Six matches (three of each CSSG) were filmed. Each week alike—ahead of the ball line at the beginning of each interval
was performed one CSSG, changing Game 1 and Game 2. were counted, recognising that the ball carrier was also con-
Before each match the participants had a rest period of 72 hours. sidered to be a participant. This information was organised in
The total number of technical events was 3086 for Game 1 and the primary and secondary matrix structure to form the basis
2154 for Game 2. Two primary matrices were created from upon which inferences about the tactical concepts present in
the 2D kinematic variables of each game, and registration of conceptual small-sided games were drawn. These variables
each event that occurred in the field at the instant in which the can be observed in Table 1.
technical events occurred was created as well. The first matrix All variables were measured by one researcher and the data
stored the information from the instant that the events occurred: quality was confirmed by the reliability test (intra-observer
The player who performed the action, which action was taken, correlation). Thus, the observer analysed a game twice, at an
and whether it was right or wrong. The second matrix contained interval of 15 days. The intraclass coefficient values ranged
a) the interval between technical events, defined as the interval from .95 to .99.
Figure 1. Examples of three situations for the α angle. P0 is the position on the field of the player with the ball. P0 P1, P0 P2, and P0 P3 are vectors
indicating the direction of the ball after the player passes it.
Results
The statistical analyses were performed in Matlab. A one- The offensive technical events (e.g., passing and finishing
way ANOVA for independent samples was used for the analysis with the feet or the head, their respective percentages of hits,
of possible differences between Games 1 and 2. A 5% signifi- and angles of actions) in each of the conceptual small-sided
cance level was adopted for all cases. games are shown in Figure 2.
Figure 2. Box plot of the number of passes that occurred in Games 1 and 2 (a); Box plot of the number of shots that occurred in Games 1 and 2
(b); Box plot of the correct passes percentage in Games 1 and 2 (c); Box plot of the correct shots percentage in Games 1 and 2 (d); Box plot of
the α angle, measured in degrees, of exchanged possessions of the ball during Games 1 and 2 (e).
The two games presented different characteristics in relation event. These intervals represent the time allowed by players for
to passes and shots (Figures 2a and 2b). In Game 1, an average the analysis of the situation and the planning of their events;
of 487 ± 42 passes was performed, twice that of Game 2 (207 ± a new problem situation is presented to the players at the
20 passes, (p < .001). In contrast, the average number of shots beginning of each of these intervals, with a different range of
using the feet in Game 1 was 10 ± 0.6. This value was much possible solutions. This measurement was important to analyse
lower compared to Game 2 (49 ± 6 shots), with statistical dif- decision-making abilities. Figure 4 shows these results through
ference (p < .001). Regarding the percentages of correct passes the number and duration of the intervals (Figures 3a and 3b,
(Figure 2d), the result was an inverse association such that the respectively). The game centre analysis verified the players’
hit-rate from the shots was greater in Game 1. movements both inside and outside the game centre (Figure
In Game 1, the percentage of correct passes was 85 ± 2.3%, 3c) and the participation of each player within the game centre
statistically higher than the values from Game 2 (79 ± 2.0%) (Figure 3d), which was also important for evaluating deci-
with p < .05. The opposite association was found with the num- sion-making abilities.
ber of shots. Although the total number of shots was lower in We observed that the number of intervals was significantly
Game 1, the rate of accurate shots was higher (59 ± 10.3 %). higher in Game 1 (1029 ± 51) than in Game 2 (718 ± 24). The
However, the completion rate in Game 2 was 36 ± 1.5 %, with p duration of the intervals (1.7 ± 0.08s and 2.5 ± 0.8s for Games
< .05. Moreover, the α angle associated with each action from the 1 and 2, respectively) justifies the larger number of intervals
ball’s transmission (passes, launches, and crossings) occurred observed in Game 1. Interestingly, the average number of players
in both Games 1 and 2 and showed significant differences (with within the game centre in every technical action did not differ
p < .05) in terms of average values (Figure 2e). In Game 1, the between the two games (Figure 3c). However, the average rates
value was 4.7 ± 11.8°, whereas in Game 2, this figure was 33 ± of participation of each player inside the game centre were
3.8°. It also was observed that 75% of the samples from Game significantly different (Figure 3d). The athletes in Game 1 had
2 were above the average for Game 1. an average of 237 ± 25 participatory events inside the game
centre, whereas only 161 ± 5 events were recorded for Game 2.
Figure 4 shows data on the offensive and defensive supe-
Tactical analysis riority and numerical equality situations created during the
two games, which reflect the conditions from the defensive
The methodology used in this study allowed for measure- system at the beginning of each time interval between the
ment of the time intervals that occurred between each technical technical events.
Figure 3. Box plot of the number of intervals that occurred between the technical events (a); Box plot of the intervals duration that occurred be-
tween the technical events (b); Box plot of the number of players within the game centre (GC) during each technical action (c); and Box plot of
number of participatory events by each player within the GC (d).
Figure 4. Box plot of the number of cases of offensive superiority, numerical equality, and defensive superiority during Games 1 and 2.
Game 1 promoted more situations of numerical equality 24 such situations. Moreover, 372 ± 48 moments of defensive
and defensive superiority, with cases of equality occurring on superiority were found in Game 1 against 247 ± 57 in Game 2
392 ± 40 occasions. In contrast, Game 2 presented only 288 ± (in both cases p < .05).
Table 2. Mean ± SD of each variable analysed in both games and their respective p value.
Variable Game 1 Game 2 p value
Number of passes 487 ± 42 207 ± 20 < .001
Percentage of correct passes (%) 85 ± 2.3 79 ± 2.0 < .05
The α angle of each pass (°) 4.7 ± 11.8 33 ± 3.8 < .05
Number of shots 10 ± 0.6 49 ± 6 < .001
Percentage of correct shots (%) 59 ± 10.3 36 ± 1.5 < .05
Number of intervals that occurred between the all technical events 1029 ± 51 718 ± 24 < .001
Duration of intervals that occurred between the all technical events (s) 1.7 ± 0.08 2.5 ± 0.8 < .001
Number of players within the game centre (GC) during each technical action 2.86 ± 0.17 2.79 ± 0.12 = .60
Number of participatory events by each player within the GC 237 ± 25 161 ± 5 < .01
Cases of offensive superiority 267 ± 55 187 ± 41 = .11
Cases of numerical equality 392 ± 40 288 ± 24 < .05
Cases of defensive superiority 372 ± 48 247 ± 57 < .05
2009; Reverdito & Scaglia, 2007). It is important to note that games shows that the different manifestations of the logic of
off-target shots allow for counterattack situations, which in turn the conceptual small-sided games studied are not related to the
favour progression towards the target. The verticalness of the proximity of the opponents or teammates in the events that were
passes observed in Game 2 (Figure 2e) also demonstrates this analysed (Figure 3c). These manifestations seem to be associated
increased degree of difficulty because the players had to take with the demand for their own solutions to the problems imposed
the ball closer to the opposing penalty area, which thus hinders by the rules of the games (Bayer, 1994; Scaglia, Reverdito,
the decision-making process. Leonardo, & Lizana, 2013).
The results presented in this study show that the changes in In this study, we conceptualised a structured defence as
organisational rules from Game 1 to Game 2 facilitate charac- one that had numerical superiority over the opponent’s attack
teristic behaviours from the players that interfere directly with because such an arrangement facilitates tactical events sup-
their decision-making processes. Each situation required prior porting defensive coverage (Costa, 2010; Costa et al., 2009a,
organisation from the teams to encourage certain behaviours, 2009b). It was similarly proposed that, when the ratio is of
corroborating the predominance of one or another structural numerical equality, the defence is balanced. However, it is
operating principle of the conceptual small-sided games studied. necessary to emphasise that, in these moments, the defensive
From the methodology used in this study, it was possible to organisation becomes more complex and vulnerable in relation
measure the time interval that occurred between one technical to the attack. When numerical superiority is in the attackers’
event and the next (Figure 3). This interval represents the time favour, the defence is understood to be unstructured because
the players have to analyse the situation and to plan their re- this critical situation allows the attacker to have a wider
sponses. Thus, during these intervals, the athletes must make range of possible events of offensive tactics with which to
the decision that they consider the most appropriate; this deci- set up shots. Our characterisation of the games showed that
sion-making process is performed not only by the ball carrier Game 1 presented more situations of numerical equality and
but also by all other participating players because the systemic defensive superiority and highlighted the occurrence of more
organisational process of the collective game depends on the structured and balanced defence situations. We can conclude
events and movements of all players (Freire & Venâncio, 2005; that better defensive systems from the teams allowed fewer
Scaglia, 2003). opportunities for the opponents to complete their shots, and
The decisions made by each of the players in each of these because of that, the players of the team in possession were led
moments, in turn, had a direct influence on the following in- to choose plays that offered a lower risk of losing possession
terval by allowing the players to evaluate the results of earlier (Travassos, Vilar, Araújo, & McGarry, 2014)Vilar, Araújo,
decisions and to make new decisions for solving the problems & McGarry, 2014.
that arose within the games. Such a dynamic happens constantly
and is present in all group games (Garganta & Gréhaigne, 1999;
Grehaigne, Bouthier, & David, 1997; Gréhaigne, Wallian, & Conclusions
Godbout, 2005), especially in ball-based games played with
the feet (Scaglia, 2003, 2011). The data presented in this study confirm that it is possible to
Our results corroborate data previously presented in the systematise training through the use of games. Rules imposed in
literature (Araujo, 2003; K. Davids, Araújo, Correia, & Vilar, conceptual small-sided games enable the training of technical
2013; Keith Davids, Araújo, Vilar, Renshaw, & Pinder, 2013; and tactical components in order to emphasize the concepts
Vilar, Araújo, Davids, & Button, 2012). They also confirm that adopted in this study. Offering new problem situations to players
the decisions players make are related to the manifestation of increase the number of times that they are challenged to make
the logic that each game requires to approach the goal (Scaglia new decisions. Different rules also permit the quality of stimuli
& Reverdito, 2011), not only regarding the decision made but to be controlled through events of varying difficulty levels. It
also regarding the time available to make a certain decision. We was possible to observe a relationship between the difficulty of
must also take into account the difficulty of this decision-mak- the situation and the time needed to make a decision.
ing. The higher rate of errors made in Game 2 compared to In summary, our data support the efficacy of CSSGs in cre-
Game 1 demonstrates that there was a smaller range of possible ating different situations with different difficulties that facilitate
solutions to the requirements of Game 2. Thus, due to Game 2 it the instruction of technical tactics situations that, coupled with
is possible to stimulate the ability to anticipate game situations, adequate physical conditioning, can help produce players who
and consequently increase the successful decision-making rate are trained to think and behave more flexibly in a broader range
(Williams, Ford, Eccles, & Ward, 2011). of situations.
The analysis of participation in the game centre (GC) also
allows us to make inferences about the possibility of making
decisions. The GC is conceptually understood as a circle with References
a 5 m radius around the ball’s location (Costa, 2010; Costa,
Garganta, Greco, & Mesquita, 2009a; Costa et al., 2009b). Abdel-Aziz, Y.I., & Karara, H.M. (1971). Direct linear transforma-
Games with larger numbers of technical events allow for more tion from comparator coordinates into object-space coordinates
opportunities for players to participate within the GC. The fact Synposium Onclosee-Rane Photogrammetrry (pp. 1-18). Urbana:
that the number of players within the GC was similar in both ASP/UI.
Araujo, D. (2003). A auto-organização da acção tática. Revista Helgerud, J., Engen, L.C., Wisloff, U., & Hoff, J. (2001). Aerobic
Portuguesa de Ciências do Desporto, 3, 87-93. endurance training improves soccer performance. Medicine &
Araujo, D. (2005). O contexto da decisão: a acção tática no desporto. Science in Sports & Exercise, 33, 1925-1931.
Lisboa: Visão e Contexto. Helgerud, J., Rodas, G., Kemi, O.J., & Hoff, J. (2011). Strength and
Barros, R.M.L., Misuta, M.S., Menezes, R.P., Figueroa, P.J., Moura, endurance in elite football players. International Journal of Sports
F.A., Cunha, S.A., … Leite, N.J. (2007). Analysis of the distances Medicine, 32, 677-682. doi: 10.1055/s-0031-1275742
covered by first division Brazilian soccer players obtained with Hill-Haas, S., Rowsell, G., Coutts, A., & Dawson, B. (2008). The re-
an automatic tracking method. Journal of Sports Science and producibility of physiological responses and performance profiles
Medicine, 6, 233-242. of youth soccer players in small-sided games. International journal
Bayer, C. (1994). O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros. of sports physiology, 3, 393-396.
Castagna, C., Manzi, V., Impellizzeri, F., Weston, M., & Barbero Hill-Haas, S.V., Dawson, B., Impellizzeri, F.M., & Coutts, A.J.
Alvarez, J.C. (2010). Relationship between endurance field tests (2011). Physiology of small-sided games training in foot-
and match performance in young soccer players. Journal of ball: a systematic review. Sports Medicine, 41, 199-220. doi:
Strength and Conditioning Research, 24, 3227-3233. doi: 10.1519/ 10.2165/11539740-000000000-00000
JSC.0b013e3181e72709 Leonardo, L., Reverdito, R.S., & Scaglia, A.J. (2009). O ensino dos
Costa, I.T. (2010). Comportamento tático no futebol: Contributo para esportes coletivos: metodologia pautada na família dos jogos.
a avaliação do desempenho de jogadores em situações de jogo Motriz, 15, 236-246.
reduzido. (Doutorado em Ciências do Desporto Tese), Faculdade Mamassis, G., & Doganis, G. (2004). The Effects of a Mental Training
de Desporto, Universidade do Porto, Porto. Program on Juniors Pre-Competitive Anxiety, Self-Confidence,
Costa, I.T., Garganta, J., Greco, P.J., & Mesquita, I. (2009a). Avaliação and Tennis Performance. Journal of Applied Sport Psychology,
do desempenho tático no futebol: Concepção e desenvolvimento 16, 118-137. doi: 10.1080/10413200490437903
da grelha de observação do teste “GR3-3GR”. Revista Mineira de McMillan, K., Helgerud, J., Macdonald, R., & Hoff, J. (2005).
Educação Física, 17, 65-84. Physiological adaptations to soccer specific endurance training
Costa, I.T., Garganta, J., Greco, P.J., & Mesquita, I. (2009b). Princípios in professional youth soccer players. British Journal of Sports
táticos do jogo de futebol: Conceitos e aplicação. Motriz, 15, Medicine, 39, 273-277. doi: 10.1136/bjsm.2004.012526
657-668. Misuta, M.S., Menezes R.P., Figueroa P.J., Cunha S.A. & Barros R.M.L.
Coutts, A.J., Rampinini, E., Marcora, S.M., Castagna, C., & (2005). Representation and analysis of soccer players’ trajectories.
Impellizzeri, F.M. (2009). Heart rate and blood lactate correlates XXth Congress of the International Society of Biomechanics,
of perceived exertion during small-sided soccer games. Journal Cleveland, USA, 415
of Science and Medicine in Sport, 12, 79-84. doi: 10.1016/j. Moura, F.A., Martins, L.E.B., Anido, R.O., Ruffino, P.R.C., Barros,
jsams.2007.08.005 R.M., & Cunha, S.A. (2013). A spectral analysis of team dynam-
Davids, K., Araújo, D., Correia, V., & Vilar, L. (2013). How small-sided ics and tactics in Brazilian football. Journal of Sports Sciences,
and conditioned games enhance acquisition of movement and de- ahead-of-print, 1-10.
cision-making skills. Exercise Sport Science Review, 41, 154-161. Raab, M., Masters, R.S., & Maxwell, J.P. (2005). Improving the ‘how’
doi: 10.1097/JES.0b013e318292f3ec and ‘what’ decisions of elite table tennis players. Human Movement
Davids, K., Araújo, D., Vilar, L., Renshaw, I., & Pinder, R. (2013). An Sciences, 24, 326-344. doi: 10.1016/j.humov.2005.06.004
ecological dynamics approach to skill acquisition: Implications for Rampinini, E., Impellizzeri, F.M., Castagna, C., Abt, G., Chamari, K.,
development of talent in sport. Talent Development & Excellence, Sassi, A., & Marcora, S.M. (2007). Factors influencing physio-
5, 21-34. logical responses to small-sided soccer games. Journal of Sports
Figueroa, P.J., Leite, N.J., & Barros, R.M. (2003). A flexible software Sciences, 25, 659-666. doi: 10.1080/02640410600811858
for tracking of markers used in human motion analysis. Computer Reverdito, R.S., & Scaglia, A.J. (2007). A gestão do processo organi-
Methods and Programs in Biomedicine, 72, 155-165. zacional do jogo: uma proposta metocológica para o ensino dos
Freire, J.B., & Venâncio, S. (2005). O jogo dentro e fora da escola: jogos coletivos. Motriz, 13, 51-63.
Autores Associados. Scaglia, A., Reverdito, R.S., Leonardo, L., & Lizana, C.J.R. (2013). O
Garganta, J., & Gréhaigne, J.F. (1999). Abordagem sistêmica do jogo ensino dos jogos esportivos coletivos: As competências essenciais
de futebol: moda ou necessidade? Movimento, 5(10). e a lógica do jogo em meio ao processo organizacional sistêmico.
Grehaigne, J.-F., Bouthier, D., & David, B. (1997). Dynamic- Movimento, 19, 227-249.
system analysis of opponent relationships in collective ac- Scaglia, A.J. (2003). O futebol e os jogos/brincadeiras de bola
tions in soccer. Journal of Sports Sciences, 15, 137-149. doi: com os pés: todos semelhantes, todos diferentes. (Doutorado
10.1080/026404197367416 em Educação Física Tese), FEF-UNICAMP, Campinas.
Gréhaigne, J.F., Wallian, N., & Godbout, P. (2005). Tactical-decision Retrieved from http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
learning model and students’ practices. Physical Education and document/?code=vtls000313822&fd=y
Sport Pedagogy, 10, 255-269. Scaglia, A.J. (2011). O futebol e as brincadeiras de bola: a família dos
Halouani, J., Chtourou, H., Gabbett, T., Chaouachi, A., & Chamari, jogos de bola com os pés. São Paulo: Phorte.
K. (2014). Small-Sided Games in Team Sports Training: A Brief Scaglia, A.J., & Reverdito, R.S. (2011). O futebol e os jogos/brinca-
Review. The Journal of Strength & Conditioning Research, 28, deiras de bola com os pés: todos semelhantes, todos diferentes”.
3594-3618 Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 11, 89-90.
Travassos, B., Vilar, L., Araújo, D., & McGarry, T. (2014). Tactical
performance changes with equal vs unequal numbers of players in
small-sided football games. International Journal of Performance
Analysis in Sport, 14, 594-605.
Vilar, L., Araújo, D., Davids, K., & Button, C. (2012). The role of eco-
logical dynamics in analysing performance in team sports. Sports
Medicine, 42, 1-10. doi: 10.2165/11596520-000000000-00000
Williams, A.M., Ford, P.R., Eccles, D.W. & Ward, P. (2011) Perceptual-
Cognitive Expertise in Sport and Its Acquisition: Implications for
Applied Cognitive Psychology. Applied Cognitive Psychology,
25, 432-442.
Authors’ note
Cristian Javier Ramirez Lizana (crlizana1@gmail.com) and Alcides
José Scaglia (alcides.scaglia@fca.unicamp.br) are affiliated with the
Laboratory of Sports Pedagogy Studies, School of Applied Sciences,
University of Campinas, UNICAMP, Limeira, SP, Brazil.
Corresponding author
Cristian Javier Ramirez Lizana
Laboratory of Sports Pedagogy Studies, School of Applied Sciences,
University of Campinas - UNICAMP
1300, Pedro Zaccaria St, Jd. Sta Luiza 13.484-350, Limeira, SP,
Brazil
Phone: +55 (19) 37016689
E-mail: crlizana1@gmail.com
Motriz. The Journal of Physical Education. UNESP. Rio Claro, SP, Brazil
- eISSN: 1980-6574 – under a license Creative Commons - Version 3.0
RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
754
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
755
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
756
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
757
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
decisões do que a média entre o atleta de decisão (Allard, 1993; Costa e colaboradores,
Série B e Profissional. 2002; Giacomini e colaboradores, 2011a,b).
Demonstrando que as categorias de Nessa mesma perspectiva, o tempo de
maneira geral talvez não signifiquem tomadas prática é destacado como crucial para
de decisão mais rápida ou lenta, visto que desenvolver o conhecimento tático declarativo
alguns estudos apresentam as tomadas de de jogadores de futebol (Moreira e
decisões dos atletas profissionais mais colaboradores, 2014) já que jogadores que
velozes e outros o amador com a tomada de apresentam maior nível de conhecimento
decisão mais rápida. tático declarativo são tipicamente os de
A explicação para tais divergências, categorias mais experientes (Willians e
pode ser explicada pela falta de um processo Davids, 1995; Matias e Greco, 2013).
de seleção de atletas citado por Paoli, Silva e
Soares (2008); Guimarães, Oliveira e Paoli CONCLUSÃO
(2020), visto que, a maneira de escolha
segundo os autores ainda é de forma subjetiva Assim, identificamos indícios de que
seguindo o bom senso dos técnicos e/ou dos os atletas em suas diferentes categorias
profissionais. obtiveram diferenças no conhecimento tático
Outro fator que pode ser declarativo e no tempo de reconhecimento
compreendido que afeta/influência essa visual em situações de jogo, embora essa
diferença no desempenho entre os atletas, é o diferença não tenha demostrado nível mais
fator do ambiente-sociocultural que pode alto dos atletas de categorias superiores.
influenciar no desempenho (Dias, 2005). Outra consideração é referente ao
Neste estudo, foi identificado também tempo de experiência que não foi um quesito
que quatro dos cinco atletas desempenham decisivo.
melhor as ações próximas da bola - Como analisado também, atletas de
contenção, cobertura defensiva, penetração, diferentes posições, sendo ou não da mesma
cobertura ofensiva, espaço com bola e categoria, apresentaram características
equilíbrio de recuperação. específicas das suas posições: Os meias de
Todavia, somente o atleta profissional armação com melhores resultados que os
e o amador têm uma tomada de decisão mais meias de contenção nas situações mais
rápida em ações próximas da bola do que as ofensivas, e o contrário nas situações mais
distantes da bola - Unidade defensiva, defensivas.
concentração, equilíbrio defensivo, mobilidade, Por fim, sugere-se novos estudos,
espaço sem bola e unidade ofensiva (Para transversal e longitudinal, analisando
mais informações sobre tais ações Teoldo, taticamente o atleta tanto de maneira
Guilherme e Garganta, 2015). processual quanto declarativo com este
Este é um fator digno de ser analisado mesmo viés com categorias, posições e
em futuros estudos, pois as ações próximas da experiências diferentes.
bola demandam um tempo de reação mais Sugere-se também estudos
curto na maioria das vezes, já que são ações quantitativos com um número maior de atletas,
realizadas no centro de jogo, ou seja, onde para que assim, a ciência possa contribuir
está a bola. cada vez mais não só com a produção de
O tempo de resposta do atleta de conhecimento, mas no trabalho dos
categoria de base, que era o menos treinadores e clubes no âmbito tático dentro do
experiente entre os analisados, demonstrou processo metodológico da iniciação ao
tomadas de decisões rápidas, conseguindo profissional.
manter o desempenho.
Observamos assim, que ter mais REFERÊNCIAS
experiência aparentemente não foi um fator
decisivo para melhores resultados neste 1-Afonso, J.; Garganta, J.; Mesquita, I.
estudo. Decision-making in sports: the role of attention,
Pesquisas com objetivos similares têm anticipation and memory. Revista Brasileira de
demonstrado que os jogadores com mais Cineantropometria e Desempenho Humano.
experiências apresentaram um superior Vol. 14. Num. 5. p,. 592-601. 2012.
conhecimento específico do jogo com um
conhecimento de base da modalidade mais 2-Allard, F. Cognition, expertise and motor
amplo, fazendo com isso a melhor tomada de performance. In: Starkes, J. L.; Allard, F.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
758
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
(Eds.). Cognitive issues in motor expertise. 13-Giacomini, D. S.; Silva, E. G.; Greco, P. J.
Amsterdam: Elsevier Science. p.17-34. 1993. Comparação do conhecimento tático
declarativo de jogadores de futebol de
3-Balzano, O. N. Futsal: Treinamento com diferentes categorias e posições. Rev. Bras.
jogos táticos por compreensão. Várzea Ciênc. Esporte. Vol. 33. Num. 2. p. 445-463.
Paulista. São Paulo. Fontoura. 2014. p. 246. 2011b.
4-Bunker, D.J.; Thorpe, R.D. A model for the 14-Gonçalves, E.; Rezende, A. L. G.; Teoldo, I.
teaching of games in secondary schools. Comparação entre performance tática
Bulletin of Physical Education. Vol. 18. Núm. 1. defensiva e ofensiva de jogadores de futebol
p. 5-8. 1982. Sub-17 de diferentes posições. Revista
brasileira de ciências do esporte. Vol. 39.
5-Costa, I. T.; Garganta, J.; Fonseca, A.; Num. 2. p. 108-114. 2017.
Botelho, M. Inteligência e conhecimento
específico em jovens futebolistas de diferentes 15-Guimarães, M. B.; Lima, R. C.; Guerra, I.
níveis competitivos. Revista Portuguesa de H.; Paoli, P. B. Comportamentos ofensivos e
Ciências do Desporto. Vol. 2. Num. 4. p. 7-20. defensivos dos atletas envolvidos em
2002. situações táticas individuais e de grupo no
jogo de futebol. Revista brasileira de futebol.
6-Denzin, N. K.; Lincoln, Y. S. O planejamento Vol. 5. Num. 1. 2012.
da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens.
2ª edição. Porto Alegre. Artmed. 2008. 16-Guimarães, M. B.; Oliveira, A. M.; Paoli, P.
B. A prospecção do talento no futebol
7-Dias, F. De principiante a experto ou... brasileiro. Diagnóstico estrutural e financeiro
simplesmente experto?!... Conseguirá a do processo de captação de atletas. Ed.
prática Deliberada explicar a expertise no Appris. 2020.
futebol? Perspectiva de Vitor Frade. 2005. 150
f. Monografia. Universidade do Porto. 2005. 17-Machado, G.; Costa, I. T. TacticUP Video
Test for Soccer: Development and Validation.
8-Francisco, M. R.; Guimarães, D. L. R.; Netto, Front, Psychol. Vol. 11. 2020.
E. R.; Junior, M. R. C.; Miguel, H. Evolução
dos sistemas táticos no futebol de campo: uma 18-Matias, C. J. A. S.; Greco, P. J. Cognição e
revisão de literatura. Revista Brasileira de ação nos jogos esportivos coletivos. Ciência e
Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 12. Num. 48. cognição. Vol. 15. Num.1. p. 252-271. 2010.
p.303-316. 2020.
19-Matias, C. J. A. S.; Greco, P. J. O
9-Garganta, J. Modelação táctica do jogo de conhecimento tático declarativo dos
futebol - estudo da organização da fase levantadores campeões de voleibol. Motriz.
ofensiva em equipas de alto rendimento. Tese Revista de Educação Física. UNESP. Vol. 19.
de Doutorado. Faculdade de Ciências do Num. 1. p. 185-194. 2013.
Desporto e de Educação Física. Universidade
do Porto. 1997. 20-Miragaia, C. M. P. Conhecimento
declarativo e tomada de decisão em futebol:
10-Garganta, J. O ensino dos jogos estudo comparativo da exatidão e do tempo de
desportivos. Movimento. Num. 8. p. 19-27. resposta de futebolistas de equipas da I, II e 2ª
1998. divisão B. Dissertação de Mestrado.
Faculdade de Desporto da Universidade do
11-Garganta, J. O desenvolvimento da Porto- FCDEFUP. Porto. 2001.
velocidade nos jogos desportivos colectivos.
Revista digital efdeportes.com. Num.30. 2001. 21-Moreira, P. D.; Soares, V. O. V.; Praça, G.
M.; Matias, C. J. A. S; Greco, P. J.
12-Giacomini, D. S.; Soares, V. O. V.; Santos, Conhecimento tático declarativo em jogadores
H. F. S.; Matias, C. J. A. S.; Greco, P. J. O de futebol Sub-14 e Sub-15. Revista kinesis.
conhecimento tático declarativo e processual Ed.32. Vol. 2. 2014.
em jogadores de futebol de diferentes
escalões. Motricidade. Vol. 7. p. 43-53. 2011a. 22-Paoli, P. B.; Silva, C. D.; Soares, A. J. G.
Tendência atual da detecção, seleção e
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
759
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.56. p.753-759. Suplementar 1. Jan./Dez. 2021. ISSN 1984-4956
218
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
RESUMO ABSTRACT
A tática fundamentou-se com um papel The 4-1-4-1 tactic on football: Its use and
significativo no futebol com o passar dos anos, variations by the Germany selection during the
imbuída por diversas variações. O objetivo do 2014 Football World Cup.
estudo é investigar a utilização do esquema 4-
1-4-1, sobretudo o uso pela seleção alemã em The tactic has been based on a significant role
determinadas partidas durante a Copa do in football over the years, presenting many
Mundo de futebol em 2014. Para alcançar changes with it. The purpose of this study is to
essa proposta utilizou-se um método investigate the use of the scheme “4-1-4-1”,
qualitativo sustentado por uma análise especially when used by the German National
imagética que descreve como o 4-1-4-1 era Team in certain matches during the Football
utilizado pela seleção da Alemanha nessas World Cup in 2014. To achieve this proposal, a
partidas. Foram perceptíveis alguns aspectos qualitative method was used and it was
do sistema tático 4-1-4-1, por exemplo, as supported by an image analysis that describes
suas variações táticas com poucas trocas de how the 4-1-4-1 scheme was applied by the
posição durante uma partida, além dos German Team during such matches. It was
aspectos ofensivos e defensivos que possible to notice some aspects of the tactical
acompanham essa forma de se posicionar e system 4-1-4-1 and its possibilities of tactical
caracterizam o esquema como uma opção variations during the matches and with a few
equilibrada, dependendo também das position changes, besides the offensive and
características dos atletas. Foi possível defensive aspects that accompany this position
observar uma relação do 4-1-4-1 com o 4-3-3 and characterize the scheme as a balanced
e apontar comparações por conta da option, depending on the characteristics of the
semelhança das funções que os dois sistemas athletes, as well. It was possible to notice a
levam ao campo. Com isso, conclui-se que o relation between “4-1-4-1” and “4-3-3” and
4-1-4-1 se caracteriza por ser uma forma pointed out possibilities due to the similarity of
equilibrada de se postar em uma partida e the functions that the two ideas lead to the
que, consequentemente, foi importante para a field. With all that has been presented, it is
conquista do tetra alemão em 2014. concluded that “4-1-4-1” is characterized by
being a balanced way to post a match and was
Palavras-chave: Futebol. Tática - 4-1-4-1. therefore important for the conquest of the
Variações táticas. German fourth championship. in 2014.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
219
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
220
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
221
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
222
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
223
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Caso esse meia avance tanto que maturidade, na qual se concebe que é
chegue ao ataque e os pontas recebam necessário entender e dominar todas as fases
funções de armação, torna-se então um 4-4-2 da partida para vencê-la.
no campo, conforme observado na figura 4.
Segundo Almeida, Lauria e Lima Características Ofensivas e Defensivas
(2016), recuperar a bola é mais fácil que
trabalhar a bola e criar, assim, a maioria das Os sistemas podem ser os mais
equipes de alto rendimento, hoje, joga de diversos, mas quando se trata de postura
maneira defensiva, buscando o resultado da ofensiva ou defensiva a questão depende
maneira mais pragmática. muito mais da postura dos atletas e da
Não foram encontradas pesquisas que estratégia que a equipe utiliza. Para Vendite e
indiquem se isto agrada ou não ao público Moraes (2006), a tática do futebol tem
espectador e telespectador. passado por diversas modificações por conta
Por outro lado, compreende-se que as da dualidade entre defensores e atacantes.
equipes técnicas valorizam demasiadamente a Isso faz com que aconteça uma disputa no
tática associada a movimentos defensivos. campo entre os que atacam e os que
Tendo em vista a necessidade de se tornar defendem, possibilitando pensar alguns
mais defensiva, por exemplo, na situação de aspectos que caracterizam as fases ofensivas,
sustentar um resultado que interessa à equipe, neste caso do 4-1-4-1.
é possível caracterizar mais uma variação de A evolução da condição física dos
sistema, o 5-4-1. atletas permitiu uma maior versatilidade,
Para tanto, o volante recuaria, deixando o jogo mais dinâmico e justamente
formando uma linha de três zagueiros, junto por causa desse dinamismo o futebol está
com os laterais, que teriam postura defensiva, cada vez mais dependente da força física e da
formando uma base de cinco atletas na velocidade dos jogadores. E isso irá refletir
primeira linha; os meio campistas teriam o nas opções relativas ao sistema tático
apoio dos pontas, formando a linha de quatro (Almeida, Lauria e Lima, 2016).
no meio campo e mais avançado um atacante. As evoluções na preparação física
Como sugere Wilson (2016), é nesse influenciam, principalmente, as questões
momento que os primórdios da tática se ofensivas das equipes, com transições rápidas
invertem, já que nos seus primeiros passos a da defesa para o ataque e com jogadas em
tática era absolutamente ofensiva, e agora – velocidade pelas laterais do campo. Não
praticamente um século e meio após a sua obstante, as possibilidades de triangulações
formalização como esporte – os técnicos que o 4-1-4-1 oferece com a posse de bola e
buscam quase sempre soluções sua amplitude com os “extremos” ou “pontas”
conservadoras, adicionando atletas às linhas – atacantes ou meias que jogam pelos lados –
defensivas. Como uma questão de potencializam a explosão física com o controle
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
224
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
225
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
226
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
227
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
equipes com forte marcação e que criaram vez pautada no 4-1-4-1, dando as mínimas
oportunidades de marcar durante o confronto. condições para os argentinos finalizarem.
A Alemanha mais uma vez fez o uso Os alemães postaram linhas
do 4-1-4-1 e algumas variações que ajudaram compactas e próximas, o oponente poderia
no êxito final. Para começar a fase defensiva, estar perto da sua área, mas não tinha espaço
a Alemanha buscou em diversos momentos para fazer infiltrações ou finalizar a gol.
marcar a Argentina perto de sua própria área, Quando recuperava a bola a
trazendo dificuldades na saída de bola do rival. Alemanha contava com trocas de posição para
Com linhas bem posicionadas, o criar superioridade numérica nos setores e,
selecionado alemão dificultava para que seus consequentemente, regularmente ter opção de
adversários encontrassem espaços para passe para fazer a progressão da defesa ao
progredir com trocas de passes, mas perto de ataque.
sua área a postura da Alemanha foi mais uma
Figura 8 - Poscionamento defensivo da Alemanha no 4-1-4-1 com marcação pressão contra a argentina.
Fonte: adaptado do YouTube (2020).
Figura 10 - Saída de bola da Alemanha contra a argentina: laterais auxiliam o meio de campo contra a argentina.
Fonte: adaptado do YouTube (2020).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
228
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Figura 11 - Volante recuado para ajudar na criação de jogadas, caracterizando o 3-4-3 contra a argentina.
Fonte: adaptado do YouTube (2020).
Nesse caso os laterais ajudavam o com cinco atletas, com velocidade, trocas de
volante na criação e saída de bola. É possível posição e infiltrações rápidas. Assim, era
perceber que para manter a amplitude e possível levar perigo eminente ao gol
sempre ter uma zona de escape o ponta se argentino.
mantém bem aberto, assim, a Argentina É possível notar claramente o 4-1-4-1
dificilmente conseguiria eliminar todas as desenhado, com os meias mais avançados.
opções de criação dos alemães. Ao progredir Neste caso, o último 4-1 do sistema,
com a bola, a situação posicional mudava, que estava posicionado defensivamente e
com mais movimentações que permitiam a aos numa retomada da posse e tentativa de
jogadores ocupar bem todos os setores do ataque rápido, manteve as linhas que
campo. permitiam boas possibilidades de criação de
O volante recuava para perto dos jogadas e assim uma possível finalização.
zagueiros, dessa vez os laterais tomam
posições mais abertas e os pontas se CONCLUSÃO
aproximam do atacante. O time alcança a
variação 3-4-3, permitindo boas opções para A tática no futebol se mostra bastante
atacar o adversário. E, por fim, quando não ampla, pois se trata de um dos esportes mais
havia uma possibilidade de criação com tal dinâmicos já criados. Uma das propostas de
cadência, os alemães atacavam de maneira se colocar no campo para a prática do futebol
rápida, mantendo uma estrutura bem próxima é o 4-1-4-1.
ao 4-1-4-1 nos momentos de marcação, tendo Neste sistema observa-se variações
assim um ataque bem ocupado e posicionado táticas que podem ser realizadas com poucas
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
229
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.218-229. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
Artigo Original
PRAÇA GM, FAGUNDES LHS, BRAGA W, FOLGADO H, MORALES JC, Gibson Moreira Praça1
CHAGAS MH et al. Influência da alteração do adversário nas respostas táticas e Leonardo H. Silva Fagundes¹
físicas em pequenos jogos no futebol. R. bras. Ci. e Mov 2016;24(4):44-54. Wladimir de O. Braga
Hugo Folgado²
Juan Carlos P. Morales¹
RESUMO: Observa-se na literatura que o desempenho durante o jogo de futebol varia com a mudança Mauro Heleno Chagas¹
dos jogadores adversários. Contudo, desconhece-se se este efeito é observado durante treinos de futebol André G. Pereira de Andrade¹
com pequenos jogos, embora estes se apresentem em importante meio para o treinamento nesta Pablo Juan Greco¹
modalidade. Este estudo objetivou investigar a influência da alteração da equipe adversária no 1
comportamento tático coletivo e no desempenho físico durante pequenos jogos no futebol. Selecionaram- Universidade Federal de Minas
se 18 atletas, divididos em 6 equipes com três jogadores cada, compostas por um defensor, um meio- Gerais
campista e um atacante. As equipes foram balanceadas a partir da capacidade tática individual dos atletas ²Departamento de Desporto e
e enfrentaram-se ao longo do protocolo de pesquisa jogando na configuração 3vs3. Avaliou-se a demanda Saúde, Escola de Ciências e
física – acelerações e distâncias percorridas em intervalos de velocidade - e o comportamento tático Tecnologia, Universidade de
coletivo – largura, profundidade, razão entre largura e profundidade e a distância entre os centroides - por Évora, Portugal
meio do uso de dispositivos de GPS de 15 Hz. Os dados foram analisados por meio do teste t pareado.
Não se observaram alterações no desempenho tático das equipes. Contudo, para os aspectos físicos,
observaram-se diferenças em relação às distâncias percorridas e acelerações. Conclui-se que a alteração da
composição da equipe adversária implica em modificações comportamentais dos jogadores durante
pequenos jogos, nomeadamente na demanda física, devendo esta variável ser considerada na utilização
deste meio de treinamento.
ABSTRACT: According to the literature, soccer specific performance varies when changing the opponent
players. However, it is still unknown if this effect is also showed during soccer training sessions with
small-sided games, although these are important training tools. This study aimed to investigate the
influence of changing the opponents on the tactical behavior and physical demands during soccer small-
sided games. Eighteen male soccer players, divided into 6 teams with 3 players each participated in study.
Teams, balanced in relation to the tactical performance, faced each other during the research in a 3vs3
configuration. Physical demands and tactical behavior were assessed through a 15Hz GPS device. Data
were analyzed by the paired t test. No differences were observed regarding the tactical behavior. However,
regarding the physical demands, total distance traveled and accelerations were different when changing the
opponent. It was concluded that changing the opponent implies in behavioral changes of players during
small-sided games, and this variable must be considered when using these training tool.
Recebido: 03/11/2015
Contato: Gibson Moreira Praça - gibson_moreira@yahoo.com.br Aceito: 02/08/2016
45 Influência da alteração do adversário nas respostas táticas e físicas
Introdução
relacionados ao conhecimento do jogo 25,26 (i.e., relativo aos indivíduos pertencentes às equipes em confronto), assim
como, ao próprio pequeno jogo (relativo à tarefa). O entendimento da influência da modificação da equipe adversária no
comportamento dos jogadores durante pequenos jogos apresenta importante impacto no planejamento das sessões de
treino no futebol na medida em que treinadores e preparadores físicos podem ajustar a distribuição dos atletas nas
equipes em função de objetivos – físicos e/ou táticos – específicos. Contudo, o impacto da alteração das equipes em
confronto não foi investigado durante a prática de pequenos jogos. Neste contexto, este estudo tem como objetivo
analisar a influência da alteração dos adversários nos comportamentos táticos e físicos de jogadores de futebol durante a
realização de pequenos jogos no futebol.
Materiais e métodos
Sujeitos
Selecionaram-se 18 atletas (idade: 16,4 ± 0,4 anos; massa: 68,4 ± 8,0 Kg) de uma equipe de Futebol da cidade
de Belo Horizonte que participa de competições a nível nacional e realiza em média sete sessões de treino semanais.
Destes atletas, optou-se por selecionar o mesmo número de defensores (n=6), meio-campistas (n=6) e atacantes (n=6),
dadas as diferenças nas características do jogo previamente reportadas na literatura 27,28 e a necessidade de considerar
este critério na composição das equipes dada a influência do estatuto posicional previamente reportada.
Procedimentos
Inicialmente, realizou-se a divisão dos 18 atletas em seis equipes compostas por três jogadores. O Teste de
Conhecimento Tático Processual (TCTP) foi utilizado para o processo de estratificação29. O teste compreende a
realização de um jogo reduzido, com duas equipes compostas por três jogadores cada (3vs.3) em um campo de 9x9m no
qual as equipes devem manter a posse de bola durante o maior tempo possível, sendo a duração total do teste
compreendida em quatro minutos. Durante a realização do teste, as cenas são gravadas para posterior análise. Esta
análise, conduzida por peritos no teste, avalia a incidência de ações táticas no ataque – com bola e sem bola – e na
defesa – na marcação do portador da posse de bola e na marcação do atacante sem bola previamente validadas para o
futebol29. Para a realização do TCTP, os 18 atletas foram divididos em três grupos de seis atletas de mesmo estatuto
posicional, i.e. seis zagueiros, seis meio-campistas e seis atacantes. Em cada grupo foram formadas duas equipes com
três atletas de mesmo estatuto posicional. A alocação de cada atleta para uma das duas equipes ocorreu por meio de
sorteio. Uma vez dividida as duas equipes, as mesmas realizaram dois jogos entre si que foram filmados com câmera
digital JVC HD Everio GZ-HD520 para posterior análise do desempenho relacionado ao conhecimento tático
processual de cada atleta. A partir dos resultados do TCTP elaborou-se um ranking de desempenho dos atletas dentro de
cada estatuto posicional. Após a organização do ranking, foi possível dividir a amostra em dois grupos: Grupo 1 (G1) -
composto pelos três atletas com maior desempenho no TCTP de cada estatuto posicional (N=9) e Grupo 2 (G2) -
composto pelos três atletas com menor desempenho no TCTP de cada estatuto posicional (N=9). Após a estratificação
dos atletas em G1 (atletas com maior desempenho no TCTP) e G2 (atletas com menor desempenho no TCTP), o
seguinte procedimento foi adotado: dentro de cada grupo (G1 e G2) foram formadas três equipes (A, B e C – grupo 1;
D, E e F – grupo 2) de três atletas (um defensor, um meio-campista e um atacante). Para esta formação das equipes,
outro critério adotado foi que uma determinada equipe não poderia ter dois atletas com o mesmo nível no ranking de
desempenho com o intuito de manter as equipes equilibradas.
Após a formação das equipes dentro de cada grupo (G1 e G2), as equipes A, B, C de um determinado grupo
jogaram entre si. Na literatura é reportada a influência da alteração do nível do adversário nas respostas dos jogadores
durante o jogo formal19. Assim, a divisão dos atletas em dois grupos permitiu que atletas de nível semelhante se
enfrentassem, minimizando a influência do nível do adversário no comportamento observado. As sessões de coleta de
dados envolvendo os pequenos jogos foram balanceadas de forma que todas as equipes de um mesmo grupo realizassem
o mesmo número de jogos entre si. Todos os jogos foram realizados em um mesmo horário do dia para padronizar as
influências do ciclo circadiano.
A configuração 3vs.3 (goleiro mais três jogadores de linha por equipe) garante que os atletas tenham à
disposição todos os meios táticos coletivos, tanto na defesa como no ataque30. Assim os pequenos jogos nessa
configuração apresentam-se como uma possibilidade para o treinamento de componentes táticos 30, além de permitir
permanente envolvimento dos atletas no jogo. Assim, utilizou-se durante toda a coleta de dados a configuração 3vs.3. O
tamanho do campo foi mantido em 36x27 27,30, com balizas de 5m de largura por 2m de altura. Todas as regras inerentes
ao jogo formal, incluindo o impedimento, foram adotadas. Adotou-se permanente encorajamento externo por parte de
treinadores, além do posicionamento de 4 bolas auxiliares ao redor do campo de jogo 31.
A coleta de dados teve a duração de três semanas. Na primeira foram realizados os procedimentos para
composição das equipes e uma sessão de familiarização com a configuração de jogo. Nas duas semanas seguintes,
conduziram-se seis dias de coleta, separados por no mínimo 48h, garantindo que todas equipes se enfrentassem uma vez
dentro do grupo de nível tático semelhante, observando-se assim os confrontos AxB, AxC e BxC (aplicando-se o
mesmo ao grupo 2). Conforme observado, cada equipe realizou dois confrontos, sendo a análise efetuada a partir dos
pares equipe adversária 1 (ADV1) e equipe adversária 2 (ADV2). Em cada sessão realizaram-se duas séries de
pequenos jogos com quatro minutos de duração e tempo igual de pausa passiva. Todas as regras do jogo formal foram
mantidas, incluindo o impedimento. A figura abaixo apresenta todos os confrontos entre as equipes (com os respectivos
pareamentos) e representa o tamanho amostral (n) do estudo para cada grupo de variáveis (físicas e táticas).
Instrumentos
Avaliação da demanda física:
Para o registro da demanda física durante os pequenos jogos praticados com diferentes adversários utilizou-se
o sistema de posicionamento global (GPS) da marca GPSports Systems modelo SPI Pro X 2 com taxa de amostragem
de 15Hz e acelerômetro triaxial de 100Hz. Cada atleta utilizou uma unidade do dispositivo de GPS (massa: 76g;
dimensão: 48 mm x 20 mm x 87 mm) alocado junto ao tronco, na altura das vértebras torácicas, por meio de um colete
elástico específico. O dispositivo foi ligado cinco minutos antes de se iniciar a sessão de treinamento e desligado
imediatamente após o final da atividade. Depois de gravados, os dados foram transferidos para um computador e
analisados por meio do software GPSports Team AMS 2012, fornecido pelo fabricante do dispositivo. A confiabilidade
e validade do dispositivo utilizado foram reportadas em estudos prévios (MACLEOD; SUNDERLAND, 2007; GRAY
et al., 2010). As variáveis “distância total percorrida, distâncias percorridas em diferentes extratos de velocidade e
número de acelerações”, que caracterizam a demanda física, foram utilizadas no presente estudo. Um maior
detalhamento das variáveis relacionadas à demanda física foi apresentado no quadro 1.
Essas variáveis foram investigadas em estudos prévios4,32,33. No presente estudo, os valores de velocidade
acima de 21,5 Km/h foram agrupados em um único extrato de acordo com o procedimento adotado por Owen, Wong34.
Cuidados éticos
Este estudo recebeu parecer favorável do Comité de ética em pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais, registrado sob o número 29215814.8.0000.5149. Todos participantes e responsáveis deram consentimento por
escrito antes do início das coletas.
Figura 2. Variáveis táticas. a e a’: profundidade; b e b’: largura; estrela: posição do centroide das equipes A (triângulos pretos) e B (círculos brancos).
Análise estatística
Para a análise dos dados, consideram-se os dados de cada série de pequeno jogo separadamente, independente
do fator grupo. Os dados foram inicialmente analisados com estatística descritiva. Verificou-se a distribuição através do
teste de normalidade de Shapiro-Wilk, recomendado para amostras pequenas. Observou-se não haver indícios de
desvios significativos à normalidade, procedendo-se então a uma análise de variância para o fator confronto com 12
níveis de resposta (12 diferentes confrontos observados neste estudo). Dessa forma, se a equipe A joga inicialmente
contra a equipe B, tem-se o confronto AxB que posteriormente em função da mudança de adversário seria denominado
confronto AxC. Dessa forma, as médias das 12 combinações possíveis de confrontos entre as 6 equipes foram
comparadas, totalizando 6 diferentes pares. Em caso do teste F da ANOVA ser significativo, utilizou-se o post hoc de
Tukey. Essa análise foi realizada tanto para as variáveis físicas quanto para as táticas. O nível de significância adotado
foi de p<0,05, e todos os cálculos foram realizados no pacote estatístico SPSS 20.0.
Resultados
A tabela 1 apresenta os valores médios, desvios padrão e p-valor para as variáveis relacionadas ao
comportamento tático coletivo. Variáveis largura e profundidade são apresentadas em metros, enquanto valores de
distância centroide e LPWRatio não apresentam unidade de medida.
Resultados apontam ausência de diferenças significativas no comportamento tático coletivo com a alteração do
adversário durante a realização de pequenos jogos (p>0,05). Na tabela 2 estão apresentados os resultados referentes às
demandas físicas. Dados de distância (distâncias percorridas e distâncias em aceleração) são apresentados em metros.
Para as ações de aceleração apresenta-se a frequência de observações em cada um dos dois níveis.
Em relação às demandas físicas, foram observadas diferenças significativas na distância percorrida entre 0 e
7,2 km/h (DT1) nos pares de confrontos 2 e 6 (p=0,047). Ainda, observaram-se diferenças na incidência de acelerações
acima de 2ms² (p=0,009) nos confrontos 1 e 2. De maneira geral, observou-se um reduzido impacto da alteração do
adversário nas respostas físicas dos jogadores.
Discussão
Este estudo objetivou investigar a influência da alteração do adversário nas demandas físicas e táticas durante a
realização de pequenos jogos no futebol. De maneira geral, não se observaram diferenças no comportamento tático a
partir da alteração das equipes adversárias e reportou-se baixo impacto da alteração dos adversários na demanda física
durante os pequenos jogos.
R. bras. Ci. e Mov 2016;24(4):44-54.
PRAÇA et al. 50
Tabela 1. Comparação do comportamento tático coletivo entre os jogos com diferentes adversários.
Tabela 2. Comparação das demandas físicas entre os jogos com diferentes adversários.
AxB 423,05 (37,1) 170,35 (13,6) 178,58 (38,4) 68,15 (21,2) 5,5 (8,5) 4,66* (1,0) 85,48 (18,1) 4,66 (1,0) 49,33 (10,0)
Par 1
AxC 395,4 (53,4) 182,75 (8,1) 153,76 (37,2) 53,35 (23,3) 5,51 (6,9) 7,66* (1,9) 71,13 (27,6) 3,83 (1,2) 39,13 (12,5)
BxA 436,25 (35,9) 152,8* (19,5) 209,83 (32,6) 67,13 (24,4) 6,3 (6,9) 3,33* (2,1) 87,38 (35,1) 3,33 (2,1) 37,91 (25,0)
Par 2
BxC 411,35 (49,5) 181,38* (28,5) 181,38 (28,5) 57,28 (37,5) 8,38 (7,7) 9,16* (3,9) 85,33 (41,0) 4 (2,6) 38,98 (26,2)
CxA 411,06 (27,7) 178,71 (10,7) 178,85 (31,3) 53,31 (21,3) 0,18 (0,4) 6,83 (2,3) 59,96 (23,3) 3,41 (1,8) 33,71 (9,0)
Par 3
CxB 399,73 (28,2) 178,76 (24,5) 175,13 (24,8) 47,83 (17,0) 4,03 (3,9) 7,91 (1,8) 72,21 (29,7) 4,33 (1,0) 26,15 (6,8)
DxE 462,2 (48,9) 168,93 (19,4) 199,43 (47,2) 85,88 (31,8) 6,58 (6,4) 9,33 (2,9) 98,06 (42,9) 5,33 (2,1) 59,06 (21,9)
Par 4
DxF 421,51 (51,4) 172,4 (10,6) 188,25 (45,0) 58,38 (18,2) 2,28 (3,1) 7,83 (1,7) 73,81 (24,4) 3,83 (1,2) 34,26 (16,0)
ExD 449,38 (50,7) 157,6 (13,4) 209,75 (60,7) 66,2 (14,7) 5,36 (6,2) 9,16 (3,3) 87,28 (33,4) 4,83 (1,7) 49,56 (24,7)
Par 5
ExF 418,71 (60,4) 158,7 (17,0) 189,5 (68,3) 61,95 (18,0) 7,65 (9,1) 7,83 (2,6) 85,43 (34,0) 3,33 (1,0) 41,06 (23,1)
FxD 462,01 (54,6) 162,75* (14,6) 200,96 (45,6) 88,65 (30,5) 9,38 (13,3) 9,16 (2,9) 90,26 (22,6) 4,0 (1,3) 47,63 (25,8)
Par 6
FxE 417,6 (60,1) 173,26* (17,1) 183,11 (43,7) 59,13 (32,8) 2,15 (4,7) 7,16 (1,2) 64,64 (21,7) 4,0 (1,8) 38,38 (17,0)
p-valor 0,241 0,047 0,633 0,167 0,576 0,009 0,593 0,576 0,284
nova dinâmica das interações interpessoais22 e solucionassem as tarefas-problema propostas no jogo de maneira
diferenciada. Contudo, tal adaptação não foi observada nas variáveis relacionadas ao comportamento tático coletivo no
presente estudo. As equipes em confronto apresentavam devido ao teste realizado para composição das equipes (TCTP)
níveis táticos semelhantes. Ademais, o desempenho tático coletivo no futebol orienta-se pelo estabelecimento de
princípios de jogo inerentes à modelação tática operacionalizada pela comissão técnica 37,38. Assim, na medida em que
os atletas deste estudo pertencem a um mesmo clube, espera-se que possuam um conhecimento similar sobre os
princípios que regem a ação coletiva da equipe. Assim, entende-se que a simples alteração das equipes em confronto
não se apresentou suficiente para modificar o comportamento tático coletivo durante a prática de pequenos jogos
considerando a similaridade na capacidade tática dos jogadores e o conhecimento compartilhado acerca dos princípios
táticos estabelecidos durante o processo de treino na equipe em questão.
Além disso, espera-se, a performance no jogo de futebol é caracterizada pelo contexto de cooperação e
oposição com colegas de equipe e adversários39. Assim, espera-se que as ações táticas analisadas na escala individual
amparem (e sejam amparadas) pelas respostas táticas no macrossistema equipe, ou seja, nas relações estabelecidas entre
os colegas de time20,40. Respostas adaptativas que coletivamente apresentaram-se estáveis no presente estudo, podem
representar um conjunto de ajustes individuais, amparados em Princípios Táticos 41 e no conhecimento tático
processual42 e declarativo43 dos jogadores. Assim, embora não tenham sido observadas diferenças no presente estudo no
comportamento tático coletivo dos atletas, entende-se que adaptações podem ter ocorrido, as quais, contudo, não foram
analisadas. Investigações com esta finalidade tendem a permitir a identificação de possíveis ajustes comportamentais
em função da alteração das relações de cooperação-oposição oriundas da alteração das equipes adversárias e contribuir
para a correta utilização dos pequenos jogos no processo de E-A-T no futebol.
Por outro lado, variáveis como a capacidade aeróbica e resistência de velocidade, importantes para o
desempenho de jogadores de futebol44,45 não foram controladas entre as equipes no atual procedimento experimental.
Recentemente, observou-se na literatura que pequenos jogos com atletas de nível físico superior apresentam aumento na
demanda física (associada às distâncias percorridas) em relação a outras propostas para composição das equipes 46.
Assim, hipotetiza-se que a alteração dos níveis físicos das equipes em confronto possa interferir, ao nível individual, nas
respostas físicas durante pequenos jogos, bem como gerar a necessidade de novas tomadas de decisão, modificando
também o comportamento tático. Tal hipótese pode ser testada em investigações futuras.
Dados deste estudo podem auxiliar treinadores e preparadores físicos no planejamento das sessões de
treinamento ao longo da temporada esportiva12. Sugere-se, de forma a reduzir a variabilidade das respostas físicas
observadas, que confrontos entre as mesmas equipes sejam adotados durante a utilização de pequenos jogos do ponto de
vista do treinamento das capacidades físicas. Além disso, de posse das caraterísticas dos diferentes confrontos possíveis
em uma equipe, treinadores e preparadores físicos podem optar pela redução ou elevação da demanda física da sessão
de treino sem alterar as respostas táticas dos jogadores apenas pela modificação das equipes em confronto. Contudo,
sugerem-se novos estudos com ampliação do número de pequenos jogos analisados e a investigação de novas
configurações de jogo de maneira a permitir a generalização deste resultado a outras possibilidades de utilização de
pequenos jogos no treinamento de jogadores de futebol.
Conclusões
Conclui-se que a alteração dos adversários, mesmo com a manutenção do mesmo nível tático entre as equipes
em confronto, não implica em modificações na demanda física e no comportamento de jogadores durante pequenos
jogos 3vs.3 no futebol.
Na medida em que o comportamento tático apresenta característica adaptativa nos jogos esportivos coletivos,
R. bras. Ci. e Mov 2016;24(4):44-54.
PRAÇA et al. 52
incluindo o futebol, o pequeno tempo observado durante as séries de pequenos jogos (4 minutos) pode não representar
um contexto suficientemente adequado para o aparecimento de novos comportamentos face às alterações nas equipes
adversárias. Neste ponto, sugere-se que investigações adotem séries de pequenos jogos com maiores durações (entre 4 e
8 minutos) caso o objetivo incida na avaliação do comportamento tático.
Por fim, de forma a permitir avanço na investigação acerca de pequenos jogos no futebol, sugerem-se novos
aportes que busquem o entendimento das interações estabelecidas entre componentes técnicos, táticos, físicos e
psicológicos em situações de treino. Dada as permanentes interações que tais variáveis apresentam durante o
treinamento6, entende-las em seu contexto real apresenta-se fundamental à correta interpretação dos fenômenos
investigados.
Agradecimentos
Aos profissionais do Clube Atlético Mineiro pelo apoio logístico e técnico para a realização da coleta de dados.
À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
pelo suporte financeiro.
Referência
1. Abade EA, Goncalves BV, Leite NM, Sampaio JE. Time-Motion and Physiological Profile of Football Training
Sessions Performed by Under-15, Under-17 and Under-19 Elite Portuguese Players. Int J Sport Physiol Perform. 2014;
9(3): 463-70.
2. Praça GM. Pequenos Jogos no Futebol: comportamento tático e perfil motor em superioridade numérica. Belo
Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais; 2014.
3. Dellal A, Owen AL, Wong DP, Krustrup P, van Exsel M, Mallo J. Technical and physical demands of small vs.
large sided games in relation to playing position in elite soccer. Hum Mov Sci. 2012; 31(4): 957-69.
4. Castellano J, Casamichana D, Dellal A. Influence of game format and number of players on heart rate responses and
physical demands in small-sided soccer games. J Strength Cond Res. 2013; 27(5): 1295-303.
5. Praça GM, Custódio IJO, Greco PJ. Numerical superiority changes the physical demands of soccer players during
small-sided games. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2015; 17(3): 269-79.
6. Casamichana D, Román-Quintana JS, Calleja-González J, Castellano J. Use of limiting the number of touches of the
ball in soccer training: Does it affect the physical and physiological demands? Revista Internacional de Ciencias del
Deporte. 2013; 9(33): 208-21.
7. Ngo JK, Tsui MC, Smith AW, Carling C, Chan GS, Wong DP. The effects of man-marking on work intensity in
small- sided soccer games. J Sport Sci Med. 2012; 11(1): 109-14.
8. Köklü Y, Sert Ö, Alemdaroglu U, Arslan Y. Comparision of the physiological responses and time-motion
characteristics of young soccer players in small-sided games: the effect of goalkeeper. J Strength Cond Res. 2015;
29(4): 964-71.
9. Abrantes CI, Nunes MI, Macãs VM, Leite NM, Sampaio JE. Effects of the number of players and game type
constraints on heart rate, rating of perceived exertion, and technical actions of small-sided soccer games. J Strength
Cond Res. 2012; 26(4): 976-81.
10. Folgado H, Lemmink KAPM, Frencken W, Sampaio J. Length, width and centroid distance as measures of teams
tactical performance in youth football. Eur J Sport Sci. 2012; 14(sup1): S487-S92.
11. Praça GM, Folgado H, Andrade AGP, Greco PJ. Influence of additional players on collective tactical behavior in
small-sided soccer games. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2016; 18(1): 62-71.
12. Clemente FM, Martins FML, Mendes RS. Periodization Based on Small-Sided Soccer Games: Theoretical
Considerations. Strength & Conditioning Journal. 2014; 36(5): 34-43.
13. Buchheit M, Haddad H, Simpson BM, Palazzi D, Bourdon PC, Di Salvo V, et al. Monitoring Accelerations With
GPS in Football: Time to Slow Down? International Journal of Sports Physiology and Performance. 2014; 9: 442-5.
14. Sampaio JE, Lago C, Goncalves B, Macas VM, Leite N. Effects of pacing, status and unbalance in time motion
variables, heart rate and tactical behaviour when playing 5-a-side football small- sided games. J Sci Med Sport. 2014;
17(2): 229-33.
15. Poulter DR. Home advantage and player nationality in international club football. J Sports Sci. 2009; 27: 797-805.
16. Sarmento H, Marcelino R, Anguera MT, Campaniço J, Matos N, Leitão JC. Match analysis in football: a systematic
review. J Sports Sci. 2014; 1-13.
17. Lago C. The influence of match location, quality of opposition, and match status on possession strategies in
professional association football. J Sports Sci. 2009; 27(13):1463-9.
18. Taylor JB, Mellalieu SD, Names N, Shearer DA. The influence of match location, quality of opposition, and match
status on technical performance in professional association football. J Sports Sci. 2008; 26(9): 885-95.
19. Folgado H, Duarte R, Fernandes O, Sampaio J. Competing with Lower Level Opponents Decreases Intra-Team
Movement Synchronization and Time-Motion Demands during Pre-Season Soccer Matches. PLoS ONE. 2014; 9(5):
e97145.
20. Garganta J, Gréhaigne JF. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou necessidade? Movimento. 1999; 5.
21. Clemente FM, Martins FML, Mendes RS, Figueiredo AJ. A systemic overview of football game: the principles
behind the game. Journal of Human Sport & Exercise. 2014; 9(2): 656-67.
22. Davids K, Araujo D, Correia V, Vilar L. How small-sided and conditioned games enhance acquisition of movement
and decision-making skills. Exerc Sport Sci Rev. 2013; 41: 154-61.
23. Vilar L, Araújo D, Travassos B, Davids K. Coordination tendencies are shaped by attacker and defender interactions
with the goal and the ball in futsal. Hum Mov Sci. 2014; 33: 14-24.
24. Garganta J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa
de Ciências do Desporto. 2001; 1.
25. Afonso J, Garganta J, Mesquita I. Decision-making in sports: the role of attention, anticipation and memory. Rev
Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2012; 14(5): 592-601.
26. Roca A, Ford PR, McRobert AP, Mark Williams A. Identifying the processes underpinning anticipation and
decision-making in a dynamic time-constrained task. Cogn Process. 2011; 12: 301-10.
27. Padilha MB, Moraes JC, Teoldo I. O estatuto posicional pode influenciar o desempenho tático ente jogadores da
Categoria Sub-13? Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2013; 21(4): 73-9.
28. Di Salvo V, Baron R, Tschan H, Calderon Montero FJ, Bachl N, Pigozzi F. Performance characteristics according to
playing position in elite soccer. Int J Sports Med. 2007; 28: 222-7.
29. Greco PJ, Aburachid LMC, Silva SR, Morales JCP. Validação de conteúdo de ações tático-técnicas do Teste de
Conhecimento Tático Processual - Orientação Esportiva. Motricidade. 2014; 10: 38-48.
30. Teoldo I, Garganta JM, Greco PJ, Mesquita I, Maia J. System of tactical assessment in Soccer (FUT-SAT):
Development and preliminary validation. Motricidade. 2011; 7(1): 69-83.
31. Rampinini E, Impellizzeri F, Castagna C, Abt G, Chamari K, Sassi A, et al. Factors influencing physiological
response to small-sided soccer games. J Sports Sci. 2007; 25(6): 659-66.
32. Casamichana D, Castellano J, Dellal A. Influence of different training regimes on physical and physiological
demands during small-sided games: continuous vs. intermittent format. J Strength Cond Res. 2013; 27(3).
33. Dellal A, Drust B, Lago-Penas C. Variation of activity demands in small-sided soccer games. Int J Sports Med.
2012; 33(5): 370-5.
34. Owen AL, Wong DP, Paul D, Dellal A. Physical and technical comparisons between various- sided games within
professional soccer. Int J Sports Med. 2013; 34(1): 1-7.
35. Frencken W, Lemmink K, Delleman N, Visscher C. Oscillations of centroid position and surface area of soccer
teams in small-sided games. Eur J Sport Sci. 2011; 11(4): 215-223.
36. Frencken W, van der Plaats J, Visscher C, Lemmink K. Size matters: Pitch dimensions constrain interactive team
behaviour in soccer. Journal of Systems Science and Complexity. 2013; 26(1): 85-93.
37. Tamarit X. Que és la periodización táctica? Vivenciar el juego para condicionar el juego. 2007.
38. Garganta J. Modelação tática do jogo de futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto
rendimento: Universidade do Porto; 1997.
39. Gréhaigne JF, Bouthier D. Dynamic-system analysis of opponent relationships in collective actions in soccer. .
Journal of Sports Sciences. 1997;15.
40. Garganta J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap between research, training and
competition. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto. 2009; 9(1): 81-9.
41. Teoldo I, Garganta JM, Greco PJ, Mesquita I. Princípios táticos do jogo de futebol: conceitos e aplicação. Revista
Motriz. 2009; 15.
42. Giacomini DS, Greco PJ. Comparação do conhecimento tático processual em jogadores de diferentes categorias e
posições. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto. 2008; 8(1): 126-36.
43. Giacomini DS, Silva EG, Greco PJ. Comparação do conhecimento tático declarativo de jogadores de futebol de
diferentes categorias e posições. Rev Bras Ciênc Esporte. 2011; 33(2).
44. Braz TV, Spigolon LMP, Borin JP. Proposta de bateria de testes e classificação de desempenho das capacidades
biomotoras em futebolistas. Revista da Educação Física/UEM. 2009; 20(4): 569-75.
45. Randers MB, Nielsen JJ, Bangsbo J, Krustrup P. Physiological response and activity profile in recreational small-
sided football: No effect of the number of players. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports. 2014;
24(SUPPL.1): 130-7.
46. Köklü Y, Ersöz G, Alemdaroglu U, Asxcxi A, Özkan A. Physiological responses and time-motion characteristics of
4-A-side small-sided game in young soccer players: The influence of different team formation methods. J Strength
Cond Res. 2012; 26(11): 3118-23.
CITATIONS READS
0 134
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Marcelo Andrade on 09 November 2015.
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
Amostra
A amostra foi composta por 6640 ações táticas realizadas por 108 joga-
dores de futebol da categoria Sub-15 de clubes e escolinhas do estado de Minas
Gerais. Os resultados foram compostos por 23 jogos com a seguinte distribui-
ção: 9 Vitórias, 9 Derrotas e 5 Empates. Para critério de seleção da amostra, os
clubes e escolinhas deveriam participar de treinamentos regulares (três vezes
por semana) e de torneios de nível regional.
Instrumentos
Procedimentos Éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres
Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) sob o seguinte protocolo:
Of. Ref. N° 099/2012/CEPH, e atende as normas estabelecidas pelo Conselho
Nacional em Saúde (CNS 466/2012) e pelo Tratado de Ética de Helsinque (1996).
Materiais
Para a gravação dos jogos utilizou-se uma câmera digital SONY mode-
lo HDR-XR100. Os vídeos obtidos foram transferidos para um computador
portátil modelo POSITIVO Premium 4A015RX8T, processador Intel Pentium
Dual core ™, sendo convertidos para ficheiros “avi” através do programa For-
mat Factory for Windows®. Para a análise dos jogos após a coleta, utilizou-se o
software Soccer Analyzer.
Análise Estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
*Diferenças
estatisticamente
significativas
(p<0,05); 1 = Vitória
x Empate; 2 = Vitória
x Derrota; 3 =
Empate x Derrota.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
HUGHES, M.; FRANKS, I. Analysis of passing sequences, shots and goals in soccer.
Journal of Sports Sciences, v. 23, n. 5, p. 509-514, 2005.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de ava-
liação táctica no Futebol (FUT-SAT): desenvolvimento e validação preliminar. Motri-
cidade, v. 7, n. 1, p. 69-84, 2011.
Felipe Dambroz
Departamento de Educação Física, Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol (NUPEF),
Universidade Federal De Viçosa
Endereço de correspondência:
Ygor Costa
Rua Soares da Costa, 345/1002
CEP: 20520-100 – Rio de Janeiro – RJ
Celular: +1 443 901 8871
Contato: coachygorcosta@gmail.com
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
86
RESUMO
Introdução: Os princípios táticos são um conjunto de normas sobre o jogo que proporcionam
aos jogadores a possibilidade de atingirem rapidamente soluções táticas para os problemas
advindos da situação que defrontam. Sendo assim, durante o processo de formação, os
treinadores devem buscar estruturar o treino com base na lógica do jogo. Dessa maneira,
compreender o efeito do treinamento estruturado sobre o desempenho tático de jovens
jogadores de futebol se faz importante visando qualificar o processo de avaliação e
desenvolvimento dos jogadores.
Objetivo: Verificar a influência do treinamento com base nos princípios táticos fundamentais
do jogo de futebol sobre o desempenho tático de jovens jogadores de diferentes posições.
Conclusão: O desempenho tático de jovens jogadores de futebol dos Estados Unidos não se
mostrou suscetivel à alteração após dez sessões de treinamento baseado nos princípios táticos
fundamentais do jogo de futebol. De modo geral, apenas os defensores apresentaram
aumento no desempenho tático, não havendo alterações no desempenho tático nos demais
jogadores.
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
87
ABSTRACT
Introduction: The tactical principles are a set of rules that provide the players the ability to
quickly get tactical solutions to the problems faced in the soccer game. Therefore, the youth
coaches should base their training in the game logic. The understanding of the principles-based
sessions is important in order to improve and optimize the quality of the assessment and
development of soccer players.
Objective: The aim of this study was to verify the influence of soccer training based on the
core tactical principles in the tactical performance of different position youth soccer players.
Method: The sample was comprised of 22 U-13 players from a youth club, they were divided
according to their game positional status: defenders (n = 7), midfielders (n = 8) and attackers (n
= 7). The tactical performance was assessed using FUT-SAT. The players have gone through 10
training sessions based on the core tactical principles with the following distribution:
Penetration (120 min); offensive coverage (205 min); depth mobility (140 min); width and
length (280 min), offensive unity (115 min); delay (180 min); defensive coverage (220 min);
balance (230 min); concentration (95 min); defensive unity (155 min). The normal distribution
of the data was verified by the test of Kolmogorov-Smirnov, the paired T-test and Wilcoxon
were used for statistical analysis. A statistical significance of p < 0,05 was set.
Results: The results indicate that after 10 training sessions, there was a decrease in the
percentage of mistakes performed by the defenders of the following tactical principles:
Balance, concentration, and defensive unity. In the other hand, no significant difference was
found for the midfielders and attackers.
Conclusion: After 10 training sessions based on the core tactical principles with a youth
American club only the defenders showed improvement on the tactical performance.
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
88
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, grande parte dos estudos sobre futebol centraram-se na
componente tática do jogo [1]. O interesse dos pesquisadores por essa componente parece
ocorrer devido à relação dos aspectos táticos com o desempenho de jogadores e equipes [2].
Na literatura, o conceito de tática pode ser entendido de maneira simples como sendo a
gestão do espaço de jogo através do posicionamento e das movimentações dos jogadores pelo
campo, visando à ocupação de áreas estratégicas para que o objetivo do jogo seja alcançado
[3].
Para que a gestão do espaço de jogo ocorra de maneira eficiente, os comportamentos
dos jogadores devem ser coordenados e orientados a fim de promover um equilíbrio nas ações
realizadas [4]. Um dos fatores que possibilita a organização eficiente do jogador durante uma
partida é o conhecimento acerca dos princípios táticos [5,6]. Os princípios táticos são normas
estruturais que possibilitam aos jogadores atingirem rapidamente soluções táticas para os
problemas advindos da situação de jogo que defrontam [7]. Dessa maneira, os princípios
táticos podem auxiliar, sobretudo na organização do treinamento [3].
Outro aspecto que deve ser considerado para o desenvolvimento de programas de
treinamento diz respeito às características individuais dos jogadores [8]. Essas características
tendem a ser determinantes para a definição da posição do jogador no campo visando o maior
rendimento esportivo do mesmo. Nesse cenário, o rendimento do jogador é melhor conforme
o seu nível de adaptação para atuar em determinada posição [9]. Além disso, as pesquisas
apontam que o comportamento tático dos jogadores difere de acordo com o estatuto
posicional [10,11].
Os construtos teóricos relacionados aos modelos de desenvolvimento sugerem que à
especialização dos jogadores em determinada posição deve ocorrer de maneira cautelosa e
progressiva [12]. Por exemplo, os jogadores experts acumulam maior tempo em atividades
estruturadas e orientadas na fase inicial de desenvolvimento [13]. Desta maneira, a literatura
indica que durante o processo de formação, os treinadores devem estruturar o treino
elaborando atividades com base na lógica do jogo e possibilitando a vivência do jogador nas
diferentes posições [14,15]. Portanto, para o desenvolvimento do jogador é importante
deliberar as diretrizes de formação. Com isso, visando qualificar o processo de avaliação,
treinamento e possibilidades de futuras intervenções, se faz importante identificar parâmetros
de desempenho de jovens jogadores de diferentes posições.
Para isso é necessária a utilização de instrumentos que permitam mensurar o
desempenho tático dos jogadores no contexto de jogo. Dentre os instrumentos, o sistema de
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
89
avaliação tática (FUT-SAT) tem sido amplamente utilizado por pesquisadores [10,16,17]. O
FUT-SAT permite avaliar o desempenho tático dos jogadores em situações de jogo através dos
principios táticos fundamentais do jogo de futebol3. Por exemplo, as informações obtidas
através do FUT-SAT têm sido utilizadas para mensurar o desempenho tático dos jogadores em
jogos reduzidos e condicionado [16] e comparar o desempenho tático de jogadores de
diferentes estatuto posicional [10, 17]. Assim, considerando que ao longo do processo de
formação os treinadores buscam mitigar as carências e potencializar as qualidades dos
jogadores, acompanhar o desempenho tático durante o período de treinamento é importante
fornecer parâmetros de comparação sobre o desenvolvimento e caracteristicas dos jogadores.
Com base nisso, o objetivo do presente estudo é verificar a influência do treinamento
com base nos princípios táticos fundamentais do jogo de futebol sobre o desempenho tático
de jovens jogadores de diferentes posições.
2. METODOLOGIA
a. Amostra
A amostra foi composta por 22 jogadores de futebol do sexo masculino da categoria
Sub-13 (12,27 ± 0,32 anos) de escolinhas de formação dos EUA. A amostra foi categorizada de
acordo com o estatuto posicional: defensores (n = 7), meio campistas (n = 8) e atacantes (n =
7). Como critério de inclusão, todos os jogadores deveriam participar de rotinas de
treinamento em clube, com pelo menos duas sessões semanais de 90 minutos cada, participar
de competições regionais e estarem presentes em todos os dias de avaliação.
Para participar da pesquisa, os voluntários com idade inferior a 18 anos assinaram o
termo de assentimento e os seus responsáveis legais assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisas com
seres humanos (CAAE, no 01903818.7.0000.5153), e atende às normas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS 466/2012) e pelo Tratado de Ética de Helsinque (2013).
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
90
c. Desenho experimental
O processo de avaliação ocorreu em dois momentos distintos. No primeiro momento
pré-intervenção (M0), os jogadores realizaram o teste de campo do FUT-SAT. Na sequência, os
jogadores foram submetidos a dez sessões de treinamento contextualizadas que priorizavam o
desenvolvimento dos princípios táticos fundamentais do futebol [3] e após as dez sessões de
treinamento foi realizado o segundo momento de avaliação tática dos jogadores pós
intervenção (M1).
Cada sessão de treinamento teve duração de 90 minutos, totalizando 900 minutos de
treinamento. Os principios táticos fundamentais do jogo de futebol foram trabalhados de
forma separada e o tempo de treinamento para cada princípio foi dividido como descrito a
seguir: princípios ofensivos (total de 860 min) penetração (120 min); cobertura ofensiva (205
min); mobilidade (140 min), espaço (280 min), unidade ofensiva (115 min); e princípios
defensivos (total de 880 min) – contenção (180 min), cobertura defensiva (220 min), equilíbrio
(230 min), concentração (95 min), unidade defensiva (155 min). O segundo momento de
avaliação (M1) foi realizado após as dez sessões de treinamento. Na oportunidade, os
jogadores foram novamente avaliados através do teste de campo do FUT-SAT. Todos os
procedimentos realizados no (M0) foram mantidos.
d. Análise estatística
Para a estatística descritiva dos dados utilizou-se a análise da frequência, percentual,
média e desvio-padrão. A normalidade dos dados foi verificada através do teste Kolmogorov-
Smirnov. Na sequência, o Teste t pareado e Wilcoxon foram utilizados para comparar as
variáveis entre os momentos M0 e M1. O método teste-reteste foi adotado para o cálculo da
fiabilidade, e os valores do teste Kappa de Cohen foram utilizados para a descrição dos
resultados.
As análises de confiabilidade intra-avaliador foram realizadas respeitando o intervalo
de três semanas a fim de garantir a ausência de familiaridade com a tarefa [17]. De um total de
2097 ações táticas, foram analisadas 1176 ações, o que representam 39,5% da amostra, valor
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
91
superior ao de referência (10%) apontado pela literatura [18]. Dois avaliadores participaram
deste procedimento. Os valores de confiabilidade encontrados situaram-se entre o mínimo
77% e o máximo 88% para a confiabilidade intra-avaliador, e entre o mínimo 83% e o máximo
91% para a confiabilidade inter-avaliadores, o que demonstra um alto nível de concordância
entre os avaliadores [19].
Para mensurar o tamanho do efeito, foi adotado d de Cohen, com posterior
classificação de sua força: nulo (< 0,20), pequeno (0,21 a 0,60), médio (0,61 a 1,20) e grande (>
1,20) [20]. Para todos os testes adotou-se o nível de significância de p < 0,05. O tratamento dos
dados foi realizado através do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for
Windows®, versão 24.0.
3. RESULTADOS
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
92
Tabela 1: Média e desvio padrão do Índice de Performance Tática e percentual de erro na realização dos
princípios fundamentais nos momentos M0 e M1.
Princípios Táticos M0 M1 M0 M1 M0 M1
M DP M DP M DP M DP M DP M DP
(%erros) (%erros) (%erros) (%erros) (%erros) (%erros)
Ofensivos
54,6 ± 26,4 56,7 ± 29,2 51,5 ± 26,1 46,7 ± 16,6 51,1 ± 26,3 51,2 ± 30,4
Penetração
(17,5%) (11,9%) (21,%) (34,2%) (40,9%) (19,5%)
Cobertura 48,5 ± 18,2 61,6 ± 18,1 57,2 ± 11,2 52,4 ± 8,3 50,1 ± 13,2 54,8 ± 15,1
Ofensiva (1,2%) (6,1%) (5,2%) (3,1%) (6,8%) (3,2%)
53,7 ± 28,7 45,6 ± 35,9 61,3 ± 29,9 62,9 ± 23,9 45,5 ± 33,7 48,6 ± 24,1
Mobilidade
(0,7%) (1,4%) (8,9%) (4,7%) (1,8%) (1,4%)
44,3 ± 6,8 43,1 ± 17,9 43,9 ± 5,6 47,9 ± 9,7 44,9 ± 5,7 42,2 ± 4,6
Espaço
(1,0%) (5,2%) (9,4%) (6,7%) (4,3%) (7,1%)
51,8 ± 27,2 60,5 ± 23,0 48,3 ± 20,4 49,0 ± 24,2 71,9 ± 23,6 53,3 ± 18,0
Unidade Ofensiva
(28,8%) (9,1%) (31,1%) (4,7%) (3,8%) (3,6%)
Defensivos
23,8 ± 9,6 33,6 ± 9,7* 26,5 ± 7,1 23,0 ± 10,2 29,6 ± 14,8 31,8 ± 21,6
Contenção
(63,5%) (51,0%) (68,9%) (61,9%) (59,9%) (21,6%)
Cobertura 36,4 ± 19,3 17,8 ± 17,9 30,3 ± 23,2 25,5 ± 29,0 32,5 ± 37,5 36,4 ± 23,5
Defensiva (26,4%) (25,0%) (19,4%) (18,1%) (32,1%) (21,4%)
22,8 ± 8,9 29,8 ± 12,0 30,9 ± 18,0 29,7 ± 17,3 30,1 ± 14,1 30,2 ± 10,6
Equilíbrio
(68,1%) (51,8%)* (51,3%) (56,8%) (56,7%) (51,6%)
27,9 ± 7,0 39,2 ± 18,6 27,5 ± 12,4 27,1 ± 8,9 30,4 ± 6,8 34,0 ± 14,1
Concentração
32,00% (9,1%)* (40,1%) (28,9%) (19,7%) (12,4%)
Unidade 23,9 ± 8,6 31,0 ± 8,3 27,7 ± 12,8 31,9 ± 7,1 29,8 ± 8,9 32,8 ± 5,9
Defensiva (35,3%) (9,9%)* (47,1%) (28,9%) (26,5%) (14,1%)
* Diferenças significativas p<0,05.
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
93
Tabela 2: Média e desvio padrão do IPTO, IPTD e IPTJ nos momentos M0 e M1.
Estatuto M0 M1
Variáveis p d
posicional M DP M DP
Defensor 25,6 ± 6,0 32,1 ± 3,6 0,045* 2,01
IPTD Meio Campista 28,0 ± 7,6 29,0 ± 55,7 0,756 0,25
Atacante 31,2 ± 6,7 32,1 ± 2,9 0,750 0,12
Defensor 52,3 ± 5,8 54,1 ± 6,6 0,564 0,47
IPTO Meio Campista 52,2 ± 3,6 52,1 ± 4,1 0,953 0,05
Atacante 53,8 ± 8,8 50,6 ± 7,1 0,468 0,57
Defensor 37,3 ± 6,3 43,8 ± 3,3 0,010* 3,05
IPTJ Meio Campista 40,1 ± 2,1 41,4 ± 0,8 0,210 1,09
Atacante 43,1 ± 2,8 40,0 ± 3,0 0,078 1,77
* Diferenças significativas p<0,05; IPTD – Índice de Performance Tática Defensiva; IPTO –
Índices de Performance Tática Ofensiva; IPTJ – Índice de Performance Tática de Jogo.
4. DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi verificar a influência do treinamento com base nos
princípios táticos fundamentais do jogo de futebol sobre o desempenho tático de jovens
jogadores de diferentes posições. De modo geral, o desempenho tático de jovens jogadores de
futebol dos Estados Unidos não se mostrou suscetivel à alteração após dez sessões de
treinamento baseado nos princípios táticos fundamentais do jogo de futebol. Com relação ao
estatuto posicional dos jogadores, apenas os defensores apresentaram aumento no
desempenho tático, não havendo alterações no desempenho tático dos meio-campistas e
atacantes. Os achados do presente estudo de certa forma surpreendem, pois, considerando os
resultados encontrados em estudos sobre o efeito do treinamento tático sobre o desempenho
dos jogadores [23,24] esperávamos que os jogadores de diferente estatuto posicional
apresentassem melhora no desempenho tático após o período de intervenção [11]. Contudo,
esse não foi o padrão observado como resposta dos jovens jogadores americanos de
diferentes posições.
Embora a fase defensiva seja caracterizada como a fase de maior complexidade, as
diferenças significativas só foram observadas nos princípios táticos defensivos dos defensores.
Esses resultados podem ser atribuídos ao fato de que os defensores tendem a apresentar
habilidades perceptivo-cognitivas mais eficientes nas ações defensivas gerais, mas
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
94
principalmente nas ações defensivas próximas a bola [22]. Além disso, é importante
destacarmos que aspectos culturais do país (Estados Unidos) podem ter influenciado nas
respostas dos jogadores. Os esportistas americanos nas idades inicias sofrem constantes
pressão dos pais, da torcida e dos treinadores para evitarem ao máximo cometer erros. Dessa
maneira, os jogadores, principalmente os defensores, acabam optando por realizar ações mais
simples e que representem menor risco de sofrer um remate e/ou gol em caso de erro
cometido [25]. Esse comportamento parece acarretar em um aumento do percentual de
acerto nas ações táticas dos defensores.
Os resultados apresentados pelos defensores corroboram com os achados da
literatura que mostram que o treino baseado na componente tática apresenta relação positiva
com o desenvolvimento e desempenho do jogador [14,21]. Outro aspecto importante a ser
considerado na interpretação dos resultados é que a amostra utilizada neste estudo (jogadores
da categoria Sub-13) encontram-se na fase final da maturação cognitiva e no período inicial da
assimilação dos princípios táticos fundamentais [3,12]. Portanto, os jogadores da categoria
Sub-13 estão começando a compreender a lógica abstrata do jogo de futebol e,
aparentemente, o treinamento contextualizado permitiu que os defensores apresentassem
melhoras significativas no desempenho tático. Cabe destacar ainda que os jogadores da
categoria Sub-13 mostraram maior facilidade na compreensão dos princípios táticos
defensivos que ocorrem próximos ao centro de jogo (contenção e equilibrio defensivo).
Portanto, embora o período de treinamento tenha sido de apenas dez sessões, a incorporação
e o aprendizado pareceram ser mais efetivos nos princípios táticos defensivos que ocorrem
próximos à bola, os quais exigem menor grau de pensamento abstrato [23].
Tendo em vista que os jogadores da categoria Sub-13 tendem a executar mais ações
no meio-campo [28] e participarem mais efetivamente no jogo em ações próximo a bola [29],
a melhora no desempenho dos defensores pode ter aumentado a dificuldade dos meio-
campistas e atacantes na realização das suas ações, pois geram uma limitação de tempo e
espaço para o portador da bola e os jogadores próximos ao centro de jogo, desta forma
dificultando a realização de ações [25]. Nessa conjectura, isso pode ser um indicativo de
porque a melhora esperada dos meio-campistas e atacantes não ter sido expressa em valores
quantitativos.
O fato de terem sido observadas diferenças significativas apenas para defensores após
as dez sessões de treinamento parece ser um indicativo importante sobre as características da
amostra do estudo, principalmente ao considerarmos a especialização por posição dos
jogadores. A literatura preconiza que a especialização em determinada posição deve ocorrer a
partir da categoria Sub-15 [12], logo espera-se um padrão de desenvolvimento e
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
95
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
96
5. CONCLUSÃO
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
1. Clemente FM, Afonso J, Castillo D, Arcos AL, Silva AF, Sarmento H. The effects of small-sided soccer games on tactical
behavior and collective dynamics: A systematic review. Chaos, Solitons and Fractals. 2020;134.
2. Garganta J, Gréhaigne JF. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou necessidade? Movimento. 1999;10:40–50.
3. Teoldo I, Guilherme J, Garganta J. Training football for smart playing: On tactical performance of teams and players.
Curitiba: Appris; 2017. 321 p.
4. Garganta J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap between research, training and
competition. Rev Port Ciências do Desporto [Internet]. 2009;9(1):81–9.
5. Praça GM, Morales JCP, Moreira PED, Peixoto GHC, Bredt ST, Chagas MH, et al. Tactical behavior in soccer small-sided
games: Influence of team composition criteria. Rev Bras Cineantropometria e Desempenho Hum. 2017;19(3):354–63.
6. Cardoso FSL, González-Víllora S, Guilherme J, Teoldo I. Young soccer players with higher tactical knowledge display lower
cognitive effort. Percept Mot Skills. 2019;126(3):499–514.
7. Garganta J, Pinto J. Ensino do futebol. In: Graça A, Oliveira J, editors. O ensino dos Jogos Desportivos. Porto:Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto: Rainho e Neves Ltda; 1994. p. 95–135.
8. Teoldo I, Greco P, Garganta J, Costa V, Mesquita I. Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-
técnicos no futebol. Rev Mackenzie Educ Física e Esporte. 2010;9(2):41–61.
9. Taylor JB, Mellalieu SD, James N. Behavioural comparisons of positional demands in professional soccer. Int J Perform
Anal Sport. 2004;4(1):81–97.
10. Machado G, Padilha MB, González-Víllora S, Clemente FM, Teoldo I. The effects of positional role on tactical behaviour in
a four-a-side small-sided and conditioned soccer game. Kinesiology. 2019;51(2):261–70.
11. Silva RNB, Teoldo I, Silva DC, Ferreira LA, Dos-Santos JW. Influência do estatuto posicional sobre o comportamento tático
de jogadores de futebol. Pensar a Prática. 2018;21(3).
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
97
12. Côté J, Baker J, Abernethy B. Practice and play in the development os sport expertise. In: Eklund R, Tenenbaum G,
editors. Handbook of Sport Psychology. Third Edit. New Jersy:Wiley: Hoboken; 2007. p. 184–202.
13. Williams AM, Ward P, Bell-Walker J, Ford PR. Perceptual-cognitive expertise, practice history profiles and recall
performance in soccer. Br J Psychol. 2012;103(3):393–411.
14. Machado G, González-Víllora S, Sarmento H, Teoldo I. Development of tactical decision-making skills in youth soccer
players: Macro- and microstructure of soccer developmental activities as a discriminant of different skill levels. Int J
Perform Anal Sport. 2020;20(6):1072–91.
15. O’Connor D, Larkin P, Williams AM. Observations of youth football training: How do coaches structure training sessions
for player development? J Sports Sci. 2018;36(1):39–47.
16. Padilha MB, Moraes JC, Costa IT. O Estatuto posicional pode influenciar o desempenho tático ente jogadores da
categoria Sub-13? Rev Bras Ciência e Mov. 2013;21(4):73–9.
17. Moniz F, Scaglia A, Sarmento H, García-Calvo T, Teoldo I. Effect of an inside floater on soccer players tactical behaviour in
small sided and conditioned games. J Hum Kinet. 2020;71(1):167–77.
18. Costa IT, Garganta J, Greco PJ, Mesquita I, Maia J. System of tactical assessment in soccer (FUT-SAT): Development and
preliminary validation. Motricidade. 2011;7(1):69–84.
19. Robinson G, O’Donoghue P. A weighted kappa statistic for reliability testing in performance analysis of sport. Int J
Perform Anal Sport. 2007;7(1):12–9.
20. Tabachnick B, Fidell L. Using multivariate statistics. 5th ed. Nova Yorque: Harper and Row; 2007. 1008 p.
21. Landis JR, Koch GG. The Measurement of Observer Agreement for Categorical Data. Biometrics. 1977;33(1):159.
23. Souza CRBC, Müller ES, Costa I., Graça ABS. Quais comportamentos táticos de jogadores de futebol da categoria sub-14
podem melhorar após 20 sessões de treino? Rev Bras Ciências do Esporte. 2014;36(1):71–86.
24. Lima R, Cardoso L, ecchi P, eoldo I, Paoli P. A organização do treino baseado nos princípios fundamentais do ogo de
futebol e sua relação com o desempenho t co de ogadores da categoria sub 13. Rev Bras Futeb. 2015;8(1):30–42.
25. Williams MA, Ward JD, Ward P, Smeeton NJ. Domain specificity, task specificity, and expert performance. Res Q Exerc
Sport. 2008;79(3):428–33.
26. Giacomini DS, Greco PJ. Comparação do conhecimento tático processual em jogadores de futebol de diferentes
categorias e posições. Rev Port Ciência do Desporto. 2011;8(1):126–36.
27. Teoldo I, Manuel J, Greco PJ, Mesquita I. Princípios táticos do jogo de futebol: conceitos e aplicação. Motriz.
2009;15(3):657–68.
28. Costa I, Garganta J, Greco P, Mesquita I, Muller E, Silva B, et al. Comparing tactical behaviours of youth soccer teams
through the test “GK3-3GK.” Open ports ci J. 2010;3(1):58–61.
29. Folgado H, Lemmink KA. PM, Frencken W, Sampaio J. Length, width and centroid distance as measures of teams tactical
performance in youth football. Eur J Sport Sci. 2014;1–6.
30. Fransen J, Bennett KJM, Woods CT, French-Collier N, Deprez D, Vaeyens R, et al. Modelling age-related changes in motor
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
98
competence and physical fitness in high-level youth soccer players: implications for talent identification and
development. Sci Med Footb. 2017;1(3):203–8.
31. Silva DC, Costa VT, Casanova F, Clemente FM, Teoldo I. Comparison between teams of different ranks in small -sided and
conditioned games tournaments. Int J Perform Anal Sport. 2019;19(4):608–23.
32. Silva RNB, Costa IT, Garganta JM, Muller ES, Castelão DP, Santos JW. Desempenho tático de jovens jogadores de futebol:
Comparação entre equipes vencedoras e perdedoras em jogo reduzido. Rev Bras Ciência e Mov. 2013;21(1):75–89.
Costa et al. Influência do treinamento no desempenho tático. Rev Bras Futebol 2021; v. 14, n. 2, 85 – 98.
Artigo Original ISSN: 1983-7194
Lima, RC1,3; Cardoso, FSL2,3; Vecchi, P2,3; Teoldo, IC2,3; Paoli, PB3
1 Clube de Regatas Flamengo.
2 Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol - NUPEF
3 Universidade Federal de Viçosa
Resumo
Objetivo: O presente estudo teve por objetivo verificar se a sistematização do treinamento
baseado nos princípios táticos fundamentais do jogo de futebol na categoria Sub-13 propicia
melhora no desempenho tático de jogadores de futebol.
Amostra: Uma amostra de conveniência foi composta por 19 jogadores de futebol da categoria
Sub-13 com média de idade de 12,1 ± 0,9 anos e em torno de 4,7 ± 2,1 anos de prática na
modalidade participantes de um programa sistemático de treinamento com no mínimo três
sessões de treino semanais e inscritos em campeonatos de nível estadual ou nacional.
Métodos: O instrumento utilizado foi o FUT-SAT para avaliar o desempenho tático dos jogadores
de futebol. Foram realizadas as avaliações dos jogadores durante 20 dias, totalizando 20 seções
de treino. As avaliações foram realizadas em dois momentos, antes do treinamento e após os 20
dias de treinamentos estruturados com base nos princípios táticos fundamentais do jogo. Foi
realizada estatística descritiva, e os testes inferenciais de Kolmogorov-Smirnov, Teste-T de
medidas repetidas e Kappa de Cohen.
Resultados: apontam para diferenças significativas nos desempenho tático dos jogadores em
todas as fases do jogo, Índice de performance tática ofensiva (de 44,92±5,80 para 52,11±7,82);
Índice de performance tática defensiva (de 33,91±4,35 para 37,24±3,88) e Índice de performance
tática no jogo (de 37,44±3,29 para 42,89±3,85). Indicando que os valores do desempenho tático
aumentaram após os 20 dias de treino.
Conclusões: atletas de futebol da categoria Sub-13 apresentaram melhorias no desempenho
tático quando submetidos a uma sequência pedagógica de conteúdos táticos com ênfase nos
princípios fundamentais do jogo de futebol.
Palavras chave: Futebol; Tática; Desempenho tático; Princípios táticos; Treinamento.
Endereço:
Ramon Cardoso Lima
Telefone: 021-9-8075-2504
E-mail: ramonclima88@yahoo.com.br
Artigo Original
Abstract
Objective: The present study aims to verify if systematized training on the basis of core tactical
contents improves the tactical performance of Under-13 soccer players.
Sample: A convenience sample consisted of 19 football players of U- 13 category with a mean age
of 12.1 ± 0.9 years and around 4.7 ± 2.1 years of practice in the participant’s form of systematic
program training with at least three weekly training sessions and enrolled at the state or national
championships.
Methods: The instrument used was the FUT-SAT to assess the tactical performance of football
players. Evaluations of players were held for 20 days totaling 20 training sessions. The evaluations
were carried out in two stages before training and after 20 days of training structured based on
fundamental tactical principles of the game. Descriptive statistics were performed and the
inferential test Kolmogorov –Smirnov, Test -T for repeated measures and Cohen's kappa.
Results: Significant differences in the tactical performance of the players were verified in all the
phases of the play as assessment values increased after 20 training sessions tactical offensive
performance index ( of 44.92 ± 5.80 to 52.11 ± 7.82 ) ; Defensive tactic performance index ( to
33.91 ± 4.35 to 37.24 ± 3.88 ) and tactical performance level in the game ( of 37.44 ± 3.29 to 42.89
± 3.85).
Conclusion: Under-13 soccer players presented improvements in their tactical behavior as they
experimented a pedagogical sequence of tactical contents emphasized on the core tactical
principles.
Keywords: Soccer; Tactics; Tactical performance; Tactical principles; Training
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Tabela 2: Índice de Performance Tática ofensiva (IPTO), defensiva (IPTD) e de jogo (IPTJ)
comparação entre os momentos: inicial (M0) e final (M1).
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
Artigo Original
12. Teoldo I, Garganta J, Greco PJ, um Futebol com pés… e cabeça. In: Araújo
Mesquita I, Seabra A. Influence of Relative D, editor. O contexto da decisão A acção
Age Effects and Quality of Tactical táctica no Desporto. Lisboa: Visão e
Behaviour in the Performance of Youth Contextos, Lda; 2005. p. 179-90.
Soccer Players. International Journal of
18. Garganta J, Gréhaigne JF.
Performance Analysis of Sport. 2010;10:82-
Abordagem sistêmica do jogo de futebol:
97.
moda ou necessidade? Movimento.
13. Tabachnick BG, Fidell LS. Using 1999;5(10):40-50.
multivariate statistics. New York: Harper &
19. Teoldo I, Garganta J, Greco P,
Row Publishers; 2001.
Mesquita I. Avaliação do desempenho
14. Robinson G, O'Donoghue P. A tático no futebol: Concepção e
weighted kappa statistic for reliability testing desenvolvimento da grelha de observação
in performance analysis of sport. do teste “GR3-3GR”. Revista Mineira de
International Journal of Performance Educação Física. 2009;17(2):36-64.
Analysis in Sport. 2007;7(1):12-9.
20. Castelo J. Futebol. Modelo técnico-
15. Landis JR, Koch GG. The táctico do jogo. Lisboa: Universidade
measurement of observer agreement for Técnica de Lisboa; 1994.
categorical data. biometrics. 1977:159-74.
21. Greco PJ, Benda R. Iniciação
16. Williams AM, north JS. Some esportiva universal: da aprendizagem
constraints on recognition performance in motora ao treinamento técnico. Belo
soccer. In: Araújo D, Ripoll H, Raab M, horizonte: UFMG. 1998;1:230.
editors. Perspectives on cognition and
22. Konzag I. A formação técnico-tática
action in Sport: Nova Science Publishers;
nos jogos desportivos. 1985;14(1):41-5.
2009.
17. Garganta J. Dos constrangimentos
da acção à liberdade de (inter) acção, para
BORGES, PH; AVELAR, A; RINALDI, W. Conhecimento tático processual, Paulo Henrique Borges1
Ademar Avelar1
desempenho físico e nível de maturidade somática em jovens jogadores de futebol. R. Wilson Rinaldi1
bras. Ci. e Mov 2015;23(3):88-96.
1
Universidade Estadual de
Maringá
RESUMO: O entendimento dos fatores que afetam o conhecimento tático processual (CTP) dos jogadores
é fundamental para um correto planejamento das sessões de treinamento. Nesse sentido, o objetivo deste
estudo foi verificar a relação entre variáveis funcionais, maturacionais e de CTP. Fizeram parte do estudo
29 jogadores de futebol (15,38 ± 1,20anos), divididos em duas categorias, sub-15 e sub-17, pertencentes a
um projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá. Foi realizada uma bateria de testes físicos e
antropométricos. O CTP foi obtido por meio do Game Performance Assessment Instrument (GPAI). Para
verificar as diferenças entre as categorias, utilizou-se o teste U-Mann Whitney. Já para correlação entre as
variáveis, foi realizada Correlação de Spearman.Os resultados indicaram diferença significativa entre as
categorias na massa corporal, estatura, estatura adulta alcançada, salto horizontal e tempo de corrida em
50m. Foram verificadas correlações significativas entre CTP e tempo de corrida em 50m (-0,40) e Yo-Yo
test (0,37), assim como entre tomada de decisão e Yo-Yo test (0,39) e tempo de corrida em 50m (-0,48).
Portanto, tanto a capacidade aeróbica quanto o tempo de corrida em 50m são atributos importantes na
manifestação do CTP e da tomada de decisão no futebol.
Palavras-chave: Futebol; Conhecimento; Maturação.
ABSTRACT: Understanding the factors that affect the procedural tactical knowledge of the players is
crucial for adequate planning of training sessions. In this sense, the aim of this study was to investigate the
relationship between functional maturation and procedural tactical knowledge variables. Study participants
were 29 soccer players (15.38 years ± 1.20), divided into two categories, under-15 and under-17,
belonging to an extension project at the State University of Maringá. A battery of physical and
anthropometric testing was performed. The procedural tactical knowledge was obtained through the
“Game Instrument Performance Assessment” (GPAI). To investigate the differences between the
categories, we used the Mann-Whitney U test. As for correlation between variables, Spearman Correlation
was performed. The results indicated significant differences between categories of body mass, height,
adult height achieved, horizontal jump and the running time in 50m. Significant correlations between CTP
and running time were observed (-0.40) and Yo-Yo test (0.37), as well as between decision making and
Yo-Yo test (0.39) and the running time in 50m (-0.48). Therefore, both the aerobic capacity and the
running time in 50m are important attributes in the manifestation of CTP and decision making in football.
Key Words: Soccer; Knowledge; Maturation.
Recebido: 11/08/2014
Aceito: 10/06/2015
Introdução
A monitorização das mudanças ocorridas nos avaliar essa componente por meio de duas competências
jovens ao longo do processo de formação esportiva é básicas: o conhecimento tático declarativo e processual. O
fundamental para o constante acompanhamento de sua conhecimento tático declarativo (CTD) refere-se
evolução. As informações provenientes dos testes àmanifestação verbal ou escrita do jogador sobre a melhor
antropométricos, maturacionais, físicos, assim como das decisão a ser tomada em situações específicas de jogo. Já
avaliações tático-técnicas podem auxiliar os professores e no conhecimento tático processual (CTP), o jogador
treinadores a direcionar corretamente esse complexo operacionaliza de forma prática (motora) as respostas
processo. julgadas apropriadas aos problemas ocorridos nas
Grande parte dos estudos realizados até aqui, tem situações de jogo. Para McPherson11 o CTP é um
priorizado a análise do futebol e do treino de jovens a processo mais complexo quando comparado ao CTD, pois
1,2
partir de variáveis físicas e maturacionais . A avaliação além de selecionar a ação, o jogador deve realizá-la
do desenvolvimento das características fisiológicas de através de uma habilidade técnica diante de um
jovens jogadores a partir da performance física nos testes determinado contexto.
de campo tem sido realizada com o intuito de explicar e Embora a dimensão tática seja importante para o
3
acompanhar a evolução dessa variável . Diferentes desempenho esportivo, não está esclarecido na literatura
protocolos relacionados à avaliação do componente físico se as diferenças interindividuais provenientes dos
são utilizados para mensurar as capacidades funcionais diferentes estágios maturacionais estão associadas ao
como força, velocidade e resistência. Diversos autores desempenho tático manifestado pelos jogadores em
sustentam a ideia de que essas capacidades devem ser formação. Essas informações podem auxiliar os
bem desenvolvidas para que os jogadores melhorem seu profissionais envolvidos com o processo de formação
4-6
desempenho . Essas constatações revelam ainda outra esportiva a entender quais variáveis estão relacionadas
variável a ser considerada quando o assunto é treinamento com a manifestação de habilidades específicas da
de jovens: o nível de maturidade somática. Sabe-se que a modalidade e com o CTP. Portanto, frente à lacuna
maturidade somática influencia as capacidades funcionais apresentada, este trabalho tem por objetivo verificar a
em decorrência das alterações hormonais e fisiológicas, relação entre os indicadores maturacionais, funcionais e
sendo fator determinante na evolução do desempenho de CTP em jogadores das categorias sub-15 e sub-17.
7,8
motor dos adolescentes .
Mais recentemente a análise do futebol a partir dos Materiais e Métodos
aspectos tático-técnicos tem sido realizada visando obter Foram pré-selecionados a participar do estudo 55
informações que auxiliem os treinadores a melhorar o jogadores com idade entre 14 e 17 anos, agrupados em
desempenho individual e coletivo de suas equipes. De duas categorias de jogo: infantil (sub-15) e juvenil (sub-
9
acordo com Garganta , a avaliação da componente tática 17). Os infantis referem-se aos jogadores nascidos em
torna-se pertinente porque o jogo de futebol possui 1999, 2000 e 2001. Já os juvenis são nascidos em 1997 e
elevada imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade, 1998, todos pertencentes ao projeto de extensão da
que solicitam do participante a manifestação de Universidade Estadual de Maringá denominado Centro de
comportamentos táticos para se jogar. Assim, entende-se Formação em Futebol (Proc. 8849/2010), estabelecido no
que o futebol deve ter como núcleo diretor a dimensão Departamento de Educação Física (DEF). Foram adotados
tática do jogo, uma vez que é nela e através dela que se os seguintes critérios de inclusão: (1) participar de
consubstanciam os comportamentos que ocorrem ao treinamento sistematizado na modalidade por pelo menos
10
longo de uma partida. A esse respeito, Eysenck e Keane dois anos; (2) participar de competições regionais e (3)
relatam que os programas de ensino dos esportes podem assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE). Dessa forma, a amostra final foi constituída por A agilidade com bola dos futebolistas foi avalida
29 jogadores de futebol (15,38 ± 1,20 anos). por meio do teste Shutte Run com Bola (SRB), realizado
Para a coleta de dados, foi realizado um contato no campo de futebol. Para isso, foram marcadas duas
inicial com o coordenador do Centro de Formação em linhas com distância de 9,14 metros uma da outra,
Futebol, o qual autorizou a realização da pesquisa. Após utilizando duas bolas de futebol oficiais e um relógio com
esta etapa, foram entregues aos jogadores o TCLE. Todos escala centesimal. O teste consiste em conduzir a primeira
os que atenderam aos critérios de inclusão foram bola até o outro lado, retornar à posição inicial e conduzir
convidados a comparecer no campo de futebol para a a segunda bola até o outro lado novamente no menor
realização dos testes. O estudo foi aprovado pelo Comitê tempo possível. O avaliado realiza o teste duas vezes,
de ética local (parecer nº 653.698). sendo anotado o menor tempo, conforme descrito por
Caicedo14.
Antropometria Para avaliar a componente motora associada à
Medidas antropométricas de massa corporal e velocidade de deslocamento, utilizou-se do teste corrida
estatura foram obtidas com uma balança de leitura digital de 50m. O avaliado inicia-se na posição parada e, ao sinal
calibrada, com carga máxima de 180 kg e escala de 0,1 kg sonoro do avaliador, deve se deslocar em linha reta por
e um estadiômetro de madeira com escala de 0,1 cm. Com 50m no menor tempo possível. Para a realização do teste,
base nessas informações foi obtido o índice de massa utilizou-se um cronômetro com definição centesimal e
corporal (IMC). cones plásticos para demarcação da distância percorrida.
O teste foi realizado no campo de futebol sem nenhum
Capacidades Funcionais tipo de obstáculo13.
Para avaliar o desempenho aeróbio dos jogadores,
foi utilizado o Yo-Yo Intermittent Recovery Test level1. O Maturidade somática
teste solicita do jogador avaliado uma série de corridas de A predição da estatura final adulta foi realizada
20m com uma cadência pré-estabelecida por um tendo como base o Método de Khamis-Roche15. A
metrômetro de áudio com descansos de 10 segundos a predição tem como base a estatura dos jovens no
cada 40m percorridos, com incrementos de velocidade a momento da recolha dos dados (X1), assim como do peso
12
cada intervalo . O objetivo do teste é percorrer a maior (X2), da média de estatura dos pais (X3) e da idade
distância possível, até que o jogador não consiga manter- decimal (X4). A estatura predita (Y) corresponde a uma
se na velocidade requerida. O teste foi realizado no campo equação de reta cujos valores de “m” são lidos nas tabelas
de futebol onde ocorrem os treinamentos. de referência para cada variável X, tendo em consideração
Foi utilizado o teste de salto em distância parado a idade cronológica dos jovens. O valor de “b” refere-se a
para avaliar a componente motora associada à potência uma constante que tem leitura direta na tabela. Portanto, a
muscular dos membros inferiores. O teste consiste em predição seguiu a fórmula: “Y=mx1+mx2+mx3+mx4+b”.
saltar à frente sem corrida de aproximação. Cada avaliado Após o cálculo da predição da estatura adulta do
teve três tentativas para executar o movimento, sendo indivíduo, foi obtida a Estatura Adulta Alcançada (EAA)
registrado para análise o melhor salto. A força/resistência do sujeito dividindo a estatura atual pela estatura predita e
dos músculos da região abdominal foi obtida por meio do multiplicando por 100 para o cálculo percentual desse
teste Abdominal modificado, com movimento de elevação nível.
do tronco quando posicionado em decúbito dorsal. Para
isso, os jogadores foram orientados a realizar o maior Conhecimento tático processual - CTP
número de movimentos abdominais durante um minuto, O CTP foi avaliado por meio do Game
conforme padronização de Guedes13. Performance Assessment Instrument (GPAI) proposto por
Oslin e colaboradores16. Este instrumento foi criado para 18.0 megapixels de resolução, colocada a 2m do chão e
avaliar o desempenho tático e a capacidade dos jogadores posicionada em diagonal em relação às linhas de fundo e
em resolver os problemas do jogo utilizando habilidades lateral, capaz de filmar toda a extensão da área de jogo. A
adequadas. O GPAI possui sete componentes de análise. estrutura de cada equipe foi 3x3 (goleiro + 3 jogadores vs
Entretanto, optou-se neste estudo pelo uso de três goleiro + 3 jogadores), uma vez que conforme relatos de
componentes do jogo para avaliar o desempenho dos Mesquita18, as situações em jogos reduzidos possuem
jogadores de futebol, tal como sugere Oslin16: tomada de características essenciais da unidade do jogo, como
decisão (subdividido em apropriada (A) e inapropriada (I) cooperação, oposição e finalização. De acordo com
de acordo com a situação do jogo), execução de Garganta19, essa estrutura revela-se como sendo a
habilidade (subdividido em Eficaz (E) e Ineficaz (I) de configuração mínima que garante a ocorrência de todos os
acordo com sua execução) e apoio (subdividido em princípios táticos inerentes ao jogo formal. Os jogadores
apropriada e inapropriada). foram enumerados de 1 a 6 (1 a 3 de uma cor e 4 a 6 de
As tomadas de decisão são ações realizadas pelo outra cor) cujo objetivo era facilitar a identificação dos
jogador ao longo do jogo que sejam benéficas para a sua jogadores no vídeo. A dimensão do campo utilizada foi
equipe mediante o contexto, como por exemplo, fazer um 36mx27m.
passe a um companheiro desmarcado. A execução de
habilidade diz respeito à utilização dos fundamentos Análise estatística
técnicos adequados para jogar uma partida de futebol, Foi utilizado o pacote estatístico IBM SPSS 20.0
como chutar, passar e dominar com qualidade. Já o apoio para realização dos testes estatísticos. Para verificar a
é toda ação realizada visando mostrar-se para o normalidade dos dados, utilizou-se o teste Shapiro-Wilk.
companheiro de equipe que possui a bola, criando uma Identificada a necessidade de se utilizar estatística não
linha de passe. paramétrica, aplicou-se o teste U-Mann Whitney para
Durante a avaliação, cada jogador começou com comparação dos grupos infantil e juvenil. Para verificar se
zero pontos e ganhou um ponto por tomada de decisão houve diferença na maturidade somática do grupo com os
apropriada/Execução de habilidade eficaz/apoio valores de referência, utilizou-se o teste dos sinais em
apropriada e um ponto por tomada de decisão postos de Wilcoxon. Já para a correlação entre as
inapropriada (I)/Execução de habilidade ineficaz/apoio variáveis de desempenho tático, capacidades funcionais e
inapropriado. Após este procedimento, foi possível chegar de maturidade, utilizou-se o Coeficiente de Correlação de
a três índices de acordo com Memmert e colaboradores17: Spearman.Para avaliar a fidedignidade inter-avaliadores
Índice de Tomada de Decisão, ITD=[A/(A+I)], Índice de (1, 2 e 3), foi utilizado o Índice Kappa. Os valores obtidos
Execução de habilidade, IEH=[A/(A+I)] e Índice de entre 1 e 2 (0,93), 1 e 3 (0,94) e 2 e 3(0,87) revelam boa
Apoio, IA=[A/A+I)]. Portanto, o desempenho no jogo concordância inter-avaliadores. O valor de significância
(DJ) de cada jogador varia de 0 a 1 e pode ser conseguido adotado foi P≤0,05.
da seguinte maneira, DJ=ITD+IEH+IA/3. Sendo assim,
cada jogador foi avaliado por três professores de Resultados
Educação Física especialistas em futebol (1, 2 e 3). Após Os dados da tabela 1 mostram as comparações das
as avaliações, foi realizada a média dos valores de cada medianas das variáveis de tamanho corporal, capacidades
índice. funcionais e desempenho em jogo entre os futebolistas
infantis e juvenis.
Procedimentos experimentais Nota-se diferença significativa entre os grupos na
Os jogos tiveram duração de 5 minutos e foram massa corporal (P=0,02), estatura (P=0,01), salto
filmados por uma filmadora digital Canon EOS Rebel horizontal (P=0,02) e tempo de corrida em 50m (P=0,02),
tendo a categoria juvenil apresentado maiores valores das menor percentual da estatura adulta predita (Md=92,38%)
três primeiras variáveis mencionadas e menor tempo no em relação aos juvenis (Md=97,73%). Não foram
teste de corrida em 50m. Também é possível notar encontradas diferenças significativas entre os grupos nas
diferenças na maturidade somática (P<0,01), indicando variáveis relacionadas ao CTP.
que, conforme esperado, a categoria infantil atingiu
Tabela 1.Comparação do tamanho corporal, capacidades funcionais e desempenho em jogo de futebolistas infantis e
juvenis
Infantil (n=11) Juvenil (n=18)
Variáveis
Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3)
Shuttle run com bola (s) 11,75 (11,47 – 12,47) 11,62 (11,26 – 11,85)
Tabela 2.Comparação entre Estatura Adulta Alcançada (EAA) da amostra e a referência para a idade
EAA (%) Referência1 (%)
n Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3)
Infantil 11 92,38 (91,10 – 95,46) 92,00 (92,00 – 94,60)
Juvenil 18 97,73 (96,74 – 98,30) 98,80 (97,57 – 99,40)*
Total 29 96,75 (94,40 – 98,21) 97,90 (94,60 – 98,80)*
*P<0,05; Valores estão apresentados em mediana (Md) e intervalo interquartil.
1
Nota: O valor de referência utilizado segue tabela apresentada por Tanner (1978 apud GUEDES14); EAA = Estatura Adulta Alcançada.
A tabela 2 mostra a EAA de ambas as categorias e apresentados, é possível notar que o grupo sub-17
compara os valores apresentados com valores de (Md=97,73%) está com o crescimento significativamente
referência para a idade. Nota-se diferença significativa atrasado quando comparado aos valores referenciais para
entre a EAA e a referência para a idade da categoria esta população (Md=98,80%).
juvenil (P=0,02). Com os valores de tendência central
Tabela 3.Correlação entre capacidades funcionais, desempenho tático e maturidade somática de futebolistas infantis e
juvenis
Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1
SH - -0,19 0,16 -0,40* 0,21 -0,07 -0,29 0,01 -0,12 0,33
2
Shuttle-run - -0,32 0,55* -0,16 -0,24 -0,29 0,06 -0,24 0,21
3
Yo-Yo - -0,37* 0,36* 0,39* 0,21 0,29 0,37* -0,12
4
TC50 m - -0,19 -0,48* -0,28 -0,03 -0,40* -0,29
5
ABD - 0,23 0,29 0,04 0,23 0,24
6
TD - 0,61* 0,29 0,84* 0,27
7
EH - 0,14 0,80* 0,14
8
Apoio - 0,55* -0,26
9
CTP - 0,08
10
EAA -
*P<0,05.
NOTA: SH = Salto Horizontal; Shuttle-run = Shuttle-run com bola; TC 50 m = Tempo de corrida em 50 metros; ABD = Teste Abdominal modificado; TD = Tomada de Decisão; EH = Execução de
Habilidade; CTP = Conhecimento tático processual; EAA = Estatura Adulta Alcançada.
comportamentos táticos está intimamente relacionada aos demais dimensões, favorecendo os jogadores adiantados
aspectos físicos, uma vez que essas capacidades são no processo maturacional26. Contudo, os resultados do
solicitadas em interação durante uma partida de futebol. presente estudo demonstraram fracas associações entre a
A respeito das relações encontradas nessa componente maturacional e o desempenho tático-técnico.
investigação, alguns treinadores têm procurado treinar o Como aplicação prática desses achados, sugere-se que os
componente físico e técnico do jogo de futebol por meio clubes e profissionais do futebol selecionem os jogadores
de jogos reduzidos. Hill-Haas24 relata que os jogos não apenas pelas vantagens físicas e maturacionais
reduzidos, além de promoverem adaptações fisiológicas durante as etapas iniciais de formação, mas também
específicas para a modalidade, desenvolvem habilidades avaliem o desempenho tático e técnico dos praticantes,
táticas e técnicas em situações similares ao jogo formal. uma vez que as vantagens proporcionadas pela
Portanto, acredita-se que as metodologias que precocidade maturacional durante as etapas iniciais de
fragmentam as capacidades funcionais e as trabalham de formação nem sempre se mantém na idade adulta27.
forma isolada devem ser superadas por aquelas que
consideram a aleatoriedade, a imprevisibilidade e a Conclusões
complexidade da modalidade, reproduzindo no treino a Conclui-se que o CTP dos jogadores sub-15 e sub-
especifidade tática-técnica-física-psicológica que se 17 não está relacionado ao nível de maturidade somática
pretende fazer emergir na equipe. Dessa maneira, como os dos jogadores e associa-se moderadamente com variáveis
jogadores estarão permanentemente expostos a contextos funcionais. Ressalta-se a importância de se considerar as
táticos de jogo, possivelmente haverá o aumento do CTP capacidades funcionais atreladas ao aprendizado e
dos jogadores em simultâneo às adaptações fisiológicas, desempenho tático-técnico do jogador, já que a
potencializando as relações encontradas no presente manifestação dessas variáveis em jogo acontece em
estudo. interação.Sendo assim, sugere-se a adoção de
Relativamente ao nível de maturidade somática, metodologias que trabalhem o componente físico atrelado
apesar da diferença na EAA entre as categorias, apenas os a tarefas tático-técnicas, para aumentar a força dessas
jogadores sub-15 não apresentaram diferença significativa relações.
com relação à referência, o que demostra ser Como limitações do estudo, destaca-se a baixa
aparentemente um processo normal. Quanto ao relativo quantidade de participantes do estudo (n=29), o que pode
atraso na maturidade somática apresentada pela categoria representar um baixo poder de representação para
sub-17 em relação ao grupo de referência, existem vários população de jovens futebolistas.
fatores que poderiam explicar tal atraso, tais como
genéticos, hormonais, nutricionais, condições sociais,
base étnica e clima22 que não foram contemplados no
presente estudo. Ademais, o método utilizado para
avaliação da predição da estatura adulta foi desenvolvido
e validado com base em jovens americanos e não
brasileiros, o que poderia contribuir para explicar essa
diferença.
Embora o futebol seja uma modalidade constituída
pelas dimensões psico-cognitiva, tático-técnica, tático-
individual e fisiológica25, por ser um esporte com intenso
contato físico, muitos clubes têm sobrevalorizado a
dimensão física na captação de talentos em detrimento das
Referências
1.D'ottavio S, Castagna C. Analysis of match activities in elite soccer referees during actual match play. J.Strenght and
Cond. Res. 2001; 15(2): 167-171.
2.Castagna C, Abt G, D´ottavio S. Relation between fitness test and match performance in elite italian soccer referees.
J.Strenght and Cond. Res. 2002; 16(2): 231-235.
3.Valente dos Santos J, et al. Longitudinal predictors of aerobic performance in adolescent soccer players. Medicina
(Kaunas) 2012; 48(1): 410-416.
4.Hill-Haas S, Rowsell G, Coutts A, Dawson B. The reproducibility of physiological responses and performance
profiles of youth soccer players in small-sided games. J SportsPhys. and Perf. 2008; 3(1): 393-396.
5.Baroni BM, Couto W, Leal ECPJ. Estudo descritivo-comparativo de parâmetros de desempenho aeróbio de atletas
profissionais de futebol e futsal. Rev Bras. Cineantropom Des. Hum 2011; 13(3):170-176.
6.Silva JF, Detanico D, Floriano LT, Dittrich N, Nascimento PC, Santos SG, Guglielmo LGA. Níveis de potência
muscular em atletas de futebol e futsal em diferentes categorias e posições. Motric. 2012; 8(1): 14-22.
7.Borges FS, Matsudo SMM, Matsudo VKR. Perfil antropométrico e metabólico de rapazes pubertários da mesma
idade cronológica em diferentes níveis de maturação sexual. Rev. Bras. Ci. E Mov. 2004; 12(4): 7-12.
8.Tourinho FH, Tourinho L.S.P.R. Crianças, adolescentes e atividade física: aspectos maturacionais e
funcionais. Rev. Paulista de Educ. Fís. 1998; 12 (1): 71-84
9.Garganta J. Modelação táctica do jogo de futebol. Estudo da organização ofensiva em equipas de alto rendimento.
Tese de doutorado: FCDEF, 1997.
10.Eysenck MW, Keane MT. Psicologia cognitiva: Um manual introdutório. Porto Alegre: Artmed, 1994.
11.McPherson S. Tactical differences in problem representations and solutions in collegiate varsity and beginner
fermale Tennis players. Res. Quarterly and Sport 1999; 7(4): 369-384.
12.Bangsbo J, et al. The Yo-Yo Intermittent Recovery test: physiological response, reliability, and validity. J. of Med.
& Sci. 2003; 35(4): 697-705.
13.Guedes DP, Guedes JERP. Manual prático para avaliação em educação física. Barueri: Manole, 2006.
14.Caicedo JG, Matsudo SMM, Matsudo VKR. Teste específico para mensurar agilidade em futebolistas e sua
correlação com o desempenho no passe em situação real de jogo. Rev. Bras. Ci. E Mov. 1993;7(2), 07-15.
15.Khamis HJ, Roche AF. Predicting adult stature without using skeletal age: The Khamis-Roche Method.
Americ.Acad.Pediatrics 1994; 94(4): 504-507.
16.Oslin JL, Mitchell, SA, Griffin LL. The Game Performance Assessment Instrument (GPAI): development and
preliminary validation. J. of Teach. in Phys. Educ. 1998,17(2): 231-243.
17.Memmert D, Harvey S. The Game Performance Assessment Instrument (GPAI): Some Concerns and Solutions for
Further Development. J. of Teach. in Phys. Educ. 2008; 27(1): 220-240.
18.Mesquita I. Ensinar bem para aprender melhor o jogo de Voleibol. In: Tani G, Bento J, Petersen R. Pedagogia do
Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
19.Garganta J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Rev. Dig. Buenos Aires. 2002; 45(8): 1-15.
20.Maroco J. Análise estatística com o SPSS Statistics. Report number, 2011.
21.Nascimento PC, Cetolin T, Teixeira AS, Gugliemo LGA. Perfil antropométrico e performance aeróbia e anaeróbia
em jovens jogadores de futebol. Rev. Bras. Ci. E Mov. 2014; 22 (2):57-64.
22.Malina RM. Crescimento, maturação e atividade física. São Paulo: Phorte Editora, 2009.
23.Giacomini DS, Greco PJ. Comparação do conhecimento tático processual em jogadores de futebol de diferentes
categorias e posições. Rev. Port. Cien. Desp2008; 8(1): 126-136.
24.Hill-Haas S, Rowsell GJ, Dawson BT, Coutts AJ. Acute physiological responses and time-motion characteristics of
two small-sided training regimes in youth soccer players. J.Strenght and Cond. Res. 2009; 23(1): 111-115.
25.Katis A, Kellis E. Effects of small-sided games on physical conditioning and performance in young soccer
players. J Sports Sci. 2009; 8(1), 374-380.
26. Malina, R. M., Reyes, M. P., Eisenmann, J. C., Horta, L., Rodrigues, J., & Miller, R. Height, mass and skeletal
maturity of elite Portuguese soccer players aged 11–16 years. J Sports Sci. 2000; 18(9), 685-693.
27.Ré AHN, Teixeira CP, Massa M, Böhme MTS. Interferência de características antropométricas e de aptidão
física na identificação de talentos no futsal. R. bras Ci. e Mov. 2003; 11(4), 51-56.
ABSTRACT: This study aimed to identify potential differences regarding tactical behaviour and
performance between futsal and soccer players. A total of 96 players were assessed (48 futsal players and
48 soccer players), from U-13, U-15, U-17 and U-20 age groups. Twelve players from each age group
were assessed. The instrument used was the System of tactical assessment in Soccer (FUT-SAT) that
enables the assessment of tactical actions performed by each player, according to the ten core tactical
principles of soccer. For statistical procedures, it SPSS software (Statistical Package for Social Science)
for Windows®, version 17.0 was used. Descriptive analyses of absolute and relative frequencies,
percentage variation, means and standard deviation were performed. Kolmogorov-Smirnov, chi-squared
(χ²), t- and Mann-Whitney U tests were performed. Reliability was calculated through Cohen's Kappa test.
It was observed that besides enabling a higher number of tactical actions, futsal players performed more
frequently the principles of “offensive coverage”, “delay”, “defensive coverage” and “concentration”. In
soccer, they performed with significant higher frequency, actions related to the principles of “width and
length” and “defensive unity”. Therefore, it is concluded that during the defensive phase, futsal players
displayed better performance and soccer players displayed higher error percentage. More specifically, the
higher error percentage observed for soccer players is related to the principles of "offensive unity" and
"delay". The discrepancy between the playing areas and the different dynamics observed in both sports
might be factors that explain the findings of the present study.
Recebido: 05/08/2015
Key Words: Soccer; Futsal; Tactics; Tactical Principles.
Aceito: 10/03/2016
Introdução
O futsal e o futebol se caracterizam pelo confronto sua alta interferência contextual e grande variabilidade de
entre duas equipes que se movimentam de forma ações proporcionadas14,15. Todavia, grande parte das
complexa, com o objetivo de vencer a partida, alternando- investigações existentes relativas aos jogos reduzidos em
1,2
se em situações de ataque e defesa . As ações de ambas as modalidades, concentram-se na análise de
oposição e cooperação conferem a estes jogos de invasão variáveis de fisiológicas ou técnicas, sem relacioná-las à
uma constante atitude tático-estratégica, que se associa componente tática16,17. Logo, as investigações devem
aos processos cognitivos relacionados à percepção e à emergir com a finalidade de contribuir para o processo de
3
tomada de decisão . ensino e treino, a partir da observação e análise do
Assim, em função da aleatoriedade, comportamento e desempenho táticos dos jogadores, para
imprevisibilidade e variabilidade dos comportamentos no que seja possível identificar como as peculiaridades das
futebol e futsal, as ações dos jogadores em uma partida duas modalidades exercem influência sobre estes
são caracterizadas por decisões táticas, baseadas em aspectos.
4-6
princípios táticos de jogo . De acordo com Garganta e Assim, o objetivo deste artigo é verificar a
7
Pinto , estes princípios compreendem um conjunto de influência da especificidade da modalidade sobre o
normas sobre o jogo e proporcionam a possibilidade de comportamento e desempenho táticos de jogadores de
atingir soluções táticas rápidas e eficazes para as futsal e futebol em situações de jogo reduzido.
múltiplas situações que o jogo apresenta aos jogadores.
Para estudar estas ações executadas pelos Materiais e Métodos
jogadores durante uma partida, treinadores e Amostra
investigadores têm recorrido à análise de jogo, que diz Avaliou-se 96 jogadores (48 de futsal e 48 de
respeito ao processo de obtenção e registro de futebol), das categorias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20
informações relativas aos eventos do jogo8,9. Este tipo de de dois clubes portugueses que disputam campeonatos
análise tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre o nacionais da primeira liga das respectivas modalidades.
jogo e/ou no suporte à modelação do treinamento, já que Avaliou-se 12 jogadores em cada uma das categorias,
grande parte dos dados acerca do comportamento dos sendo que no futsal os jogadores realizaram 3347 ações
jogadores durante o jogo e treino incidem sobre gestos táticas, sendo 1573 ofensivas e 1774 defensivas enquanto
10,11
técnicos e ações individuais ou coletivas isoladas . que no futebol os jogadores realizaram 2830 ações, das
As dimensões da bola, superfície de jogo e balizas, quais 1325 ofensivas e 1305 defensivas durante os
além das regras e do tipo de piso parecem tornar o futsal e respectivos testes de campo.
o futebol modalidades distintas. Entretanto, através da
observação de determinados gestos técnicos, movimentos Instrumento
e comportamentos, pode ser possível identificar certa O instrumento utilizado neste estudo, o FUT-
semelhança entre estas duas modalidades. Assim, tanto no SAT, foi desenvolvido e validado por Teoldo et al.18, e
futsal quanto no futebol, treinadores têm lançado mão da permite avaliar as ações táticas realizadas por cada
utilização de jogos reduzidos, o que lhes permite modelar jogador, com base nos dez princípios táticos fundamentais
o comportamento de seus jogadores com maior eficiência, do jogo de futebol, na localização da ação no campo de
quando comparados a exercícios analíticos ou que jogo e seu resultado5,19.
incluam a configuração formal do jogo (11x11 e 5x5)12,13. Este instrumento possui 77 variáveis dependentes
Este tipo de prática de treino, avaliação e monitoramento distribuídas em sete categorias e duas macro categorias.
das capacidades dos jogadores pode ser verificado através Na macro categoria "observação" estão as variáveis das
de estudos que investigam esta classe de exercícios, por categorias: "princípios táticos", "localização da ação no
campo de jogo", "resultado da ação"; e na macro categoria segundos de familiarização, tempo tido como suficiente
"produto" estão as variáveis das categorias: "índice de para que os jogadores apreendessem as demandas do
performance tática" (IPT), "percentual de erros", "ações teste14,22,23. Todos os jogadores utilizaram coletes
táticas" e "localização da ação relativa aos princípios" numerados para facilitar sua identificação.
(LARP). Neste estudo as variáveis independentes estão
relacionadas às modalidades futsal e futebol. Materiais
Para gravação dos vídeos das sessões de tese
Procedimentos Éticos utilizou-se uma câmera digital PANASONIC modelo NV
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da – DS35EG. O material de vídeo obtido foi introduzido em
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto formato digital em um computador portátil (HP DV6-
(Processo CEFADE 16/2013) e atende às normas do 1050EP processador Intel P8600) via cabo (IEEE 1394) e
Tratado de Helsinque (1996) para pesquisas com seres convertido em arquivos “.avi”.
humanos. Para tratamento das imagens e análise do jogo
Tanto no futsal como no futebol a coleta de dados foram utilizados os softwares Utilius VS® e Soccer
foi realizada com prévia autorização dos responsáveis Analyser®. O primeiro destina-se ao registro e arquivo das
pelos clubes. ações observadas. O segundo permite inserir as
referências espaciais do teste no vídeo e avaliar a posição
Procedimentos de Coleta de Dados e movimentação dos jogadores.
No futebol, o teste de campo “GR+3x3+GR” (duas
equipes compostas por 1 goleiro e 3 jogadores de linha Análise Estatística
cada), que integra o FUT-SAT, foi conduzido em uma Realizou-se análise descritiva (frequência absoluta
área de 36 metros de comprimento e 27 metros de largura. e relativa, variação percentual, média e desvio padrão) das
O centro de jogo possui 5 metros de raio, tendo em conta categorias "princípios táticos", "localização da ação no
o intervalo dos valores das constantes, encontrado entre a campo de jogo" e "resultado da ação", "IPT", "percentual
razão do menor e do maior valor. Na aplicação do teste de erros", "ações táticas" e "LARP".
solicita-se aos jogadores que joguem de acordo com as Para as variáveis das categorias "IPT", "percentual
regras oficiais do jogo, com exceção da regra do de erros", "ações táticas" e "LARP", utilizou-se o teste de
impedimento. O teste tem duração de quatro minutos não normalidade Kolmogorov-Smirnov para verificar a
cronometrados18. distribuição dos dados. Para as variáveis paramétricas, a
No futsal, o teste “GR+3x3+GR” foi aplicado em comparação entre as modalidades foi realizada a partir do
área de 28 metros de comprimento por 15 metros de teste t para medidas independentes (p≤0,05). Já para os
3
largura . O centro de jogo determinado foi de 5 metros de dados não paramétricos recorreu-se ao teste Mann-
raio, em respeito à regra para cobranças de faltas, que Whitney (p≤0,05).
determina que os jogadores adversários posicionem-se no Para comparação das frequências das variáveis
20,21
mínimo a 5 metros da bola . Durante a aplicação do pertencentes às categorias "princípios táticos",
teste, foi solicitado aos jogadores avaliados que jogassem "localização da ação no campo de jogo" e "resultado da
de acordo com as regras oficiais do jogo, com exceção à ação", utilizou-se o teste qui-quadrado (χ²), com nível de
utilização do goleiro linha. Esta alteração deve-se ao fato significância de p≤0,05. Para os procedimentos
de aumentar o número de ações táticas com a bola dos estatísticos, utilizou-se o software SPSS (Statistical
jogadores de linha. Package for Social Sciences) for Windows®, versão 17.0.
Tanto no futebol quanto no futsal, os jogadores
receberam informações sobre o teste e realizaram 30 Análise da Fiabilidade
Para avaliação da fiabilidade dos dados, foram "princípios táticos", "localização da ação no campo de
reanalisadas 480 ações táticas (14,34%) no futsal, e 408 jogo" e "resultado da ação" e, posteriormente, os
ações táticas (14,42%) no futebol. O número de ações resultados das categorias "IPT", "percentual de erros",
reavaliadas nas duas modalidades é superior ao de "ações táticas" e "LARP".
24
referência (10%) apontado pela literatura . A Tabela 1 apresenta as frequências, os
Para a análise da fiabilidade intra-observador, percentuais e a variação percentual das variáveis das
respeitou-se um intervalo de 20 dias entre as categorias "princípios táticos", localização da ação no
25
observações . Para o cálculo da fiabilidade intra- campo de jogo" e "resultado da ação", no futsal e futebol.
avaliador recorreu-se ao teste Kappa de Cohen. Os A partir da Tabela 1 verifica-se que no total de
resultados revelaram valores de fiabilidade intra- ações táticas realizadas pelos jogadores há diferenças
observador de 0,94, (ep=0,01) no futsal, sendo significativas entre o futsal e o futebol, demonstrando que
26
classificada como “quase perfeitos” pela literatura . Já no o futsal permite efetuar maior quantidade de ações.
futebol, as observações foram realizadas por três Nas variáveis da categoria "princípios táticos"
observadores treinados que apresentaram concordância verifica-se que os comportamentos táticos dos jogadores
interobservadores superior a 0,81 e obtiveram valores de de futsal e futebol foram diferenciados em seis dos dez
fiabilidade intra-observador entre 0,79 e 0,88 (ep=0,01, princípios que compõem a grelha de avaliação. Dentre as
em todos os casos). diferenças encontradas verificou-se que nos princípios da
“cobertura ofensiva”, “contenção”, “cobertura defensiva”
Resultados e “concentração” a frequência das ações foram superiores
Os resultados estão apresentados de acordo com as no futsal. Já para os princípios do “espaço” e da “unidade
macro categorias de variáveis. Assim, serão defensiva”, a ocorrência de ações foi maior no futebol.
primeiramente descritos os resultados das categorias
Tabela 1. Frequências (absoluta e relativa) e variação percentual das variáveis das categorias "princípios táticos",
"localização da ação no campo de jogo" e "resultado da ação", no futsal e futebol.
Futsal Futebol
Categorias e Variáveis Variação Percentual**
N % N %
Princípios Táticos
Ofensivo
Penetração 158 4,72 142 5,02 6,29
Cobertura Ofensiva* 613 18,31 321 11,34 -38,07
Espaço* 476 14,22 557 19,68 38,39
Mobilidade 123 3,67 135 4,77 29,81
Unidade Ofensiva 203 6,07 170 6,01 -0,96
Defensivo
Contenção* 356 10,64 276 9,75 -8,31
Cobertura Defensiva* 382 11,41 52 1,84 -83,90
Equilíbrio 243 7,26 241 8,52 17,30
Concentração* 416 12,43 282 9,96 -19,83
Unidade Defensiva* 377 11,26 654 23,11 105,17
Localização da Ação no Campo de Jogo
Ofensiva
Meio Campo Ofensivo* 589 17,60 473 16,71 -5,02
Meio Campo Defensivo* 911 27,22 754 26,64 -2,11
Defensiva
Meio Campo Ofensivo* 985 29,43 852 30,11 2,30
Meio Campo Defensivo* 862 25,75 751 26,54 3,04
Resultado da Ação
Ofensiva
Realizar finalização ao gol 156 4,66 155 5,48 17,51
Continuar com a posse de bola* 1103 32,95 984 34,77 5,51
Sofrer falta, ganhar lateral ou escanteio 58 1,73 41 1,45 -16,40
Nos princípios táticos ofensivos verificou-se que e "perder a posse de bola". Nas variáveis defensivas as
as maiores variações percentuais são relativas aos valores diferenças se situaram em "recuperar a posse de bola",
das variáveis “cobertura ofensiva” e “espaço”, e as "sofrer falta, ganhar lateral ou escanteio", "cometer falta,
menores, aos das variáveis “penetração” e “unidade ceder lateral ou escanteio" e "continuar sem a posse de
ofensiva”. Para os princípios táticos defensivos as maiores bola". Em todos os casos as frequências foram superiores
variações percentuais foram identificadas para os no futsal.
princípios da “cobertura defensiva” e da “unidade Verifica-se que a maior variação percentual na fase
defensiva”, enquanto as menores dizem respeito aos ofensiva deu-se na variável "perder a posse de bola", e a
princípios da “contenção” e do “equilíbrio”. menor, em "continuar com a posse de bola". Na fase
Na "localização da ação no campo de jogo" defensiva, a maior variação percentual diz respeito à
observou-se maiores frequências no futsal, em relação ao variável "sofrer falta, ganhar lateral ou escanteio",
futebol. No entanto, a partir dos resultados de frequência enquanto a menor foi observada na variável "continuar
relativa e variação percentual, dois grupos apresentaram sem a posse de bola".
distribuições semelhantes de ações no campo de jogo. A Tabela 2 apresenta as médias e desvios padrões
No resultado da ação observou-se diferenças das variáveis das categorias "IPT" e "percentual de erros"
significativas nas variáveis ofensivas "continuar com a no futsal e futebol.
posse de bola", "cometer falta, ceder lateral ou escanteio"
Tabela 2. Médias e desvios padrão das variáveis das categorias "IPT" e "percentual de erros" no futsal e futebol.
IPT Percentual de Erros
Futsal Futebol Futsal Futebol
Ofensivos
Penetração 52,85±24,69 53,85±23,03 15,49±20,68 13,25±22,53
Cobertura Ofensiva 44,83±10,39* 50,27±14,74* 8,76±9,84* 5,08±15,46*
Mobilidade 55,02±29,27 55,57±28,99 6,87±18,59* 1,40±7,77*
Espaço 41,40±11,13 43,24±9,00 8,25±11,91* 2,91±5,61*
Unidade Ofensiva 53,86±24,48 50,6±25,38 18,92±27,64* 35,08±32,69*
Defensivos
Contenção 30,04±9,18* 23,99±9,31* 41,35±24,95* 55,41±24,57*
Cobertura Defensiva 31,38±10,85 17,83±15,19 20,04±19,48 29,58±40,00
Equilíbrio 30,01±11,73* 24,85±11,74* 47,78±29,12 48,85±30,13
Concentração 27,20±8,10 28,79±8,73 20,44±20,52 13,28±15,87
Unidade Defensiva 27,71±9,46 25,74±8,12 40,04±24,94 47,18±27,1
Fase do Jogo
Fase Ofensiva 46,78±9,90 48,12±9,58 11,21±8,31 8,57±6,88
Fase Defensiva 28,49±6,31* 26,10±5,86* 32,68±17,69* 42,44±16,91*
Jogo 37,03±6,45 36,35±6,18 22,24±10,48 26,45±10,09
*Diferenças significativas (p<0,05). IPT: Cobertura Ofensiva (p=0,03), Contenção (p<0,01), Equilíbrio (p<0,01) e Fase Defensiva (p=0,04). Percentual de Erros: Cobertura Ofensiva (p<0,01),
Mobilidade (p<0,01), Espaço (p<0,01), Unidade Ofensiva (p<0,01), Contenção (p<0,01) e Fase Defensiva (p=0,02).
Em relação aos "IPTs" verificam-se quatro ofensiva”, “mobilidade”, “espaço”, “unidade ofensiva”,
diferenças significativas entre os grupos. As diferenças "contenção" e "fase defensiva". Os jogadores de futsal
significativas se situaram nas variáveis "cobertura cometeram mais erros na realização dos princípios da
ofensiva", "contenção", "equilíbrio" e na fase defensiva. “cobertura ofensiva”, “mobilidade” e “espaço”, e no
Nestes casos, verificou-se "IPT" superior no futebol futebol, houve mais erros nas ações de “unidade
somente para o princípio da "cobertura ofensiva", ofensiva”, "contenção" e "fase defensiva".
enquanto nas outras variáveis os jogadores de futsal A Tabela 3 apresenta as médias e os desvios
obtiveram melhores índices. padrões das variáveis das categorias "ações táticas" e
Na categoria "percentual de erros", seis variáveis "LARP" dos quatro escalões avaliados.
apresentaram diferenças significativas: “cobertura
Tabela 3. Médias e desvios padrões das variáveis das categorias "ações táticas" e "LARP" no futsal e futebol.
Ações Táticas LARP
Futsal Futebol Futsal Futebol
Ofensivos
Penetração 3,19±1,82 2,97±1,62 2,10±1,44* 1,46±1,25*
Cobertura Ofensiva 12,57±4,8* 6,65±3,63* 3,57±2,63 4,76±3,59
Mobilidade 2,32±2,12 2,88±3,58 2,31±2,16* 0,44±0,88*
Espaço 9,98±5,08 11,62±5,07 2,02±1,99* 9,36±4,85*
Unidade Ofensiva 4,31±2,41 3,57±2,83 2,20±1,74 1,97±2,36
Defensivos
Contenção 7,40±2,95* 5,68±2,93* 4,22±2,55 3,38±2,55
Cobertura Defensiva 7,94±4,24* 1,05±1,20* 3,67±3,18* 0,57±0,73*
Equilíbrio 5,03±2,35 5,04±2,69 1,70±1,72 2,26±1,96
Concentração 8,62±3,13* 5,88±3,16* 5,9±3,36* 3,45±2,60*
Unidade Defensiva 7,91±3,98* 13,45±4,11* 3,47±2,06* 5,87±3,52*
Fase do Jogo
Fase Ofensiva 32,17±8,37* 27,47±6,49* 11,85±5,81* 17,99±6,43*
Fase Defensiva 36,75±9,92* 30,95±7,99* 18,86±8,37* 15,24±7,00*
Jogo 68,81±14,09* 58,34±11,46* 30,67±12,53 33,1±8,32
*Diferenças significativas (p≤0,05). Ações Táticas: Cobertura Ofensiva (p<0,01), Contenção (p<0,01), Cobertura Defensiva (p<0,01), Concentração (p<0,01), Unidade Defensiva (p<0,01), Fase
Ofensiva (p<0,01), Fase Defensiva (p<0,01) e Jogo (p<0,01). LARP: Penetração (p=0,02), Mobilidade (p<0,01), Espaço (p<0,01), Cobertura Defensiva (p<0,01), Concentração (p<0,01), Unidade
Defensiva (p<0,01) e Fase Ofensiva (p<0,01).
de passes e contatos com a bola realizados e, do fator associado à diferença nas dimensões do campo
supostamente, facilitar ações de desarme por parte dos que facilitam as ações defensivas dos jogadores de futsal,
27,28
defensores . Também o piso e a bola do futsal tendem pode-se mencionar os tipos de treinamento e as
a proporcionar aos jogadores melhor controle sobre a características dos jogadores, em relação à posição
bola, fazendo com que o número de ações táticas seja ocupada e a função exercida por cada um como um fator
superior, uma vez que a superfície do campo de futebol é potencialmente explicativo para este fenômeno30. No
sabidamente mais irregular e a bola de futsal é futsal, jogadores de todas as posições participam
proporcionalmente mais pesada, tornando mais fácil seu ativamente de ambas as fases de jogo, enquanto no
29
manejo . futebol os jogadores que ocupam posições mais
Os princípios realizados em maior número pelos adiantadas possuem menor influência durante a fase
jogadores de futsal, tanto na fase ofensiva quanto defensiva. No futsal há também uma intensa troca de
defensiva, são caracterizados pela aproximação ao posições durante o jogo, o que proporciona aos jogadores
portador da bola (“cobertura ofensiva”, “contenção”, melhor adaptação a funções diferentes daquelas relativas
“cobertura defensiva” e “concentração”), enquanto no à sua posição de origem6.
futebol as ações dos jogadores que apresentaram A partir desta investigação verificou-se maior
frequências superiores aos demais são efetuadas distantes número de ações táticas no futsal, supostamente devido à
do jogador em posse da bola (“espaço” e “unidade maior facilidade no controle e circulação da bola por parte
defensiva”). Uma possível razão para estes achados é a dos jogadores, resultado que pode ser atribuído às
diferença entre as dinâmicas de jogo das duas características desta modalidade (dimensão e tipo da
modalidades, o que poderá gerar influência significativa superfície, tipo de bola, intensidade do jogo, etc.) que
30,31
sobre a tomada de decisão e ações subsequentes . possuem papel central sobre sua dinâmica. O futsal
Observa-se no futsal uma propensão por parte dos também exige que os jogadores realizem maior número de
jogadores a aproximarem-se do centro de jogo, tanto em ações próximas ao centro de jogo, enquanto no futebol
ações ofensivas, com o objetivo de oferecer linhas de mais jogadores realizam ações táticas distantes do centro
passe, como em ações defensivas, para cobrir o jogador de jogo, devido às dinâmicas relativas às duas
em oposição direta ao portador da bola. Já no futebol, modalidades. Além disso, os métodos de treino e as
espera-se que um número menor de jogadores ofereça funções dos jogadores podem explicar o fato de se ter
linhas de passe nas proximidades e dentro do centro de observado desempenho tático defensivo superior no
jogo e realize pressão sobre o portador da bola. futsal, e desempenho tático ofensivo equivalente entre
Não foram encontradas diferenças percentuais ambas as modalidades3.
significativas entre o futsal e futebol nas variáveis da Deste modo, é possível destacar a importância da
categoria "localização da ação no campo de jogo". Em se ter em conta a especificidade de cada uma das
ambas as modalidades observou-se mais ações defensivas modalidades para os processos de treino e aprendizagem
no meio campo ofensivo e mais ações ofensivas no setor dos princípios táticos, uma vez que, por possuírem
defensivo que proporcionam o aumento do espaço de jogo características singulares, deve-se promover, tanto no
efetivo e assim permitem aos jogadores explorar espaços futebol quanto no futsal, conteúdos que sejam trabalhados
livres e propiciar melhores opções de passe ao portador da a partir do reconhecimento da dinâmica inerente a ambas,
1
bola. bem como da faixa etária dos respectivos
Os jogadores de futsal obtiveram melhores valores jogadores/alunos32.
no "índice de performance tática" (IPT), bem como Apesar da escassez de investigações que
valores inferiores de percentual de erro nas ações comparem o futsal e futebol, relativamente às variáveis
defensivas, em comparação aos atletas de futebol. Além referentes à componente tática, o presente estudo
apresenta importantes achados, dos quais treinadores e Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
preparadores poderão se beneficiar para o planejamento da Universidade Federal de Viçosa.
de treinos mais adequados às características particulares
de ambas as modalidades, a partir das diferenças
observadas. Entretanto, é preciso levar em conta que uma
das limitações desta investigação diz respeito ao reduzido
tamanho amostral observado nas diferentes categorias
etárias em ambas as modalidades. Futuros estudos devem
utilizar maior número de jogadores por categoria, em cada
uma das modalidades, de modo a elevar a possibilidade de
generalização dos resultados.
Conclusões
Constatou-se que o comportamento tático dos
jogadores desta amostra foi influenciado pela dinâmica
relativa às duas modalidades. Na fase defensiva, os
jogadores de futsal apresentaram performance superior
em relação aos jogadores de futebol. Por sua vez, os
jogadores de futebol apresentaram maior média de erros
na realização de ações táticas, quando comparados aos
jogadores de futsal. As diferenças entre as superfícies
(tipo e dimensão), dinâmicas e intensidades de jogo
relativas às duas modalidades podem justificar os
resultados encontrados, uma vez que essas características
são, em grande parte, influenciadoras da tomada de
decisão e do comportamento resultante por parte dos
jogadores.
Para futuros estudos, recomenda-se que jogadores
de futsal e futebol sejam avaliados em superfície inversa
àquela da modalidade praticada (jogadores de futsal em
campo gramado e jogadores de futebol em
ginásio/quadra), para que se possa verificar qual das
modalidades tem maior efeito sobre a evolução esportiva
do jogador e quais capacidades táticas necessitam de
desenvolvimento, no caso de uma possível transição entre
elas.
Agradecimentos
Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG, da
SETES através da LIE, da CAPES, do CNPq, da
FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Referências
1. Gréhaigne JF. L'organisation du jeu en football. Joinville-le-Pont: Actio, 1992
2. Mahlo F. L'acte tactique en jeu. Paris: Vigot Freres, 1969
3. Silva MV, Greco PJ. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamentono desenvolvimento da
inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Rev bras Educ Fís Esporte 2009;23(3):297-307
4. Worthington E. Learning & Teaching Soccer Skills. North Hollywood: Wilshire Book Company, 1974
5. Teoldo I, Garganta J, Greco P, Mesquita I. Princípios Táticos do Jogo de Futebol: conceitos e aplicação. Motriz
2009;15(3):657-668
6. Amaral R, Garganta J. A modelação do jogo em Futsal. Análise sequencial do 1x1 no processo ofensivo. Rev Port
Cien Desp 2005;3(V):298–310
7. Garganta J, Pinto J. O ensino do futebol. In: Graça A, Oliveira J, editors. O ensino dos jogos desportivos. Porto:
CEJD - FCDEF-UP; 1994. p. 97-137
8. Carling C, Williams AM, Reilly T. Handbook of Soccer Match Analysis. New York: Routledge, 2005
9. Garganta J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. [Performance
analysis in team games. Review on match analysis]. Rev Port Cien Desp 2001;1(1):57-64
10. Strøyer J, Hansen L, Klausen K. Physiological Profile and Activity Pattern of Young Soccer Players during Match
Play. Med Sci Sports Exerc 2004;36(1):168-174
11. Carling C, Bloomfield J, Nelsen L, Reilly T. The Role of Motion Analysis in Elite Soccer. Sports Med
2008;38(10):839-862
12. Reilly T. An ergonomics model of the soccer training process. J Sports Sci 2005;23(6):561-572
13. Gréhaigne JF, Caty D, Godbout P. Modelling ball circulation in invasion team sports: a way to promote learning
games through understanding. Phys Educ Sport Pedagog 2010;15(3):257–270
14. Teoldo I, Garganta J, Greco PJ, Mesquita I, Afonso J. Assessment of tactical principles in youth soccer players of
different age groups. Rev Port Cien Desp 2010;10(1):147-157
15. Almeida CH, Ferreira AP, Volossovitch A. Offensive Sequences in Youth Soccer: Effects of Experience and Small-
Sided Games. J Hum Kinet 2013;36(1):97-106
16. Silva CD, Impellizzeri FM, Natali AJ, Lima JR, Bara-Filho MG, Garcia ES, et al. Exercise intensity and technical
demands of small-sided games in young Brazilian soccer players: effect of number of players, maturation, and
reliability. J Strength Cond Res 2011;25(10):2746-2751
17. Hill-Haas SV, Dawson BT, Couts AJ, Rowsell GJ. Physiological responses and time–motion characteristics of
various small-sided soccer games in youth players. J Sports Sci 2009;27(1):1-8
18. Teoldo I, Garganta J, Greco P, Mesquita I, Maia J. Sistema de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT):
Desenvolvimento e validação preliminar. Motri 2011;7(1):69-84
19. Teoldo I, Garganta J, Greco P, Mesquita I. Proposta de avaliação do comportamento tático de jogadores de Futebol
baseada em princípios fundamentais do jogo. Motriz 2011;17(3):511-524
20. CBFS. Futsal: Livro Nacional de Regras 2013. Fortaleza, Ceará: Confederação Brasileira de Futebol de Salão, 2013
21. Teoldo I, Guilherme J, Garganta J. Para um futebol jogado com ideias: Concepção, treinamento e avaliação do
desempenho tático de jogadores e equipes. 1 ed. Curitiba: Appris, 2015
22. Santos R, Dias C, Garganta J, Teoldo I. A superfície de jogo pode influenciar o desempenho tático de jogadores de
futebol? 2013;24(2):247-252
23. Teoldo I, Garganta J, Greco PJ, Mesquita I, Seabra A. Influence of Relative Age Effects and Quality of Tactical
Behaviour in the Performance of Youth Soccer Players. Int J Perform Anal Sport 2010;10(2):82-97
24. Tabachnick B, Fidell L. Using Multivariate Statistics: International Edition. 6 ed. London: Pearson Education, 2012
25. Robinson G, O'Donoghue P. A weighted kappa statistic for reliability testing in performance analysis of sport. Int J
Perform Anal Sport 2007;7(1):12-19
26. Landis R, Koch GG. The Measurement of Observer Agreement for Categorical Data. Biometrics 1977;33(1):159-
174
27. Jones S, Drust B. Physiological and Technical Demands of 4v4 and 8v8 Games in Elite Youth Soccer Players.
Kinesiology 2007;39(2):150-156
28. Katis A, Kellis E. Effects of small-sided games on physical conditioning and performance in young soccer players. J
Sci Med Sport 2009;8(3):374-380
29. Viana AR, Bigonha FLL. Futsal: avaliação técnica. Rio de Janeiro: Shape, 2003
30. Nunes RFH, Almeida FAM, Santos BV, Almeida FDM, Nogas G, Elsangedy HM, et al. Comparação de indicadores
físicos e fisiológicos entre atletas profissionais de futsal e futebol. Motriz 2012;18(1):104-112
31. Fonseca S, Milho J, Travassos B, Araújo D. Spatial dynamics of team sports exposed by Voronoi diagrams. Hum
Movement Sci 2012;31:1652-1659
32. Brito e Sousa R, Soares VOV, Praça GM, Matias CJAS, Teoldo I, Greco PJ. Avaliação do comportamento tático no
futebol: princípios táticos fundamentais nas categorias sub-14 e sub-15. R bras Ci e Mov 2015;23(2):59-65
PADILHA MB, MORAES JC, COSTA IT. O estatuto posicional pode influenciar o Maickel B. Padilha1,2,
desempenho tático ente jogadores da Categoria Sub-13? R. bras. Ci. e Mov José C. Moraes3,
2013;21(4): 73-79. Israel T. da Costa1
1
RESUMO: Com a importância do processo de formação dos jogadores de Futebol, as características Universidade Federal de Viçosa,
peculiares em diferentes estatutos posicionais podem apresentar desempenhos táticos distintos quando Núcleo de Pesquisa e Estudos
consideradas as diferentes fases de jogo (defensiva e ofensiva). Este trabalho tem por objetivo verificar se em Futebol - NUPEF
2
o estatuto posicional pode influenciar o desempenho tático entre jogadores da Categoria Sub-13. A Universidade do Porto
3
amostra foi composta por 100 jogadores de futebol da Categoria Sub-13, divididos em 27 Defensores, 38 Universidade Federal do Rio
Meio Campistas e 35 Atacantes. Foram analisadas um total de 5213 ações Ofensivas e Defensivas, com a Grande do Sul
seguinte distribuição por princípios: Ofensivos: “Penetração” [n=319; (12,99%)]; “Cobertura Ofensiva”
[n=692; (28,19%)]; “Mobilidade” [n=182; (7,42%)]; “Espaço” [n=929; (37,84%)] e “Unidade Ofensiva”
[n=333; (13,56%)]; Defensivos: “Contenção” [n=664; (24,07%)]; ”Cobertura Defensiva” [n=220;
(7,98%)]; “Equilíbrio” [n=639; (23,17%)]; “Concentração” [n=340; (12,33%)] e “Unidade Defensiva”
[n=895; (32,45%)]. O instrumento utilizado para coleta e análise dos dados foi o FUT-SAT, Os resultados
foram tratados através da estatística descritiva e os testes de Kolmogorov-Smirnov, ANOVA One Way,
Kruskal Wallis e Post Hoc de Tukey. Para o cálculo da fiabilidade recorreu-se ao teste Kappa de Cohen .
Para o tratamento dos dados foi utilizado o software SPSS for Windows, versão 18.0. Adotou-se um nível
de significância de p <0,05. Os resultados demonstraram diferenças estatisticamente significativas entre o
Índice de Performance Tática e os estatutos posicionais para o princípio tático ofensivo “Unidade
Ofensiva” entre Meio Campistas e Atacantes. Para os demais princípios táticos não foram encontradas
diferenças estatísticas. Conclui-se com este estudo, que o estatuto posicional influencia no desempenho
tático por parte dos Meio Campistas em relação aos Atacantes. Sobretudo, em movimentações ofensivas
afastadas do centro de jogo e em apoios ofensivos que ocorrem atrás da linha da bola. Desta forma, os
Meio Campistas da categoria Sub-13 apresentam desempenho superior para o princípio tático “Unidade
Ofensiva”.
ABSTRACT: With the importance of the process of formation of the Football players, the peculiar
characteristics in different positional statutes may provide distinct tactical performances when considering
the different phases of the game (defensive and offensive).This paper aims to verify whether positional
role can influence the tactical performance of U-13 youth soccer players. The sample comprised 100 U-13
youth soccer players divided into 27 defenders, 38 midfielders and 35 forwards. 5213 offensive and
defensive actions were analyzed, with the following distribution: Offensive Principles: “Penetration”
[n=319; (12,99%)]; “Offensive Coverage” [n=692; (28,19%)]; “Mobility” [n=182; (7,42%)]; “Width and
Length” [n=929; (37,84%)] and “Offensive Unity” [n=333; (13,56%)]; Defensive: “Delay” [n=664;
(24,07%)]; “Defensive Coverage” [n=220; (7,98%)]; “Balance” [n=639; (23,17%)]; “Concentration”
[n=340; (12,33%)] and “Defensive Unity” [n=895; (32,45%)]. FUT-SAT was used to data collection and
analysis. Results were processed through descriptive statistics and Kolmogorov-Smirnov, ANOVA One
Way, Kruskal Wallis and Tukey’s Post Hoc tests. For data processing the software SPSS for Windows,
version 18.0 was used. The significance level was set to p<0.05. Results presented significant differences
between the Tactical Performance Index and positional roles for the tactical principle “Offensive Unity”
among midfielders and forwards. For the remaining tactical principles no significant differences were
found. It is concluded with the present study that the positional role influences the tactical performance of
midfielders in comparison with forwards, mainly in offensive movements away from the game center and
offensive supports occurred behind the ball line. Thereby, U-13 midfielders showed higher performance
for the tactical principle “Offensive Unity”.
as devidas explicações em relação aos procedimentos da de um valor mínimo de 0 (zero) a um valor máximo de
pesquisa. 100 (cem).
Resultados
Tabela 1. Médias e desvios-padrão das variáveis da categoria índice de performance tática por estatuto posicional
IPT princípios Defensores Meio Campistas Atacantes
OFENSIVO
Penetração 48,34+19,93 49,83+19,74 55,09+20,65
Cobertura Ofensiva 46,40+11,97 48,98+12,35 47,44+10,35
Mobilidade 57,84+23,36 58,65+19,34 53,66+23,80
Espaço 41,88+7,50 45,55+7,69 42,37+8,24
Unidade Ofensiva 48,63+11,46 57,03+24,53* 44,03+18,52
DEFENSIVO
Contenção 31,61+13,30 30,79+10,40 31,79+11,12
Cobertura Defensiva 39,31+13,83 35,11+18,96 41,30+18,80
Equilíbrio 36,92+13,72 30,98+12,65 32,24+10,27
Concentração 38,55+13,47 31,67+10,75 32,61+13,45
Unidade Defensiva 36,05+8,83 34,74+8,17 35,82+11,70
FASES DO JOGO
IPTO 46,50+6,98 49,91+7,14 47,42+6,50
IPTD 36,02+6,57 33,32+6,21 34,39+6,37
* Diferença estatísticamente significativa (p<0,05). IPT “Unidade Ofensiva” em relação aos Atacantes (F=3,196 (2); p=0,04)
Os resultados dos Meio Campistas encontrados no relacionada com a dificuldade de adaptação dos jogadores
presente estudo podem ser explicados em consequência deste estatuto posicional durante as alterações das
das zonas de campo que geralmente ocupam em estruturas do jogo, considerando que estes jogadores estão
comparação aos Atacantes, uma vez que os Meio em direta busca pela marcação de um gol para a equipe e
Campistas exercem funções de organização ofensiva para priorizam não se afastar da baliza7.
as ações da equipe. Estas funções ocorrem durante a O estudo de Amaral e Garganta25 indica que em
progressão ofensiva entre defesa e ataque, quando os situações em que os Atacantes procuram um jogo mais
jogadores buscam ocupar e criar espaços livres para a objetivo, estes jogadores buscam a finalização ao gol, se
equipe, intervindo indiretamente no centro de jogo e ao aproximam do centro de jogo e evitam movimentações
aproximar os jogadores e proporcionar equilíbrio entre as mais afastadas da bola. Estas características apresentam
20
linhas (transversais e longitudinais) . Em um estudo ser um indicativo que corresponde ao baixo índice de
realizado com o estatuto posicional na categoria Sub-11, performance tática dos atacantes no princípio tático
foram encontradas diferenças significativas para o índice “Unidade Ofensiva”, de forma que em momentos que
de performance tática nos princípios táticos “Mobilidade” estes jogadores optam pelas ações mais afastadas do
entre Atacantes e Meio Campistas e “Contenção” entre centro de jogo, o desempenho das ações pode ser
21
Meio Campistas e demais estatutos posicionais . comprometido em comparação aos meio campistas, que
Já em um estudo relacionado com a categoria Sub- oferecem apoio às organizações ofensivas da equipe e
14 não foi identificado diferença significativa do índice de exploram as movimentações mais afastadas do centro de
22
performance tática entre os estatutos posicionais . Estes jogo25.
resultados mostram uma similaridade com os resultados Outro indicativo que explica os resultados do
verificados no presente estudo realizado com jogadores da presente estudo ao não encontrar diferenças para os
categoria Sub-13. Neste sentido, é possível destacar que demais princípios táticos, está na fase de prestação
tal similaridade é explicada em função das faixas etárias esportiva que encontram-se os jogadores que compuseram
dos jogadores de ambos os estudos estarem em um esta amostra avaliada. Conforme Greco e Benda23 a
processo de transição durante a formação, entre as fases formação dos jogadores deve ser direcionada para o
de Orientação e de Direção. Nesta transição os jogadores aprimoramento das capacidades táticas em resposta a
encontram-se no processo de iniciação esportiva, devendo qualquer situação do jogo, seja ela ocorrida no setor
obter experiências em diversas funções, buscando o defensivo, de meio campo ou ataque. Ainda é indicado
aperfeiçoamento das capacidades táticas de forma que o processo de ensino e treino nesta faixa etária esteja
globalizada, ao vivenciar as exigências específicas da direcionado para proprocionar aos jogadores um maior
modalidade através de subsídios para as soluções táticas conhecimento específico do jogo e para as necessidades e
em resposta à diversidade do jogo independente do exigências da modalidade26.
estatuto posicional13- 23. Através dessas informações, este estudo procurou
Com os valores encontrados no índice de fornecer resultados que propiciem explorar a influência
performance tática do princípio tático “Unidade do estatuto posicional no desempenho dos jogadores da
Ofensiva” atribuídos aos Meio Campistas, é possível categoria Sub-13, ao possibilitar a formação dos
observar tal eficácia das ações, devido à intensa jogadores em suas características e em distintos estatutos
movimentação exercida no campo de jogo em posicionais. Assim como, procurando auxiliar treinadores
24
comparação com os Atacantes . Outra possível e professores na aplicabilidade e direcionamento das
explicação para o valor obtido pelos Atacantes na orientações dos treinamentos, em função de um melhor
diferença do princípio para um menor desempenho em rendimento de cada jogador em resposta às exigências
movimentações afastadas do centro de jogo, está táticas em um jogo de futebol27.
Para melhor embasamento dos resultados 2.Gréhaigne JF, Bouthier D, Davids B. Dynamic-system
analyses of opponent relationship in collective action in
encontrados, é indicado complementá-lo com o percentual
soccer. J Sports Sci. 1997;15(2):137-49.
de acerto dos jogadores, assim como o número de ações
3.Szwarc A. The Efficiency Model of Soccer Player´s
realizadas. Com tais informações os resultados do estudo Actions in Cooperation With Other Team Players at The
FIFA Word Cup. Hum Mov 2008;9(1):56-61.
podem direcionar em um outro viés as informações sobre
4.Garganta J, Gréhaigne JF. Abordagem sistêmica do jogo
os estatutos posicionais do jogadores.
de futebol: moda ou necessidade? Mov. 1999;5(n.10).
5.Grehaigne JF, Godbout P, Bouthier D. The teaching and
Conclusões learning of decision making in team sports. Quest
(00336297). 2001;53(1):59-76.
Conclui-se com este estudo que o estatuto
posicional influencia o desempenho tático por parte dos 6.Bayer C. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa:
Dinalivro; 1994.
Meio Campistas em relação aos Atacantes. Com destaque
7.Bradley PS, Carling C, Archer D, Roberts J, Dodds A,
para as movimentações ofensivas afastadas do centro de Di Mascio M, et al. The effect of playing formation on
jogo e em apoios ofensivos que ocorrem atrás da linha da high-intensity running and technical profiles in English
FA Premier League soccer matches. J Sports Sci.
bola. Desta forma, os Meio Campistas apresentam 2011;29(8):821-30.
desempenho superior para o princípio tático “Unidade 8.Dellal A, Owen A, Wong DP, Krustrup P, van Exsel M,
Ofensiva”. Mallo J. Technical and physical demands of small vs.
large sided games in relation to playing position in elite
Entretanto, em aspectos gerais, conclui-se com este soccer. Hum Mov Sci. 2012 Feb 16.
estudo que os jogadores dos diferentes estatutos 9.Oliveira JGG. Conhecimento Específico em Futebol.
posicionais podem executar de forma similar o Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do
processo ensino-aprendizagem/treino do jogo
desempenho nas jogadas enfrentadas no jogo de futebol, [Dissertação]. Porto: Universidade do Porto; 2004.
exceto em jogadas mais afastadas do centro de jogo. Com 10.Memmert D, Harvey S. Identification of non-specific
a possibilidade de resolver os problemas com eficácia em tactical task in invasion games. Phys Educ Sport Ped.
2010.
diversos locais do campo ou, em situações, que devam
11.Garganta J. Modelação táctica do jogo de futebol-
cumprir a função de outro estatuto posicional. estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto
Com essas informações, treinamentos através de rendimento. Faculdade de Ciências do Desporto e de
Educação Física da Universidade do Porto, Porto.
exercícios que envolvam o estatuto posicional na 1997:312.
categoria investigada, podem proporcionar aos jogadores 12.Teoldo; I, Garganta J, Greco PJ, Mesquita I, Maia J.
a vivência em mais funções, evitando a limitação Sistema de avaliação tática no futebol (FUT-SAT):
Desenvolvimento e validação preliminar. Motricidade.
posicional e oferecendo estímulos que permitam o 2011;7(1):69-84.
jogador se adaptar aos disintos momentos do jogo. Logo, 13.Lee M, Ward P. Generalization of tactics in tag rugby
se destaca a importância de futuros estudos envolvendo o from practice to games in middle school physical
education. Phis Educ Sport Ped. 2009;14(2):189-207.
estatuto posicional englobando o processo da formação
14.Holt NL, Strean WB, Bengochea EG. Expanding the
por meio dos métodos de treinos, assim como, a Teaching Games for Understanding Model: New Avenues
identificação dos comportamentos táticos mais for Future Reserch and Practice. J Teach Phys Educ.
2002;21:162-76.
característicos em cada estatuto posicional e percentual de
15.Willians AM, Reilly T. Talent identification and
acerto dos jogadores. development in soccer. J Sports Sci. 2000;18(9):657-67.
16.Greco PJ. Iniciação esportiva universal 2:
Referências metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube.
Escola de Educação Física da UFMG, Belo Horizonte.
1.Teoldo I, Garganta J, Greco PJ, Mesquita I. Princípios 1998.
Táticos do Jogo de Futebol: conceitos e aplicação.
Motriz. 2009;15(3):657-68. 17.Hughes MD, Bartlett RM. The use of performance
indicators in performance analysis./Utilisation des
indicateurs de performance pour analyse de cette
performance. J Sports Sci. 2002;20(10):739-54.
*
Rodrigo de Miranda Monteiro Santos
**
Carlos Miguel Morais Coelho Dias
***
Júlio Manuel Garganta da Silva
****
Israel Teoldo da Costa
RESUMO
Este artigo objetiva comparar o desempenho tático de jogadores de futebol em três superfícies distintas de jogo (grama
artificial, grama natural e terra) e verificar as diferenças entre o desempenho tático ofensivo e defensivo nessas superfícies. A
amostra integra 3.999 ações táticas realizadas por 84 jogadores sub-13, sendo 1.136 ações realizadas no campo de grama
natural, 2.183 no campo de grama artificial e 680 no campo de terra. O instrumento utilizado para coleta e análise dos dados
foi o FUT-SAT, que avalia o desempenho tático dos jogadores. Para aferir as diferenças entre as variáveis, recorreu-se aos
testes one-way Anova e Kruskal-Wallis. Não foram verificadas diferenças no desempenho tático para as distintas superfícies
de jogo, apesar do desempenho defensivo ter se revelado inferior ao ofensivo (p<0,001). Logo, conclui-se que a superfície de
jogo não parece influenciar o desempenho tático dos jogadores.
Palavras-chave: Superfície de Jogo. Futebol. Desempenho Tático.
*
Graduado. Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
**
Graduado. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto, Portugal.
***
Doutor. Professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto, Portugal.
****
Doutor. Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
defende uma baliza de 6 m de largura por 2 m de (IPTO), utilizou-se o teste t pareado, com nível de
altura. Todas as regras do jogo de futebol se significância de 0,05. Para o tratamento dos dados
aplicam ao teste, à exceção da regra do foi utilizado o software SPSS (Statistical Package
impedimento. As análises das ações táticas foram for Social Science) for Windows®, versão 17.0.
realizadas através do software Soccer Analyser®.
Os dados obtidos foram inseridos em uma planilha Análise da Fiabilidade
ad hoc do programa Microsoft Excel®, que permite As observações referentes ao FUT-SAT foram
a realização automática do cálculo dos Índices de realizadas por três observadores treinados que
Performance Tática Ofensivo (IPTO) e Defensivo revelaram concordância interobservadores superior
(IPTD), a fim de quantificar o desempenho tático a 0,80. A fiabilidade intraobservador foi também
dos jogadores em cada uma das superfícies. verificada, apresentando valores de 0,95 (erro-
padrão=0,014), 0,89 (erro-padrão=0,022) e 0,92
(erro-padrão=0,018) para o primeiro, o segundo e o
PROCEDIMENTOS
terceiro avaliadores, respectivamente. Esses valores
Todos os sujeitos que participaram da são superiores ao apontado como de referência
realização do estudo assinaram um termo de (0,75) pela literatura (BAKEMAN; GOTTMAN,
consentimento, declarando estarem de acordo com 1997). Para a análise da fiabilidade, foram
os procedimentos dos testes, bem como com a reavaliadas 563 ações táticas realizadas pelos
utilização e publicação dos resultados. O estudo foi jogadores, ou 14,07% da amostra, uma
aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do porcentagem mais elevada do que a apontada como
Porto, através do protocolo de código CEFADE referência (10%) por Tabachnick e Fidell (2012). A
15/2013. análise das fiabilidades foi realizada através do
Após a distribuição dos jogadores em equipes teste Kappa de Cohen.
e a entrega de coletes numerados, os atletas foram
orientados acerca do objetivo do teste e, após as RESULTADOS
devidas explanações, foram concedidos 30
segundos de familiarização. Na Tabela 1 são mostrados os dados
referentes ao desempenho tático geral dos
jogadores em cada uma das superfícies de
MATERIAL
jogo. Os campos de grama sintética e de terra
Para a gravação dos jogos referentes ao teste proporcionaram valores absolutos mais
foi utilizada uma câmera filmadora digital elevados para o Índice de Performance Tática
SAMSUNG modelo H106. Os arquivos de vídeo Ofensivo (IPTO) em relação ao campo de grama
obtidos a partir das gravações foram inseridos em natural que, por sua vez apresentou valor absoluto
formato digital em um computador portátil LG superior no Índice de Performance Tática
modelo E500 com processador Intel T2370, através Defensivo (IPTD). Todavia, as diferenças
de um cabo IEEE 1394, e convertidos para o mencionadas não se mostraram estatisticamente
formato “avi”. Para edição e armazenamento dos significativas (p>0,05).
vídeos foi utilizado o software Utilius VS®.
Tabela 1 - Média e desvio-padrão do valor dos Índices
de Performance Tática Ofensivo e
Análise Estatística
Defensivo em função de cada uma das
Análises descritivas foram realizadas superfícies.
(Frequência, Média e Desvio-Padrão). O teste de Superfície IPTO IPTD Sig.
normalidade Kolmogorov-Smirnov foi aplicado Grama 54,13±9,24 26,37±6,18 p<0,001*
para verificar a distribuição dos dados. Os testes de Artificial
one-way Anova e Kruskal-Wallis foram utilizados Terra 54,04±8,65 26,05±4,43 p<0,001*
para verificar diferenças entre as variáveis, ambos Grama Natural 51,00±10,41 28,16±6,13 p<0,001*
com um nível de significância de 0,05. Para a Global 53,22±9,50 26,83±5,95 p<0,001*
Sig. 0,404 0,523
comparação entre os valores do Índice de
*Diferença significativa (p<0,05).
Performance Tática Defensivo (IPTD) e Ofensivo
comparação com os europeus em termos de de cada atleta, seja na fase defensiva ou ofensiva,
agilidade, coordenação e velocidade, graças às durante o jogo de 3 x 3, em comparação com o 11
condições favoráveis à prática informal do Futebol x 11. Por conseguinte, um dos aspectos que
presentes nestes continentes e, principalmente, à também parece digno de nota ao se considerar as
irregularidade dos terrenos onde se pratica o diferenças encontradas entre os desempenhos
esporte. táticos ofensivos e defensivos, é o fato de que se
Ciente desta realidade e considerando o torna necessária a introdução de uma cultura
processo de ensino-aprendizagem próprio deste defensiva em uma equipe, desde que essa esteja
contexto, é recomendável que a escola de futebol - clara a todos os jogadores e que seja abordada de
cujo surgimento remonta à extinção do futebol de forma específica no processo de treinamento
rua - anteveja a importância do sincronismo entre o (AMIEIRO, 2006). Todavia, novas pesquisas
ensino das habilidades técnicas esportivas, o podem fornecer mais interpretações para a razão de
aprimoramento das capacidades cognitivas e o tal diferença, de modo a confirmar ou refutar a
trabalho com as formas básicas de movimento, hipótese de que há maior dificuldade por parte dos
visando o desenvolvimento da motricidade e do jogadores na realização de ações táticas defensivas.
comportamento tático do jogador (FREIRE, 2006).
Foram observadas diferenças entre os Índices
de Performance Tática Ofensivo (IPTO) e CONCLUSÃO
Defensivo (IPTD). O IPTO dos jogadores
avaliados em todas as superfícies foi Os resultados obtidos neste estudo revelaram
significativamente maior do que o IPTD, não haver diferenças significativas no desempenho
demostrando que o desempenho tático na parte tático de jogadores de Futebol da categoria sub-13
defensiva foi pior quando comparado ao em função das três superfícies de jogo avaliadas:
desempenho tático na parte ofensiva. Há campo de grama artificial, campo de terra e campo
condicionantes que podem explicar essa de grama natural. No entanto, foi possível notar
ocorrência, como por exemplo a suposição de que diferenças significativas entre os Índices de
um jogador deverá defender bem individualmente a Performance Tática Ofensivo (IPTO) e Defensivo
fim de que possa defender bem coletivamente, (IPTD) para todas as superfícies, tendo o IPTO
além de possuir certo nível de qualidades técnicas, obtido valores estatisticamente mais elevados em
táticas e mentais importantes para gerir esta fase do relação ao IPTD. Portanto, conclui-se que o
jogo (HUGHES, 1994). Considerando tais desempenho tático dos jogadores não foi
exigências, é evidente a necessidade, face ao influenciado pela superfície de jogo e que esses
número reduzido de jogadores e às transições mais atletas apresentaram desempenho tático ofensivo
rápidas e frequentes, de maior cooperação por parte superior ao defensivo para todas as superfícies.
ABSTRACT
This paper aims to compare the tactical performance of soccer players in three different playing surfaces (artificial grass, natural grass
and gravel), as well as to check for differences between offensive and defensive tactical performance. The sample comprised 3,999
tactical actions performed by 84 U-13 players, being 1,136 actions on natural grass field, 2,183 on artificial grass field and 680 on
gravel field. The instrument used for data collection and analysis was FUT-SAT, which assesses the tactical performance of players. In
order to check for differences between variables, one-way ANOVA and Kruskal-Wallis were run. Tactical performance was not
different between playing surfaces. However, in general, the defensive tactical performance proved to be poorer than the offensive one
(p<0.001). Therefore, it is concluded that the playing surface had no influence on the tactical performance and players evidenced
better offensive tactical performance rather than a defensive one.
Keywords: Playing Surface. Soccer. Tactical Performance.
BAKER, S. W.; BELL, M. J. The playing characteristics of LOPES, A. A. D. S. M.; SILVA, S. A. P. D. S. Método
natural turf and synthetic turf surfaces for association integrado de ensino no futebol. São Paulo: Phorte. 2009.
football. Journal of the Sports Turf Research Institute, v. MICHELS, R. Team Building: The Road to Success:
62, n. 1, p. 9-35, 1986. Reedswain Inc. 2001.
BRITO, J.; KRUSTRUP, P.; REBELO, A. The influence of MOMBAERTS, E. Football: De l'analyse du jeu à la
the playing surface on the exercise intensity of small-sided formation du joueur. Paris: Édictions Actio. 1997.
recreational soccer games. Human Movement Science,
Amsterdam, v. 31, no. 4, p. 946-956, Aug. 2012. 2012. ______. Pédagogie du football. Paris: Vigot, 1999.
CARLING, C.; WILLIAMS, A. M.; REILLY, T. PACHECO, R. Segredos de balneário: Prime Books,
Handbook of Soccer Match Analysis. New York: 2005.
Routledge. 2005. REEP, C.; BENJAMIN, B. Skill and Chance in Association
FIFA. Quality Concept for Artificial Turf Surfaces: Football. Journal of the Royal Statistical Society, v.131,
Féderation Internationale de Football Association, 2001. no. 4, p. 581-585, 1968.
FONSECA, H.; GARGANTA, J. Futebol de rua: um beco TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Using Multivariate
com saída: do jogo espontâneo à prática deliberada. Lisboa: Statistics: international edition. London: Pearson
visão e contextos, 2006. Education, 2012.
FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol. Campinas, SP: TEOLDO, I. et al. Influência de tipo de piso, dimensão das
Editores Associados, 2006. balizas e tempo de jogo na aplicação do teste de "GR3-
3GR" em futebol. EFDeportes.com, Buenos Aires, v.136,
GARGANTA, J. Trends of tactical performance analysis in set. 2009. Disponível em:
team sports: bridging the gap between research, training <http://www.efdeportes.com/efd136/aplicacao-do-teste-de-
and competition. Revista Portuguesa de Ciências do gr3-3gr-em-futebol.htm>. Acesso em: 24 maio 2012.
Desporto, Porto, v. 9, n. 1, p. 81-89, 2009.
______. Sistema de avaliação táctica no futebol (FUT-
GIBBS, R. J.; ADAMS, W. A.; BAKER, S. W. Playing SAT): desenvolvimento e validação preliminar.
Quality, Performance, and Cost-Effectiveness of Soccer Motricidade, Vila Nova de Gaia, v. 7, n. 1, p. 69-84, 2011.
Pitches in the UK. In: CARROW, R. N.; CHRISTIANS, N.
E.; SHEARMAN, R. C. (Ed.). International Turfgrass THE FOOTBALL ASSOCIATION. guide to artificial grass
Society Research Journal 7. Overland Park, Kansas: pitches for community use. Londres: The FA, 2005.
Intertec, 1993. p. 212-221. WEIN, H. Developing youth football players. Champaign:
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P.; BOUTHIER, D. Human Kinetics, 2007.
Performance assessment in team sports. Journal of WINTERBOTTOM, W. Artificial Grass Surfaces for
Teaching in Physical Education, Blacksburg, v.16, no. 4, Association Football: the Sports Council, 1985.
p. 500-516, 1997.
HUGHES, C. The Football Association coaching book of
Soccer Tactics and Skills: Queen Anne Press, 1994.
LEES, A.; LAKE, M. The biomechanics of soccer surfaces
and equipment. In: T. REILLY, T.; WILLIAMS, A. M. Recebido em 17/08/2012
(Ed.). Science and Soccer. New York: Routledge, 2003. Revisado em 22/01/2013
p.120-135. Aceito em 22/03/2013
Endereço para correspondência: Rodrigo de Miranda Monteiro Santos. Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol,
Departamento de Educação Física, Universidade Federal de Viçosa - UFV. Av. P.H.
Rolfs, S/N. Campus Universitário, CEP: 36.570-000, Viçosa - MG, Brasil. E-mail:
mirandamonteiro@globo.com
INFLUENCE OF THE RELATIVE AGE EFFECT AND TACTICAL BEHAVIOR ON THE TACTICAL
PERFORMANCE OF U-17 YOUTH SOCCER PLAYERS
RESUMO
O objetivo deste estudo é verificar as associações entre o período do ano de nascimento dos jogadores e a eficiência do
comportamento tático sobre o desempenho tático em jogadores de futebol da categoria sub-17. A amostra foi composta por
6308 ações táticas, realizadas por 100 jogadores. O instrumento utilizado foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-
SAT). Utilizou-se a Regressão Logística Multinomial para verificação da associação entre o desempenho tático com a
eficiência do comportamento dos princípios táticos e a data de nascimento dos jogadores. Verificaram-se associações positivas
entre a eficiência do comportamento tático e o desempenho tático para os princípios Espaço, Penetração e Contenção. Foram
encontradas associações positivas entre o período do ano de nascimento e o desempenho tático para os jogadores nascidos no
2º e 3º quartil. Conclui-se que para esta amostra, a eficiência do comportamento tático e a data de nascimento influenciaram o
desempenho tático.
Palavras-chave: Futebol. Tática. Efeito da Idade Relativa.
*
Graduado. Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
**
Doutor. Curso de Ciências do Esporte, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, Brasil.
***
Doutor. Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
Em estudo recente, realizado por Teoldo et al. Participaram deste estudo 100 jogadores de
(2010), foi encontrado relação entre a data de futebol da categoria Sub-17. Foi utilizado como
nascimento e o desempenho tático de jogadores critério da seleção da amostra: participação em
de futebol das categorias de base. Foram programa de treinamento, com no mínimo três
observadas associações positivas entre o sessões de treino por semana e participação em
desempenho tático defensivo e o nascimento nos campeonatos em nível regional ou estadual.
primeiros meses do ano. Isto é um indicativo de Os jogadores tiveram suas datas de
que o EIR influencia não só nas capacidades nascimento divididas em quartis: 1º (Janeiro-
físicas e cognitivas dos jogadores, mas também Março); 2º (Abril-Junho); 3º (Julho-Setembro);
nas capacidades táticas. Segundo este mesmo 4º (Outubro-Dezembro), com a seguinte
estudo, encontrou-se relações positivas entre a distribuição por quartil: 1º [n=27 (27,0%)]; 2º
eficiência do comportamento e o desempenho [n=30 (30,0%)]; 3º [n=25 (25,0%)] e 4º [n=18;
tático de jogadores de futebol. Portanto, o (18,0%)].
treinamento a partir dos princípios táticos, que Foram observadas 6308 ações táticas. Sendo
podem modular o comportamento no jogo, para os Princípios Ofensivos: Penetração
parece ser pertinente para o desenvolvimento do [n=326; (5,16%)]; Cobertura Ofensiva [n=796;
atleta, uma vez que esta é uma variável que (12,61%)]; Mobilidade [n=152; (2,40%)];
influencia diretamente no desempenho do Espaço [n=1208; (19,15%)] e Unidade Ofensiva
mesmo. [n=546; (8,65%)]; e para os Princípios
Um fator que deve-se levar em conta no Defensivos: Contenção [n=645; (10,22%)];
desenvolvimento e avaliação do atleta são as Cobertura Defensiva [n=207; (3,28%)];
fases de desenvolvimento esportivo, que abrange Equilíbrio [n=676; (10,71%)]; Concentração
conteúdos específicos para cada fase. Como [n=508; (8,05%)] e Unidade Defensiva [n=1244;
atletas da categoria Sub-17 estão no final da fase (19,72%)].
de direção e início da fase de especialização, Instrumentos
segundo Greco e Benda (1998), é necessário
identificar quais princípios táticos tem maior O instrumento utilizado para recolha e análise
influência no desempenho nesta fase, focando o dos dados foi o Sistema de Avaliação Tática no
treinamento destes princípios. Futebol (FUT-SAT). No FUT-SAT são
Portanto, entender como o EIR influencia no observados e avaliados os dez princípios táticos
desempenho tático auxilia na verificação da fundamentais do futebol, sendo cinco princípios
melhor idade biológica/fases sensíveis de táticos da fase ofensiva, que são: Penetração,
aprendizagem dos jovens para um processo de Cobertura Ofensiva, Espaço, Mobilidade e
formação esportivo que possibilite as melhores Unidade Ofensiva, e cinco princípios táticos da
condições de desenvolvimento esportivo do fase defensiva: Contenção, Cobertura Defensiva,
atleta. Também é necessário saber quais são os Equilíbrio, Concentração e Unidade Defensiva.
princípios táticos que apresentam maior Com este sistema é possível avaliar as ações
influência no desempenho tático dos jogadores táticas realizadas pelos jogadores, levando em
de futebol da categoria Sub-17, para buscar a consideração a qualidade da ação, o princípio
melhora destes princípios a partir do tático realizado, a localização do jogador no
treinamento. campo de jogo no momento em que realiza a
O objetivo deste estudo é analisar a influência ação e o resultado final desta ação (TEOLDO et
da data de nascimento e da eficiência do al., 2011).
comportamento tático sobre o desempenho tático O FUT-SAT é aplicado em um campo
de jogadores de futebol da categoria Sub-17. reduzido de 36 metros de comprimento por 27
metros de largura, com uma configuração de
“GR+3 vs. 3+GR” (goleiro + 3 jogadores vs. 3
MATERIAIS E MÉTODOS jogadores + goleiro), durante 4 minutos de jogo.
Os jogadores são orientados a jogar de acordo
com as regras do futebol, com exceção à regra de
Amostra impedimento.
Tabela 2 - Porcentagem de moderado e alto do Índice de Performance Tática Defensiva (IPTD) e fatores
associados ao IPTD.
Índice de Performance Tática Defensiva
Moderado Alto
Variáveis
% Baixo % Moderado
Explicativas OR Ajustadoa p % Alto IPT OR Ajustadoa p
IPT IPT
Contenção
Alto 6 (18,2%) 16 (48,5%) 0,5(0,1-1,7) 0,292 11 (33,3%) 4,4(1,0-17,6) 0,037*
Moderado 16 (48,5%) 11 (33,3%) 1,0(0,3-3,0) 1,000 9 (27,3%) 2,5(0,5-10,4) 0,209
Baixob 11 (33,3%) 6 (18,2%) - 0,435 13 (39,4%) - 0,830
Cobertura Defensiva
Alto 13 (39,4%) 23 (69,7%) 1,4(0,3-5,7) 0,567 20 (60,6%) 2,1 (0,4-9,8) 0,338
Moderado 5 (15,2%) 3 (9,1%) 1,5(0,2-8,8) 0,654 3 (9,1%) 1,0 (0,1-8,9) 1,000
Baixob 6 (18,2%) 3 (9,1%) - 0,723 5 (15,2%) - 0,327
Equilíbrio
Alto 10 (30,3%) 12 (36,4%) 1,2(0,3-4,1) 0,677 11 (33,3%) 2,1 (0,6-7,4) 0,219
Moderado 10 (30,3%) 12 (36,4%) 0,7(0,2-2,4) 0,674 9 (27,3%) 0,8 (0,2-3,0) 0,853
Baixob 13 (39,4%) 9 (27,3%) - 0,695 13 (39,4%) - 0,514
Concentração
Alto 22 (66,7%) 25 (75,8%) 0,7(0,1-3,5) 0,688 23 (69,7%) 0,3 (0,1-1,6) 0,190
Moderado 7 (21,2%) 1 (3,0%) 2,6(0,3-22,9) 0,383 5 (15,2%) 1,0 (0,1-8,9) 1,000
Baixob 2 (6,1%) 6 (18,2%) - 0,706 5 (15,2%) - 0,327
Unidade Defensiva
Alto 7 (21,2%) 11 (33,3%) 1,8(0,5-6,2) 0,319 16 (48,5%) 3,4(0,9-12,5) 0,063
Moderado 16 (48,5%) 10(30,3%) 0,9(0,3-2,8) 0,889 8 (24,4%) 1,1(0,3-4,1) 0,790
Baixob 10 (30,3%) 12 (36,4%) - 1,000 9(27,3%) - 0,257
Data de Nascimento
Jan – Mar 10 (31,3%) 13 (35,1%) 1,6(0,3-7,6) 0,540 4 (13,3%) 0,2(0,45-1,1) 0,064
Abr – Jun 9 (28,1%) 13 (35,1%) 1,8(0,3-8,6) 0,459 7 (23,3%) 0,4(0,1-1,8) 0,264
Jul – Set 8 (25%) 7 (18,9%) 1,0(0,2-5,7) 0,916 10 (33,3%) 0,6(0,1-2,9) 0,618
Out – Dezb 5 (15,6%) 4 (10,8%) - 0,739 9 (30%) - 0,292
* a
Diferença estatisticamente significativa (p<0,05). Ods Ratio Ajustado para todas as variáveis do modelo (principais efeitos);
b
Referência Categórica: Baixo e Out - Dez.
Fonte: Os autores.
situações de 1x1, com vantagem clara para o Como a categoria Sub-17 encontra-se em uma
jogador de ataque (CASTELO, 1996). Portanto fase final de desenvolvimento esportivo a
parece lógico que a realização eficiente de ambos capacidade de tomada de decisão nesta categoria
os princípios, acarretem um melhor desempenho parece estar relacionada mais às experiências na
tático dos jogadores. modalidade e em menor proporção aos fatores
Já o princípio defensivo da Contenção refere- maturacionais. Estudos mostram que atletas com
se à ação de oposição do jogador de defesa sobre experiência tem melhor tomada de decisão no
o portador da bola, na busca de diminuir o esporte (COSTA et al., 2002; HOLT; STREAM;
espaço de ação ofensiva, as linhas de passe e BENGOECHEA, 2002). Além disso, para esta
evitar o drible em situação de 1x1 (CASTELO, idade as diferenças das capacidades físicas e
1996). O Índice de Performance Tática cognitivas entre os jogadores são mínimas, pelo
Defensiva ter sido relacionado com o princípio fato de estarem na fase final de maturação. Outro
da Contenção, parece fazer sentido, uma vez que fator que pode ter influenciado nos resultados é o
este é o princípio da fase defensiva opositor ao agrupamento por idade não ocasionar uma
princípio de Penetração. Portanto parece vantagem aos jogadores mais velhos,
pertinente que ao se alcançar eficiência alta neste considerando os aspectos táticos, pelo fato dos
princípio, evitando uma boa realização de jogadores nascidos no segundo semestre, que
Penetração do adversário, o atleta consiga um chegaram a essa categoria, terem se beneficiado
maior desempenho na fase defensiva. de um processo de treinamento e competição
Estudo recente mostra que em situações de similar ao dos jogadores mais velhos.
oposição 1x1 entre jogadores da categoria Sub-18, A literatura aponta que o pico de velocidade
são identificadas variáveis que estão intimamente de crescimento ocorre entre os 13 e 15 anos de
ligadas ao sucesso da tarefa, tanto da perspectiva idade (MALINA et al., 2005; PHILIPPAERTS et
do atacante, quanto do defensor. Entre essas al., 2006). Assim, sugere-se que para estudos
variáveis estão a distância entre os adversários, a futuros seja realizada a avaliação do
velocidade de progressão, o equilíbrio e a desenvolvimento maturacional dos jogadores,
capacidade de detectar informações relevantes do incluindo estudos com outras faixas etárias,
ambiente. Também foi constatado que a orientação como categorias Sub-13 e Sub-15. O processo de
dos técnicos e professores é fundamental para o treino também pode ser uma informação valiosa
melhor rendimento do atleta na situação de 1x1 na compreensão do comportamento e
(CLEMENTE et al., 2013). A melhora no desempenho tático dos atletas, sendo uma
desempenho nessa situação específica parece levar variável importante a ser recolhida em estudos
ao aumento na eficiência da realização de futuros. Outra informação a ser coletada é o
princípios táticos como Contenção e Penetração. tempo de prática na modalidade, pois parece ser
Portanto, parece pertinente que na categoria Sub-17 um fator que influencia no desempenho dos
sejam criados exercícios que trabalhem situações atletas (WILLIAMS et al., 1993).
de 1x1, a fim de melhorar a eficiência tática dos
princípios de Penetração e Contenção e
CONCLUSÃO
consequentemente elevar o Índice de Performance
Tática dos jogadores tanto na fase ofensiva quanto
na defensiva. Os achados deste estudo parecem ter
Além dos comportamentos táticos, os implicações relevantes para os profissionais
resultados do estudo mostraram que apenas os envolvidos na formação e desenvolvimento de
jogadores nascidos no segundo e terceiro jogadores de futebol da categoria Sub-17. Esses
trimestre do ano apresentaram vantagens no que dados podem auxiliar no processo de
se refere ao Índice de Performance Tática sistematização de treino por identificarem quais
Ofensiva em relação aos jogadores nascidos em princípios estão mais associados com o
outros períodos do ano. Para o Efeito da Idade desempenho tático desta categoria, além de
Relativa era esperado que o primeiro e segundo direcionar no processo de agrupamento dos
trimestre fossem os períodos onde houvesse jogadores nesta fase de formação.Os resultados
maior vantagem dos jogadores, diferentemente demonstraram que tanto os jogadores que
do encontrado. apresentaram melhor eficiência para os
INFLUENCE OF THE RELATIVE AGE EFFECT AND TACTICAL BEHAVIOR ON THE TACTICAL
PERFORMANCE OF U-17 YOUTH SOCCER PLAYERS
ABSTRACT
This study aimed to assess the associations between the birth period of soccer players and tactical behavior efficiency on the
tactical performance in soccer players of Under-17. The sample comprised 6308 tactical actions, performed by 100 players.
The instrument used to collect and analyze data was the System of Tactical Assessment in Soccer (FUT-SAT). Multinomial
Logistic Regression was used to assess the association between the tactical performance and behavior efficiency of tactical
principles and players birthdate. Results displayed positive associations between the tactical behavior efficiency and tactical
performance of the principles of Width and Length, Penetration and Delay. Positive associations were also found between the
birth period and tactical performance of players born within the 2nd and 3rd quartile. It is concluded that for this sample,
tactical behavior efficiency and birth period influenced tactical performance.
Keywords: Soccer. Tactics. Relative Age Effect.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GUILHERME, J. Para um WORTHINGTON, E. Learning & Teaching soccer skills.
futebol jogado com ideias: Concepção, treinamento e Califórnia: Hal Leighton Printing Company. 1974. p.
avaliação do desempenho tático de jogadores e equipes: 182.
Grupo A: in press.
WILLIAMS, M. et al. Cognitive knowledge and soccer
performance. Perceptual and Motor Skills, Missoula, v. Recebido em 23/05/2014
76, no. 2, p. 579-593, 1993. Revisado em 31/07/2014
Aceito em 14/01/2015
Endereço para correspondência: Guilherme Figueiredo Machado, Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol – NUPEF
– Universidade Federal de Viçosa, Av. PH. Rolfs, S/N. Campus Universitário, Viçosa-
MG, CEP - 36570-000, E-mail: guilherme.machado19@hotmail.com.
ISSN 2177-4005
ARTIGO ORIGINAL
Treinadores e técnicos, de diferentes modalidades local (parecer nº 653.698). Trata-se de uma pesquisa
esportivas, buscam por instrumentos que possam au- transversal de caráter descritivo exploratório, com a
xiliar nos procedimentos de avaliação e que sejam, ao intenção de proporcionar maior familiaridade com a pro-
mesmo tempo, aplicáveis de acordo com os objetivos e blemática em questão, realizando descrições precisas
fases de periodização dos treinos e das competições. Tal acerca dos fatos em busca de propiciar uma nova visão
realidade se dá também no Futebol e, destarte, a avaliação sobre o mesmos.11-14
tática, nesse esporte, tem sido objeto de estudo de mui- Foram pré-selecionados a participar do estudo 55
tas pesquisas na busca pela construção de instrumentos jogadores com idade entre 14 e 17 anos, agrupados
capazes de avaliar de forma adequada o desempenho em em duas categorias de jogo infantil (n=11) e juvenil
jogo dos atletas e seus desdobramentos.2 (n=18), pertencentes ao projeto de extensão da Uni-
Costa3 aponta que os instrumentos para avaliar versidade Estadual de Maringá denominado Centro de
o comportamento tático se distinguem com base em Formação em Futebol (Proc. 8849/2010), estabelecido
dois tipos de conhecimento avaliado: o conhecimento no Departamento de Educação Física (DEF). Adotaram-
declarativo e o processual. O conhecimento declarativo -se os seguintes critérios de inclusão: (1) participar
trata-se da revelação verbal e/ou escrita do jogador de treinamento sistematizado na modalidade por pelo
sobre a melhor decisão a ser tomada em situações es- menos dois anos; (2) ter assiduidade nos treinamentos
pecíficas de jogo ou treino, enquanto no conhecimento semanais relatada pelo treinador (3x por semana); (3)
processual o jogador operacionaliza, de forma prática participar de competições regionais e (4) assinar o Ter-
(motora), respostas julgadas apropriadas aos problemas mo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Dessa
ocorridos das situações de jogo e treino. forma, a amostra final foi constituída por 29 jogadores
Na avaliação da componente tática, outros fatores de futebol (15,38 anos ± 1,20).
estão relacionados ao desempenho em jogo dos atletas, Para a coleta de dados, foi realizado um contato
como as componentes técnicas, físicas e psicológicas. inicial com o coordenador do Centro de Formação em
Pesquisas, da área da Psicologia Esportiva, investigam Futebol, o qual autorizou a realização da pesquisa. Após
os fatores psicológicos determinantes e que influenciam esta etapa, foram entregues aos jogadores o TCLE. To-
a prática esportiva e/ou de exercícios físicos, dentre dos os que atenderam aos critérios de inclusão foram
os quais a motivação aparece de forma significativa, convidados a comparecer no campo de futebol para a
caracterizada como um processo ativo, intencional e di- realização dos testes.
rigido a uma meta, dependente da interação de fatores Para avaliar o nível motivacional dos jogadores
pessoais (intrínsecos) e ambientais(extrínsecos). utilizou-se a Escala de Motivação para o Esporte (SMS
Atualmente, a teoria que melhor aborda a motivação in- – Sport Motivation Scale), proposto por Brière e colabo-
trínseca e extrínseca é a Teoria da Autodeterminação (TAD), radores15 e validada para a lingua portuguesa por Barra
de Deci e Ryan,4 que tem como base, a relação dialética en- e colaboradores.16 A escala consiste em 28 questões
tre o organismo vivo e o contexto social e, diferentemente de divididas em sete subescalas avaliadas em uma escala
algumas percepções anteriores que tomavam a motivação Likert de sete pontos. A Escala de Motivação para o Es-
extrínseca e intrínseca como constructos independentes. Es- porte avalia a motivação de acordo com pressupostos da
sa abordagem propõe a motivação como um continuum ca- Teoria da Autodeterminação de Ryan e Deci.4 Divide-se a
racterizado por níveis de autodeterminação, desde o menos escala em desmotivação (sentimento de desesperança e
autodeterminado (desmotivação e motivação extrínseca) ao incompetência, falta de interesse, de controle e vontade
mais autodeterminado (motivação intrínseca). em realizar determinada tarefa), motivação extrínseca
Pesquisas assinalam que em níveis mais elevados de de motivação externa (comportamento motivado por
motivação os atletas tendem a melhorar o seu desempenho, ameaças, recompensas e pressão familiar), motivação
frente a sentimentos de desafio, prazer e autoconfiança, extrínseca de introjeção (pressões internas para reali-
direcαionam suas energias em prol dos seus objetivos e zar uma tarefa), motivação extrínseca de identificação
também dos objetivos da equipe em esforço máximo para se (comportamento percebido como pessoalmente impor-
alcançar o melhor resultado.5-10 tante e útil, tal como praticar esporte para melhorar
Entretanto, apesar da relevância e dos inúmeros es- a saúde), motivação intrínseca para atingir objetivos
tudos que abordam a motivação e o desempenho tático, (relacionados a fatores em que o atleta sente prazer na
percebe-se que há uma carência na literatura em relação busca de objetivos e habilidades esportivas), motivação
a pesquisas que relacionem estas temáticas no tocante ao intrínseca para experiências estimulantes (busca de ex-
treinamento de adolescentes no futebol. periências no esporte que possam proporcionar prazer e
Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar diversão) e motivação intrínseca para conhecer (ligada
as relações entre os níveis motivacionais e de desempe- a curiosidade e busca para compreender os fatores
nho tático de jogadores de futebol de campo. Com base esportivos por desejo próprio).
no suporte teórico, acredita-se que os resultados apon- Para melhor tratamento dos dados, as subcate-
tem relações significativas entre a motivação intrínseca gorias “motivação externa, introjeção e identificação”
e o ótimo desempenho em jogo, enquanto níveis de mo- foram agrupadas e formaram a categoria motivação
tivação extrínseca e a desmotivação assinalem baixos extrínseca. Já, as subcategorias “motivação para
níveis de desempenho. atingir objetivos, para experiências estimulantes e para
conhecer” foram agrupadas e representadas apenas por
motivação intrínseca. A categoria desmotivação tam-
MÉTODO bém foi contabilizada. O valor do alfa de Cronbach para
todas as dimensões foi considerado forte (α=0,81).
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética
O desempenho tático foi avaliado por meio do campo utilizada foi 36mx27m.
Game Performance Assessment Instrument (GPAI) pro-
posto por Oslin e colaboradores.17 Este instrumento foi Análise estatística
desenvolvido para mensurar o desempenho em jogo e os Foi utilizado o pacote estatístico SPSS 20.0. Para
comportamentos que demonstram entendimento tático verificar a normalidade dos dados, utilizou-se o teste
na modalidade, assim como a capacidade dos jogadores Shapiro-Wilk. Identificada a necessidade de se utilizar
resolverem os problemas do jogo utilizando habilidades estatística não paramétrica, aplicou-se o teste U-Mann
adequadas. Embora o GPAI possua sete componentes Whitney para comparação dos grupos sub-15 e sub-17
de análise, optou-se, neste estudo, pelo uso de três entre as subescalas motivacionais. Já, para a correlação
componentes do jogo para estimar o desempenho dos das variáveis de desempenho em jogo e de motivação,
jogadores, tal como sugerem Oslin e colaboradores17 para utilizou-se o Coeficiente de Correlação de Spearman.
análise do jogador de futebol: tomada de decisão (subdi- Após verificar a esfericidade dos dados, foi utilizado
vidido em apropriada (A) e inapropriada (I) de acordo com o teste Friedman para verificar se houve diferença entre
a situação do jogo), execução de habilidade (subdividido as subescalas de motivação, seguido pelas comparações
em Eficaz (E) e Ineficaz (I), de acordo com sua execução) e aos pares do teste Wilcoxon. Para avaliar a fidedignidade
apoio (subdividido em apropriada e inapropriada). inter-avaliadores (A, B e C), foi utilizado o Índice Kappa.
A tomada de decisão refere-se a decisões que o Os valores obtidos entre AB (0,93), AC (0,94) e BC (0,87)
jogador escolhe ao longo do jogo que sejam benéficas revelaram boa concordância inter-avaliadores. O valor de
para a sua equipe mediante o contexto, como por exem- significância adotado foi p≤0,05.
plo, fazer um passe a um companheiro desmarcado.
A execução de habilidade diz respeito à utilização de
técnicas adequadas para jogar o jogo, como chutar, RESULTADOS
passar e dominar com qualidade. Já, o apoio é toda
Os dados da Tabela 1 apontam as comparações
ação realizada para desmarcar-se, visando receber a bo-
das medianas e do primeiro e terceiro quartis das subes-
la, mostrar-se para o companheiro de equipe que possui
calas de motivação dos jogadores de futebol de campo
a bola, criando uma linha de passe.
de ambas categorias, sub-15 e sub-17.
Durante a avaliação, cada jogador começa com
zero pontos e ganha um ponto por tomada de decisão
apropriada/Execução de habilidade eficaz/apoio apro- Tabela 1 - Comparação entre as subescalas de motiva-
priada e um ponto por tomada de decisão inapropriada ção dos jogadores de futebol de campo das categorias
(I)/Execução de habilidade ineficaz/apoio inapropriado. infantil e juvenil.
Após este procedimento, é possível chegar a três índi- Subescala de motivação Md (Q1-Q3)
ces de acordo com Memmert e colaboradores:18 Índice Motivação intrínseca 5,66a/b (5,00-6,33)
de Tomada de Decisão, ITD=[A/(A+I)], Índice de Exe- Motivação extrínseca 4,75ª/c (4,29-5,41)
Desmotivação 2,75b/c (1,62-3,75)
cução de habilidade, IEH=[A/(A+I)] e Índice de Apoio,
a: Diferença significativa entre motivação intrínseca e extrínseca; b: Diferença sig-
IA=[A/A+I)]. Portanto, o desempenho no jogo (DJ) de nificativa entre motivação intrínseca e desmotivação; c: Diferença significativa entre
cada jogador varia de 0 a 1 e pode ser conseguido da motivação extrínseca e desmotivação. *Diferença significativa p<0,05.
seguinte maneira, DJ=ITD+IEH+IA/3. Sendo assim,
cada jogador foi avaliado por três professores de Educa-
Nota-se que a subescala de motivação intrínseca
ção Física. Após as avaliações, foi realizada a média dos
foi a mais evidenciada entre os jogadores de futebol
valores de cada índice.
(p=0,001), uma vez que apresentou maiores media-
nas. Já, a desmotivação foi a dimensão com menores
Procedimentos
índices, apresentando diferença significativa com as
Os jogadores, primeiramente responderam à Esca-
subescalas de motivação intrínseca e extrínseca.
la de Motivação para o Esporte (SMS). Posteriormente,
A seguir, a Tabela 2 apresenta as comparações
foram para o campo de futebol e foram orientados a
das medianas e do primeiro e terceiro quartis relativas
realizar um aquecimento prévio, em torno de 10 minu-
às subescalas de motivação de jogadores de futebol de
tos. Após o aquecimento, os jogadores foram divididos
campo, das categorias infantil (sub-15) e juvenil (sub-
pelo treinador em equipes de três jogadores, agrupados
17). Os valores da subescala desmotivação apresentou
de acordo com o seu nível de jogo.
diferença significativa entre as categorias (p=0,03),
Os jogos tiveram duração de 5 minutos e foram
revelando que a categoria sub-17 (Md=2,87) apresenta
filmados por uma filmadora digital Canon EOS Rebel
maior nível de desmotivação em relação à categoria
18.0 megapixels de resolução, colocada a 2m do chão e
sub-15 (Md=1,75).
posicionada em diagonal, em relação às linhas de fundo
e lateral, capaz de filmar toda a extensão da área de
jogo. A estrutura de cada equipe foi 3x3 (goleiro + 3 Tabela 2 - Comparação entre as variáveis motivacionais
jogadores vs goleiro + 3 jogadores), uma vez que confor- entre os grupos sub-15 e sub-17.
me relatos de Garganta19 essa estrutura revela-se como Sub-15 (n=11) Sub-17 (n=18)
sendo a configuração mínima que garante a ocorrência Dimensões Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) p
de todos os princípios táticos inerentes ao jogo formal. Motivação Intrinseca 5,66 (5,33 – 6,16) 5,54 (4,91 – 6,45) 0,88
Os jogadores foram enumerados de 1 a 6 (1 a 3 de uma Motivação Extrinseca 4,75 (4,00 – 5,33) 4,83 (4,31 – 5,41) 0,87
cor e 4 a 6 de outra cor), cujo objetivo era facilitar a Desmotivação 1,75 (1,25 – 3,25) 2,87 (2,18 – 4,00) 0,03*
identificação dos jogadores no vídeo. A dimensão do *Diferença significativa, adotando p≤0,05.
Tabela 3 - Correlação entre as variáveis motivacionais e de desempenho tático em jogadores de futebol das
categorias sub-15 e sub-17.
Motivação Intrínseca Motivação Extrinseca Desmotivação
r (p) r (p) r (p)
Tomada de decisão 0,28 (0,14) -0,02 (0,91) 0,18 (0,34)
Execução de Habilidade 0,53 (0,03)* 0,32 (0,08) -0,16 (0,39)
Apoio 0,04 (0,83) 0,15 (0,44) -0,08 (0,68)
Desempenho tático 0,43 (0,02)* 0,24 (0,21) -0,02 (0,90)
*Correlação significativa, adotando p≤0,05.
Percebe-se, ao correlacionar as variáveis motiva- cou que estes estavam altamente (e intrinsecamente)
cionais e de desempenho em jogo, correlações signifi- motivados, durante toda a fase da adolescência, não
cativas entre os componentes execução de habilidade e havendo diferença significativa entre as idades.
desempenho em jogo com a motivação intrínseca (r =0,53 No mais, não foram encontradas pesquisas que
e r=0,43, respectivamente), como assinala a Tabela 3. venham ao encontro dos achados no presente estudo
sobre a desmotivação entre as categorias. Estima-se
que tais resultados sobre a desmotivação dos jogadores
DISCUSSÃO da categoria juvenil possam estar relacionados a fatores
como a diminuição e/ou inexistência de maiores expec-
Este estudo teve por objetivo analisar as relações
tativas de avançar como atleta na modalidade, uma vez
entre os níveis motivacionais e o desempenho tático de
que até então não houve grandes avanços e convites
jogadores de futebol de campo, embasando-se na Teoria
de clubes, enquanto os jogadores da categoria infantil
da Autodeterminação.4 Apesar das pesquisas publicadas
ainda têm um caminho maior a percorrer e a esperança
sobre a TAD, não foram encontrados estudos que relacio-
e chances de evolução ainda se fazem maiores.
nassem o desempenho em jogo, com a teoria em questão.
Foi demonstrada correlação significativa entre
Observou-se que os jogadores de ambas as ca-
a motivação intrínseca com a execução de habilidade
tegorias pesquisadas se mostraram autodeterminados
(r=0,53) e o desempenho tático (r=0,43) dos jogado-
para a prática do futebol. Tal constatação fica evidente
res, indicando que os atletas com maior interesse e pra-
na tabela 1, ao analisarmos os valores elevados de moti-
zer pela tarefa apresentam melhores índices, tanto ao
vação intrínseca (Md=5,66), sobressaindo-se, tanto em
executar habilidades específicas da modalidade como
relação à motivação extrínseca quanto à desmotivação
chutar, passar e dominar, quanto com o desempenho
que, por sua vez, foi a menos evidenciada (Md=2,75).
tático global na modalidade, demonstrando melhor
Tais resultados sugerem que os jogadores sentem
resolução dos problemas frente ao contexto tático que
prazer pela prática do futebol e gostam de fazê-lo, cor-
o jogo apresenta (Tabela 3). As variáveis Tomada de de-
roborando com as achados de Vieira e colaboradores20
cisão e Apoio não demonstraram correlações significa-
que, num estudo acerca da relação entre os estilos de
tivas. Contudo, num estudo realizado com jogadores de
suporte parental e a motivação de atletas de futebol de
futebol com idades entre 12 e 16 anos na Espanha por
campo de categorias infantil e juvenil, também apontou
Álvarez e colaboradores,23 verificou-se que jogadores
menor aparição da desmotivação e maior evidência da
adolescentes com maior motivação autodeterminada
motivação intrínseca nesta população, bem como com
possuem melhor engajamento e relação interpessoal
o estudo de Garcia-Mas,21 no qual foram identificados
bem como se sentem mais competentes em seu esporte
os mesmos resultados. Isso demonstra que a motivação
e mais autônomos em suas ações, uma vez que estas
dos jogadores das categorias pesquisadas tem origem
características estão diretamente ligadas ao apoio e
em fatores internos ao executar a tarefa, envolvendo
a atmosfera criada por figuras de autoridade - como
sentimentos como a satisfação e o divertimento ineren-
os treinadores - e à satisfação de suas necessidades
te à modalidade.
psicológicas básicas. Outros autores indicam ainda que
Já, no que diz respeito à desmotivação, não se
níveis elevados de motivação intrínseca contribuem pa-
podem fazer as mesmas relações com tais autores su-
ra a melhora do desempenho, uma vez que os jogadores
pra citados. Enquanto no estudo de Vieira20 não foram
canalizam suas energias em prol de seus objetivos,
encontradas diferenças significativas nas variáveis
buscando atingir resultados cada vez melhores.5-7
motivacionais entre as categorias infantil e juvenil e, em
Garcia-Mas,15 a motivação dos jogadores da categoria
juvenil foi identificada como intrínseca, nossos resul-
tados apontam outra realidade, quando comparadas às
CONSIDERAÇÕES FINAIS
categorias sub-15 e sub-17, haja vista que verificou-se A motivação intrínseca se mostrou significati-
que a categoria juvenil se apresentou mais desmotivada vamente correlacionada ao desempenho tático dos
em relação à categoria infantil, apontando diferença jogadores, confirmando as hipóteses iniciais do estudo
estatisticamente significativa (p≤0,05). de que sujeitos intrinsecamente motivados têm melhor
Os resultados encontrados também contradizem desempenho em jogo, do que os extrinsecamente
aos do estudo de Balbinotti e colaboradores,22 no qual motivados ou desmotivados. Os resultados obtidos
buscaram descrever o comportamento do fator Prazer confirmam os pressupostos da Teoria da Autodetermi-
para a atividade física em adolescentes do sexo mas- nação, sugerindo que pessoas mais autodeterminadas
culino com idades entre 13 e 19 anos, em que verifi- tem maiores probabilidades de engajamento em deter-
minados comportamentos e/ou práticas do que pessoas atributos morais no esporte. Revista da Educação Física/
com baixa autodeterminação e, portanto, confirmam a UEM Maringá 2008; 19(2): 173-182. DOI: http://dx.doi.
legitimidade da utilização da TAD, em estudos sobre o org/10.4025/reveducfisv19n2p173-182.
desempenho tático de atletas. 9. Massa M, Uezu R, Böhme MTS. Judocas olímpicos brasileiros:
Esta pesquisa aponta algumas limitações tais fatores de apoio psicossocial para o desenvolvimento do
como a amostra restrita a apenas um local de treina- talento esportivo. Rev Bras Educ Fís Esporte, São Paulo
mento e também pertencentes a um único município, 2010; 24(4): 471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1807-
decorrentes do tipo de estudo e também de parte dos 55092010000400005.
instrumentos utilizados, os quais dificultam a realização 10. Ferreira RM, Penna EM, Costa VT, Moraes LCCA. Nadadores
em grandes escalas num curto período de tempo. medalhistas olímpicos: contexto do desenvolvimento brasileiro.
Os resultados encontrados e discutidos nesse Motriz, Rio Claro 2012; 18(1): 130-142.
trabalho aparecem como subsídio teórico para que os 11. Cervo AL, Bervian PA, Silva R. Metodologia científica. 6. ed.
envolvidos na preparação de jovens jogadores de fute- São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
bol possam levar em consideração as implicações e a 12. Lakatos, EM, Marconi MA. Fundamentos de metodologia
importância da motivação no desempenho tático e na científica. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001.
resolução de tarefas motoras. 13. Hair Jr JF, Babin B, Money AH, Samouel P. Fundamentos
Sugere-se ainda, a partir deste estudo, que fu- de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre:
turas pesquisas avancem em relação à esta temática e Bookman, 2005.
investiguem mais afundo as questões, causas e fatores 14. Gil, AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São
relacionados à motivação e ao desempenho em jogo de Paulo: Atlas, 2008.
atletas de futebol de campo nas diferentes categorias 15. Brière N, Vallerand R, Blais N, Pelletier L. Développement
e apontem suas implicações para o contexto esportivo. et validation d’une mesure de motivation intrinsèque,
extrinsèque et d’amotivation en contexte sportif : l’Échelle de
motivation dans les sports (ÉMS). J of Sport Psychol 1995;
26(1): 465-489.
REFERÊNCIAS 16. Barra Filho M, Andrade D, Miranda R, Núnez JL, Martin-Albó
1. Scaglia AJ, Reverdito RS, Leonardo L, Lizana CJR. O ensino J, Ribas PR. Preliminary validation of a brazilian version of the
dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais e sport motivation scale. Univ Psychol 2011; 10(2): 557-566.
a lógica do jogo em meio ao processo operacional sistêmico. DOI: 1657-9267(201108)10:2<557:PVOSMS>2.0.TX;2-Z.
Movimento (Porto Alegre) 2013; 19(4): 227-249. 17. Oslin JL, Mitchell SA, Griffin LL. The Game Performance
2. Tenga A, Kanstad D, Ronglan LT, Bahr R. Developing a New Assessment Instrument (GPAI): development and preliminary
Method for Team Match Performance Analysis in Professional validation. J. of Teach. in Phys. Educ 1998; 17(2): 231-243.
Soccer and Testing its Reliability. Int. J. of Perf. Anal. Sport 18. Memmert D, Harvey S. The Game Performance Assessment
2009; 9(1): 8-25. Instrument (GPAI): Some Concerns and Solutions for Further
3. Costa IT. Comportamento Tático no Futebol: Contributo para Development. J. of Teach. in Phys. Educ 2008; 27(1): 220-240.
a avaliação do Desempenho de Jogadores em situações 19. Garganta J. Competências no ensino e treino de jovens
de Jogo Reduzido. Porto: I. T. Costa. Tese (Doutorado futebolistas. Rev. Dig. Buenos Aires 2002; 45(8): 1-15.
em Ciências do Desporto) - Faculdade de Desporto da 20. Vieira LF, Mizoguchi MV, Garcia Junior E, Garcia WF. Estilos
Universidade do Porto, Porto, 2010. parentais e motivação em atletas jovens de futebol de campo.
4. Deci EL, Ryan RM. Intrinsic motivation and self-determination Pensar a prática 2013; 16(1): 183196. DOI: http://10.5216/
in human behavior. New York: Plenum, 1985. rpp.v16i1.16539.
5. Gould D, Guinan D, Greenleaf C, Medbery R, Peterson K. 21. Garcia-Mas A, Palou P, Gili M, Ponseti X, Borras PA, Vidal
Factors affecting olympic performance: Perceptions of J, Cruz J, Torregrosa M, Villamarín F, Sousa C.. Commitment,
athletes and coaches from more and less successful teams. Enjoyment and Motivation in Young Soccer Competitive
The Sports Psychology 1999; 13(1): 371-394. Players. Span J Psychol 2010; 13(2): 609-616.
6. Corrêa DKA, Alchieri JC, Duarte LRS, Strey MN. Excelência 22. Balbinotti CAA, Barbosa MLL, Juchem L, Balbinotti MAA,
na produtividade: A Performance dos Jogadores de Futebol Saldanha RP. A motivação à prática de atividade física regular
Profissional. Psicologia: Reflexão e crítica 2002; 15(2): 447-460. relacionada ao prazer em adolescentes do sexo masculino.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722002000200021. Coleção Pesquisa em Educação Física 2008; 7(1): 67-74. DOI:
7. Hallal PC, Nascimento RR, Hackbart L, Rombaldi AJ. Fatores http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092008000100006.
Intervenientes Associados ao Abandono do Futsal em 23. Álvarez MS, Balaguer I, Castilho I, Duda JL. Coach Autonomy
Adolescentes, R. bras. Ci. e Mov 2004; 12(3): 27-32. Support and Quality of Sport Engagement in Young Soccer
8. Vissoci, JRN, Vieira LF, Oliveira LP, Vieira JL. Motivação e Players. Span J Psychol 2009; 12(1): 138-148.
SILVA RNB, COSTA IT, GARGANTA JM, MULLER ES, CASTELÃO DP, Roberto N. B. da Silva1
SANTOS J. Desempenho tático de jovens jogadores de futebol: comparação entre Israel T. da Costa2
equipes vencedoras e perdedoras em jogo reduzido. R. bras. Ci. e Mov Julio M. Garganta3
Ezequiel S. Muller3
2013;21(1):75-90.
Daniel P. Castelão4,5
RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar quais comportamentos táticos diferem as equipes Julio W. dos Santos1
vencedoras das perdedoras no jogo em campo reduzido em jovens jogadores de futebol. O desempenho 1
tático de equipes vitoriosas e derrotadas foi comparado através do Sistema de Avaliação Tática no Futebol UNESP
2
(FUT-SAT). Três mil, oitocentos e dez ações táticas foram realizadas por 72 jogadores das categorias sub- Universidade Federal de Viçosa
3
11 (n=12), sub-13 (n=12) sub-15 (n=30) e sub-17 (n=18), de diferentes clubes portugueses. Vinte e quatro Faculdade de Desporto da
equipes foram compostas para a análise, cada equipe disputou um jogo (12 jogos analisados). Cada equipe Universidade do Porto
4
foi composta por três jogadores de linha, mais o goleiro, não analisado no teste. A análise estatística foi Secretaria de Estado de Esporte
realizada através do software SPSS 17.0 for Windows. Uma análise descritiva e os testes de Kolmogorov- e da Juventude
5
Smirnov, Qui-quadrado, Mann-Whitney U e o T-teste para amostras independentes foram realizados, e o Universidade Federal de Minas
teste Kappa de Cohen para determinação da confiabilidade da amostra. Considerando 76 variáveis Gerais
analisadas, 12 apresentaram diferenças significantes entre os jogadores das equipes vitoriosas e derrotadas.
Os jogadores das equipes vencedoras apresentaram superioridade na Macro-categoria Ação, nos Princípios
táticos defensivos, Equilíbrio e Unidade Defensiva. Na categoria Local da ação no campo de jogo, as
equipes vencedoras apresentaram superioridade no número de Ações defensivas realizadas no meio campo
defensivo. Na categoria Resultado da ação, nas variáveis Continuar sem a posse de bola, Recuperar a
posse de bola e Realizar finalização ao gol as equipes vencedoras apresentaram resultados superiores,
enquanto que nas variáveis Perder a posse de bola e Sofrer finalização ao gol a equipes derrotadas
apresentaram maiores valores. Na Macro-categoria Performance, a superioridade dos jogadores
vencedores foi demonstrada pelo melhor Índice de Performance Tática (IPT) nos princípios Penetração,
Unidade Ofensiva e na Fase ofensiva do jogo. Os resultados demonstraram que os jogadores das equipes
vencedoras apresentaram superioridade em ambas as fases de jogo.
Palavras-chave:Futebol; Tática; Princípios Táticos; FUT-SAT.
ABSTRACT: The aim of study was to verify what tactical behaviors differ winner from loser teams in
small sized games in youth soccer players. The tactical performance of winners and losers teams was
compared through of System of Tactical Assessment in Soccer (FUT-SAT). Three thousand eight hundred
and eight tactical actions were carried out by seventy-two youth soccer players from the under-11 (n=12),
under-13 (n=12), under-15 (n=30) and under-17 (n=18) categories of Portuguese teams. Twenty four
teams were composed to analyze, each team carried out one match (12 match analyzed). Each team was
composed by three line players with goalkeeper which was not analyzed in test. The statistical analysis
was performed thought the SPSS 17.0 software for Windows. A descriptive analyze and the Kolmogorov-
Smirnov, Chi-square, Mann-Whitney U and T-Test tests to the independent samples was carried out, and
the Cohen’s Kappa test to determining of the sample reability. Considering 76 variables analyzed, 12
presented significant differences among players of winners and loses teams. The players of the winner
teams presented superiority in Macro-Category Action, in the Defensive tactical principles, Equilibrium
and Defensive Unity. In the category Local of action in the Field, the winner teams presented superiority in
the number of defensive actions performed in the defensive midfielder. In the category Result of the action,
the variables Keep without the ball, Retrieving the ball possession and Shots on goal the winner teams
presented higher results, while in variables Losing the ball possession and Suffering shot on goal the loser
teams presented higher results. In the Performance Macro-Category, the superiority of the winners was
showed by better Tactical Performance Index (TPI) in the Penetration principles, Offensive Unity, and in
the Offensive phase of the game. The results demonstrated that the winner players presented superiority in
both stages of the game.
Enviado em: 03/10/2012
Key Words: Soccer; Tactics; Tactical Principles; FUT-SAT. Aceito em: 17/01/2013
diminui a possibilidade da atuação significativa dos participou dos jogos, mas não foi considerado na
profissionais envolvidos neste contexto. análise. Os jogadores analisados pertenciam a cinco
Neste sentido, o Sistema de Avaliação Tática diferentes clubes do futebol português. Todos os
21
no Futebol, FUT-SAT, validado por Costa busca indivíduos analisados praticavam sistematicamente o
suprir uma lacuna deixada pela avaliação e a análise futebol por no mínimo seis meses com uma
fragmentada do futebol. O teste é alicerçado em uma frequência semanal de dois treinos (sub-11) e
concepção sistêmica e específica dos esportes progredindo até cinco treinos semanais (sub-17),
coletivos. O autor procurou, a partir de um jogo disputando amistosos e competições de caráter
reduzido com a duração de quatro minutos, em que regional. Cada jogador realizou apenas um jogo
duas equipes compostas por três jogadores mais reduzido, de um total de 12 jogos analisados. Foram
goleiro se enfrentam, realizar uma análise holística, descartados os jogos nos quais o resultado final foi o
a partir da avaliação de princípios táticos específicos empate. Os jogadores e seus responsáveis foram
ofensivos e defensivos do futebol. Esta ferramenta esclarecidos sobre os objetivos e procedimentos do
também se faz significante uma vez que os jogos estudo e deram seu consentimento (Processo nº.
reduzidos podem ser incorporados nos mais diversos 15449/46/01/11).
objetivos de treino, pois permitem a avaliação e o
desenvolvimento das qualidades globais e Instrumentos e procedimentos para coleta de dados
específicas inerentes ao jogo22-24, sendo possível, a O instrumento utilizado para a análise tática
partir destes, avaliar e desenvolver as vertentes foi o teste FUT-SAT21, que consiste em um jogo
táticas25-28, técnicas29-31 e físicas32-34. reduzido, projetado em uma área de 36 metros de
A partir do contexto apresentado, o presente comprimento por 27 metros de largura, no qual cada
estudo teve como objetivo analisar o desempenho equipe dispõe de três jogadores mais o goleiro, que
tático de jovens jogadores de futebol e verificar defende uma baliza de Futebol de Sete (6 metros de
quais os comportamentos táticos que diferiram as largura por 2 metros de altura). O teste tem a
equipes vencedoras das equipes perdedoras no jogo duração de 4 minutos e é solicitado aos jogadores
em campo reduzido. Sendo assim, o presente estudo que joguem de acordo com as regras do futebol, com
possibilita um maior entendimento da vertente tática exceção do impedimento35. Após a divisão das
em jogadores de futebol jovens e abre um caminho equipes, os jogadores receberam coletes numerados
para compreender melhor quais ações táticas são de 1 a 6 para posterior análise. Os jogadores
determinantes para o melhor desempenho, o que receberam uma breve explicação acerca do teste e,
possibilita uma ação mais ajustada e eficaz no posteriormente, foram-lhes concedidos 30 segundos
processo de treino por parte dos profissionais de adaptação ao mesmo, findos os quais se deu
envolvidos neste contexto. início à avaliação.
O FUT-SAT tem como objetivo avaliar as
Materiais e Métodos ações táticas executadas pelos jogadores (com e sem
Amostra a posse de bola) de acordo com os dez princípios
Foram avaliados 72 jogadores de futebol das táticos fundamentais do futebol, sendo cinco
categorias: sub-11 (n=12), sub-13 (n=12), sub-15 ofensivos (Penetração, Cobertura Ofensiva, Espaço,
(n=30) e sub-17 (n=18) que formaram 24 equipes de Mobilidade e Unidade Ofensiva) e cinco defensivos
três jogadores cada, uma vez que o goleiro (Contenção, Cobertura Defensiva, Equilíbrio,
Análise dos Jogos processador Intel Dual-Core) via cabo (IEEE 1394),
Para a gravação dos jogos foi utilizada uma convertendo-os em ficheiros “.avi”.
câmara digital PANASONIC modelo NV – Para o tratamento das imagens e análise
DS35EG. O material de vídeo gravado foi foram utilizados os softwares, Soccer Analyser®,
introduzido, em formato digital num computador específico para o teste, que se destina ao
portátil (marca Positivo modelo Positivo Móbile, arquivamento das gravações e permite a projeção
das referências espaciais sobre o campo de jogo,
facilitando a avaliação rigorosa do posicionamento e Social Science) for Windows (versão 17.0). Neste
movimentação dos atletas, e, Utilius VS®, destinado estudo foi seguida a classificação apresentada por
a análise e arquivamento do material coletado. Landis e Koch39 indicando seguintes valores de
fiabilidade: 0,00 – pobre; 0,01 a 0,020 – leve; 0,21 a
Análise estatística 0,40 – regular; 0,41 a 0,60 – moderada; 0,61 a 0,80 –
Os dados recolhidos foram tratados com o substancial; 0,81 a 100 – perfeita. Todos avaliadores
auxílio do software SPSS (Statistical Package for testados obtiveram resultado acima de 0,81.
Social Science) for Windows®, versão 17.0. Foram Também foram reavaliadas 387 ações táticas,
realizadas as análises descritivas, de frequência, obtendo um número de ações reavaliadas maior que
percentual e variação percentual, média e desvio- 10% da amostra, valor superior ao apontado pela
padrão. literatura para a confirmação da confiabilidade intra-
Para facilitar a apresentação dos resultados, os dados avaliador40.
foram divididos em duas Macro-Categorias,
denominadas Ação e Performance. Na Macro- Resultados
categoria Ação para a análise das categorias: Os resultados estão apresentados em duas
Princípio tático, Localização da ação no campo de Macro-Categorias, sendo elas: Ação e Performance.
jogo e Resultado da ação, foi utilizado o teste Qui- A Macro-Categoria Ação, composta por três tabelas,
quadrado (χ²) (não paramétrico) com nível de refere-se à frequência e diferença percentual entre os
significância p≤,0,05 por se tratarem de dados grupos na análise das categorias Princípios táticos
categóricos, possibilitando observar a relação entre (tabela 1), Localização da ação no campo de jogo
estas variáveis por parte de vencedores e perdedores. (tabela 2) e Resultado da ação (tabela 3). Já a
Para a Macro-categoria Performance, nas categorias Macro-Categoria Performance apresenta os
Índice de performance tática (IPT), Número de resultados a partir da média e desvio padrão das
ações por princípio (NAP), Percentual de erros categorias: Índice de performance tático (IPT),
(%E) e Localização da ação relativa ao princípio Número de ações por princípio (NAP), Percentual
(LARP) foi utilizado o teste de normalidade de erro (%E) e Localização da ação referente ao
Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição princípio (LARP). Foram realizadas 3810 ações
dos dados. Para as variáveis que assumiram táticas, nos 12 jogos analisados, das quais 1994
distribuição normal foi utilizado o teste T-Test para foram realizadas pelos jogadores que pertenciam às
amostras independentes com nível de significância equipes vencedoras (886 ofensivas e 1108
p≤0,05. Já para as medidas que assumiram defensivas) e 1816 foram realizadas pelos jogadores
distribuição não normal foi utilizado o teste de que atuaram nas equipes derrotadas (905 ofensivas e
Mann-Whitney U com nível de significância 911 defensivas), os jogos que terminaram empatados
p≤0,0538. foram descartados. (Tabela 1).
No número Total de ações táticas realizadas
Análise da confiabilidade pelos jogadores foram encontradas diferenças
Para verificar a confiabilidade intra e inter- significativas a favor dos vencedores (p=0, 0039), o
avaliadores foram testados três avaliadores, que indica uma participação mais ativa por parte
recorrendo-se aos valores do teste Kappa de Cohen a destes.
partir do software SPSS (Statistical Package for
Vencedores Perdedores
Categorias e Variáveis Variação Percentual
N % N %
PRINCÍPIOS TÁTICOS
Ofensivo
Penetração 118 5,92 110 6,06 2,36
Cobertura Ofensiva 233 11,69 241 13,27 13,57
Espaço 317 15,9 326 17,95 12,92
Mobilidade 85 4,26 103 5,67 33,05
Unidade Ofensiva 133 6,67 126 6,94 4,02
Defensivo
Contenção 218 10,93 185 10,19 -6,82
Cobertura Defensiva 56 2,81 44 2,42 -13,73
Equilíbrio 189* 9,48 148 8,15 -14,02
Concentração 186 9,33 163 8,98 -3,78
Unidade Defensiva 459* 23,02 370 20,37 -11,49
TOTAL 1994* 1816
*Diferença Significativa (p≤0,05): Princípios Táticos: Equilíbrio (p=0,0255, χ²=4,988); Unidade Defensiva (p=0,0020, χ²=9.555); Total (p=0,0039, χ²=8,316
Em relação aos princípios táticos, foram mais direta com maior número de finalizações e
encontradas diferenças significativas nos princípios roubadas de bola (Tabela 3).
táticos defensivos Equilíbrio (p=0, 0255) e Unidade Na categoria, Resultado da ação, as equipes
Defensiva (p=0, 0020), com superioridade dos vencedoras obtiveram superioridade significativa
vencedores, que realizaram mais ações de marcação nas variáveis: Realizar finalização ao gol (p=0,
nas zonas laterais a da bola, bem como 0038), Recuperar a posse de bola (p=0,0069) e
movimentações com o intuito de aproximar os Continuar sem a posse da bola (p<0,0001). Já as
jogadores mais distantes da bola. derrotadas obtiveram maiores valores nas variáveis
Quanto à Localização das ações no campo Perder a posse de bola (p=0, 0064) e Sofrer
de jogo, novamente foram encontradas diferenças finalização ao gol (p=0, 0460), o que indica
significativas apenas em relação às ações defensivas possíveis fatores que contribuíram para obtenção do
(Tabela 2). resultado negativo por parte destas equipes.
As equipes perdedoras realizaram um maior Na Macro-categoria Performance, composta
número de Ações defensivas no campo ofensivo pelas tabelas 4, 5, 6 e 7 são apresentados os valores
(p=0, 0303), enquanto as vencedoras obtiveram de IPT, NAP, %E e LARP respectivamente nos dois
superioridade na realização das Ações defensivas no diferentes grupos.
campo defensivo (p<0,0001), indicando diferentes Os resultados apresentados na Tabela 4
posturas defensivas entre as equipes que realizaram mais uma vez demonstram os possíveis “porquês” de
o teste. os vencedores terem alcançado resultados positivos
Na categoria, Resultado da ação, as equipes no teste.
vencedoras obtiveram superioridade significativa
nas variáveis que demonstraram uma movimentação
Tabela 2. Localização da Ação no campo de jogo referente a vencedores e perdedores na realização do FUT-
SAT
Vencedores Perdedores
Categorias e Variáveis Variação Percentual
N % N %
LOCALIZAÇÃO DA AÇÃO NO CAMPO DE JOGO
Meio Campo Ofensivo
Ações Táticas Ofensivas 413 20,71 363 19,99 -3,49
Ações Táticas Defensivas 473 23,72 542* 29,85 25,82
Meio Campo Defensivo
Ações Táticas Ofensivas 544 27,28 543 29,9 9,6
Ações Táticas Defensivas 564* 28,28 368 20,26 -28,36
TOTAL 1994* 100 1816 100
*Diferença S
ignificativa (p≤0,05): Localização da Ação no Campo de Jogo: Ações Táticas Defensivas no meio campo ofensivo (p=0,0303, χ²=4,691); Ações Táticas Defensivas no meio campo
defensivo (p<0,0001, χ²=41,219)
Vencedor Perdedor
Categorias e Variáveis Variação Percentual
N % N %
RESULTADO DA AÇÃO
Ofensiva
Realizar finalização ao gol 121* 6,07 80 4,41 -27,4
Continuar com a posse de bola 630 31,59 669 36,84 16,6
Sofrer falta, ganhar lateral ou escanteio 45 2,26 32 1,76 -21,92
Cometer falta, ceder lateral ou escanteio 37 1,86 40 2,2 18,7
Perder a posse de bola 53 2,66 85* 4,68 76,1
Defensiva
Recuperar a posse de bola 91* 4,56 58 3,19 -30,02
Sofrer falta, ganhar lateral ou escanteio 44 2,21 35 1,93 -12,66
Cometer falta, ceder lateral ou escanteio 34 1,71 44 2,42 42,1
Continuar sem a posse de bola 841* 42,18 645 35,52 -15,79
Sofrer finalização ao gol 98 4,91 128* 7,05 43,41
TOTAL 1994 100 1816 100
*Diferença Significativa (p≤0,05): Resultado da Ação: Realizar Finalização ao gol (p=0,0038, χ²=8,363); Perder posse de bola (p=0,0064, χ²=7,42); Recuperar a posse de bola
(p=0,0069, χ²=7,309); Continuar sem a posse de bola (p<0,0001, χ²=25,852); Sofrer Finalização ao gol (p=0,0460, χ²=3,982)
Ofensivo
Penetração 59,54±16,95* 49,24±20,81
Cobertura Ofensiva 55,28±12,04 48,82±13,11
superioridade da defesa em bloco baixo em foram os mais significativos. Estes parecem ser
relação à defesa em bloco alto. Este tipo de fatores decisivos que permitem a organização
disposição defensiva pode ter obtido melhores defensiva da equipe, bem como possibilitam
resultados devido à ineficácia das movimentações organizar uma transição ofensiva adequada de
defensivas no campo do adversário, além da não modo a aproveitar os espaços concedidos pelo
realização de movimentações defensivas em adversário para criar situações de gol. Quanto ao
42
bloco, que segundo Garganta e Pinto maior número de ações sem a posse de bola, o
caracterizam um modelo de jogo avançado. Como estudo de Lago e Martin46 permite constatar que
os jogadores estão posicionados longe da baliza, as equipes têm maior posse de bola quando estão
as movimentações necessitam de uma perdendo ou empatando, e não quando estão à
coordenação maior, caso contrário haverá lugar a frente no placar, comportamento este também
uma ampliação expressiva do espaço efetivo de encontrado no presente estudo. Percebe-se,
44
jogo , o que dificulta as movimentações e portanto, que as equipes vencedoras optaram por
marcações por parte dos jogadores que defendem. uma postura centrada em uma defesa eficaz
Este tipo de marcação pode também facilitar a utilizando-se das conquistas de bola para se
utilização das jogadas em profundidade pela organizarem em transições ofensivas objetivas
equipe atacante, devido ao maior espaço entre o buscando a finalização ao gol. A eficácia deste
último jogador da equipe que defende e a comportamento tático é reforçada pelo estudo
14
respetiva linha de fundo. Grant et. al. apontam realizado por Hughes e Franks47 no qual as
para esta perspectiva, quando observam que mais movimentações diretas resultaram em um maior
gols são marcados quando a bola é recuperada em número de finalizações em comparação com o
uma área defensiva, devido ao maior espaço para jogo de posse de bola. Segundo Garganta41, este
organização das movimentações ofensivas. tipo de comportamento deve ser incentivado nas
Porém, em grande parte, tal é determinado pelo categorias de base, buscando evitar “abuso” do
modelo de jogo da equipe e pela proficiência dos jogo indireto e a perda do foco no objetivo
seus jogadores. Repare-se, por exemplo, que para central, o gol. Deve referir-se, contudo, que este
uma defesa em bloco alto é condição fundamental autor destaca a importância maior de se conseguir
uma noção apurada de marcação dos jogadores um equilíbrio entre as movimentações diretas e
mais adiantados da equipe, atributo não indiretas, em função dos problemas que vão
facilmente encontrado nas categorias de ocorrendo em uma partida e que implicam numa
formação. gestão inteligente, fase a fase e momento a
Na categoria Resultado da ação, a momento.
superioridade das equipes vencedoras nas A análise da Macro-categoria Ação
variáveis Continuar sem a posse, Recuperar a evidencia uma importante relação entre as suas
posse de bola e Realizar finalização ao gol, se três subcategorias. Todas apresentaram diferenças
45
assemelha ao estudo de Szwarc , que, de uma significativas entre vencedores e perdedores,
série de fatores analisados, apresenta que a sendo estas mais evidentes na fase defensiva do
freqüência e precisão dos chutes a gol, as jogo. A superioridade das equipes vencedoras na
recuperações de bola em situações diretas contra o realização dos princípios Equilíbrio e Unidade
oponente, e a proteção efetiva da própria baliza Defensiva pode ter sido induzida pela defesa em
bloco baixo realizada por estas equipes, o que Ofensiva também são criadas um maior número
permite supor que estes resultados influenciaram de linhas de passe seguras, sendo possível que a
diretamente o maior número de recuperações de equipe que detém a bola canalize o ataque para os
bolas e o maior número de finalizações a gol por espaços mais vulneráveis na defesa adversária
parte destas equipes. característica estas que, segundo Garganta41
Na análise da Macro-Categoria constituem regras de ação para tornar mais eficaz
Performance, os resultados apresentados apontam a fase ofensiva de uma equipe.
novamente para a superioridade das equipes Por fim, a partir da análise da Tabela 2,
vencedoras na realização do FUT-SAT. A para a Macro-Categoria Performance, é possível
superioridade no IPT Penetração por parte dos perceber que os jogadores das equipes vencedoras
vencedores indica que apesar do número apresentam um maior IPT em todos os princípios
semelhante de ações táticas realizadas pelos dois táticos com exceção a Concentração, além de um
grupos analisados, as equipes vencedoras menor %E em todos os princípios com exceção à
obtiveram maior sucesso na realização deste Mobilidade. Apesar do baixo número de variáveis
princípio. Neste aspecto o estudo apresentado que apresentam diferenças significativas nesta
proporciona uma mais-valia em relação ao estudo Tabela, quando “somadas”, estas pequenas
16
de Low, Taylor e Williams que ao analisar as diferenças podem vir a influenciar de maneira
equipes de sucesso na copa do mundo de 2002, efetiva o resultado final dos jogos20.
encontraram superioridade no número de dribles, Em conjunto, os resultados observados
corridas verticais com bola e penetrações na contribuem para investigadores, treinadores e
defesa adversária por parte das equipes de jogadores na compreensão dos comportamentos
sucesso. Porém, os mesmos não levam em táticos intervenientes nos resultados de jogo
consideração o resultado final e o sucesso ou não reduzido. Isto culmina em uma atuação mais
das jogadas, primando pela analise quantitativa eficiente e eficaz dos profissionais envolvidos
em detrimento da análise qualitativa. Estes neste contexto que podem organizar o processo de
resultados também permitem supor que esta treino tendo como referencia as virtudes e
superioridade induziu um maior número de deficiências táticas de seus jogadores em jogos
finalizações por parte dos vencedores, fator este condicionados e de como estas influenciam no
também encontrado no estudo citado. resultado final das partidas.
Já a superioridade encontrada no IPT
Unidade Ofensiva remete a uma movimentação Conclusões
ofensiva conjunta, que facilita a troca de bola Os jogadores das equipes vencedoras
entre os jogadores. Este índice indica que os apresentaram superioridade em relação aos
jogadores se movimentaram em “bloco”, perdedores em princípios táticos específicos da
diminuindo a distância entre suas linhas fase defensiva e ofensiva de jogo, além de uma
longitudinais e transversais, movimentações que postura tática distinta. Os vencedores optaram
tendem a aumentar a confiança dos jogadores pela defesa em bloco baixo, indicado pelo maior
presentes no centro de jogo para a criação de número de Ações defensivas no meio campo
desequilíbrios e instabilidades na organização defensivo, postura esta que apresentou maior
defensiva adversária37. A partir da Unidade eficácia neste estudo. Quanto à frequência de
Como limitações do estudo e a possibilidade de 12. Lago C. Are winners different from
losers? Performance and chance in the FIFA
desenvolvimento em futuro estudos podemos World Cup Germany 2006. International
destacar a inclusão da regra do impedimento, bem Journal of Performance Analysis in Sport.
2007;7(2):36-47.
como a análise de jogos de 5x5, 7x7 e 11x11 a
13. Ostojic SM. Characteristics of elite and
partir dos princípios táticos empregados no FUT- non-elite Yugoslav soccer players: Correlates of
SAT. success. Journal of Sports Science and
Medicine. 2003;2:34-5.
14. Grant A, Williams M, Reilly T, Borrie A.
Referências Analysis of the successful and unsuccessful teams
1. Garganta J. Para uma teoria dos jogos in the 1998 world cup. Coaching. 1998;2(1).
desportivos colectivos. In: Graça A, Oliveira J, 15. Grant A, Williams M. Analysis of
editors. O ensino dos jogos desportivos. FCDEF- Possession in 1996-97 Premier League Matches.
UP: CEJD; 1998. p. 11-25. Exercise Science. 1997;1(1).
2. Castelo J. Futebol Modelo Técnico- 16. Low D, Taylor S, Williams M. A
Tático do Jogo. Universidade Técnica de Lisboa: quantitative analyses of successful and
FMH; 1994. unsuccessful teams. Insight. 2002;5(4).
3. Tavares F, Greco P, Garganta J. 17. Hughes C, Franks I. Notational analysis
Perceber, conhecer, decidir e agir nos jogos of sport. London: E. & F.N Spon; 1997.
desportivos coletivos. In: Tani G, Bento JO,
Petersen RDS, editors. Pedagogia do desporto. 18. Garganta J. Analisar o jogo nos jogos
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 284- desportivos colectivos – uma preocupação
98. comum ao treinador e ao investigador.
Horizonte. 1998;14(83):7-14.
4. Costa L, Nascimento J. O ensino da
técnica e da tática: Novas abordagens 19. Carling C. Getting the most out of video
Metodológicas. Maringáv. 2004;15(2):49-56. and match analysis. Coaching. 2001;5(1).
Artigo Original
RESUMO
O objetivo do estudo foi comparar a eficiência do comportamento tático entre os jogadores de futebol de diferentes categorias
etárias. A amostra foi composta por 400 jogadores divididos em quatro categorias (sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17), que
realizaram no total 23.855 ações táticas. Para avaliação da eficiência do comportamento tático dos jogadores foi utilizado o
FUT-SAT. Para o tratamento estatístico, foram realizadas análises descritivas, os testes Kolmogorov-Smirnov, Kruskal-
Wallis, Mann-Whitney e foi considerado um nível de significância de p<0,05. Os resultados indicam que a eficiência do
comportamento tático tende a aumentar ao longo do tempo, com exceção da categoria Sub-15 que apresenta uma queda
acentuada em relação às demais. Assim é possível concluir que existem variações na eficiência do comportamento tático de
jogadores de futebol de diferentes categorias etárias.
Palavras-chave: Futebol. Comportamento tático. Categorias etárias.
ABSTRACT
The aim of this study was to compare the efficiency of tactical behavior between soccer players across different age levels.
The sample was comprised of 400 players divided into four age groups (Under-11, -13, -15, and -17), which performed
23,855 tactical actions. To assess the tactical behavior efficiency of players was used the FUT-SAT. For statistical treatment
descriptive analysis was performed. The tests Kolmogorov-Smirnov, Kruskal-Wallis, Mann-Whitney were conducted, and the
level of significance of p<0,05 was adopted. The results indicated that the efficiency of tactical behavior tends to increase
over time, except for the U-15 category that has a sharp drop in relation to the others. It is concluded that the efficiency of
tactical behavior of the players in soccer show differences across different age levels.
Keywords: Soccer. Tactical behavior. Training categories.
Introdução
que pode auxiliar no controle desta componente durante o processo de formação dos
jogadores10.
Recentemente, estudos vêm apresentando diferença na eficiência do comportamento
tático entre as diferentes categorias etárias. Teoldo e colaboradores11 compararam a eficiência
do comportamento tático de jogadores das categorias Sub-11, Sub-13, Sub-15 e Sub-19. Os
autores observaram que os jogadores da categoria mais avançada realizam maior frequência
de ações, comparado às outras categorias e, foram mais eficientes. Tal fato foi relacionado à
capacidade de entendimento da lógica de jogo que vai sendo adquirida ao longo dos anos,
influenciado por aspectos cognitivos, como o conhecimento de jogo, e motores, devido à
melhora das capacidades técnicas e habilidades motoras13.
Ainda nesta linha, um estudo realizado por Giacomini e Greco14, foi evidenciada que
quanto mais avançada à categoria (em termos cronológicos), maior o conhecimento tático
processual dos jogadores. Posteriormente, os mesmos autores verificaram resultados
parecidos para o conhecimento tático declarativo, onde os jogadores de categorias etárias mais
novas obtiveram menor conhecimento que os jogadores das categorias mais velhas15. Os
autores justificam estes achados uma vez que jogadores das categorias mais avançada
apresentam maior tempo de prática e experiência adquirida em treinamento específico da
modalidade.
Sendo assim, percebe-se que os jogadores necessitam do desenvolvimento do processo
cognitivo para melhor compreender e desempenhar suas funções durante o jogo de futebol16 e
cada categoria apresenta suas próprias especificidades17. Dessa forma, torna-se importante
avaliar a eficiência do comportamento tático nas diferentes categorias etárias para entender
como esta variável se comporta durante o processo de formação e identificar características a
serem desenvolvidas e aprimoradas para a práxis. Com isso, se torna plausível propor uma
orientação metodológica de ensino no futebol, levando em consideração as alterações de
comportamentos ocorridas em cada categoria17-18.
Visando auxiliar nestes aspectos citados anteriormente, o objetivo do presente estudo é
comparar a eficiência do comportamento tático entre os jogadores de futebol nas diferentes
categorias etárias.
Métodos
Amostra
A amostra foi composta por 400 jogadores de futebol do sexo masculino, pertencentes
às categorias Sub-11 (n=100), Sub-13 (n=100), Sub-15 (n=100) e Sub-17 (n=100) de clubes
de formação do interior do estado de Minas Gerais. Esses jogadores realizaram 23.292 ações
táticas [Sub-11 (5.179); Sub-13 (5.269); Sub-15 (5.996) e Sub-17 (6.848)].
Como critério de inclusão no estudo, os jogadores deveriam participar de programas
sistematizados de formação esportiva visando o rendimento, com no mínimo três sessões de
treinos específicos no futebol por semana e disputar campeonatos de nível regional e/ou
estadual. Os jogadores deveriam participar destes programas de treino por no mínimo um ano
para categoria Sub-11, dois anos para Sub-13 e três anos para as demais categorias.
Procedimentos éticos
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres
Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEPH. Of. 132/2012). Atende às normas
estabelecidas pela resolução do Conselho Nacional em Saúde (466/2012) e do tratado de Ética
de Helsinque (2008). As coletas foram realizadas com o consentimento dos responsáveis
pelos clubes. Os jogadores e seus responsáveis legais assinaram um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Material
Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmara digital (SONY® modelo
HDRXR100). O vídeo obtido foi introduzido, em formato digital, através de um computador
portátil (DELL® modelo Inspiron N4030 processador Intel Core™ i3) via cabo USB, sendo
convertidos em arquivo “avi”, através do software Fortmat Factory para Windows®. Para o
tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software Soccer Analyser®. Este
software possibilita a inserção das referências espaciais do teste no vídeo e viabiliza a
avaliação confiável das ações táticas, baseando-se nas movimentações e posicionamento dos
jogadores no campo de jogo.
Análise estatística
Foi utilizada estatística descritiva (média e desvio padrão). Para verificar a
normalidade de distribuição dos dados foi aplicado o teste Kolmogorov-Smirnov, apontando
que os dados apresentaram uma distribuição não paramétrica. Para comparar a eficiência do
comportamento tático na realização dos princípios táticos entre as categorias etárias foi
utilizado o teste Kruskal-Wallis. O teste Mann-Whitney foi utilizado para localizar entre quais
categorias ocorreram as diferenças.
Para todas as análises foi utilizado o software SPSS para Windows® versão 20.0. Para
corrigir o nível de significância, devido às múltiplas comparações, foi utilizada a correção de
Bonferroni. Deste modo, foi considerado um nível de significância corrigido de p<0,0083.
Análise da fiabilidade
A fiabilidade foi realizada através do método de teste-reteste. Foi respeitado o prazo
mínimo de três semanas entre as avaliações para evitar uma possível familiaridade com os
dados20. Para o cálculo da fiabilidade foi utilizado o teste Kappa de Cohen. Foram reavaliadas
4.290 ações táticas, que representa 17,98% do total das ações realizadas pelos jogadores. Esse
valor é superior ao valor de referência (10%) apontado pela literatura21. Os resultados do
reteste apresentaram fiabilidade intra-avaliador com valores situados entre o mínimo 0,823
(ep=0,015) e máximo 0,987 (EP=0,006). Para a fiabilidade inter-avaliador, os resultados
situaram-se entre o mínimo 0,847 (EP=0,033) e o máximo 0,987 (EP=0,005).
Resultados
89,25 ± 8,32, respectivamente), seguidos pelos jogadores das categorias Sub-11 (83,59 ±
10,54) e Sub-15 (79,29 ± 9,20).
É possível observar ainda que os princípios ofensivos realizados de maneira mais
eficiente foram a cobertura ofensiva (Cbof) e o espaço (Esp). Já o princípio de mobilidade de
ruptura (Mbru) obteve os menores valores de eficiência de realização.
A Figura 2 apresenta os resultados referentes à eficiência do comportamento tático
defensivo nas diferentes categorias etárias.
Discussão
categorias mais avançadas, pois, à medida que o jogador vai progredindo no processo de
formação ele estará aprendendo através dos constrangimentos, dos treinamentos e das
exigências da competição.
É possível inferir ainda, que esses jogadores mais novos podem apresentar
dificuldades na gestão do espaço e na realização dos princípios táticos fundamentais, levando
em consideração que esses princípios requerem pensamento abstrato e testagem de hipóteses
para melhor ocupação e movimentação dos jogadores no espaço de jogo22-23,16. Tendo em
vista que os jogadores dessa categoria ainda não têm o desenvolvimento cognitivo
completamente desenvolvido, o treinamento visando à melhora dos princípios fundamentais
deve ser iniciado por volta dos 12/13 anos de idade, período em que o desenvolvimento
cognitivo do jogador estará desenvolvido ou em fase final de desenvolvimento22,24,23.
Na categoria Sub-13, os jogadores apresentaram uma melhora na eficiência do
comportamento tático em detrimento da categoria Sub-11, fato este, que já era esperado e é
corroborado por estudos como o de Teoldo et al.12 e Vaeyens et al.25. Os autores apontam que
jogadores dessa categoria etária apresentam maior conhecimento tático do jogo e procuram se
situar atrás da linha da bola quando sua equipe está atacando, facilitando assim, a realização
de passes. Com isso, eles diminuem a dificuldade da realização dos princípios táticos
fundamentais e apresentam melhores resultados na eficiência do comportamento tático.
Já na categoria Sub-15, os resultados apontam para um declínio da eficiência do
comportamento tático. Estes achados indicam uma necessidade de atenção especial com esta
categoria, uma vez que além das mudanças corporais que estão ocorrendo devido ao pico de
velocidade de crescimento que podem interferir nos gestos técnicos e nas habilidades
motoras26, ocorre ainda uma modificação no ambiente social. Neste período os jovens
começam a se interessar por outros “atrativos sociais” tendo uma queda acentuada do foco, o
que aparentemente interfere no aspecto esportivo27. Além disso, Greco e Benda17, e Barth28,
indicam que nessa idade é necessário uma adaptação, pois, os jogadores estão entrando na
fase de direção, período em que aumenta o número de competições e consequentemente
aumenta a pressão sobre os jogadores. Assim é necessário que os treinadores e profissionais
que trabalham na área tenham uma atenção especial com esta categoria.
Por fim, os resultados da categoria Sub-17 apontam que estes jogadores foram mais
eficientes quando comparados aos jogadores das categorias Sub-11 e Sub-15. Um dos fatores
que pode ter interferido neste resultado trata-se dos jogadores já estarem adaptados ao
treinamento e iniciado a fase de especialização, tendo já consolidado o conhecimento tático de
jogo17. Nos estudos de Giacomini et al.29-30, foi evidenciado que os jogadores da categoria
Sub-17 apresentam maior conhecimento tático processual e declarativo em relação aos
jogadores das categorias mais novas. Já Machado et al.13 apresentam que os jogadores dessa
categoria melhoram a performance realizando de forma mais eficiente os princípios de
“espaço” e “penetração”. Esses princípios demandam maior conhecimento do espaço do jogo
e melhor capacidade técnica, necessitando de uma melhor estrutura cognitiva para tomar
decisões mais apropriadas.
Além disso, é provável que os jogadores da categoria Sub-17 dispuseram de um maior
tempo de prática no treinamento específico da modalidade, apresentando maior conhecimento
acerca da organização do espaço no jogo31-32. Dessa forma, os jogadores dessa categoria etária
são capazes de compreender melhor os princípios táticos de jogo, mesmo tendo aumentado a
dificuldade imposta pelos adversários. Isso favorece para que eles tomem melhores decisões
e, consequentemente, melhorem a eficiência do seu comportamento tático no jogo33-34.
Futuras pesquisas podem estender esses resultados, comparando outros grupos e níveis
competitivos, com o objetivo de verificar se a eficiência do comportamento tático é igual ou
diferente, quando executadas por outros jogadores. Além disso, sugere-se realizar uma
Conclusão
Com base nesses resultados, pode-se concluir que existem diferenças da eficiência do
comportamento tático entre os jogadores das categorias de base. Observa-se que houve uma
evolução geral das categorias mais novas para as categorias mais velhas. A exceção foram os
jogadores da categoria Sub-15, onde os resultados mostram um declínio da eficiência do
comportamento tático.
De acordo com esses achados, é aconselhável que a comissão técnica introduza de
forma gradual o ensino dos princípios táticos fundamentais do jogo na categoria Sub-11, com
exercícios menos complexos. Esses exercícios podem focar em princípios táticos que ocorrem
dentro do centro de jogo, como a penetração e cobertura ofensiva, na fase ofensiva, e
contenção e cobertura defensiva, na fase defensiva, por serem menos complexos. Na categoria
Sub-13 já é possível aprofundar no ensinamento dos princípios táticos fundamentais, pois, os
jogadores já apresentam um pensamento abstrato do jogo de futebol. Com isso, são indicados
exercícios que trabalhem os princípios táticos próximos ao centro de jogo, como espaço, na
fase ofensiva, e concentração e equilíbrio defensivo, na fase defensiva.
Para os jogadores da categoria Sub-15 é sugerido uma progressão gradativa na
complexidade do treinamento, paciência para uma possível queda de rendimento devido às
alterações corporais acentuadas nessa faixa etária e também atentar com os problemas sociais
que geralmente ocorrem nessa idade. Além disso, os princípios táticos longe do centro de jogo
podem ser trabalhados com maior ênfase nesta faixa etária, sendo a mobilidade e unidade
ofensiva, na fase ofensiva, e unidade defensiva, na fase defensiva. Já na categoria Sub-17 é
importante treinar com mais ênfase os princípios que irão melhorar significativamente o
desempenho dos jogadores, como a criação de espaços na fase ofensiva, redução do espaço
efetivo do jogo na fase defensiva e aprimoramento das habilidades técnicas para obter melhor
desempenho nos princípios táticos através do contato com a bola. Outra especificidade desta
categoria é a possibilidade de se trabalhar princípios táticos fundamentais diferentes de acordo
com o estatuto posicional dos jogadores, uma vez que estes jogadores já se encontram numa
fase final de desenvolvimento esportivo. Dessa forma, será possível formar jogadores mais
inteligentes e que sejam capazes de tomar a melhor decisão diante das dificuldades
encontradas dentro do jogo durante todo o processo de formação.
Referências
Recebido em 06/05/15.
Revisado em 23/11/15.
Aceito em 20/12/15.
Autor para correspondência: Henrique Bueno Américo, Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol – NUPEF - Universidade Federal de
Viçosa. Av. PH. Rolfs, S/N. Campus Universitário. Viçosa-MG. CEP- 36570-000. E-mail:
henriquebamerico@hotmail.com
Resumo
O estudo teve como objetivo verificar a influência do desempenho tático sobre o resultado final em jogo reduzido de futebol. A
amostra foi composta por 32 resultados da categoria sub-13, distribuídas em: 12 vitórias, 12 derrotas e 8 empates. Para obter o
desempenho tático dos jogadores, foram analisadas 5004 ações táticas. O instrumento utilizado para recolha e análise dos dados foi
o Sistema de Avaliação Tática no Futebol “FUT-SAT”. Foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov para análise da distribuição dos
dados e teste Anova one-way para comparação dos resultados obtidos, com nível de significância de 0,05. Foi verificada diferença
significativa do Empate sobre Derrota e Vitória. Os menores valores de desempenho ofensivo e maior valor de Contenção podem
ter influenciado o Empate. O maior valor de Mobilidade e Unidade Ofensiva pode ter determinado a Vitória. Concluiu-se que o
desempenho tático influenciou os resultados de Empate e Vitória.
Palavras-chave: Futebol. Desempenho tático. Resultado.
1
Apoio: FAPEMIG
*
Especialista. Núcleo de Estudos e Pesquisa em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
**
Doutor. Curso de Ciências do Esporte, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, Brasil.
***
Doutor. Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, Brasil.
Tabela 1 - Média e desvio padrão do Índice de Performance Tática dos princípios táticos entre os resulta-
dos do jogo.
IPT Vitória Derrota Empate p
Ofensivo
Penetraçãoab 45,92±23,18 50,25±24,51 13,54±26,55 0,001
Cobertura Ofensiva ab
46,04±11,32 47,59±11,36 10,96±12,54 0,001
Mobilidade ab
41,93±34,30 40,27±33,91 19,58±34,28 0,031
Espaçoab 42,92±7,28 43,33±5,45 17,43±15,98 0,001
Unidade Ofensivaab 48,05±26,34 38,52±27,34 9,94±20,00 0,001
Defensivo
Contenção 30,89±10,22 30,91±11,23 40,07±32,06 0,114
Cobertura Defensivaab 27,85±23,60 30,18±21,27 12,08±25,83 0,001
Equilíbrio 32,96±12,61 29,46±13,27 23,56±25,51 0,115
Concentração ab
32,42±15,55 30,79±14,62 9,12±15,27 0,001
Unidade Defensiva ab
33,92±8,88 34,04±8,20 14,79±17,49 0,001
(a) Diferença entre Empate e Vitória; (b) Diferença entre Empate e Derrota.
Tabela 2 - Média e desvio padrão do Índice de Performance Tática Ofensivo, Defensivo e de Jogo entre os
resultados do jogo.
Índices Vitória Derrota Empate p
IPTO 48,37±7,53 47,74±7,47 47,70±6,26 0,912
IPTD 33,52±5,86 33,65±5,55 36,38±8,3 0,190
IPTJ 38,50±4,87 38,39±4,62 46,27±4,52 0,922
Abstract
The study aimed to examine the influence of tactical performance over the final score of small-sided soccer matches. The sample
comprised 32 U-13 level final scores, divided into: 12 wins, 12 defeats and 8 draws. In order to obtain players’ tactical performance,
5004 tactical actions were analyzed. FUT-SAT was used for data collection and analysis. The Komolgorov-Smirnov test was used
to analyze data distribution and One-Way ANOVA was applied to compare the obtained results, with a significance level of 0.05.
Significant differences were found between “Draw” over “Defeat” and “Win”. The lower value of Mobility and Offensive Unity
may have determined “Win”. It is concluded that tactical performance influenced the final scores of “Draw” and “Win”.
Keywords: Soccer. Tactical performance. Final score.
TEOLDO, I. et al. Sistema de avaliação táctica no Futebol (FUT- TEOLDO, I. et al. Princípios táticos do jogo de futebol:
SAT): desenvolvimento e validação preliminar. Motricidade, conceitos e aplicação. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 657-
Vila Real, v. 7, n. 1, p. 69-84, 2011. 668, 2009.
TEOLDO, I. et al. Influence of relative age effects and quality WERNER, P.; THORPE, R.; BUNKER, D. Teaching games
of tactical behaviour in the performance of youth soccer for understanding: evolution of a model. Journal of Physical
players. International Journal of Performance Analysis of Education, Recreation & Dance, Reston, v. 67, no. 1, p. 28-
Sport, Cardiff, v. 10, p. 82-97, 2010. 33, 1996.
Recebido em 19/10/2012
Revisado em 15/02/2013
Aceito em 28/05/2013
Endereço para correspondência: Felipe Moniz Carvalho - Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol
(NUPEF) - Universidade Federal de Viçosa - Av. PH. Rolfs, S/N. - Campus
Universitário - Viçosa-MG - CEP - 36570-900 - E-mail: felipe.moniz@ufv.br
RESUMO
O objetivo do estudo foi avaliar e comparar o nível de conhecimento tático declarativo
(CTD) de jogadores de Futebol de diferentes categorias e posições. A amostra deste estudo
foi constituída por 221 jogadores de Futebol de campo do sexo masculino. A partir dos
resultados encontrados, chegou-se às seguintes considerações: na comparação do CTD por
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 445
categoria, as diferenças apresentadas foram da categoria Pré-infantil para as categorias Infantil
(p=0,001) e Juvenil (p=0,002), porém não foram encontradas diferenças significativas entre
as categorias Infantil e Juvenil para essa variável. Quando agrupou-se os jogadores por posição
específica, não registraram-se diferenças significativas de CTD entre os mesmos, apesar de
uma vantagem nos escores descritivos para os meias e atacantes. Portanto, pode-se concluir
que próximo dos 14 anos de idade o CTD é um fator que diferencia os atletas por categoria,
porém a partir dos 15 anos de idade, esse conhecimento provavelmente já está assimilado
de forma processual pelo praticante, quando se submete a um treinamento sistematizado e
uma prática constante ao longo dos anos.
PALAVRAS CHAVE: Jogos esportivos coletivos; cognição e ação; tomada de decisão; conhe-
cimento tático declarativo.
INTRODUÇÃO
446 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
Liga de Futebol Profissional de Portugal (1ª e 2ª liga e 2ª divisão “B”). Os jogadores foram
analisados de acordo com a posição específica ocupada no campo de jogo. O autor
concluiu que os jogadores que atuam em competições de nível mais elevado decidiram
melhor do que os jogadores que atuam em competições de nível inferior.
Costa et al. (2002) também utilizaram o instrumento de Mangas (1999) e
compararam jovens praticantes de futebol de nível competitivo superior e inferior,
com médias de idade de 16.00+0.53 e 16.13+0.63 respectivamente. Apesar das
diferenças não se revelarem estatisticamente significativas, os resultados apontaram
para um maior conhecimento declarativo dos praticantes de nível competitivo su-
perior em relação aos praticantes de nível competitivo inferior.
Além de relacionar o conhecimento declarativo com a qualidade de deci-
são dos jogadores, outros estudos têm demonstrado que os anos de prática da
modalidade, ou seja, o nível de experiência também é fator determinante para o
conhecimento declarativo dos jogadores (ALLARD, 1993; BRITO; MAÇÃS, 1998;
BANKS; MILLWARD, 2007; COSTA, 2010; ERICSSON, 1996; FRENCH et al.,
1996; FRENCH; HOUSNER, 1994; FRENCH; THOMAS, 1987; GARGANTA,
2006; GRECO, 2006; GIACOMINI; GRECO, 2008; GIACOMINI et al. 2011;
IROKAWA et al., 2011; KIOUMOURTZOGLOU et al., 1998; KONZAG, 1990;
MENDES, 1999; MANN et al., 2007; MCPHERSON; VICKERS, 2004; MATIAS,
2009; PINTO, 1995; RIPOLL, 1987; RODRIGUES, 1998; TAVARES, 1993;
TAVARES, 2006; TENENBAUM et al., 1993; TENENBAUM, 2003; WILLIAMS
et al., 1993; WILLIAMS; DAVIDS, 1995).
Segundo Eysenck e Keane (1994), uma das características padrão do
desempenho cognitivo humano é que as pessoas melhoram o seu desempenho
com a experiência.
Williams et al. (1993), num estudo com jogadores de futebol, demonstraram
que os atletas mais experientes possuem um conhecimento de base da modalidade
mais amplo, o que lhes permite identificar melhor os sinais relevantes e, conse-
qüentemente, decidir melhor.
No estudo de Ward e Williams (2003), jogadores de futebol foram divididos
em dois grupos: elite e sub-elite. Analisando sequências de imagens em vídeo, os
jogadores assinalaram a “melhor opção de passe” do jogador em posse da bola. Os
resultados mostraram que os jogadores de elite identificavam melhor quem estava
numa posição mais adequada para receber o passe, em comparação com os atletas
de subelite, bem como foram mais eficientes na seleção da hierarquia de soluções
das situações, em relação a esses últimos.
Williams e Davids (1995), porém, realizaram um estudo apenas com jogado-
res de futebol experientes. O objetivo do trabalho era verificar até que ponto o co-
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 447
nhecimento declarativo é resultado da experiência acumulada ou característica intrínseca
aos melhores jogadores. Os jogadores foram divididos em três subgrupos: a) atletas de
elite; b) atletas com bastante experiência e anos de prática, mas com um nível de jogo
mais fraco; c) espectadores com bastante prática na observação de jogos de futebol. Os
resultados demonstraram um maior conhecimento específico por parte dos jogadores
de alto nível. Com base nesses resultados, os autores concluíram que o conhecimento
declarativo é um pressuposto importante dos jogadores de elite e não resultado de
elevada experiência (2º grupo) ou exposição ao contexto esportivo (3º grupo).
Essas conclusões, entretanto, devem ser tratadas com cautela, pois de acordo
com Williams, Ward e Smeeton (2004), as diferenças entre os grupos podem ter
sido causadas tanto pela qualidade quanto pela quantidade de exposição à prática
esportiva (ERICSSON, 1996; ERICSSON et al., 1993).
Levando-se em consideração os aspectos abordados anteriormente, o
objetivo do presente estudo foi avaliar e comparar o nível de conhecimento tático
declarativo (CTD) de jogadores de Futebol em função da categoria a que o jogador
pertence e à posicao que o mesmo ocupa no campo de jogo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) mediante
o parecer número ETIC502/O5.
Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pais
e atletas, participaram deste estudo, duzentos e vinte e um jogadores de Futebol
de campo do sexo masculino, sendo oitenda da categoria sub-14, sessenta e nove
da categoria sub-15 e setenta e dois da categoria sub-17, todos pertencentes aos
principais clubes da cidade de Belo Horizonte-MG, participantes de campeonatos
em nível estadual, nacional e internacional.
Para avaliar o CTD dos jogadores, foi utilizado o instrumento construído por
Mangas (1999) em sua dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto (FADEUP), sob a orientação do Prof. Dr. Júlio Garganta.
Para criação do teste de CTD, Mangas (1999) selecionou trinta e uma imagens
de situações ofensivas de jogos de futebol de alto nível dos principais campeonatos
europeus (Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha). As imagens têm a duração de
oito a doze segundos e a ação é paralisada no momento em que o portador da
bola deve tomar uma decisão.
Essas imagens foram apresentadas a um conjunto de seis peritos, sendo os
mesmos treinadores de futebol em atividade e docentes da disciplina de futebol
da FADEUP.
448 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
Foi solicitado aos peritos que analisassem as imagens quantas vezes fossem
necessárias para definirem qual a solução mais adequada para a jogada, assim como
as outras possíveis soluções para as mesmas. Através das respostas dos peritos, foi
possível delimitar quatro soluções para cada jogada. Os peritos foram coincidentes para
a melhor e a pior solução da jogada em onze delas. Portanto, o instrumento original
de Mangas (1999) se constitui de onze cenas que permitem avaliar o voluntário de
acordo com o número de respostas corretas e erradas nas cenas apresentadas.
Para se aplicar o teste, as imagens são apresentadas aos participantes via pro-
jeção, com aparelho data show anexado no computador (Figura 1). A cena-situação
de jogo é apresentada ao jogador e paralisada durante dois segundos no momento
em que o portador da bola vai decidir “o que fazer”. A partir disso, surgem na tela do
computador quatro fotografias com quatro possíveis soluções para a jogada. Além
disso, está descrita em cada imagem a ação do jogador com bola. As fotografias estão
numeradas de um a quatro para melhor compreensão do voluntário. O jogador tem
o tempo que achar necessário para decidir qual seria sua resposta, anotando em
uma ficha individual qual a solução, no seu entender, mais adequada para a jogada,
oportunizando assim a análise do nível de conhecimento tático declarativo.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 449
Para o presente estudo, porém, foram realizadas pequenas adaptações
que julgaram-se pertinentes no instrumento de Mangas (1999). Primeiramente,
utilizaram-se somente oito cenas que obtiveram a concordância estatisticamente
satisfatória para todos os peritos para, além da escolha da melhor solução, a hie-
rarquia das três respostas subsequentes. Julgou-se que o jogador que escolhe a
segunda melhor solução para a jogada não pode ser avaliado (em quantidade de
pontos) da mesma forma que o jogador que escolhe a terceira ou a pior solução,
pois isto contradiz o princípio hierárquico do pensamento convergente, bem como
a escolha da melhor a pior alternativa de decisão.
Com o objetivo de constituir um novo escore para o instrumento, através
da análise da literatura (PASQUALI, 1996; THOMAS; NELSON, 2002), optou-se
por estabelecer escores para cada solução apresentada. No novo escore, portanto,
o jogador foi avaliado de acordo com os seguintes critérios:
- Melhor solução: 100% de acerto = 1 ponto no escore final
- Segunda melhor solução: 75% de acerto = 0,75 pontos no escore final
- Terceira melhor solução: 50% de acerto = 0,50 pontos no escore final
- Pior solução: 25% de acerto = 0,25 pontos no escore final
Com essas adaptações do instrumento desenvolvido por Mangas (1999),
pretendeu-se obter uma avaliação mais objetiva e fidedigna do CTD dos joga-
dores.
Após o aceite da carta-convite e da assinatura da concordância da instituição
por parte dos clubes que compõem a amostra, entregou-se um Formulário de
Consentimento Livre e Esclarecido para a assinatura por parte dos atletas e dos
respectivos pais. Foi garantido, tanto aos clubes convidados quanto aos inquiridos,
o anonimato e a confidencialidade dos dados.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
450 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
RESULTADOS
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Tabela 1 – Dados descritivos para as variáveis: tempo de prática da modalidade, número de treinos
semanais e duração das sessões de treino.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 451
A Tabela 2 apresenta os valores médios e desvios padrão para as variáveis:
tempo de prática, número de sessões de treinos por semana e duração do treino,
em função da categoria.
Tabela 2 – Dados descritivos para as variáveis tempo de prática, número de sessões de treinos por
semana e duração das sessões de treino, por categoria.
Tempo de prática Número de trei- Duração da sessão de trei-
Categoria N
(anos) nos semanais no (horas)
Pré-infantil
(sub-14) 80 5,22 + 1,85 5a6 2
Infantil
(sub-15) 69 6,78 + 2,25 6a7 2
Juvenil
(sub-17) 72 7,28 + 1,93 7a8 2
452 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
Na Tabela 3 verifica-se que a categoria Pré-infantil obteve uma pontuação
média de 6,63 no teste de CTD. Já a categoria Infantil obteve uma pontuação média
de 7,00 e a categoria Juvenil obteve uma pontuação média de 6,97. Percebe-se,
portanto, que há diferenças de CTD entre as categorias em estudo. Porém, para
verificar se essas diferenças são estatisticamente significativas, foi aplicado o teste
não paramétrico de Kruskal-Wallis para comparações de mais de dois grupos, com
Mann-Whitney para verificar onde se encontram essas diferenças. De acordo com
os resultados dos testes estatísticos, verifica-se que houve diferenças significativas da
categoria Pré-infantil para a categoria Infantil (p=0,001) e da categoria Pré-infantil para
a categoria Juvenil (p=0,002). Porém, da categoria Infantil para a categoria Juvenil,
neste estudo, as diferenças não apresentaram-se significativas (p=0,786).
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 453
comparações de mais de dois grupos. E de acordo com os resultados encontrados
dos testes estatísticos, verifica-se que as diferenças citadas não são estatisticamente
significativas para a amostra participante desse estudo, sendo o valor do nível de
significância obtido nesta análise de (p=0,985).
DISCUSSÃO
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
454 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
COMPARAÇÃO DO NÍVEL DE CTD COM A CATEGORIA
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 455
poderão ser breves ou longas, sequenciais ou em paralelo, de acordo com o nível de
habilidade e/ou acúmulo de experiência, sabendo o atleta organizar as informações
deste conhecimento de modo eficiente.
Desta forma, os resultados do presente estudo podem apoiar-se na literatura
citada acima, no qual foram encontrados melhores resultados no teste de CTD
para as categorias sub-17 e sub-15 frente à categoria sub-14. Isso implica que o
CTD deva ser desenvolvido nas categorias iniciais do futebol, de modo a aumentar
a fonte de informação (percepção de estímulos relevantes) que o jogador detém
para tomar decisões adequadas. Ainda que diferenças não tenham sido encontradas
entre as categorias sub-15 e sub-17, subentende-se que o processo de ensino-
aprendizagem-treinamento tático específico à modalidade deva ser melhor aplicado.
Pois no estudo de Morales e Greco (2007), jogadores que foram treinados pelo
processo de ensino-aprendizagem-treinamento apresentaram melhorias nos seus
resultados de tomada de decisão e consequentemente do conhecimento tático.
Os estudos de Helsen e Pauwels (1987), Konzag (1990), Mangas (1999), Mendes
(1999), Rippol (1987), Tavares (1993) e Tenenbaum et al. (1993) inferem também que
a qualidade de decisão está correlacionada com a experiência e anos de prática.
Outros estudos (ALLARD, 1993; FRENCH; HOUSNER, 1994; FRENCH;
THOMAS, 1987; PINTO, 1995; RODRIGUES, 1998) verificaram um maior
conhecimento específico da modalidade por parte dos atletas mais experientes,
comprovando que os mesmos identificam melhor os problemas do jogo e tomam
as melhores decisões.
Devido à escassez de estudos que comparassem atletas de diferentes cate-
gorias no âmbito do Futebol, pois na maioria dos estudos citados acima os atletas
são da mesma idade, diferenciando-se apenas pelo nível competitivo, recorreu-se
a trabalhos de outros esportes para pontuar algumas questões.
Abernethy (1994) comparando jogadores de Badminton de doze, quinze e
dezoito anos, mostrou que a habilidade de antecipar as ações do adversário me-
lhorou com o aumento da idade. Os mesmos resultados foram encontrados por
Tenenbaum (2003) com jogadores de Tênis divididos em grupos de oito a dez,
onze a treze, quatorze a dezesete e dezoito anos de idade. Esses achados, porém,
foram pouco conclusivos em relação às idades nas quais essas melhoras ocorrem,
bem como aos motivos das mesmas.
Com base nos estudos apresentados, principalmente nos trabalhos de Mangas
(1999), Costa et al. (2002), Irokawa et al. (2011) e Giacomini et al. (2011) e nos
resultados encontrados no presente trabalho em relação ao CTD, pode-se observar
que o CTD é um fator diferenciador entre as categorias até os quatorze anos de
idade. Nesse estudo, após os quinze anos, os resultados apontam para uma igualdade
456 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
nos escores do teste, talvez considere-se não ser mais esse o fator preponderante
para o conhecimento tático dos jogadores e sim o aspecto processual da ação.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 457
mente nos resultados descritivos, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas em relação ao CTD dos jogadores por posição específica.
CONCLUSÃO
458 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
after 15 years, this knowledge is probably already assimilated procedurally by the player when
it undergoes a systematized training and constant practice over the years.
KEY WORDS: Collective sports games; cognition and action; decision making; declarative
tactical knowlwdge.
REFERÊNCIAS
ABERNETHY, B. The nature of expertise in sport. Why study sport expertise? In: SERPA,
S.; ALVES, J.; PATACO, V. (Eds.). International Perspectives on Sport and Exercise Psychology.
USA: Book Grafters, 1994. p. 57-68.
ALLARD, F. Cognition, expertise and motor performance. In: STARKES, J. L.; ALLARD, F.
(Eds.). Cognitive issues in motor expertise. Amsterdam: Elsevier Science, 1993. p.17-34.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 459
BANKS, A. P. E.; MILLWARD, J. Differentiating Knowledge in Teams: Effect of Shared Decla-
rative and Procedural Knowledge on Team Performance. Group Dynamics, Theory, Research,
and Practice, v.11 (2), 95-106, 2007.
COSTA, I. T. et al. GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MÜLLER, E.; SILVA, B.;
CASTELÃO, D.; REBELO, A.; SEABRA, A. Comparing Tactical Behaviours of Youth Soccer Teams
Through the Test “GK3-3GK”. The Open Sports Sciences Journal. v. 3, p. 58-61, 2010.
FRENCH, K. E. et al. WERNER, P. H.; RINK, J. E.; TAYLOR, K.; HUSSEY, K. The effects
of a 3-week unit of tactical, skill, on combined tactical and skill instruction on badminton
performance of ninth-grade students. Journal of Teaching in Physical Education, Virginia, v. 15,
p. 418-438, 1996.
GARGANTA, J. Analisar o jogo nos Jogos Desportivos Coletivos: Uma preocupação comum
ao Treinador e ao Investigador. Horizonte, XIV, 83, p. 7-14, 1998.
460 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
GARGANTA, J. Ideias e competências para “pilotar” o jogo de futebol. In: TANI, G.; BENTO,
J. O.; PETERSEN, R. D. S. (Orgs.). Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro. Guanabara, 2006.
p. 313-326.
HELSEN, W.; PAUWELS, J. The use of a simulator in evaluation and training of tactical skills.
In: Soccer Instituut voor Lichamelijke Opleiding, Bélgica, p. 13-17, 1987.
KONZAG, I. Attivita cognitiva e formazione del giocatores. Rivista Cultura di Sportiva, v. 20,
p.14-20, 1990.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 461
MORALES, J. C. P.; GRECO, P. J. A influência de diferentes metodologias de ensino-aprendi-
zagem-treinamento no basquetebol sobre o nível de conhecimento tático processual. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 21 (4), p. 291-299, 2007.
MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências
& Cognição, vol. 15 (1), p. 252-271, 2010.
TAVARES, F.; GRECO, P. J.; GARGANTA, J. Perceber, conhecer, decidir e agir nos jogos
desportivos coletivos. In: TANI, G.; BENTO, O. J.; PETERSEN, S .D. R. (Orgs.). Pedagogia
do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006. p. 284-298.
TENENBAUM, G. Expert athletes: an integrated approach to decision making. In: STARKES, J.;
ERICSSON, K. A. (Eds.). Expert performance in sports: advances in research on sport Expertise.
Champaing: Human Kinetics, p. 191-218, 2003.
TENENBAUM, G. et al. YUAVAL, R.; ELBAZ, G.; BAR-ELI, M.; WEINBERG, R. The rela-
tionship between cognitive characteristics and decision-making. Canadian Journal of Applied
Physiology, Champaign, Illinois, n.18, p. 48-62, 1993.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
462 Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011
WARD, P.; WILLIAMS, A. M. Perceptual and cognitive skill development in soccer: the
multidimensional nature of expert performance. Journal of Sport and Exercise Psychology, v.
25, p. 93-111, 2003.
WILLIAMS, A. M.; WARD, P.; SMEETON, N. J. Perceptual and cognitive expertise in sport:
implications for skill acquisition and performance enhancement. In: WILLIAMS, A. M.; HOD-
GES, N. J. Skill Acquisition in Sport: Research, Theory and Practice. 1. ed. Londres: Routledge,
2004. p. 328-347.
HODGES, N. J. et al. DAVIDS, K.; BURWITZ, L.; WILLIAMS, J. Cognitive knowledge and
soccer performance. Perceptual Motor Skills, v. 76 (2), p. 579-593, 1993.
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 445-463, abr./jun. 2011 463
QUAIS COMPORTAMENTOS TÁTICOS DE
JOGADORES DE FUTEBOL DA CATEGORIA
SUB-14 PODEM MELHORAR APÓS 20
SESSÕES DE TREINO?
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar quais os comportamentos táticos podem ser alterados
após 20 sessões de treino. A amostra foi composta por 18 jogadores da categoria sub-14. O
instrumento utilizado para a avaliação dos comportamentos táticos foi o FUT-SAT e as sessões
de treino foram baseadas no Teaching Games for Understanding. Verificaram-se diferenças
significativas em quatro variáveis: no Princípio Tático “unidade defensiva”, no total de ações
táticas realizadas, no Índice de Performance Tática de Jogo e no Percentual de Erros do
Princípio Tático “espaço”. Concluiu-se que os treinos foram eficazes, especialmente, no que
diz repeito ao aumento do Índice de Performance Tática do Jogo.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol; tática; treino; Teaching Games for Understanding.
MATERIAL E MÉTODOS
AMOSTRA
PROCEDIMENTOS ÉTICOS
A recolha de dados foi realizada em três etapas: Na primeira etapa foi feita
uma avaliação diagnóstica dos comportamentos táticos dos jogadores, utilizando-se
o FUT-SAT (COSTA et al., 2011).
A segunda etapa refere-se ao processo de treino no qual os jogadores foram
submetidos. Este período de treino foi composto por 20 sessões com duração total
de 1255 minutos, baseada na abordagem Teaching Games for Understanding (TGfU)
(THORPE; BUNKER; ALMOND, 1986). As sessões de treino foram planejadas pelo
treinador e tinham como objetivo principal qualificar as capacidades defensivas da
equipe a partir de atividades que priorizassem uma melhoria no posicionamento
dos jogadores entre as linhas longitudinais e transversais da equipe. Deste modo,
para as ações defensivas, optou-se por desenvolver um maior número de ativida-
des voltadas aos princípios “Cobertura Defensiva”, “Equilíbrio” e “Concentração”.
Todavia, para treinar estes princípios defensivos primou-se também por realizar um
maior número de atividades com ênfase nas ações ofensivas vinculadas aos princípios
“Cobertura Ofensiva” e “Espaço”, uma vez que as ações vinculadas a estes princípios
requerem dos jogadores a realização de comportamentos relacionados aos três
princípios da fase defensiva treinados (COSTA et al., 2009c). O tempo gasto nas
atividades relacionadas aos princípios estão demonstradas no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1. Informações sobre o tempo total de treinamento dos princípios táticos nas 20 sessões de treino
Princípio Tático Sessões de treino utilizadas Tempo (minutos)
Ofensivos
Penetração 18 13
Cobertura Ofensiva 1, 3, 5, 7, 8, 11, 14, 16 e 17 231
Espaço 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 14, 15 e 20 322
Mobilidade 2, 6, 12 e 18 42
Unidade Ofensiva 10, 13, 17, 18 e 19 67
Defensivos
Contenção 3, 4, 9 e 20 97
Cobertura Defensiva 5, 8, 10, 12, 13, 18 e 19 140
Equilíbrio 2, 3, 4, 6, 9, 12 e 15 185
Concentração 2, 3, 10, 13, 16 e 19 101
Unidade Defensiva 16 e 17 57
TOTAL 1255
ANÁLISE DA FIABILIDADE
A fiabilidade foi aferida com a reavaliação de 306 ações táticas (14,81%), que
atende o valor de 10% recomendado por Tabachnick e Fidell (2007). As avaliações
foram realizadas por três observadores treinados e respeitando um intervalo de
21 dias (ROBINSON; O’DONOGHUE, 2007). Recorreu-se ao teste de Kappa
de Cohen para os cálculos e verificou-se que as fiabilidades intra e inter avaliadores
situaram-se entre 0,90 e 0,94 com erro padrão inferior a 0,02; sendo classificada
pela literatura como “perfeita” (LANDIS; KOCH, 1977).
RESULTADOS
MACROCATEGORIA OBSERVAÇÃO
MACROCATEGORIA OBSERVAÇÃO
Localização da Ação
Índice de Performance Tática Percentual de Erros
Relativa aos Princípios
Teste Reteste Teste Reteste Teste Reteste
Ofensivos
Penetração 50,91±17,13 59,22±20,91 25,85±37,51 17,16±16,53 1,44±1,20 1,47±1,42
Cobertura
53,00±10,91 52,59±10,70 5,16±9,62 5,42±12,95 5,00±2,69 4,33±3,03
Ofensiva
Mobilidade 64,29±18,20 63,67±14,68 4,64±12,16 3,56±7,40 0,43±0,65 0,47±1,06
Espaço 42,92±5,86 44,11±8,05 3,50±10,60* 7,34±9,39* 6,11±3,07 7,76±2,02
Unidade
55,08±20,52 59,08±17,07 20,67±29,22 6,94±11,87 2,00±1,84 2,22±1,56
Ofensiva
Defensivos
Contenção 26,03±10,62 29,25±20,58 58,44±24,92 55,19±29,014,00±2,61 2,83±1,50
Cobertura
35,36±22,19 39,44±22,35 32,14±38,38 26,11±30,350,43±0,51 0,67±0,90
Defensiva
Equilíbrio 30,55±15,67 30,70±14,81 50,50±28,20 56,17±19,031,94±1,76 1,89±1,57
Concentração 30,65±10,41 31,53±13,06 25,90±30,04 14,59±15,433,22±1,35 2,56±1,15
Unidade
29,30±12,07 31,82±6,60 28,58±32,13 16,19±16,154,94±2,39 5,89±2,87
Defensiva
Fase do jogo
Fase Ofensiva 49,48±5,83 52,01±6,55 9,54±8,53 7,83±5,80 14,50±4,88 15,67±3,56
Fase
29,02±7,80 30,70±5,43 38,04±18,07 32,48±9,94 14,44±4,80 13,72±4,43
Defensiva
Jogo 38,55±3,50* 41,31±4,03* 24,54±8,74 20,40±5,68 28,94±5,64 29,39±4,79
Possuem diferenças significativas (p<0,05). IPT: Total (p=0,03). Percentual de Erros: Espaço (p=0,02).
CONCLUSÕES
Através dos resultados pode-se constatar que o desempenho tático dos jo-
gadores avaliados apresentou alteração em quatro das 64 variáveis táticas avaliadas
pelo FUT-SAT. Os resultados revelaram que os jogadores efetuaram maior número
de ações táticas no reteste e também desempenharam mais ações do princípio
“unidade defensiva”.
Também verificou-se que no reteste os jogadores efetuaram mais ações
defensivas no meio campo defensivo, demonstrando que os jogadores marcaram
mais recuados na avaliação posterior às sessões de treinamento. Apesar disso, o
padrão de marcação manteve-se semelhante nos dois testes, onde optou-se por
marcar mais vezes em bloco baixo e efetuar mais ações ofensivas no setor defensivo.
Já em relação ao Índice de Performance Tática verificou-se que as sessões de
treino baseadas no TGfU proporcionaram melhorias no desempenho tático global
dos jogadores avaliados, mostrando que elas foram importantes para a melhoria da
compreensão de jogo coletivo.
REFERÊNCIAS
______. Analisar o jogo nos jogos desportivos colectivos: uma preocupação comum ao
treinador e ao investigador. Horizonte, Lisboa, v. 14, n. 83, p. 7-14, maio/jun. 1998.
GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino do futebol. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Org.) O ensino
dos jogos desportivos. Porto: Rainho & Neves, 1994. p. 95-136.
GRAÇA, A. Os comos e os quandos no ensino dos jogos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Org.)
O ensino dos jogos desportivos. Porto: Rainho & Neves, 1994. p. 27-34.
GRANT, A. et al. Physiological and technical analysis of 11v11 and 8v8 youth football matches.
Insight: the F. A. Coaches Association, Warwick, v. 3, n. 2, p. 29-31, 1999.
GRIFFIN, L.; MITCHELL, S.; OSLIN, J. Teaching sport concepts and skills: a tactical game
approach. Champaign: Human Kinetics, 1997.
HAINAUT, K.; BENOIT, J. Enseignement des pratiques physiques specífiques: le football mo-
derne- tactíque- techinique- lois du jeu. Bruxelas: Presses Universitaires de Bruxelles, 1979.
HOLT, N. L.; STREAN, W. B.; BENGOECHEA, E. G. Expanding the teaching games for
understanding model: new avenues for future research and practice. Journal of Teaching in
Physical Education, Champaign, v. 21, n. 2, p. 162-176, jan. 2002.
HOPPER, T. Teaching games for understanding: the importance of student emphasis over
content emphasis. Journal of Physical Education, Recreation & Dance, Reston, v. 73, n. 7,
p. 44-48, sept. 2002.
METZLER, M. W. Instructional models for physical education. Boston: Allyn and Bacon, 2000.
PLATT, D. et al. Physiological and technical analysis of 3v3 and 5v5 youth football matches.
Insight: the facoaches association journal, Warwick, v. 4, n. 4, p. 42-45, 2001.
REILLY, T. An ergonomics model of the soccer training process. Journal of Sports Sciences,
London, v. 23, n. 6, p. 561-572, jun. 2005.
RINK, J. E. Tactical and skill approaches to teaching sport and games. Journal of Teaching in
Physical Education, Champaign, v. 15, n. 4, p. 397-416, july 1996.
SISTO, F. F.; GRECO, P. J. C. Comportamento tático nos jogos esportivos coletivos. Revista
Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 63-68, jan./jun. 1995.
SOLOMENKO, V. Juego sin balon. El Entrenador Español, Madrid, n. 14, p. 72-75, out. 1982.
TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Using multivariate statistics. 5th ed. New York: Harper &
Row, 2007.
TURNER, A. P.; MARTINEK, T. J. Teaching for understanding: a model for improving decision
making during game play. Quest, Greensboro, v. 47, n.1, p. 44-63, feb. 1995.
Resumo. O desenvolvimento de conteúdos tático-técnicos no processo de ensino-treino do futebol é atribuição fundamental do treinador, buscando
coordenar e orientar possíveis ações de jogo dos atletas. Assim, o artigo objetiva analisar a concepção de treinadores das categorias de base de um clube
de elite do futebol brasileiro sobre aspectos técnicos e táticos do plano, do treino e do jogo. Participaram de entrevista semiestruturada oito treinadores
do sub-10 ao sub-17, sendo o tratamento das informações realizado por meio da análise de conteúdo. Nas temáticas de plano e treino, sete treinadores
investigados visualizam e desenvolvem a técnica de forma descontextualizada da tática. Contraditoriamente, na temática referente ao jogo os
treinadores avaliam o contexto tático do jogo, não atribuindo relevância para o aspecto técnico. Portanto, torna-se relevante o treinador ter coerência
e compreender o processo de planejar, treinar e jogar de forma complementar, contextualizando o desenvolvimento da técnica e da tática.
Palavras-Chaves: Futebol; Treinador; Categorias de Base; Formação de jogadores; Tática e Técnica.
Resumen. El desarrollo de los contenidos táctico-técnicos en el proceso de enseñanza-entrenamiento del fútbol configura tarea central del entrenador,
objetivando coordinar y orientar posibles acciones de juego de sus deportistas. Como un paisaje complejo que incluye constantemente el afrontamiento
a los problemas tácticos-técnicos. En este sentido, se hace necesario que el entrenador comprenda estos problemas para que pueda guiar acciones
tomadas por los jugadores. Así, esta investigación tiene como objetivo analizar la concepción de los entrenadores de las categorías inferiores de un club
de elite del fútbol brasileño en los aspectos técnicos y tácticos del plan, el entrenamiento y el partido. Participaron de una entrevista semiestructura ocho
entrenadores (del sub-10 al sub-17), y el tratamiento de datos realizados por el análisis de contenido. En las categorías plan y entrenamiento predominó
la percepción y enseñanza de la técnica descontextualizada de la táctica. Contradictoriamente, en la categoría juego los entrenadores evalúan el contexto
táctico del juego, sin valorar al aspecto técnico. Por lo tanto, se hace importante para el entrenador tener consistencia y comprender el proceso de
planificación, entrenamiento y el juego de una manera complementaria, contextualizando el desarrollo de la técnica y la táctica.
Palabras clave: Fútbol; Entrenador; Categorías de Formación; Formación de Jugadores; Táctica y Técnica.
Abstract. Coaching tactical-technical competences is a central task for soccer coaches, as it aims to better organize athletes’ actions during games. In
this sense, it becomes necessary for coaches to understand such problems, to stimulate players’ better decision-making processes. Therefore, this paper
aims to analyze youth category soccer coaches´ conceptions about tactical and technical issues in planning, training, and competition, in an elite
Brazilian soccer club. Semi-structured interviews were conducted with eight coaches (from U-10 to U-17); data analysis was performed through content
analysis. In planning and training topics, most of the coaches view and develop technical training separated form tactical aspects. Contradictorily, in
the theme referring to competition coaches evaluated the tactical context of games, whereas they considered technical aspects as non-relevant.
Therefore, being coherent and understanding the processes of planning, coaching and playing in a complementary way, contextualizing the development
of tactical and technical, becomes essential for any youth category coach.
Keywords: Soccer; Coach; Youth Sport; Players Education; Tactical and Technical.
Artigo Original
Resumo: Os instrumentos disponíveis para a avaliação do conhecimento tático processual em Futebol têm
resultado de uma abordagem vaga, no que respeita à especificidade do jogo. O presente artigo tem por
objetivo fundamentar conceitualmente a construção de um modelo de avaliação dos comportamentos
táticos de jogadores, com base em princípios táticos fundamentais do jogo. A proposta aqui detalhada
busca evidenciar a essencialidade tática do jogo e estabelecer um vínculo entre a informação proveniente
da avaliação do jogador e suas implicações na transformação positiva do processo de ensino e treino.
Palavras-chave: Futebol. Princípios táticos. Avaliação. Tática. Conhecimento tático processual.
Proposal for tactical assessment of Soccer player’s behaviour, regarding core principles
of the game
Abstract: The tactical procedural knowledge assessment has displayed scarce approach concerning
characteristics of Soccer game, specially, in the teaching context. This paper aims to show a proposal of
tactical behavior evaluation of soccer player which takes account fundamentals tactical principles of Soccer
game. This proposal tries to reflect specificity of the Soccer context and to establish a connection between
the contents of training sections and assessment of the tactical development of players in all formations
stages.
Key Words: Soccer. Tactical Principles. Evaluation. Tactics. Tactical procedural knowledge.
Figura 1. Princípios Táticos Fundamentais do jogo de Futebol em função das fases (A - defensiva e B -
ofensiva) e da gestão do espaço de jogo.
Quadro 2. Categorias, sub-categorias, variáveis latentes e variáveis observadas relacionados aos Princípios
Táticos Fundamentais do Futebol.
Sub- Variáveis
Categorias Variáveis Observadas
categorias Latentes
Condução da bola pelo espaço disponível (com ou sem defensores à frente).
Realização de dribles que colocam a equipe em superioridade numérica em ações de
ataque.
Penetração
Condução de bola em direção à linha de fundo ou ao gol adversário.
Realização de dribles que propiciam condições favoráveis a um passe/assistência para o
companheiro dar seqüência ao jogo.
Disponibilização de linhas de passe ao portador da bola.
Cobertura Apoios próximos ao portador da bola que permitem manter a posse de bola.
Ofensiva Realização de tabelas e/ou triangulações com o portador da bola. Apoios próximos ao
portador da bola que permitem assegurar superioridade numérica ofensiva.
Procura de espaços não ocupados pelos adversários no campo de jogo.
Movimentações de ampliação do espaço de jogo que proporcionam superioridade
numérica no ataque.
Espaço Drible ou condução para trás/linha lateral que permitem diminuir a pressão adversária
Ofensivo sobre a bola.
Movimentações que permitem (re)iniciar o processo ofensivo em zonas distantes daquela
onde ocorreu a recuperação da posse de bola.
Movimentações em profundidade ou em largura, “nas costas” do último defensor em
direção a linha de fundo ou ao gol adversário.
Movimentações em profundidade ou em largura, “nas costas” do último defensor que
visem ganho de espaço ofensivo.
Mobilidade
Movimentações em profundidade ou em largura, “nas costas” do último defensor que
propiciem receber a bola.
Movimentações em profundidade ou em largura, “nas costas” do último defensor que
visem a criação de oportunidades para a sequência ofensiva do jogo.
Avanço da última linha de defesa permitindo que a equipe jogue em bloco.
Saída da última linha de defesa dos setores defensivos e aproximação da mesma à linha
Unidade de meio-campo.
Ofensiva Avanço dos jogadores da defesa propiciando que mais companheiros participem das
Princípios ações no centro de jogo.
Táticos
Marcação ao portador da bola, impedindo a ação de penetração.
Ação de "proteção da bola" que impede o adversário de alcançá-la.
Contenção Realização da "dobra" defensiva ao portador da bola.
Realização de faltas técnicas para conter a progressão da equipe adversária, quando o
sistema defensivo está desorganizado.
Ação de cobertura ao jogador de contenção.
Posicionamento que permite obstruir eventuais linhas de passe para jogadores
adversários.
Cobertura
Marcação de adversário(s) que pode(m) receber a bola em situações vantajosas para o
Defensiva
ataque.
Posicionamento adequado que permite marcar o portador da bola sempre que o jogador
de contenção for driblado.
Movimentações que permitem assegurar estabilidade defensiva.
Movimentação de recuperação defensiva feita por trás da linha da bola.
Equilíbrio
Defensivo Posicionamento que permite obstruir eventuais linhas de passe longo.
Marcação de jogadores adversários que apoiam as ações ofensivas do portador da bola.
Movimentação que propicia reforço defensivo na zona de maior perigo para a equipe.
Marcação de jogadores adversários que buscam aumentar o espaço de jogo ofensivo.
Concentração Movimentações que propiciam aumento do número de jogadores entre a bola e o gol.
Movimentações que condicionam as ações de ataque da equipe adversária para as
extremidades do campo de jogo.
Organização dos posicionamentos defensivos após perda da posse de bola, com o
objetivo de reorganizar as linhas de defesa.
Movimentação dos jogadores, principalmente laterais e extremos, em direção ao corredor
Unidade central quando as ações do jogo são desenvolvidas no lado oposto.
Defensiva Compactação defensiva da equipe na zona do campo de jogo que representa perigo maior
perigo à baliza.
Movimentação dos jogadores que compõem a última linha de defesa de forma a reduzir o
campo de jogo do adversário (utilizando o recurso da lei do impedimento).
Na justa medida que o comportamento dos princípios táticos fundamentais do jogo de Futebol
jogadores se adequada às sucessivas alterações para a avaliação dos comportamentos dos
produzidas no jogo ou no treino, alguns jogadores (WORTHINGTON, 1974; QUEIROZ,
6
indicadores de desempenho também podem ser 1983; CASTELO, 1994). Esse conceito visa
concebidos, na tentativa de ponderar e atender a demanda por um instrumento
7
compreender a eficiência e a eficácia das específico e voltado para o processo de ensino e
respostas em função das exigências da situação. treino do Futebol (GRÉHAIGNE; GODBOUT,
Os indicadores de desempenho para as ações 1998; BLOMQVIST; VÄNTTINEN; LUHTANEN,
táticas características dos princípios táticos 2005). Adicionalmente, a adoção dessa proposta
fundamentais do jogo de Futebol foram descritos também poderá ser útil para complementar outros
e podem ser consultadas no Anexo 1. Estes tipos de avaliações de desempenho de jogadores
indicadores contribuem para a compreensão da que estão focadas nos aspectos técnicos e
eficiência de realização da ação tática, assim fisiológicos (TESSITORE et al., 2006; JONES;
como as informações qualitativas advindas da sua DRUST, 2007; KELLY; DRUST, 2009) ou nos
localização no campo de jogo podem fornecer eventos de jogo (TAYLOR; MELLALIEU; JAMES,
informação adicional sobre a eficiência do 2005; FRENCKEN; LEMMINK, 2009).
comportamento desempenhado pelo jogador (vide Acresce que as categorias e variáveis
Quadro 3). No que refere à eficácia do presentes na proposta aqui apresentada têm
comportamento, dez possibilidades de resultados também por objetivo suprir algumas das
foram organizadas em função das fases de jogo e limitações evidenciadas pela literatura para os
dos seus objetivos e foram apresentadas no instrumentos de avaliação do comportamento
Quadro 3. Essas possibilidades compreendem as tático, nomeadamente: a avaliação integrada do
variáveis observadas em função das suas jogador ao contexto de jogo (BLOMQVIST;
categorias, sub-categorias e variáveis latentes VÄNTTINEN; LUHTANEN, 2005), a consideração
que compõem o instrumento de avaliação do da interação dos oponentes (TENGA et al., 2009),
comportamento tático do jogador de Futebol. a capacidade de avaliação do progresso do
praticante durante vários estágios do período de
Considerações Finais
formação (MEMMERT, 2002) e a conexão com os
O objetivo desse trabalho conflui na proposta
conteúdos ministrados no processo de ensino e
de novas categorias e variáveis baseadas nos
treino (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1998).
6
De acordo com Hughes e Bartlett (2002) um indicador de
7
performance é uma seleção ou combinação de variáveis de Segundo Mesquita (1998) o conceito de eficiência está
ação que objetivam definir alguns ou todos os aspectos da relacionado com a execução do movimento e o conceito de
performance. eficácia com resultado obtido.
vez, esse controle auxilia na obtenção de grandes tendências evolutivas das equipas de
informações para a orientação metodológica do rendimento superior. Lisboa: Faculdade de
processo de ensino e treino, permitindo (i) a Motricidade Humana. 1994.
planificação e a organização do treino com maior
COSTA, I. T. et al. Princípios táticos do jogo de
especificidade atendendo a natureza das tarefas; futebol: conceitos e aplicação. Revista Motriz,
(ii) a regulação da aprendizagem dos Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 657-668, 2009.
comportamentos tático-técnicos de acordo com a
dinâmica das interações dos princípios táticos e o EIGEN, M.; WINKLER, R. O Jogo: as leis
modelo de jogo da equipe; e (iii) a interpretação naturais que regulam o acaso. Lisboa: Gradiva,
1989.
da organização das equipes e das ações que
concorrem para a qualidade do jogo FRENCH, K.; THOMAS, J. The relation of
(GARGANTA, 2001a). Em adição, essa proposta knowledge development to children’s basketball
também pode auxiliar os praticantes no performance. Journal of Sport Psychology,
desenvolvimento dos seus conhecimentos e Nova Iorque, v. 9, p. 15-32, 1987.
comportamentos, aumentando as suas
FRENCKEN, W. G. P.; LEMMINK, K. A. Team
capacidades em reconhecer as situações de jogo kinematics of small-sided soccer games. In:
e ajudando na transferência do seu aprendizado WORLD CONGRESS OF SCIENCE AND
para os contextos que exijam tomada de decisão FOOTBALL, 6., 2009, London. Proceedings...
e execução motora condizentes com os London: Routledge, 2009, p. 167-172.
problemas típicos e atípicos do jogo.
GARGANTA, J. Futebol e ciência. Ciência e
Em síntese, pretende-se que a proposta de Futebol. Lecturas en Educación Física y
inclusão dos dez princípios táticos fundamentais Deportes, Buenos Aires, v. 7, n. 40, 2001a.
do jogo de Futebol, em instrumentos de avaliação Disponível em: <http://www.efdeportes.com>.
Acesso em: 30 jul. 2008
do comportamento tático de jogadores, se afigure
pertinente e útil para ser utilizada no processo de GARGANTA, J. Tactical modelling in soccer: a
ensino e treino Tal pode ser justificado pelo fato critical view. In: WORLD CONGRESS OF
dos seus atributos e contributos terem em conta: NATIONAL ANALYSIS OF SPORT, 4., 2001,
(i) a especificidade da modalidade; (ii) a avaliação Porto. Proceedings... Porto: Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto, 2001b, p. 33-
integrada do jogador ao contexto de jogo; (iii) a
40.
presença do adversário; (iv) a redução da
subjetividade das medidas; (v) a conexão com os GARGANTA, J.; CUNHA E SILVA, P. O jogo de
conteúdos ministrados no treino; e (vi) a avaliação futebol: entre o caos e a regra. Horizonte Revista
do progresso dos jogadores em todas as de Educação Física e Desporto, Lisboa, v. 16, n.
categorias de formação. 91, p. 5-8, 2000.
BARD, C.; FLEURY, M. Analysis of visual search GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Formative
activity during sport problem situation. Journal of assessment in team sports in a tactical approach
Human Movement Studies, Edinburgo, v. 3, p. context. Joperd, Reston, v. 69, n. 1, p. 46-51,
214-222, 1976. 1998.
BLOMQVIST, M.; VÄNTTINEN, T.; LUHTANEN, GRÉHAIGNE, J.; GODBOUT, P.; BOUTHIER, D.
P. Assessment of secondary school students' Performance assesment in team sports. Journal
decision-making and game-play ability in soccer. of Teaching in Physical Education, Champaign,
Physical Education & Sport Pedagogy, v. 16, p. 500-516, 1997.
Londres, v. 10, n. 2, p. 107-119, 2005.
HOLT, N. L.; STREAN, W. B.; BENGOECHEA, E.
BUSCA, B.; RIERA, J. Orientación deportiva hacia G. Expanding the teaching games for
actividades tácticas. Revista de Psicologia del understanding model: new avenues for future
Deporte, Barcelona, v. 8, n. 2, p. 271-276, 1999. research and practice. Journal of Teaching in
Physical Education, Champaign, v. 21, p. 162-
CASTELO, J. Futebol modelo técnico-táctico 176, 2002.
do jogo: identificação e caracterização das
MCPHERSON, S. The development of sport TENGA, A. et al. Developing a new method for
expertise: mapping the tactical domain. Quest, team match performance analysis in professional
Nova Iorque, v. 46, n. 2, p. 223-240, 1994. soccer and testing its reliability. International
Journal of Performance Analysis of Sport,
MEMMERT, D. Diagnostik Taktischer Cardiff, v. 9, p. 8-25, 2009.
Leistungskomponenten: Spieltestsituationen
und Konzeptorientierte Expertenratings. 2002. TEODORESCU, L. Problemas de teoria e
276 f. Tese (Doutorado em Ciências do Esporte) - metodologia nos jogos desportivos. Lisboa:
Universidade de Heidelberg, Alemanha, 2002. Livros Horizontes, 1984.
MEMMERT, D.; HARVEY, S. The game TESSITORE, A. et al. Physiological and technical
performance assessment instrument (GPAI): aspects of "6-a-side" soccer drills. Journal of
some concerns and solutions for further Sports Medicine Physical Fitness, Torino, v. 46,
development. Journal of Teaching in Physical p. 36-43, 2006.
Education, Champaign, v. 27, n. 2, p. 220-240,
2008.
Endereço:
Israel Teoldo da Costa
DEF-Universidade Federal de Viçosa
Av. PH Rolfs, s/n - Campus Universitário
Viçosa MG Brasil
36570-000
Telefone: (031) 3899.4394
Fax: (31) 3899.2249
e-mail: israel.teoldo@ufv.br
Anexo 1: continuação
Mobilidade (cont.)
Mal sucedida (-)
a-Quando a movimentação do jogador não cria ao portador da bola a possibilidade de passe em profundidade para um colega em
ações de ruptura em relação à última linha de defesa adversária.
b-Quando a movimentação do jogador o coloca em situação de impedimento.
Unidade Ofensiva
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Aproximar a equipe ao CJ / b-Participar na ação subsequente / c-Contribuir p/ações ofensivas atrás da linha da bola / d-Auxiliar a
equipe avançar ao MCO.
Mal sucedida (-)
a-Não aproximar a equipe ao CJ / b-Não participar na ação subsequente / c-Não contribuir p/ações ofensivas atrás da linha da bola / d-
Não auxiliar a equipe avançar ao MCO.
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a-Quando a movimentação do jogador permite que outros companheiros participem das ações da equipe ou se aproximem do centro
de jogo.
b- Quando a movimentação do jogador lhe faculta a possibilidade de participar de uma ação ofensiva/defensiva subsequente.
c- Quando a movimentação do jogador contribui para a realização de ações ofensivas da equipe atrás da linha da bola.
d- Quando a movimentação do jogador auxilia no avanço da equipe para o meio campo ofensivo.
Mal sucedida (-)
a-Quando a movimentação do jogador não permite que outros companheiros participem das ações da equipe ou se aproximem do
centro de jogo.
b-Quando a movimentação do jogador não lhe faculta a possibilidade participar de uma ação ofensiva/defensiva subsequente.
c- Quando a movimentação do jogador não contribui para a realização de ações ofensivas da equipe atrás da linha da bola.
d- Quando a movimentação do jogador não auxilia no avanço da equipe para o meio campo ofensivo.
Contenção
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Impedir o remate / b-Impedir progressão / c-Retardar ação oponente / d-Direcionar o portador da bola p/ zonas menor risco.
Mal sucedida (-)
a-Não impedir o remate / b-Não impedir progressão / c-Não retarda a ação oponente / d-Não direcionar o portador da bola p/zonas
menor risco.
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a-Quando a movimentação/oposição do jogador impede que o portador da bola remate à baliza.
b-Quando a movimentação do jogador impede que o portador da bola progrida em direção à baliza.
c-Quando a movimentação do jogador retarda a ação ofensiva adversária, permitindo que a sua equipe se organize defensivamente.
d-Quando a movimentação do jogador direciona o portador da bola para zonas de menor risco.
Mal sucedida (-)
a-Quando a movimentação/oposição do jogador não permite impedir o remate do portador da bola à baliza.
b- Quando a movimentação/oposição do jogador não permite conter a progressão do portador da bola em direção à baliza.
c- Quando a movimentação do jogador não permite retardar a ação ofensiva adversária, não permitindo que a sua equipe se organize
defensivamente.
d- Quando a movimentação do jogador não permite direcionar o portador da bola para zonas de menor risco.
Cobertura Defensiva
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Posicionar entre o jogador de contenção e a baliza / b-Possibilitar 2ª contenção / c-Obstruir linhas de passe.
Mal sucedida (-)
a-Não posicionar entre o jogador de contenção e a baliza / b-Não possibilitar 2ª contenção / c-Não obstruir linhas de passe.
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a- Quando a movimentação do jogador permite um posicionamento entre o jogador que realiza a contenção e a baliza, na metade mais
ofensiva do centro de jogo.
b- Quando a movimentação do jogador permite que ele constitua um novo obstáculo ao portador da bola, caso o jogador que realiza a
contenção seja driblado.
c- Quando a movimentação do jogador permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário.
Mal sucedida (-)
a- Quando a movimentação do jogador não permite um posicionamento entre o jogador que realiza a contenção e a baliza, na metade
mais ofensiva do centro de jogo.
b- Quando a movimentação do jogador não permite que ele constitua um novo obstáculo ao portador da bola, caso o jogador que
realiza a contenção seja driblado.
c- Quando a movimentação do jogador não permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário.
Equilíbrio
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Estabilizar zonas laterais CJ / b-Obstruir linhas de passe / c-Estabilizar M-OCJ / d-Interferir no portador M-OCJ / e-Obstruir linhas de
passe.
Mal sucedida (-)
a-Não estabilizar zonas laterais CJ / b-Não obstruir linhas de passe / c-Não estabilizar M-OCJ / d-Não interferir portador M-OCJ / e-Não
obstruir linhas de passe.
Anexo 1: continuação
Equilíbrio (cont.)
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a-Quando a movimentação do jogador permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição nas zonas laterais em relação ao
centro de jogo(através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe), impedindo a
progressão ofensiva adversária.
b-Quando a movimentação do jogador permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário localizado
nas zonas laterais ao centro de jogo.
c-Quando a movimentação do jogador permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição na metade menos ofensiva do
centro de jogo, através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe.
d-Quando a movimentação de recuperação defensiva do jogador (metade menos ofensiva do centro de jogo) interfere na ação do
portador da bola criando dificuldades para a sequência ofensiva adversária ou facilitando a recuperação da bola por parte da sua
equipe.
e-Quando a movimentação do jogador permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário dentro da
metade menos ofensiva do centro de jogo.
Mal sucedida (-)
a-Quando a movimentação do jogador não permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição nas zonas laterais em relação
ao centro de jogo (através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe), impedindo a
progressão ofensiva adversária.
b- Quando a movimentação do jogador não permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário
localizado nas zonas laterais ao centro de jogo.
c-Quando a movimentação do jogador não permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição na metade menos ofensiva do
centro de jogo, através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe.
d- Quando a movimentação de recuperação defensiva do jogador na metade menos ofensiva do centro de jogo não interfere na ação
do portador da bola, dificultando a recuperação da bola por parte da sua equipe.
e- Quando a movimentação do jogador não permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário
dentro da metade menos ofensiva do centro de jogo.
Concentração
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Diminuir profundidade adversária / b-Direcionar o jogo adversário p/ zonas de menor risco.
Mal sucedida (-)
a-Não diminuir profundidade adversária / b-Não direcionar o jogo adversário p/ zonas de menor risco.
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a- Quando a movimentação do jogador auxilia a equipe a diminuir a amplitude ofensiva adversária (ou espaço de jogo efetivo
adversário) na sua profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador auxilia a equipe a direcionar o jogo adversário para zonas do campo de jogo que representam
menor perigo à baliza.
Mal sucedida (-)
a- Quando a movimentação do jogador não auxilia a equipe a diminuir a amplitude ofensiva adversária (ou espaço de jogo efetivo
adversário) na sua profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador não auxilia a equipe a direcionar o jogo adversário para zonas do campo de jogo que
representam menor perigo à baliza.
Unidade Defensiva
Indicadores de Desempenho
Bem sucedida (+)
a-Diminuir amplitude adversária / b-(Re)equilibrar a organização defensiva / c-Contribuir p/ações defensivas atrás da linha da bola / d-
Aproximar a equipe ao CJ / e-Participar ação subsequente.
Mal sucedida (-)
a-Não diminuir amplitude adversária / b-Não (re)equilibrar a organização defensiva / c-Não contribuir p/ações defensivas atrás da linha
da bola / d-Não aproximar a equipe ao CJ e-Não participar ação subsequente.
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a- Quando a movimentação do jogador promove a diminuição da amplitude ofensiva adversária na sua largura e/ou profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador permite equilibrar ou reequilibrar constantemente a repartição de forças da organização
defensiva consoante às situações momentâneas de jogo (setor subsequente à metade mais ofensiva do centro de jogo).
c- Quando a movimentação do jogador contribui para a realização de ações defensivas da equipe atrás da linha da bola (através da
marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe).
d- Quando a movimentação do jogador propicia que outro jogador de defesa participe das ações no centro de jogo.
e- Quando a movimentação do jogador lhe faculta a possibilidade de participar de uma ação defensiva/ofensiva subsequente.
Mal sucedida (-)
a- Quando a movimentação do jogador não promove a diminuição da amplitude ofensiva adversária na sua largura e/ou profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador não permite equilibrar ou reequilibrar constantemente a repartição de forças da organização
defensiva consoante às situações momentâneas de jogo (setor subsequente à metade mais ofensiva do centro de jogo).
c- Quando a movimentação do jogador não contribui para a realização de ações defensivas da equipe atrás da linha da bola (através da
marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe).
d- Quando a movimentação do jogador não propicia que outro jogador de defesa participe nas ações que ocorrem no centro de jogo.
e- Quando a movimentação do jogador não lhe faculta a possibilidade participar de uma ação defensiva/ofensiva subsequente.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi aplicar e avaliar a eficácia de uma sistematização de ensino do futebol
centrada no uso de jogos sobre o conhecimento tático processual de jovens jogadores. Participaram 16
voluntários alunos de uma escola de futebol vinculada a um clube de futebol profissional do interior do
estado de São Paulo – Brasil. Para tal, os voluntários foram submetidos a 37 aulas organizadas em três
diferentes módulos, com conteúdos específicos. A análise quanto à evolução do aprendizado dos
participantes foi baseada no sistema de avaliação tática denominado FUT-SAT. Este instrumento considera a
ação tática realizada, a localização da ocorrência, assim como seu resultado prático, gerando um Índice de
Performance Tática (IPT) e um Número de Ações Táticas (NAT) para cada jogador analisado. Para avaliar e
comparar o desenvolvimento do aprendizado tático dos participantes foram realizadas quatro avaliações, uma
pré-intervenção (1ª), uma pós-intervenção (4ª) e duas intermediárias (2ª e 3ª). A 2ª e a 3ª avaliações foram
realizadas após a última aula do Módulo 1 e 2 respectivamente. Ao comparar os valores médios dos IPTs
ofensivos, defensivos e do jogo obtidos na 1ª avaliação, nomeada pré-intervenção, com os valores da 4ª
avaliação, ou pós-intervenção, observou-se um aumento significante (p ≤ 0,05). Face ao exposto, a
sistematização de ensino proposta neste estudo oportunizou um desenvolvimento significante na
aprendizagem tática dos jogadores participantes.
Palavras-chaves: Métodos de ensino, Aprendizagem tática, Futebol, Jogos Esportivos Coletivos, Pedagogia do
esporte.
ABSTRACT
The aim of this study was to implement and evaluate a based on games teaching systematization of soccer for
young players. The study was realized at a soccer school of a professional soccer club cited in São Paulo state
- Brazil. It has 16 volunteers, who underwent 37 lessons organized into three different modules, with specific
content. The analysis regarding the evolution of the participant’s learning was based on tactical assessment
system called FUT-SAT. This instrument considers the tactical action performed, the location of the occur-
rence, as well as its practical outcome, generating a Tactical Performance Index (IPT), and a number of Tacti-
cal Actions (NAT) for each player analyzed. To evaluate and compare the development of tactical learning of
the participants, four tests were performed, one as a control function, during the first class, and the other
three during the last class of each teaching module. Comparing the mean values of the offensive, defensive
and game IPT obtained in 1th recording, named pre -intervention, with the values of the 4th recording, or
post-intervention, there was a significant increase (p ≤ 0.05). From the data obtained, the systematization of
teaching proposed in this study provided an opportunity significant positive development in learning tactical
players involved.
Keywords: Teaching methods, learning tactics, Soccer, Sports Games Collective, Pedagogy of the sport
total dos 16 jogadores nas quatro avaliações, avaliação com a 4ª avaliação (p<0,001).
descritos na Tabela 2. Porém, na comparação da 2ª avaliação com a 3ª
Ao comparar o Número de Ações Táticas da avaliação (p=0,64), 2ª avaliação com a 4ª
fase ofensiva coletadas na 1ª avaliação com os avaliação (p=0,12) e 3ª avaliação com a 4ª
resultados da 2ª avaliação observou-se um avaliação (p=0,70) não se verificou diferenças
aumento significante (p<0,001). O mesmo significantes para a variável Número de Ações
ocorre quando comparados os índices da 1ª Táticas.
avaliação com a 3ª avaliação (p<0,001) e da 1ª
Tabela 2
Números de Ações Táticas relativos aos princípios táticos obtidos a partir do FUT-SAT nas quatro avaliações
coletadas.
Princípios Táticos 1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação 4ª Avaliação
Penetração 32 58 69 75
Cobertura Ofensiva 43 60 78 62
Mobilidade 30 44 20 21
Espaço 48 65 85 69
Unidade Ofensiva 15 24 23 70
Fase Ofensiva (FO) 168a,bc 251 275 297
Contenção 53 60 67 60
Cobertura Defensiva 6 14 21 21
Equilíbrio 32 50 58 48
Concentração 13 23 30 28
Unidade Defensiva 59 96 85 85
Fase Defensiva (FD) 163d,e,f 243 261 242
Jogo (J) 331g,h,i 494 536 539
FO = a1ª Avaliação x 2ª Avaliação – p = .001; b1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p = .0001; c1ª Avaliação x 4ª Avaliação – p =
.0001.
FD = d1ª Avaliação x 2ª Avaliação – p = .001; e1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p = .0001; f1ª Avaliação x 4ª Avaliação – p =
.001.
J = g1ª Avaliação x 2ª Avaliação – p = .0001; h1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p = .0001; i1ª Avaliação x 4ª Avaliação – p =
.0001.
Tabela 3
Média e desvio padrão dos Índices de Performance Tática (IPT) relativos aos princípios táticos obtidos a partir
do FUT-SAT nas quatro avaliações coletadas.
Princípios Táticos 1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação 4ª Avaliação
Penetração 4.58±3.17 6.94±3.78 9.27±4.83 11.33±5.12
Cobertura Ofensiva 5.30±3.03 6.37±4.48 9.50±3.51 7.86±4.11
Mobilidade 3.57±3.54 4.78±4.17 2.39±2.42 3.36±3.50
Espaço 4.99±3.13 6.36±3.43 9.51±5.18 10.48±5.59
Unidade Ofensiva 2.59±2.75 3.62±2.96 2.93±2.94 9.49±5.13
Fase Ofensiva (FO) 4.21±0.99 a.b 5.61±1.56 c 6.72±1.89 d 8.51±1.99
Contenção 4.48±3.00 6.66±3.92 7.60±3.57 8.02±5.07
Cobertura Defensiva 0.55±1.13 1.72±1.88 2.57±2.47 2.95±2.58
Equilíbrio 1.98±2.29 3.65±1.81 6.26±3.09 6.70±3.32
Concentração 0.82±1.04 2.71±2.57 3.58±2.05 3.59±2.56
Unidade Defensiva 5.31±2.19 7.93±4.33 9.01±6.20 12.30±7.90
Fase Defensiva (FD) 2.63±0.63 e.f.g 4.53±1.03 h.i 5.80±0.97 j 6.71±1.21
Jogo (J) 3.36±0.50 k.l.m 5.07±0.67 n.o 6.26±0.88 q 7.61±0.54
FO = a 1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p=0,0001; b 1ª Avaliação x 4ª Avaliação – p=0,0001; c 2ª Avaliação x 4ª Avaliação –
p=0,0001; d 3ª Avaliação x 4ª Avaliação – p=0,017.
FD = e 1ª Avaliação x 2ª Avaliação – p=0,0001; f 1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p=0,0001; g 1ª Avaliação x 4ª Avaliação –
p=0,0001; h 2ª Avaliação x 3ª Avaliação – p=0,003; i 2ª Avaliação x 4ª Avaliação – p=0,0001; j 3ª Avaliação x 4ª Avaliação –
p=0,05.
J = k 1ª Avaliação x 2ª Avaliação – p=0,0001; l 1ª Avaliação x 3ª Avaliação – p=0,0001; m 1ª Avaliação x 4ª Avaliação –
p=0,0001; n 2ª Avaliação x 3ª Avaliação – p=0,0001; o 2ª Avaliação x 4ª Avaliação – p=0,0001; q 3ª Avaliação x 4ª Avaliação
– p=0,0001.
124 | RL Thomaz de Aquino, RR Marques, LG Gonçalves, LP Vieira, BS Bedo, C de Moraes, RP Menezes, PR
Santiago, EF Puggina
do CTP em três vertentes: 1) contribuir para a Costa, I. T., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., &
orientação de professores e instrutores que Maia, J. (2011). Sistema de avaliação táctica no
Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e vali-
trabalham com o ensino do futebol em dação preliminar. Motricidade, 7(1), 69–84.
ambiente prático; 2) proposição de dados de http://doi.org/10.6063/motricidade.7(1).121
referência para outros estudos com esta Costa, I. T., Garganta, J., Grego, P. J., Mesquita, I., &
Muller, E. (2011). Relação entre a dimensão do
temática; 3) fornecer aportes teóricos sobre a
campo de jogo e os comportamentos táticos do
eficácia de abordagens de ensino centradas na jogador de futebol. Revista Brasileira de Edu-
utilização do jogo sobre o CTP nos JEC. cação Física e Esporte, 25(1), 79–96.
Faz-se importante a continuidade de http://doi.org/10.1590/S1807-
55092011000100009
estudos sobre a aplicação dos diferentes Daolio, J., & Marques, R. F. R. (2003). Relato de
métodos de EAT de JEC. Outras intervenções uma experiência com o ensino de futsal para
que envolvam diferentes faixas etárias, com crianças de 9 a 12 anos. Motriz, 9(3), 169–174.
Dietrich, K., Dürrwächter, G., & Schaller, H. (1984).
maior número de sessões de treino, diferentes
Os grandes jogos: Metodologia e pratica. Rio
distribuições de métodos e módulos de ensino de Janeiro: Ao livro tecnico S/A.
podem ser realizadas de modo a também Garganta, J. (1997). Modelação táctica do jogo de
contribuir com a busca por maiores futebol: Estudo da organização da fase ofensiva
em equipas de alto rendimento (Doutoramento
conhecimentos e aprofundamentos sobre esta
em Ciências Desporto). Faculdade de Ciências
temática. do Desporto e de Educação Física da Universi-
dade do Porto, Porto, Portugal.
Garganta, J. (1998). Para uma teoria dos jogos des-
portivos colectivos. Em A. Graça & J. Oliveira
Agradecimentos: (Eds.), O ensino dos jogos desportivos (3a ed.,
Ao Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto-Brasil. pp. 11–25). Porto: Universidade do Porto.
Ao Eduardo Valgôde pelo fornecimento do software Garganta, J. (2000). O treino da táctica e da estraté-
Soccer Analyser. gia nos jogos desportivos. Em J. Garganta
(Ed.), Horizontes e órbitas no treino dos jogos
desportivos (pp. 51–61). Porto: Converge Artes
Gráficas.
Conflito de Interesses: Garganta, J., & Pinto, J. (1998). O ensino do futebol.
Nada a declarar. Em A. Graça & J. Oliveira (Eds.), O ensino dos
jogos desportivos (3a ed., pp. 95–135). Porto:
Universidade do Porto.
Giacomini, D. S. (2007). Conhecimento tático decla-
rativo e processual no futebol: estudo compa-
Financiamento:
rativo entre jogadores de diferentes categorias
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cien-
e posições (Mestrado). Escola de Educação Fí-
tífica da Universidade de São Paulo – Modalidade
sica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Uni-
Santander .
versidade Federal de Minas Gerais, Minas Ge-
rais.
Graça, A., & Mesquita, I. (2007). A investigação
sobre os modelos de ensino dos jogos despor-
REFERÊNCIAS tivos. Revista Portuguesa de Ciências do Des-
Bayer, C. (1994). O ensino dos desportos colectivos. porto, 7(3), 401–421.
Lisboa: Dinalivro. Gray, S., & Sproule, J. (2011). Developing pupils’
Clemente, F. M., & Rocha, R. F. (2013). Teaching performance in team invasion games. Physical
and soccer training: an approuch throught a Education and Sport Pedagogy, 16(1), 15–32.
tactical perspective. Journal of Physical Educa- http://doi.org/10.1080/17408980903535792
tion and Sport, 13(1), 14–18. Greco, P. J. (1995). O ensino do comportamento
http://doi.org/10.7752/jpes.2013.01003. tático nos jogos esportivos coletivos: aplicação
Costa, I. T., Garganta, J., Greco, P. J., & Mesquita, I. no handebol (Doutoramento). Faculdade de
(2009). Avaliação do desempenho tático no fu- Educação, Universidade Estadual de Campinas,
tebol: concepção e desenvolvimento da grelha Campinas.
de observação do teste «GR3-3GR». Revista
Mineira de Educação Física, 17(2), 36–64.
128 | RL Thomaz de Aquino, RR Marques, LG Gonçalves, LP Vieira, BS Bedo, C de Moraes, RP Menezes, PR
Santiago, EF Puggina
Greco, P. J. (2001). Métodos de ensino- Morales, J. C. P., & Greco, P. J. (2007). A influência
aprendizagem-treinamento nos jogos esporti- de diferentes metodologias de ensino-
vos coletivos. Em E. S. Garcia & Lemos (Eds.), aprendizagem-treinamento no basquetebol so-
Temas atuais VI em educação física e esportes bre o nível de conhecimento tático processual.
(pp. 48–72). Belo Horizonte: Saúde, LDA. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,
Greco, P. J., & Benda, R. N. (1998). Iniciação espor- 21(4), 291–299.
tiva universal. Belo Horizonte: Universidade http://doi.org/10.1590/S1807-
Federal de Minas Gerais. 55092007000400004
Landis, J. R., & Koch, G. G. (1977). The Measure- Pinho, S. T. de, Alves, D. M., Greco, P. J., & Schild,
ment of Observer Agreement for Categorical J. F. G. (2010). Method situacional and its in-
Data. Biometrics, 33(1), 159–174. fluence in the procedural tactical pertaining to
http://doi.org/10.2307/2529310 school knowledge. Motriz, 16(3), 580–590.
Leitão, R. A. A. (2009). O jogo de futebol: investiga- http://doi.org/10.5016/1980-
ção de sua estrutura, de seus modelos e da in- 6574.2010v16n3p580
teligência de jogo, do ponto de vista da com- Reverdito, R. S., & Scaglia, A. (2009). Pedagogia do
plexidade (Doutoramento). Faculdade de Edu- esporte: jogos coletivos de invasão. São Paulo:
cação Física, Universidade Estadual de Campi- Phorte Editora.
nas, Campinas. Robinson, G., & O’Donoghue, P. (2007). A
Leonardo, L., Scaglia, A. J., & Reverdito, R. S. weighted kappa statistic for reliability testing
(2009). The Teaching of Collective Sports: in performance analysis of sport. International
Methodology Based on the Family of Games. Journal of Performance Analysis in Sport, 7(1),
Motriz, 15(2), 236–246. 12–19.
Lima, C. O. V., Martins-Costa, H. C., & Greco, P. J. Rufino, L. G. B., & Darido, S. C. (2011). A produção
(2011). Relação entre o processo de ensino- científica em pedagogia do esporte: análises de
aprendizagem-treinamento e o desenvolvimen- alguns periódicos científicos. Conexões, 9(2),
to do conhecimento tático no voleibol. Revisa 110–132.
Brasileira de Educação Física e Esporte, 25(2), Sadi, R. S., Costa, J. C., & Sacco, B. T. (2008). Ensi-
251–261. no de esportes por meio de jogos: desenvolvi-
Matias, C. J. A. da S., & Greco, P. J. (2010). Cogni- mento e aplicações. Pensar a Prática, 11(1),
ção e ação nos jogos esportivos coletivos. Ciên- 17–26. http://doi.org/10.5216/rpp.v11i1.1298
cias e Cognição, 15(1), 252–271. Silva, M. V., & Greco, P. J. (2009). The effects of
Mesquita, I. (2013). Perspectiva construtivista da different teaching-learning-training strategies
aprendizagem no ensino do jogo. Em J. V. Nas- on development of tactical intelligence and
cimento, V. Ramos, & F. Tavares (Eds.), Jogos creativity in futsal players. Revista Brasileira de
Desportivos: formação e investigação (pp. 103– Educação Física e Esporte, 23(3), 297–307.
132). Florianópolis: Universidade do Estado de http://doi.org/10.1590/S1807-
Santa Catarina. 55092009000300010
Mesquita, I., Pereira, F. R. M., & Graça, A. B. dos S. Tabachnick, B. G., & Fidell, L. S. (2001). Using
(2009). Teaching game models: research and Multivariate Statistics (5th ed.). New York:
outcomes for the practice domain. Motriz, Harper & Row.
15(4), 944–954.
Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, exceto
quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.
ARTIGO
RESUMO
A avaliação do desempenho de jogadores vem sendo tema de
um número crescente de pesquisas no domínio dos jogos desportivos.
Contudo, os comportamentos táticos têm sido parca e superficialmente
abordados na maioria das pesquisas que descrevem e avaliam o
desempenho dos jogadores. Nesse sentido, os especialistas têm
procurado desenvolver instrumentos que permitam descrever os
acontecimentos mais importantes de uma partida e, paralelamente,
avaliar os comportamentos dos jogadores e das equipes.
Especificamente no contexto do futebol, a dificuldade em criar um
instrumento com tais características decorre do número e do tipo de
variáveis que interagem durante uma partida. No presente artigo,
pretendeu-se dar conta da forma como foi concebida e desenvolvida a
grelha de observação para um instrumento de avaliação do desempenho
tático, o teste GR3-3GR, o qual possibilita avaliar ações táticas
desempenhadas por cada jogador, com e sem bola, de acordo com
dez princípios táticos fundamentais do jogo de futebol, tendo em conta
a localização da ação no campo de jogo e o seu resultado final.
Palavras-chave: futebol, tática, avaliação, desempenho, princípios
táticos.
1
O espaço de jogo efetivo é a superfície poligonal que abarca a disposição de todos os
jogadores das duas equipes, tendo em conta os jogadores que se encontram nas partes mais
exteriores do seu conjunto, não incluindo os goleiros (GRÉHAIGNE et al., 2001)
2
O centro de organização de uma equipe é conhecido a partir de todas as movimentações de
avanço e recuo realizadas pelos jogadores no campo de jogo (FRENCKEN; LEMMINK, 2009).
continua...
Equilíbrio
Referências Espaciais
Movimentações de estabilidade na relação de oposição realizadas:
-Na(s) zona(s) lateral(is) à zona de localização da metade mais ofensiva do centro de jogo, delimitada pela linha da bola e o setor
subsequente;
-Na metade menos ofensiva do centro de jogo.
Ações Táticas
Movimentações que permitem assegurar estabilidade defensiva.
Movimentação de recuperação defensiva feita por trás do portador da bola.
Posicionamento que permite obstruir eventuais linhas de passe longo.
Marcação de jogadores adversários que apoiam as ações ofensivas do portador da bola.
Indicadores de Performance
Bem sucedida (+)
a-Estabilizar zonas laterais CJ / b-Obstruir linhas de passe / c-Estabilizar M-OCJ / d-Interferir no portador M-OCJ / e-Obstruir linhas de
passe
Mal sucedida (-)
a-Não estabilizar zonas laterais CJ / b-Não obstruir linhas de passe / c-Não estabilizar M-OCJ / d-Não interferir portador M-OCJ / e-Não
obstruir linhas de passe
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a-Quando a movimentação do jogador permite criar estabilidade defensiva nas zonas laterais ao centro do jogo (através da marcação de
adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe), impedindo a progressão ofensiva adversária.
b-Quando a movimentação do jogador permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário localizado nas
zonas laterais ao centro de jogo.
c-Quando a movimentação do jogador permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição na metade menos ofensiva do centro
do jogo (através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe).
d-Quando a movimentação de recuperação defensiva do jogador (metade menos ofensiva do centro de jogo) interfere na ação do portador
da bola (criando dificuldades para a sequência ofensiva adversária ou facilitando a recuperação da bola por parte da sua equipe).
e-Quando a movimentação do jogador permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário dentro da
metade menos ofensiva do centro de jogo.
Mal sucedida (-)
a-Quando a movimentação do jogador não permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição nas zonas laterais ao centro do
jogo (através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe), impedindo a progressão ofensiva
adversária.
b- Quando a movimentação do jogador não permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário
localizado nas zonas laterais ao centro de jogo.
c-Quando a movimentação do jogador não permite criar estabilidade defensiva nas relações de oposição na metade menos ofensiva do
centro do jogo (através da marcação de adversários que podem receber a bola ou da obstrução de linhas de passe).
d- Quando a movimentação de recuperação defensiva do jogador (metade menos ofensiva do centro de jogo) não interfere na ação do
portador da bola (dificultando a recuperação da bola por parte da sua equipe).
e- Quando a movimentação do jogador não permite obstruir ou interceptar linhas de passe do portador da bola a outro adversário dentro da
metade menos ofensiva do centro de jogo.
Concentração
Referências Espaciais
Movimentações de reforço defensivo na zona do campo onde se encontra a metade mais ofensiva do centro do jogo.
Ações Táticas
Movimentação que propicia reforço defensivo na zona de maior perigo para a equipe.
Marcação de jogadores adversários que buscam aumentar o espaço de jogo ofensivo.
Movimentações que propiciam aumento do número de jogadores entre a bola e o gol.
Movimentações que condicionam as ações de ataque da equipe adversária para as extremidades do campo de jogo
Indicadores de Performance
Bem sucedida (+)
a-Diminuir profundidade adversária / b-Direcionar zonas de menor risco
Mal sucedida (-)
a-Não diminuir profundidade adversária / b-Não direcionar zonas de menor risco
Descrição dos Indicadores
Bem sucedida (+)
a- Quando a movimentação do jogador auxilia a equipe a diminuir a amplitude ofensiva adversária (ou EJE adversário) na sua
profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador auxilia a equipe a direcionar as ações ofensivas adversárias ou o portador da bola para zonas do
campo de jogo que representam menor perigo à baliza.
Mal sucedida (-)
a- Quando a movimentação do jogador não auxilia a equipe a diminuir a amplitude ofensiva adversária (ou EJE adversário) na sua
profundidade.
b- Quando a movimentação do jogador não auxilia a equipe a direcionar as ações ofensivas adversárias ou o portador da bola para zonas
do campo de jogo que representam menor perigo à baliza.
continua...
Observadores
1 2 3
Padrão Ouro15 dias 0,95(0,01) 0,89(0,01) 0,86(0,01)
Padrão Ouro 30 dias 0,83(0,01) 0,85(0,01) 0,78(0,02)
Considerações finais
ABSTRACT
Abstract: Soccer evolution is carried out through more and more appropriate teaching and
training practice. Soccer game is something built by humans and, therefore, dependent on
concrete cultural values. From this point of view it is feasible to set out two congruent
intentions: to teach Soccer with the purpose to improve cultural and educative values; to
teach it with the aim of improving game performance. This essay provides information about
the technical and tactical features that are essential for teaching, learning and training Soccer.
41
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
To accomplish this goal, many articles with international impact defined by the Qualis/Capes
were revised. The teaching, learning and training processes mentioned in this article take into
account the player’s experiences, motivation, biologic maturation and, mainly, cognition
constraints at the early stages of practice. Furthermore, it is presumed that during the
different steps of evolution, the awareness and skills of the game player’s develop according
to the acquired experiences, contributing to the improvement of the tactical and technical
Soccer skills.
INTRODUÇÃO
Com uma popularidade cada vez maior, o Futebol promove o envolvimento direto e indireto de pessoas de todas as idades,
sexos e classes sociais, suscitando práticas culturais, mobilizando recursos financeiros e a mídia. No que respeita aspectos
institucionais e de desenvolvimento do esporte, observa-se que o Futebol possibilita o estabelecimento de estreitas relações
com vários setores da organização social, como a indústria, o comércio, o turismo, as políticas públicas, os setores de
organização e promoção de esportes em diferentes locais e com diferentes níveis de rendimento (clubes, federações, comitê
olímpico nacional e internacional órgãos municipais, estaduais, regionais e federais).
No âmbito do ensino, as metodologias e o conhecimento científico, paradoxalmente ao crescimento do interesse da
sociedade por este esporte, não apresentaram um avanço que suportasse toda a gama de possibilidade das práticas. Uma
explicação para a escassez de estudos e conhecimentos foi levantada por Garganta e Pinto (1998) que apontaram como
possível causa a resistência de muitas pessoas envolvidas no Futebol em receber e produzir novos conhecimentos, partindo do
pressuposto que no Futebol tudo já foi inventado.
Porém, no âmbito metodológico do treino o Futebol ainda necessita evoluir para promover um jogo ainda mais dinâmico e
espetacular. Nesse sentido, a respectiva evolução passa, inevitavelmente, por uma melhoria no processo pedagógico de ensino
dos aspectos técnico-táticos do jogo, que no ponto de vista aqui defendido, deve ser concebido sobre duas vertentes que se
complementam: ensiná-lo com o objetivo de transmitir valores culturais e educativos, e paralelamente ensiná-lo com o
propósito de provocar melhorias no desempenho. A primeira tem a ver com a intenção do professor em transmitir aos seus
alunos, através do ensino do Futebol, aspectos culturais relacionados com o tema, como origem e desenvolvimento do jogo e,
na sua prática, os valores educativos como respeito ao colega, espírito esportivo, solidariedade, cooperação, autonomia,
conhecimento das limitações, etc. Neste contexto, as atividades desenvolvidas objetivam educar e motivar para a prática.
Paralelamente, tem-se como objetivo, apresentar ao aluno desafios que gradativamente o capacitem a superar obstáculos e a
enfrentar as dificuldades – não só na prática, bem como nas situações que a própria vida apresenta. O Futebol nesta visão se
desenvolve a partir da coordenação de vontades, dos saberes, das destrezas, das estratégias, do poder de decisão e das
habilidades táticas e técnicas, na utilização dos materiais esportivos específicos e apropriados para cada faixa etária com os
quais lida na ocupação do tempo e do lugar. Esta face reúne nos seus objetivos o ensino do jogo de uma forma global, onde
todos os alunos terão acesso às informações importantes para o seu desenvolvimento, de forma a motivá-los para o
aprendizado e para uma prática sem discriminação.
A segunda concepção que se integra gradativamente no processo educativo se desenvolve na visão de um ensino do jogo
com a intenção deliberada de propiciar ao praticante o desenvolvimento do seu potencial técnico-tático, integrando-o com os
aspectos físicos e/ou psicológicos. Esta visão de ensino busca identificar os problemas mais pertinentes presentes no jogo
elementar e os indicadores de qualidade do jogo de elevado nível, para, a partir dessas informações, sistematizar os conteúdos
42
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
de ensino, definir os objetivos e selecionar os exercícios para concretizar as fases de ensino e treino. Nesse contexto, o
praticante, já considerado um atleta, irá participar de sessões de treino que lhe propiciem a promoção de maneira sistemática e
graduada de melhores desempenhos técnicos e táticos, melhor resposta física e maior compreensão e entendimento tático-
estratégico do jogo.
Perante a análise das tendências do jogo em apresentar diferentes características que solicitam dos jogadores a
interiorização de diferentes atitudes e comportamentos, considerando que no futebol atual é necessário prever a utilização de
diferentes comportamentos tanto individuais quanto coletivos para a solução de problemas técnico-táticos - este artigo tem
como principal objetivo apresentar subsídios a propósito da importância dos aspectos táticos e técnicos para o desempenho no
esporte, assim como identificar pontos importantes para o processo de ensino-aprendizagem e treinamento dos
comportamentos técnico e tático no Futebol, especialmente para crianças e jovens. A concepção teórico-pedagógica que
sustenta a proposta deste trabalho baseia-se nas duas vertentes já citadas: ensiná-lo com o objetivo de transmitir valores
culturais e educativos, e paralelamente ensiná-lo com o propósito de provocar melhorias de desempenho técnico-tático nos
praticantes.
43
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
constantemente ao longo do tempo. Portanto, as ações dos participantes necessitam ser continuamente geradas, recriadas e
reconstruídas através da auto-organização e interação existente entre os diferentes agentes; ou seja, é um processo que está
dependente da componente situacional (GRECO, 1998; JÚLIO; ARAÚJO, 2005; ALVES, 2007). Certamente fatores como
alternância da atenção e desenvolvimento da capacidade de antecipação se constituem em aspectos fundamentais para a
correta tomada de decisão, o que pressupõe que atividades com essas exigências estejam presentes no processo de ensino-
aprendizagem e treinamento
Cientificamente, a expressão popular “caixinha de surpresas” utilizada pelos torcedores para mencionar a imprevisibilidade
do jogo de Futebol, pode ser explicada pelo fato do jogo de Futebol se desenvolver em um meio ambiente em que prevalece
uma relação aberta. Isto é, a ação de um jogador é consequência da interação de capacidades perceptivas, processuais, táticas,
técnicas, físicas, psicológicas e de tomada de decisão, que coordenadas juntamente com todas as ações de outros jogadores da
equipe possibilitará recuperar, conservar e mover a bola para atingir o objetivo do jogo, o gol.
O êxito da ação no jogo depende, em grande escala, da qualidade e da precisão com que o participante relaciona os
diferentes intervenientes com as distintas intenções táticas necessárias considerando a atuação dos participantes, das
características próprias do momento do confronto competitivo, do nível de conhecimento e de experiências similares vividas
até o momento da ação (GARGANTA, 1997; GRECO, 1998; BUSCÀ; RIERA, 1999; GARGANTA, 2006).
Assim, o desempenho motor e o recurso técnico utilizados pelo jogador durante uma partida são condicionados pela
simultaneidade das ações técnico-táticas individuais e coletivas realizadas em congruência com as ações dos adversários. Pelo
fato de reunirem muitos fatores interdependentes, torna- se difícil executar, em todo momento, as mesmas ações de sucesso
que levam ao gol. Isto implica, na maioria das vezes, uma supremacia da defesa sobre o ataque, pois a iniciativa da decisão
sempre é mais complexa que a reação.
Para Júlio e Araújo (2005) essa supremacia pode ser explicada pelo fato da organização defensiva se beneficiar dos erros e
das ações mal elaboradas pelo sistema ofensivo adversário e também pela defesa conseguir, às vezes, ser mais eficaz em suas
ações técnico-táticas coletivas. Para eles, seria também mais fácil atingir os objetivos se as equipes fossem encorajadas a serem
menos previsíveis e mais inventivas na procura da criação de maiores dificuldades à defesa adversária.
Por esses motivos, não é difícil assistir um jogo e perceber que a equipe que se sobressaiu técnica e taticamente durante o
mesmo foi a derrotada ou a equipe que passou maior parte do tempo com a posse de bola marcou menos gols. Por vezes é
possível observar uma equipe atingir a vitória no jogo com menos posse de bola e com um único remate, simplesmente porque
aproveitou o momento de desequilíbrio ou de perturbação na organização da equipe adversária.
O Futebol atual exige um ritmo acelerado, que requer dos jogadores um empenho permanente para se tomar decisões.
Assim, observa-se que são crescentes as exigências em relação a solicitar uma maior velocidade de processamento da
informação e da execução técnica (GARGANTA, 1999; RAMOS, 2006). Para os autores citados, essa velocidade deve ser
concebida na perspectiva de interligação da percepção, da tomada de decisão e das ações motoras, de forma que se
sobrevaloriza a importância da leitura e velocidade de jogo. É necessário entendê-la com uma grandeza tática e técnica,
perceptiva e informacional. Assim, qualitativamente, a velocidade no Futebol está relacionada com o ajustamento temporal e
espacial das execuções, onde a correspondência entre a velocidade física e mental é determinante na forma de se alternar
soluções inteligentes às exigências de jogo.
Essas exigências são tão elevadas que obrigam os jogadores a observarem, processarem e avaliarem as situações, e ao
mesmo tempo elegerem a melhor solução para surpreender o adversário tanto técnica, quanto taticamente. Um lapso de
tempo nessa tomada da decisão pode comprometer todo o resultado da ação. Por exemplo, um jogador que no momento de
recepção da bola se encontra em excelente posição para finalizar ou penetrar, se demorar a tomar a decisão, mesmo que esta
44
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
seja correta, quando a executar já não será a mais ajustada ao enquadramento particular em que momentaneamente se
encontra.
Assim, os jogadores que se destacam no seu rendimento esportivo possuem um nível de conhecimento declarativo e
processual mais organizado, capacidades perceptivas mais eficientes, bem como um reconhecimento de padrões de jogo mais
rápido e eficaz. Estes parâmetros se traduzem a partir de um conhecimento tático superior, maior capacidade de leitura da
situação de jogo e, consequentemente, de antecipação dos acontecimentos do jogo. Ou seja, existe uma relação direta entre
um melhor conhecimento das probabilidades situacionais, capacidade de decisão mais rápida e eficaz e habilidades técnicas bem
apuradas para corresponder às exigências táticas (LÁZARO; OLIVEIRA, 2002; MESQUITA; GRAÇA, 2002; SILVA;
FIGUEIREDO; BRAL et al., 2002).
Contudo, o jogador de Futebol diferenciado no plano técnico e tático é aquele que possui melhor seleção e capacidade de
conexão das informações, reorganização sensorial de controle do movimento e conhecimento específico do jogo. A união
destas características vai permitir-lhe jogar de forma mais dinâmica e eficaz, possibilitando variações na velocidade e realização
do jogo, em conformidade com os requisitos táticos e técnicos.
45
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
nomeadamente com a dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a distribuição de papéis e
alguns preceitos simples de organização que podem permitir a elaboração de estratégias (RAMOS, 2000). Para um determinado
confronto, a preparação do grupo se baseia em orientações específicas que definem a maneira de jogar de acordo com as
normas de conduta do adversário, as condições de jogo e as estratégias definidas pela equipe, considerando sempre o
conhecimento tático dos jogadores (JÚLIO; ARAÚJO, 2005).
Em relação ao conhecimento tático, nas ciências do esporte distinguem-se dois tipos: o conhecimento tático declarativo
(CTD) e o conhecimento tático processual (CTP). O CTD refere-se à capacidade do atleta de saber “o que fazer”, ou seja,
conseguir declarar de forma verbal e/ou escrita qual a melhor decisão a ser tomada e o porquê desta decisão. O CTP refere-se
a “como fazer”. É a capacidade do atleta de operacionalizar a ação sem, geralmente, ser capaz de descrevê-la verbalmente, ou
seja, está intimamente ligada a ação motora em si (FRENCH; THOMAS, 1987; ALLARD, 1993; THOMAS; THOMAS, 1994;
GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995; TURNER; MARTINEK, 1995; GARGANTA, 1997; MESQUITA, 1998; GRECO, 1999;
TENEMBAUM; LIDOR, 2005).
É relevante salientar que os dois tipos de conhecimento se interagem, porque a forma como o jogador vai executar uma
ação no jogo está relacionada com a forma como ele compreende o mesmo (GARGANTA, 1997; MESQUITA, 1998;
MESQUITA; GRAÇA, 2002; GIACOMINI, 2007). Além disso, outros pesquisadores afirmam que para se atingir um elevado
nível tático, o jogador deve passar durante anos por uma experiência diversificada de forma aliar as suas capacidades de
avaliação ótico-motoras à capacidade de esforço e desenvolvimento técnico específico com as ações táticas (MAHLO, 1980;
GRECO et al., 1998; OLIVEIRA; PAES, 2004).
46
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca. Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os
praticantes assimilem um conjunto de princípios táticos, técnicos, que vão do modo como cada um se relaciona com a bola, até
a forma de comunicar com os colegas e “contra-comunicar” com os adversários, passando pela noção de ocupação racional do
espaço de jogo (TEODORESCU, 1984; GARGANTA, 1997; GARGANTA; PINTO, 1998).
Deste modo, aspira-se que o desenvolvimento das habilidades técnicas seja feito de forma qualitativa, no qual a técnica seja
caracterizada pela intenção tática que lhe solicita uma fusão da fase final do gesto precedente com a fase preparatória do gesto
que lhe sucede, a constituir-se em uma fase intermediária de antecipação do gesto seguinte, não só sobre o aspecto técnico-
motor, mas também sobre o aspecto mental e tático (GARGANTA, 1997).
No jogo de Futebol esse tipo de desenvolvimento é muito pertinente, uma vez que as posições veiculadas remetem para a
importância de se ensinar e treinar as técnicas do Futebol a partir do jogo, em uma lógica oposta à de ensinar e treinar o jogo a
partir das técnicas, a apontar para a necessidade de desenvolver a técnica situacional ou a técnica aplicada (treino integrado),
em detrimento das técnicas isoladas (método analítico), cuja aprendizagem e exercitação ocorrem à margem dos requisitos do
jogo (GARGANTA, 1997).
Esses métodos não são tão explorados e divulgados, porque como evidencia Garganta (1997), parece haver por grande
parte dos autores relacionados com a produção de conhecimento no Futebol uma concepção restritiva da técnica, porquanto a
circunscrevem ao conjunto de movimentos efetuados com a bola (passe, drible, recepção, finalização, etc.), ignorando as
atribuições táticas que se impõem nas ações técnicas que competem aos demais jogadores de defesa e de ataque, que não são
exclusivas do portador da bola.
Para esse autor todas as ações que são relativas ao jogo, que impliquem ou não a presença direta ou próxima da bola,
apelam para requisitos técnicos. Por assim ser, uma corrida rápida, uma finta, uma desmarcação, uma marcação a um adversário
direto, são técnicas utilizadas que dá sentido a todo o contexto do jogo de Futebol, o que faz com que este conceito possua
uma abrangência maior do que aquela que usualmente lhe é atribuída.
Assim, o progressivo refinamento técnico que prioriza a transferência da atenção visual da bola para os demais elementos
do jogo supera o mito da dificuldade de execução das ações técnicas no Futebol, que muita das vezes se resulta da necessidade
que os jogadores têm em identificar e prestar atenção, em simultâneo, às informações visuais proprioceptivas e cognitivas.
Importa deste modo que a execução de um gesto técnico em Futebol privilegie a interação com o contexto do jogo, de forma
a se buscar a estreita relação entre os aspectos técnicos e táticos do Futebol (LÁZARO; OLIVEIRA, 2002).
47
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
A partir da década de setenta observou-se no âmbito do Futebol uma forte implementação de correntes de pensamentos
cujos objetivos eram a disjunção, a redução e a abstração da realidade e dos fenômenos inerentes ao jogo. As ideias que
estavam relacionadas a essas correntes buscavam a divisão e redução dos fenômenos em partes, para mais facilmente os
conhecer e atuar sobre eles. Assim, o processo de treino nesse período era dividido em técnico e em tático e cada um deles
também era subdividido, criando-se fases e etapas evolutivas das diferentes habilidades técnicas e comportamentos táticos, mas
a interação das relações que dão sentido ao jogo não era manifestada (OLIVEIRA, 2004; ALVES, 2007).
Essa década também ficou marcada pelas metodologias de treino que evidenciavam uma preparação específica dos aspectos
físicos e que foi bem aceita pelas equipes, tanto que se observou uma distinção dos membros da comissão técnica, onde o
treinador preparava a equipe em seus aspectos táticos e técnicos e o preparador físico cuidava da parte física (MATVÉIEV,
1986; TANI, 2002).
Esta metodologia de treino, baseada em conhecimentos das áreas da biologia, da fisiologia e da biomecânica, que concedia
grau elevado de importância à preparação física foi tão divulgada que as equipes adotaram essa forma de preparar os atletas.
Assim, observou-se que a forma de jogar o Futebol sob um prisma essencialmente tático-físico refletiu em um decréscimo de
desempenho técnico dos jogadores, enquanto que outras equipes que permaneceram sem fazer grandes alterações nos seus
treinamentos continuaram a jogar um Futebol que priorizava mais os aspectos técnicos em detrimento dos físicos.
O interesse da comunidade por essa nova forma de treino era tão grande que contribuiu para que outras correntes do
treinamento físico surgissem com o passar dos anos. Entre os fins dos anos setenta e no início dos anos oitenta, outra
metodologia caracterizada pela concentração do treino de força com o objetivo de proporcionar melhoria das capacidades
especiais, da velocidade e do rendimento técnico, surge e também tem muita aceitação da comunidade esportiva em geral,
chegando a ser adotada em muitas equipes européias de Futebol no final dos anos oitenta. Esta concepção propunha que o
processo de treino fosse estruturado inicialmente a partir do desenvolvimento de um bloco de força e que o treino das outras
capacidades condicionais e “técnico-táticas” se realizasse de acordo com as necessidades da modalidade. Porém, o precursor
dessa proposta salienta que os rendimentos elevados não se limitam apenas às capacidades físicas, mas também às técnicas e às
táticas. Dessa forma, preconiza a construção de blocos relacionados com essas componentes, embora sempre apoiadas pelo
treino da força (VERCHOSHANSKIJ, 1990; 2001; 2006).
Na década de noventa as propostas de utilização de meso ciclos e micro ciclos de choque e de distribuição uniforme das
cargas durante toda a época esportiva também chamaram a atenção dos diversos profissionais envolvidos com o rendimento
esportivo (TSCHIENE, 2001). A primeira propunha, essencialmente, variações significativas no volume, na intensidade e na
complexidade das cargas; e a segunda propunha manutenção dos níveis de volume, de intensidade e de complexidade das cargas
dentro de um intervalo de variabilidade reduzido. Outros fatores importantes que até então não se destacavam diz respeito ao
fato de se considerar a competição como o ponto de partida na preparação dos atletas e de se compreender o processo de
preparação do atleta como um processo adaptativo e que, como tal, destaca os problemas da fadiga e da recuperação após os
treinos de sobrecargas (SILVA, 1998; TSCHIENE, 2001; OLIVEIRA, 2004).
Contextualizar esse processo evolutivo do treinamento esportivo no alto rendimento para adultos faz sentido, uma vez
que, o processo de ensino-aprendizagem e treinamento presente nas escolinhas de esportes e na maioria dos clubes de futebol
profissional que possuem categoria de base, lamentavelmente, hoje reproduz as habilidades específicas da modalidade à maneira
dos adultos, desconsiderando o estágio de desenvolvimento, as particularidades, as experiências e a capacidade dos jovens
(LIMA, 1999; PEREIRA, 1999; FERREIRA, 2000; LIMA, 2000; BARBANTI; TRICOLI, 2004; OLIVEIRA; PAES, 2004; BARBANTI,
2005; BRITO, 2005; PACHECO, 2005; RELVAS, 2005; CARDOSO, 2007; LIMA JR.; MARCHIORI; CAMPESI, 2008). Para
Barbanti e Tricoli (2004) essa prática no Brasil é tão comum que para eles não há dúvida de que a iniciação esportiva, em todas
48
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
as modalidades, se faz através do aprendizado das habilidades motoras específicas do esporte praticado. Segundo eles, “desde o
primeiro dia em que uma criança entra para uma ‘escolinha de futebol’ ela aprende o passe, o chute, o drible, o cabeceio e
controle da bola...” e desde os primeiros jogos a disputa ocorre sobre a base das habilidades motoras específicas do futebol
(BARBANTI; TROCOLI, 2004, p.209).
Por isso, apesar das tarefas de incidência técnica ou tática exigirem sempre na sua base componentes das capacidades
motoras tais como resistência, força, velocidade e/ou flexibilidade e do reconhecido avanço que as metodologias de treino
mencionadas nos parágrafos anteriores propiciaram à preparação dos atletas para as competições, percebe-se ainda hoje uma
falta de sincronismo entre a lógica do ensino utilizado hoje com a lógica funcional do jogo e a lógica pedagógica sugerida na
literatura, uma vez que, se constata baixa preocupação com os aspectos relacionados ao contexto do jogo, à tomada de
decisão, à aprendizagem dos gestos técnicos de forma situacional, ao desenvolvimento do raciocínio tático e à iniciativa
individual.
Os métodos de treino descritos parecem, de forma geral, conduzir os futebolistas para a dependência e a impossibilidade de
gestão da ação individual e coletiva, já que as situações de ensino e treino não confrontam o jogador com o novo, o inesperado
e nem exigem deles a capacidade criativa. Assim, ao se estruturar o treino nesses moldes, limita-se a aprendizagem dos
jogadores em situações de jogo que requerem as ações de cooperação/oposição e que serão imprescindíveis no entendimento
da filosofia do mesmo (FARIA; TAVARES, 1993; GRAÇA, 1998; MESQUITA, 1996; RAMOS, 2000; LÁZARO; OLIVEIRA, 2002).
Os debates a respeito do processo de ensino-aprendizagem e treinamento para a formação despontaram a partir do final da
década de 70 e começo da década de 80, porém só nos últimos quinze anos ganharam mais notoriedade. Nessa época,
congressos e seminários que tratavam esse tema como ponto central das discussões, buscavam superar as tendências
dominantes de corte analítico, mecanicista e técnico (MARQUES; OLIVEIRA, 2001; BARBANTI; TRICOLI, 2004).
Apoiada nessa tendência, nas teorias da psicologia cognitiva e nos modelos de execução, Bunker e Thorpe (1983)
propuseram uma nova metodologia denominada “Teaching Games for Understanding” (TGFU). Essa metodologia, inicialmente
pesquisada na década de oitenta (THORPE; BUNKER, 1982; BUNKER; THORPE, 1983; THORPE, 1983), ganhou mais
notoriedade científica em meados da década de noventa (OSLIN, 1996; WERNER; THORPE; BUNKER, 1996; GRIFFIN;
MITCHELL; OSLIN, 1997) com uma proposta que suporta o ensino dos jogos esportivos coletivos em função da sua
compreensão e concepção, ou seja, o ensino constituído por jogos táticos de complexidade adaptada ao nível qualitativo dos
alunos/jogadores, para que dessa forma eles possam assimilar e aprender o jogo de uma forma dinâmica.
Esta metodologia propicia ao jogador vivenciar situações práticas, nas quais a lógica do movimento é entendida de uma
forma progressiva, para que quando lhe seja apresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de superá-lo com
êxito. Isto é feito através de jogos adaptados em função das regras, do espaço, da bola, das balizas e do número de jogadores,
de forma a criar um ambiente propício à melhoria da compreensão do jogo, da aquisição de conhecimentos específicos e das
habilidades técnicas requisitadas (COSTA, 2001; OLIVEIRA, 2004).
A opção por uma maior utilização de exercícios específicos parece ser uma tendência atual do treino de Futebol; tanto que,
vários pesquisadores reconhecem que as condições de treino devem aproximar-se ao máximo das condições reais do jogo,
quer na alta competição, quer nas fases de aprendizagem e formação do praticante, a proporcionar-lhe, desde o início da sua
atividade, uma tomada de decisão ativa, formulação de juízos, compreensão do contexto em que o jogo decorre e estímulo da
imaginação (TAVARES, 1994; GARGANTA; PINTO, 1998; GRAÇA, 1998; GRECO, 1998; PEREIRA, 1999; COSTA, 2001;
GRECO, 2003; NOGUEIRA, 2005).
49
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
50
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
Para que isto seja assegurado, três elementos estruturais do processo de ensino e aprendizagem, descritos por Hahn (1988),
parecem pertinentes: 1) especificidade de acordo com cada etapa de formação; 2) desenvolvimento de conteúdos nas aulas ou
treinos de acordo com os processos volitivos e de maturação; 3) periodização do processo de ensino e aprendizagem
orientados muito mais pelas necessidades específicas dos atletas jovens e muito menos pelos modelos de periodização do
universo da teoria do treinamento.
A aplicação desses três elementos permite a revalorização do sentido pedagógico da formação esportiva, do qual as crianças
e os jovens se beneficiarão de um processo educativo mais adequado, onde os treinos/aulas serão desenvolvidos de acordo
com o seu histórico social e a sua maturidade biológica, uma vez que, cada criança ou jovem possui a sua própria maturação
com diferenças sexuais e intra e interindividuais (HAHN, 1988; GRECO; BENDA, 1998; MARQUES, 1999; SOBRAL, 1999;
MARQUES; OLIVEIRA; PRISTA, 2000; MARQUES, 2002; CARDOSO, 2007; LIMA JR.; MARCHIORI; CAMPESI, 2008).
Na literatura parece haver certo consenso entre os pesquisadores quanto à preparação esportiva, nos anos iniciais, se
concentrar na formação multilateral embasada nas características do desporto e que, à medida que ocorra aumento da idade e
da experiência do praticante, ela passe a ser mais específica (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998; MARQUES, 1999;
FERREIRA, 2000; MARQUES; OLIVEIRA; PRISTA, 2000; VIOLANTE, 2000; MARQUES; OLIVEIRA, 2001; MARQUES, 2002;
SILVA; FIGUEIREDO; GONÇALVES et al., 2002; OLIVEIRA; PAES, 2004; BARBANTI, 2005; DOMINGUES, 2006). Alguns
estudos indicam que o início da especialização esportiva depende das características do desporto escolhido, dos fatores que
influenciam o desenvolvimento de crianças e jovens e, sobretudo, da cultura desportiva dominante (MARQUES, 1999;
MARQUES; OLIVEIRA, 2001; MARQUES, 2002). No Futebol preconiza-se que essa especialização seja obtida em um momento
mais tardio, por ser uma prática esportiva que consente uma variedade de gestos e solicitações bem mais rica que a dos
desportos baseados em estruturas gestuais, motoras, cíclicas, estreitas e fechadas. Porém, no futebol brasileiro o processo
sistematizado de treinamento e seleção de potenciais atletas para as categorias de base das equipes profissionais de futebol se
inicia na sua grande maioria na categoria sub-13 (mirim), entretanto nas escolinhas de esporte este processo começa por volta
da categoria sub-9 (chamada de iniciantes) o que acarreta uma iniciação muito precoce dos jovens à modalidade esportiva.
Consolidando esse referencial teórico, alguns pesquisadores têm apresentado estágios ou etapas para a formação
desportiva de crianças e jovens abordando aspectos temporais, metodológicos e de conteúdo. (MUSCH; MERTENS, 1991;
GRECO; BENDA, 1998; FERREIRA, 2000; LIMA, 2000; OLIVEIRA; PAES, 2004; BARBANTI, 2005; DOMINGUES, 2006;
DUARTE, 2006; GRAÇA et al., 2006).
Gallahue e Ozmun (2005) propõem uma abordagem desenvolvimentista que, ao ensinar as habilidades motoras (técnicas)
para a faixa etária de 7-10 anos, a aprendizagem deve ser totalmente aberta, ou seja, os conteúdos do ensino são aplicados pelo
professor e praticados pelos alunos, sem interferência e correções dos gestos motores. Para a faixa etária de 11-12 anos, o
ensino é parcialmente aberto, isto é, há breves correções na técnica dos movimentos. Na faixa de 13-14 anos, o ensino é
parcialmente fechado, pois se inicia o processo de especificidade dos gestos de cada modalidade na procura da especialização
esportiva, e somente após os 14 anos de idade deve acontecer o ensino totalmente fechado, específico de cada modalidade
coletiva, e também o aperfeiçoamento dos sistemas táticos que cada modalidade necessita.
Greco e Benda (1998) sugerem um modelo de desenvolvimento do nível de rendimento esportivo composto por nove
fases: pré-escolar, universal, orientação, direção, especialização, aproximação/integração, alto nível, recuperação/readaptação e
recreação/saúde. Cada uma dessas fases se caracteriza por acompanhar as faixas etárias de desenvolvimento, condicionando
através desses princípios a duração e frequência de treinamento.
51
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
A fase pré-escolar se caracteriza por abranger crianças com idade entre 1 e 6 anos, ter uma perspectiva de duração de 4-5
anos, sendo a frequência de treinamento 2-3 vezes por semana na qual se concretizam os objetivos de aprendizado dos
movimentos fundamentais.
A fase universal é mencionada pelos autores como a mais ampla e rica dentro do processo de formação esportiva. Ela está
compreendida dos 6 aos 12 anos, possui duração de 6 anos e frequência de treinamento 2-3 vezes por semana. Nessa fase
procura-se desenvolver todas as capacidades condicionais e coordenativas de uma forma geral, a partir de jogos e brincadeiras,
resgatando as formas de jogo da cultura popular, criando assim uma base ampla e variada de movimentações que ressaltam o
aspecto lúdico.
Na fase da orientação (11-12 até 13-14 anos), os autores recomendam que as atividades curriculares e extracurriculares
sejam em média de três encontros semanais e que a duração esteja compreendida no intervalo de 60-90 minutos cada. Essa
fase, que tem duração de 2-4 anos, é a mais indicada para a iniciação e desenvolvimento dos gestos técnicos dos esportes, já
que a capacidade de atenção do praticante para a percepção de outros estímulos está bem apurada, o que permite ao mesmo a
automatização de grande parte dos movimentos.
A fase de direção (13-14 até os 15-16 anos) é marcada pelo início do aperfeiçoamento e da especialização técnica em uma
modalidade. Essa fase se concentra no “auge” da adolescência, por isso, os autores recomendam que as atividades, previstas
para acontecerem três vezes por semana, não entrem em conflito com os outros interesses dos jovens, porque isso pode levar
ao abandono da prática esportiva.
A fase de especialização (15-16 aos 17-18 anos) se caracteriza pelo aumento dos encontros semanais (3-4) e maior tempo
de duração (90-120 minutos cada). É nesse período que ocorre o ápice do processo de desenvolvimento e o desejo individual
em participar de uma atividade que possui um número limitado de movimentos. Os autores preconizam que nessa fase seja
objetivado o aperfeiçoamento e a otimização do potencial técnico e tático, que sirvam de base para o emprego de
comportamentos táticos de alto nível, e a estabilização das capacidades psíquicas.
A fase de aproximação/integração (18 e 21 anos) pode ser considerada como o momento mais importante na transição do
jovem para uma possível carreira esportiva no alto nível de rendimento e no esporte profissional. Nesta fase, juntamente com
o trabalho de aperfeiçoamento e otimização das capacidades técnicas, táticas e físicas, os autores recomendam, conceder um
grande espaço de tempo à otimização das capacidades psíquicas e sociais.
A fase de alto nível se caracteriza pela estabilização, aperfeiçoamento e domínio dos comportamentos técnico-táticos e das
capacidades físicas e psicológicas atingidas nas fases anteriores. Essa fase que geralmente se inicia aos 21 anos, não tem um
tempo previsto de duração, porque vai depender de muitas variáveis que vão interferir no rendimento esportivo.
A penúltima fase, denominada fase de recuperação/readaptação, começa no final da fase de alto nível, ou seja, quando o
atleta se aposentar; e terá por objetivo readaptar o ex-atleta à sociedade, bem como aplicar programas adequados que
contribuam para o “destreinamento” de maneira gradativa que o conduz ao esporte como forma de benefício à saúde.
A última fase citada pelos autores é a de recreação/saúde, na qual os objetivos se opõem a fase de rendimento. Essa fase
tem uma característica muito peculiar, porque ela pode se situar após a fase de recuperação/readaptação para as pessoas que
seguiram carreira esportiva, ou após a fase de direção para aquelas pessoas que não tiveram o interesse de se especializar em
nenhum desporto. Por conseguinte, essa fase poderá se iniciar em qualquer idade após os 15-16 anos e comportar os diversos
programas de atividades físicas que contemplam os diferentes interesses do público; por exemplo, perder peso, melhorar
estética, manter ou melhorar saúde, conquistar amigos, etc.
Ferreira (2000) foi outro pesquisador que também propôs um modelo de desenvolvimento da carreira esportiva do jovem.
Nesse modelo há menos etapas, porém as idades de entrada e permanência em cada uma delas estão diretamente associadas
52
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
ao percurso efetuado anteriormente. Destarte, o autor preconiza quatro etapas: animação, iniciação, orientação e
especialização esportiva.
A etapa de animação é caracterizada por um contato inicial com a prática da modalidade e uma vivência primária das
relações sócio-motoras por ela proporcionadas. A iniciação é a etapa que contribui para o enriquecimento do repertório
motor dos jovens e para uma abordagem inicial aos fundamentos básicos da modalidade. A etapa de orientação destina-se para
a construção dos diversos pré-requisitos fisiológicos necessários e ao consequente aperfeiçoamento dos conteúdos técnico-
táticos específicos. A etapa de especialização está dirigida para o desenvolvimento das competências técnico-táticas em
concordância com os aspectos físicos e psicológicos necessários para se praticar a modalidade em alto nível. Nessa etapa há
também o compromisso com os primeiros resultados esportivos em busca do rendimento de alto nível.
Além dessa estrutura temporal e de conteúdos para o desenvolvimento do rendimento esportivo, outro ponto importante
do processo de ensino e aprendizagem é a forma didático-metodológica de se conceber o aprendizado das habilidades
inerentes ao esporte, nesse caso do Futebol. Sobre esse assunto, Garganta (1995) propõe uma abordagem dividida em três
formas: 1) centrada nas técnicas, 2) centrada no jogo formal e a 3) centrada nos jogos condicionados.
A forma centrada nas técnicas desmonta o jogo em habilidades técnicas que são ensinadas analiticamente, hierarquicamente
e descontextualizadas, relativamente ao jogo; promove um jogo pouco evoluído, em que os jogadores apresentam déficits de
conhecimentos específicos e, consequentemente, de compreensão do jogo.
A forma centrada no jogo formal utiliza o jogo como aspecto central do processo de ensino. O jogo não é desmontado
nem técnica nem taticamente. A abordagem é feita de uma forma global em que a tática surge como resposta aos problemas
que o jogo levanta e a técnica surge como concretização dessas respostas. Apesar desta metodologia de ensino do jogo
promover o desenvolvimento das capacidades e conhecimentos específicos dos jogadores ela não é satisfatória, uma vez que
não consegue proporcionar uma densidade de comportamentos desejados, tanto técnicos como táticos, que possibilitem
maximizar o desenvolvimento das capacidades e dos conhecimentos específicos individuais, setoriais, inter-setoriais, grupais e
coletivos dos jogadores e da equipe.
A forma centrada nos jogos condicionados caracteriza-se pela decomposição do jogo em unidades funcionais, que propiciam
o aprendizado e a vivência das mesmas interações presentes nos jogos oficiais entre as dimensões tática, técnica, psicológica e
fisiológica, porém em escalas inferiores de complexidade. A partir disto, o ensino é concebido através da apresentação e
interação dessas unidades funcionais, onde o jogo apresenta problemas que são direcionados através das situações criadas que
proporcionam comportamentos desejados através da intenção e compreensão do jogo promovida pelo professor/treinador.
Esta abordagem metodológica evidencia o desenvolvimento das capacidades, dos conhecimentos específicos dos jogadores, do
jogo contextualizado e direcionado para os comportamentos desejados.
Outra proposta, apresentada por Musch e Mertens (1991) e retomada por Graça et al. (2006) referencia uma ideia do jogo
no qual as situações de exercícios da técnica aparecem claramente nas situações táticas, simplificando o jogo formal para jogos
reduzidos e relacionando situações de jogo com o jogo propriamente dito. Eles preconizam que essa forma de ensino preserva
a autenticidade e a autonomia dos praticantes, respeitando o jogo formal, no qual as estruturas específicas de cada modalidade
são mantidas, como: a finalização, a criação de oportunidades para o drible, o passe, os lançamentos nas ações ofensivas, etc.
Nessa proposta, o posicionamento defensivo é almejado de forma generalizada, ou seja, busca-se dificultar a organização
ofensiva dos adversários, principalmente nas interceptações dos passes, de forma a estabelecer uma dinâmica entre as fases de
defesa-transição-ataque.
A concepção mencionada por Duarte (2006) baseia-se na perspectiva sistêmica do treino apresentada sob três modelos de
sistematização: analítico, integrado e o sistêmico. O modelo analítico presume a fragmentação dos vários fatores do
53
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
rendimento (físico, técnico, tático e psicológico) para serem treinados em separado e, posteriormente, serem integrados à
situação de jogo. O modelo integrado é concebido pela presença da bola nos exercícios de forma a assegurar uma relação
entre os fatores de rendimento O modelo sistêmico, em que a bola também está presente desde o primeiro dia de trabalho,
pressupõe a modelação dos jogadores à forma de jogar idealizada pelo treinador.
Greco (1998) além de citar o método analítico referido no parágrafo anterior, também faz menção a cinco outros métodos:
global, de confrontação, parcial, “conceito recreativo do jogo esportivo” e o situacional. No método global o ensino é
desenvolvido a partir da “série de jogos” acessíveis às faixas etárias e às capacidades técnicas dos alunos no qual se busca
contemplar “a ideia central do jogo” ou as suas estruturas básicas. O método de confrontação se caracteriza pela ideia de que
a principal forma de se aprender o jogo é jogar o jogo do adulto, com suas regras e formas. No método parcial, cujo
entendimento do jogo perpassa alguns aspectos que devem ser desenvolvidos separadamente devido a sua complexidade, o
processo de ensino e aprendizagem é concebido pela repetição de séries de exercícios dirigidos ao domínio das técnicas,
consideradas como elementos básicos para a prática do jogo ou para se obter o êxito na ação. O método denominado
“conceito recreativo do jogo esportivo” busca, através das vivências motoras, conhecer as relações sociais, os objetivos e as
formas de se atingir esse objetivo, para posteriormente, inserir os padrões externos e as regras oficiais. O método situacional
preconiza o ensino através de situações isoladas dos jogos com números reduzidos de praticantes (1x0, 1x1, 2x1, etc.), nos
quais a inserção gradativa de elementos esportivos (técnicos, táticos, psicológico e físico) e de situações típicas do esporte
propiciará o aprendizado e a vivência do mesmo. Esse autor também defende que a técnica esportiva deve ser praticada na
iniciação sublimada aos conceitos da tática, buscando aliar "o que fazer" ao "como fazer". Não se trata de trabalhar os
conteúdos da técnica apenas pelo método situacional, mas sim de utilizá-lo como um importante recurso, evitando o ensino
somente pelos exercícios analíticos, os quais, podem não garantir sucesso nas tomadas de decisão frente às situações, por
exemplo, de antecipação, que ocorrem de forma imprevisível nos jogos esportivos coletivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Futebol afigura-se como um esporte de muito interesse por parte de espectadores e praticantes de todo o mundo. No
contexto científico, o interesse pelo esporte está centrado nas pesquisas que buscam esclarecer a melhor forma de ensiná-lo,
treiná-lo, aprendê-lo e, consequentemente, praticá-lo. O fato do Futebol se desenvolver em um ambiente imprevisível, em
função da posição da bola, dos adversários e da movimentação de todos os jogadores da equipe, exige dos jogadores elevada
capacidade de tomada de decisão, de processamento de informação e de execução do movimento, e requer das equipes
capacidade de sincronização e organização das ações para atingir o objetivo principal do jogo. Nesse contexto se acredita que
os aspectos cognitivos, táticos e técnicos assumem importância fundamental na aquisição das habilidades inerentes ao Futebol,
uma vez que os aspectos da percepção e de decisão estão presentes desde o primeiro contato do praticante com a
modalidade.
No presente artigo, o processo de ensino-aprendizagem e treinamento foi concebido em fases que consideram as
experiências, os processos volitivos e a maturação dos praticantes. Destacam-se os aspectos cognitivos em relação a sua
importância nos momentos iniciais do processo de ensino-aprendizado e treinamento. Portanto, o conhecimento sobre a
modalidade se desenvolve mais rapidamente do que as habilidades inerentes ao jogo. Presume-se também que durante a
evolução das fases e níveis de rendimento, tanto o conhecimento quanto a habilidade dos praticantes aumenta com a aquisição
de experiências propiciando o aperfeiçoamento dos comportamentos técnicos e táticos exigidos no Futebol.
54
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
Com esse argumento, defende-se a ideia da transmissão dos conteúdos de ensino das habilidades e de desenvolvimento das
capacidades motoras buscando uma participação ativa do praticante. Para isso, torna-se necessário que os princípios e os
modelos de ensino e aprendizagem esclareçam não só a obtenção de metas em cada etapa da formação, como também os
papéis dos professores/treinadores e dos alunos/jogadores, os recursos didáticos necessários, o envolvimento social e as
formas de organização da aula/treino. Com o esclarecimento de todos esses pontos esse processo realmente assumirá a sua
devida relevância na criação, no direcionamento e no desenvolvimento dos conhecimentos específicos para a prática do
Futebol.
Na formação e na preparação dos jovens jogadores os cuidados devem centrar-se nos aspectos pedagógicos dos exercícios
sendo devidamente orientados a fim de propiciar evolução do conhecimento e do nível de desempenho técnico e tático. Nesse
instante, a figura do professor/treinador exerce importante função, uma vez que é da sua responsabilidade a programação das
atividades adequadas para o desenvolvimento esportivo. Diante deste contexto, o profissional não pode tratar as atividades de
iniciação esportiva como uma mera adaptação ou redução da realidade esportiva dos adultos, porque se corre o risco de
fornecer uma experiência negativa que leve ao abandono da prática esportiva. Assim, este profissional deve buscar o equilíbrio
entre as necessidades de direção e apoio, de forma a criar as condições favoráveis para o estabelecimento do vínculo
duradouro entre o praticante e o esporte.
Para que esse vínculo duradouro seja assegurado o professor/treinador deve estar atento à vontade que os
alunos/jogadores demonstram em participar dos treinos e dos jogos. Pelo fato de muitos deles tratarem o esporte como uma
das atividades mais importantes de suas vidas, as aulas/treinos devem oferecer experiências prazerosas que os motivem a
permanecer interessados pela modalidade. Por isso, durante as aulas/treinos, em meio ao desenvolvimento dos princípios
orientadores de atitudes que conduzam ao gosto pelo esforço, superação e aperfeiçoamento dos aspectos técnicos e táticos do
jogo, deve-se dar ao praticante a oportunidade para brincar, jogar e desfrutar os momentos sublimes da prática.
No campo científico, os inúmeros modelos de ensino e aprendizagem e as constantes evoluções do conhecimento sobre os
aspectos pedagógicos relacionados à prática esportiva, obrigam as pesquisas científicas a buscarem respostas cada vez mais
adequadas às formas, métodos e meios que deem suporte à intervenção profissional. Diante de abordagens que consideram
diferentes aspectos do processo de desenvolvimento do rendimento esportivo é necessário que, tanto os profissionais
envolvidos na prática quanto a comunidade científica, valorizem e realizem mais as pesquisas aplicadas, que buscam dar
respostas significativas em relação ao método de ensino mais eficaz dos comportamentos técnico-táticos no Futebol.
No caso específico do Brasil, conforme afirma Tani, Santos, e Meira Júnior (2006), essa tarefa científica não é muito fácil,
porque as pesquisas relacionadas à investigação de assuntos e temas profissionalizantes que surgem da prática concreta da
intervenção profissional pouco evoluíram ao longo do tempo, proporcionando um atraso de conhecimentos nesta área. Além
disso, a Educação Física brasileira dedicou muitos anos da sua história para fortalecer e consolidar-se como área de
conhecimento acadêmico. Porém, mesmo diante da defasagem científica existente, os pesquisadores têm desenvolvido
pesquisas que buscam discutir e apresentar direções adequadas ao processo de ensino e aprendizagem dos aspectos inerentes
à iniciação e ao rendimento esportivo, abordando temas relacionados com a estrutura temporal, métodos, conteúdos, meios
de ensino em que se deve desenvolver uma adequada formação esportiva.
AGRADECIMENTO
Com o apoio do Programa AlBan, Programa de bolsas de alto nível da União Européia para América Latina, bolsa nº
E07D400279BR”.
55
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
REFERÊNCIAS
ADELINO, J.; VIEIRA, J.; COELHO, O. Treino de jovens: o que todos precisam saber! 2ª. ed. Lisboa: Centro de Estudos e
Formação Desportiva, 2000.
ALLARD, F. Cognition, expertise and motor performance. In: STARKES, J. L.; ALLARD, F. (Ed.). Cognitive issues in motor
expertise. Amsterdam: Elsevier Science, 1993. p. 17-34.
ALVES, R.; RODRIGUES, J. Os treinadores de jovens em competição. Treino Desportivo, v. 9, p. 02-10, 2000.
ALVES, V. J. Periodização no Futebol - Estudo sobre as orientações conceptuais e metodológicas utilizadas pelos treinadores no
processo de treino. (2007). (Mestrado) - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Vladimiro José, Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto, 2007.
BARBANTI, V. J. Formação de Esportistas. Barueri - SP: Manole, 2005.
BARBANTI, V. J.; TRICOLI, V. A formação esportista. In: GAYA, A.; MARQUES, A.; TANI, G. (Ed.). Desporto para crianças e
jovens: razões e finalidades. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2004. Cap.9. p. 199-216.
BAUER, G.; UEBERLE, H. Fútbol. Factores de redimiento, dirección de jugadores y del equipo. Barcelona: Ediciones Martínez
Roca S.A., 1988.
BAYER, C. La enseñanza de los juegos deportivos colectivos. Barcelona: Hipano-Europea, 1986.
BRIGHTON, M. D. S. B. Desporto de base: uma preocupação necessária. In: SILVA, F. M. (Ed.). Treinamento desportivo:
reflexões e experiências. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1998. Cap.8. p. 119-126.
BRITO, N. Especialização precoce: a precipitação para o (in)sucesso. Treino Desportivo, v. 27, p. 16-17, 2005.
BUNKER, D.; THORPE, R. A model for the teaching of games in secondary schools. Bulletin of Physical Education, v. 19, n. 1, p.
5-8, 1983.
BUSCÀ, B.; RIERA, J. Orientación deportiva hacia actividades tácticas. Revista de Psicologia del Deporte, v. 8, n. 2, p. 271-276,
1999.
CARDOSO, M. F. S. Para uma teoria da competição desportiva para crianças e jovens - Um estudo sobre os conteúdos,
estruturas e enquadramentos das competições desportivas para os mais jovens em Portugal. (2007). (doutorado) - Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto, Marcelo Cardoso, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2007.
COSTA, J. Inteligência geral e conhecimento específico no futebol: estudo comparativo entre a inteligência geral e o
conhecimento específico em jovens futebolistas federados de diferentes níveis competitivos. (2001). 145 f. Mestrado
(Mestrado) - Faculdade do Desporto da Universidade do Porto, João Costa, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,
2001.
DAMÁSIO, L.; SERPA, S. O treinador no desporto infanto-juvenil. Treino Desportivo v. 03, Edição Especial, p. 40-44, 2000.
DOMINGUES, M. A criança e o seu desenvolvimento holístico - uma aplicação à natação. Treino Desportivo, v.30, p. 04-09,
2006.
DUARTE, R. Modelação do esforço em desportos colectivos - aplicação no futsal. Treino Desportivo, v. 30, p. 54-62, 2006.
ESTEVES, P. T. M. O planeamento do treino de jovens basquetebolistas - descrição e análise das "cargas" e conteúdo de treino,
em duas épocas distanciadas no tempo, de um teinador de referência. (2003). 73 f. (graduação) - Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, Pedro Esteves, Universidade do Porto, 2003.
56
FARIA, R.; TAVARES, F. O comportamento estratégico. Acerca da autonomia de decisão nos jogadores de desportos
colectivos. In: BENTO, J. O.; MARQUES, A. (Ed.). A ciência do desporto, a cultura e o homem. Faculdade de Desporto da
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Universidade do Porto: Universidade do Porto e Câmara Ensino-aprendizagem
Municipal do Porto, 1993. Cap.25.
e treinamento p. 291-296. tático-técnicos no futebol
dos comportamentos
FERREIRA, A. P. Da iniciação ao alto nível: um percurso para (re)pensar. Treino Desportivo v. 9, p. 28-33, 2000.
FRENCH, K.; THOMAS, J. The relation of knowledge development to children’s basketball performance. Journal of Sport
Psychology, v. 9, p. 15-32, 1987.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos . 3. ed.
São Paulo: Phorte Editora, 2005.
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos
desportivos. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Rainho & Neves Lda, 1995. Cap.1. p. 11-26. (Centro de Estudos
dos Jogos Desportivos).
______. Modelação táctica do jogo de futebol – estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento. (1997).
312 f. Doutorado (Doutoramento) - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Júlio Garganta, Porto, 1997.
______. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Rainho & Neves Lda, 1998. Cap.1. p. 11-26. (Centro de Estudos dos Jogos
Desportivos).
______. A análise do jogo em Futebol. Percurso evolutivo e tendências. In: TAVARES, F. (Ed.). Estudos 2 - Estudo dos jogos
desportivos. Concepções, metodologias e instrumentos. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Multitema, 1999.
Cap.2. p. 14-40.
______. Futebol e ciência. Ciência e Futebol. Revista Digital Educación Fisica y Deportes, año 7, n. 40, 2001. Disponível
em:<http://www.efdeportes.com/>. Acesso em: 08-01-08.
______. Ideias e competências para “pilotar” o jogo de futebol. In: TANI, G.; BENTO, J. O.; PETERSEN, R. D. S. (Ed.).
Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 313-326.
GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino do futebol. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos. Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto: Rainho & Neves Lda, 1998. Cap.6. p. 95-136. (Centro de estudos dos jogos
desportivos).
GIACOMINI, D. S. Conhecimento tático declarativo e processual no futebol: estudo comparativo entre jogadores de diferentes
categorias e posições. (2007). 161 f. Mestrado (Mestrado) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
Universidade Federal de Minas Gerais, Diogo Giacomini, Belo Horizonte, 2007.
GRAÇA, A. Os como e os quandos no ensino dos jogos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Rainho & Neves Lda, 1998. Cap.2. p. 27-34.
GRAÇA, A. S.; PINTO, D.; MERTENS, B.; MULTAEL, M.; MUSCH, E.; TIMMERS, E.; MEERTENS, T.; TABORSKY, F.; REMY, C.;
VONDERLYNCK, V.; DE CLERCQ, D. Modelo de competência nos jogos de invasão: uma ferramenta didáctica para o ensino
do basquetebol. In: TAVARES, F. (Ed.). Estudos 6 - Actas do II Seminário Estudos Universitários em Basquetebol. Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto: Tipografia Guerra, 2006. Cap.1. p. 7-28.
GRECO, P. J. Iniciação Esportiva Universal - Metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube . 1. ed. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1998.
______. Cognição e Ação. In: SAMULSKI, D. M. (Ed.). Novos Conceitos em Treinamento Esportivo. Belo Horizonte:
CENESP/UFMG, 1999. p. 119-153.
57
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
______. Processos Cognitivos: dependência e interação nos Jogos Esportivos Coletivos. In: GARCIA, E. S.; LEMOS, K. L. (Ed.).
Israel Costa, Pablo Greco, Júlio Garganta, Varley Costa e Isabel Mesquita
Temas atuais VIII em Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. p. 73-84.
GRECO, P. J.; BASTOS, A.; NOVELI, E.; FILHO, E.; NOCE, F.; PAULA, P.; SOUZA, P.; COSTA, V. T. Análise dos nível de
conhecimento táctico em futsal, handebol e voleibol dos III Jogos da Juventude. Publicações Indesp. Brasília: Athenas, 1998. p.
82-102.
GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação Esportiva Universal - Da aprendizagem motora ao treinamento técnico. 1. ed. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 1998.
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Tactical knowledge in team sports from a constructivist and cognitivist perspective. Quest,
v. 47, p. França, 490-505, 1995.
GRIFFIN, L. L.; MITCHELL, S. A.; OSLIN, J. L. Teaching sport concepts and skill: a tactical games approach. 1. ed. Champaing:
Human Kinetcs, 1997.
HAHN, E. Entrenamiento com niños - teoría, práctica, problemas específicos. Barcelona: Desportes Técnicas, 1988.
JÚLIO, L.; ARAÚJO, D. Abordagem dinâmica da acção táctica no jogo de futebol. In: ARAÚJO, D. (Ed.). O contexto da decisão
- a acção táctica do desporto. Lisboa: Visão e Contextos Lda, 2005. Cap.10. p. 159-178.
KONZAG, I. A formação técnico-táctica nos jogos desportivos. Treino Desportivo v.19, p. 27-37, 1991.
LÁZARO, J. P.; OLIVEIRA, M. Caracterização dos comportamentos pré-competitivos dos jogadores de futebol da 1ª Liga
Portuguesa. Treino Desportivo, v.18, p. 28-32, 2002.
LIMA JR., O. V.; MARCHIORI, C.; CAMPESI, K. R. Escola de futebol: um estudo de caso sobre a inserção de um atleta numa
categoria superior. Revista Digital, v. año 12, n. 116, 2008. Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd116/insercao-de-um-
atleta-numa-categoria-superior.htm>. Acesso em: 08-01-08.
LIMA, T. Uma perspectiva social da formação desportiva dos jovens. In: ADELINO, J.; VIEIRA, J.; COELHO, O. (Ed.). Seminário
Internacional Treino de Jovens. Lisboa: Centro de estudos e formação desportiva - Secretaria de Estado do Desporto, 1999.
Cap.7. p. 71-78.
______. Ser treinador de jovens! Treino Desportivo, n. especial 3, p. 45-47, 2000.
MAHLO, F. O acto táctico no jogo. Lisboa: Compendium, 1980.
MARQUES, A. Crianças e adolescentes atletas: entre a escola e os centros de treino... entre os centros de treino e a escola! In:
ADELINO, J.; VIEIRA, J.; COELHO, O. (Ed.). Seminário Internacional Treino de Jovens. Lisboa: Centro de estudos e formação
desportiva - Secretaria de Estado do Desporto, 1999. Cap.2. p. 17-30.
______. Conceito geral de treino de jovens - aspectos filosóficos e doutrinários da actividade e do treinador. Treino
Desportivo v.20. Edicão Especial - Treino de Jovens, p. 4-11, 2002.
MARQUES, A.; OLIVEIRA, J.; PRISTA, A. Training structure of portuguese athletes. In: PRISTA, A.; MARQUES, A.; MAIA, J.
(Ed.). 10 Anos de Actividade Científica. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Centro de Estudos e Formação
Desportiva, 2000. Cap.33. p. 270-279.
MARQUES, A. T.; OLIVEIRA, J. M. O treino dos jovens desportistas. Actualização de alguns temas que fazem a agenda do
debate sobre a preparação dos mais jovens. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.1, p. 130-137, 2001.
MATVÉIEV, L. P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizonte, 1986. (Horizontes de Cultura Física nº13).
MCPHERSON, S.; KERNODLE, M. Tactics, the neglected attribute of expertise: PR and performance skills in tennis. In:
STARKES, J. L.; ERICSSON, K. (Ed.). Expert performance in sports: Advances in research on sport expertise . Champaign:
Human Kinetics, 2003. p. 137-167.
58
MESQUITA, I. A instrução e a estruturação das tarefas no ensino do voleibol: Estudo experimental no escalão de iniciados
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
feminino. (1998). (doutorado) - Faculdade de Desporto da Universidade do
Ensino-aprendizagem Porto, Isabel
e treinamento Mesquita, Faculdade
dos comportamentos de Desporto
tático-técnicos no futebol da
Universidade do Porto, 1998.
______. Contributo para a estruturação das tarefas no treino em voleibol In: OLIVEIRA, J.; TAVARES, F. (Ed.). Estratégia e
táctica nos jogos desportivos colectivos Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Tip. Minerva, 1996. Cap.8. p. 95-
103.
______. A magnitude adaptativa da técnica nos jogos desportivos. Fundamentos para o treino. In:TAVARES, F.; GRAÇA, A.;
GARGANTA, J.; MESQUITA, I. (Ed.). Olhares e Contextos da Performance nos Jogos Desportivos. Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto: Multitema, 2008. Cap.9. p. 93-107.
MESQUITA, I. M. R.; GRAÇA, A. S. O conhecimento estratégico de um distribuidor de alto nível. Treino Desportivo, v.17, p.
15-20, 2002.
MORENO, J. H. Fundamentos del deporte: Análisis de las estructuras del juego deportivo . Barcelona: INDE Publicaciones,
1994.
MUSCH, E.; MERTENS, B. L´enseignement des sports collectifs: Une conception élaborée à 1 ISEP de l´Université de Gand.
Revue de l´Education Physique, v. 31, n. 1, p. 7-20, 1991.
NOGUEIRA, M. J. M. Análise da estrutura do treino, no escalão de iniciados e juvenis em futebol. (2005). 171 f. Dissertação de
Mestrado em Treino de Alto Rendimento - Faculdade de Desporto, Mário Nogueira, Porto, 2005.
NUNES, A. C.; BRANDÃO, E.; JANEIRA, M. As habilidades técnicas e os níveis de competição em basquetebol. Um estudo no
escalão de seniores femininos. In: OLIVEIRA, J. (Ed.). Estudos 4. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Saúde e Sá -
Artes Gráficas, 2004. Cap.10. p. 105-111.
OLIVEIRA, J. G. G. Conhecimento específico em futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo
ensino-aprendizagem/treino do jogo. (2004). 178 f. Mestrado (Mestrado) - Faculdade de Desporto, José Oliveira, Porto, 2004.
OLIVEIRA, V.; PAES, R. R. A pedagogia da iniciação esportiva: Um estudo sobre o ensino dos jogos desportivos coletivos.
Revista Digital, v. año 10, n. 71, 2004. Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd71/jogos.htm>. Acesso em: 08-01-08.
OSLIN, J. L. Tactical approaches to teaching games. The Journal of Physical Education, Recreation & Dance , v. 67, n. 1, p. 27-33,
1996.
PACHECO, R. Diferenças entre o futebol infantil e o futebol dos adultos. Treino Desportivo, v.28, p. 44-45, 2005.
PEREIRA, J. G. Treinar jovens: benefício ou risco? In: ADELINO, J.; VIEIRA, J.; COELHO, O. (Ed.). Seminário Internacional
Treino de Jovens. Lisboa: Centro de estudos e formação desportiva - Secretaria de Estado do Desporto, 1999. Cap.6. p. 65-70.
PUGNAIRE, A. R.; NIETO, J. R. Efecto diferencial del tipo de entrenamiento en el aprendizaje de algunos gestos técnicos en la
iniciación al fútbol. In: GARGANTA, J.; SUAREZ, A. A.; PEÑAS, C. L. (Ed.). A investigação em futebol. Estudos Ibéricos.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Saúde e Sá - Artes Gráficas, 2002. Cap.10. p. 113-120.
RAMOS, Á. Treino da velocidade do futebolista: Análise do microciclo. Treino Desportivo, v.30, p. 10-15, 2006.
RAMOS, F. S. Como treinam as Seleções Nacionais de futebol jovem - o percurso do jogador. Treino Desportivo, v.11, p. 32-
44, 2000.
RELVAS, H. (Des)ajustes entre treinadores e jovens atletas nos motivos para a prática desportiva. Treino Desportivo, v. 27, p.
04-09, 2005.
RIOS, N.; MESQUITA, I. As regularidades na aplicação do remate por zona 3 em função da oposição situacional do bloco.
Estudo aplicado em equipas de Voleibol da 1ª Divisão Masculina - A2. In: OLIVEIRA, J. (Ed.). Estudos 4. Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto: Saúde e Sá - Artes Gráficas, 2004. Cap.4. p. 40-48.
59
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
SILVA,
Israel F. Pablo
Costa, M. Planejamento e periodização
Greco, Júlio Garganta, Varley Costa edo treinamento
Isabel Mesquita desportivo: mudanças e perspectivas. In: SILVA, F. M. D. (Ed.).
Treinamento desportivo: reflexões e experiências. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1998. Cap.2. p. 29-48.
SILVA, M. J. C.; FIGUEIREDO, A.; BRAL, F.; MALINA, R. Variáveis correlatas da motivação para a prática desportiva em jovens
futebolistas masculinos de 13 a 14 anos de idade. Treino Desportivo, v. 19, p. 32-38, 2002.
SILVA, M. J. C.; FIGUEIREDO, A.; GONÇALVES, C.; RAMOS, M. I. Fundamentos auxológicos do treino com jovens: conceitos,
evidências, equívocos e recomendações. Treino Desportivo, v. 19, p. 4-15, 2002.
SOBRAL, F. Os factores biossociais no rendimento desportivo dos jovens. In: ADELINO, J.; VIEIRA, J.; COELHO, O. (Ed.).
Seminário Internacional Treino de Jovens. Lisboa: Centro de estudos e formação desportiva - Secretaria de Estado do
Desporto, 1999. Cap.5. p. 61-64.
SOUZA, P.; GRECO, P. J.; PAULA, P. Tática e processos cognitivos subjacentes a tomada de decisões nos jogos desportivos
coletivos. In: GARCIA, E. S.; LEMOS, K. L. (Ed.). Temas Atuais V - Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Health Editora,
2000. p. 11-27.
TANI, G. Aprendizagem motora e esporte de rendimento: um caso de divórcio sem casamento. In: BARBANTI, V. J.;
AMADIO, A. C.; BENTO, J. O.; MARQUES, A. T. (Ed.). Esporte e atividade física - interação entre rendimento e saúde. Barueri
- SP: Editora Manole, 2002. Cap.9. p. 145-164.
TANI, G.; SANTOS, S.; MEIRA JÚNIOR, C. D. M. O ensino da técnica e a aquisição de habilidades motoras no desporto. In:
TANI, G.; BENTO, J. O.; PETERSEN, R. D. S. (Ed.). Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Cap.18.
p. 225-240.
TAVARES, F. A capacidade de decisão táctica no jogador de basquetebol: estudo comparativo dos processos perceptivo-
cognitivos em atletas seniores e cadetes. (1993). (doutorado) - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Fernando
Tavares, Porto, 1993.
______. O processamento da informação nos jogos desportivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos
desportivos. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto: Rainho & Neves Lda, 1994. Cap.3. p. 35-46.
TAVARES, F.; GRECO, P. J.; GARGANTA, J. Perceber, conhecer, decidir e agir nos jogos desportivos coletivos. In: TANI, G.;
BENTO, J. O.; PETERSEN, R. (Ed.). Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 284-298.
TENEMBAUM, G.; LIDOR, R. Research on Decision-Making and the use of cognitive strategies in sport settings. In:
HACKFORT, D.; DUDA, J.; LIDOR, R. (Ed.). Handbook of research in applied sport and exercise psychology: International
perspectives. WV: Morgantown, 2005.
TEODORESCU, L. Problemas de teoria e metodologia nos jogos desportivos. Tradução de CURADO, J. Lisboa: Livros
Horizontes Lda, 1984. (Horizonte de Cultura Física).
THOMAS, K.; THOMAS, J. Developing expertise in sport: The relation of knowledge and performance. International Journal of
Sport Psychology, v. 25, p. 295-312, 1994.
THORPE, R. An 'understanding approach' to the teaching of tennis. Bulletin of Physical Education, v. 19, n. 1, p. 12-19, 1983.
THORPE, R.; BUNKER, D. From theory to practice: two examples of an understanding approach to the teaching of games.
Bulletin of Physical Education, v. 18, n. 1, p. 9-16, 1982.
TSCHIENE, P. Lo stato attuale della teoria dell'allenamento. Analisi dello stato attuale della teoria dell'allenamento e della sua
inlfuenza sulla pratica nello sport di alto livello. Rivista di Cultura Sportiva Scuola dello Sport, v. Anno XX, n. 52, p. 2-6, 2001.
TURNER, A.; MARTINEK, T. Teaching for understanding: a model for improving decision making during game play. Quest, v.
47, p. 44-63, 1995.
60
VERCHOSHANSKIJ, Y. Entrenamiento deportivo - planificación y programación. Tradução de ARAÑÓ, R. C. 1. ed. Barcelona:
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 9, número 2, 2010
Ediciones Martínez Roca, 1990. Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol
______. Para uma teoria e metodologia científica do treinamento esportivo. A crise da concepção da periodização do
treinamento no esporte de alto nível. Revista Digital, año 6, n. 32, 2001. Disponível
em:<http://www.efdeportes.com/efd32/treinam.htm>. Acesso em: 08-01-18.
______. Os Horizontes de uma teoria e metodologia científica do treino desportivo. Treino Desportivo, v. 30, p. 46-53, 2006.
VIOLANTE, A. O trabalho com jovens atletas nas selecções nacionais de futebol - alta competição demasiado cedo? Treino
Desportivo, n. especial 3, p. 48-56, 2000.
WERNER, P.; THORPE, R.; BUNKER, D. Teaching games for understanding. Evolution of a model. The Journal of Physical
Education, Recreation & Dance, v. 67, n. 1, p. 28-33, 1996.
WILLIAMS, A.; REILLY, T. Talent identification and development in soccer. Journal of Sport Sciences, v. 18, p. 657-667, 2000.
Contatos
Universidade do Vale do Rio dos Sinos e ESEF/UFRGS
Fone: (51)3019-3493 Tramitação
Endereço: Rua Fernando Osório,1887; Bairro: Teresópolis – Porto Alegre/RS; Cep: 91720-330 Recebido em:18/02/09
E-mail: claudia.candotti@ufrgs.br Aceito em:15/03/11
61
Motricidade
ISSN: 1646-107X
motricidade.hmf@gmail.com
Desafio Singular - Unipessoal, Lda
Portugal
Giacomini, D.S.; Soares, V.O.; Santos, H.F.; Matias, C.J.; Greco, P.J.
O conhecimento tático declarativo e processual em jogadores de futebol de diferentes escalões
Motricidade, vol. 7, núm. 1, 2011, pp. 43-53
Desafio Singular - Unipessoal, Lda
Vila Real, Portugal
RESUMO
A qualidade na prestação esportiva, nos jogos esportivos coletivos, relaciona-se com as capacidades
cognitivas, especificamente com o conhecimento. Esse estudo verificou a associação entre o
conhecimento tático processual convergente e divergente, assim como as associações entre o
conhecimento tático processual e declarativo. Participaram do estudo 221 jogadores de futebol de
campo, do sexo masculino, do escalão sub-14, sub-15 e sub-17. O conhecimento tático processual foi
avaliado através da aplicação do teste KORA-OO no parâmetro “oferecer-se” e “orientar-se”. O
conhecimento tático declarativo foi avaliado através de cenas-situação do futebol. Os resultados
indicaram uma alta associação entre o conhecimento tático processual, convergente e divergente, geral
e especifico por escalão, além de uma baixa associação entre o conhecimento tático declarativo e
processual (convergente e divergente). Esses dados suportam a idéia de que os conhecimentos
progridem serialmente do declarativo ao processual.
Palavras-chave: conhecimento, tomada de decisão, escalões, futebol
ABSTRACT
The quality of the performance on collective games is related to cognitive capacities, specifically to
knowledge. This study verified the association between convergent and divergent procedural tactical
knowledge as well as the association between declarative and procedural tactical knowledge.
Participated in this study 221 male soccer players of U-14, U-15 and U-17 categories. The procedural
tactical knowledge was assessed by KORA-OO on the parameters “offer yourself” and "self-
orientation”. The declarative tactical knowledge was assessed by soccer videos. Results revealed a clear
association between convergent and divergent procedural tactical knowledge in general and per
category and a low association between procedural (convergent and divergent) and declarative tactical
knowledge. These data support the idea that knowledge progresses from declarative to procedural.
Keywords: knowledge, making decision, age, soccer
Diogo Schüler Giacomini, Vinícius de Oliveira Soares, Humberto Felipe Santos, Cristino Julio Matias e Pablo Juan Greco.
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais,
Brasil.
Endereço para correspondência: Diogo Schüler Giacomini, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia
44 | D.S. Giacomini, V.O. Soares, H.F. Santos, C.J. Matias, P.J. Greco
inclui, além da seleção da ação, a ação O objetivo do presente estudo foi verificar a
propriamente dita. associação entre conhecimento tático
Alguns excelentes executantes de processual convergente e divergente por
habilidades técnicas no desporto podem não diferentes escalões. Ademais se associou o
conseguir operacionalizar a mesma, ou seja, conhecimento tático declarativo ao
utilizar a técnica de uma forma eficaz em conhecimento tático processual convergente e
situações de jogo, pois não sabem “como”, divergente em cada um dos escalões
“quando” e “onde” aplicar essas técnicas, investigados.
demonstrando assim uma falha no nível de
conhecimento tático processual (Matias & MÉTODO
Greco, 2010; Turner & Martinek, 1995). Amostra
No desporto, os anos de prática, a A amostra voluntária deste estudo foi
experiência em competições e a qualidade da constituída por 221 jogadores de futebol de
prática são fatores de influência no campo do sexo masculino: 80 do escalão sub-
desempenho esportivo (Campos, 1993; French 14 (faixa etária ≤ 14 anos), 69 do escalão sub-
& Housner, 1994; French & Thomas, 1987; 15 (faixa etária ≤ 15 anos) e 72 do escalão
Giacomini, 2007; Giacomini & Greco, 2008; sub-17 (faixa etária ≤ 17 anos). Todos os
Matias, 2009; Thomas, 1994). Assim, a indivíduos da amostra eram atletas inscritos na
experiência é a passagem do conhecimento Federação de Futebol do Estado de Minas
tático declarativo para o processual em direção Gerais (Brasil), participantes dos principais
ao melhor desempenho esportivo, e é campeonatos estaduais e nacionais das
denominada procedimentalização (Anderson, respectivas faixas etárias.
1982; Dantas & Manoel, 2005).
Quadro 1
Demonstrativo das variáveis em estudo
Identificação para
Variável Categoria Medidas utilizadas Escala análise dos dados
Pensamento Teste de CTD para o futebol
CTD Intervalar
Convergente (Adaptado de Mangas, 1999)
Insuficiente
1 (situação fácil)
Insuficiente
2
(situação difícil)
Pobre
3
(situação fácil)
Pensamento
Convergente Pobre
4 (situação difícil)
Suficiente
5 (situação fácil)
Teste KORA-OO
CTP Ordinal
(Memmert, 2002) Bom
6 (situação difícil)
Muito bom
Pensamento 7 (situação fácil)
Divergente Muito bom
8 (situação difícil)
Ótimo
9 (situação fácil)
Ótimo
10
(situação difícil)
46 | D.S. Giacomini, V.O. Soares, H.F. Santos, C.J. Matias, P.J. Greco
Quadro 2
Oferecer-se e Orientar-se (convergente)
Qualidade da solução: Nível de
se oferecer se orientar, procurar definição Pontos Exemplo
a posição adequada para receber da
a bola situação
O atleta tem, apesar de estar em uma situação
Ótimo difícil, procurado sempre uma boa posição para dar
Difícil 10
Sempre Livre a quem tem a bola opção de passe.
O atleta tem, procurado sempre a posição ótima e
Ótimo oferecido ao colega a possibilidade de passe. No
Fácil 9
Sempre Livre entanto, a situação não era tão difícil.
O atleta tem apesar de estar em uma situação difícil
Muito bom procurado quase sempre achar a posição ótima para
Difícil 8
Quase Sempre que seu colega em posse de bola efetue o passe.
O atleta tem procurado quase sempre a posição
Muito bom ótima para que o colega em posse de bola tenha a
Fácil 7
Quase Sempre opção de passe no entanto a situação não era muito
difícil.
O atleta apesar de estar em uma posição difícil tem
Bom Difícil 6 procurado frequentemente uma posição ótima para
Frequentemente dar a possibilidade de passe.
O atleta tem de forma irregular procurado a posição
Suficiente Fácil 5 ótima e oferecido ao portador da bola quase sempre
Alternadamente a possibilidade de passe. A situação não era difícil.
O atleta não tem quase nunca procurado a posição
Pobre ótima de forma a oferecer ao portador da bola a
Difícil 4 opção de passe no entanto a situação de jogo era
Quase Nunca
difícil.
O atleta apesar de estar em uma situação fácil não
Pobre tem procurado quase nunca uma posição ótima para
Fácil 3
Quase Nunca oferecer ao colega portador da bola a opção de
passe.
O atleta não tem procurado quase nunca a posição
Insuficiente ótima para oferecer ao colega (portador da bola) a
Difícil 2
Nunca opção de passe. No entanto, era uma situação
difícil.
O atleta apesar de estar em uma situação fácil não
Insuficiente Fácil 1 tem procurado nunca uma ótima posição para
Nunca oferecer ao colega a opção de passe.
Quadro 3
Oferecer-se e Orientar-se (divergente)
Originalidade da Flexibilidade nas
solução na situação soluções das Pontos Exemplo
de jogo: uso do espaço
situações de jogo
ou passe
O atleta mostra diferentes soluções originais,
pouco comuns ou pouco conhecidas / esperadas
Amplo acima da média Duas ou mais
10 várias vezes para resolver a situação. As procuras
(muito original) (ações originais) temporais de ótimas posições foram sempre
(completamente) excelentes.
O atleta mostra diferentes soluções originais / fora
Amplo acima da média Duas ou mais do comum, ou pouco conhecidas. As procuras
9
(original) (ações originais) temporais de ótimas posições foram sempre muito
boas.
Duas ações O atleta mostra duas diferentes soluções
(originais, raridade
Acima da média originais / fora do comum, ou pouco conhecidas.
que não aparecem 8 As procuras temporais de ótimas posições foram
(quase sempre) de forma pouco
sempre boas.
frequente)
O atleta mostra duas diferentes soluções que não
Duas ações novas foram originais / fora do comum, mas que
Bom, na média (que aparecem de aparecem de forma esporádica. As procuras
7
(algumas vezes) forma pouco temporais de ótimas posições foram sempre
frequente) surpresas.
O atleta mostra duas diferentes soluções que não
Na média Duas ações foram originais, mas que aparecem de forma
6 esporádica. As procuras temporais de ótimas
(ainda faz coisas novas) (pouco frequentes)
posições foram sempre surpresas.
O atleta mostra uma diferente solução que não são
Uma dentro do repertório padrão, mas que já
Suficiente (ainda
(ação pouco 5 apareceram. As procuras temporais de ótimas
consegue coisas novas) frequente)
posições tiveram sim novidade.
Pobre, próximo da O atleta mostra uma diferente solução que não são
Uma dentro do repertório padrão, mas que aparecem
média
(ação pouco 4
(com poucas coisas frequentemente. As procuras temporais de ótimas
frequente) posições tiveram sim ainda uma novidade.
novas)
O atleta mostra em regra gerais soluções, dentro do
Pobre, abaixo da média repertório padrão, que aparecem frequentemente.
Nenhuma 3 Ocasionalmente as procuras temporais de ótimas
(próximo do padrão)
posições tiveram um pouco de novidade.
O atleta mostra quase somente soluções dentro do
Insuficiente repertório padrão, que aparecem sempre. Muito
(quase somente Nenhuma 2
ocasionalmente as procuras temporais de ótimas
padrão) posições tiveram um pouco de novidade.
O atleta mostra somente soluções padrão, que
Muito Insuficiente aparecem sempre. As procuras temporais de ótimas
Nenhuma 1
(somente padrão) posições não tiveram novidade.
Tabela 2 Tabela 3
Dados descritivos do CTP divergente por escalão Dados descritivos do CTD por escalão
Escalão n M DP Moda Mediana Escalão n M DP Moda Mediana
Sub-14 80 2.43 .83 2 2 Sub-14 80 6.63 .75 6 6
Sub-15 69 3.46 .92 3 3 Sub-15 69 7.00 .47 7 7
Sub-17 72 4.18 1.04 4 4 Sub-17 72 6.97 .60 6 6
Geral 221 3.32 1.18 3 3 Geral 221 6.85 .65 6 6
Tabela 4 Tabela 5
Associação entre CTP Convergente e CTP Divergente por Associação entre CTD e CTP Convergente por escalão
escalão Escalão n rho Spearman
Escalão n Kendall’s tau Sub-14 80 −.160
Sub-14 80 .785* Sub-15 69 −.990
Sub-15 69 .795* Sub-17 72 −.560
Sub-17 72 .805* Geral 221 .148*
Geral 221 .865* * p < .05
* p < .05
experientes tiveram resultados semelhantes Blomqvist, M., Vänttinen, T., & Luhtanen, P.
aos expectadores desta modalidade desportiva. (2005). Assessment of secondary school
Por fim, o presente estudo corrobora com o students' decision-making and game-play
ability in soccer. Physical Education & Sport
trabalho de Williams e Davids (1995), pois os
Pedagogy, 10, 107-119.
jogadores mais experientes demonstraram um
Campos, W. (1993). Effects of age and skill level on
conhecimento tático declarativo mais motor and cognitive components of soccer
elaborado. performance. Tese de doutorado, University of
Em relação ao conhecimento tático Pittsburgh, Estados Unidos da América.
processual, este estudo relaciona-se com a Chi, M. T., & Glaser, R. (1980). The measurement
investigação científica de Kannekens, Elferink- of expertise: Analysis of the development of
Gemser e Visscher (2009), com amostra knowledge and skill as a basis for assessing
composta por jogadores das seleções nacionais achievement. In E. L. Baker & E. L. Quellmalz
(Eds.), Educational testing and evaluation: Design,
de jovens da Alemanha e da Indonésia, pois no
analysis, and policy (pp. 37-48). Beverly Hills,
mesmo também foi encontrado uma correlação
CA: Sage Publications.
positiva entre habilidades táticas e o nível Dantas, L. E., & Manoel, E. J. (2005).
competitivo de jogadores de futebol. Conhecimento no desempenho de habilidades
motoras: O problema do especialista motor. In
CONCLUSÕES G. Tani (Ed.), Comportamento motor:
Em direção a verificar a associação entre o Aprendizagem e desenvolvimento (pp. 295-313).
conhecimento tático processual convergente e Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
divergente, por escalão, observou-se um alto Dorsch, F., Häcker, H., & Stapf, K. H. (2001).
nível de correlação entre esses conhecimentos. Dicionário de Psicologia. Petrópolis: Vozes.
Eysenck, M. W., & Keane, M. T. (1994). Psicologia
Por escalão os resultados foram semelhantes,
cognitiva: Um manual introdutório. Porto Alegre:
tendo como característica maior correlação
Artmed.
quanto mais elevado o escalão. Assim, French, K., & Housner, L. (1994). Expertise in
expondo a importância da interação dos learning, performance and instruction in sport
pensamentos convergente e divergente para and physical activity: Introduction. Quest, 46,
resolução dos problemas apresentados no jogo. 149-152.
Em direção a verificar a associação entre o French, K., & Thomas, J. (1987). The relation of
conhecimento tático declarativo e processual knowledge development to children's
basketball performance. Journal of Sport
(convergente e divergente) geral e especifico
Psychology, 9, 15-32.
por escalão, verificou-se uma baixa correlação
Garganta, J. (1997). Modelação tática do jogo de futebol:
entre esses conhecimentos. O processo de Estudo da organização da fase ofensiva em equipas de
ensino-aprendizagem-treinamento foi capaz de alto rendimento. Tese de Doutorado,
propiciar aos atletas um processo de tomada de Universidade do Porto, Portugal.
decisão inteligente e criativa, ocorrendo a Garganta, J., & Pinto, J. (1995). O ensino de futebol.
procedimentalização do declarativo para o In A. Graça & J. Oliveira (Eds.), O ensino dos
processual, diagnosticado pela investigação jogos desportivos (pp. 95-137). Porto: CEJD-UP.
desse estudo. Novas pesquisas científicas Giacomini, D. S. (2007). Conhecimento tático
declarativo e processual no futebol: Estudo
devem emergir com o presente estudo para
comparativo entre jogadores de diferentes categorias e
averiguar as metodologias de ensino que estão
posições. Dissertação de Mestrado, Universidade
a propiciar um eficaz processo decisório por Federal de Minas Gerais, Brasil.
parte do atleta nos jogos esportivos coletivos. Giacomini, D. S., & Greco, P. J. (2008). Comparação
do conhecimento tático processual em
REFERÊNCIAS jogadores de futebol de diferentes categorias e
Anderson, R. J. (1982). Acquisition of cognitive posições. Revista Portuguesa de Ciências do
skill. Psychological Review, 89, 369-406. Desporto, 8(1), 126-136.
O conhecimento tático dos jogadores de futebol | 53
Greco, P. J. (1995). O ensino do comportamento tático Morales, J. P., & Greco, P. J. (2007). A influência de
nos jogos esportivos coletivos: Aplicação no handebol. diferentes metodologias de ensino-
Tese de Doutorado, Universidade Estadual de aprendizagem-treinamento no basquetebol
Campinas, Brasil. sobre o nível de conhecimento tático
Greco, P. J. (1999). Cognição e ação. In D. Samulski processual. Revista Brasileira de Educação Física,
(Ed.), Novos conceitos em treinamento esportivo (pp. 21, 291-299.
119-153). Minas Gerais: CENESP-UFMG. Oliveira, F. A., Beltrão, F. B., & Silva, V. F. (2003).
Greco, P. J. (2006). Conhecimento tático-técnico: Metacognição e hemisfericidade em jovens
Eixo pendular da ação tática (criativa) nos atletas: Direcionamento para uma pedagogia de
jogos esportivos coletivos. Revista Brasileira de ensino desportivo. Revista Paulista de Educação
Educação Física e Esporte, 20, 210-212. Física, 17, 5-15.
Greco, P. J., & Chagas, M. H. (1992). Considerações Rink, J., French, K., & Graham, K. (1996).
teóricas da tática nos jogos desportivos Implications for practice and research. Journal of
coletivos. Revista Paulista de Educação Física, 6, Teaching in Physical Education, 15, 490-509.
47-58. Sonnenschein, I. (1987). Psychologisches training
Guilford, J. P. (1950). Creativity. American im leistungssport. In H. Gabler, J. R. Nitsch, &
Psychologist, 5, 444-454. R. Singer (Eds.), Einfuhrung in die sportpsychologie
Kannekens, R., Elferink-Gemser, M. T., & Visscher, − Teil 2: Anwendungsfelder (pp. 159-188).
C. (2009). Tactical skills of world-class youth Schorndorf: Hofmann.
soccer teams. Journal of Sports Sciences, 27, 807- Sternberg, R. J. (2000). Psicologia cognitiva. Porto
812. Alegre: Artmed.
Konzag, I. (1985). A formação técnico-tática nos Tavares, F. (1995). O processamento da informação
jogos desportivos. Futebol em Revista, 14, 41-45. nos jogos desportivos. In A. Graça & J. Oliveira
Mangas, C. J. (1999). Conhecimento declarativo no (Eds.), O ensino dos jogos desportivos (pp. 35-46).
futebol: Estudo comparativo em praticantes federados Porto: CEJD/FCDEF-UP.
e não-federados, do escalão de Sub-14. Dissertação Tavares, F., Greco, P., & Garganta, J. (2006).
de Mestrado, Universidade do Porto, Portugal. Perceber, conhecer, decidir e agir nos jogos
Matias, C. J. A. (2009). O conhecimento tático desportivos coletivos. In G. Tani, J. O. Bento, &
declarativo e a distribuição de jogo do levantador de R. D. S. Petersen (Eds.), Pedagogia do desporto
voleibol: Da formação ao alto nível. Dissertação de (pp. 284-298). Rio de Janeiro: Guanabara
Mestrado, Universidade Federal de Minas Koogan.
Gerais, Brasil. Thomas, J. R., & Nelson, J. K. (2002). Métodos de
Matias, C. J. A., & Greco, P. J. (2010). Cognição e pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed.
ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências & Thomas, J., French, K., & Humphires, C. (1986).
Cognição, 15, 252-271. Knowledge development and sport skills
Maxwell, J. P., Masters, R. S. W., & Eves, F. F. performance: Directions for motor behavior
(2003). The role of working memory in motor research. Journal of Sport Psychology, 8, 259-272.
learning and performance. Consciousness and Thomas, K. (1994). The development of sport
Cognition, 12, 376-402. expertise: From Leeds to MVP legend. Quest,
Memmert, D. (2002). Diagnostik taktischer 46, 199-210.
leistungskompnenten: Spieltestsituationen und Turner, A., & Martinek, T. (1995). Teaching for
konzeptorientierte expertenratings. Tese de understanding: A model for improving decision
Doutorado, Universidade de Heidelberg, making during game play. Quest, 44, 44-63.
Alemanha. Williams, A. M., & Davids, K. (1995). Declarative
Memmert, D., & Perl, J. (2009). Analysis and knowledge in sport: A by-product of experience
simulation of creativity learning by means of or a characteristic of expertise. Journal of Sport
artificial neural networks. Human Movement and Exercise Psychology, 17, 258-275.
Science, 28, 263-282.
Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, excepto
quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.
Motriz, Rio Claro, v.15 n.3 p.657-668, jul./set. 2009
Artigo de Atualização/Divulgação
Resumo: São raros os estudos científicos que se propõem a relacionar o conhecimento tático dos
jogadores aos princípios de jogo, devido à dificuldade de observá-lo e quantificá-lo. Observa-se na
literatura que as definições dos princípios de jogo encontram-se ainda em um plano conceptual, no qual os
autores utilizam variadas terminologias, referências e características para defini-los. Diante desse contexto
esse artigo tem por objetivos contribuir para a definição, no plano conceitual e operativo, dos princípios
táticos do jogo de Futebol, propor a adição de dois princípios táticos fundamentais e evidenciar as suas
aplicabilidades práticas nas fases ofensiva e defensiva do jogo.
Palavras-chave: Futebol. Tática. Princípios de Jogo.
partida, para que sua aplicação facilite atingir jogo, e que são identificados como: princípios
objetivos que conduzem à marcação de um gol gerais, operacionais e fundamentais.
ou ao seu impedimento. Coletivamente, a
Os princípios gerais recebem essa
aplicação dos princípios táticos auxilia a equipe
denominação pelo fato de serem comuns as
no melhor controle do jogo, a manter a posse de
diferentes fases do jogo e aos outros princípios
bola, a realizar variações na sua circulação, a
(operacionais e fundamentais), pautando-se em
alterar o ritmo de jogo, e a concretizar ações
três conceitos advindos das relações espaciais e
táticas visando romper o equilíbrio da equipe
numéricas, entre os jogadores da equipe e os
adversária e, conseqüentemente, a alcançar mais
adversários, nas zonas de disputa pela bola, a
facilmente o gol (ZERHOUNI, 1980; ABOUTOIHI,
saber: (i) não permitir a inferioridade numérica, (ii)
2006). Por isso, quanto mais ajustada e
evitar a igualdade numérica e (iii) procurar criar a
qualificada for a aplicação dos princípios táticos
superioridade numérica (QUEIROZ, 1983;
durante o jogo, melhor poderá ser o desempenho
GARGANTA; PINTO, 1994).
da equipe ou do jogador na partida.
Os princípios operacionais são, segundo
Diante da importância dos princípios táticos
Bayer (1994, p.145), “... as operações
para a organização e desempenho da equipe no
necessárias para tratar uma ou várias categorias
campo de jogo, o presente artigo tem por objetivo
de situações”. Portanto, eles se relacionam a
contribuir para a definição, no plano conceitual e
conceitos atitudinais para as duas fases do jogo,
operativo, dos princípios táticos do jogo de
sendo na defesa: (i) anular as situações de
Futebol, propor a adição de dois princípios táticos
finalização, (ii) recuperar a bola, (iii) impedir a
fundamentais e evidenciar as suas aplicabilidades
progressão do adversário, (iv) proteger a baliza e
práticas nas fases ofensiva e defensiva do jogo.
(v) reduzir o espaço de jogo adversário; e no
ataque: (i) conservar a bola, (ii) construir ações
Os Princípios Táticos ofensivas, (iii) progredir pelo campo de jogo
Os princípios táticos decorrem da construção adversário, (iv) criar situações de finalização e (v)
teórica a propósito da lógica do jogo, finalizar à baliza adversária.
operacionalizando-se nos comportamentos tático-
técnicos dos jogadores. Solicita-se, portanto, a Já os princípios fundamentais representam um
conscientização dos jogadores sobre os mesmos, conjunto de regras de base que orientam as
para simplificar a transmissão e a ações dos jogadores e da equipe nas duas fases
operacionalização dos conceitos, ajudando na do jogo (defesa e ataque), com o objetivo de criar
seleção e na execução da ação necessária à desequilíbrios na organização da equipe
situação. Os princípios táticos possuem certo adversária, estabilizar a organização da própria
grau de generalização das movimentações e se equipe e propiciar aos jogadores uma intervenção
relacionam estreitamente com as ações dos ajustada no “centro de jogo”1. Na literatura
jogadores, com os mecanismos motores e com a observam-se propostas com quatro princípios
consciência e o conhecimento tático (CASTELO, para cada fase de jogo condizentes com os seus
1994). objetivos, sendo na defesa os princípios: (i) da
contenção, (ii) da cobertura defensiva, (iii) do
Na literatura especializada em Futebol tem-se equilíbrio e (iv) da concentração; e no ataque os
utilizado diferentes denominações para princípios: (i) da penetração, (ii) da mobilidade,
mencionar e caracterizar os princípios táticos. (iii) da cobertura ofensiva e do (iv) espaço
Entre a variedade de conceitos apresentada (WORTHINGTON, 1974; HAINAUT; BENOIT,
pelos diferentes autores (ZERHOUNI, 1980; 1979; QUEIROZ, 1983; GARGANTA; PINTO,
TEODORESCU, 1984; WRZOS, 1984; BAUER; 1994; CASTELO, 1999).
UEBERLE, 1988; MOMBAERTS, 1991; BAYER,
1994; CASTELO, 1994; GARGANTA; PINTO, Além desses princípios propomos a adição de
1994; PERENI; DI CESARE, 1998; RAMOS, dois outros que estão relacionados com a
2003; ABOUTOIHI, 2006; DUPRAT, 2007),
1
percebe-se certa congruência das idéias em volta O “centro de jogo” afigura-se em uma circunferência de
9,15m de raio a partir da localização da bola. Essa medida do
de três constructos teóricos os quais relacionam “centro de jogo” foi concebida com base nas regras oficiais do
a organização tática dos jogadores no campo de jogo de futebol (FIFA, 2008), porque parte-se do princípio que
os jogadores que se encontram a mais que 9,15m do portador
da bola, não conseguem interferir diretamente nas suas
ações.
Figura 1. Fases de jogo, objetivos e princípios táticos gerais, operacionais e fundamentais do jogo de
Futebol (baseado em GARGANTA; PINTO, 1994)
elaboradas poderão ser as suas respostas às Ao jogar de acordo com esse princípio, a
exigências e demandas da situação. equipe conseguirá em bloco estruturado ampliar,
No jogo as ações do princípio do espaço sem descompensar, as suas linhas de atuação e
podem ser percebidas quando os jogadores penetração na equipe adversária, de forma a
executam movimentações de dispersão, tanto na resolver situações táticas momentâneas de jogo
largura quanto na profundidade, buscando a com sentido pleno de equipe.
ampliação do espaço de jogo efetivo; como, por Durante uma partida, as ações características
exemplo, as movimentações individuais desse princípio podem ser verificadas a partir do
realizadas imediatamente após a equipe posicionamento dos jogadores no campo de jogo,
recuperar a posse de bola que, se executadas de forma a favorecer uma circulação contínua,
eficientemente no plano coletivo, proporcionam a fluente e eficaz da bola, evitando-se ao máximo a
criação e a exploração de espaços livres em sua interrupção (perda da posse de bola). Além
busca do gol. disso, o conjunto das ações da equipe irá
transmitir confiança e segurança aos
Princípio da Unidade Ofensiva companheiros situados no “centro de jogo”,
O princípio da unidade ofensiva está
permitindo a criação de contínua instabilidade e
estritamente relacionado com a compreensão de
conseqüentes desequilíbrios na organização
jogo obtida pelos jogadores e com o modelo de
defensiva adversária.
jogo concebido para a equipe. Esse princípio se
estabelece com base no conhecimento dos
Princípios Táticos Específicos da Fase
jogadores sobre a importância das suas
Defensiva
movimentações, dos seus limites e das suas
Os princípios táticos específicos da fase
posições em relação aos companheiros, à bola e
defensiva auxiliam todos os jogadores, sejam os
aos adversários (TEISSIE, 1969; HAINAUT;
mais distantes ou os mais diretamente envolvidos
BENOIT, 1979). Para se buscar a coesão, a
no “centro de jogo”, a coordenarem as suas
efetividade e o equilíbrio funcional entre as linhas
atitudes e os seus comportamentos tático-
longitudinais e transversais da equipe em ações
técnicos dentro da lógica de movimentações
ofensivas, os jogadores devem também possuir
preconizada para o método defensivo da equipe,
elevado entendimento tático com o objetivo de
buscando essencialmente, a execução rápida e
não desmembrar a solidez do conjunto,
efetiva das ações de defesa que levem a
permitindo jogar como um todo indissolúvel
consecução dos dois principais objetivos
(SILVA; RIAS, 1998).
defensivos: defesa da própria baliza e
As diretrizes desse princípio pressupõem uma recuperação da posse de bola (WORTHINGTON,
organização em função do espaço de jogo e das 1974).
funções específicas dos jogadores, na qual eles
O cumprimento desses princípios ajudará os
devem cumprir um conjunto de tarefas tático-
jogadores a orientarem os seus comportamentos
técnicas durante a fase ofensiva que ultrapassa
e posicionamentos em relação à bola, à própria
claramente a missão preponderante de cada
baliza, aos adversários, aos companheiros e aos
jogador na sua atividade real (CASTELO, 1996).
acontecimentos dinâmicos da partida.
Ao considerar as diretrizes desse princípio, as Proporcionando que a defesa consiga orientar as
ações de um ataque altamente organizado ações de ataque para áreas menos vitais do
suportam medidas preventivas asseguradas por campo de jogo e possa também restringir o
um ou mais jogadores que se colocam e agem na espaço e o tempo disponível para a realização
retaguarda dos jogadores atacantes. Por meio das ações de ataque por parte dos jogadores
desses comportamentos, inicia-se uma adversários (BANGSBO; PEITERSEN, 2002).
concepção de organização da equipe que será
responsável por fazer uma passagem organizada Princípio da Contenção
à defesa em caso de insucesso nas ações O princípio da contenção refere-se,
ofensivas e/ou a organização de uma defesa basicamente, à ação de oposição do jogador de
temporária em função da situação, até que todos defesa sobre o portador da bola visando diminuir
os companheiros se enquadrem as suas reais o espaço de ação ofensiva, restringindo as
posições no sistema defensivo da equipe possibilidades de passe a outro jogador atacante,
(TEODORESCU, 1984). evitando o drible que favoreça progressão pelo
posse da bola ou a chegada de mais defensores importante, a fim de que se possa chegar a uma
para ajudar nas ações de defesa. resposta ou resultado que auxilie a compreender
Para conseguir garantir a coesão, a o comportamento tático do jogador no campo de
efetividade e o equilíbrio funcional entre as linhas jogo.
longitudinais e transversais da equipe em ações Como resultado da construção e aplicação de
defensivas, os jogadores responsáveis por um instrumento com essas características, pode-
cumprir o princípio da unidade defensiva, se ressaltar a possibilidade de observar e estudar
necessitam ser coerentes em seus o jogador em situações de jogo e de treino,
deslocamentos, em função da variabilidade das permitindo controlar a sua prestação esportiva e
situações momentâneas de jogo e do ajudando a detectar pontos de melhoria no
conhecimento das capacidades e possibilidades desempenho.
de movimentação dos seus companheiros
(PINTO, 1996). Referências
Durante o jogo, as ações características desse ABOUTOIHI, S. Football: guide de l'éducateur
princípio podem ser percebidas através da sportif. Paris: Editions ACTIO. 2006.
coordenação das movimentações dos jogadores
BANGSBO, J.; PEITERSEN, B. Defensive
fora do “centro de jogo” em consonância com a soccer tactics: how to stop players and teams
localização da bola, permitindo desenvolver o from scoring. Champaign, IL: Human Kinectics.
jogo de forma mais harmônica e eficiente, entre 2002.
as linhas longitudinais e transversais da equipe;
BAUER, G.; UEBERLE, H. Fútbol. Factores de
como por exemplo, a movimentação do jogador
redimiento, dirección de jugadores y del
lateral para o centro do campo para ajudar na equipo. Barcelona: Ediciones Martínez Roca S.A.
compactação da equipe, quando a ação do jogo 1988. 207 p.
está sendo desenvolvida no lado oposto.
BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos.
Considerações Finais Lisboa: Dinalivro. 1994.
Os princípios táticos contribuem para a
CASTELO, J. Futebol modelo técnico-táctico
organização e o desempenho dos jogadores no
do jogo: identificação e caracterização das
campo de jogo. O conhecimento das suas grandes tendências evolutivas das equipas de
diretrizes, objetivos e especificações constitui um rendimento superior. Lisboa: Faculdade de
importante auxílio para os profissionais de Motricidade Humana, v.1. 1994. 379 p.
Educação Física, professores de escolinhas e
treinadores na orientação do processo de ensino- CASTELO, J. Futebol a organização do jogo:
como entender a organização dinâmica de
aprendizagem e treinamento do Futebol. Por
uma equipa de futebol e a partir desta
outro lado, a compreensão desses princípios, por compreensão como melhorar o rendimento e
parte dos jogadores, tem como vantagem a a direcção dos jogadores e da equipa. s.l.:
estruturação das ações com objetivos, intenções Jorge Castelo. 1996. 541 p.
e sentido tático, que ajudam a regular e organizar
as ações tático-técnicas no jogo. CASTELO, J. Futebol - a organização do jogo. In:
F. Tavares (Ed.). Estudos 2 - estudo dos jogos
Além disso, o conhecimento sobre os desportivos. concepções, metodologias e
princípios táticos pode auxiliar o processo de instrumentos. Faculdade de Desporto da
avaliação tática do desempenho dos jogadores. Universidade do Porto: Multitema, 1999, p.41-49.
Concebendo que os comportamentos dinâmicos
DUPRAT, E. Enseigner le football en milieu
de uma equipe, assim como a sua eficácia no
scolaire (collèges, lycées) et au club. Paris:
jogo, podem ser apreciados a partir das variáveis Editions ACTIO. 2007.
quantitativas e qualitativas das ações dos
jogadores nas relações de cooperação e FIFA. Laws of the game 2008/2009. Zurich:
oposição, pressupõe-se que a compreensão dos Fédération Internationale de Football Association.
princípios táticos constitui-se uma ferramenta útil 2008.
para ajudar nessa avaliação. Para tal, a
GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de
elaboração, a construção e a validação de futebol – estudo da organização da fase
instrumentos capazes de quantificar ou avaliar a ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997.
aplicação dos princípios táticos de jogo torna-se 312 p. (Doutorado). Faculdade de Ciências do
1
Filgueira FM; Greco PJ
Resumo
O futebol é um esporte complexo e dinâmico, com variabilidade de situações, trazendo importantes contribuições
para o desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens, pois requer não só força e velocidade, mas também
coordenação e, sobretudo, inteligência tática, que se expressa na relação dos processos cognitivos de percepção e
tomada de decisão necessários a solução de problemas do jogo. Esses elementos aparecem durante os jogos nas ações
individuais, nas ações de pequenos grupos de jogadores e nas ações táticas da equipe como um todo. Estas últimas são
particularmente complexas, pois as ações dos indivíduos no conjunto solicitam estratégias dinâmicas da equipe, que
precisam ser ajustadas para contrapor às estratégias adotadas pela equipe adversária. Todas essas dimensões explicam
o encanto que o futebol exerce e a sua grande popularidade. Por outro lado, essas características do jogo também
impõem inúmeros desafios à pedagogia do treinamento de crianças e jovens atletas. Usualmente, os aspectos
desenvolvidos nas escolas de futebol enfatizam as capacidades físicas e as capacidades de técnica individual, bem
como coordenações táticas pré-estabelecidas. Pouca atenção é dedicada ao desenvolvimento dos processos de
percepção e tomada de decisão, particularmente, no contexto tático. Nessa resenha abordamos exatamente esses
temas pouco explorados.
Correspondência:
Fabrício Moreira Filgueira
Rua Dr. João Palma Travassos, 576 apt. 42
Jardim Palma Travassos – Ribeirão Preto/SP
Cep: 14.091-180
E-mail: fmfmoreira@terra.com.br
Artigo de Revisão
Abstract
Soccer is a complex and dynamic sport, with diversity of situations, resulting in a lot of contributions for the
development of children's and young people's personality. It requires from them not only strength and velocity, but also
coordination and, particularly, that the behavior presents tactic intelligence. This one is expressed in the relation of
cognitive processes of perception and decision-making, necessary to the solution of match problem. These elements
appear during the matches in individual actions, in small groups' actions and in tactic equip actions as a whole. These last
are particularly complex, because individual actions in the group request dynamic strategies of the equip that need to be
rearranged to counter to the strategies adopted by the opponent equip. All these dimensions explain the charming that
soccer has and its popularity. On the other hand, these game characteristics also impose several challenges to training
pedagogy of children and young athletes. Usually, the aspects developed at soccer schools emphasize physical
capacities of individual technique, as well as tactic coordination previously established. Little attention is dedicated to the
development of perception and decision-making processes, especially in tactic context. In this review we deal with these
themes few explored before.
Os jogos esportivos coletivos (JEC) são bibliográfica tem a intenção de apresentar uma
caracterizados pela necessidade que o jogador defronta abordagem da capacidade tática necessária a iniciação
na, sendo suas varições apresentadas de forma ao futebol (a partir de 09 anos). Nessa faixa etária a
organizada, porem aleatória, colaborando ou recebendo criança tem dificuldades em entender estratégias e
a colaboração dos seus companheiros e ainda com ações táticas complexas, ou “jogadas”, resulta–lhes
momentos de oposição de um jogador ou da equipe difícil perceber e antecipar situações de jogo com
adversária. Assim como em todos os esportes coletivos, precisão bem como se manter concentrados para captar
no futebol as ações do jogo caracterizam-se pela as muitas informações que se encontram no seu
necessidade de um comportamento tático, e sobre tudo ambiente -na situação de jogo ao mesmo tempo.
elemento de base para o desenvolvimento desse esportivo é uma interação de vários aspectos, porém
O sucesso nos jogos tácticos depende os jogadores devem estar habilitados a agir taticamente
largamente do nível de desenvolvimento das faculdades e de maneira correta frente às situações de jogo e que
perceptivas e intelectuais dos atletas, especialmente em isto demanda sobre tudo uma capacidade cognitiva
associação com outros fatores que determinam a desenvolvida, ou seja, devem ser capazes de perceber
Artigo de Revisão
decidirem corretamente que gesto-motor executar. procedimentos que levem o aluno a compreender as
Para tanto, é preciso que o professor ou técnico próprias ações[7].
proponha métodos que estimulem a capacidade criativa Os jogos esportivos coletivos como, por
da criança – sua imaginação, desta forma estará exemplo, o futebol, tem baseado sua estratégia de
também contribuindo para a formação do jogador ensino no domínio das habilidades motoras e técnicas
inteligente taticamente. Alguns professores ou técnicos sem se preocupar na aplicação dessas capacidades nas
pressupõem a idéia de que a criança precisa aprender e diferentes situações no envolvimento e entendimento do
aperfeiçoar a técnica para poder jogar. Esse tipo de jogo.
crença, separando o que fazer (tática, motivo de agir) do As abordagens metodológicas preponderante
como fazer (técnica, meio de agir) deixa à criança a nas aulas de futebol têm se estruturado basicamente em
[3]
ingrata herança de automatizar movimentos . exercícios direcionados ao aquecimento, treinamento de
[4]
De acordo com Greco e Benda , as habilidades técnicas específicas e no jogo coletivo seja
capacidades táticas estão em direta relação de este de forma reduzida ou formal. Nesta perspectiva, o
interdependência e em interação com as capacidades treino se apresenta em uma organização altamente
cognitivas, técnicas e físicas. estruturada onde se enfatiza no ensino a técnica o
As capacidades táticas têm relação direta com “modo de se fazer” separadamente da tática “motivo de
as ações de jogo que se realizam em forma de se fazer”.
cooperação (companheiros) e oposição (adversários). É Portanto, o treinamento técnico e tático nos
na ação do jogo que se justifica a importância do jogos esportivos coletivos, neste caso no futebol, tem se
comportamento tático do jogador para o rendimento dado de maneira descaracterizada das situações reais
esportivo, salientada num conjunto de métodos ou do jogo sem considerar as interações entre técnica e
procedimentos de capacidades específicas para uma tática e entre esta e os processos cognitivos
organização situacional. Por isso, no esporte todas as subjacentes a mesma.
ações dos atletas estão condicionadas pelo parâmetro O professor deve estar atento ao
situacional, constituindo-se numa trilogia que abrange desenvolvimento dos processos cognitivos necessários
[5]
tempo-espaço-situação . a compreensão do jogo, aplicando meios de integração
Na medida em que as ações de jogo ocorrem das ações técnico-táticas nas suas atividades para
em contextos de elevada variabilidade, imprevisibilidade capacitar os jogadores com êxito para as exigências do
e aleatoriedade, aos jogadores são requeridas uma jogo.
[6] [2,4,6]
permanente atitude estratégico-tática . Alguns autores definem ser necessário
formar jogadores taticamente inteligentes, que tomem
O ensino dos jogos esportivos coletivos decisões corretas em situações difíceis. Os autores
futebol tecnicamente bem jogado e, além disso, ensino/aprendizagem da tática, deverão ser
Artigo de Revisão
Tática e processos de tomada de decisão se de selecionar o essencial do acessório – isto é de
interagem, com implicação, ou não, de uma técnica reconhecer os sinais relevantes necessários a solução
determinada; da ação, como o fazem os peritos, por exemplo - e,
Os processos de tomada de decisão são conduzidos portanto, diminui a velocidade e adequação da resposta
pelo atleta em relação à situação do jogo percebida e motora.
emocionalmente avaliada, conforme sua própria O desenvolvimento da prática de uma
responsabilidade e reflete seu nível de capacidade tática modalidade esportiva deve estar de acordo com o nível
individual; de experiência dos alunos, a sua idade, bem como dos
Na tomada de decisão se unem processos níveis de desenvolvimento motor (capacidades motoras:
psicológico-fisiológicos (percepção/transmissão de condicionais, coordenativas e mistas) e cognitivo.
informações e cognição ao elaborar a resposta); e, O desafio de professores e técnicos durante a
“Os processos mencionados podem ser melhorados infância e adolescência na formação esportiva consiste
[9]
com o treinamento” . em selecionar estratégias para que o jogador aprenda a
Os professores e treinadores devem habilitar a tomar decisões rápidas e corretas (tomada de decisão e
formação de jogadores inteligentes capazes de conhecimento processual).
interpretar situações do jogo (interpretação e Reportando a revisão literária, diferentes
[4-6]
observação visual e atenção), escolher a solução autores defendem modificações estruturais no jogo:
motora mais adequada (gesto técnico) e executar a simplificação das regras, redução do nº. de jogadores,
tática e a técnica corretamente e adequadas à situação. no espaço de jogo, no material (bola, traves do gol, etc.)
Em outras palavras, os métodos de treinamento e jogos reduzidos com elementos e objetivos essenciais
tático exigem um treinamento técnico, que deverá do jogo formal.
apresentar uma relação estreita (inter-relacionarem-se) Professores devem proporcionar as crianças a
com o adequado desenvolvimento das capacidades vivencia do jogo em diferentes posições, ou seja, o
cognitivas. Portanto, o treinamento deve ter ligação jogador iniciante de futebol deve passar por todas as
direta com as situações imprevisíveis e variadas do jogo. posições, do goleiro ao atacante. Significa dizer que,
Quanto à forma progressiva do ensino do quanto mais capaz de ocupar mais que uma posição,
comportamento tático na abordagem dos jogos melhor será o jogador.
esportivos coletivos, destaca-se: a exercitação e Em relação à definição precoce de
combinação das habilidades simples sem oposição para posicionamento, algumas crianças, por exemplo, são
oposição simplificada, jogo reduzido de superioridade e especializadas na posição de zagueiros, por serem altos
igualdade numérica e situações semelhantes ao jogo e fortes, porém muitas vezes possuem uma idade
formal. biológica adiantada, e, portanto, já tiveram o estirão de
[10]
Segundo Tavares a transmissão demasiada crescimento. Sendo que nas categorias posteriores não
de informação pode contribuir para a realização de erros, irão apresentar uma altura suficiente, e
devido à capacidade limitada de processamento do conseqüentemente não possuirão habilidade e nem
aprendiz, além de que a criança apresenta dificuldades vivência para atuarem nas posições de lateral, meia ou
Artigo de Revisão
atacante. tático –declarativo e processual – estão sendo
[11]
Segundo Garganta , o ensino dos jogos interligados na busca dos objetivos do jogo.
desportivos coletivos não deve ser direcionado A tática é a capacidade baseada em processos
essencialmente à transmissão de um repertório amplo cognitivos de recepção, transmissão, análise de
de habilidades técnicas (o passe, a recepção, o drible, informações, elaboração de resposta e execução da
etc.), nem à solicitação de capacidades condicionadas e ação motora, concretizada com uso de uma técnica
coordenativo-condicionais (resistência, velocidade, força, específica, implicando em tomada de decisão, a qual
etc.). reflete o nível da capacidade tática e experiência motora
[11]
O mesmo autor cita ainda que, importa-se, do atleta.
sobretudo desenvolver nos praticantes uma No caso do futebol, o espaço é compartilhado
disponibilidade motora e mental que transcenda por 22 jogadores sendo que na execução das ações,
largamente a simples automatização de gestos e se exige-se do jogador um tempo reduzido para resolver os
centre na assimilação de regras de ação e princípios de problemas e tarefas do jogo. O jogador deve saber inter-
gestão do espaço de jogo, bem como de formas de relacionar e organizar informações relevantes às ações
comunicação e contra comunicação entre os jogadores. de jogo, entre elas: o que fazer (situação); quando fazer
(tempo); onde fazer (espaço) e como fazer (forma),
A tática no contexto da iniciação sendo que o por que da decisão se reúne nas quatro
cada situação, na dependência direta do objetivo final do situações de jogo apresentam-se como obstáculo para
esporte e dos objetivos táticos gerais e específicos da aqueles jogadores que não conseguem perceber e
ação. O jogo é constituído por situações, que são compreender os elementos presentes, como é o caso
irreprodutíveis, únicas, as ações táticas são tanto “em” dos iniciantes. Os iniciantes costumam ter dificuldades
quanto “na” situação. Nesse contexto os jogos maiores no que se refere a tomada decisão. Dificuldades
esportivos coletivos caracterizam-se pela sucessão de de perceber seus companheiros livres, o posicionamento
situações de jogo, nas quais o participante deve resolver dos adversários, o meio-ambiente, são elementos
problemas através de constantes tomadas de decisões, condicionantes, de pressão, das suas ações, o iniciante
decisões estas que envolvem um conteúdo tático, são deixa de reconhecer e selecionar as informações
delimitadas pelos objetivos táticos do jogo “em” e “na” relevantes e tomar decisões adequadas.
situação. As ações táticas são realizadas através da A inteligência tática de perceber o espaço, o
tomada de decisão e implicam em relacionar processos colega, o adversário, de decidir, de antecipar-se pode
cognitivos com processos motores. Isto é, quando um ser estimulada desde cedo[3]. Para tanto, é preciso que
atleta realiza uma técnica específica da modalidade, por as crianças sejam capazes de executarem esquemas
exemplo, um passe, ele tomou uma decisão tática táticos de forma consciente e autônoma, e ainda sem a
escolhendo essa ação motora como a mais adequada a preocupação de “jogadas” preestabelecidas, que
resolver a situação de jogo, nesse caso o conhecimento acabam por formar jogadores automatizados, sem
Artigo de Revisão
criatividade e flexibilidade, ou seja, capacidade de se estabelecido, considerando as características dos
adaptar, de resolver problemas e de improvisar frente às jogadores e sua função nas situações de ataque ou
constantes situações novas dos jogos. E ainda, de defesa, para solucionar as tarefas-problemas durante
[2,3,4,7]
acordo com alguns autores que não acreditam em uma partida a fim de se obter êxito nos resultados dos
ensinar “jogadas”, mas sim em ensinar crianças e jogos.
[4]
jovens a jogar e compreender as dinâmicas e as Nesse contexto, de acordo Greco e Benda o
estruturas do jogo de forma a jogar para aprender a conjunto de ações a qual os jogadores devem recorrer
jogar. nos jogos esportivos coletivos relaciona-se com a
Cabe ao professor e aos técnicos planejar suas interpretação da capacidade de interação dos
aulas com conteúdos diferentes, com jogos: jogos parâmetros da tática baseada na função do jogador
adaptados, de espaços reduzidos, com inferioridade, (ações do jogador na situação de ataque ou defesa
superioridade, igualdade numérica, com demandas determinada pela posse ou não da bola) e característica
técnicas, defensivas e ofensivas. É preciso se da ação que estes realizam (ações do tipo individual, de
abandonar a idéia de aperfeiçoar o gesto técnico para grupo e coletiva):
poder jogar. tática individual: ação isolada do jogador através das
No futebol, as técnicas constituem ações capacidades físicas, técnicas, táticas, teóricas e
motoras especializadas que permitem resolver as psicológicas, e capacidade de percepção da situação de
(6)
tarefas do jogo . O ensino da técnica perpassa pela jogo visando atingir um objetivo determinado. (ex: finta).
ação tática do jogador através da orientação e tática de grupo: ações coordenadas entre dois ou três
construção de situações/exercícios nos processos de jogadores proporcionando a continuidade da ação e o
ensino-aprendizagem nas diversas situações de jogo. objetivo final do jogo. (ex: cruzamento visando finalizar a
O ensino e treino do futebol através duma gol).
pedagogia de situações-problema acabam por tática coletiva: ações simultâneas de três ou mais
oportunizar que o jogador proceda a uma “leitura do jogadores estabelecida previamente por um plano de
jogo” o que implica em realizar permanentemente uma ação determinado, de acordo com as regras do jogo,
relação entre a técnica e a tática propiciando a relacionando as ações do adversário e as respostas
construção dos princípios do jogo de “o que fazer” para como situações ofensivas para atingir o objetivo
resolver o problema e “o como fazer”, que decorre de pretendido. (ex: triangulação por setor visando a
uma adequada capacidade de decisão, na procura da finalização).
eficácia (capacidade de alcançar os objetivos Na prática a tática também pode ser classificada
pretendidos). em: geral (ações observadas antes de uma competição)
e específica (ações relacionadas às situações na própria
Classificação da capacidade tática competição). Toda ação individual e coletiva deverá ser
A tática é representada pelas ações individuais intrigada numa técnica executada na situação de jogo
e coletivas dos jogadores de uma equipe organizada e com um objetivo geral ou específica determinado, ou
orientada por um plano de ações previamente seja, realizar uma ação que possibilite solucionar uma
Artigo de Revisão
tarefa-problema por meio de uma técnica baseada no Ex: trote, sprint, salto, giro, rolamento, bloqueio, carrinho,
seu repertório motor visando obter êxito em um objetivo etc.
comum podendo atingir resultados ótimos individuais e A importância da técnica no comportamento
de conjunto. tático como a execução ideal de um movimento
Em se tratando de pedagogia do esporte, as adequado à situação de jogo. Então, entende-se que
questões de “o que fazer”, “quando fazer”, “onde fazer” nos jogos auxiliares esportivos coletivos a técnica é um
“por que fazer” e “como fazer” são decisões importantes requisito fundamental para a eficiência dos processos e
na ação de jogar, possibilitando a inteligência tática do estruturas da ação tática do esporte em questão.
jogador de perceber, antecipar-se e de decidir. Entende-se que as capacidades táticas têm uma
O conhecimento das opções táticas individuais relação direta com a formação das técnicas motoras,
(quando passar, driblar ou chutar) e das combinações constituindo uma unidade que devem ser trabalhas
táticas de grupo (tabela, bloqueio e cruzamento) vai conjuntamente, a fim de solucionar os problemas das
possibilitar uma conduta com maiores possibilidades de situações de jogo através da capacidade cognitiva.
êxito em qualquer situação, por mais nova e Não se pode desconsiderar capacidades e
[13]
diversificada que ela seja . habilidades perceptivas e cognitivas, as quais,
Em relação à importância da técnica no associadas às capacidades e habilidades físicas,
[2,4,5] [7]
comportamento tático, os autores ressaltam que o definem uma lógica para o futebol .
domínio de uma técnica extremamente variável só será Neste contexto, o valor das capacidades táticas
alcançada através da integração com elementos táticos é alto, e ainda, sobre a característica dos JEC, os
[2,14,15]
e elementos cognitivos, que exijam do jogador autores complementam que, todas as ações são
participação consciente, ou seja, o processo de determinadas do ponto de vista tático, e ainda, que todo
ensino/aprendizagem deve contemplar aspectos movimento esportivo, determinado predominantemente
psicológicos e cognitivos como as capacidades de pela tática, implica numa atividade cognitiva, pois devido
percepção, antecipação e tomada e decisão. E esse à continuidade, velocidade, amplitude, variabilidade e
aspecto muito importante citado acima, podemos número de mudanças, o atleta se vê obrigado a decidir
desenvolver através dos JEC de forma recreativa em e elaborar respostas rápidas, corretas e precisas,
crianças de 5-8 anos, em forma educacional nos jovens explicitando um comportamento cognitivo.
[7]
de 9-12 anos e de forma educacional e específica nos O futebol é um jogo coletivo, inteligente, tático .
jovens e adolescentes de 13 – 18 anos.
Deste modo, é importante ressaltar que temos a O componente tático na aprendizagem do
técnica com bola e técnica sem bola:
futebol
- técnica com bola: total feeling com a bola em todas as
A partir dos aspectos apresentados e discutidos pela
partes do corpo.
literatura neste estudo, constata-se que desde o início
Ex: passe, drible, cabeceio, amortecimento, cruzamento,
da aprendizagem do futebol, tem se fundamentado
chute, domínio, etc.
sobre tudo no desenvolvimento dos processos
- técnica sem bola:
cognitivos que permitem perceber corretamente as
Artigo de Revisão
informações relevantes da situação, antecipar-se em Portanto, pressupõe-se que este estudo
relação às ações do adversário e, conseqüentemente, demonstra a importância de uma melhora na
tomar decisões corretas de forma rápida. Além disso, planificação do processo de ensino-aprendizagem-
desenvolver as habilidades técnicas e as capacidades treinamento nos aspectos pedagógicos, a fim de
coordenativas e funcionais através de tarefas abertas, proporcionar aos seus praticantes métodos adequados
que acabam por formar o jogador inteligente. e facilitadores para o aprendizado do futebol e formas
Entretanto em relação a participação de de motivação.
crianças de 7 a 12 anos no meio competitivo, tem-se
constatado uma filosofia e política de ação que cada vez
Capacidades cognitivas no comportamento
mais se assemelha às situações do esporte adulto,
tático
cometidos em erros de exigências de altos níveis de
Em diversos estudos publicados por vários
rendimento em idades precoces, culminando na
[2,3,4,7,13]
autores da área , defendem que a capacidade
especialização precoce.
[16] tática se relaciona com os processos cognitivos, e que o
Para Filgueira , iniciantes que jogam de
desenvolvimento de uma favorece a outra. Conforme
maneira sistemática, ou seja, de forma estereotipada
estudos da área serão discutidos os processos
com “jogadas” preestabelecidas, não se tornam
cognitivos e a conceituação de capacidade cognitiva.
jogadores autônomos, que pensam e agem por si
Os processos cognitivos têm uma relação direta
próprios, e ainda que quando um treinador ou professor
com o reconhecimento, elaboração e memorização das
fornece “soluções” aos alunos, ele está tomando
informações, distinguindo as essenciais das não
decisões por elas.
essenciais, em um dado momento específico da
Desta forma, faz-se necessário criar o jogador
situação de jogo. Estes processos são denominados de
inteligente, capaz de agir e criar suas ações de forma
diferenciação mental onde são desenvolvidas as ações
variável frente as diferentes situações de jogo, isto
de aprendizagem de execução das ações esportivas.
impõe uma pedagogia do esporte adequada às
Toda decisão nos jogos esportivos coletivos depende
necessidades e interesses da criança pelos professores
basicamente da percepção da situação de jogo e a
e técnicos que trabalham com o futebol na infância.
comparação de informações presentes nesta com os
Segundo Tiegel e Greco[17], adaptar essa
conhecimentos adquiridos armazenados na memória[13].
metodologia implica em otimizar as capacidades
A capacidade cognitiva no processo de
cognitivas desde idades precoces, para suprimir a
formação do jogador é definida como a capacidade do
divisão do processo de ensino-aprendizagem-
jogador de interpretar e organizar as informações
treinamento em técnica e tática, habilidades e
relevantes das situações dos jogos de forma consciente,
capacidades. Desta maneira, por formar jogadores de
com o objetivo de solucionar a demanda de problemas
qualidade que temos que dar liberdade para que ele
ocasionados durante os treinos e jogos.
possa criar e improvisar e ainda, com autonomia
A exigência do desenvolvimento da capacidade
participar do jogo.
cognitiva faz com que os jogadores se tornem mais
Artigo de Revisão
inteligentes e perceptíveis, e consequentemente mais onde se completa o visto com o que se sabe, e se
[16]
rápidos e flexíveis nas suas decisões manifestando proporciona estabilidade a aquilo que não a tem . O
melhor desempenho nas ações táticas (percepção, olhar inteligente se deriva da compreensão tática do
[19]
antecipação e a tomada de decisão). jogo .
O jogador de futebol está sempre diante de
Percepção e antecipação muitas decisões nas diversas situações de ataque e
A percepção é um processo de redução e defesa no jogo, sendo que as respostas para essas
seleção de informação .
[5] decisões serão justamente a percepção que o mesmo
selecionar um número de informações essenciais para A percepção e a antecipação têm uma grande
poder orientar suas ações nas situações de jogo, as importância na situação de jogo, em especial para as
quais requerem um reconhecimento e relacionamento ações táticas relacionadas aos movimentos da bola, dos
com o meio isto campo de jogo, podendo desta forma parceiros e dos adversários, nos seus deslocamentos
A propósito, nos treinamentos táticos em formas Deste modo, as decisões táticas que os
de JEC, os jogadores serão estimulados de forma jogadores serão submetidos, além de complexas, serão
natural a viver a real situação que será apresentada nos tomadas com base na percepção e antecipação da
intenção do adversário e desenvolva uma ação Na análise do jogo que o jogador realiza a sua
adequada a seu favor e de sua equipe. Portanto pode- percepção é determinada pelos fatores de amplitude do
se concordar com Marina[18] quando coloca que o campo visual (visão periférica), seleção das informações,
conhecimento se origina nos processos de percepção e precisão da percepção e momentos críticos do jogo
de pensamento, para este autor “conhecer é sempre (curto tempo na tomada de decisão).
conhecido”; assim, oportuniza-se através do visuais nos jogos desportivos coletivos, o problema da
processos psíquicos. Percebemos em base ao que realidade da situação de jogo trás problemas ao
conhecemos, a recepção de informação se compõe de iniciante, pois este tende a controlar a aprendizagem
uma tríade de processos cognitivos, percepção- dos gestos por meio das sensações oculares,
(12)
antecipação-atenção. “Toda informação que se torne concentrando-se no corpo e na bola .
sendo seu uso decisivo para sua manutenção. O fases conscientes da ação, que podem ser melhoradas
mesmo autor afirma que não existe percepção sem com o aperfeiçoamento da técnica e do cálculo ótico-
estímulo, mas o estímulo não determina por completo a motor sincronizado (aspecto essencial para variabilidade
Artigo de Revisão
Os jogadores iniciantes percebem um número ações o jogador requer a cada situação uma nova
menor de informações e objetos de estímulos fortes, solução, onde a ação é uma tomada de decisão.
como é o caso de crianças que praticamente se O objetivo da tomada de decisão consiste em
preocupam com a bola, porém aos poucos irão realizar a avaliação das informações relevantes,
percebendo outros aspectos da situação de jogo como o selecionar a melhor de forma rápida para se atingir um
companheiro de equipe e adversários. objetivo desejado concretizando uma ação motora.
[2]
Além da capacidade perceptiva, salienta-se a Para Bianco , dentre as capacidades que
antecipação como uma forma de anteceder implicam numa correta tomada de decisão, a
imediatamente a intenção tática do adversário e de seus capacidade do atleta de perceber corretamente as
próprios movimentos para compreensão das possíveis informações relevantes na situação, parece ser de suma
ações e conseqüências das condições primárias da importância para uma correta tomada de decisão. A
situação. capacidade de tomar decisões é uma das mais
Nesse sentido, a qualidade da percepção tem importantes capacidades do atleta, sendo extremamente
uma relação direta com o conhecimento e experiência de grande valor na organização do jogo. A qualidade e a
do jogador, além da concentração, dos processos velocidade na tomada de decisão são fatores que
motivacionais e volitivos, e estados emocionais do influenciam na eficácia da tomada de decisão do
jogador. jogador (tempo de reação).
A percepção depende da experiência do jogador A autora[2] afirma que, em relação aos iniciantes,
e conhecimentos específicos, pois iniciantes percebem com prática e treinamento os processos de percepção
um maior número de elementos insignificantes, e ainda se tornam mais rápidos e seguros. Jogadores mais
que os jogadores mais experientes possuam uma experientes “experts” percebem e recuperam
tomada de decisão mais rápida. informações mais rapidamente que os iniciantes.
[20]
É importante desenvolver a antecipação e a Segundo Alves e Araújo , acrescentam que
percepção desde a primeira infância, através de quanto mais complexas as decisões, mais os expertos
trabalhos multilaterais em formas de jogos infantis, se distinguem dos iniciados.
estímulos com bola, pois estes são fundamentais para Para Costa, Garganta, Fonseca e Botelho[1], o
aprendizagem dos jogos esportivos coletivos, desportista experiente utiliza duas grandes categorias
manifestando condições para um comportamento tático de estratégias:
por parte dos alunos. Encontrar regularidades nas modificações do
envolvimento;
Tomada de decisão Na construção de um repertório de esquemas que
A tomada de decisão consiste na capacidade de permitem ler a situação actual e de antecipar, a curto
tomar decisões rápidas e taticamente exatas, prazo, os acontecimentos numa base de tomada de
constituindo uma das mais importantes capacidades do informação, não sobre as ações do adversário, mas
[1]
atleta . Nos JEC, para inúmeras possibilidades de sobre as suas.
Artigo de Revisão
A tomada de decisão também pode ser organizado de informações) de forma a oportunizar,
influenciada pelos fatores de conhecimento declarativo mais rapidez nas tomadas de decisões táticas por parte
(regras do jogo, posição dos jogadores e objetivos do dos jogadores, que devem ser capazes de tomar
jogo) e procedural (execução do movimento e ainda decisões diferentes em situações similares, dificultando
qual movimento executar na situação), habilidade a ação do adversário e evitando a indecisão, obtendo
específica e experiência na modalidade em questão. dessa maneira um maior controle sobre os
[13]
Segundo Souza , a qualidade da tomada de componentes da performance.
decisão do atleta depende: Em síntese, o jogador inteligente deva ser mais
Conhecimento declarativo e processual específico; rápido e melhor, ao perceber, a encontrar soluções
Capacidades cognitivas; corretas, e realizar uma ação no jogo propriamente dito.
Capacidade (competência) no uso das capacidades O treinamento deva estar sempre próximo ao ambiente
cognitivas; da realidade do jogo para a formação do jogador
Preferências pessoais; inteligente. O jogador inteligente não é apenas o de
Fatores motivacionais. excelência técnica, mas aquele que tem fácil adaptação
Os autores complementam que quando crianças frente a novas situações. Ser inteligente perpassa por
iniciam uma modalidade esportiva, elas geralmente resolver problemas em todas as novas situações. E
possuem pouco conhecimento declarativo específico em essa competência tática deva ser construída no treino.
relação à mesma e isto pode reduzir a qualidade das A competência para resolver os problemas do
[2,6,13,16]
tomadas de decisão no contexto do jogo . jogo, que é o que todo treinador espera dos seus
[21]
Um melhor nível de conhecimento tático jogadores, é construída ou destruída no treino .
apresentado tem uma relação direta com o grau de
exigências competitivas em que o jogador esta Conclusões
submetido, e deve-se também pelo nível de importância Como forma de conclusão ao tema, o presente
do componente tático no treinamento e à prática tópico objetivou inter-relacionar a Teoria de Ação tal
desportiva. com formulada por Nitsch apud Samulski
[22]
com o
Para estudiosos da área a qualidade de decisão ensino-aprendizagem-treinamento no futebol,
está correlacionada com a experiência e anos de prática. apoiando a proposta em uma abordagem
Sendo que a experiência adquirida através de um alto cognitivista.
nível de realidade amplamente competitiva contribui Analisado o comportamento de uma equipe em
para a melhoria do conhecimento. um jogo de futebol, observa-se uma cadeia de ações
A aprendizagem-treinamento de uma inteligentes. Essa cadeia de ações é composta pelas
modalidade esportiva requer o conhecimento (corpo seguintes fases:
Artigo de Revisão
A) planejamento tático coletivo (sitema de jogo): decisões que tenham um objetivo determinado durante
- 5-8 anos: GK + 5 X 5 + GK fase recreativa); uma partida. Sendo essas ações representadas
- 9-12 anos: GK + 6 X 6 + GK (fase educacional); hierarquicamente pelo objetivo da ação, programa motor
GK + 8 X 8 + GK; e, e comandos básicos do movimento.
- 13-18 anos: GK+10 X 10 + GK (fase educacional e O conjunto de posições táticas, assim como de
específica). jogadas para pequenos grupos de jogadores é limitada.
B) planejamento tático para pequenos grupos de Assim, a escolha desses elementos deve cobrir as
jogadores: circunstâncias do jogo da forma mais completa possível.
- grupo tático defensivo; e Ainda, elas devem levar em conta as habilidades dos
- grupo tático ofensivo. iniciantes e respeitar suas limitações para evitar sempre
C) planejamento de sequências de ações um overtraining.
individuais em situação defensiva e ofensiva: (ação Portanto, isso nos leva ao fato de que um
individual dentro do planejamento): jogador de futebol ou uma criança que pratica futebol,
- posicionamento defensivo em situação de 1 x 1; deve ser estimulado taticamente, principalmente nos
- cobertura e comunicação em situação de 1 atacante x JEC e com a seqüência de treinamentos, este seja
2 defensores – 1 x 2; capaz de escolher a melhor alternativa de decisão de
- mudança de jogo; e, forma antecipada e responder as exigências e situações
- pressão no jogador sem bola, etc. que apresentam nos jogos e treinamentos.
D) coordenação de sequências de ações A coordenação da sequência de ações e a
individuais execução das ações definem a qualidade da realização
(sincronização dos movimentos com e sem bola): das jogadas planejadas.
- penetração sem bola; A preparação de uma equipe, seja ela, nível 1
- cobertura; e, (5-8 anos) ou profissional requer um trabalho em cima
- contra ataque com o goleiro, entre outras. de um planejamento antecipadamente programado e
E) criação de ações individuais (habilidades tendo sempre como objetivo cada uma dessas cinco
técnicas com e sem bola): fases. O sucesso do desempenho da equipe vai
- chute com a parte interna do pé, dentro da pequena depender substancialmente da correção do
area; planejamento e da precisão do treinamento.
- voleio lateral, após cruzamento; Do ponto de vista da pedagogia do esporte, as
- antecipação; e, exigências do jogo nos levam ao desenvolvimento dos
- bloqueio lateral, e outras. diferentes processos inerentes à tomada de decisão, a
Deste modo, cada uma dessas fases é crucial fim de aperfeiçoar as capacidades cognitivas desde
para um bom desenvolvimento e requer sequências de idades precoces, isto é, adotar uma metodologia
treinamentos de forma programada. aplicada em técnica e tática, habilidades e capacidades,
As ações dos jogadores de futebol podem ser simultaneamente.
consideradas como a realização de tomadas de
Artigo de Revisão
Entretanto, este é um tema inesgotável que 11. Garganta J. Para uma teoria dos jogos desportivos
requer um número significativo de pesquisas científicas coletivos. In: Graça A, Oliveira J. O ensino dos jogos
numa abordagem pedagógica da iniciação esportiva ao desportivos. Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, 2 ed.
Porto, 1995. p. 11-25.
futebol.
12. Bayer C. La ensenanza de los juegos desportivos
Referências colectivos. Hispano Europea, Espanha, 1986.
1. Costa JC, Garganta J, Fonseca A, Botelho M. Inteligência e 13. Souza PRC. Processo de validação de teste para avaliar a
conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes capacidade de tomada de decisão e o conhecimento
níveis competitivos. Revista Portuguesa de Ciências do declarativo no futsal. [Dissertação de Mestrado – Escola de
Desporto 2002; vol.2, nº. 4: 7-20. Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional], Belo
2. Bianco MA. Importância da Capacidade Cognitiva no Horizonte (MG): UFMG; 2002.
Comportamento Tático dos Esportes Coletivos: uma 14. Sisto FF, Greco PJ. Comportamento tático nos jogos
abordagem no Basquetebol. In: I Prêmio INDESP de Literatura esportivos coletivos. Revista Paulista de Educação Física 1995;
Desportiva. Brasília, 1999. Instituto Nacional de 9(1): 63-68.
Desenvolvimento do Desporto; v. 2: 95-147. 15. Konzag I. A formação técnico-táctica nos jogos desportivos
3. Santana WC. Futsal: Apontamentos Pedagógicos na colectivos. Treino Desportivo 1991; Série II (19): 27-37.
Iniciação e na Especialização. Campinas, SP: Autores 16. Filgueira FM. Futebol: aspectos pedagógicos da iniciação
Associados, 2004. esportiva. [Monografia de Especialização em Futebol –
4. Greco PJ, Benda RN (org.). Iniciação Esportiva Universal 1: Departamento de Educação Física], Viçosa (MG):
da aprendizagem motora ao treinamento técnico. 1º Universidade Federal de Viçosa; 2005.
Reimpressão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001. 17. Tiegel G, Greco PJ. Teoria da Ação e Futebol. Revista
5. Greco PJ (org.). Iniciação Esportiva Universal 2: Mineira de Educação Física 1998; 6(1): 65-80.
metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Belo 18. Marina IA. Teoria da Inteligência Criadora. Caminho da
Horizonte: UFMG, 1998. ciência. Lisboa, Portugal: Editora Anagrana; 1995.
6. Garganta J. Competências no ensino e treino de jovens 19. Greco PJ. Conhecimento técnico-tático: o modelo pendular
futebolistas. Lecturas Educación Física y Deportes (periódico do comportamento e da ação tática nos esportivos coletivos.
on-line). 2002; 45. Disponível em: <http:// Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício
www.efdeportes.com/efd45/ensino1.htm> [2007 Mar 18]. 2006; v.0: 107-129.
7. Freire, JB. Pedagogia do Futebol. 2. ed. Campinas: Autores 20. Alves J, Araújo D. Processamento de informação e tomada
Associados (Coleção educação física e esportes); 2003. de decisão no desporto. In: Cruz JF. Manual de Psicologia do
8. Greco PJ, Benda RN. (Org.) Iniciação Esportiva Universal: Desporto. Braga: Sistemas Humanos e Organizacionais Ltda,
da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Volume I. 1996. p. 361-388.
Belo Horizonte: UFMG, 1998. 21. Santana, WC. O raciocínio do treino está no jogo.
9. Greco PJ. (Org.). Iniciação Esportiva Universal Metodologia Pedagogia do Futsal. Disponível em:
da iniciação esportiva na escola e no clube. Volume II. Belo <http://www.pedagogiadofutsal.com.br/texto>026.php [2003
Horizonte: UFMG, 1998. Mai 28].
10. Tavares F. O processamento da informação nos jogos 22. Samulski, DM. Psicologia do esporte: teoria e aplicação
desportivos. In: Graça A, Oliveira J. O ensino dos jogos prática. Belo Horizonte: UFMG/Escola de Educação Física –
desportivos. Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, 2 ed. Imprensa Universitária, 1992.
Porto, 1995. p. 35-46.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo mostrar como são feitas as escolhas dos sistemas táticos por parte dos
treinadores das categorias de base do futebol goiano, e se há influência do tamanho (estatura) dos atletas na hora da
escalação das equipes. O referencial teórico do trabalho foi dividido em três etapas. A primeira sobre sistemas táticos
(definição, como surgiram, evoluções), a segunda sobre os principais sistemas táticos utilizados atualmente e a terceira
sobre os novos modelos de sistema tático. A metodologia do estudo compreende uma entrevista com 21 treinadores de
categoria de base com idade entre 22 e 53 anos, com escolaridade variando entre primeiro grau e nível superior. Esses
profissionais trabalham em 12 distintas agremiações (clubes) de futebol. As categorias envolvidas nessa pesquisa foram:
sub-12 (mirim); sub-13 (infantil); sub-14 (pré -infanto); sub-15 (infanto-juvenil) e sub-17 (juvenil). Conclui-se nesse trabalho
que para se escolher um determinado sistema tático cada técnico leva alguns fatores em consideração, sendo o principal
deles as características dos jogadores que compõem o elenco, seguido do sistema tático da equipe adversária.
Observamos também que na hora da escalação dos atletas, um fator primordial é a estatura do jogador que aliada com a
técnica é fundamental para os técnicos escalarem suas equipes. A característica dos atletas do elenco foi citado como o
principal fator na hora da escolha do sistema tático por 81% dos técnicos, já 19% citaram o sistema tático da equipe
adversária. Levando-se em consideração a estatura dos atletas na hora da escalação, 61,9% dos técnicos responderam
que "sim" a estatura é levada em conta, já 38,1 afirmaram que "não" dizendo que o mais importante é a qualidade técnica.
Palavras-chaves: sistema, tática, característica.
Abstract
This work has as objective to show as they are made the choices of the tactical systems on the part of the trainers
of the categories of base of the soccer goiano, and influence of the size there is been (stature) of the athletes in the hour of
the escalação of the teams. The theoretical referencial of the work was divided in three stages. The first on tactical systems
(definition, as they appeared, evolutions), Monday on the main tactical systems used now and the third on the new models
of tactical system. The methodology of the study understands an interview with 21 trainers of base category with age
between 22 and 53 years, with escolaridade varying between first degree and superior level. Those professionals work in 12
different agremiações (clubs) of soccer. The categories involved in that research were: sub-12 (mirim); sub-13 (infantile);
sub-14 (pré -infanto); sub-15 (infanto-juvenile) and sub-17 (juvenile). It ends -if in that work that takes some factors in
consideration to choose a certain tactical system each technician, being the main of them the players' characteristics that
compose the cast, followed by the tactical system of the opposing team. We also observed that in the hour of the athletes'
escalação, a primordial factor is the player's stature that allied with the technique it is fundamental for the technicians to
Resumo de Monografia
climb its teams. The the cast's athletes' characteristic was mentioned as the main factor in the hour of the choice of the
tactical system for 81% of the technicians, 19% already mentioned the tactical system of the opposing team. Being taken in
consideration the athletes' stature in the hour of the escalação, 61,9% of the technicians answered that " yes " the stature is
taken into account, 38,1 already affirmed that " no " saying that the most important is the technical quality.
Key words: system; tactics; characteristic.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 111-16, jul./dez. 2001
CUNHA, S.A. et alii
112
prova disso são os inúmeros sistemas de jogo que dividido em três áreas (defesa, meio e ataque) e
surgiram com a evolução do esporte. pelas séries de eventos do jogo (passes, chutes,
Com o objetivo de coletar o maior etc). A cada ação realizada, o analista registrava no
número de informações possíveis a respeito da campo do programa o local correspondente e o
movimentação de jogadores de futebol diversas evento realizado. Uma condução também pôde ser
metodologias foram sendo desenvolvidas e registrada com o analista movendo o dedo e
aperfeiçoadas através dos tempos. soltando quando o jogador soltava a bola. O
Godik (1996) atentou para a programa registrava automaticamente o local onde
importância de se obter informações seguras do cada ação ocorreu.
posicionamento dos atletas em campo e afirmou As informações do posicionamento
que estas, anteriormente, eram feitas utilizando-se do(s) jogador(es) em campo em cada uma de suas
registro manual e informação visual. ações, obtidas com a utilização de programas de
Ekblom citado por Ananias (1995) computador, podem posteriormente serem
aplicou um método de análise onde o jogador utilizadas em uma análise tática mais detalhada.
estudado foi observado por um analista Uma alternativa, que foi realizada neste trabalho, é
posicionado ao lado do campo. A cada dois a representação do posicionamento tático dos
minutos de partida o observador anotava a ação do jogadores, através da determinação de duas retas
jogador em uma planilha com representação do ortogonais (eixos principais), que melhor
campo numa escala de 1:400. Nessa planilha foi reproduzem o conjunto de pontos marcados,
anotado como o jogador se deslocava. Em outras descrevendo o local que os jogadores atuam com
palavras, a qual velocidade e quando o jogador maior freqüência durante a partida (Bergo, Anido,
realizava dribles e cabeceios. Após o final da Barros, Cunha & Freire, 1998). Porém, o
partida, a distância total percorrida, a proporção da observador faz uma estimativa do local em que o
relação de distâncias em alta velocidade e o jogador efetuou a ação. Se forem realizadas
número de cabeceios e dribles foram determinados. análises de um mesmo jogo várias vezes, nas
Posteriormente, foram desenvolvidos mesmas condições, ocorrerá uma variação na
métodos de controle automático de deslocamento marcação dos pontos e, consequentemente, uma
dos jogadores e, atualmente, a tecnologia variabilidade na determinação dos eixos principais,
computadorizada vem se constituindo no meio ou seja, uma diversificação no posicionamento
mais avançado para análise de performance no desses eixos, que se ajustam de acordo com os
futebol. pontos marcados.
Dufour (1991) relatou um Na literatura pesquisada
equipamento composto de três máquinas encontramos alguns “softwares” que registram os
conectadas (um painel gráfico digital, um teclado e locais em que ocorrem as ações dos jogadores, mas
um computador). O scout, método numérico que nenhum deles mostra algum sistema de
oferece dados das equipes nos jogos, como número representação desses dados (como os eixos
de passes, chutes e demais ações dos jogadores, foi principais) ou algum estudo que meça a
feito por duas pessoas treinadas, onde um variabilidade das medições, comprovando se o
observava o jogo, comentava as ações com bola e método é preciso.
digitava seu lugar no painel que continha a Como a importância dedicada ao
representação de um campo de jogo, e o outro estudo dos sistemas táticos no futebol é crescente,
anotava simultaneamente as ações no teclado com levando os profissionais envolvidos nessa área a
127 sensores, de acordo com um algoritmo procurarem os métodos mais avançadas de
desenvolvido (número do jogador, ação do jogo e obtenção de informações, nos interessamos em
seus valores táticos). Imediatamente após a entrada analisar a variabilidade desse sistema de medidas.
dos dados, todos os resultados foram tratados
conforme desejado.
Partridge, Mosher e Franks (1991) OBJETIVO
utilizaram um programa de computador para fazer
uma análise de todos os jogos da Copa de 90. A O objetivo desse trabalho foi analisar
metodologia envolvia um analista e um observador a variabilidade na medição do posicionamento
independente retratando as incidências e posições tático de jogadores de futebol a partir de dados da
de cada evento dos jogos. O programa era posição do campo em que o atleta executou cada
composto por um desenho de um campo de futebol uma de suas ações durante uma partida.
Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 111-16, jul./dez. 2001
Análise da variabilidade na medição de posicionamento tático 113
O
ai
m
oo
o
00
to
Tfr
o
N.
LO
CD
O
CD
x Y
FIGURA 3 - Variabilidade entre as posições das medianas.
Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 111-16, jui/dez- 2001
116 CUNHA, S.A. et alii
ABSTRACT
The main goal of this study was to analyze the variability in the measurement of soccer players'
tactical positioning. Twenty analyses were made during the first half of the game between Corinthians and
Palmeiras, valid for the Libertadores of America 1999's Cup. The action places of the Corinthians team player
Vampeta were registered using a software that simulates a soccer pitch and marks the places on which the
players are positioned during each action. After marking all the players actions, two principal axes, which
substituted the action places, were built for every game analysed. The eigenvectors are ortogonal between
themselves and the intersection point between the two axes was centered in the median of X and Y. The
length of the principal axes was determined by the most distant points, after selecting the percentage of the
data used for its construction. In this case, the data were restricted to the ninetieth percentil. The variability
was measured by the BOXPLOT interquartil interval, which is a measure for the resisting dispersion, in other
words, that is little affected by changes in the data positions. The results indicated a variability of 2.42 degrees
between the angles, 0.50 meters between the X median, and 1.25 meters between the Y median. We could
therefore conclude that there was no great variability between the measurements of the player analysed, and
the methodology used is an accurate mean for soccer tactical analysis.
Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 111-16, jul./dez- 2001
DOI: 10.4025/reveducfis.v21i3.8515
ARTIGOS ORIGINAIS
1
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO NO FUTEBOL
RESUMO
Pesquisas na área do treinamento esportivo vêm mostrando que os constrangimentos táticos são essenciais para o
desempenho de jogadores e equipes de futebol; porém, apesar dessa importância, a avaliação do desempenho do jogador
ainda tem se centrado em aspectos técnicos, fisiológicos e biomecânicos. O objetivo deste trabalho é revisar e analisar os
instrumentos disponíveis na literatura e apresentar sugestões para a análise e avaliação do comportamento de jogadores de
futebol com base nos princípios táticos de jogo. A proposta apresentada neste artigo engloba os dez princípios táticos
fundamentais do jogo de futebol, o local de realização da ação tática no campo e a eficácia dessa ação no jogo.
Palavras-chave: Futebol. Comportamento tático. Avaliação.
1
Com o apoio do Programa AlBan, Programa de bolsas de alto nível da União Europeia para América Latina, bolsa nº
E07D400279BR.
∗
Mestre. Professor Adjunto I do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa.
**
Doutor. Professor Associado com Agregação da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
***
Doutor. Professor Associado da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade
Federal de Minas Gerais.
****
Doutora. Professora Associada com agregação da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
O interesse por esse tipo de informação se e táticos são: inversões de bola, roubadas de
manifesta na medida em que o investigador bola, dribles, passes, posse de bola, duração do
busca aumentar os conhecimentos acerca do ataque, passes em profundidade, distribuição de
processo, do conteúdo e da lógica do jogo e o bola em função do espaço de jogo, entre outros
treinador procura obter informações que o (HUGHES, 1996; PETTIT; HUGHES, 2001;
ajudem a modelar as situações de treino para a HUGHES; BARTLETT, 2002).
aquisição da eficácia competitiva desejada Tais indicadores têm auxiliado na
(GRÉHAIGNE; BOUTHIER; DAVID, 1997; identificação dos problemas e da qualidade do
GARGANTA, 1998). jogo, contribuindo para sistematizar conteúdos,
Outro fator que também concorre para o definir objetivos, construir e selecionar
crescimento desse interesse é a dificuldade do exercícios para o ensino e o treino. Não
treinador em perceber a importância relativa das obstante, nos últimos anos alguns pesquisadores
variáveis presentes no contexto de jogo. têm concentrado suas atenções na análise de
Pesquisa realizada por Franks e Miller (1986) variáveis relacionadas com os aspectos táticos
evidenciou que mesmo os treinadores mais do jogo de futebol, com base na caracterização
experientes e de nível internacional têm dos comportamentos dos jogadores a partir da
dificuldade em memorizar e relembrar de forma observação de equipes (sistemas) em confronto
precisa as sequências de acontecimentos (GRÉHAIGNE; BOUTHIER, 1994;
complexos que ocorrem durante um longo GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1998;
período de tempo. Na maioria das vezes eles GARGANTA, 2001b; GRÉHAIGNE; MAHUT;
centram as suas observações em pequenas partes FERNANDEZ, 2001; PONCE; ORTEGA, 2003;
da ação, normalmente onde se encontra a bola GRÉHAIGNE; WALLIAN; GODBOUT, 2005;
ou em situações críticas, o que implica na perda FERREIRA; PAOLI; COSTA, 2008;
de muitas informações que ocorrem ao seu FRENCKEN et al., 2008; KANNEKENS;
ELFERINK-GEMSER; VISSCHER, 2008;
redor. Os resultados dessa pesquisa apontaram
FRENCKEN; LEMMINK, 2009; SHESTAKOV
um índice de retenção de apenas 30% dos
et al., 2009).
eventos de maior importância no jogo.
Diante da evolução dos métodos de análise
Uma vez reconhecida a importância de se
de jogo e da tendência a considerar o
analisar o jogo para se obterem informações a
componente tática, este artigo tem por objetivo
respeito do desempenho dos jogadores e das
revisar e analisar os instrumentos disponíveis na
equipes, direciona-se a atenção à busca do
literatura e apresentar sugestões para a análise e
melhor procedimento e recurso para concretizar
avaliação do comportamento de jogadores de
tal objetivo (LAMES; HANSEN, 2001). Neste
futebol com base nos princípios táticos de jogo.
sentido, alguns investigadores têm recorrido à
Para isso foi realizado, entre 2007 e 2010, um
Análise Notacional (HUGHES; FRANKS, 1997)
levantamento bibliográfico nas bases de dados
e à Metodologia Observacional (ANGUERA et
Scopus, Sport Discus, Lilacs, Scielo, Latindex,
al., 2000) para recolher e registrar os
A to Z, SAGE, Oxford University Press,
indicadores de desempenho mais relevantes de
Cambridge University Press e Digital
uma partida. Essas duas metodologias de
Dissertations & Theses da Faculdade de
observação e análise de jogo permitem o
Desporto da Universidade do Porto, com a
armazenamento das informações para posterior
utilização das palavras-chave futebol, tática,
interpretação e diagnóstico. Além disso, na
comportamento tático, instrumento de avaliação,
perspectiva da pesquisa ou de formação de
avaliação, e seus similares nas línguas inglesa,
banco de dados elas também fornecem
alemã, francesa e espanhola.
informações a respeito das tendências e das
características evolutivas do jogo (ANGUERA,
1992). SISTEMAS DE OBSERVAÇÃO E
Alguns dos indicadores comumente ANÁLISE DO JOGO
analisados para descrever o desempenho no jogo
são: gois, número de finalizações, escanteios, Os sistemas de observação e análise de jogo
cruzamentos, entre outros; e os aspectos técnicos evoluíram e se modificaram nas suas
perfis dos treinadores, ou para fazer uma base de um jogador em relação tanto aos aspectos
dados de informações de jogadores que possa técnicos quanto aos aspectos táticos.
ser utilizada em contratações (CALVO, 2007). A avaliação do desempenho do jogador
De fato, esses sistemas facilitam muito o realizada pelo TSAP é composta por seis
processo de obtenção e registro das informações parâmetros agrupados em duas categorias: a) a
do jogo; porém existem pontos cruciais a serem forma como o jogador tem a posse da bola; e b)
melhorados, principalmente no que diz respeito a forma como que o jogador encaminha a bola.
à quantidade e à relevância das informações que A primeira categoria se compõe de dois
serão repassadas. Esses programas, em especial parâmetros: (1) bolas conquistadas “BC” – as
os computadorizados, disponibilizam bolas interceptadas, as bolas roubadas e as bolas
informações em demasia, que em alguns casos recuperadas após chute ao gol ou passes errados;
dificultam a respectiva interpretação em curtos (2) bolas recebidas “BR” – bolas recebidas dos
períodos de tempo. Por isso, muitos deles são companheiros de time que ficam sob o controle
utilizados em momentos posteriores ao jogo para do jogador. A segunda categoria se constitui dos
que o treinador possa fazer uma interpretação outros quatro parâmetros: (3) passe neutro “PN”
correta dos dados, tomar decisões acertadas e – passe que não gera perigo para a equipe
fornecer informação substantiva aos jogadores. adversária; (4) perda da bola “PB” – quando a
bola é roubada pela outra equipe; (5) realização
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO NO FUTEBOL de passe ofensivo “PO”– quando os passes
colocam a equipe em situação favorável para
A maior utilidade dos sistemas de análise e finalizar ao gol; (6) finalização ao gol “FG”–
observação de jogo se relaciona diretamente chute realizado em direção ao gol adversário.
com a capacidade de transcendência dos dados Após proceder à observação e ao registro
registrados sobre o próprio jogo. Essa crença desses parâmetros, a avaliação do desempenho
parte do pressuposto que a elevada quantidade do jogador é computada com base em dois
de dados registrados sobre os acontecimentos do índices: o volume de jogo e a eficiência. O
jogo deve ser mais bem processada, propiciando volume de jogo, que é representado pela
melhor avaliação da participação efetiva no primeira categoria, consiste na soma dos dados
jogo, ganho de tempo na análise dos dados e, se obtidos nos parâmetros bolas conquistadas e
possível, a utilização desses dados durante a bolas recebidas [volume de jogo= BC + BR]. O
partida. cálculo do índice de eficiência é obtido pelo
Além de ser útil durante os jogos, a resultado da soma das bolas conquistadas,
avaliação do desempenho é também muito realização do passe ofensivo e finalização ao gol
importante no processo de ensino e treino. dividido pelo somatório do número de bolas
Vários treinadores buscam instrumentos que perdidas mais dez [índice de eficiência=
auxiliem na caracterização da autenticidade dos (BC+PO+FG)/(PB+10)].
procedimentos e possam ser aplicados em A partir desses resultados é possível obter o
consonância com os objetivos e fases da nível de desempenho do jogador por meio de um
periodização do treino e da competição nomograma composto de três escalas, das quais
(GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1998). a que está do lado esquerdo representa o índice
Diante dessa necessidade, alguns de eficiência e possui valores que variam de 0 a
pesquisadores têm tentado definir, por meio dos 1,50, a do lado direito representa o volume de
seus estudos, critérios de avaliação do jogo e possui valores que variam de 0 a 30 e a
desempenho que sejam adequados ao seu central representa o nível de desempenho e
contexto de ocorrência. Nessa linha de pesquisa, possui valores que variam de 0 a 30. A
Gréhaigne, Godbout e Bouthier (1997) pontuação do desempenho de um determinado
propuseram um instrumento de avaliação de jogador é estabelecida pelo ponto de intersecção
desempenho denominado Team Sports da linha de ligação entre os valores do índice de
Performance Assessment Procedure – TSAP. eficiência e de volume de jogo na escala central.
Este instrumento permite obter informações Após conceberem o TSAP, Gréhaigne,
quantificadas do desempenho global ofensivo de Mahut e Fernandez (2001) apresentaram outra
importante para a avaliação de desempenho no dos dados, é feito com base em exemplos
futebol, devido à sua especificidade. teóricos e em análises de casos negativos e de
O GPAI pode ser usado para medir contraste. O último procedimento consiste em
componentes individuais de desempenho e o comunicar e discutir os resultados das análises
envolvimento no jogo. Para isso foram propostos com os atletas e/ou comissão técnica em busca
alguns índices de desempenho: de determinar linhas de ações comuns.
- no jogo: total de respostas apropriadas + Em outra proposta, pesquisadores alemães,
número de execuções motoras eficientes + coordenados pelo Prof. Dr. Klaus Roth,
número de execuções motoras ineficientes + propuseram a bateria de testes do KORA para
número de tomadas de decisão inapropriadas; avaliar o desempenho tático. Esses testes
- índice de tomada de decisão (DMI): número compreendem procedimentos de avaliação por
de tomada de decisões apropriadas / número meio do conceito de peritos que permitem
de tomada de decisões inapropriadas; avaliar dois parâmetros inerentes às capacidades
- índice de execução motora (SEI): número de táticas: oferecer-se e orientar-se (O.O.) e
execuções motoras eficientes / número de reconhecer espaços (R.E). No conjunto de
execuções motoras ineficientes; atividades e jogos que são aplicados para
- índice de suporte (SI): número de movimentos oportunizar tarefas táticas, o primeiro refere-se à
de apoio apropriados / número de movimentos percepção do jogador quanto a obter a ótima
de apoio inapropriados; posição no momento exato; e o segundo
corresponde à capacidade do jogador em
- desempenho de jogo: (DMI+SEI+SI)/3
reconhecer as chances para se chegar ao gol
As componentes de avaliação individual do (KRÖGER; ROTH, 2002).
desempenho presentes no GPAI foram O objetivo da avaliação é determinar o nível
desenvolvidas e avaliadas por peritos para de inteligência de jogo e de criatividade tática,
determinar a validade e a confiabilidade pelo que os dois parâmetros são avaliados nas
(OSLIN; MITCHELL; GRIFFIN, 1998). perspectivas dos pensamentos convergente e
Concebido, particularmente, para ser aplicado divergente e suas relações com a inteligência e a
em contexto escolar, o GPAI pode também criatividade tática, respectivamente (GRECO;
servir de instrumento para o treinador no âmbito ROTH; SCHÖRER, 2004).
da avaliação do desempenho em competição, No teste KORA (O. O.) os praticantes
não sendo necessário considerar todas as realizam um jogo com estruturação tática no
componentes, mas somente aquelas mais sistema três contra três, em um espaço de 9
específicas à situação de avaliação metros quadrados, com o objetivo de manter a
(MESQUITA, 2006). posse de bola, sendo a movimentação livre
Em 2001, Lames e Hansen também dentro da área demarcada. Já no teste KORA
propuseram um método de análise de jogo
(R.E), sete jogadores são divididos em três
denominado Qualitative Game Analysis – QGA.
grupos: (a) - dois jogadores; (b) - três
Esse método foi baseado no processo
jogadores; (c) - dois jogadores. Em uma área
interpretativo de observação de jogo para
alcançar objetivos em esportes de rendimento e total de 7m x 8m, dois jogadores de cada um
aplica os princípios da metodologia de pesquisa dos grupos – (a) e (c) - são posicionados em
qualitativa. uma área demarcada com espaço de 3m x 8m.
O QGA é composto por procedimentos de Os três jogadores do grupo (b) são
filmagem de jogos, de fragmentação e posicionados em uma área de 1m x 8m
organização das cenas coletadas, de análise localizada entre os espaços dos grupos (a) e
qualitativa dos dados e comunicação dos dados (c). Durante os dois minutos de duração do
aos atletas e/ou à comissão técnica. Os dois teste os jogadores dos grupos (a) e (c) devem
primeiros procedimentos são de cunho trocar passes entre si com os pés; os jogadores
quantitativo e fornecem dados sobre o do grupo (b) devem procurar interceptar estes
desempenho dos jogadores no jogo. O terceiro passes com qualquer região do corpo, exceto
procedimento, que se refere à análise qualitativa as mãos, respeitando a área limitada para cada
grupo; e os jogadores dos grupos (a) e (c) não CONTRIBUTOS E LIMITAÇÕES DOS
podem conduzir a bola, podem apenas se INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
deslocar livremente e/ou passar a bola para o
A utilização de instrumentos de análise e
seu companheiro de grupo até surgir o
avaliação do rendimento esportivo tem se
momento de passar a bola para o outro setor
revelado vantajosa, na medida em que tem
da área do teste. No protocolo do teste
disponibilizado informações que permitem
também é estabelecida a altura máxima de prever as tendências evolutivas do jogo
1,50 metro em que a bola pode ultrapassar o (CASTELLANO PAULIS; PEREA
espaço defensivo. Toda vez que a bola RODRÍGUEZ; BLANCO-VILLASEÑOR,
ultrapassar essa altura a ação tática ficará 2009), aperfeiçoar as prestações desportivas dos
inválida. Sempre que houver a interceptação jogadores e das equipes (LEE; WARD, 2009),
do passe entre os grupos (a) e (c) pela equipe configurar modelos de jogo (GODIK; POPOV,
(b), a bola retornará para o grupo de origem 1993), bem como potenciar a construção de
do passe que foi interceptado. estratégias de trabalho mais profícuas
O processo de avaliação destes dois testes é (OLIVEIRA, 2004) e otimizar métodos de treino
realizado por três avaliadores e apoia-se no (FRANKS; GOODMAN; MILLER, 1983).
critério estabelecido por Memmert (2002), que Dentre os instrumentos descritos
apresenta uma escala ordinal de pontuação que anteriormente, o GPAI e o KORA têm
varia entre 0 e 10 pontos. A avaliação do apresentado avanços ao nível da avaliação do
desempenho dos praticantes é realizada a partir comportamento tático do jogador no que diz
do reconhecimento dos padrões formulados respeito às interações de jogo e à consideração
pelos peritos, sendo estabelecida uma escala de das movimentações dos jogadores envolvidos,
pontos atribuídos de acordo com as ações táticas com e sem posse de bola; já o TSAP tem
realizadas nos quesitos “oferecer-se e orientar- apresentado uma avaliação mais próxima aos
se” e “reconhecer espaços”, analisando as comportamentos desempenhados pelos
formas subjacentes de pensamento divergente e jogadores de futebol, por considerar o estatuto
convergente nas ações táticas realizadas. posicional e o próprio ambiente e espaço de jogo
Além desses pesquisadores, Tallir et al. (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1997).
(2004) também propuseram um instrumento Não obstante todas estas contribuições,
baseado em imagens de vídeo para avaliar o pesquisadores têm afirmado que tais
desempenho individual de crianças de 11 a 12 instrumentos e métodos possuem limitações no
anos em exercícios de 3x3 no futebol. Esse que se refere à descrição e quantificação dos
indicadores táticos que expressam o
instrumento avalia as execuções motoras e a
desempenho no futebol (OLSEN; LARSEN,
tomada de decisão em diferentes categorias, e
1997; TENGA et al., 2009). As críticas se
também as avalia em todas as situações com
referem ao fato de a maioria dos instrumentos
bola e sem bola.
avaliar variáveis técnicas ou, simplesmente,
Os dois instrumentos integram componentes
descrever os eventos de jogo, como o tempo de
de desempenho agrupados em três categorias: (i) posse de bola, a ocorrência de passes, o setor de
decisões ofensivas com bola, configuradas pelas origem da jogada e outros (ACAR et al., 2009;
ações de gol, passe, condução de bola ou drible; CASTELLANO PAULIS; PEREA
(ii) decisões ofensivas sem bola, definidas por RODRÍGUEZ; BLANCO-VILLASEÑOR,
meio da criação de espaço; e (iii) decisões 2009).
defensivas avaliadas a partir das ações de defesa No tocante aos instrumentos de análise de
realizadas. Ao observar essas variáveis em eventos de jogo, as críticas são dirigidas à falta
contexto de jogo, os avaliadores analisam o de critérios e de modelos teóricos de
desempenho do jogador com base em uma enquadramento e interpretação dos dados
apreciação qualitativa, a saber: boa = bola recolhidos (GRÉHAIGNE, 1992; MCGARRY et
facilmente recebida pelo companheiro; pobre = al., 2002). Segundo estes autores, a falta desses
passe errado; e neutra = a bola interceptada por critérios coloca o pesquisador e o
um defensor. professor/treinador diante de uma elevada
A incorporação daqueles princípios em sistemas que podem ser observadas e analisadas em jogo. A
de observação, análise e avaliação do partir desses princípios e da sua operacionalização é
comportamento dos jogadores de futebol parece ser possível conceber indicadores de eficiência da ação
uma ideia sustentável e viável, uma vez que eles que permitam caracterizar a execução mal ou bem-
suportam as soluções dos jogadores para os sucedida.
problemas advindos da situação de jogo e podem ser A observação e análise das ações táticas que
identificados sem dificuldade durante uma partida caracterizam os princípios táticos ajudam a
(COSTA et al., 2009). compreender o desempenho esportivo dos
Na Tabela 1 estão referidos os princípios táticos jogadores, que, segundo Thomas, French e
da fase ofensiva (penetração, cobertura ofensiva, Humphries (1986), é um produto complexo do
mobilidade, espaço e unidade ofensiva) e da fase conhecimento cognitivo do jogador sobre as
defensiva (contenção, cobertura defensiva, situações passadas e a atual combinado com a
equilíbrio, concentração e unidade defensiva), assim habilidade do jogador de produzir resposta
como algumas ações táticas que os caracterizam e apropriada à exigência do momento.
ABSTRACT
Researches about sports performance have been showing that the tactical constraints are vital to the performance of players
and teams in Soccer. However, the assessment tools of player behavior have been focused on technical and bio-mechanics
aspects. The aims of this paper are to review and to analyze evaluation tools proposed in the literature and to present
recommendations of inclusion of tactical principles in systems that seek the analysis and evaluation of the players' behavior
in Soccer. The proposal presented comprises ten fundamental tactical principles of Soccer game, the place of action and the
action’s outcome.
Keywords: Soccer. Tactical behavior. Assessment.
GARGANTA, J. New trends of tactical performance analysis in GROSGEORGE, B. Observation et entraînement en sports
team sports: bridging the gap between research, training and collectifs. Paris: Public INSEP, 1990.
competition. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, GROSGEORGE, B.; DUPUIS, P.; VÉREZ, B. Acquisition et
Porto, v. 9, no. 1, p. 81-87, 2009. analyse de déplacements en sports collectifs. Science et
GARGANTA, J. Tactical modelling in Soccer: a critical view. Motricité, [S.l.], v. 13, p. 27-38, 1991.
In: HUGHES M.; TAVARES, F. (Ed.). World Congress of HUGHES, C.; FRANKS, I. Notational analysis of sport.
Notational Analysis of Sport, 4., 2001, Porto. Proceedings… London: E. & F. N Spon, 1997.
Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,
2001b. p. 33-40. HUGHES, M. D.; BARTLETT, R. M. The use of performance
indicators in performance analysis. Journal of Sports Sciences,
GIACOMINI, D.; GRECO, P. J. Comparação do conhecimento [S. l.], v. 20, no. 10, p. 739-754, 2002.
tático processual em jogadores de futebol de diferentes
categorias e posições. Revista Portuguesa de Ciências do HUGHES, M. Notational Analysis. In: REILLY, T. (Ed.).
Desporto, Porto, v. 8, n. 1, p. 126-136, 2008. Science and soccer. London: E. & F. N. Spon, 1996. p. 343-361.
GODIK, M.; POPOV, A. Estructura de la actividad de juego KANNEKENS, R.; ELFERINK-GEMSER, M.; VISSCHER, C.
(competitiva) de los jugadores como base para la organización Relationship between tactical skills and performance level of
del proceso de entrenamiento. In: GODIK, M.; POPOV, A. expert youth soccer players. In: CABRI, J.; ALVES, F.;
(Ed.). La preparación del futbolista. Barcelona: Paidotribo, ARAÚJO, D.; BARREIROS, J.; DINIZ J.; VELOSO A. (Ed.).
1993. p. 35-67. Annual Congress of the European College of Sport Science, 13.,
2008, Estoril. Proceedings... Estoril: Faculdade de Motricidade
GRECO, P. J. Conhecimento tático-técnico: eixo pendular da Humana e Faculdade Técnica de Lisboa, 2008. p. 34-35.
ação tática (criativa) nos jogos esportivos coletivos. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 20, p. KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para
210-212, 2006. iniciantes nos jogos esportivos. São Paulo: Forte, 2002.
GRECO, P. J.; ROTH, K.; SCHÖRER, J. Ensino- LAMES, M.; HANSEN, G. Designing observational systems to
aprendizagem-treinamento da criatividade tática nos jogos support top-level teams in game sports. International Journal
esportivos coletivos. In: GARCIA, E. S.; LEMOS, K. L. (Ed.). of Performance Analysis in Sport, [S.l.], v. 1, no. 1, p. 83-90,
Temas atuais IX: Educação Física e esportes. Belo Horizonte: 2001.
[s.n.], 2004. p. 52-63. LEE, M. A.; WARD, P. Generalization of tactics in tag rugby
GRÉHAIGNE, J. F. Modélisation du systéme attaque/defense from practice to games in middle school physical education.
en football. Quelques Contenus pour L´EPS de Demain. In: Physical Education & Sport Pedagogy, Abingdon, v. 14, no.
Confeérence Européene, 1., 1992, Paris. Actes... Paris : [s.n.], 2, p. 189-207. 2009.
1992. p. 141-152. LOW, D.; TAYLOR, S.; WILLIAMS, M. A quantitative
GRÉHAIGNE, J. F.; BOUTHIER, D. Analyse des évolutions analysis of successful and unsuccessful team. Insight, [S.l.], v.
entre deux configurations du jeu en football. Science et 5, no. 4, p. 32-34, 2002.
Motricité, [S.l.], v. 24, p. 44-52, 1994. LUHTANEN, P. SAGE (Sport analysis and game evolution): a
GRÉHAIGNE, J. F.; BOUTHIER, D.; DAVID, B. Dynamic- powerful tool for professional soccer analysis. In: HUGHES,
system analysis of opponent relationships in collective actions M. (Ed.). World Congress of Notational Analysis of Sport, 3.,
in soccer. Journal of Sports Sciences, [S.l.], v. 15, p. 137-149, 1996, Antalya. Proceedings… Antalya: [s.n.], 1996.
1997. MCGARRY, T. et al. Sport competition as a dynamical self-
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Formative assessment in organization system. Journal of Sports Sciences, [S.l.], v. 20,
team sports in a tactical approach context. JOPERD, [S.l.], v. p. 771-781, 2002.
69, no. 1, p. 46-51, 1998. MEMMERT, D. Diagnostik Taktischer
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Performance assesment in Leistungskomponenten: Spieltestsituationen und
team sports. Journal of Teaching in Physical Education, Konzeptorientierte Expertenratings. 2002. 276 f. Tese
Champaign, v. 16, p. 500-516, 1997. (Doutorado em Ciências do Esporte)-Universidade de
Heidelberg, Heidelberg, 2002.
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Tactical knowledge in
team sports from a constructivist and cognitivist perspective. MESQUITA, I. Ensinar bem para aprender melhor o jogo de
Quest, Champaign, v. 47, no. 4, p. 490-505, 1995. Voleibol. In: TANI, G.; BENTO J.; PETERSEN, R. (Ed.).
Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
GRÉHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P.; BOUTHIER, D.
2006. p. 327-343.
Performance assessment in team sports. Journal of Teaching
in Physical Education, Champaign, v. 16, no. 4, p. 500-516, MESQUITA, I. The multidimensionality in the domain of the
1997. Volleyball Skills. In: HUGHES, M.; TAVARES, F. (Ed.).
GRÉHAIGNE, J. F.; MAHUT, B.; FERNANDEZ, A. World Congress of Notational Analysis of Sport, 4., 1998,
Qualitative observation tools to analyse soccer. International Porto. Proceedings... Porto: Multitema, 1998. p. 147-155.
Journal of Performance Analysis in Sport, [S.l.], v. 1, no. 1, OLIVEIRA, J. G. G. Conhecimento específico em futebol.
p. 52-61, 2001. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do
GRÉHAIGNE, J. F.; WALLIAN, N.; GODBOUT, P. Tactical- processo ensino-aprendizagem/treino do jogo. 2004. 178 f.
decision learning model and students' practices. Physical Dissertação (Mestrado em Treino de Alto Rendimento)-
Education & Sport Pedagogy, Abingdon, v. 10, no. 3, p. 255- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Universidade
269, 2005. do Porto, Porto, 2004.
OLSEN, E.; LARSEN, O. Use of match analysis by coaches. SHESTAKOV, M. P. et al. A formal description of a spatial
In: REILLY, T.; BANGSBO, J.; HUGHES, M. (Ed.). World situation in soccer. Research Yearbook, [S.l.], v. 13, no. 1, p.
Congress of Science and Football, 6., 1997, London, 51-55, 2007.
Proceedings… London: E & FN Spon, 1997. p. 209-220. TALLIR, I. et al. Validation of video-based instruments for the
ORTEGA, J. P. et al. Evolución en las herramientas para la assessment ofgame performance in handball and soccer. In:
observación en el fútbol. In: TAVARES, F.; GRAÇA, A.; LIGHT, R.; SWABEY, K.; BROOKER, R. (Ed.). International
GARGANTA, J. (Ed.). Congresso Internacional de Jogos Conference: Teaching Sport and Physical Education For
Desportivos, 1., 2007, Porto. Proceedings... Porto: Faculdade Understanding, 2., 2003, Melbourne. Proceedings…
de Desporto da Universidade do Porto e Centro de Estudos dos Melbourne: University of Melbourne, 2004. p. 108-113.
Jogos Deportivos, 2007. TAYLOR, S.; HUGHES, M. Computerised notational analysis:
OSLIN, J. L.; MITCHELL, S. A.; GRIFFIN, L. L. The Game a voice interactive system. Journal of Sport Sciences, [S. l], v.
Performance Assessment Instrument (GPAI): development and 6, p. 255-260, 1988.
preliminary validation. Journal of Teaching in Physical TENGA, A. et al. Developing a new method for team match
Education, Champaign, v.17, no. 2, p. 231-243, 1998. performance analysis in professional soccer and testing its
PETTIT, A.; HUGHES, M. Crossing and shooting patterns in reliability. International Journal of Performance Analysis of
the 1986 and 1998 World Cups for soccer. In: HUGHES, M.; Sport, [S.l.], v. 9, p. 8-25, 2009.
FRANKS, M. (Ed.). Pass.com. Cardiff: Centre for Performance THOMAS, J. R.; FRENCH, K. E.; HUMPHRIES, C. A.
Analysis, UWIC, 2001. p. 267-276. Knowledge development and sport skill performance:
PLACEK, J. H.; GRIFFIN, L. L. The understanding and directions for motor behaviour research. Journal of
development of learners' domain-specific knowledge: Psychology, [S.l.], v. 8, p. 259-272, 1986.
concluding comments. Journal of Teaching in Physical VAEYENS, R. et al. The mechanisms underpinning decision-
Education, Champaign, v. 20, no. 4, p. 402-406, 2001. making in youth soccer players: an analysis of verbal reports.
PONCE, J. M. F.; ORTEGA, J. P. Propuesta de un método para In: DRUST, B.; REILLY, T.; WILLIAMS, M. (Ed.).
cuantificar el comportamiento táctico de los equipos de fútbol. International Research in Science and Soccer, World
Apunts Educación Física y Deportes, [S.l.], v. 71, n. 1, p. 92- Conference on Science and Soccer, 1., 2010, London.
99, 2003. Proceedings… London: Routledge, 2010. p. 21-28.
REEP, C.; BENJAMIN, B. Skill and chance in Association
Football. Journal of the Royal Statistical Society, [S.l.], v. 1, Recebido em 17/10/09
no. 131, p. 581-585, 1968.
Revisado em 05/04/10
REILLY, T.; THOMAS, V. A motion analysis of work-rate in Aceito em 10/05/10
different positional roles in professional football match-play.
Journal Human Movement Studies, [S.l.], v. 2, p. 87-97,
1976.
SHESTAKOV, M. et al. An intelligent system for analysis of
tactics in soccer. In: REILLY, T.; KORKUSUZ, F. (Ed.).
World Congress of Science and Football, 6., 2009, London.
Proceedings… London: Routledge, 2009. p. 186-190.
Endereço para correspondência: Prof. Israel Teoldo da Costa. Universidade Federal Viçosa – UFV. Av. Departamento
de Educação Física. Av. PH Rolfs, S/N. Campus Universitário, Cep: 36.570-000,
Viçosa–MG, Brasil. E-mail: Israel.teoldo@ugv.br
Dutra, LC¹; Silva, FS2; Guimarães, MB3; Paoli, PB4; Lima, RC5
Resumo
Objetivos: O presente artigo tem como objetivo analisar as metodologias do treinamento tático
que são utilizadas no futebol atual, conceituando-as e contextualizando-as em seus aspectos
favoráveis e desfavoráveis.
Amostra: Composta por catorze profissionais da área que atuam no mercado com vivência nas
categorias de base. Todos formados em Educação Física e já atuaram ou atuam na formação de
atletas, ou seja, em categorias de base.
Métodos: No plano empírico, este estudo está caracterizado como uma pesquisa qualitativa.
Quanto à natureza descritiva, um estudo de campo. Com relação aos procedimentos técnicos foi
utilizada como instrumento uma entrevista semiestruturada, composta por quatro questões e
catorze entrevistados, construídas a partir dos indicadores encontrados na revisão crítica da
literatura referente à temática do treinamento tático no futebol.
Resultados: Os entrevistados souberam definir bem os métodos de treinamento tático justificando
a escolha de determinado método de acordo com as características individuais dos atletas, do
modelo de jogo adotado pela equipe e até mesmo com a posição na tabela do campeonato. Além
disso, todos os treinadores relacionaram a escolha do método com a capacidade cognitiva do
grupo. Quanto à lógica didática na escolha da ordem dos métodos, todos os entrevistados
entendem que o treinamento deve partir do mais simples para o mais complexo e que os
princípios que norteiam estes métodos são as necessidades da própria equipe, tais como, análise
do adversário, as especificidades de cada método, modelo de jogo e a aplicação dos princípios
táticos ofensivos e defensivos.
Conclusão: Pôde-se concluir que cada método possui sua particularidade e importância para se
trabalhar determinada situação tática. Dentre os métodos de treinamento tático o método em
forma de jogo foi definido pelos entrevistados como o que consegue aproximar melhor o
treinamento da realidade do jogo, possuindo assim mais aspectos favoráveis para o
desenvolvimento pleno do atleta.
Palavras-chave: Futebol; Treinamento tático; Metodologia.
Correspondência: leonardo.dutra@ufv.br
Leonardo Cherede
27
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
Abstract
Objective: This article aims to analyze the tactical training methodologies that are used in the
current soccer, conceptualizing and contextualizing them in their favorable and unfavorable
aspects.
Sample: Composed by professionals who work in the soccer business with experience in youth
teams. All graduates in Physical Education and has already acted or act in the formation of
athletes, that is, in youth teams.
Methodology: Empirical study plan, this is characterized as a qualitative research. Descriptive as
to the nature, a field study. With respect to technical procedures was used as an instrument of a
semi-structured interview, composed of four questions, built from of the indicators found in the
critical review of the literature on the subject of tactical training in soccer.
Results: Interviewees knew how to define well the tactical training methods justifying the choice of
a particular method according to the individual characteristics of athletes, the game model adopted
by the staff and even the position in the league table. Moreover, all coaches related the choice of
method with the cognitive capacity of group. As to the logical order of teaching in the choice of
methods, all respondents believe that training should start from the simplest to the most complex
and that the principles guide these methods are the needs of the team itself, such as analyzing the
opponent, the characteristics of each method, the game model and the application of principles
tactical offensive and defensive.
Conclusion: It was concluded that each method has its particularity and importance given to work
with the tactical situation. Among the methods of tactical training, the method as a game was
defined by respondents as to what training can better approximate the reality of the game, thus
having the most favorable aspects for the full development of the athlete.
Key-words: Soccer; Tactical Training; Methodology.
Introdução executar e treinar um repertório amplo de
opções táticas e a exercitação isolada e em
O futebol tem passado por uma diferentes tipos de ação em jogo.
evolução nas últimas décadas em todos os De acordo com Greco (1992) [1] é
componentes do treinamento esportivo e, necessária uma programação consciente,
especificamente no componente tático, o que metódica, progressiva e planificada de
torna necessário uma abordagem mais fatores a desenvolver a capacidade de
ampla no que se refere às suas metodologias percepção, antecipação e tomada de
de treinamento. decisão, assim como da análise de resultado
Paoli (2005)1 ao abordar a da ação ou gesto empregado e na tomada de
aprendizagem e o treinamento da tática consciência (nova percepção), que são
preconiza que este componente deva passar pilares básicos nos quais se estrutura,
por um processo de treinamento projeta e realiza um treinamento moderno.
metodológico semelhante ao Segundo Paoli (2000)2 para que o
condicionamento físico e técnico. Porém dois atleta obtenha êxito em sua ação tática, é
momentos são importantes neste processo:
2
Paoli, P. B., Treinamento Tático no Futebol:
1
Paoli, P.B. Como treinar uma equipe de Futebol - Sistemas de Jogo 4x4x2 e 3x5x2. [Filme-vídeo].
Vídeo-curso. BD Empreendimentos - Canal Quatro - Produção de BD Empreendimentos e Universidade
Universidade Federal de Viçosa, 2005. Federal de Viçosa, Setembro, 2000.
28
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
necessário que ele seja capaz de regular seu entender o jogo e suas variáveis, assim como
comportamento e suas decisões, através do os objetivos dos treinamentos.
sistema cognitivo. Através das questões abordadas
Compartilhando das mesmas ideias anteriormente, quais seriam os melhores
dos autores citados, é possível observar que métodos de treinamento tático utilizados no
o componente tático no futebol tem um planejamento de treinadores de futebol
significado cada vez mais decisivo para a atualmente? Os mais indicados por
obtenção de objetivos eficazes nas categoria? Qual trabalhar primeiro? Existe
competições, sendo considerado como um uma sequência lógica? Como definir qual
dos fatores mais amplos e ricos, quando se método a ser utilizado? Estas são questões
pretende alcançar índices positivos de forma que deveriam levar o treinador refletir na hora
objetiva. de planejar seus treinamentos, pois desta
Nessa linha de pensamento, os forma estaria consciente do que, como e
métodos a serem utilizados tornam-se porque estará fazendo, não simplesmente
fundamentais para o sucesso do trabalho aplicando exercícios para os atletas de forma
tático. Para Libâneo (2002) [2] método de não elaborada.
ensino é a ação do professor, ao dirigir e Cada categoria possui sua
estimular o processo de ensino em função da peculiaridade em relação aos conteúdos
aprendizagem dos alunos, quando utiliza trabalhados. Quando se fala em formação,
intencionalmente um conjunto de ações, trabalho de base ou projeção de atletas, não
passos, condições externas e procedimentos. podemos ignorar certos conteúdos físicos,
Entendemos que método é a forma técnicos e táticos.
como se desenvolve a prática do ensino.
Pelos métodos adotados, então, pode-se Metodologia
esperar um determinado resultado do
O plano teórico-metodológico foi
processo de ensino. Canfield (1981) [3]
construído a partir do debate acumulado pela
preconiza que os métodos de ensino supõem
literatura científica, para trabalhar conceitual
maneiras organizadas e sistemáticas de
e operacionalmente os conceitos de tática e
possibilitar e criar ambientes que, de modo
de treinamento da tática, onde procuramos
eficiente e científico, levem a resultados
realizar uma análise crítica da produção
favoráveis.
científica com o foco voltado às metodologias
Para Laville & Dionne (1999) [4],
do treinamento tático. Ainda neste plano,
método indica regras e propõe um
revisamos e realizamos um levantamento da
procedimento. Para obter o aumento da
literatura nacional e internacional, que trata
retenção do conhecimento é necessário,
do tema.
além da prática, colocar os atletas em
No plano empírico, este estudo está
discussão sobre o que foi passado para eles
caracterizado como uma pesquisa qualitativa,
em determinado treino. Com isso os atletas
de natureza descritiva.
não figuram apenas como “robôs”, recebendo
Pelos procedimentos técnicos
ordens a todo momento e repetindo
utilizados, esta pesquisa consiste em um
movimentos estereotipados e passam a
estudo de campo, sendo desenvolvida
através da observação direta das atividades
do grupo estudado (Centro Esportivo
29
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
30
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
Futebol, dois possuem título de mestre na treinamento deve partir do mais simples para
área do Futebol, um possui Pós-Graduação o mais complexo.
em Futebol e Futsal e todos já fizeram/fazem Desta forma, tentaram qualificar tais
cursos de atualização nas áreas que métodos, colocando-os, segundo os
compõem o futebol de forma periódica e entrevistados, como o Método Tático
aleatória. A média de idade dos entrevistados Posicional e o Método das Ações Táticas
é de 28,21 anos. O tempo de experiência que Específicas como mais simples, e o
os entrevistados trabalham com futebol varia treinamento em Forma de Jogo e o Coletivo
de 5 a 16 anos. como os mais complexos. Ainda citaram o
técnico situacional como sendo de simples
Entrevista execução, pois são fragmentos do jogo
isolados em determinadas ações. Porém,
A primeira pergunta da entrevista foi
todos os treinadores acreditaram não haver
questionando se o treinador utiliza algum
uma regra específica que determine a
método de treinamento tático e, caso
escolha da ordem dos métodos.
utilizasse, teria que definir tais métodos. Os
Na quarta e última pergunta os
entrevistados souberam definir bem os
treinadores responderam quais são os
métodos utilizados. Os mais citados foram os
princípios que norteiam estes métodos. As
métodos em Forma de Jogo, Posicional,
respostas foram mais voltadas para as
Ações Táticas Específicas e Coletivo. Um
necessidades do próximo jogo, atentando-se
dos treinadores também afirmou utilizar o
para: revisão das necessidades da própria
método Técnico Situacional como forma de
equipe e análise do adversário, preparando a
preparar a equipe taticamente.
equipe para o confronto.
Na segunda pergunta, os treinadores
Outra resposta encontrada foi
tiveram que justificar em que se baseiam
bastante explicativa para cada método. E o
para a escolha de determinados métodos. As
entrevistado colocou que “o princípio que
respostas foram bem variadas, desde
norteia o tático posicional é a ocupação de
características de atletas, capacidade
espaços no jogo”; nas situações de
técnica, capacidade física, comportamento
treinamento tático específico ele acredita que
tático, posição na tabela até o objetivo do
“seria a automatização de situações
treinamento, que está ligado ao modelo de
reduzidas de jogo, como as bolas paradas; já
jogo, que se resume ao modo em que o
com treinamento em forma de jogo é possível
treinador deseja que sua equipe jogue, com
trabalhar situações que o treinador deseja
funções táticas bem definidas para cada
que sejam executadas durante o coletivo ou
atleta. Entretanto, as respostas foram
jogo; o coletivo serve para fazer uma análise
compatíveis em termos de complexidade.
da forma como a equipe vem jogando para
Todos os treinadores relacionaram a escolha
detectar possíveis problemas que a equipe
do método com a capacidade cognitiva do
enfrenta”.
grupo.
Alguns treinadores relacionaram
A terceira pergunta levou os
também os princípios táticos ofensivos e
treinadores a refletirem se existe uma lógica
defensivos como norteadores na escolha dos
didática na escolha da ordem dos métodos.
métodos, além de escolher de acordo com o
Todos os entrevistados entendem que o
seu modelo de jogo, sobre a forma como
quer que a equipe jogue.
31
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
6 7
Paoli, P. B, Componente Tático no Treinamento Tiegel, G., Curso de Futebol. Material Didático do
Esportivo. Material didático utilizado na Disciplina Curso de Mestrado em Ciências do Esporte. Escola de
Futebol II, do Curso de Graduação em Educação Física Educação Física da UFMG. Belo Horizonte, 1994.
da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2000.
32
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
33
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
34
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
de jogo adotado por ele é fundamental no tecnicamente fraca, mas certamente tornará
momento de trabalhar a equipe independente uma equipe de jogadores tecnicamente fracos
do método de treinamento tático adotado. uma equipe melhor.
Segundo a maioria dos entrevistados, Um dos entrevistados detalhou bem a
o modelo de jogo adotado por eles partem da utilização de determinado método. Segundo
individualidade de cada treinador, da forma ele, a utilização do método posicional está
como cada um enxerga o jogo de futebol e voltada para a ocupação dos espaços no
como acreditam que a equipe renderá mais, jogo, ou seja, a orientação aos atletas de
sendo citado ainda, que o modelo de jogo como se posicionarem no campo de jogo
baseia-se na concepção dos princípios dada uma determinada situação.
táticos ofensivos e defensivos do futebol. O método das ações táticas
Paoli et al (2006)8, afirma que os específicas seria mais indicado para
princípios táticos devem ser de conhecimento trabalhar a automatização de situações
de todos os atletas envolvidos no reduzidas de jogo, como as bolas paradas,
treinamento. Seu domínio por parte do grupo saída de bola, triangulações, inversões, entre
aperfeiçoa o trabalho e o rendimento da outras.
equipe. Já com treinamento em forma de jogo
Parreira (2005) [9] diz que de um modo é possível trabalhar situações que o treinador
geral, os princípios de ataque e defesa se deseja que sejam executadas durante a
complementam e tem alguns pontos em partida, colocando os atletas para trabalhar a
comum como a posse de bola. Os princípios tomada de decisão em situações reais de
de ataque são: o apoio, a profundidade, a jogo.
abertura, a mobilidade, a penetração, a Segundo Garganta (2002)[10], o jogo
criatividade, a improvisação e a habilidade. deverá estar presente em todas as fases do
Enquanto que os princípios de defesa podem ensino-aprendizado, pelo fato de ser
ser considerados: o retardamento (a pressão simultaneamente o maior fator de motivação
na bola), a recuperação, a cobertura, o e o melhor indicador da evolução das
equilíbrio defensivo e a limitações que os praticantes vão revelando.
compactação/concentração. Por último, o método coletivo serve
De acordo com Paoli (2008)9, é para fazer uma análise da forma como a
fundamental que o treinador conheça, domine equipe vem jogando, para detectar possíveis
e entenda esses princípios e os aplique no problemas que a equipe enfrenta, analisando
seu treinamento. Sempre que uma equipe tem posicionamento, ações ofensivas e
um bom desempenho há certos pontos em defensivas, transições, entre outras.
comum que, provavelmente chamam a Outra forma encontrada, que norteia
atenção. O emprego dos princípios um dos treinadores entrevistados, está
fundamentais do ataque e da defesa em uma relacionada “às teorias da Psicologia da
partida não tornará campeã uma equipe Aprendizagem, onde o método parcial
(analítico) tem seus aportes na psicologia
8
Paoli, P.B et. al. Como treinar uma equipe de comportamentalista, sendo que cada gesto e
Futebol. Canal Quatro, Universidade Federal de ação são aprendidos por partes, segmentos;
Viçosa - Viçosa/MG. Ano: 2006.
9
Paoli, P.B. Os Princípios de Ataque e Defesa – o método global sugere uma abordagem
Material Didático da disciplina Futebol II, do curso de situada na teoria da Aprendizagem Social e
Graduação da Universidade Federal de Viçosa/MG.
Ano:2008. na própria Gestalt, onde a observação, ou
35
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
Cherede et. al.
Metodologias de treinamento no futebol
Artigo Original
seja, a ação é aprendida de forma completa definir as ações táticas da equipe, uma vez
e não segmentada; o método situacional é que há a fragmentação do jogo.
baseado na Teoria Cognitivista de Jean Conclui-se que, para que uma equipe
Piaget, na qual objetiva-se desenvolver os de futebol seja bem organizada deve se levar
processos cognitivos subjacentes à tomada em consideração os métodos de treinamento
de decisão”. tático que deverão ser aplicados de acordo
Desta forma, acreditamos que com a ideia de jogo do treinador e
independente dos princípios norteadores características dos jogadores. Uma boa
adotados, cabe à comissão técnica definir análise desses fatores e criatividade do
quais serão os métodos utilizados na treinador para elaboração dos treinamentos
periodização, analisando o contexto que está em todas as dimensões (técnica, tática, física
inserido, pois somente ela tem o pleno e psicológica) dará condições para que seus
conhecimento das características dos atletas atletas tenham o crescimento necessário
e o que está dando certo ou não. para atingir os objetivos finais.
Cada método tem sua particularidade
e traz benefícios para a equipe. A escolha de Referências
determinado método irá depender da ideia de
1. GRECO, P. J. O Ensino-Aprendizagem-Treinamento
jogo do treinador e consequentemente de dos Esportes Coletivos: Uma análise inter e
uma análise dos fatores que cercam sua transdisciplinar. Revista Eletrônica Portal da
Educação Física. Disponível em:
equipe, como capacidades físicas, cognitivas,
<http://www.educacaofisica.com.br/biblioteca/o-
técnicas e psicológicas. ensino-aprendizagem-treinamento-dos-esportes-
Não foi possível encontrar uma coletivos-uma-analise-inter-e-transdisciplinar.pdf>
Acesso em: 10 de abril de 2012.
sequência pedagógica lógica na escolha dos 2. LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. Didática. São Paulo:
métodos, mas os treinadores partem do Cortez, 2002.
princípio do mais simples para o mais 3. CANFIELD, J.T. Aprendizagem Motora. Santa
Maria: Universitária, 1981.
complexo na escolha dos métodos, e 4. LAVILLE, CRISTIAN; DIONNE, JEAN. A construção
classificaram os métodos das ações táticas do saber: manual da metodologia de pesquisa em
ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
específicas e situacional como mais simples
5. COLOGNESE, S. A., MELO, J. L. B. de. A Técnica
e em forma de jogo e coletivo mais de Entrevista na Pesquisa Social. In: Pesquisa
complexos. Além destes, o método tático Social Empírica: Métodos e Técnicas. Cadernos de
Sociologia, Porto Alegre, PPGS/UFRGS, v. 9, 1998.
situacional se encontra na categoria de 6. FILGUEIRA, F.M; GRECO, P.J. Futebol: um estudo
simples, por ser um fragmento isolado do sobre a capacidade tática no processo de ensino
jogo. aprendizagem–treinamento. Revista Brasileira de
Futebol, Viçosa, 2008.
7. GRECO P.J.; BENDA R.N. Iniciação Esportiva
Conclusão Universal 1: da aprendizagem motora ao
treinamento técnico. 1º Reimpressão. Belo
Os resultados apresentados mostram Horizonte: Ed. UFMG, 2001.
8. SCAGLIA, J.A. et al. Escolinha de futebol: uma
que temos cinco métodos de treinamento questão pedagógica. Revista Motriz – Volume 2,
tático, sendo eles as Ações Táticas número 1, Junho/1996.
Específicas, o Posicional, o Em Forma de 9. Parreira, C.A. Evolução Tática e os Princípios do
Jogo. Brasília: Ed. EBF, 2005.
Jogo, o Coletivo e o Situacional, que foi 10. GARGANTA, J. Competências no ensino e treino de
incorporado por nós como um método de jovens futebolistas. Lecturas Educación Física y
Deportes, Revista Digital, Año 8, n° 45, 2002.
treinamento tático por ser utilizado para
36
Rev Bras Futebol 2014 Jan-Jun; 06(2): 27-36
284
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
285
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
286
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
287
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
288
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
perdidas, intermediações centrais, gols, linha condução de bola, chutes ao gol e dribles bem
de passe, passes certos, passes realizados, sucedidos (Pereira e colaboradores, 2019)
passes recebidos, cruzamentos positivos, (Tabela 1).
Figura 2 - Fórmula Golden Index (GI).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
289
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
As análises foram feitas a fim de obter temporada 2019 utilizou-se do sistema de jogo
índices ofensivos gerais das equipes e entre 1-4-2-3-1, com goleiro, dois volantes, três meio
as diferentes posições. O confronto entre elas campistas e um atacante.
foi analisado utilizando-se do Match Status nos A equipe sul-americana apresentou
diferentes momentos do jogo e com o uma vantagem na média de número de
resultado final da partida, obtendo índices interações por partida (452,2 ± 87,3 vs. 443,6
ofensivos gerais para cada um deles e índices ± 159,4). Porém, não houve diferença
ofensivos para cada posição em cada significativa entre os índices (t8 = 0,106; p =
momento diferente. 0,918).
Ambos métodos de análise foram As interações gerais das cinco
verificados a diferença estatística significante. partidas analisadas conferem características
Para o confronto entre as equipes foi utilizado que distinguem as equipes por posições mais
o Teste t de amostras dependentes para cada influentes dentro da partida. O campeão
momento do jogo, e para a comparação de europeu apresenta maiores interações,
índices gerais médios e médias por posição respectivamente, de zagueiros, laterais, meio-
foi realizado um Teste t para amostras campistas, goleiro e atacantes, atribuindo à
independentes, ambas com o nível de equipe uma concentração maior de jogo nas
significância pré-fixado em p<0,05 no software faixas centrais do campo e atacantes
SPSS versão 24.0. definidores. O campeão sul-americano
evidencia maiores interações entre laterais,
RESULTADOS meio-campistas, zagueiros, goleiro e
atacantes, concedendo à equipe uma maior
A equipe campeã europeia da concentração de jogo nas faixas laterais e,
temporada 2018-19 utilizou o sistema de jogo semelhantemente ao campeão europeu,
1-4-3-3, com o goleiro, quatro defensores, um atacantes com características definidoras
volante, dois meio-campistas e três atacantes, (Figura 3).
enquanto a equipe campeã sul-americana da
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
290
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
291
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
O Golden Index médio das cinco diferentes áreas do campo. A equipe campeã
partidas foi de 74,9 ± 28,7 para a equipe europeia levou vantagem nos seguintes
campeã europeia e de 73,4 ± 7,5 para a fundamentos tático-técnicos: assistências,
equipe campeã sul-americana. Entretanto, não correr com a bola, dribles, finalizações, linha
houve diferença significativa entre os índices de passe, passes certos, passes realizados e
(t8 = - 0,117; p = 0,909). perdas de bola.
As equipes apresentaram diferenças O campeão sul-americano apresentou
nas comparações entre as médias de ações maiores médias em: centralidade nas
ofensivas por jogo, oferecendo-lhes intermediações, cruzamentos positivos, gols e
características de jogo e influência em passes recebidos (Tabela 2).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
292
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Figura 6 - Comparação da média do Golden Index total por posição por jogo.
Legenda: * Diferença significativa de acordo com o Teste t para amostras independentes com o nível
de significância pré-fixado em p<0,05.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
293
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
294
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
295
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
7-Gallo, C.R.; Zamai, C.A.; Vendite, L.; Libardi, 16-Guimarães, M.B.; Paoli, P.B. O treinamento
C.A. Análise das ações defensivas e técnico por posição no futebol: as
ofensivas, e perfil metabólico da atividade do especificidades na percepção dos técnicos das
goleiro do futebol profissional. Conexões. Vol. categorias de base do futebol mineiro. Revista
8. Núm. 1. 2010. brasileira de futebol. Vol. 4. Núm. 1. 2011.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
296
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.13. n.53. p.284-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2021. ISSN 1984-4956
108
SISTEMAS TÁTICOS:
ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO E EFICÁCIA NOS JOGOS DA COPA AMÉRICA DE FUTEBOL 2011
1,2,3
Cyro Garcia Soares Leães ,
4
Bruno de Castro Xavier ,
5,6
Ivana Guedes de Souza
RESUMO
ABSTRACT
Introdução e objetivo: A forma de organização
das equipes de futebol é um fator importante e Tactical Systems: Analysis of the Use and
influenciador de rendimento. Diferentes Effectiveness in the Games of Copa América
escolas futebolísticas desenvolvem formas of Football 2011
organizacionais e estratégicas peculiares,
caracterizando sua prática do jogo de forma Introduction and objective: The football teams
pontual e internacionalmente conhecida. organization forms is an important factor and
Desde o início da prática do futebol, inúmeras influences the performance. Different football
maneiras de distribuição dos jogadores em schools developed different systems of play
campo foram testadas e algumas, and strategical forms, being internationally
consolidadas até os dias atuais. A partir do known. Since the beginning of the football
WM, de Chapman, em 1925, modificações practice, various ways of distribution of players
estruturais foram feitas e sistemas táticos in field had been tested and some of it,
específicos foram criados. Este estudo tem consolidated until the current days. From the
como objetivo verificar qual sistema tático WM, of Chapman, in 1925, structural
utilizado obteve mais pontos disputados nos modifications had been made and specific
jogos da Copa América de Futebol 2011. tactical systems had been created. This study
Materiais e Métodos: o estudo trata-se de uma aims to verify the use of the tactical systems
análise estatística descritiva. Todas as and its effectiveness in the matches of the
partidas oficiais da Copa América de Futebol Copa America de Futebol 2011. Materials and
2011 foram analisadas e os dados obtidos Methods: this is a statistics descriptive analysis
através do software de análise de jogo Data study. All the official matches of Copa America
Factory (provedor oficial da Conmebol) de Futebol 2011 had been analyzed and the
computados em planilhas desenvolvidas no data gotten through the match analysis
software Microsoft Excel 2010. Resultados e software Data Factory (official analyser of
Discussão: observou-se que os sistemas South American Football Confederation -
defensivos foram pouco utilizados, mostrando Conmebol) computed in spread sheets
um estabelecimento de conceitos ofensivos de developed in software Mcrosoft Excel 2010.
jogo, e que os sistemas que se caracterizam Results and Discussion: it was observed that
por apresentarem maior concentração de the defensive systems had been less used,
jogadores nos setores defensivos do campo, showing an establishment of offensive
foram os que apresentaram maiores valores concepts of game, and that the systems that
percentuais para derrota, demonstrando que hás a great concentration of players in the
não há evidências de que sistemas táticos defensive sectors of the field, had been the
baseados em posicionamentos defensivos ones that presented biggers percentile values
sejam satisfatórios no que tange ao resultado for defeat, demonstrating that it does not have
do jogo. Conclusão: não existem evidências evidences that defensive tactical systems are
que comprovem a importância e relevância de satisfactory in what refers to the result of the
um fator exclusivo e independente para match. Conclusion: there is no evidences that
garantir o resultado de vitória. prove the importance and relevance of an
exclusive and independent factor to guarantee
Palavras-chave: sistemas táticos, análise de the victory result on football.
jogo, organização de equipes.
Key Words: tactical systems, match analysis,
football team organization.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
109
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
110
Figura 2.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
111
O Sistema 4-3-3 - A tendência tática moderna Sistema 4-4-2 - O sistema de jogo utilizado
da época apontava para, em partidas jogadas em meados da década de 1980 foi o sistema
no campo do adversário, uma pequena 4-4-2 (Figura 6). Nele um atacante foi
modificação posicional nos setores do meio de deslocado para o setor de meio de campo e
campo e ataque. Dessa forma, um dos quatro tinha as funções de marcação e construção de
atacantes era deslocado para o meio do jogadas de ataque (Melo, 2000) Isto ocorreu
campo (Figura 4), fazendo com que este setor porque desde a criação do Sistema WM, as
ficasse mais protegido (Cano, 1973). Na Copa variações táticas objetivavam fortalecer o setor
do Mundo de 1966, o treinador da seleção da defensivo, tanto modificando a função de
Inglaterra, Alf Ramsey, inventou o sistema 4-3- determinados jogadores defensivos quanto
3 (Figura 5), que era considerado como recuando um jogador de ataque. Para Lauffer
“maravilha sem alas” (Giulianotti, 2002). Isto e Kater (2001), as vantagens do emprego do
porque a distribuição dos jogadores em campo sistema 4-4-2 são o fortalecimento defensivo
compreendia um goleiro, quatro zagueiros, da equipe, a liberdade para atacar dada aos
três meio campistas e três atacantes. A opção defensores e a habilidade e facilidade de
pela formação com três atacantes obrigou modificação do ponto de referência do ataque
esses jogadores do setor ofensivo a uma através da movimentação dos dois atacantes.
movimentação maior, em função do aumento A organização coletiva 4-5-1 (Figura 7)
do espaço decorrente da transformação de um aparece como uma variação do 4-4-2.
antigo atacante em centrocampista (Melo,
2000). Segundo Lauffer e Kater (2001), entre Figura 6
as vantagens do sistema 4-3-3 estão o
equilíbrio entre os setores de defesa e ataque
e a mentalidade ofensiva da tática.
Figura 4
Figura 7
Figura 5
Sistema
4-3-3.
Fonte: Variação 4-5-1. Fonte: Tostão (1997).
Tostão
(1997).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
112
Sistema 3-
5-2.
Fonte:
Coelho
(2006).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
113
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
114
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
115
situações de contra ataque que permitam 3- Coelho, P.V. Os 50 maiores jogos da copa
vitórias, quando bem executados assim como do mundo. São Paulo. Panda Books. 2006.
quando não corretamente executado atrai
demasiadamente o adversário ao seu campo e 4- Ferreira, R.B.; Paoli, P.B.; Costa, F.R.
aumenta o risco de derrota. O sistema mais Proposta de scout tático para o futebol.
utilizado nos confrontos analisados foi o 4-4-2. EFDeportes.com. Ano 12. Núm. 118. 2008.
Tendo em vista que em muitas partidas
ocorreram enfrentamentos táticos idênticos, 5- Giulianotti, R. Sociologia do Futebol.
este sistema apresentou, de forma aceitável, Dimensões históricas e socioculturais do
menor quantidade de pontos conquistados. esporte das multidões. São Paulo. Nova
Alexandria. 2002.
CONCLUSÃO
6- Godik, M. Futebol Preparação dos
Pode-se concluir que futebolistas de alto nível. Rio de Janeiro.
preferencialmente o sistema utilizado é o 4-4- Editora Grupo Palestra Sport. 1996.
2, porém este não se mostrou como o mais
eficaz nos jogos analisados. A predileção por 7- Herbst, D. Soccer. How to play the game.
este sistema pode ocorrer pela assimilação The official Playing and Coaching Manual of
deste pelos jogadores e profissionais. Tal the United States Soccer Federation. New
sistema permite melhor distribuição e York. Universe Publishing. 1999.
espaçamento do time em campo e permite
maior número de variações organizacionais no 8- Lauffer, R.; Kater, A. Women´s Soccer –
setor de meio campo, sob as formas techniques, tactics & teamwork. New York.
geométricas de linha, quadrado, losango, USA. Sterling Publishing Company. 2001.
triangulo.
A funcionalidade do futebolista 9- Leães, C. Futebol - Treinamento em Espaço
aparece como fator importante para que o Reduzido. Porto Alegre. Editora Movimento.
desenho tático adotado pela equipe tenha 2003.
mais possibilidades de êxito, visto que a o
desempenho tático individual constitui o 10- Melo, R. Sistemas e Táticas para Futebol.
alicerce fundamental para a correta execução 2ª edição. Rio de Janeiro. Sprint. 2000.
da estratégia de jogo proposta pelo treinador e
pelo desempenho tático coletivo. Assim sendo, 11- Parreira, C.A. Evolução Tática e
não existem evidências que comprovem a Estratégias de Jogo. 1ª Edição. Brasília.
importância e relevância de um fator exclusivo Escola Brasileira de Futebol. 2005.
e independente para garantir o resultado de
vitória. A interdependência de manifestações 12- Rocha, R.A.S.G. Análise da evolução dos
técnicas, táticas individuais, em pequenos sistemas táticos do futebol brasileiro. Revista
grupos e coletivas, a estratégia de jogo Brasileira de Ciências da Saúde. Vol.8.
adotada, o fator psicológico dos jogadores Núm.26. 2010.
constituem o complexo mecanismo que
envolve a construção do resultado no futebol, 13- Santos, E. Caderno técnico-didático:
sendo necessários mais estudos específicos futebol. Brasília. MEC. 1979.
sobre o assunto em questão.
14- Silva, P.R.S. e colaboradores. Avaliação
REFERÊNCIAS funcional multivariada em jogadores de futebol
profissional: uma metanálise. Acta Fisiátrica.
1- Cano, J.B. Manual Del Fútbol. Barcelona. Vol. 4. Núm. 2. p.65-81. 1997.
Editorial Hispano Europea. 1973.
15- Tostão. Tostão: Lembranças, Opiniões,
2- Carravetta, E. O jogador de futebol. Reflexões sobre Futebol. 1ª Edição. São
Técnicas, treinamento e rendimento. Porto Paulo. Dorea Books. 1997.
Alegre. Editorial Mercado Aberto. 2001.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
116
profcyro@cisa.med.br
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.8, p.108-116. Maio/Jun/Jul/Ago. 2011. ISSN 1984-4956
535
RESUMO ABSTRACT
Desde sua origem, o futebol de campo vem The defensive area on football field
apresentando, ao longo da sua história,
variações táticas em relação aos sistemas Since its origin, football has shown, throughout
ofensivos e defensivos, ou seja, sua evolução its history, tactics difference from the offensive
oportuniza inovações nos modelos dos treinos, and defensive systems, i.e. its evolution gives
nos comportamentos táticos e no opportunity to innovations in models of training,
conhecimento das regras. O método deste the tactical behavior and knowledge of the
estudo foi de pesquisa exploratória, descritiva rules. The method of this study was
e analítica, alicerçando-se numa revisão de exploratory, descriptive and analytical
literatura com base em livros e artigos research, building on a literature review based
científicos.Os comportamentos táticos no jogo on books and scientific articles. Tactical
de futebol são compreendidos como ações behaviors in the football game are understood
tomadas em função dos princípios de as actions taken on the basis of principles of
localização dos jogadores, de realização das location of the players, realization of tactical
ações táticas e do resultado destas ações actions and the result of these actions during
durante o desenrolar do jogo. Os esquemas de the course of the game. The set of schemes
jogo sofreram modificações com o tempo, have been altered over time, becoming more
tornando-se mais defensivos. Os defensives. Tactical behaviors that can be
comportamentos táticos que podem ser updated in dialing zone football field are:
atualizados na marcação por zona do futebol monitoring of back cooperation between
de campo são: o monitoramento da volta, a offense / defense, challenge for the ball and
cooperação entre ataque/defesa, o desafio space reduction. The purpose of using the
pela bola e a redução de espaço. O objetivo dialing area in the field of football is to optimize
da utilização da marcação por zona no futebol the best spatial occupation of players, leaving
de campo é otimizar a melhor ocupação the small field to the opponent that attacks,
espacial dos jogadores, deixando o campo requiring that every athlete should have broad
pequeno para o adversário que ataca, com view of the game. Therefore, it is essential the
necessidade que cada atleta deva ter ampla rapport between players; choice of technical as
visão do jogo. Para tanto, é fundamental o objectives to be achieved and the use of
entrosamento entre os jogadores; escolha do technology resources to facilitate analysis of
técnico conforme objetivos a serem results and identification of problems between
alcançados e a utilização dos recursos da technical and tactical behavior, since they are
tecnologia para facilitar análise de resultados e directly related to the weaknesses of the
identificação de problemas entre técnica e opponent that influence the various game
comportamento tático, uma vez que são situations. The most options adopted in tactical
relacionadas diretamente às deficiências do systems are 4-3-3, 4-4-2 and 3-5-2 with the
adversário que influenciam nas diversas types of defense: individual pairs; individual by
situações de jogo. As opções mais adotadas sector and region being the most currently
nos sistemas táticos são: 4-3-3, 4-4-2 e 3-5-2, used.
com os tipos de defesa: individual aos pares;
individual por setor e por zona sendo as mais Key words: Tactics. Defensive. Offensive.
utilizadas atualmente. Strategy.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
536
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
537
A tabulação dos resultados será suíços. Era praticado por pessoas com tempo
apresentada em forma de quadro onde serão ocioso que logo passaram a amadoristas
expostos os autores das obras selecionadas, desse esporte (Honorato e colaboradores,
ordenados pelo ano de publicação, 2009).
evidenciando-se os principais resultados Mas foi Charles Muller (1874-1953),
apresentados em seus estudos. que após deixar o Brasil para estudar na
A classificação temporal do quadro Inglaterra, onde conheceu mais de perto o
serve para que sejam percebidas a evolução e futebol, trouxe uma boa de esporte e as regras
o desenvolvimento das ideias, através dos de jogo para implantar no Brasil em 1894. Ele
anos, com relação às táticas utilizadas para foi atacante. Em 1892, jogou no Corinthians;
defesa, até chegarmos à atual marcação de 1893 a 1894, jogou no St. Mary’s com 13
defensiva largamente utilizada por treinadores gols e, de 1984 a 1910, no São Paulo Athetic
de todo o mundo, a marcação defensiva por com 21 gols. Filho de um pai escocês
zona. chamado John Miller, que veio ao Brasil para
O primeiro tópico tratará de um breve trabalhar na São Paulo Railway Company, e
histórico do futebol no Brasil e a evolução dos uma mãe brasileira de
comportamentos táticos em partidas de ascendência inglesa chamada Carlota Fox,
futebol. nasceu perto da estação ferroviária da mesma
O segundo tópico fará menção à companhia em São Paulo. Aos dez anos foi
marcação por zona do futebol de campo, estudar na Inglaterra. Desembarcou
abordando as zonas de ações táticas e os em Southampton, no extrerno sul das ilhas
comportamentos táticos praticados hoje em britânicas, e aprendeu a jogar futebol na
dia, os quais podem ser atualizados para Bannister Court School. Atuando como
melhor desempenho dos jogadores. jogador, árbitro e dirigente desde o princípio -
Este estudo não tem a pretensão de e mais tarde apenas nas duas últimas funções
ser uma única referência na área do futebol de - foi um entusiasta do desporto em geral,
campo, mas deseja que estas reflexões sendo também fundador da Associação
possam incentivar futuros profissionais da área Paulista de Tênis. Sem sombra de dúvidas
a pesquisar ainda mais sobre este ponderoso Charles Miller, ao lado de Hans
tema. Nobiling, Arthur Friedenreich, Fritz Essenfelder
Honorato e colaboradores (2009, p. 32-33)
Breve Histórico sobre o Futebol no Brasil afirmam que o futebol “tem muitas dimensões
que se entrelaçam, formando um mosaico
Denomina-se futebol um esporte de amplo, variado e global podendo ser encarado
grupo que pertence aos jogos coletivos de como espetáculo, competição, ritual, metáfora,
invasão. Suas características são claras celebração, síntese e catarse”.
porque podem ser reconhecidas por qualquer E mais, ainda asseveram que (...) o
pessoa apenas pela observação, pois, trata-se papel que o futebol representa no Brasil é fruto
de um jogo de cooperação, ou seja, de de uma combinação entre exigências técnicas
oposição entre duas equipes que realizam e características socioculturais do povo
ações simultâneas sobre a bola em campo brasileiro, sendo o futebol, ao mesmo tempo,
aberto, o conhecido campo gramado de um modelo da sociedade brasileira e um
futebol (Reverdito e Scaglia, 2007). exemplo para ela se apresentar.
Porém, estas características oferecem Honorato e colaboradores (2009)
aos jogadores a imprevisibilidade, e isso exige ainda ressaltam cinco aspectos que
ajustes das ações táticas da marcação por consideram os mais importantes da cultura do
zona dos jogadores em cada contexto de cada futebol, esporte característico do povo
momento em jogo do futebol de campo. brasileiro:
O futebol teve início no território
brasileiro na última década do século passado 1. O futebol em si é um exercício de
como uma modernidade futurística de países igualdade, pois os times têm os mesmos
estrangeiros, junto com as estradas de ferro, números de jogadores, têm as mesmas
fábricas e indústrias consequência da condições durante a partida e cada
Revolução Industrial. Era um esporte equipe ocupa o mesmo espaço no campo
aristocrático, vindo de imigrantes ingleses e de jogo além de existir um árbitro que “em
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
538
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
539
e Schmitz Filho (2010), por exemplo, o sistema (linha intermediária) e três mais avançados
4-3-3, o sistema 4-4-2, o sistema 3-5-2: numa linha de ataque (Bertei, 2009, p. 12). É
Observa-se que o sistema 4-3-3 tem como uma posição diferenciada que exige muito
base uma estrutura defensiva de quatro preparo físico dos jogadores porque precisam
defensores: um lateral direito, um zagueiro se movimentar rapidamente com a troca de
central (lado direito), um quarto zagueiro (lado posição constante.
esquerdo) e um lateral esquerdo. Na frente Na Figura 2 pode-se entender que no
dos quatro defensores posicionam-se três sistema 4-4-2 há uma distribuição dos
meio-campistas e na zona ofensiva mais três jogadores da seguinte forma: quatro jogadores
atacantes. definidos inicialmente como defensores, ou
Na Figura 1 pode-se entender a seja, um lateral direito, zagueiro central (lado
representação da disposição de quatro direito), um quarto zagueiro (lado esquerdo) e
jogadores em uma linha mais defensiva, três um lateral esquerdo.
jogadores situados a frente dos defensores
Sistema 4-3-3 Sistema 4-3-3 Sistema 4-3-3 Sistema 4-4-2 Sistema 4-4-2 (quadrado) Sistema 4-4-2 (losango)
Sistema 4-3-3 Sistema 4-3-3 Sistema 4-3-3 Sistema 4-4-2 Sistema 4-4-2 (quadrado) Sistema 4-4-2 (losango)
com um volante
Com um volante
com dois volantes
Com dois volantes com duas com dois volantes com três volantes
Com duas linhas de Com dois volantes Com três volantes
e
Comdois meias
dois meias e umum
Com meia
meia linhas de campo
quatro e dois
Com doismeias
meias e um
Com ummeia
meia
11
4 9
5
1
1
8
7
3
10
2 bola
MEIO DE CAMPO
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
540
DEFESA ATAQUE
6 11
4 9
5
1
1
7
8
3 bola
10
2 MEIO DE CAMPO
Ilustração
Fonte: Bettega, 4: Defesa
Fuke individualFilho
e Schmitz por setor
(2010, p. 5).
Fonte: BETTEGA; FUKE; SCHMITZ FILHO (2010, p. 5).
De acordo comtécnico.
a FiguraQuando um adversário invade determinado setor, o responsável deverá
3, observa-se individualmente (Bettega, Fuke, Schmitz Filho,
mercá-lo
que a distribuição desses individualmente
atletas (BETTEGA;
pode FUKE; SCHMITZ
2010).FILHO, 2010).
apresentar-se em diferentes formas, conforme Os comportamentos individuais, em
o objetivo da equipe. O sistema 3-5-2 é particular o drible e a condução de bola, foram
formado por: “uma linha de três zagueiros frequentemente utilizados pelas equipes de
(dois zagueiros e um líbero), cinco jogadores futebol de sucesso e revelaram-se indutores
no meio campo e dois atacantes. Principal de eficácia ofensiva. Os cruzamentos e os
característica o uso de alas presente no setor passes de ruptura ocasionaram, com elevada
de maio campo que auxiliam os jogadores de frequência, o desequilíbrio nas defesas
meio campo” (Bertei, 2009, p. 12). adversárias, proporcionando situações de
Os três zagueiros do sistema 3-5-2 finalização (Machado, Barreira, Garganta,
são considerados jogadores que conseguem 2013, p. 33).
realizar boas marcações (Bettega, Fuke, Em relação ao sistema de Defesa,
Schmitz Filho, 2010). consideram-se 3 tipos:
Na Figura 4 observa-se que cada 1. A defesa individual aos pares;
jogador da equipe que defende tem a 2. A defesa individual por setor; e
responsabilidade de fazer uma marcar 3. A defesa por zona.
individualizada de um adversário, e esta De acordo com Braz (2013) a análise
marcação é definida pelo técnico. É a de jogo no futebol, levando-se em
chamada defesa individual aos pares consideração o componente técnico tático, os
Já na defesa Individual por setor, planos de investigação, os estudos da
observa-se que cada jogador assume o que irá temática e as particularidades do controle das
acontecer em um setor ou faixa do campo, e ações competitivas nas seguintes tabelas os
sempre atuará mediante decisão do técnico. indicadores individuais quantitativos e
Quando um adversário invade determinado qualitativos dos modelos técnico-táticos.
setor, o responsável deverá mercá-lo
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
541
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
542
De acordo com Braz (2013) entende- Segundo Braz (2013) nas Tabelas 1, 2
se que a análise técnica-tática do jogo origina- e 3 observa-se que existem diferentes
se de várias dimensões do futebol. indicadores que auxiliam o técnico a controlar
Inicialmente, do plano individual do potencial a análise técnica-tática dos atletas de sua
do jogador até a complexa interação dos equipe. E cada um desses indicadores pode
atletas durante um jogo ou um campeonato. ser notado entre as funções táticas realizadas
Os resultados são obtidos no âmbito do jogo por cada jogador, pois são distintas e claras.
através de diferentes maneiras de indicadores Mas, existem diversas metodologias de
técnico-táticos. análise, e Braz (2013) afirma que tais métodos
Os Indicadores setoriais quantitativos têm sofrido modificações nas últimas décadas,
e qualitativos dos modelos técnico-táticos no principalmente, em se tratando da evolução da
futebol, por exemplo, podem ser tecnologia e dos meios de comunicação.
demonstrados na Tabela 2.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
543
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
544
Figura 8 - Situação de marcação pressão na zona 2. Figura 9 - O contra-ataque como arma ofensiva poderosa.
Figura 10 - Equipe com a posse da bola assume postura Figura 11 - Compactação da equipe favorece o jogo
ofensiva. ofensivo.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
545
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
546
Mas, entende-se que a questão das em atletas de futebol nos jogos da Copa do
categorias e faixas etárias correspondentes Mundo FIFA 2014, e constataram que há
não é tão simples como possa parecer. Por variáveis conforme a posição de jogo,
exemplo, Costa e colaboradores (2014) continente e país dos atletas.
analisaram os Efeitos da Idade Relativa (EIR)
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
547
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
548
5-Bettega, O. B.; Fuke, K.; Schmitz Filho, A. G. 13-Honorato, F. A.; Richeter, P. F. O.;
Caracterização dos sistemas táticos e dos Tondato, R. M.; Torres, P. E. T. Esporte e
tipos de defesa mais utilizados atualmente no Cultura: Breve Histórico do Estilo Brasileiro de
futebol. Anais do V Congresso Sulbrasileiro de Jogar Futebol. Revista Mackenzie de
Ciências do Esporte - UNIVALI, Itajaí, Santa Educação Física e Esporte. Supl. 2. p.31-34.
Catarina, 23 a 25 de setembro de 2010. 2009.
7-Costa, O. G.; Paula, H. L. B.; Coelho, E. F.; 16-Reverdito, R. S.; Scaglia, A. J. A Gestão do
Ferreira, R. M.; Werneck, F. W. O Efeito da processo organizacional do jogo: uma
Idade Relativa: Análise da Copa do Mundo proposta metodológica para o ensino dos
FIFA 2014. Centro Desportivo da Universidade jogos coletivos. Rev. Motriz. Vol. 13. Núm. 1.
Federal de Ouro Preto (CEDUFOP). 22p. p.51-63. 2007.
2014. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufop.br/bitstream/1234 17-Souza, C. R. B. C.; Müller, E. S.; Costa, I.
56789/5605/1/ARTIGO_EfeitoIdadeRelativa.pd T.; Graça, A. B. S. Quais comportamentos
f>. Acesso em: 25/07/2015. táticos de jogadores de futebol da categoria
sub-14 podem melhorar após 20 sessões de
8-Drubscky, R. Universo Tático do Futebol: treino? Rev. Bras. Ciênc. Esporte. Vol. 36.
escola brasileira. 2ª edição. Ampliada. Belo Núm. 1. p.13-28. 2014.
Horizonte. 2014.
18-Thomas, J. R. Métodos de pesquisa em
9-Figueira, F. M.; Greco, J. P. Futebol: um atividade física. Dados eletrônicos. 6ª edição.
estudo sobre a capacidade tática no processo Porto Alegre. Artmed. 2012.
de ensino-aprendizagem-treinamento. Revista
Brasileira de Futebol. Vol. 1. Núm. 2. p.53-65.
2008. Endereço para correspondência:
Marcelo de Abreu Brazão.
10-Giacomini, D. S.; Greco, P. J. Comparação Avenida Plutão, 1385, casa 2.
do conhecimento tático processual em Jardim Novo Horizonte, Carapicuíba, São
jogadores de futebol de diferentes categorias e Paulo. CEP: 06341-650.
posições. Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto. Vol. 8. Núm. 1. p.126-136. 2008.
Recebido para publicação em 24/11/2016
11-Grando, F. C. S.; Marcelino, P. C. A Aceito em 22/01/2017
evolução das táticas no futebol.
EFDeportes.com. Revista Digital. Año 18.
Núm. 189. 2014.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.11. n.46. p.535-548. Suplementar 1. Jan./Dez. 2019. ISSN 1984-4956
303
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
304
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
305
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
306
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
307
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
308
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
309
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Figura 2 - Fases de jogo, objetivos e princípios táticos gerais, operacionais e fundamentais do jogo
de Futebol (Garganta, Pinto, 1994).
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
310
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
311
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
treinamentos são mudanças presentes. Esta adversária, e fez com que a Holanda chegasse
modernidade exige dos jogadores constantes ao final da copa, sendo superada apenas na
deslocamentos com ou sem a posse de bola, e pela Alemanha que se consagrou campeã
devido as suas várias funções no campo de naquele ano.
jogo, são chamados de jogadores polivalentes Para Melo (2000) os sistemas táticos
(Leal, 2001). passavam por constantes mudanças, desde
Segundo Almeida e colaboradores antes da copa de 1974 e no pós-copa.
(2016), jogadores polivalentes caracterizavam- O mais utilizado era o 4-3-3, que é
se por aqueles que não guardavam posição e constituído por 4 defensores, 3 meio
desempenhavam várias funções dentro de campistas e 3 atacantes, e passou a dividir
campo. Uma amostra clássica surgiu em 1974 espaço em meados de 1982 com o esquema
com a seleção holandesa, apelidada de 4-4-2 que visava o preenchimento do meio
carrossel holandês. campo e ter mais posse de bola, com um
Liderados por Johan Cruyff, jogador a mais neste setor, como apresentam
executavam mais de uma função dentro das as figuras 3 e 4.
quatro linhas e com isso confundiam a equipe
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
312
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
313
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
314
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
315
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
28-Gréhaigne, J.; Godbout, P.; Bouthier, D. 40-Pinto, F.S.; Santana, W.C. Iniciação ao
Performance assesment in team sports. futsal: as crianças jogam ou aprendem para
Journal of Teaching in Physical Education. aprender ou aprendem para jogar?. Educación
Champaign. Vol. 16. p. 500-516. 1997. Física y Deportes. Revista Digital. Núm. 85.
2005.
29-Harvey, S. Effects of teaching games for
understanding on game performance and 41-Reilly, T. An ergonomics model of the
understanding in middle school physical soccer training process. J Sports Sci. Vol. 23.
education. Tese de Doutorado. Oregon State Núm. 6. p.561-72. 2005.
University. Oregon. 2006. 285p.
42-Rezende, A.L.G. Avaliação crítica dos
30-Helal, R. Passes e Impasses. Petrópolis. modelos pedagógicos de ensino das
Vozes. 1997. habilidades táticas no futebol. In: XV
Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte,
31-Helal, R.; Soares, A.; Lovisolo, H. A 2007. Recife. Anais… Recife: Colégio
Invenção do País do Futebol: Mídia, Raça e Brasileiro de Ciências do Esporte. 2007. p.1-
Idolatria. Rio de Janeiro. Mauad. 2007. 10.
37-Melo, R. Sistemas e Táticas para Futebol. 47-Tenroller, C.A. Futsal: ensino e prática.
2ª edição. Rio de Janeiro. Sprint. 2000. Canoas. ULBRA. 2004.
38-Oliveira, I.S.; Nogueira, D.M.; Gonzáles, 48-Vargas, C. E. A.; Alves, I.; Santos, R. S.;
R.H. Abordagens metodológicas parcial, global Borges, M. S.; Drezner, R. Métodos de ensino-
e os jogos condicionados como alternativa de aprendizado-treinamento no futebol e no
treinamento para o futsal na seleção futsal. Universidade do Futebol. 2012.
universitária masculina da universidade federal
do Ceará. In: III Congresso Nordeste de 49-Vaz, V.P.S.; Gama, J.V.; Santos, J.V.;
Ciências do Esporte, 2010. Ceará. Anais… Figueiredo, A.J. Dias, G.F. Network - Análise
Ceará: Universidade Federal do Ceará. 2010. da interação e dinâmica do jogo de futebol.
RPCD. Vol. 14. Núm. 1. 2014.
39-Oslin, J. L.; Mitchell, S. A.; Griffin, L. L. The
game performance assessment instrument 50-Vendite, C.C.; Moraes, A.C. Sistema,
(GPAI): development and preliminary estratégia e tática de jogo no futebol: análise
validation. Journal of Teaching in Physical do conhecimento dos profissionais que atuam
Education. Champaign. Vol. 17. Núm. 2. p. no futebol. In: XXIX Congresso Brasileiro de
231-243. 1998.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
316
Revista Brasileira de Futsal e Futebol
ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de P e s q u i s a e E n s i n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo. v.12. n.48. p.303-316. Maio/Jun./Jul./Ago. 2020. ISSN 1984-4956
Uso da Realidade Virtual na Demonstração de Táticas de Futebol de Campo
Fabiano Cardoso de Assis1, Marcos Wagner Souza Ribeiro2, Eliane Raimann3, Fabrizzio
Alphonsus Soares2, Alexandre Carvalho Silva1, Ligia Christine Oliveira Sousa1, Lazaro
Fernandes Magalhães1 e Pedro Moises de Sousa1
1 – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara
2 – Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí
3 – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Jataí
Escolha
Movimentação da
Formação
Figura 5. ArquiteturaGUI
do sistema.
4. Funcionamento do Sistema
Figura 4. Ponto dos Posicionamentos No ambiente virtual encontram-se alguns objetos em
indicados pelo usuário. 3D: o campo de futebol e os jogadores. Existe uma
barra de navegação com botões, apesar da
3. Metodologia possibilidade de uma navegação livre via “mouse” e
3.1 Tecnologias de Apoio um painel de opções das formações táticas, como
Vários pesquisadores apontam que novas mostra a Figura 6.
tecnologias têm sido criadas para dar suporte ao
desenvolvimento de aplicações em Realidade Virtual
[8].
Sendo assim, no desenvolvimento desse projeto
foram utilizadas algumas dessas tecnologias para a
construção do protótipo.
3.1.1 OpenGL
OpenGL não é uma linguagem de programação e
sim uma poderosa biblioteca que possibilita a
configuração e o acesso a um determinado hardware. É
necessário hardware e software para implementar a
arquitetura OpenGL. Mais especificamente, a
biblioteca implementa chamadas para o driver do Figura 6. Interface principal
hardware. Por ser uma biblioteca e não uma linguagem A primeira possibilidade de interação com o sistema
de programação, OpenGL é dependente das últimas é o preenchimento do campo com jogadores. São duas
(C/C++, Java e Delphi) para realizar o acesso ao opções: apenas um time ou dois times. A segunda
hardware [7]. possibilidade é a escolha de formações conhecidas (3-
3.1.2 3D Studio Max 4-3, 4-2-4 e outras) (Figura 7).
É um aplicativo de modelagem tridimensional que
aceita converter uma seqüência de símbolos gráficos
num arquivo visual. O aplicativo realiza a criação de
renderizações de alta qualidade, como por exemplo,
transparências, sombreamentos, luzes, etc. [1].
3.2 Diagrama da Arquitetura do Sistema
O propósito deste trabalho é elaborar um ambiente
virtual, onde os usuários possam navegar no ambiente,
visualizar e interagir com posicionamentos e formações
de sistemas táticos para futebol de campo. A Figura 5
representa arquitetura do software, demonstrando a
visão geral das partes que compõe o sistema e da
comunicação envolvida nessas partes. Figura 7. Interface com formação tática
Uma outra possibilidade permitida ao usuário é a
manipulação de qualquer jogador colocando-o em
qualquer posição. Os desdobramentos das jogadas
podem ser gravados ou criados pelo usuário. Por conclusão é que um ambiente em 3D com recursos
exemplo o usuário pode posicionar o time para uma interativos vem de encontro a tendências que já estão
jogada ensaiada e definir o que irá acontecer sendo incorporadas aos esportes.
escolhendo os jogadores e definindo a movimentação a
seguir (Figura 8). 5.1 Trabalhos Futuros
Pretende-se ampliar o protótipo, dando ao usuário
diferentes opções para interagir com o ambientes de
navegação tais como:
Também é de interesse primordial realizar uma
avaliação formal e baseada em normas de avaliações de
softwares, com profissionais da área de educação
física, para que possam avaliar de maneira eficaz a
intenção do software.
Outro ponto importante é a incorporação de técnicas
de IA (Inteligência Artificial) ao time considerado
adversário para reagir naturalmente a jogadas definidas
pelo treinador.
Foram criadas duas threads, uma para cada time. [1]. ALMEIDA, Marilane . Desvendando o 3ds Max .São
Desta forma a movimentação pode ser realizada com Paulo: Digerati Bools, 2007.
sincronismo. E, como conseqüência é possível ao [2]. CRIVELLETI, Fabio Cassiano. Organização e Evolução
treinador apresentar o posicionamento, a jogada do Sistema Tático no Futebol. Centro Universitário
resultante e as necessidades para o sucesso da jogada Claretiano. Batatais, 2005. Monografia.
(maior rapidez de um jogador, posicionamento correto, [3]. FRISSELLI E MANTOVANI. Futebol teoria e pratica.
precisão da jogada, jogadas de habilidade pessoal e São Paulo: Phorte, 1999.
outras). Para esta demonstração o ideal é apresentar a
[4]. GATTAS, Marcelo, et. al. Juiz Virtual – Um Sistema
jogada tem apenas uma equipe no campo (Figura 9), e para Análise de Lances de Futebol. TeCGraf –
depois a jogada completa com as duas equipes (Figura Departamento de Informática, PUC - Rio de Janeiro.
8).
[5]. KIRNER, Cláudio; SISCOUTTO, Robson; TORI,
Romero. Fundamentos e tecnologia de Realidade virtual
e aumentada. Belém: VIII Symposiun on Virtual
Reality,2006.
[6]. OLIVEIRA, Eugenio, et. al. Sistema Multi-Agentes de
Visualização com Controle Inteligente de Câmera.
LIACC – Laboratório de Inteligência Artificial e
Ciência de Computadores, Universidade do Porto,
Portugal
[7]. PINHO, Márcio Serolli. Realidade Virtual como
Ferramenta de Informática na Educação.Disponívelem:
< http://grv.inf.pucrs.br/ >. Acesso em: 02, jun. 2007,
17:22.
[8]. RIBEIRO, Marcos Wagner de Souza. Uma arquitetura
para ambientes virtuais distribuídos. 2005. 105f. Tese
Figura 9. Posicionamento tático com uma
(Doutorado em Ciências) Faculdade de Engenharia
equipe Elétrica, Universidade Federal de Uberlândia, 2005.
[9]. SCALCO, Roberto, et. al. Construção de Um Sistema
5. Conclusões de Realidade Virtual. Centro Universitário do Instituto
A principal conclusão em relação ao protótipo é que de Mauá de Tecnologia – CEUN.IMT. São Caetano do
o mesmo pode substituir plenamente o uso de Sul – SP.
pranchetas, rascunhos e desenhos em quadros. A outra
[10]. SOARES, Fred Lucas. Sistemas Táticos no Futebol. Paulo: XXIX Congresso Brasileiro da Ciência da
Centro Universitário Claretiano. Batatais, 2005. Comunicação – UnB – 6 a 9 Setembro de 2006.
Monografia.
[11]. VENDITE, Caroline Calucio, MORAES, Antonio
Carlos. Sistema, Estratégia e Tática de Jogo: Uma
Analise dos Profissionais que atuam no Futebol. São
Artigo Original
ISSN: 1983-7194
Resumo
Introdução: Os técnicos possuem entendimento dos aspectos táticos do futebol, baseados em fatores diversos que
permeiam o jogo, com divergências típicas de suas crenças, não muito bem definidos, causando discussões relevantes,
direcionando para a necessidade de melhores esclarecimentos desses aspectos.
Objetivo: O presente estudo objetivou verificar os fatores influentes para técnicos na escolha do sistema tático da sua
equipe.
Métodos: Técnicos do Curso Internacional de Treinadores participaram do estudo (97 Brasileiros e 10 Estrangeiros), do
sexo masculino, havendo 21 profissionais de futebol, 59 amadores e 27 que não trabalham na área, (média de idade de
35,7±6,6 anos), sendo 56% graduados e 44% sem nível superior. Um questionário contendo três perguntas abertas e
quatro fechadas foram aplicadas e o qui quadrado (χ²) foi empregado, sendo Ho=0 e Ha # 0, com nível de significância de
p≤0,05.
Resultados: Dos fatores influenciadores indicados, apenas “A mudança do sistema de tático em função do resultado” foi
significativo. Com 54,8% dos participantes escolhendo a opção Sempre, enquanto que os demais optaram por As Vezes
(28,8%), Quase Sempre (0%) e Nunca (16,3%). Os demais fatores não apresentarem números significativos (p≥0,05).
Conclusão: Os fatores influentes para técnicos na escolha do sistema de jogo são o resultado de um jogo ou competição.
Palavras-Chave: Futebol, sistema, tática, jogo.
Correspondência:
José Carlos Kaid
Rua Prefeito José de Melo Franco, 136, Jardim Universo
Mogi das Cruzes – SP
CEP 08773-300.
Email: j.kaid@ig.com.br
Introduction: The technicians have understanding of the tactical aspects of football, based on several factors that
permeate the game, with typical differences of their beliefs, not very well defined, causing significant discussions, pointing
to the need for better clarification of these aspects.
Objective: To identify factors influential to the technical choice of the game system of his team.
Methods: Representatives from the International Coaching Course in the study (97 Brazilians and 10 foreign) male, with
21 professional football clubs, 59 amateur and 27 who do not work in the area, (average age 35.7 ± 6 , 6 years), 56% and
44% graduates without higher level. A questionnaire containing three open questions and closed four was applied and the
chi-square (χ ²) was used, and Ho and Ha = 0 # 0, with a significance level of p ≤ 0.05.
Results: Of influencing factors listed, only "The tactical system changes depending on the outcome "was significant. With
54.8% of respondents choosing always, while others opted for The Times (28.8%), Almost Always (0%) and never (16.3%).
Other factors the numbers do not show significant (p ≥ 0.05).
Conclusion: Technical factors influencing the choice to the gaming system is the result of a game or competition.
Key words: Soccer, system, tactic, game.
desempenho tático dos atletas nos treinamentos e fatores que influenciam um treinador na escolha do
competições
[14]
. sistema de jogo utilizado nos treinamentos e
97 10 1 12 40 07 47 21 59 27
*A alternativa “Quase Sempre” foi retirada da figura por não apresentar freqüência (F)
Figura 1. Mudança do sistema tático em função do resultado
Variável F %
Psicologia 65 16,4
Campo 37 9,3
Técnico 75 18,9
Local 29 7,3
Tático 86 21,7
Financeiro 21 5,3
Físico 58 14,6
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar a evolução dos esquemas táticos do futebol brasileiro. Para este
estudo, foram entrevistados 15 torcedores, dez profissionais do futebol e cinco jornalistas, que responderam
a um questionário semiaberto, elaborado especificamente para a presente pesquisa, composto por 17 questões
dissertativas e de múltipla escolha. Os resultados obtidos foram analisados através de frequência e porcenta-
gem, e os resultados mais interessantes obtidos referiram-se à preferência de esquemas táticos, sendo que os
esquemas táticos preferidos pelos torcedores foram o 4X4X2 e o 3X5X2, ambos com 40% das respostas; entre
os profissionais do futebol, a preferência verificou-se pelo esquema 4X4X2, com 40%, seguido pelo esquema
3X5X2 e o 4X5X1, com 30% das respostas; já entre os jornalistas, a preferência deu-se pelo esquema 4X4X2, com
60% das respostas. Outra resposta interessante foi observada sobre a eficácia de um bom esquema tático na
obtenção da vitória, sendo que todos os entrevistados disseram que um bom esquema tático pode vencer um
jogo, em virtude de anular as principais jogadas do adversário e dar vantagem à sua equipe durante a partida. A
conclusão do estudo foi que houve evolução dos esquemas táticos no futebol brasileiro, muito em virtude da
evolução das condições físicas dos atletas e dos estudos sobre os esquemas táticos que vêm crescendo em
importância entre os treinadores nos últimos anos.
Palavras-chave: esquemas táticos, evolução dos esquemas táticos, futebol brasileiro.
ABSTRACT
This work had as objective to analyze the evolution of the tactical projects of the Brazilian soccer. For this
study 15 rooters, 10 soccer professionals and 5 journalists were interviewed, who answered specifically to an
elaborated semi-open questionnaire for this study, made up of 17 essay questions and multiple choice. The
gotten results were analyzed through frequency and percentage and the most interesting results were obtained
on the preference of tactical projects, where the preferred tactical project of the rooters was the 4x4x2 and
the 3x5x2, both with 40% of the answers, among the soccer professionals the preference is for project 4x4x2
with 40% followed by project 3x5x2 and the 4x5x1 with 30% of the answers and among the journalists the
preference is for project 4x4x2 with 60% of the answers, another interesting reply was observed on the
effectiveness of a good tactical project in the attainment of the victory, being that all the interviewed ones said
that a good tactical project can win a game, in virtue of annulling the main plays of the adversary and giving
advantage to his team in the game. The study concluded that there was evolution of the tactical projects in the
Brazilian soccer, much in virtue of the evolution of the physical conditions of the athletes and of the studies on
the tactical projects that have been growing in importance among the trainers in recent years.
Keywords: tactical projects, evolution of the tactical projects, brazilian soccer.
6
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
RBCS ARTIGOS ORIGINAIS
7
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
ARTIGOS ORIGINAIS SAÚDE
durante o jogo chama-se scout. De acordo com Cunha, capital dos aspectos estratégicos e táticos, em que a
Binotto & Barros (2001), ele simula um campo de jogo tomada de decisão precede a execução. Sem conhecer
onde são marcados os pontos estimados, em que os a essência do jogo e de seus princípios táticos, não se
jogadores se encontram posicionados quando estão podem aproveitar na plenitude os recursos técnicos.
de posse de bola, executando qualquer movimento. Ao jogador é exigido que decida e exteriorize o seu
Esses sistemas especialistas probabilísticos para defini- raciocínio mental ou decisão cognitiva. De todas as
ção de esquemas táticos, como citado por Bogo e col. atividades esportivas, é no jogo coletivo que a tática
(2005), têm como função resolver problemas de natu- adquire o seu mais alto nível de pressão.
reza incerta. As contribuições recebidas pelo esporte
em razão do avanço da tecnologia e dos treinamentos
têm sido de grande importância para o sucesso dos 2. METODOLOGIA
atletas nas modalidades coletivas, como o futebol. Foram objeto de estudo dez profissionais do fute-
Como, atualmente, as equipes estão se equivalendo bol, entre jogadores e comissão técnica, cinco jorna-
nos planos físico e técnico, a tática vem sendo um fator listas e 15 indivíduos que acompanham futebol, porém
de desequilíbrio para serem alcançadas as vitórias nas não atuam como profissionais desta modalidade espor-
partidas. Com isso, cresce a importância de se estudar tiva, todos do sexo masculino, maiores de 18 anos e de
a tática, tanto da própria equipe quanto da equipe classe média-alta. A coleta dos dados foi feita nos clubes
adversária. Aí é que entra a função do scout, que auxilia Associação Portuguesa de Desportos e Sport Clube
os treinadores a variar a sua tática no jogo. Ferreira, Corinthians Paulista, e na Rádio Terra. As entrevistas
Paoli & Costa (2008) afirmaram que, em decorrência para o estudo foram realizadas por meio de um questio-
de a tática ser um componente de alta complexidade, nário semiaberto, elaborado especificamente para a pre-
por fatores relevantes ao jogo, ela deve ser estudada sente pesquisa, com o objetivo geral de analisar se houve
nos aspectos das táticas individuais, coletivas e em grupo. ou não evolução nos esquemas táticos do futebol bra-
É possível analisar uma partida anotando as informações sileiro. No total, foram 17 questões, sendo seis perguntas
na planilha do scout tático, que retrata o que ocorreu de múltipla escolha e 11 dissertativas. As perguntas de
com a equipe analisada no decorrer do jogo. Através múltipla escolha tiveram como objetivo definir os me-
desses resultados, pode-se entender como é importante lhores esquemas táticos utilizados, verificar a evolução
a tática dentro de uma partida de futebol e também se ou não dos mesmos, sua organização, se são mais
conhecer a tática do adversário para elaborar um ofensivos ou defensivos, e confrontar o futebol atual e
esquema que faça a própria equipe conseguir uma certa o de antigamente, enquanto as questões dissertativas
vantagem. Muitos são os fatores que levam à escolha de objetivaram verificar o entendimento dos entrevistados
um determinado esquema tático, dentre eles podem sobre esquema tático e sobre a importância do mesmo.
ser citados o tamanho do campo, a condição do gramado, Houve também questões informativas, que incluíam da-
a necessidade do resultado, a condição física dos atletas dos pessoais, como nome e profissão. A aplicação da
e as características de jogo de seus jogadores, dentre entrevista foi realizada através do questionário respon-
outros. Com isso, o treinador pode colocar o time em dido graficamente pelos próprios entrevistados diante
campo mais ofensivo ou mais defensivo. da presença do pesquisador, depois de preenchido o
termo de consentimento. A análise dos dados foi feita
Apesar de ser muito difícil definir com precisão as por meio de frequência e porcentagem do questionário
variáveis mais importantes para estudar e conhecer respondido e interpretação das respostas dadas.
as razões conducentes ao sucesso, as ciências do des-
porto, em suas investigações, têm apontado o desen-
3. RESULTADOS
volvimento das habilidades perceptivas e cognitivas
como um dos fundamentos e requisitos essenciais para A preferência dos esquemas táticos ficou bem
a excelência da performance desportiva. Como citaram distribuída entre o 4X4X2, que teve 43,3%, e o 3X5X2,
Costa e col. (2002), os jogos coletivos, como o futebol, que apresentou o índice de 33,4%. Entre os torcedores,
caracterizam-se pela aciclicidade técnica, por solicita- 40% deles relataram que o melhor esquema tático é o
ções morfológico-funcionais diversas e intensa ativi- 3X5X2; outros 40% declararam preferir o 4X4X2. Em
dade psíquica, num contexto permanentemente variá- relação aos profissionais que atuam no futebol, os nú-
vel, de cooperação-oposição, com uma importância meros mostraram a preferência pelo 4X4X2, com 40%
8
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
RBCS ARTIGOS ORIGINAIS
das respostas; quanto aos jornalistas, 60% optaram pelo hoje; 63,4% afirmaram achar que os esquemas táticos
4X4X2. Já os esquemas táticos evoluíram para 76,6% atuais são mais defensivos; 23,3% indicaram que são
dos entrevistados (Tabela 1). mais ofensivos; e 13,3% consideraram que eles se man-
tiveram iguais.
Já a Tabela 2 mostra a análise dos esquemas táticos
quanto à sua organização e ofensividade. Pode-se obser- Na comparação entre o futebol de antigamente e
var que 73,4% dos pesquisados responderam que os o atual (Tabela 3), as respostas encontradas eviden-
esquemas táticos são mais organizados nos dias de ciaram empate em relação aos torcedores, sendo que
Tabela 1: Análise dos esquemas táticos avaliados por profissionais do futebol, jornalistas e torcedores comuns
Torcedores Profissionais Jornalistas Geral
F % F % F % F %
Melhor esquema
4–3–3 3 200 – – 1 20 04 13,3
4–4–2 6 400 4 40 3 60 13 43,3
4–5–1 – – 3 30 – – 03 10 0
3–5–2 6 400 3 30 1 20 10 33,4
Esquemas táticos
Evoluíram 120 800 8 80 3 60 23 76,6
Regrediram 1 06,6 1 10 – – 02 06,8
Continuam iguais 2 13,4 1 10 2 40 05 16,6
Tabela 3: Análise do futebol antigo e atual, avaliado por profissionais do futebol, jornalistas e torcedores comuns
Torcedores Profissionais Jornalistas Geral
F % F % F % F %
Futebol antigo
Mais desorganizado 1 06,8 2 20 – – 03 10 0
Mais bonito 7 46,6 8 80 4 80 19 63,4
Mais fácil 7 46,6 – – 1 20 08 26,6
Futebol atual
Mais organizado 5 33,3 4 40 – – 9 300
Mais feio 2 13,4 – – 3 60 5 16,6
Mais difícil 8 53,3 6 60 2 40 16 53,4
9
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
ARTIGOS ORIGINAIS SAÚDE
46,6% consideraram o futebol antigo mais bonito e o sem a necessidade de substituir algum atleta, dando
mesmo percentual avaliou mais fácil. Apenas 6,8% dos mais dinamismo ao seu time.
entrevistados julgaram que era mais desorganizado; já
Os resultados encontrados em relação à organiza-
o futebol atual, para eles, está mais difícil, com 53,3%;
ção dos esquemas táticos mostram que eles estão mais
33,3% consideraram que está mais organizado e 13,4%
organizados que no passado, muito em decorrência
acharam que está mais feio. Para os profissionais, o
do aumento considerável de estudos sobre os esque-
futebol antigo era mais bonito, com 80%, e o futebol
mas, proporcionando um maior conhecimento dos
atual está mais difícil, com 60%. Os jornalistas avaliaram,
adversários e dando mais opções para os treinadores
com 63,4%, que o futebol antigo era mais bonito e o
escolherem um determinado esquema que facilite as
futebol atual, mais difícil, com 53,4%.
ações de sua equipe e anule o adversário. Todavia, nos
Quanto à eficiência do aspecto tático, 100% dos dias de hoje, está muito mais fácil conseguir informa-
entrevistados consideraram que um bom esquema táti- ções sobre os adversários através de vídeos das parti-
co pode vencer uma partida. das, que estão ao fácil alcance das pessoas, além da
globalização do futebol, que permite aos treinadores
poderem observar o futebol em todas as partes do
4. DISCUSSÃO
mundo com extrema rapidez, de modo a se manterem
A preferência sobre os esquemas táticos ficou dis- atualizados e promoverem as adaptações necessárias
tribuída entre o 4X4X2 e o 3X5X2, o que mostra uma para o sucesso do esquema escolhido.
preferência por esquemas que mantenham a equipe
Os esquemas táticos atuais foram considerados
mais equilibrada, com um maior número de jogadores
mais defensivos por 63,4% dos entrevistados, o que
no meio-campo, deixando o time mais compacto em
mostra que a competitividade do jogo aumentou muito
suas linhas de jogo, tanto nas ações ofensivas quanto
e, com isso, o número de gols diminuiu nas partidas.
nas defensivas. A razão disso é que a grande parte do
Sendo assim, os treinadores estão dando mais valor a
jogo se concentra no meio de campo e, assim, conse-
não tomar gols do que a fazer, montando seus times
guir dominar esta região do campo pode significar ob-
de forma mais defensiva a fim de congestionar mais a
ter o controle da peleja e, por consequência, ficar mais
região da sua defesa.Assim, é possível ter mais espaços
perto da vitória nas partidas.
para contra-atacar o adversário, explorando muito a
Os números gerais mostram uma leve diferença velocidade dos jogadores, em virtude da evolução na
para o 4X4X2 nas preferências, com 43,3%, contra os preparação física dos mesmos, que os permite correr
33,4% que optaram pelo 3X5X2, já que esse esquema muito durante a partida.
privilegia um pouco mais o ataque, com a equipe atuando
com dois homens exercendo funções mais avançadas. O estabelecimento de diferenças entre o futebol
Quanto à questão da evolução dos esquemas táticos, antigo e o atual ficou claro nas respostas de todos os
ficou evidente que eles evoluíram com o decorrer dos entrevistados, sendo possível verificar que as opiniões
anos, uma vez que tudo relacionado ao futebol evoluiu, de profissionais, jornalistas e torcedores se equivale-
a preparação física, preparação técnica e tática, o pro- ram ao relatar que o futebol de antigamente era mais
fissionalismo que envolve o futebol além, é claro, dos bonito que o futebol contemporâneo, o que pode ser
investimentos feitos no esporte. Com isso, pode-se observado pelos placares dos jogos, que eram muito
aprimorar a parte tática, já que os esquemas táticos mais elásticos do que os atuais, o que pode ser explica-
evoluíram devido à evolução dos jogadores que reali- do pela evolução dos esquemas táticos que antes da-
zam duas ou mais funções em campo, como afirmaram vam muito valor ao ataque e hoje se preocupam mais
Prado & Bentetti (2005). Essa evolução aponta para com o equilíbrio da equipe como um todo.
que os futuros profissionais se preocupem mais com Já o futebol atual foi considerado por todos como
o treino específico, direcionado ao jogador profissional um futebol mais difícil, tendo em vista que os times
de acordo com a sua função em campo, até porque estão se equiparando em muitos quesitos, inclusive na
cada jogador tem uma função específica para realizar sua formação tática, principalmente equipes que são
no jogo, porém, com a evolução tática, técnica e física inferiores tecnicamente e procuram se equiparar com
dos atletas, torna-se necessário realizar duas ou mais as outras através de esquemas táticos muito bem ela-
funções dentro da partida, permitindo ao treinador borados e, principalmente, na forte marcação, fazendo
uma oportunidade de variar o esquema durante o jogo a defesa se tornar o ponto forte e a base dessas equipes,
10
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
RBCS ARTIGOS ORIGINAIS
o que torna o jogo mais competitivo e, em algumas vêm crescendo em importância entre os treinadores
ocasiões, menos bonito de se ver. de futebol, visando a uma melhor organização tática de
cada equipe. Tal fato, juntamente com a evolução da
Na relação da eficiência de um sistema tático, todos
condição física dos atletas, permite aos treinadores uma
os 30 entrevistados disseram que um bom esquema
maior versatilidade quanto ao posicionamento dos joga-
tático pode vencer uma partida, anulando ações ofensi-
dores em campo, deixando o jogo muito mais dinâmico.
vas da outra equipe e explorando seus pontos fracos, o
que dá uma enorme vantagem no jogo. Muitos dos entre- As respostas encontradas no estudo mostram que
vistados chegaram a considerar que um bom esquema tanto as pessoas que trabalham com o futebol quanto
tático é responsável por 90% dos méritos de uma vitória as que gostam do esporte e assistem aos jogos apresen-
no jogo, já que possibilita ao treinador tomar a iniciativa tam algumas semelhanças, principalmente por enten-
do jogo e, assim, chegar mais perto da vitória. derem que o futebol atual esta cada vez mais compe-
titivo e que os pequenos detalhes fazem toda a dife-
Contudo não há como definir qual o melhor esque-
rença. Por isso, torna-se cada vez mais necessário que
ma tático a ser montado para uma equipe, uma vez que
tanto treinadores quanto jogadores passem a se atua-
a montagem do referido esquema leva em consideração
lizar sobre os componentes que envolvem o futebol,
diversos fatores de natureza incerta, como condição
principalmente os jogadores que, por algumas vezes,
do tempo e, também, diversos imprevistos que ocorrem
são extremamente talentosos, mas não entendem o
no decorrer do campeonato, desfalcando a equipe. É
funcionamento das ações táticas do jogo e acabam
importante que o treinador tenha um esquema tático
dificultando o trabalho do treinador.
de sua preferência, porém ele tem que entender que
não é possível colocar em todas as equipes nas quais ele Isso deve começar a ser feito desde as categorias
trabalhar o seu esquema preferido; ele deve entender de base para que os atletas, que cada vez mais cedo
as limitações que sua equipe tem e saber utilizar seus aparecem para o futebol, cheguem ao profissional com
pontos fortes, mas também proteger os seus pontos conhecimento necessário para se adaptar o mais rápido
fracos para que não seja surpreendido durante a partida. possível às ideias do treinador.
Entende-se que não é possível afirmar qual o melhor
esquema tático a ser utilizado, mas é possível deter-
5. CONCLUSÃO
minar que a competitividade do futebol está tão grande
A conclusão deste estudo foi que houve evolução que é necessário desenvolver mais de um esquema
dos esquemas táticos no futebol brasileiro, em virtude tático para o jogo, sendo possível mudá-lo no decorrer
do maior número de estudos sobre os esquemas que de uma partida sempre que for necessário.
REFERÊNCIAS
ACEDO, Leandro M.; DARIDO, Suraya C. & SOUZA JÚNIOR, COSTA, João Carlos V. C.; GARGANTA, Júlio; FONSECA,
Osmar M. Futebol, escolas de esportes e dimensões António Manuel & BOTELHO, Manuel. Inteligência e
dos conteúdos. Revista Digital Educación Física y De- conhecimento específico em jovens futebolistas de
portes, v. 11, n. 101, p. 1-12, Buenos Aires, 2006. diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, v. 2, n. 4, p. 7-20, 2002.
ANJOS, José Luiz dos. Futebol no Sul: história da orga-
nização e resistência étnica. Pensar a prática, v. 10, n. CRIVELLENTI, Fábio Cassiano & SOARES, Fredi Lucas. Or-
1, p. 33-50, Goiânia, janeiro/junho, 2007. ganização e evolução do sistema tático no futebol. 2005.
Monografia (Graduação em Educação Física) – Cen-
BOGO, Luís H.; RODRIGUES,Alejandro M.; FULBER, Heleno;
tro Universitário Claretiano. Batatais: Ceuclar.
JULIANI, Jordan P. & BETTIO, Raphael W. de. Sistema es-
pecialista probabilístico para definição de esquemas CUNHA, Sérgio Augusto; BINOTTO, Mônica R. & BARROS,
táticos. Journal of Computer Science, v. 4, n. 4, Lavras, Ricardo M. L. de. Análise da variabilidade na medição
December, 2005. de posicionamento tático no futebol. Revista Paulista
11
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
ARTIGOS ORIGINAIS SAÚDE
REFERÊNCIAS
de Educação Física, v. 15, n. 2, p. 111-116, São Paulo, PRADO, Daniel A. do & BENETTI, Waldir. As característi-
julho/dezembro, 2001. cas físicas, táticas e técnicas do jogador profissional em
suas respectivas posições dentro do campo. 2005. Mo-
DUARTE, Orlando. Futebol: histórias e regras. São Pau-
nografia (Graduação em Educação Física) – Centro
lo: Makron Books, 1997.
Universitário Claretiano. Batatais: Ceuclar.
______. História dos esportes. São Paulo: Makron Bo-
oks, 2000. RIBEIRO, Luiz Carlos. Brasil: futebol e identidade naci-
onal. Revista Digital Educación Física y Deportes, v. 8, n.
FERREIRA, Rafael B.; PAOLI, Próspero B. & COSTA, Felipe 56, p. 1-10, Buenos Aires, enero, 2003.
R. da. Proposta de “scout” táticos para o futebol. Re-
vista Digital Educación Física y Deportes, v. 12, n. 118, ______. O futebol no campo afetivo da história. Re-
p. 1-13, Buenos Aires, marzo, 2008. vista Movimento, v. 10, n. 3, p. 99-111 Porto Alegre,
setembro/dezembro, 2004.
GUERRA, Isabela; SOARES, Eliane de A. & BURINI, Roberto
Carlos. Aspectos nutricionais do futebol de compe- ROCCO JÚNIOR, Ary José. Bola na rede: o ciberespaço,
tição. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 7, n. as torcidas virtuais e a cultura do futebol no século
6, p. 200-206, São Paulo, novembro/dezembro, 2001. XXI. Revista Digital Educación Física y Deportes, v. 10,
n. 82, p. 1-5, Buenos Aires, marzo, 2005.
LEAL, Júlio César. Futebol: arte e ofício. Rio de Janeiro:
Sprint, 2000. S , Paulo Roberto S.; VISCONTI, Ana Maria; ROLDAN,
Andrea; TEIXEIRA,Alberto A.A.; SERMAN,Antônio P.; LOLLA,
LEITÃO, Luiz Antônio & TUBINO, Manoel José G. A mo- Júlio César C. R.; GODOY JÚNIOR, Rubens; LEPÉRA, Cláu-
ral e a ética do carrinho no futebol: uma visão histó- dio; PARDINI, Fernanda O.; FIRMINO, Mauro T.; ZANIN, Mar-
rica e cultural. Revista Digital Educación Física y De- celo T.; ROXO, Carla Dal Maso N.; ROSA, Albertina F.;
portes, v. 8, n. 47, p. 1-10, Buenos Aires, abril, 2002. BASÍLIO, Solange de S.; MONTEIRO, José Carlos S. & COR-
MONTEIRO, Cristiano R.; GUERRA, Isabela & BARROS,Tu- DEIRO, José Roberto. Avaliação funcional multivariada
ríbio L. Hidratação no futebol: uma revisão. Revista em jogadores de futebol profissional – uma metanálise.
Brasileira de Medicina do Esporte, v. 9, n. 4, p. 238-242, Acta Fisiátrica, v. 4, n. 2, p. 65-81, São Paulo, 1997.
São Paulo, julho/agosto, 2003. THOMAZ,Tiago R. & PAOLI, Próspero B. Percepções de
MOURA, Vicente H. de. Muito além das quatro linhas, técnicos da categoria infantil das escolas de futebol
um estudo das ciências do futebol. In: XXV CON- da GrandeVitória – ES, referentes ao desenvolvimen-
GRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. Anais... to do componente tático no planejamento de traba-
Salvador: Intercom, 2002. lho. Revista Digital Educación Física y Deportes, v. 12,
n. 115, p. 1-4, Buenos Aires, diciembre, 2007.
OLIVEIRA, Jefferson L.; VOSER, Rogério da C. & HER-
NANDEZ , José Augusto E. A Comparação da preferên- TIEGEL, Giselher & GRECO, Pablo Juan.Teoria da ação e
cia do estilo de liderança do treinador ideal entre futebol. Revista Mineira de Educação Física, n. 6, p. 65-
jogadores de futebol e futsal. Revista Digital Educación 80,Viçosa, 1998.
Física y Deportes, v. 10, n. 76, Buenos Aires, septiembre,
VENDITE, Caroline C. & MORAES, Antônio Carlos de.
2004.
Sistema, estratégia e tática de jogo no futebol: análise
PAIM, Maria Cristina C. Fatores motivacionais e de- do conhecimento dos profissionais que atuam no fu-
sempenho no futebol. Revista de Educação Física da tebol. In: XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
UEM, v. 12, n. 2, p. 73-79, Maringá, 2001. COMUNICAÇÃO. Anais... Brasília: Intercom, 2004.
12
Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 8, nº 26, out/dez 2010
QUAL A IMPORTÂNCIA DOS ESQUEMAS TÁTICOS NO
FUTEBOL JOVEM?
Nuno 123
Loureiro , Alexandre 12
Santos , Eduardo 12
Teixeira , João Paulo Costa12 & Pedro Sequeira123
1 3
2
INTRODUÇÃO
Os esquemas táticos* (ET), ou vulgarmente designados lances de bola parada (Castelo, 2008),
cada vez têm mais importância no resultado final dos jogos de futebol (Garganta, 2001 e
Hughes & Bartlett, 2002). No futebol de alto rendimento já existem estudos que abordam esta
fase específica do jogo de futebol (Borrás & Baranda 2005 e Castillo, et all 2000), no entanto ao
nível do futebol jovem ainda são escassos os estudos nesta temática, pelo que pretendemos
com este trabalho iniciar o desenvolvimento de uma linha de investigação no âmbito dos ET no
futebol jovem.
DESIGN METODOLOGICO
O estudo será dividido em três fases, primeira a realização de
Objetivo 1 Importância dos esquemas táticos uma entrevista a 10 treinadores experientes, onde será
• Entrevista a treinadores licenciados em ed. Física e desporto e com experiência no necessário construir e validar a entrevista (Gomes, 2007); na
futebol profissional e jovem segunda iremos caracterizar os campeonatos nacionais
• As alterações nos esquemas táticos, quais as tendências ao nível do treino, quais os jovens quanto aos ET, onde teremos de construir e validar
fatores decisivos nos esquemas táticos defensivos e ofensivos
um sistema de observação dos ET em competição (Prudente,
Objetivo 2 Caracterizar os esquemas táticos no futebol juvenil Garganta e Anguera 2004); por último observar 6 equipas, 2
• Observação de 15 jogos de cada escalão dos campeonatos nacionais de futebol de cada escalão, durante 3 microciclos competitivos
jovem, sub15, sub17 e sub19. consecutivos (Sequeira, Hanke e Rodrigues 2006), onde
• Caracterizar a marcação e defesa dos diferentes esquemas táticos, em função do teremos de construir e validar duas entrevistas e um sistema
local do jogo, resultado do jogo e estatuto da equipa, e a sua importância no de observação.
resultado final dos jogos
Objetivo 3 O treino dos esquemas táticos no futebol juvenil
• Observar 3 microciclos competitivos de treino de 6 equipas dos diferentes escalões
jovens que participam nos campeonatos nacionais de sub15, sub17 e sub19. Caracterização
• Analisar a percentagem de treino semanal dedicada aos esquemas táticos, a sua Competição
relação com a performance em competição • Validação
• Validação Entrevista
Entrevista • Validação Sist.
Tab.1 – Objetivos gerais do estudo Obs. Esq. Táct. • Validação Sist.
• Aplicação Obs. Treino
entrevista a Competição
(SOETC) • Acompanhar
treinadores
Importância • Observação de microciclos e
Esquemas jogos jogos de equipas
EXPECTATIVAS Táticos Campeonatos de sub15, sub17
Nacionais de eObservação
sub19
Com o estudo pretendemos perceber a importância dos ET no resultado
sub15, sub17 e Microciclo
final dos jogos dos campeonatos nacionais jovens; analisar a importância sub19
que os treinadores dão ao treino dos ET no microciclo, como o fazem e o
modo como são executados na competição. Esperamos no final ter
resultados que possam ajudar os treinadores a melhorarem o seu Fig.1 – As diferentes fases a percorrer durante a investigação
processo de treino no que aos ET diz respeito.
Contacto – nunoloureiro@esdrm.ipsantarem.pt
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORRÁS, D. & BARANDA, P. S. (2005). Análisis del corner en función del momento del partido em el mundial de Corea y Japón 2002. Cultura, Ciencia y Deporte, 1: 87-93.
CASTELO, J. (2008). Futebol – Organização dinâmica do jogo. Edição do Autor, Lisboa
CASTILLO, R., CRUZ, F.A., RAYA, A. & CASTILLO, J.M. (2000). Análisis técnico-tático en los corners del Mundial de Francia-98: análisis y desarrollo. Training Fútbol, 49, 14-23
GARGANTA, J. (2001). A análise da Performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, vol 1, nº 1 (57 - 64).
GOMES, A. R. (2007). Liderança e gestão de equipas desportivas: Desenvolvimento de um guião de entrevistas para treinadores. In J.F. Cruz, J.M. Silvério, A.R. Gomes & C. Duarte (eds.), Atas da conferência internacional de psicologia
do desporto e exercício (pp. 100-115). Braga: Universidade do Minho.
HUGHES, M.D., & BARTLETT, R.M. (2002). The use of performance indicators in performance analysis. Journal of Sports Sciences, 20, 739-754.
MARQUEZ, J.L. & RAYA, A. (1998). El corner en el Mundial de Francia-98: análisis y desarrollo. Training Fútbol, 32, 8-44
PRUDENTE, J., GARGANTA, J. & ANGUERA, M.T. (2004). Desenho e validação de um sistema de observação no Andebol. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 4 (3): 49-65.
SEQUEIRA, P., HANKE, U. & RODRIGUES, J. (2006). O Comportamento do Treinador de Alta Competição de Andebol no Treino e na Competição.Revista Itinerários, 2, 2ª Série, 81-99.
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
Claudio Emmanuel Simões de Almeida1, Vinicius Tonon Lauria2,3, Cristiano de Lima 1,21
RESUMO
O futebol é um esporte de confronto entre duas equipes representadas pelos seus
“guerreiros” em campo; ele adapta o conceito de tática utilizado nas guerras, que é a
arte de dispor e ordenar tropas para combate nas condições do jogo, chamada
atualmente de organização tática. A tática é conhecida como o conjunto de métodos
utilizados para conseguir a realização de um objetivo. O objetivo é analisar a evolução
destes modelos táticos ao longo dos tempos. Nós realizamos uma revisão bibliográfica
através de livros, sites e artigos específicos do futebol para observar os sistemas táticos
e suas variáveis responsáveis pela organização das equipes até a atualidade. Cada
sistema surgiu como oposição ao antecessor, exatamente pela necessidade de vencê-lo
acrescentando na história do futebol, porque as concepções táticas passaram
principalmente pelas regras que estruturaram e organizaram o esporte conduzindo ao
patamar de esporte mais praticado em todo mundo.
ABSTRACT
1
Grupo de estudos da Universidade Paulista - UNIP
2
Docente do curso de Educação Física da Faculdade Praia Grande - FPG
3
Grupo de Estudos em Ciências da Educação Física (GECEF) - FPG
1
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
literature review through books, websites and specific football articles to observe the
tactical systems and their variables responsible for organizing the teams to the present.
Each system has emerged as opposed to its predecessor, just by the need to overcome it
by adding in the history of football, because the tactics conceptions passed mainly by
the rules that structured and organized sports leading to the sports level more practiced
worldwide.
1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRIA DO FUTEBOL
4
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
do futebol no Brasil, nascido no bairro de São Brás, São Paulo, em 1874, de pai inglês e
mãe brasileira morreu na mesma cidade em 1953 (COELHO, 2002).
Em 1884, após concluir seus estudos, transferiu-se para Banister Court School
Southampton onde ficou conhecendo o futebol. Na Inglaterra chegou a integrar a
seleção do condado de Hampshire, numa partida com o Corinthians Londrino. De volta
ao Brasil, Miller foi não apenas o responsável pelo início da prática regular e organizada
do futebol no país, mas foi também o primeiro a se destacar como jogador e a ganhar
popularidade, pois jogou futebol até 1910 e foi árbitro até 1914. O ano de 1894 foi
aceito pelos historiadores como o inicio do futebol no Brasil, devido a chegada de
Charles Miller em São Paulo, depois de fazer cursos em Southampton, Inglaterra,
trazendo de lá duas bolas de couro e uniforme completo, material utilizado nos
primeiros jogos que ele mesmo organizou em Várzea do Carmo, São Paulo entre
ingleses e brasileiros da Companhia de Gás do London Bank e da São Paulo Railway
(COELHO, 2002).
A partir de Miller a história do futebol brasileiro pode ser dividida em seis fases
principais: implantação, difusão, popularização, transição, afirmação e, finalmente a
atual. A primeira fase - implantação - vai até 1910, caracterizando-se pela fundação dos
primeiros clubes. Foram eles, São Paulo Atlethic Club (1888), Associação Atlética
Mackenzie College (1898), Sport Club Internacional, Sport Club Germânia (1899) e
Club Atlético Paulistano (1900) (SOUTO, 2014).
5
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
primeira vez em 1860, na Inglaterra. Naquela época o futebol ainda não possuía regras
definidas e durante sua partida era bastante confundido com as regras do “Rugby”
(FRISSELLI,1999).
Em 29 de outubro de 1863, o futebol foi regulamentado e surgiram as primeiras
9 regras. O sistema utilizado era o 1x1x8. Assim, um zagueiro e um meio campista, com
obrigações defensivas, e no ataque 08 jogadores. (MELO, 2000; FRISSELI, 1999;
LEAL, 2001; DRUBSCKY, 2003; CRIVELLENTI, 2005; BARBIERI, 2009).
Essas regras, bem como a determinação da quantidade de jogadores, surgiram
para que o futebol fosse disciplinado e, sobretudo, diferenciado de outras modalidades
que nasciam e também fazia uso dos pés como caracterização de esporte (DRUBSCKY,
2003).
5. TÁTICA
6
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
7
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
Esta novidade no seu sistema de jogo ficou conhecido como 3-5-2, tendo uma
possibilidade de variação defensiva para o 5-3-2.
Os anos de 1990 ficaram marcados pela ausência do futebol arte jogados nos
anos de 1980, sobretudo pela necessidade da forte marcação e aumento da velocidade
das partidas. No início dos anos de 1990 novamente os técnicos de futebol começaram
alternativas de jogar, motivados pela vontade de aprimorar o sistema defensivo. Com
isso, a organização dos times com três defensores posicionados em triângulo, cinco
jogadores no meio de campo – sendo que dois atuando como alas, pelas pontas e
somente dois atacantes passou a ser utilizado. Dessa forma, tendo a Europa como
origem, o sistema 3-5-2, apareceu como um sistema consistente defensivamente em
função do posicionamento dos três defensores, e eficiente ofensivamente, uma vez que
os alas se juntavam aos atacantes e a um dos centrocampistas para a elaboração de
jogadas de ataque (Melo, 2000; Giulianotti, 2002).
Algumas variações de propostas de jogo foram introduzidas em diferentes partes
do mundo, tais como o 3-6-1, mas a base estrutural permaneceu as mesmas. Nesta
transição, podemos destacar o ano de 1994, onde ficou marcado pela vitória da seleção
brasileira na Copa do Mundo de futebol sediado pelo Estados Unidos da América,
consolidando a imposição do futebol de resultado (MELO, 1999).
Nos dias de hoje se fala muito em 4-1-4-1 que é uma variação do 4-3-3 e ganhou
muitos títulos com o Barcelona do técnico Guardiola e a seleção da Espanha que
utilizava a base do time de Barcelona e o mesmo esquema tático que pode ser mais
ofensivo ou defensivo dependendo das peças que se tem para armar o time, só não pode
causar espanto ou escárnio porque não é nenhuma novidade já que o Brasil do técnico
“Telê Santana” na copa do mundo de 1982 da Espanha utilizava esse sistema com
variação para um 4-2-3-1, que, aliás, o Flamengo do técnico Claudio Coutinho de
1981/82 também usava com maestria, que independente do sistema tático imposto da
época se preocupavam com o belo futebol praticado e o resultado em segundo plano
(BETING, 2015).
9
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
7. CONCLUSÃO
8. BIBLIOGRAFIA
AQUINO, R. S. L. Futebol Uma Paixão Nacional. Rio de Janeiro. Jorge Zahar. 2002.
10
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
BETING,M. Lance,o diário dos esportes,coluna: Apito inicial. São Paulo. Edição 03
fev.2015.
EMÍLIO, P. Futebol: dos alicerces ao telhado. Rio de janeiro: Oficina dos livros. 2ª Ed.
2004.
FERREIRA, R. B., PAOLI, P. B., & COSTA, F. R. (2008). Proposta de 'scout' tático
para o futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 12.
FRISSELLI, A., MANTOVANI, M futebol: teoria e prática. São Paulo: Phorte Editora.
1999.
GRECO, P.J.; CHAGAS, M.H. Considerações teóricas da tática nos jogos esportivos
coletivos. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 1992.
MELO, R. Sistemas e Táticas para Futebol. 2ª edição. Rio de Janeiro. Sprint. 2000.
11
Ano IX - Nº XX- JUL/ 2016 - ISSN 1982-646X
TEIXEIRA, B. A.;PAIXÃO,D.A.;BELO,O.R.J;LOPES,R.N.S.;QUINTÃO,P.G.A.
Análise dos sistemas táticos utilizados pelas seleções Brasileiras de Futebol campeãs
Mundiais.(2010).
12