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Programa Sesc

de Esportes

1
Programa Sesc
de Esportes

2 1
Sumário
5 APRESENTAÇÃO 80 ESPORTE JOVEM
81 Introdução: aprender e competir
6 INTRODUÇÃO
84 Proposta didático-metodológica-
6 Esporte no Sesc: prática, política e
-operacional do Esporte Jovem 10 a 16 anos
produção de conhecimento

90 ESPORTE ADULTO
17 REFERENCIAL TEÓRICO GERAL
91 Introdução: aprendizagem e prática
18 A Pedagogia do Esporte pelo
olhar interacionista 95 Proposta didático-metodológica-
-operacional do Esporte Adulto
25 A Pedagogia do Esporte e o ensino
do esporte para todos
104 ESPORTE PARA IDOSOS
31 Esporte como jogo e a família dos jogos
105 Introdução: Valorização e
39 Alfabetização esportiva Empoderamento da Pessoa Idosa

108 Proposta didático-metodológica-


45 REFERENCIAL TEÓRICO ESPECÍFICO operacional do Esporte para Idosos

46 ESPORTE CRIANÇA 3 A 6 ANOS


47 Introdução: o lúdico, a brincadeira e 116 ANEXOS
o desenvolvimento infantil 117 Anexo 1 – Quadros operacionais

52 Proposta didático-metodológica- 124 Anexo 2 – As famílias dos jogos: proposta de


-operacional do Esporte Criança 3 a 6 anos organização para o Programa Sesc de Esportes

66 ESPORTE CRIANÇA 6 A 10 ANOS 130 NOTAS


67 Introdução: aprender esporte e a gostar de esporte
132 BIBLIOGRAFIA
70 Proposta didático-metodológica-
-operacional do Esporte Criança 6 a 10 anos

2 3
Apresentação
O presente documento norteador ao programa
Sesc de Esportes, parte de ações permanentes
da área físico-esportiva, reúne seus principais
fundamentos conceituais, além de um conjunto
de procedimentos que devem ser observados
pelos envolvidos no planejamento e na
realização das atividades compreendidas.

Devido à dimensão estratégica dessas ações


programáticas, seu crescente volume e as múltiplas
possibilidades perante os diferentes equipamentos
e espaços do Sesc, a situação tem demandado
respostas institucionais com vistas a garantir
parâmetros de excelência para essas ações.

Assim, ao reunir neste documento uma metodologia


para orientar a viabilização as etapas das atividades
do programa, torna-se igualmente acessível, para
um amplo espectro de funcionários, um índice
de referência e consulta que deve assegurar uma
gestão qualificada e eficaz, avalizado pela utilização e
compartilhamento de critérios e dinâmicas comuns.

Nesse sentido, agradecemos o empenho de todos


e contamos com a leitura, aplicação e eventuais
sugestões para que essa iniciativa possa repercutir
no âmbito institucional, ajudando a registrar e
consolidar um fazer próprio à instituição, fruto
dos saberes e experiências dos funcionários.

Danilo Santos de Miranda


Diretor Regional do Sesc São Paulo

5
Introdução Orientação Social, que atuaram nas cidades nas quais
não havia um Centro de Atividades durante as décadas
de 1960 e 1970, promovendo atividades recreativas,
torneios e vivências esportivas diversificadas.

A partir da década de 1990, a atuação do Sesc São


Esporte no Sesc: prática, Paulo no campo esportivo foi organizada em seu
política e produção Programa de Desenvolvimento Físico-Esportivo,

de conhecimento cujo principal objetivo é realizar ações de caráter


educativo que estimulem a ampliação das experiências
relacionadas aos esportes e às atividades físicas e
O Sesc é uma instituição de caráter privado, mantida
conscientizem para a importância dessas práticas
e administrada pelo empresariado do setor de
na vida cotidiana, incentivando a autonomia
comércio, serviços e turismo, cuja missão volta-se
do(a) participante, disseminando valores como
para o desenvolvimento cultural dessa classe de
integração, respeito à diversidade e inclusão
trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias, bem
social, procurando favorecer a sociabilidade, o
como das comunidades nas quais se inserem.
aprendizado e a incorporação de habilidades
Desde sua criação, em 1946, promove, incentiva e corporais, visando qualidade de vida e bem-estar.
acolhe realizações nos campos da Educação, da
Para levar adiante sua missão e intencionalidade, bem
Cultura, do Lazer, da Saúde e da Ação Comunitária,
como marcar um posicionamento político-institucional
sempre pautadas por uma intencionalidade
no campo esportivo, o Sesc São Paulo traz, na base
formativa transformadora1 . Essa intencionalidade
do Programa, o conceito do Esporte para Todos,
é traduzida por meio da ação educativa à qual
pautado por sua vez em princípios como “o direito
se dispõe a instituição, cujas propostas devem
voluntário de participação, a ideia do bem-estar,
objetivar o alcance de três princípios: informação,
do respeito para com os outros [...] a oferta de
capacitação e desenvolvimento de valores.
práticas esportivas não formais e o estímulo aos
As ações no campo do lazer e, mais especificamente, cidadãos para uma melhor qualidade de vida.”2
a promoção das práticas esportivas de lazer para
Entendido, ainda, como prática possível e acessível
os comerciários e comerciárias, impulsionaram
para toda e qualquer pessoa, o Esporte para Todos
o reconhecimento e a expansão do Sesc em São
fundamenta as atividades da área realizadas,
Paulo e, desde muito cedo, configuraram uma
basicamente, em três dimensões: a prática, que
parte importante da ação institucional no estado.
compreende a oferta de atividades, cursos e ações
Exemplo disso é a Copa Sesc do Comércio e Serviços, com o objetivo de envolver o(a) participante na
competição esportiva tão antiga quanto o próprio prática regular de atividades físico-esportivas e
Sesc, e as ações das Unimos – Unidades Móveis de promover o aprendizado; o conhecimento, que

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prevê ações reflexivas e de difusão do conhecimento este documento pretende ser um referencial para
sobre a atividade física e o fenômeno esportivo, bem fundamentar a ação das equipes nas Unidades.
como da própria Educação Física como campo de
Nesse sentido, nosso maior desafio é possibilitar
intervenção e de produção de conhecimento; e o
que as pessoas se tornem esportistas, sem
espetáculo, que busca apresentar o esporte de alta
distinção de gênero, idade ou nível de habilidade,
performance, enquanto arte e estética do movimento,
uma vez que acreditamos no Esporte e no seu
com o objetivo de difusão da Cultura Esportiva, além
potencial transformador na sociedade.
de aproximar o público de atletas e ídolos esportivos
com o objetivo de estimular o gosto pela prática.

Estas frentes buscam apresentar ao público as diversas Esporte As atividades físico-esportivas no Sesc SP
manifestações da cultura corporal, como ginásticas, inspiram-se no movimento mundial do Esporte
para Todos
práticas aquáticas, esportes, lutas, danças e outras para Todos, que visa possibilitar o acesso às
práticas corporais, sempre consideradas enquanto práticas no lazer para todos os grupos.
manifestações culturais de caráter associativo,
O Sesc SP entende o Esporte enquanto fenômeno
voltadas para o bem-estar, melhoria da qualidade
de múltiplas possibilidades, considerando as
de vida e expressão criativa da corporeidade, por
manifestações da cultura corporal realizadas por
meio da participação espontânea e consciente do
crianças, jovens, adultos e idosos como uma forma
indivíduo e que objetiva a educação corporal em seu
de educar os cidadãos de maneira não formal, e
sentido mais amplo: o de desenvolvimento integral.
também difundir princípios como integração,
E é nesse contexto que se delineia o Programa respeito à diversidade e inclusão social.
Sesc de Esportes (PSE), então estruturado
e apresentado neste documento.
cursos esportivos para pessoas em todas
Em um processo no qual o objetivo é ensinar e
as fases da vida, independentemente
possibilitar a prática esportiva ao longo da vida, assim
do nível de habilidade ou experiência,
como com eles desenvolver valores fundamentais
propondo a diversificação de modalidades
para a convivência e o respeito, o Programa é baseado
vivenciadas e possibilitando a aprendizagem
na ludicidade e na preparação para a autonomia, de
esportiva ao longo de toda a vida.
forma que o indivíduo possa desenvolver suas práticas
integradas às situações do cotidiano, respeitando sua
individualidade e ampliando suas potencialidades.
Nessa perspectiva, o objetivo principal é a formação
Escrito a muitas mãos, em um esforço conjunto de
de grupos para a vivência do esporte, envolvendo
Educadores(as) de Atividades Físicas, Monitores(as) de
as atividades de competição, demonstração ou
Esportes, Supervisores(as) de Esportes e Assistentes
simplesmente de prática, cujos valores primordiais são
Técnicos, além do apoio de consultores(as) externos(as),

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o lazer, a participação, a inclusão, o exercício pleno da Esporte para toda vida – Jovens, Adultos e Idosos

População atendida
100%
cidadania e a busca de uma melhor qualidade de vida. Aprendizagem esportiva para jovens
e adultos em recuperação

Dessa forma, o Programa Sesc de Esportes adquire

Aprendizagem da prática esportiva


grande importância ao assumir a difusão de tais

Fundamentação esportiva
premissas e colocá-las em prática, ofertando cursos
Esporte

Vivência esportiva
esportivos para pessoas em todas as fases da de lazer/
vida, independentemente do nível de habilidade Atividade
física
ou experiência, propondo a diversificação de
Esp
modalidades vivenciadas e possibilitando a o rte
com
aprendizagem esportiva ao longo de toda a vida. pet
itiv
o
Acreditamos que esse conjunto de fatores
favorece a adesão e o vínculo com o Especialização Aperfeiçoamento Alto
esportiva esportivo rendimento
esporte de forma permanente, permitindo
Formação esportiva – Progressão etária
Excelência esportiva
descobertas a cada novo desafio proposto. Crianças e Adolescentes 80 anos ou mais

Destacamos a consonância da proposta pedagógica Fonte: Ministério do Esporte. Proposta de Sistema Nacional do Esporte, 2015.

do PSE com a sugestão para a efetivação do Sistema


Nacional do Esporte, que propõe, entre outras
coisas, a possibilidade de iniciação esportiva em
qualquer momento da vida. No plano ilustrado pelo
quadro a seguir, as atividades esportivas oferecidas
pelo PSE contemplam tanto a fase de “Formação
esportiva – Crianças e Adolescentes”, quanto a
“Esporte para toda vida – Jovens, Adultos e Idosos”.

Por fim, colocamos o Programa Sesc de Esportes


como uma potente ferramenta institucional de
promoção do desenvolvimento humano. Por
meio das equipes das Unidades Operacionais,
proporcionamos ao público frequentador o que
há de mais significativo no movimento esportivo,
incluindo a competição, e colaboramos com
a formação integral dos indivíduos enquanto
agentes sociais ativos, críticos e protagonistas.

10 11
Programa Sesc O esporte é desenvolvido pelo Sesc praticamente esportivo para atendimento de crianças de 3 a 6 anos
desde sua fundação. Torneios, campeonatos, e iniciação esportiva para jovens. Com esse cenário,
de Esportes
exibições e cursos fazem e fizeram parte das bem como avaliando as produções já existentes
programações das unidades. Os cursos de (como o livro Esporte para Idosos), configurou-se
esporte no Sesc, até os anos 2000, seguiam uma o foco institucional para os cursos de esporte no
proposta geral de trabalho no âmbito do lazer, Sesc em São Paulo para todas as faixas etárias.
sem o foco no alto rendimento, cabendo a cada
unidade organizar propostas de acordo com suas
proporcionamos ao público frequentador o
necessidades, sem uma orientação geral em rede.
que há de mais significativo no movimento
Nesse ano foram criadas diversas comissões, esportivo, incluindo a competição, e
compostas por técnicos(as) do Regional, com a colaboramos com a formação integral
finalidade de discutir e refletir sobre os programas dos indivíduos enquanto agentes sociais
físico-esportivos, cabendo a uma delas o foco na ativos, críticos e protagonistas.
prática com crianças nas unidades, denominada
Comissão Esporte Criança. A primeira comissão
realizou uma pesquisa sobre o tema com as unidades
Iniciou-se um processo de revisão das ações com o foco
que revelou alguns aspectos conceituais e operacionais
para a atuação em rede, identificando a necessidade
diferentes entre elas. Também realizou um debate
de realinhamento de conceitos e linhas de ação, a
sobre pedagogia e práticas para crianças e, com isso,
unificação das linguagens, nomenclaturas e faixas
gerou alguns pilotos em unidades do Regional.
etárias e a ampliação e fortalecimento da prática
Em 2009, a GDFE retomou o acompanhamento das esportiva nas unidades em todas as idades. Esse
atividades, realizando novo diagnóstico, buscando olhar se mostrava presente inclusive nas campanhas,
entender como o Programa vinha sendo realizado e evidenciado pelo ciclo Sesc Verão Esportes.
em quais pressupostos estava baseado. Essa iniciativa
Tal processo culminou com o lançamento do
ocorreu em meio à década do esporte no Brasil, após os
Programa Sesc de Esportes, instituído a partir de 2011,
Jogos Pan-Americanos Rio 2007, momento em que os
que estrutura o processo de ensino e aprendizagem
olhares para o esporte se intensificaram. A percepção
esportiva nos cursos permanentes do Sesc, definindo
sobre o cenário dos(as) alunos(as) do Sesc era de
os formatos e as faixas etárias desenvolvidas no
afastamento das atividades esportivas, mostrando
estado de São Paulo. A proposta foi elaborada em
necessidade de, por meio de práticas adequadas,
linha com as produções e estudos sobre ensino e
contribuir de forma efetiva para que crianças e
prática esportiva, entendendo o esporte como um
adolescentes estabelecessem um vínculo com a
importante campo para a difusão de princípios
cultura esportiva que se estendesse ao longo da vida.
como integração, respeito à diversidade e inclusão
Dessa forma, na esteira da revisão do Esporte social e com objetivo de incentivar a prática
Criança, surgiram discussões sobre um programa inclusiva e prazerosa do esporte entre as pessoas.

12 13
A primeira etapa do programa (2011-2015) foi permeada A Pedagogia O desenvolvimento físico-esportivo no Sesc SP é
pelo início do Programa de Comprometimento e visto como um processo de educação permanente
do Esporte e
Gratuidade (PCG) e envolveu a padronização das que incentiva a prática esportiva autônoma e
faixas etárias e das nomenclaturas em toda a rede, a
o jogo como consciente, disseminando ideias sobre a importância
criação da identidade visual, a adequação de questões elemento da inclusão da atividade física na agenda diária, como
operacionais, a capacitação do Corpo Técnico além de caminho para a conquista da qualidade de vida.
crítico do
diversos eventos de lançamento. Em continuidade, foi
realizado um estudo para abertura de novas turmas
programa Estudiosos(as) e profissionais do esporte afirmam
que toda prática esportiva carrega componente
nas unidades, que foi possível por meio da contratação
educacional. A ideia se reforça ao entendermos
de novos(as) educadores(as) com enfoque em práticas
que pessoas convivendo, competindo e jogando
esportivas reforçando os quadros das unidades.
apresentam-se aos demais participantes, trocam
Nos primeiros quatro anos do programa, o número informações e compartilham seus valores,
de unidades e turmas cresceu e os desafios inerentes visão de mundo e crenças. Contudo, o que se
a implantação de um conceito único em muitos aprende no esporte está fortemente vinculado
locais, com diferentes características e culturas, foram ao contexto no qual ele acontece e às pessoas
surgindo. A retomada da cultura esportiva nos cursos envolvidas, e nem sempre o aprendizado que
encontrava obstáculos na disseminação da informação acontece em práticas esportivas é positivo.
e na necessidade de ampliar o conhecimento
Para buscar o desenvolvimento de competências
institucional sobre o Programa Sesc de Esportes.
e valores específicos em um programa esportivo
Ao mesmo tempo, experiências exitosas apareciam
é fundamental que haja, além do potencial
em diversas unidades, fazendo-se necessário a
educativo, intencionalidade, organização,
sistematização do conhecimento produzido na
metodologia e avaliação para que a prática possa
rede e sua difusão para seu fortalecimento.
levar ao aprendizado desejado3, 4, 5. Por esse motivo,
A possibilidade de aproveitar os exemplos de sucesso entendemos que um dos alicerces do programa
e o dever de disseminar o conhecimento e as deve ser a Pedagogia do Esporte, uma disciplina
diretrizes gerais do programa geraram o arcabouço das ciências do esporte que assume as discussões
necessário para iniciar a escrita de um documento relacionadas ao porquê, para quê e como ensinar
balizador do PSE. O processo se deu com base esporte nos diferentes contextos e fases da vida6.
na criação de grupos de trabalho, formados por
Dessa forma, entendemos que o jogo é o elemento
educadores(as) e técnicos(as) das unidades e da GDFE,
principal das ações pedagógicas do Programa
auxiliados por educadores(as), pesquisadores(as) e
Sesc de Esportes, pois por meio dele propiciamos a
profissionais da área que assessoraram na escrita
interação do(a) aluno(a) com o ambiente de prática
e embasamento teórico do programa, tarefa que
apresenta seus resultados neste documento.

14 15
(espaço, colegas, educador, implementos etc.), de
forma a dar sentido e significado ao aprendizado. Referencial
Tendo como premissa institucional educar para a
formação cidadã crítica e reflexiva, entendemos
teórico geral
que a metodologia do PSE precisa avançar nesse
sentido, evitando práticas repetitivas de movimentos
sem que haja contexto e significado na ação.

Tratando-se do campo esportivo, a busca do


programa é pelo desenvolvimento do jogador e
da jogadora inteligente, que compreenda a lógica
do jogo e dessa maneira participe e pratique
esporte de maneira mais eficiente e eficaz.

Lembramos ainda que o jogo é lúdico e sua utilização


enquanto método e estratégia torna as atividades
mais prazerosas e inclusivas, gerando experiências
positivas e diversas, favorecendo a permanência
do indivíduo e a consequente participação
em atividades esportivas ao longo da vida.

Por fim, entendemos que os estudos realizados em


Pedagogia de Esporte devem balizar as nossas ações
no ensino do esporte para desenvolvermos um bom
processo pedagógico de ensino, preocupado em
ensinar bem o esporte, a gostar de esporte, ensinar
mais que esporte para todos(as) os(as) interessados(as)7.

16 17
A Pedagogia do Esporte pelo corporais reconhecidas socialmente devem
pautar-se por princípios pedagógicos.
olhar interacionista
O professor João Batista Freire18 elencou quatro
princípios pedagógicos, inicialmente para o
Alcides José Scaglia
ensino de futebol, que, ampliados ao esporte,
Inicialmente, é preciso entender a Pedagogia do sintetizam e parametrizam os desafios da
Esporte, enquanto disciplina da Educação Física/ Pedagogia do Esporte no século XXI. Seriam eles:
Ciências do Esporte, como a responsável por organizar
e produzir conhecimentos no entorno de seu principal ■■ Ensinar esporte a todos. Refletindo e enaltecendo
objeto de estudo e intervenção: o processo de ensino, o princípio da inclusão, em que todos devem ser
vivência, aprendizagem e treinamento do esporte . 8
estimulados a vivenciar práticas corporais esportivas,
desvinculadas de suas mazelas, maximizando suas
A organização do processo, sua sistematização
virtudes em prol de acolher as crianças, os jovens,
curricular, sua aplicação didático-metodológica
os adultos e os idosos em diferentes momentos
e a avaliação dos conhecimentos inerentes
da vida e com finalidades bem delineadas,
tornam-se os pilares da Pedagogia do Esporte,
organizadas e conscientemente desenvolvidas6.
que tem suas fronteiras delimitadas nos mais
diversos cenários de práticas esportivas (clubes, ■■ Ensinar bem esporte a todos. Como o próprio João
escolas, projeto socioesportivo-educativos etc.) Batista Freire12 destaca, não basta apenas ensinar,
e finalidades educacionais9, 10. o pedagogo do esporte deve ser competente
para ensinar bem, emergindo um princípio de
O seu desenvolvimento ao longo das últimas décadas
competência pedagógica, que deve ser adquirida em
parte do compromisso de pedagogizar o esporte,
ambientes ricos de aprendizagem ao longo de sua
tendo por desafio garantir e ampliar as possibilidades
formação inicial e, posteriormente, enriquecida em
de convivência no esporte em suas diversas
comunidades de práticas20, envolta pela necessidade
dimensões, promovendo, como direito fundamental,
e compromisso com sua formação continuada.
a democratização do acesso ao esporte para todos,
■■ Ensinar mais que esporte a todos. Princípio ético,
respeitando as diferenças, os níveis de aprofundamento
que mais do que fair play e valores carregados
e a busca constante pela emancipação e
de ideologias, compromete-se com uma práxis
transcendência do humano. Em resumo,
transformadora. Nessa linha de reflexão, Paulo Freire20
oportunizando, favorecendo, facilitando e promovendo
corrobora elencando algumas exigências do ensinar
o desenvolvimento positivo ao longo da vida11, 12, 13, 14, 16, 17.
para além do conteúdo, afirmando que ensinar
A democratização do acesso ao esporte, longe de exige rigorosidade metódica; ensinar exige pesquisa;
massificar, deve conscientizar tanto treinadores, ensinar exige respeito ao saberes do educando;
professores e gestores, quanto praticantes (de ensinar exige criticidade; ensinar exige estética e
todos os níveis e idade) de que essas práticas ética; ensinar exige corporificação das palavras pelo

18 19
exemplo; ensinar exige risco, aceitação do novo e professores/treinadores de esportes nos seus
rejeição a qualquer forma de discriminação; ensinar diferentes e diversos cenários de atuação.
exige reflexão crítica sobre a prática; ensinar exige
Há inúmeras vertentes, escolas e autores ao redor
respeito à autonomia do ser do educando; ensinar
do mundo que intensificaram seus estudos,
exige bom senso; ensinar exige reconhecimento
pesquisas e propostas didático-metodológicas
e a assunção da identidade cultural; ensinar exige
para diferentes ambientes, níveis de aprendizagem
a convicção de que a mudança é possível.
(conceitual, procedimental e atitudinal) e
■■ Ensinar a gostar de esporte. Devemos entender aperfeiçoamento (técnico, tático, físico e emocional).
que o esporte é acima de tudo um jogo21, 22, 23. Sendo
Scaglia27 reuniu ao redor da denominação
um jogo, deve ser ensinado como tal. Seu mote
“Novas Tendências em Pedagogia do Esporte“
deve resumir-se em sempre se ensinar esportes
todos esses diferentes autores e abordagens que
jogando. Mais do que gestos e movimentos, do
conjecturaram sobre o ensino do esporte.
esporte emergem ações. Para desenvolvê-las é
preciso se valer de seus recursos (comportamentos), Não se reduzindo-se apenas ao sentido temporal
adequando-os aos diferentes contextos, gerando do termo (mesmo porque muitas das abordagens
adaptações progressivas e aumento constante datam da metade do século passado) e, respeitando
de competências. Com base nesse conceito as diferentes matrizes teórico-epistemológicas,
de competência pautado nos estudos de Urie essas novas tendências convergem para uma
Bronfenbrenner24, 25, todos somos competentes necessidade de ruptura paradigmática em relação
para aprender a jogar o jogo/esporte, logo ele deve à abordagem tradicional de ensino do esporte.
acolher a todos em meio ao desenvolvimento do
Como forma de sintetizar as bases dessa ruptura
princípio de prazer. Evidenciado não apenas pelo
paradigmática6, 27, 28, 29, 30, elaboramos, ao longo
gozo de jogar, mas pela alegria do desafio, pelo
de mais de uma década, um quadro síntese que
comprometimento com sua lógica e pela entrega
confronta de forma pragmática as principais
ao jogo. O prazer e respeito advindo da convivência
características e consequências evidenciadas entre
com os diferentes parceiros e adversários devem
a abordagem tradicional de ensino do esporte, que
ser enaltecidos, justificando-se na máxima de
se vale de uma metodologia analítica/tecnicista,
Antoine de Saint-Exupéry26, que diz: “Se sou
e a abordagem que emerge em meio às novas
diferente de ti, longe de te lesar, eu te aumento”.
tendências em Pedagogia do Esporte e que se
pauta por uma metodologia interacionista31, 32.
No entanto, para que esses princípios possam
ser colocados em prática, há necessidade de
reflexão sobre as intencionalidades que emergem,
consciente e inconscientemente, das ações
didático-metodológicas desenvolvidas pelos

20 21
Características e consequências

ABORDAGEM TRADICIONAL NOVAS TENDÊNCIAS EM ABORDAGEM TRADICIONAL NOVAS TENDÊNCIAS EM


DE ENSINO DO ESPORTE PEDAGOGIA DO ESPORTE DE ENSINO DO ESPORTE PEDAGOGIA DO ESPORTE
METODOLOGIA TECNICISTA/ METODOLOGIA INTERACIONISTA METODOLOGIA TECNICISTA/ METODOLOGIA INTERACIONISTA
ANALÍTICA ANALÍTICA

Orienta-se pelo ensino da técnica como Orienta-se pelas regras de ação (tática) Pressuposto: “Treino é treino e jogo é jogo” Pressuposto: “Treino é jogo
movimento em si; uma habilidade inerentes à complexidade e contexto do e o jogo é treino”
Ênfase em treinamentos e movimentos
fechada que desconsidera o contexto jogo, valorizando as razões de fazer por
individuais ou coletivos de ensaio e Ênfase ao ensino coletivo relacionado ao
do jogo. Valoriza apenas o modo de se meio de habilidade aberta, estimulando a
modelação comportamental, que jogo, conciliando as intenções individuais
fazer, fragmentando o todo (jogo) em compreensão da lógica-tática e tendo por
muitas vezes não acontecem no jogo. e coletivas às complexas situações de jogo,
partes e pautando o desenvolvimento referência o jogo como um sistema dinâmico
evidenciando o ambiente de aprendizagem.
por meio de atividades analíticas. e complexo (dinâmicas ecológicas).

Aula/treino centrada no treinador Aula/treino centrada no aluno


Tem por referência de ensino padrões Tem por referência o estímulo à criatividade
estereotipados de movimentos técnicos para solução de problemas (inteligência para As tomadas de decisão são prerrogativas As tomadas de decisão, de responsabilidade
(modelos). Desenvolve o fazer por fazer, o jogo) e a tomada de decisão. Desenvolve o do professor/treinador, cabendo do jogador, nascem do constante
de modo a priorizar a estabilização dos pensar sobre o fazer, de modo à estabilização ao jogador a função de simples aprendizado sobre a leitura e reescritas das
movimentos como fim imediato. progressiva e gradual das ações. cumpridor alienado de tarefas. complexas situações de jogo, alicerçado
nos ambientes de aprendizagem.
Automatiza movimentos por meio da Explora ações que visam a enriquecer e
repetição à exaustão, de modo a garantir ampliar o acervo de soluções de respostas Perfil do egresso: jogadores dependentes Perfil do egresso: jogadores autônomos
a excelência e refino do movimento, ou para o jogo, estimulando e promovendo a
Evidência de alto nível de dependência Evidência de comprometimento com a
seja, busca automatizar gestos previsíveis, adaptação às constantes e diversificadas
dos jogadores ao comando (professor/ formação, tornando-os corresponsáveis e
gerando especialização de movimento. situações advindas do ambiente de jogo.
treinador), gerando adestramento de conscientes de seus atos, gerando atitudes
comportamentos e condutas, com reflexos positivas, protagonismo e engajamentos
Busca a mecanização de movimentos, Busca humanizar e personalizar as
para além do contexto esportivo. como valores transferíveis para a vida.
favorecendo a robotização dos gestos técnicos, ações dos jogadores no jogo, fazendo
reprimindo as expressões mais criativas, que cada jogador construa as respostas
desprezando a diversidade de respostas em de acordo com o contexto de jogo, seu QUADRO 1. “Adaptado de Scaglia, Reverdito e Galatti (2014)”31.
favorecimento da premissa da existência estágio no processo de desenvolvimento
de um estímulo para cada resposta. e seus recursos (competências).

Possibilita e estimula um repertório Possibilita e estimula um repertório


especializado e pobre de possibilidades diversificado e rico de possibilidades
de respostas para as diferentes e de respostas para as diferentes e
imprevisíveis situações de jogo. imprevisíveis situações de jogo.

22 23
É importante destacar que partimos da perspectiva
A Pedagogia do Esporte e o
de que as características atribuem qualidades
identificadoras às diferentes abordagens
ensino do esporte para todos
metodológicas e, concomitantemente, são
responsáveis por consequências no processo Abel Ardigó
de ensino-aprendizagem, gerando implicações
Entende-se que a orientação educativa do
em todo o seu desenvolvimento, repercutindo
esporte obriga-se a assegurar a inclusão de todos
de forma decisiva na formação de seus egressos
e a participação ativa, oferecendo aos alunos
e caracterizando dois diferentes perfis.
oportunidades de decisão na organização e
Portanto, diferentemente da obsoleta abordagem realização das tarefas, respeitando o nível de
tradicional, como é possível observar, as metodologias desenvolvimento, motor, cognitivo, emocional,
interacionistas partem da valorização do ensino do psicológico e social dos alunos, favorecendo a
esporte por meio de jogos. Desse modo, com base autocrítica, a autoavaliação e, consequentemente,
no conceito de Pedagogia do Esporte e alicerçando- a autoestima e, ainda, contribuindo nos processos
se no pensamento complexo, entendemos que o de liberdade dos esportistas, sendo entendido
jogo é, ao mesmo tempo, conteúdo e metodologia, como experiências para a cidadania.
desvelando a complexidade estrutural e dinâmica
A orientação educativa do esporte terá que
dos jogos e exigindo o desenvolvimento de
vincular-se, a três áreas de atuação pedagógica:
uma metodologia adequada que balize ações
a de integração social, a de desenvolvimento
e intervenções didáticas que favoreçam a
psicomotor e a das atividades físicas educativas.
formação do perfil do egresso preestabelecido.
Na área de integração social, deverá garantir uma
participação ativa, possibilitando aos alunos tomar
decisões na própria organização das atividades, com
o diálogo entre professor e alunos, que possibilitem
a convivência, respeito à diversidade e integração.

Na área de desenvolvimento psicomotor,


é fundamental oferecer oportunidade de
participação que respeite o nível de habilidade
motora, com orientação e práticas adequadas e
diferenciadas aos alunos, respeitando as diferenças
dos indivíduos, favorecendo a autocrítica, a
autoavaliação e, consequentemente, a autoestima.

Nas atividades físicas educativas, a prática esportiva


deve fortalecer a formação da personalidade, a

24 25
construção moral e os processos de independência, Para conseguir maior motivação na participação
com práticas pedagógicas democráticas, inclusivas, dos alunos no esporte, deve-se considerar que
com distintos desafios e conhecimentos das inúmeras todas as crianças trazem consigo conhecimentos
esferas do esporte de forma crítica, sendo acrescida prévios e experiências vividas. A criança deve ser
como caminho para o exercício da cidadania. compreendida, como ser social e cultural, que
influencia e é influenciado pelo local que vive.
A responsabilidade é com a inclusão e participação de
todos na aprendizagem do esporte, independentemente Assim jogando com a teoria e a prática do Esporte
das diferenças e do nível de desenvolvimento das Educacional no Brasil, é fundamental respeitar
crianças que compõem determinado grupo, cinco princípios básicos, que dialogam de forma
assegurando que aqueles que jogam bem auxiliem os mais adequada com a Lei de Diretrizes e Bases da
colegas com dificuldades e que esses, ao receberem Educação (1996) e com as propostas e programas
suporte dos professores e colegas, sintam-se membros vigentes da educação nacional, facilitando a
do grupo e motivados a aprenderem mais. compreensão por parte dos professores, educadores
e de quaisquer pessoas que pretendam utilizar o
A resolução coletiva dos problemas elaborados esporte como fator de desenvolvimento humano.
e apresentados no processo de aprendizagem
estimula a participação de todos como
atores desse processo e não apenas como a) Inclusão Consiste em criar condições e oportunidades
reprodutores da ação do professor. Para que os para a participação de todos no aprendizado do
alunos se envolvam mais, compreendam e se esporte, do jogo, da dança, da luta ou da ginástica,
comprometam com os desafios e participem desenvolvendo habilidades e competências
ativamente da construção das situações de que possibilitem compreender, transformar,
aprendizagem, é necessário que o grupo reconstruir e usufruir as diferentes práticas.
de alunos e professores procurem criar os
Incluir significa compreender. É preciso
desafios e situações-problema nas aulas,
compreender que, nas aulas de esporte, todos
ao alterar, adaptar, reduzir ou aumentar
os participantes devem ter seu direito garantido
a complexidade dos jogos esportivos,
à prática esportiva, independente de suas
interferindo assim nas regras, no espaço, no
habilidades, capacidades ou limitações.
tempo, no material e nos movimentos33.
Só podemos considerar que a prática esportiva
apresenta-se como fator de desenvolvimento humano
se forem criadas condições para que todos os alunos
Os alunos precisam pensar e refletir coletivamente,
vivenciem e obtenham sucesso nas aulas. Para isso,
analisar, decidir, tomar decisões, trabalhar com o
deve-se adaptar a prática de acordo com cada local e
outro diferente dele em crenças, experiências, valores
suas necessidades. As práticas ainda devem respeitar
e habilidades, compreender as dificuldades dele e
as individualidades e potenciais de aprendizagem.
dos outros, além de vivenciar e desenvolver diversas
habilidades necessárias para o convívio social e cidadão.
26 27
b) Construção A participação ativa de todos os envolvidos na coletivas. Claro que todos os alunos são diferentes.
estruturação do processo de ensino e aprendizagem São crianças que percorreram vários caminhos em
coletiva
do esporte. Sendo assim, é imprescindível que alunos, suas vidas até se encontrarem em nossas aulas.
educadores e comunidade sejam corresponsáveis e Respeitar e valorizar essas diferenças significa
cogestores do planejamento, execução, avaliação e compreender que todas as pessoas são dotadas de
continuidade das atividades das aulas e dos programas. competências distintas, mas que seletivas para o
sucesso e superação do grupo. O educador tem maior
Construção coletiva é a experimentação da ação
chance de incluir a todos e compreender e valorizar
democrática, é o espaço das aulas de esporte,
o potencial educativo das diferenças, que motiva as
onde e quando crianças são convidadas a tomar
crianças, com a elevação do seu desenvolvimento
decisões em conjunto, considerando seus
pela vivência e aprendizagem coletiva.
interesses, suas necessidades e assumindo suas
responsabilidades pelos combinados que realizam.

Quando o educador cria condições para que d) Educação Trata-se da compreensão da cultura de
todos os alunos participem ativamente das aulas, movimento como possibilidade de aprendizagem
integral
construindo-se um espaço de interações, surgirem e desenvolvimento cognitivo, psicomotor e
conflitos de diferentes ordens, como técnicas, táticas, socioafetivo. As ações pedagógicas devem abordar
sociais, culturais, morais, entre outras, e o educador os conteúdos nas dimensões: conceitual, atitudinal e
tem a possibilidade de convidar os alunos ao exercício procedimental, estimulando as crianças a aprender a
da democracia. Deve haver espaço para discutirem ser, conviver, saber e fazer no e por meio do esporte.
em grupo, organizando aprendizagens e objetivos.
A educação integral é aquela que se propõe a
ensinar bem, não somente as expressões corporais,
mas também as expressões verbais, que amplie
c) Diversidade Consiste em perceber, reconhecer e valorizar
e fortaleça o pensamento do aluno, que ajude a
as diferenças entre as pessoas no que refere-se
construir autonomia moral, a lidar melhor com suas
a raça, cor, religião, gênero, biotipo, níveis de
emoções e a aumentar sua integração social.
habilidades, etc. Entendendo a diversidade como
uma oportunidade de aprender na convivência Educação integral é educar o ser humano em
com as diferenças, é importante diversificar as sua totalidade e complexidade. A educação deve
metodologias de ensino, evidenciando a convivência englobar todos os aspectos do comportamento
e a aprendizagem compartilhada, com a variabilidade humano, ou seja, cognitivo, social, afetivo,
de objetivos, gestos, pessoas e materiais. emocional, motor, físico, moral, estético etc.

Respeito e valorização à diversidade é o princípio


que orienta o olhar à infinidade de possibilidades
educativas presentes nas atividades humanas

28 29
e) Autonomia O entendimento e a transformação do esporte
Esporte como jogo e a
como fator de educação para a liberdade,
baseando-se no conhecimento, no esclarecimento
família dos jogos
e na autorreflexão crítica para superar modelos.
Portanto, a autonomia constitui-se na capacidade Alcides José Scaglia
dos atores sociais em analisar, avaliar, decidir,
O esporte é um dos maiores fenômenos
promover e organizar a sua participação e de
culturais produzidos pelo homem; logo, muitos
outros nas diversas práticas esportivas.
conceitos foram elaborados para explicá-lo.
Autonomia é a valorização do processo de ensino
Vamos inicialmente ater-nos a dois conceitos. O
e aprendizagem de conteúdos esportivos que
primeiro deles, do professor Jorge Olímpio Bento
levem os alunos a desenvolver competências e
(p. 155)3, afirma que o esporte é “[...] um conjunto
habilidades para a prática esportiva, analisando
de tecnologias corporais, sendo o uso dessas
e contextualizando a imposição externa, seja
balizado por razões e padrões culturais e por
midiática, política, cultural ou social.
intencionalidades, metas e valorizações sociais”.
Portanto, é necessário construir conhecimentos
No segundo, de modo semelhante, o professor
coletivamente, que vão muito além do aprendizado das
Wagner Wey Moreira (2012, p. 114)34 conclui
técnicas e táticas, para tornar-se praticante de esporte.
dizendo que o esporte deve ser entendido “[...]
Aprender para não depender de outras pessoas como uma ação intencional humana na direção
ou estímulos externos para a prática esportiva. do conhecimento e prática de exercícios físicos
sistematizados em que há regularidade e controle”.
Os alunos aprendem a construir regras, torneios,
materiais, jogos, preparar-se fisicamente e manter Com base em Moreira34, 37 e Bento3, dentre outros
a saúde, valores morais e éticos do esporte, jogar importantes autores que contribuíram para a
com e não somente contra os outros, conhecer seus compreensão do conceito de esporte, podemos
direitos a prática esportiva, entre outros. Ensinar assimilar e complementá-lo por meio dos estudos que
o esporte estabelecendo relações de cidadania e versam sobre a teoria do jogo; logo, podemos dizer
respeito com as escolhas e atividades, favorecendo que: o esporte, enquanto um fenômeno sociocultural,
aos alunos uma prática que estimule autonomia para que desenvolveu-se no bojo das transformações que
a conscientização e apropriação dos vários espaços. cercam a humanidade, é antes de tudo um jogo,
reconhecido socialmente, que caracteriza-se por uma
prática corporal intencional, regular e controlada,
objetivando a superação (e autossuperação).

No entanto, a apreensão desse conceito-síntese


passa pelo entendimento de alguns outros
que emergem de um processo de rupturas

30 31
paradigmáticas. Assim, não basta dizer que o Na busca por esclarecer o esquema, devemos
esporte é um jogo e que é um sistema complexo, identificar que sua intenção é apresentar a
é preciso abarcar o conceito de sistema e o complexidade das relações presentes no contexto do
entendimento da complexidade de suas interações, jogo, com base em suas estruturas, que são: condições
culminando nas bases da compreensão do processo externas (ambiente físico e cultural), regras (específicas
organizacional do jogo , ou seja, explicar como se
56
do jogo), jogadores (indivíduos sociais) com seus
dá a dinâmica de seu processo de organização. indissociáveis esquemas motrizes (esquemas de ação;
competências e habilidades para o jogo; recursos).
Baseado na concepção de que o jogo deve
ser entendido em sua complexidade, Scaglia O esquema ainda evidencia que cada jogo
(2003, p. 55) recorreu ao constructo teórico de caracteriza-se como uma unidade complexa,
Morin 35, 36
e fez a seguinte afirmação: “[...] o jogo no interior de um sistema complexo. Ou seja,
se caracteriza como uma unidade complexa, cada jogo é único e deve ser entendido em
envolto pela organização sistêmica de suas meio às relações complexas que estabelece.
estruturas padrões, definida pelo seu ambiente
Essas relações que acontecem no interior de cada
(contexto)”, conforme representado na Figura 1.
jogo evidenciam o seu processo organizacional, do
qual emergem condutas (ações) que visam a resolver
Jogo os problemas gerados pelo e no jogo, ou melhor,
(unidade complexa) que resultam do processo de jogar o jogo28, 40, 41.

A dupla seta destacada no esquema demonstra


as duas tendências que caracterizam todos os
condições
jogadores sistemas. O sentido da seta que aponta para o
externas
interior do sistema evidencia sua retroalimentação,
justificando uma tendência autoafirmativa
presente nos sistemas de modo geral, em que o
regras esquemas produto de suas emergências provoca constantes
motrizes readaptações e reorganizações internas, impondo
uma adaptação cada vez mais qualificada e
definindo sua identidade. Isto é, na prática, quanto
mais o jogador joga um jogo (unidade complexa)
em específico, mais qualificados e adaptados estão
emergências
seus esquemas motrizes para esse jogo21, 51, 52.

Por exemplo, jogar Rebatida (ou golzinho, ou


Figura 1. Esquema representativo do processo organizacional
sistêmico de uma unidade complexa (adaptado de Scaglia23, 37, 38). queimada, ou basquete etc.) faz que seus esquemas
motrizes (habilidades) se qualifiquem e você

32 33
tem a possibilidade de a cada momento que à mudança de ponto de vista em relação ao
repetir ações (não simplesmente movimentos) entendido sobre cada unidade complexa (jogo),
específicas desse jogo ficar mais adaptado, passando a observá-las por suas semelhanças e
jogando melhor o jogo em questão. permitindo conceber uma nova classificação de
jogos em prol de sua gestão pedagógica48.
Já o outro sentido da seta, que aponta para fora do
sistema, revela a tendência integrativa também Logo, podemos classificar e agrupar jogos por
presente em todo sistema (junto, ao mesmo tempo em suas semelhanças como grandes famílias23;
que acontece a tendência autoafirmativa). Reforçando por exemplo, uma grande família dos jogos de
a ideia de sistemas abertos que influenciam, por bola ou famílias menores como a dos jogos de
meio de seus produtos emergentes (respostas do bola com os pés, a dos jogos de invasão, a dos
jogo), outros sistemas, que juntos compõem um jogos de rebater, a dos jogos de marcas, a dos
ecossistema maior (para nós, constituindo a grande jogos de expressão, a dos jogos de rede, etc.
família dos jogos). Esta conjectura evidencia, na
prática, a hipótese da transferência das habilidades Família dos
(não estamos nos referindo exclusivamente às jogos de bola
Futebol
habilidades motoras) adquiridas em jogo, para Polo
Futvolei
outros com semelhantes exigências28, 40 ,41. aquático

Ilustrando, por exemplo, quando você joga o


mesmo jogo de rebatida (golzinho, queimada, Futebol
Futebol Tênis
gaélico (duplas)
basquete, etc.), para ficarmos no mesmo exemplo,
concomitantemente, ao desenvolvimento específico
condições
descrito para o jogo em questão, você adquire externas jogadores
(reestrutura outros esquemas) esquemas que podem
Rúgbi Futsal
facilmente ser percebidos como possíveis respostas
(ou início de respostas) para jogos semelhantes. regras esquemas
Apesar da não semelhança específica, no geral, motrizes

aprender a jogar rebatida ajuda você a aprender


a jogar futebol. Jogar o jogo 21 com a bola de Basquete Voleibol
basquete, apesar de logicamente ser diferente do emergências
jogo formal de basquete, são evidentes que respostas
para os dois jogos podem ser intercambiáveis. Futebol
americano Beisebol

Assim, nasce o conceito de “família dos jogos” Handebol


. Ele emerge da complexa relação entre os
23, 37, 38, 39

diferentes jogos e nos permite dar continuidade


Figura 2. Esquema da família dos jogos de
bola (adaptado de “Scaglia, AJ (2017)”38).

34 35
Esses agrupamentos por famílias podem se pautar em ações táticas), que por sua vez configuram-se em ações
vários aspectos e critérios, evidenciando características, circunstanciadas pelas situações do jogo e concretizadas
para justificar as categorias atratoras (que agrupam os por atos tático-técnicos e gestos técnicos táticos.
jogos). As características podem ser o uso dos pés, das
Assim, quando os jogadores estão engajados no
mãos, a presença de uma bola, de uma rede, a busca
jogo (em estado de jogo ou totalmente focados no
por marcas, mas também podem ser classificadas
jogo), ou seja, despendendo todas as suas energias
por meio da lógica do jogo, como mostra a Figura 2.
voluntárias ao jogo e, por conseguinte, resolvendo
Valendo-se dos estudos de Claude Bayer42, problemas predominantemente inerentes à
optamos por entender que a lógica do jogo emana lógica do jogo, evidencia-se o sentido e a forma
da interação entre as referências estruturais pelo qual as soluções do jogo são construídas.
e funcionais, em decorrência do conflito de
Por fim, ao deixarmos evidente que falamos do
objetivos inerentes à circunstância do jogo.
ponto de vista da complexidade, enfatizamos a
As referências estruturais referem-se aos elementos necessidade de que o pedagogo do esporte venha
formais que compõem o jogo: companheiros, a entender processo organizacional sistêmico
adversários, bola/implemento, alvo, espaço e dos jogos, pois, ao reconhecer o jogo como um
regras, ou seja, oferecem a estrutura para o jogo sistema complexo39, podemos recriar a cooperação,
acontecer. Mas cabe uma ressalva, ou reflexão, a competição, a organização, o caos, a ordem, a
sobre as regras como referência estrutural, pois desordem e, destarte, a complexidade, com base em
apesar de os estudos de Claude Bayer38, 76 entendê- suas intervenções que provocam e potencializam a
las como parte da estrutura do jogo, é preciso aprendizagem intencional dos iniciantes, dos jovens,
dar-lhes uma atenção especial devido ao fato de ou até mesmo, dos mais experientes jogadores.
toda funcionalidade do jogo, com seus princípios
Essa intervenção muitas vezes dá-se alterando as
operacionais e regras de ação, ser fortemente
referências estruturais, como tamanho de campo,
dela dependente, como veremos mais adiante.
número de jogadores, entre outros, e principalmente
Por sua vez, as referências funcionais, que explicam pela alteração das regras. Essas intervenções buscam
e evidenciam como o jogo funciona, são orientadas desequilibrar (trazer problemas) os jogadores,
pela posse ou não da bola, gerando os princípios exigindo novas organizações e constantes ajustes
operacionais de ataque – manutenção da posse para solucionar as adversidades do jogo.
de bola, progressão ao alvo e finalização – e os
Ao jogar os diferentes jogos, com adaptações
princípios operacionais de defesa – recuperação da
diversas, guiadas pela intencionalidade consciente
bola, impedir a progressão e proteção ao alvo36.
e planejada dos professores, temos a possibilidade
A operacionalização dos princípios descritos por de formar jogadores que aprendem e melhoram no
Bayer em interação com as referências estruturais
38
jogo jogando e não por meio de um adestramento
realiza-se por meio das regras de ação (o mesmo que estéril de habilidades motoras fechadas.

36 37
Como consequência de todo esse processo temos, na
Alfabetização esportiva
perspectiva dos egressos, a formação de jogadores
mais inteligentes, entendendo inteligência de
Prof. Fabio Luiz D’Angelo
jogo para além apenas da capacidade de resolver
problemas e tomar decisões mais rápidas e acertadas. O Programa O esporte e as demais práticas da cultura corporal
podem e devem se configurar em “espaços” de
Pautamo-nos no conceito de inteligência Sesc de
aprendizagem e inclusão social. Por meio da
da complexidade, defendido por Morin e Esportes e a interação das crianças nos espaços sociais de
Moigne43 (p. 14), em que ela é entendida “nos
alfabetização práticas do movimento, elas desenvolvem a sua
entrelaçamentos do fazer e do compreender”;
linguagem corporal e aprendem a conversar
logo, a inteligência é a faculdade humana de dar esportiva
com o mundo. Isso porque entendemos que
sentido às coisas pela explicação dos projetos.
é pela linguagem – escrita, falada, artística e
Nos jogos/esportes, ela pode se materializar em também corporal – que estabelecemos conexão
projetos de ação, os quais se engendram em com os outros, com os objetos e com a vida.
comportamentos/finalidades, dentro de certos
O conceito de alfabetização esportiva surge com
contextos e, assim, a inteligência possibilita a
base na ideia de que as práticas esportivas e
organização desses no mundo, ao mesmo tempo
corporais são recheadas por códigos e signos, que
em que promove a organização de si44.
são transmitidos e ressignificados pelas crianças nos
Portanto, para resumir, à medida que os diferentes ambientes de vida social. Por exemplo,
jogadores resolvem problemas no jogo, orientados quando observamos as crianças em movimento,
por intervenções didático-metodológicas elas se expressam corporalmente por meio de
conscientes e intencionais, desenvolvem a jogos, brincadeiras, esportes, danças etc. Para nós,
inteligência para o jogo e para vida. ao brincar de elástico, amarelinha, perna de pau,
mãe da rua ou de bolinha de gude, entre outras
brincadeiras infantis, as crianças dão sentido para
os chamados códigos da linguagem corporal.

É claro que esses códigos, ou textos, são criados em


diferentes cenários, em diferentes culturas. O sujeito
bem alfabetizado corporalmente/esportivamente é
aquele que amplia o seu repertório motriz e o seu
acervo de possibilidades de respostas para enfrentar
os desafios e situações-problema que são vividos nos
diferentes contextos de prática do movimento45.

38 39
Por que Porque quem souber se comunicar corporalmente Como O tempo da educação infantil até mais ou menos
terá mais possibilidade de inserção e participação os dez anos de idade é considerado o momento
pensar em alfabetizar
social. Para compreender o que estamos dizendo mais propício do processo de alfabetização corporal/
alfabetização basta observar, por exemplo, as crianças brincando no
esportivamente? esportiva, o tempo ideal para aprender a ser
esportiva? parque, os jovens praticando esporte ou os idosos em corpo. Nessa fase da vida, a linguagem corporal
uma aula de ginástica ou dança coletiva. Os gestos, e a capacidade de comunicar-se corporalmente
como recursos de comunicação corporal, não são são fundamentais para que as crianças possam
simples movimentos, mas a base estrutural de uma relacionar-se com o mundo e incluir-se socialmente.
forma específica de linguagem que revela nossa
De forma objetiva, quando nos perguntam sobre
identidade e nossa cultura e nos faz mais humanos.
como alfabetizar corporalmente/esportivamente
Pensar o processo de alfabetização corporal/ as crianças, respondemos que o espaço do jogo
esportiva nessa perspectiva de presente é também configura-se como o mais saudável para que os
respeitar a visão do esporte ou qualquer outra prática “pequenos” possam aprender a comunicar-se
corporal como espaços de educação integral, que, corporalmente. O jogo é estratégia e também
defendidos pela ótica do direito, reforçam a ideia de conteúdo de ensino e aprendizagem porque, para
que o ensino e a aprendizagem que passam pelo nós, as diferentes práticas da cultura corporal são
movimento deve contribuir para o desenvolvimento expressões do jogar46. Quando pensamos no processo
de todas as potencialidades humanas. de alfabetização corporal/esportiva, imaginamos as
crianças aprendendo e praticando as brincadeiras, as
Estamos falando de uma educação para a
lutas, as ginásticas e os esportes com base em uma
integralidade, que entende o movimento como fator
metodologia que valorize a ludicidade, a solução de
estruturante para o desenvolvimento global nas
desafios e situações-problema, a construção coletiva,
dimensões motora, afetiva, social, moral e intelectual. A
a convivência em grupo, a inteligência criativa e a
premissa é a de que a educação começa baseada no
livre expressão, todos os aspectos muito presentes
corpo e a ele retorna, e o sonho é que nas diferentes
no jogo. Para nós, tal metodologia oportuniza, no
fases da vida tenhamos crianças, jovens, adultos e
tempo e no espaço do jogar, que a criança viva
idosos mais conscientes, autônomos, protagonistas e
a experiência da integralidade, ou melhor, como
que saibam se movimentar, atendendo suas aspirações
diz Freire (1989)7, aprenda de “corpo inteiro”.
de lazer e suas necessidades de uma vida ativa.
O professor Lino de Macedo47 (p. 10) nos
A lógica está em defender a alfabetização corporal/
ajuda a compreender melhor a importância
esportiva como uma oportunidade de todos
do jogo na vida da criança:
aprenderem a ser corpo e, mais do que isso,
construírem a sua identidade corporal e cultural.

40 41
Em síntese, viver e aprender a ser corpo são frutos
O jogo pode significar para a criança uma
colhidos de uma boa alfabetização corporal/esportiva
experiência fundamental de entrar na
que acontece durante toda a vida. O prazer e o gosto
intimidade do conhecimento, da construção
pelo movimento têm seu início nas experiências
de respostas por meio de um trabalho
mais significativas vividas pelo “corpo” no espaço e
lúdico, simbólico e operatório integrados,
no tempo do “jogar”. Alfabetização corporal/esportiva
porque pode significar para a criança que
e jogo são os eixos centrais de uma educação que
conhecer é um jogo de investigação – por
acredita no movimento como um dos caminhos para
isso produção de conhecimento – em que
a educação integral e a construção de um estilo de
se pode ganhar, perder, tentar novamente,
vida que privilegia a “saúde” física, mental e social.
usar as coisas, ter esperanças, sofrer com
paixão, conhecer com amor; amor pelo
conhecimento no qual as situações de
O que é ser um Em todo e qualquer espaço de convivência, o
aprendizagem são tratadas de forma mais
“corpo em movimento” está sempre presente,
digna, filosófica, espiritual. Enfim, superior.
alfabetizador
provocando e mobilizando experiências de
corporal? interação, diálogo e aprendizagem. O desafio
está, por parte dos educadores, em conviver
Defendemos que o processo de alfabetização corporal/ não com o “corpo ideal”, mas sim com o “corpo
esportiva que respeita e privilegia o jogar poderá real” que reproduz, transforma e cria cultura.
contribuir para que os adultos continuem a gostar
Nosso papel é, como alfabetizadores corporais,
de ser corpo e, consequentemente, se engajem e
propiciar aos alunos, sejam eles crianças, jovens,
incorporem o movimento em suas rotinas diárias.
adultos ou idosos, a apropriação das práticas
Alfabetizar-se corporalmente/esportivamente é corporais, visando formar o cidadão que irá usufruir,
um desafio para toda a vida. Estamos enfatizando compartilhar, produzir, reproduzir e transformar
a infância como um momento privilegiado todas as formas de expressão do movimento
para isso, porém entendemos que tal processo humano. Estaremos, assim, contribuindo para
pode ser retomado e desenvolvido a qualquer inserir todas as pessoas na cultura corporal,
momento. Defendemos que adultos que não ampliando seus conhecimentos e alargando suas
tenham vivenciado uma experiência corporal possibilidades de “movimentar-se” com autonomia
positiva durante a infância podem, na fase adulta, e consciência de seus potenciais e suas limitações.
superar suas dificuldades e ampliar seu acervo
e suas possibilidades de expressão corporal.

42 43
Referencial teórico
específico

44 45
Introdução: As crianças de 3 a 6 anos se encontram em uma
Esporte Criança o lúdico, a fase denominada de segunda infância. Seu

3 a 6 anos brincadeira e o
desenvolvimento acontece de forma integral
nas dimensões cognitiva, motora, afetiva e social.
desenvolvimento Porém, essa evolução nem sempre apresenta-
se de forma linear, pois além de contemplar
infantil
fatores biológicos ou genéticos, sofrem
também influência do meio ambiente.48

Nessa faixa etária, a exploração dos movimentos


corporais faz que as crianças se conheçam, se
relacionem com o mundo e aprendam por meio
de seu próprio corpo e suas sensações. Elas se
desenvolvem na primeira infância com base nos
movimentos rudimentares, e na segunda infância
(fase atendida nas turmas do Programa Sesc de
Esportes 3 a 6 anos) com base nos movimentos
fundamentais (habilidades de locomoção, como andar
e correr; estabilização, como equilibrar-se e apoio
invertido, e manipulação, como lançar e receber).49

O desenvolvimento dessas habilidades acontece de


forma gradativa, a princípio de modo mais simples e
posteriormente com combinações mais complexas,
possibilitando que as crianças adquiram controle sobre
os diversos movimentos, assim como a capacidade
de adaptação diante de situações-problema.

O processo maturacional da criança não é o


único fator determinante no desenvolvimento
dessas habilidades, sofrem também influência
de fatores ambientais, quantidade de estímulos e
oportunidades de prática. Esse processo contribui
para que a criança amplie seu repertório de
possibilidades que serão utilizados por toda a vida.49

46 47
Piaget50 denomina essa fase de desenvolvimento O jogo simbólico é o jogo por excelência da criança
como período pré-operatório, que é considerado um de 3 a 6 anos. Eles ocorrem posteriormente aos jogos
período de transição e principalmente preparatório, de exercício, que se caracterizam essencialmente
em que a criança adquire um repertório de ações, pela repetição de gestos e movimentos simples. Já
por meio de experimentação e descobertas corporais, nos jogos simbólicos, a criança atribui significado à
ampliando o acervo de respostas e estimulando ação, encontrando no “faz de conta” uma maneira de
sua inteligência . Conforme apontado no texto
22, 45
interagir com o mundo e ressignificá-lo de acordo
“Alfabetização esportiva” deste documento, essa com sua percepção acerca dele. Possuem um valor
fase é privilegiada para o processo de alfabetização analógico, ou seja, caracterizam-se “por poder se
esportiva/corporal dos(as) alunos(as). tratar ‘A’ como se fosse ‘B’ e vice-versa”.52 (p. 7).

Observa-se também nessa faixa etária uma


característica muito marcante que é o egocentrismo. [...] não é mais um simples “fazer”, mas
As crianças de três anos costumam brincar sozinhas a realização de movimentos “como se
e têm dificuldade em compreender e se relacionar fosse” algo ou uma situação idealizada.
com o(a) outro(a). Normalmente, a partir dos As crianças correm imitando bichos e
quatro anos começam a descentrar-se, diminuindo fugindo de seres imaginários.66 (p. 5)
o egocentrismo e percebendo o(a) outro(a) nas
interações, descobrindo e comunicando-se de maneira
mais efetiva em suas relações. Nesse momento, as O lúdico surge também como importante aliado
crianças passam também a brincar em grupo. no processo de ensino-aprendizagem, tornando-se
fundamental para que no brincar as crianças
Ao assumir um “eu” fictício, a criança efetua, vivenciem situações prazerosas e, ao retomar o
no plano imaginário, experimentações no lugar conceito aprendido, sintam a alegria, o prazer e
dos outros, o que contribui para que ela vá a satisfação vividos. Essas situações fazem que
construindo seu eu nesse processo. Os papéis as crianças tornem-se protagonistas e queiram
assumidos constituem diferentes “eus” fictícios, vivenciá-las novamente, evoluindo de brincadeiras
nas experimentações de ser o “outro”.65 (p. 123) simples a combinações mais complexas, inclusive
com o surgimento de algumas regras.

O surgimento das regras possibilita a criação de uma


O brincar é a linguagem comunicativa da criança dessa zona de desenvolvimento proximal, pois impulsiona
idade e é por meio dela que se relaciona consigo e com a criança a comportar-se de maneira superior ao de
o(a) outro(a). Esse brincar vai além do papel de recrear costume buscando reproduzir uma situação real.
– o brincar livre –, contribuindo no desenvolvimento A criança passa a entender melhor e internalizar
da verbalização e da construção do pensamento e do regras antes não compreendidas, aprendizado
movimento, que são propulsores das relações intra esse que é fundamental para a seguinte fase de
e interpessoais, e está presente no jogo simbólico. 51
desenvolvimento, denominada “operatório“.53

48 49
A criança dessa faixa etária traz consigo um
repertório de ações construídos conforme a Os movimentos na medida do possível
variedade de vivências e experiências adquiridas ao poderão ser descobertos pela criança que,
longo da vida, que a tornam única. Essa bagagem buscando superar um desafio inicial, irá, dia
deve orientar a prática do(a) educador(a) para após dia, superando seus limites anteriores
que o aprendizado se consolide, valorizando as e estabelecendo novas formas de conduta
singularidades e potencialidades de cada aluno(a). que, queiramos ou não, não são inatas,
constituem-se em transformações dos
A maneira como o(a) educador(a) media essa
conhecimentos anteriores da criança. (p. 19)
aquisição do conhecimento é fundamental
Para a construção de um ambiente de
para que a criança aprenda de fato.
aprendizagem desafiador, o(a) educador(a)
Com o desenvolvimento das aulas, o(a) educador(a) poderá valer-se de sua criatividade com
possibilita a conquista da autonomia, estimula a variação de materiais, músicas, ritmos,
a criatividade e desperta a curiosidade da indumentárias e combinações tanto
criança, ampliando dessa forma a construção de movimentos, quanto de aparelhos,
do conhecimento. Tirá-las da zona de conforto explorando o maior leque de possibilidades
e causar o desequilíbrio, oferecendo dessa e espaços, transpondo conceitos e práticas
maneira um ambiente desafiador e permeado aprendidos nas aulas e direcionando-os
pela ludicidade, pode refletir diretamente no para os seus momentos de lazer.48
interesse das crianças em participar ativamente
das aulas, estimuladas pela busca da superação.

É importante que o(a) educador(a) tenha o Entendendo o universo que envolve a criança de 3 a
cuidado em oferecer atividades que não sejam 6 anos, o(a) educador(a) poderá melhor planejar sua
mera repetição de movimentos tidos como ideais intervenção pedagógica. Uma pedagogia pautada
ou adequados. Segundo Neira e Mattos . 54 pelo jogo, pela ludicidade e pela diversificação
de desafios e experiências corporais ampliará
as janelas de aprendizagem, trazendo novos
significados aos movimentos e oportunizando
a alfabetização corporal/esportiva das crianças
participantes do Programa Sesc de Esportes.

50 51
Proposta Objetivo geral Desenvolver as habilidades motoras de
locomoção, manipulação e estabilização.
didático- A exploração e a aprendizagem das habilidades
motoras básicas, por meio da valorização É importante que a criança vivencie atividades
-metodológica-
do brincar e do jogo simbólico, buscando a que respeitem um aumento gradual de
-operacional do alfabetização corporal e contribuindo para complexidade e propiciem a realização de
Esporte Criança a formação da identidade das crianças. movimentos (combinados ou não) com mais
precisão, coordenação motora e autonomia.
3 a 6 anos

Objetivos específicos Ampliar o repertório e o acervo


de respostas motoras.
Promover a conscientização corporal em
Quando, como e porque utilizar os movimentos que
diferentes ritmos, espaços, tempos, com
ele está aprendendo. A resolução de desafios corporais
ou sem material e com ou sem o outro.
e situações-problema tem mais significado quando a
Conhecer o próprio corpo é essencial para que a criança compreende o que ela está fazendo, por isso é
criança se envolva de maneira mais efetiva e prazerosa essencial integrar e valorizar o fazer e o compreender
com as atividades propostas e execute movimentos por meio de estímulos e estratégias adequadas.
em diferentes ritmos (estímulos musicais), espaços
(ambientes, níveis e direções) e tempos (velocidades).
Apresentar as características e significados
dos diversos objetos, brinquedos, movimentos
Estimular o brincar e o relacionamento e manifestações da cultura brasileira.
com o(a) outro(a), respeitando e
Possibilitar o contato e a exploração de diferentes
compreendendo as diferenças.
objetos, brinquedos, movimentos e manifestações
Entender as características da faixa etária é culturais permite que a criança compreenda como se
imprescindível para a criação e proposição de dá a relação sujeito-objeto e entenda suas finalidades
atividades que estimulem o compartilhamento múltiplas (como utilizar o mesmo material em
(materiais, educadores(as), ambientes, brincadeiras, diferentes situações) e específicas (como utilizar
jogos) e o vínculo entre as crianças. Com isso, um gesto da capoeira), em contextos diversos.
os(as) alunos(as) desenvolvem a empatia e
um cuidado com o(a) colega, respeitando
Estimular a ressignificação dos movimentos
e compreendendo as diferenças (idade,
explorando a capacidade imaginativa.
gênero, raça, características físicas, etc.).
Utilizar o jogo simbólico com essa faixa etária
possibilita que a criança dê novos significados aos
movimentos conhecidos previamente, criando uma
nova maneira de envolver-se com a atividade.

52 53
Propor espaços seguros para a exploração Todos os conteúdos apresentados devem ser
do movimento e suas possibilidades. contemplados ao longo do planejamento anual,
mas a organização referente à escolha do período
Preparar um espaço seguro e estimulante
de aplicação desses, bem como dos conjuntos
para que as crianças sejam desafiadas a testar
de subtemas que os compõem, devem estar de
e tentar movimentos, evitando padrões.
acordo com as necessidades identificadas para
cada turma, com a realidade da própria unidade
em que o curso estiver sendo desenvolvido e
Conteúdos
conforme o domínio técnico dos(as) educadores(as),
Com base nos objetivos específicos são estabelecidos quanto a cada um dos conhecimentos
conteúdos que contribuem para um detalhamento e inerentes a essas possibilidades de prática.
aprofundamento daquilo que será aprendido pelos(as)
Do mesmo modo, tais conteúdos podem ser
alunos(as) no Esporte Criança 3 a 6 anos, considerando
aplicados separadamente, em momentos distintos
o seu desenvolvimento integral, por meio do jogo
no ano, ou de forma conjunta, com atividades
simbólico e do brincar, conforme o diagrama abaixo:
que contemplem mais de um conteúdo em uma
mesma aula, por exemplo. O importante é que a
Atividades organização e a escolha desses conteúdos e subtemas
Conhecimento rítmicas e
do corpo estejam alinhadas com os objetivos do programa.
expressivas
Partindo disso, estão descritas a seguir as
características de cada conteúdo/tema
e os subtemas que os compõem:
Habilidades Jogo
motoras simbólico ■■ Conhecimento do corpo
Este conteúdo tem como intenção favorecer o
Desenvolvimento aprimoramento do conhecimento da criança
integral da sobre si mesma e a aceitação das características

criança de suas estruturas corporais, bem como de suas


destrezas e limitações quanto ao uso do corpo para
a realização das atividades propostas a ela. Este
autoconhecimento é de suma importância para
o seu aproveitamento no curso e para as demais
Atividades Brincar Manifestações fases de desenvolvimento pelas quais ela passará.
gímnicas culturais
Para o desenvolvimento desse conteúdo, sugere-se
a vivência de atividades que estimulem:

Figura 3. Conteúdos do PSE 3 a 6 anos.

54 55
‫ ٲٲ‬Funções psicomotoras. Segundo Gonçalves55, as Com isso, pretende-se aproximar a criança de
funções ou bases psicomotoras são resultado da conhecimentos característicos de cada manifestação,
coordenação de áreas em interação no cérebro. Elas propiciando a ela um maior acervo cultural, de
dependem da maturação cerebral, mas também são modo que tenha condições de identificar e executar
influenciadas pelos estímulos do meio ambiente. Dentre gestos e outros elementos próprios de cada uma
algumas funções, destacam-se a tonicidade (controle das manifestações em seus diferentes contextos.
do tônus muscular como preparação da musculatura
para os movimentos e posições do corpo), o equilíbrio Para nortear esse planejamento, sugere-se a
ou equilibração (controle postural em situações abordagem das seguintes manifestações:
estáticas e dinâmicas), a lateralidade (organização
e integração entre ambos os lados do corpo e suas ‫ ٲٲ‬Jogos e brincadeiras.
partes) e a estruturação espaço-temporal (organização ‫ ٲٲ‬Os jogos e suas famílias.
e realização do movimento em determinado
espaço, sob determinada condição temporal). ‫ ٲٲ‬Folclore.

‫ ٲٲ‬Noção do corpo. Para Gonçalves51, trata-se ‫ ٲٲ‬Circo.


também de uma base psicomotora, que, para fins
de estudos e compreensão, pode ser dividida em Além destas, cada educador(a) poderá explorar
duas áreas interdependentes: o esquema corporal outras manifestações que tenham significado
(reconhecimento das partes do corpo e suas
para aquela turma em determinado momento.
funções) e a imagem corporal (aspectos emocionais
e psíquicos que influenciam a forma como a ■■ Atividades rítmicas e expressivas
criança reconhece e valoriza o próprio corpo e que é
São atividades também consideradas manifestações
significativa para a interação dela com o mundo).
culturais, mas que enfatizam a importância
‫ ٲٲ‬Educação dos sentidos. Segundo Gonçalves , 51
da presença do ritmo e da expressão corporal
os sentidos são canais que conduzem os estímulos para o desenvolvimento integral de crianças de
e, portanto, as informações externas ao corpo da 3 a 6 anos. Isso favorece a descoberta, a criatividade e
criança, bem como internas e do próprio corpo. Sendo a socialização, importantes para o autoconhecimento
assim, busca-se levar as crianças ao processamento da criança e seu relacionamento com o(a) outro(a),
de informações e realizações de movimentos bem como pode auxiliar na quebra de paradigmas
com base no estímulo da visão, da audição, do
relacionados com meninos e meninas.
tato, do olfato, do paladar e da propriocepção.
Dentre elas, destacam-se:

■■ Manifestações culturais ‫ ٲٲ‬Jogos teatrais.


Este bloco de conteúdos representa as diversas
‫ ٲٲ‬Musicalidade.
possibilidades de expressão humana encontradas em
nossa cultura, que tenham como foco o movimento. ‫ ٲٲ‬Danças (livres e orientadas).

56 57
■■Atividades gímnicas para as intervenções pedagógicas dos(as)
Este conjunto de temas tem como foco as educadores(as) em todas as aulas do curso.
características das manifestações advindas das
ginásticas, como as ginásticas de demonstração, em
Favorcer a
que se fazem presentes os movimentos naturais do
Acolher interação pais
ser humano e o conhecimento do corpo, associados a todos e filhos
às suas habilidades motoras e capacidades físicas.
Faz-se presente também seu aspecto lúdico e
Possibilitar a Desafiar
expressivo, podendo estar associados a materiais, experimentação sempre
músicas e práticas individuais ou coletivas.

Este conteúdo pode ser desenvolvido por


meio de atividades que propiciem a prática de
Orientações
elementos ginásticos (com ou sem material). Evidenciar o Valorizar os
brincar e o didáticas conhecimentos
Vale reforçar que todos os temas faz de conta prévios
devem ser desenvolvidos respeitando
as características da faixa etária.

temas Construir Organizar e


coletivamente contextualizar
espaços e
MANIFESTAÇÕES ATIVIDADES ATIVIDADES CONHECIMENTO Promover recursos
CULTURAIS RÍTMICAS E GÍMNICAS DO CORPO experiências
EXPRESSIVAS intergeracionais

Jogos e brincadeiras. Jogos teatrais. Elementos. Funções psicomotoras


subtemas

Figura 4. Orientações Didáticas para o PSE 3 a 6 anos.


ginásticos com (lateralidade, tônus,
Folclore. Musicalidade.
ou sem material. coordenação, motora,
Para cada orientação didática acima é
Esportes. Danças (livres e espaço, tempo).
Criações e práticas possível citar algumas dicas e estratégias
orientadas).
Lutas. coletivas. Esquema corporal.
que facilitarão o dia a dia das aulas.
Circo. Imagem corporal.

Educação dos sentidos.

Desafiar sempre
Orientações didáticas
■■ Respeitar os limites de cada um, compreendendo
Considerando os objetivos e conteúdos norteadores que cada criança vai responder a determinada
para o desenvolvimento do Esporte Criança atividade de forma diferente.
3 a 6 anos, é importante destacar as orientações
■■ Aumentar o grau de dificuldade aos poucos e
didáticas, que se constituem como essenciais
sugerir desafios de forma progressiva, verificando se

58 59
todas as crianças estão respondendo aos estímulos. Valorizar os conhecimentos prévios
■ Diversificar estímulos (habilidades motoras),
■ Liderar rodas de conversa com “boas” perguntas,
estimulando a exploração de movimentos em
que favoreçam a interação, a expressão e a
diferentes espaços, tempos e contextos.
compreensão das crianças e ajudem na avaliação
■ Desafiar todos(as) os(as) alunos(as), entendendo da aprendizagem. Nesse momento, é necessário dar
as diferenças e buscando motivá-los(as) oportunidade de fala a todos(as) os(as) alunos(as)
dentro das respostas de cada um. e até mesmo respeitar aqueles(as) que preferem
■ Utilizar o sistema PROTEGE (pessoas, recursos,
57 não se colocar em determinado momento.
objetivos, tempo, espaço e gestos esportivos) ■ Propor momentos de experimentação e exploração
como ferramenta didática para provocar do espaço, recursos e materiais, permitindo
desafios, explorando as suas variações. a construção pelas próprias crianças, com ou
■ Sugerir desafios e propostas novas, sem o direcionamento do(a) educador(a).
diversificando as estratégias. ■ Observar e avaliar constantemente o nível de
conhecimento da criança (etapas de diagnóstico),
As variáveis do Sistema PROTEGE normalmente entendendo que ela está em constante
estão presentes em todos os jogos e podem aprendizado em todas as áreas de sua vida (família,
ser mobilizadas para estimular aprendizagens escola e curso). Isso pode ser feito por meio de
nos campos da motricidade, da cognitividade, observação, vídeos, conversas, entre outros.
da afetividade e da socialização, o que quer ■ Propor momentos nos quais as crianças possam
dizer que o Sistema PROTEGE é um mecanismo ensinar umas às outras, valorizando a cultura
ou um conjunto de recursos que aumenta a e as histórias que cada uma traz consigo.
mobilidade dentro de um método que se pauta
pelo conflito/contradição e tem na sua base
Organizar e contextualizar
o princípio da educação integral. O “P” de
espaços e recursos
pessoas; o “R” de recursos; o “O” de organizar
regras; o “T” de tempo; o “E” de espaço; o ■ Cuidar da segurança nas aulas (espaços e recursos).
“G” de gestos e o “E” de estruturar funções Para isso, é preciso ter atenção com o local em que
(P.R.O.T.E.G.E.), são as variáveis que estruturam a aula acontecerá e a disposição dos materiais.
o Sistema que na prática pedagógica do
■ Construir e respeitar rotinas nas aulas. Assumir ser
dia a dia indica: professores mobilizam
a referência positiva para as crianças. Apresentar
variáveis como pessoas, recursos, regras,
e elaborar alguns combinados com as crianças
tempo, espaço, gestos e funções, entre outras,
ajuda no andamento da aula e na atenção e
para ensinar, enquanto os alunos realizam
foco dos(as) alunos(as). O(A) educador(a) tem
esforços de adaptação para aprender.57
papel fundamental em manter e seguir esses
combinados, pois é uma referência para as crianças.

60 61
■■ Antecipar a organização do espaço e Construir coletivamente
dos recursos a serem utilizados nas
aulas, realizando uma montagem prévia ■■ Incentivar “falas” e depoimentos nas rodas
contextualizada com o planejamento. de conversa, entendendo que esse momento
não é apenas do(a) educador(a).
■■ Oportunizar tempo para a reconstrução e
ressignificação dos espaços e recursos pelas ■■ Ensinar a falar e a ouvir (condutas e atitudes
crianças (expressão do jogo simbólico). da convivência em grupo), estimulando a
Uma sugestão é, ao término de cada aula, escuta e o respeito entre as crianças.
disponibilizar um período para que as crianças ■■ Dar voz aos(às) alunos(as) e compreender o que
construam e deem novos significados dizem “corporalmente”, entendendo que a criança
para os conteúdos já apresentados. se expressa por meio da fala e também por gestos.

■■ Incentivar o trabalho em grupo, por meio de


Promover experiências intergeracionais propostas cooperativas que permitam a transição
do individual (egocentrismo) para a convivência
■■ Valorizar ritos de passagem, de uma turma/ciclo
em grupo (descentralização e cooperação).
para outro, realizando planos de ação para esta
transição em conjunto com os(as) educadores(as)
responsáveis pelo curso 6 a 10 anos. É importante Estimular (evidenciar) o
brincar e o faz de conta
conversar com os pais e as crianças e até mesmo
sugerir um evento que valorize esta nova fase.
■■ Ensinar a brincar sem descaracterizar o jogo infantil.
■■ Preparar atividades/eventos de integração entre
■■ Preparar cenários que convidem ao jogo
os cursos 3 a 6 anos e 6 a 10 anos, proporcionando
simbólico, de construção e de regras.
trocas entre as diferentes faixas etárias.
■■ Explorar, sempre que possível, os jogos e as
■■ Evitar divisão de turmas por faixa
brincadeiras por um bom tempo. “Mais vale um
etária dentro do curso 3 a 6 anos.
jogo bem jogado do que muitos mal aprendidos”.
■■ Proporcionar momentos de integração
■■ Observar a satisfação e o prazer
entre os(as) alunos(as) de diferentes faixas
das crianças em brincar.
etárias da mesma turma, incentivando o
■■ Tematizar aulas historiadas como boas estratégias –
respeito e as trocas de experiências.
ponto de partida para o desenvolvimento de projetos.
■■ Estudar a possibilidade de fazer eventos entre
as unidades do Sesc na faixa etária 3 a 6 anos.

62 63
Possibilitar a experimentação Favorecer a interação com os familiares

■■ Oferecer e incluir nas aulas recursos diversificados ■■ Promover atividades e eventos com
(tamanhos, pesos, texturas, cores, formas etc.). a participação das famílias.

■■ Permitir a exploração do espaço (equilibrar ■■ Promover reuniões entre educadores(as)


o tempo livre e o tempo dirigido), ou seja, e pais e/ou responsáveis.
novas possibilidades de movimento.
■■ Mostrar-se disponível para atender os responsáveis
■■ Avaliar e detectar as dificuldades e afinidades no dia a dia das aulas, prevendo horários antes
das crianças, um ponto de partida para planejar do início ou após o final para esse fim.
intervenções que incentivem a experimentação.

■■ Provocar experimentações que incentivem


a interação da criança com os(as) colegas, Perfil do egresso
o(a) educador(a), os objetos e o espaço. Para essa faixa etária, o perfil do egresso desejado
é um(a) aluno(a) alfabetizado(a) corporalmente,
Acolher a todos ou seja, uma criança que possui um rico acervo
de possibilidades de respostas para enfrentar os
■■ Chamar os(as) alunos(as) pelo nome. desafios e situações-problema que são vividos nos
■■ Permitir a participação dos pais na diferentes contextos de prática do movimento.
fase de adaptação das crianças.

■■ Planejar atividades em que todos possam dar


conta de vencer os desafios propostos.

■■ Respeitar diariamente as
individualidades e diferenças.

■■ Elogiar e reforçar positivamente as conquistas


e os aprendizados das crianças.

64 65
A aprendizagem esportiva dentro do Programa Sesc
Esporte Criança Introdução:
de Esportes, assim como toda prática educacional,
aprender
6 a 10 anos esporte e
deve basear-se no ensino com significado. Aprender
o esporte e a gostar de esportes está ligado à emoção
que isso traz na sua prática, vai além do ensinar bem
a gostar
o esporte, é desenvolver significados mais amplos do
de esporte que a simples prática das modalidades esportivas.
Aqui não é o momento de ensinar a prática das
modalidades esportivas específicas, e sim de dar às
crianças conhecimentos sobre o universo da cultura
corporal e suas possibilidades, com ênfase no esporte.
Ensinar bem esporte é desenvolver juntamente
com o(a) aluno(a) desafios e práticas interessantes,
adequados e sem excesso de regras e formalidades.

Dar significado a aprendizagem é ensinar com


uma visão estendida do indivíduo, promovendo
o crescimento amplo e global, compreendendo a
pessoa não apenas como o corpo em movimento,
mas também um ser pensante e em constante
transformação, com estratégias de ensino voltadas
para a aprendizagem nos planos do SABER (criança
sábia), FAZER (criança habilidosa), SER e CONVIVER
(criança valiosa), por meio de jogos. Todos os planos
estão entrelaçados e são relevantes no planejamento.

O conteúdo das atividades deve ser diversificado,


com objetivos claros e divididos entre todos os
envolvidos no processo. O primeiro passo nesse
procedimento de ensino é entender o(a) educador(a)
como agente mediador(a) e transformador(a), que
também está em processo de desenvolvimento e
transformação contínua. Assim, ao mesmo tempo em
que ensina, aprende, e dentro desse processo deve
buscar por atualização e novos conhecimentos.

66 67
Além disso, é importante valorizar as experiências Quando inserimos elementos do jogo, como
anteriores das crianças de maneira que as mesmas regras, discussões e diálogos sobre os mesmos,
contribuam no processo de construção dos trabalho em equipe, cooperação e o entendimento
conteúdos das aulas; para isso, faz-se necessária a da competição, estamos dando base para
avaliação prévia dos saberes. Devemos transmitir o desenvolvimento integral da criança.
à criança o sentimento de corresponsabilidade
Para tanto, é importante promover o diálogo,
nesse processo de ensino-aprendizagem,
momentos de reflexão, o protagonismo, a
estimulando também a troca de experiências e a
ampliação do uso da linguagem verbal e não
satisfação pela realização e pelo aprendizado.
verbal, despertar a criatividade e buscar estratégias
Nessa faixa etária, ainda não devemos nos preocupar individuais e coletivas para a resolução de
com o esporte formal, a modalidade específica e suas problemas. Assim, possibilitamos à criança um
regras oficiais. O foco principal é experimentar de espaço de criação livre, dando oportunidade para
forma lúdica os diferentes jogos e modalidades de o desenvolvimento de sua autonomia, afirmando
maneira que a criança desenvolva suas capacidades as suas capacidades e possibilidades, tornando-a
e habilidades, aumente suas possibilidades e tenha autora de suas criações e não mera reprodutora.
base para que futuramente possa fazer escolhas.
Em geral, as crianças tendem a prestar mais atenção
Estudos de participação indicam que tentar numerosos em coisas e atividades de maior interesse. Os
esportes e atividades físicas durante a infância está assuntos que trazem entusiasmo e satisfação são
associado ao engajamento contínuo no esporte, os que dispensarão mais tempo em conhecê-los e
promovendo em longo prazo envolvimento no esporte compreendê-los. Devem estar presentes nas aulas
e fornecendo habilidades fundamentais para uma série estratégias que despertem a curiosidade e que
de opções de esportes recreativos na vida adulta .58
provoquem a reflexão e a busca por respostas.

Sendo assim, é fundamental garantir a O prazer pela prática pode envolver engajamento,
participação efetiva e contínua dos(as) alunos(as), busca por aprofundamento, desejo de superação,
de maneira que obtenham desafios, motivação, valorização, pertencimento e despertar para
sucesso e realização em sua prática. um projeto de vida. O ensino com significado
potencializa essas ações e gera relação entre o novo
O sujeito que passa pela formação esportiva de
conhecimento, nesse caso a prática de esportes,
maneira significativa compreenderá e conseguirá
com os conhecimentos adquiridos anteriormente.
traduzir o aprendido para situações de seu cotidiano,
Todas essas relações reunidas intensificam as
como: a prática esportiva como meio de promoção
chances de a criança obter o prazer pela prática,
do lazer, de sociabilização, de obtenção de saúde,
sendo essa relação de encantamento fundamental
de autoconhecimento, entre outros fatores, ou
no despertar do desejo pelo aprendizado, pela
mesmo do alto rendimento se essa for sua escolha.
prática e pela permanência na mesma.

68 69
Objetivo geral Desenvolver autoconfiança e autonomia.
Proposta
didático- Proporcionar a experimentação lúdica de diferentes Dar poder ao(à) aluno(a) e propiciar o entendimento
jogos e modalidades, de maneira que a criança do erro enquanto possibilidade de aprendizado,
-metodológica-
desenvolva as bases para sua formação esportiva, bem como despertá-lo(a) para a possibilidade
-operacional do possibilitando que se engaje nas atividades de tomada de decisões e de fazer escolhas com
Esporte Criança que venha a ter interesse ao longo da vida. base em seus interesses e gostos pessoais.

6 a 10 anos
Estimular a sociabilização, a inclusão, o
Objetivos específicos entendimento e o respeito às diferenças.

Desenvolver um ambiente no qual todos(as)


Apresentar o universo da cultura
tenham oportunidade de participação, de
corporal de movimento.
colocar-se, identificando as diferenças e,
Diversificação das práticas ofertadas, não se atendo ao mesmo tempo, respeitando-as.
apenas aos esportes, mas criando espaço também
para brincadeiras, danças, jogos e artes marciais.
Conteúdos
Desenvolver habilidades para o jogo. Os conteúdos a serem abordados nesta fase devem
remeter e aprofundar àqueles já iniciados na fase
Que a proposta não seja limitada a ser apenas
anterior, ao mesmo tempo em que novos temas
uma vivência, mas que possa estar organizada
serão trabalhados de acordo com as características
com o objetivo de gerar o entendimento no(a)
da faixa etária e o perfil do egresso, dando base para
aluno(a) sobre a lógica e a dinâmica dos jogos.
as necessidades prévias do desenvolvimento das
modalidades específicas (foco do Esporte Jovem).
Desenvolver o interesse e o gosto
pela prática esportiva. São conteúdos do Esporte Criança 6 a 10 anos:

■■Os jogos e suas famílias


Desenvolver valores e habilidades para a vida.
Os jogos das modalidades são jogos pré-desportivos
Enquanto proposta de desenvolvimento integral, as agrupados com base nas famílias dos jogos, em
atividades do programa devem promover o respeito, a que as modalidades esportivas são reunidas de
cidadania e a ética. Assim, deve-se aproveitar os conflitos acordo com a lógica comum do jogo, levando em
gerados para o desenvolvimento de habilidades que consideração os princípios operacionais. Nesta etapa,
podem ser utilizadas além do contexto esportivo, as referências estruturais (alvo, implemento, parceiros,
como tolerância, autonomia, desenvolvimento adversários, campo de jogo e regras específicas)
de metas, trabalho em equipe, comunicação serão variadas e ajustadas para possibilitar interações
efetiva, superação de desafios, entre outros. e desequilíbrios necessários para o aprendizado.

70 71
A diversidade de práticas é uma das características ■■Festivais, encontros e visitas
desta etapa do programa e o foco nesta fase não São eventos em que o jogo é tratado baseado em
são as modalidades oficiais institucionalizadas, mas uma ênfase festiva e de integração, promovendo a
sim jogos adaptados, construídos/descontruídos união de diferentes grupos de crianças com o objetivo
coletivamente, reconstruídos, cooperativos, entre comum de exercitar o jogar, gerar interações, provocar
outros, que tenham similaridade com as modalidades novos desafios e novas experiências, criando um
institucionalizadas, inclusive as do paradesporto. “desequilíbrio positivo” para a promoção de outros
aprendizados. Destacamos aqui os intercâmbios entre
As atividades complementares são ações que devem
as unidades, sendo fundamental que esses estejam
ser trabalhadas em conjunto com os conteúdos
contemplados nos planejamentos e sejam elaborados
desenvolvidos pelo(a) educador(a) em aula, a fim
de forma colaborativa entre os(as) participantes.
de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem
e possibilitando novas experiências para ensinar As visitas são ações pedagogicamente programadas,
com significado. Dentre elas, estão: temas em que a turma sai do ambiente rotineiro da prática
transversais, festivais, encontros e visitas. esportiva para conhecer e usufruir de diferentes
espaços. Elas devem estar conectadas aos conteúdos
■■Temas transversais em desenvolvimento, seja para ampliar determinado
São assuntos que contemplam problemas sociais conhecimento, transcender a prática ou enquanto
que podem incentivar a criança a refletir e buscar contemplação. Por exemplo, uma visita a um centro
soluções, contribuindo para uma formação integral. olímpico em dia de competição oficial para que os(as)
Devem ser abordados temas que interfiram alunos(as) possam ver a diversidade de provas do
direta ou indiretamente no desenvolvimento atletismo acontecendo de forma simultânea e, então,
das aulas. Para a escolha dos temas a serem façam relações com o conteúdo trabalhado em aula.
desenvolvidos, deve-se respeitar as necessidades
e características de cada turma/unidade. Por
exemplo, a orientação odontológica e nutricional, Orientações didáticas
uma vez que há oferta alimentar no programa, as
As orientações didáticas constituem-se como
questões relacionadas a gênero e sexualidade, a
a “base” da intervenção pedagógica dos(as)
pluralidade cultural e racial também muito evidentes
educadores(as) nas diferentes unidades do Sesc.
e carentes de discussão nas práticas esportivas.
São os elementos que ajudam a formar o “DNA”
do Programa Esporte Criança 6 a 10 anos. Trata-se
daquilo que queremos “ver” como procedimentos
pedagógicos comuns entre os(as) educadores(as).

72 73
Valorizar o conhecimento prévio Provocar desafios

Uma intervenção qualificada deve respeitar e O ensino não deve apontar para aquilo que o(a) aluno(a)
valorizar os conhecimentos prévios das crianças. já conhece ou faz, nem para os comportamentos
que já domina, mas sim para o que não conhece,
Conhecê-las, seus interesses, suas necessidades
não realiza ou não domina suficientemente.
e diagnosticar o que já sabem sobre o jogo são
pontos de partida para planejar as estratégias e As crianças devem ser constantemente
selecionar os jogos mais adequados a cada grupo. incentivadas a buscar novos conhecimentos.

A aprendizagem é mais significativa quando a Dica Proponha sempre bons desafios


criança consegue estabelecer relações que façam e boas situações-problema que não
sentido entre o que já conhece e o novo conteúdo, sejam resolvidas na primeira vez.
entre o que ela vivencia no jogo e na vida.

Dica Realize com frequência avaliações diagnósticas


Construir coletivamente
com os diferentes grupos de crianças.
Para educar atitudes e auxiliar a construção de
valores, é preciso criar um espaço de ajuda mútua, no
Favorecer o movimento qual os conteúdos atitudinais sejam tratados como
objetos de conhecimento. Privilegie as relações de
É importante que se crie ambientes que favoreçam
troca entre as crianças e com o(a) educador(a).
o envolvimento de todas as crianças, considerando
as potencialidades individuais e coletivas e Crie espaços/formas para que os(as) alunos(as)
permitindo que todas tenham voz e vez. possam contribuir para o planejamento do
ano, sequência e aula, bem como percebam-se
Todas as crianças devem ser estimuladas a estar
enquanto sujeitos críticos e reflexivos. Construa
sempre em movimento durante a atividade.
novas regras e desafios coletivamente.
Estamos falando do movimento para o jogo e a
O jogo em grupo é um valioso recurso pedagógico
brincadeira, o que para o(a) educador(a) significa
para que as crianças aprendam a cooperar.
movimento para boas aprendizagens.
Dica Dialogue sempre com as crianças.
Abra espaço para a resolução de conflitos por
parte delas desenvolvendo sua autonomia.

Dica Evite jogos com filas ou muito tempo de espera. Possibilitar o sucesso

Possibilitar à criança sentir-se capaz e competente


nas suas aprendizagens. O sucesso não está
relacionado a ganhar ou perder, mas se o(a)
aluno(a) conseguiu realizar as ações propostas.

74 75
Os jogos não podem ser muito fáceis ou muito difíceis, Promover ajuda adequada
mas desafiadores, motivando os(as) jogadores(as)
Uma intervenção qualificada por parte do(a)
a investir suas forças para vencer os desafios
educador(a) para o ensino de jogos parte do princípio
inerentes a cada jogo, sejam pontos, gols etc., para
de que uma ajuda adequada significa pensar sempre
que possam vivenciar esse tipo de sensação.
nas competências que os(as) alunos(as) já possuem
Planeje atividades nas quais seja possível fazer e naquelas que estão prestes a alcançar, seja com a
ajustes no decorrer delas, para que situações de ajuda do(a) educador(a), de colegas e/ou de terceiros.
sucesso aconteçam para muitos(as) alunos(as).
Garanta momentos de reflexão e expressão de ideias,
Observe as crianças e verifique se todas se sentem situações, conflitos, necessidades, entre outros.
orgulhosas por seu desempenho. Preste atenção
Dica Esteja atento(a) ao melhor momento para
nos(as) alunos(as) que estão mais parados ou que
realizar sua intervenção. Identifique nos conteúdos
enfrentam diversas oportunidades de erro e busque
necessidades ou potenciais para contribuições.
auxiliá-los a obter sucesso, ou proponha atividades
nas quais tenham mais possibilidades de sucesso.

Dica Lembre-se que a boa aula e o bom jogo Valorizar a experimentação


deixam sempre um gostinho de “quero mais”.
O aprendizado vem com a experimentação.

Cabe ao(a) educador(a) criar condições para que as


Valorizar as interações crianças tenham tempo e espaço para experimentar e
repetir as diferentes habilidades envolvidas nos jogos,
Olhar para as atividades como um espaço
inclusive lidando com situações de erros e acertos.
aberto de aprendizagem é romper com
modelos fechados de ensino. Dica Incentive as crianças a praticar
sem medo ou receio de errar.
Sujeito e objeto de conhecimento são sistemas
em aberto, sempre interagindo entre si,
constituindo-se mutuamente, transformando-
Diversificar espaços e recursos
se e sempre em via de constituição.
Para a criança, a vivência em espaços diversos com
As ações devem proporcionar o aprendizado
diferentes estímulos e implementos auxilia na
com o(a) outro(a) e a troca de conhecimentos.
ampliação do acervo de possibilidades de respostas.
Atente-se para as relações inter e intrapessoais.
Diversificar as atividades com base no do sistema
Dica Ensine jogos que transitem dos
PROTEGE (verificar “Orientações didáticas” do Esporte
pequenos para os grandes grupos.
Criança 3 a 6 anos) – pessoas, recursos, organizando
regras, tempo, espaços, gestos e estruturando funções.

76 77
Dica Explore as possibilidades de uso dos espaços Dica Promova encontros entre as diferentes
internos e externos e com possíveis ressignificações. turmas do Programa Sesc de Esportes, com outros
programas do Sesc e com outras instituições.

Diversificar os conteúdos Perfil do egresso

O programa foi elaborado para garantir o O perfil do egresso estima quais competências devem
maior número de experiências esportivas estar presentes na criança que participou desta
e da cultura corporal para a criança. etapa do programa, Esporte Criança 6 a 10 anos.

O planejamento deve garantir a diversificação de Desejamos que a criança egressante tenha


conteúdos de todas as famílias dos jogos e das uma visão ampla e global com relação aos
diferentes atividades dentro de cada uma delas. jogos e suas manifestações, sendo uma
criança sábia, habilidosa e valiosa.
Dica Um bom planejamento contribuirá para o
sucesso. Conte com o auxílio de seus colegas. A criança sábia possui prazer em descobrir,
compreender e conhecer. Uma vez que o
conhecimento é múltiplo e mutável, é essencial
Garantir o ambiente lúdico que a criança seja capaz de construir, reconstruir
conhecimento e refletir sobre assuntos que a cercam.
Para crianças nesta faixa etária, o aprendizado é
facilitado e tem sentido com experiências lúdicas. A criança habilidosa é capaz de resolver problemas
presentes no jogo, ou seja, possui as habilidades
Com base nos conteúdos a serem trabalhados e
para o jogo bem desenvolvidas permitindo um
no perfil do grupo, planejar jogos com intenção
amplo acervo de respostas diante dos diferentes
de garantir diversão e prazer aos(as) alunos(as).
desafios presentes na diversificação de jogos.
Dica Prevalecer o caráter lúdico e proporcionar
A criança valiosa tem consciência de suas
um ambiente descontraído e acolhedor.
responsabilidades; baseada no jogo, ela é capaz
de gerenciar conflitos, entender e expressar
seus sentimentos, passando da descoberta
Promover experiências intergeracionais
de si para então colocar-se no lugar do outro
A convivência entre as diferentes faixas etárias
e viver o respeito, a cidadania e a ética como
amplia as possibilidades de aprendizagem
parte das diferentes circunstâncias da vida.
e trocas de conhecimentos.

Possibilitar encontros entre diferentes


faixas etárias, que valorizem e respeitem as
diferentes características entre elas.

78 79
Introdução: O ingresso das crianças na iniciação dos esportes é
Esporte Jovem aprender e o momento primordial no que se refere à trajetória
esportiva que terão ao longo da vida. As escolhas
competir que elas farão após essa iniciação dependerão das
experiências que tiveram ao longo deste processo.

Atentando-se a isso, o Programa Sesc de Esportes (PSE)


tem como característica a continuidade entre as faixas
etárias, buscando promover um processo pedagógico
adequado a fim de propiciar uma formação integral.

Assim, o início de uma formação esportiva deve


privilegiar a diversidade de experiências, para que
os(as) alunos(as) possam escolher de forma consciente
a modalidade com a qual possuem maior afinidade e
se sintam motivados a continuar uma vida esportiva.

Trata-se também de um momento de transição


entre a infância e a adolescência, no qual ocorrem
mudanças significativas em termos físicos,
cognitivos e psicossociais, e também é um
momento de forte evasão das atividades esportivas,
especialmente por parte do público feminino.

Nessa fase ocorrem transformações importantes,


como a menarca e a puberdade, que influenciam
aspectos motores do(a) aluno(a) e afetam suas
relações sociais. O convívio com o grupo e a
aceitação do(a) outro(a) passam a ter importância
destacada em sua personalidade e em suas ações,
tornando esse um momento valioso para o trabalho
acerca dos valores que balizam o Programa.

O jogo como meio de aprendizagem

Durante as aplicações práticas do PSE, o


jogo deve ser o foco principal das aulas. Isso
por que é um elemento complexo no qual a
aprendizagem, a cultura esportiva e os valores
sociais estão embutidos em todo o processo.
80 81
Galatti59 explica que o jogo oferece ao(à) aluno(a) 2ª etapa (13 a 16 anos)
o máximo de estímulos possíveis em um
A partir da vivência adquirida na fase anterior,
ambiente aberto à experimentação e à vivência
com cerca de 13 anos, os(as) jovens estão
tanto de movimentos quanto de relações
preparados de forma física e cognitiva para
interpessoais, com valores para o convívio em
aumentar seu compromisso com um esporte.
sociedade e relações intrapessoais, envolvendo
autonomia, tomada de decisão e autoestima. É nesta fase do PSE que se dá o ensino de uma
modalidade específica visando a formação de
Esporte Jovem (10 a 16 anos) um(a) jogador(a) inteligente, que passa a lidar de
maneira mais adequada com situações dentro
No PSE, a faixa etária dos 10 aos 16 anos é considerada
e fora do jogo, ou seja, que saiba compreender
uma fase de transição. Esse período corresponde
o jogo escolhendo condutas tático-técnicas e
a fase “jovem” que possui grande importância no
gestos técnico-táticos de maneira eficiente.
processo de continuidade. É nela que ocorre a
transição da diversidade para a especificidade das Dessa forma, não se trata de especialização em
modalidades esportivas. No programa, dividimos funções ou posições, pelo contrário. A ideia é
essa faixa etária em duas: dos 10 aos 13 anos e dos proporcionar um maior conhecimento a respeito
13 aos 16 anos, com o objetivo de proporcionar uma das modalidades escolhidas e o caminho
passagem gradual de um momento de vivências sugerido é o da diversificação de experiências
diversificadas para outro de aprofundamento e dentro da própria modalidade. Nesse sentido,
escolha de modalidades esportivas específicas. defendemos que é fundamental que o(a)
aluno(a) vivencie as diversas funções/posições
1ª etapa (10 A 13 anos) favorecendo o entendimento global do jogo.
Diferentemente do Esporte Criança 6 a 10, nesta
etapa haverá a escolha de modalidades (vide
quadro operacional anexo) que serão desenvolvidas,
promovendo um aprofundamento e especialização.

Partimos do princípio que a diversidade esportiva


promove processos positivos na aprendizagem.
Portanto, nessa etapa, garantimos a diversidade
de experiências, porém promovemos de forma
gradual uma especialização ao reduzirmos
acentuadamente (vide quadro operacional) o rol
de modalidades desenvolvidas ao longo do ano.

82 83
Proposta Objetivo geral promover o respeito, a cidadania e a ética.
Assim, deve-se aproveitar os conflitos gerados
didático- Possibilitar a aprendizagem e o aperfeiçoamento
para o desenvolvimento de habilidades que
em modalidades esportivas, por meio de práticas
-metodológica- podem ser utilizadas além do contexto esportivo,
sistematizadas que valorizem a compreensão
-operacional do do jogo, das regras e da competição.
como tolerância, autonomia, desenvolvimento
de metas, trabalho em equipe, comunicação
Esporte Jovem
efetiva, superação de desafios, entre outras.
10 a 16 anos
Objetivos específicos
Iniciar e envolver os(as) alunos(as) no
universo das competições esportivas.
Ensinar conhecimentos específicos
da(s) modalidade(s). Possibilitar a reflexão sobre os diferentes
tipos de competição existentes, favorecendo
Possibilitar o aprendizado e a prática da(s)
a inserção dos(as) alunos(as).
modalidade(s) esportiva(s), considerando
suas especificidades, visando à ampliação do
conhecimento e das habilidades esportivas.
Conteúdos
Promover a cultura esportiva.
■■Modalidades esportivas e suas famílias
Informações sobre o contexto histórico da modalidade, São componentes desse conteúdo: ações
as regras e suas atualizações, as personalidades técnico-táticas, estratégias de jogo e o conhecimento
de importância e as principais competições. sobre regras das modalidades e sua cultura. Além
disso, o vínculo da modalidade ofertada com
sua família é importante, pois traz a dimensão
Desenvolver a autonomia do(a) aluno(a).
das outras modalidades a ela relacionadas, o
Despertar o(a) aluno(a) para a possibilidade de que amplia as possiblidades de escolha.
tomada de decisões e de fazer escolhas baseadas
em seus interesses e gostos pessoais, bem como ■■Competições
dar condições para que compreenda a prática Para ensinar bem esporte é importante tratar da
esportiva de maneira ampla, sendo capaz de competição como um conteúdo, ensinar a competir,
inserir-se em outros contextos caso haja interesse. e isso deve compor o planejamento anual.

A competição deve ser tratada como um


Desenvolver valores e habilidades para a vida. momento de aprendizagem e não como um
fim para o processo de ensino da modalidade.
Enquanto proposta de desenvolvimento
Ensinar a competir demanda um trabalho em três
integral, as atividades do programa devem
momentos: antes, durante e depois dos eventos.

84 85
O preparo para a participação prevê a antecipação Ensino por meio do jogo
de desafios que podem vir a acontecer, a
Saber jogar não está atrelado apenas ao domínio das
possibilidade de trabalhar com os(as) alunos(as)
habilidades técnicas, pois todo jogo é imprevisível, assim
metas atingíveis e a reflexão sobre como atuar
as ações pedagógicas serão propostas no ambiente de
de forma leal e ética em momentos de grande
jogo que exigirão a percepção, a resolução de problemas,
estresse, sem perder de vista a competividade.
a tomada de decisão e as respostas do ambiente.
Além das questões especificamente esportivas,
as competições são momentos de encontro
que desencadeiam relações sociais complexas,
Abordagem centrada no(a) aluno(a)

de conflito e congraçamento, que devem ser Entende-se como importante estabelecer um diagnóstico
exploradas na perspectiva da aprendizagem. sobre os conhecimentos, os interesses e as necessidades
dos(as) alunos(as), para que seja possível planejar e readequar
Por fim, refletir sobre as experiências vividas
as estratégias, de maneira a tornar mais significativa a
auxilia a sedimentar os aprendizados e a
aprendizagem no momento em que é possível estabelecer
manter o engajamento no esporte.
relações que façam sentido entre o que já conhecem e o novo
conteúdo, e entre o que eles(as) vivenciam no jogo e na vida.
■■Temas transversais
São assuntos que contemplam problemas sociais que
podem incentivar o(a) aluno(a) a refletir e a buscar
Garantir a participação de todos(as)
soluções, contribuindo para uma formação integral.
Criar ambientes convidativos que possibilitem a participação
Devem ser abordados temas que interfiram direta
efetiva dos(as) alunos(as) nas atividades propostas, tanto
ou indiretamente no desenvolvimento das aulas.
em sua construção quanto na execução, enquanto
Para a escolha dos temas a serem desenvolvidos
jogadores(as). Levar em consideração as potencialidades
deve-se respeitar as necessidades e características
individuais e coletivas dos(as) alunos(as), contribuindo para
de cada turma/unidade. Como exemplo propomos
o desenvolvimento de sua autonomia, na medida em que
as questões relacionadas a gênero, sexualidade e a
participa da construção de atividades, da resolução de
pluralidade cultural e racial, também muito evidentes
conflitos e de momentos de reflexão e expressão de ideias.
e carentes de discussão nas práticas esportivas.

Provocar desafios de forma adequada


Orientações didáticas
Proporcionar um ambiente favorável para que o(a)
Nessa faixa etária (10 aos 16 anos), algumas
aluno(a) possa atingir um estado de jogo, entregando-se
dessas orientações serão comuns a ambas
totalmente à prática de maneira que possa mobilizar os
as etapas, e outras específicas da etapa 1
recursos disponíveis para jogar cada vez melhor, sendo
(10 aos 13 anos) ou da etapa 2 (13 aos 16 anos).
assim, incentivado constantemente na busca de novos
conhecimentos. Desse modo, toda vez que o jogo apresentar
níveis de estímulos muito acima ou muito abaixo da
86 87
capacidade de resolução de problemas desse(a) aluno(a), naquelas que estão prestes a alcançar, seja com a ajuda
torna-se necessário alterar a complexidade da tarefa. do(a) educador(a), de colegas e/ou de terceiros.

Garanta momentos de reflexão e expressão de


O estado de jogo diz respeito a atitude de engajamento ideias, situações, conflitos e necessidades.
que o jogo exige (provoca) em seus participantes, de modo
que a alta ou ótima intensidade de concentração leve
o aluno/jogador a dar o máximo de si em prol do que o Valorizar a experimentação
jogo está pedindo e, ele aluno, está entendendo (ou seja,
Criar condições para que os(as) alunos(as) tenham
o que o aluno está entendendo naquele momento que
possibilidade de experimentar, refletir e repetir
o jogo está pedindo) os recursos do aluno/jogador vai se
as diferentes competências envolvidas nos jogos
ampliando à medida que o joga e compreende a lógica do
e nos momentos de êxitos e frustrações.
jogo com mais profundidade e detalhes, fazendo com que
sua leitura melhore a cada jogo. Por isso, a aprendizagem
por meio do jogo respeita o nível de habilidades (recursos)
Promover experiências intergeracionais
dos alunos, acolhendo a todos e possibilitando que todos
se expressem a seu modo e ao seu tempo (melhorando Possibilitar encontros entre as diferentes faixas
à medida da tomada de consciência das ações, as quais etárias, que valorizem e respeitem suas diferenças
ampliam seu leque de possíveis). Alcides Scaglia. e características, amplia as possibilidades de
aprendizagem e trocas de conhecimentos.

Valorize as interações

Olhar para as atividades como um espaço aberto de


Perfil do egresso
aprendizagem é romper com modelos fechados de ensino.
■ Jovem competente: capaz de jogar bem o jogo, com
Sujeito e objeto de conhecimento são sistemas em aberto,
base no desenvolvimento das competências essenciais
sempre interagindo entre si, constituindo-se mutuamente,
relacionadas à gestão do espaço à comunicação na
transformando-se e sempre em via de constituição.
ação e à relação com o implemento, quando houver.
As ações devem proporcionar o aprendizado com
■ Jovem sábio(a): capaz de compreender,
o outro e a troca de conhecimentos. Atente-se
defender e valorizar a cultura esportiva.
para as relações inter e intrapessoais.
■ Jovem comprometido(a): altamente empenhado(a)
nas aprendizagens e no Programa.
Promover ajuda adequada ■ Jovem protagonista: autonomia, relações
Uma intervenção qualificada do(a) educador(a) sociais com valores de solidariedade e respeito
para o ensino de jogos parte do princípio de que mais incorporados e que contribuem para
uma ajuda adequada significa pensar sempre nas uma proposta de transformação social.
competências que os(as) alunos(as) já possuem e
88 89
Introdução: Durante muito tempo, o esporte no Brasil foi
Esporte Adulto aprendizagem inspirado na pirâmide esportiva, que, de forma
genérica, prega a necessidade de se ter uma base
e prática de praticantes ampla (crianças e adolescentes), para
que com base nesse grande contingente os(as) mais
habilidosos(as) ou com maior rendimento ascendam
na pirâmide até chegar ao alto rendimento.

Nessa estrutura, hoje considerada ultrapassada,


não se prevê a participação no esporte ao longo da
vida para todos, o que resultou na falta de propostas
para a participação de adultos fora desse modelo.
Assim, de maneira generalizada, se um(a) adulto(a)
não segue carreira nos esportes, as oportunidades
para o seu envolvimento caem drasticamente.

Dentro dessa lógica, a base está a serviço do ápice60.


O trabalho desenvolvido na base é para selecionar
talentos para o alto rendimento, sem preocupar-se com
o estabelecimento de vínculos das crianças e jovens
com o esporte que possam levar a sua participação
ao longo da vida. Assim, em diversos casos, as pessoas
menos habilidosas são negligenciadas e até mesmo
hostilizadas, criando uma aversão à prática esportiva.

Essa situação reflete-se na baixa oferta de


programas esportivos para adultos que
ofereçam a continuidade do aprendizado em
ambientes que não visem o alto rendimento.

Dessa forma, quando trabalhamos com adultos(as)


na perspectiva do Esporte para Todos (ver p. 9),
devemos entender que o(a) aluno(a) é resultado
desse processo, podendo ter vivenciado experiências
positivas na relação com o esporte, aportando
grande capital esportivo em sua prática, ou trazer
as marcas e os traumas de uma participação
malsucedida (ou mesmo negada) no esporte, ou
ainda ter uma relação distante com os esportes
e ter se interessado apenas na vida adulta.
90 91
Características da ação com alunos adultos Ainda, comparando a relação educador(a)-alunos(as)
entre as diferentes faixas etárias, é comum
Para fins de organização metodológica do PSE,
durante a infância e a adolescência que
consideramos adulto(a) toda e qualquer pessoa com
a hierarquia seja um pressuposto dessa
16 anos ou mais. Assim, se o trabalho com crianças e
interação, o que não acontece nessa fase.
jovens é em uma perspectiva de formação, precisamos
lembrar que o(a) aluno(a) adulto(a) já passou por um Outra importante característica dessa relação é
processo semelhante e, na maior parte dos casos, o fato do(a) educador(a) lidar com um público do
possui grande autonomia. Ou seja, se está envolvido qual ele(a) faz parte, o que pode ser um facilitador,
com um programa esportivo é porque fez essa escolha. visto que o(a) educador(a) em geral tem mais
conhecimento sobre essa cultura, sua dinâmica
Tal decisão é motivada por diversos fatores, como
de vida e suas relações. Ao mesmo tempo, porém,
a busca de uma vida saudável, um ambiente
é necessário estar atento ao risco de projetar
de socialização, de estética e lazer, a melhoria
suas preferências em todos(as) os(as) alunos(as),
do rendimento e a busca por representação
desconsiderando as diferenças de interesses existentes.
(competição) (Uhle, 2017)56. Não devemos nos
esquecer de que as atribuições da vida cotidiana, Observamos também que a ação educativa com
como as responsabilidades da vida adulta, o adultos para além da prática esportiva dá-se de
trabalho, os estudos e as relações sociais, impactam maneira diversa das crianças e jovens, pois, em geral,
as escolhas e a prática desse indivíduo. encontramos alunos(as) com valores e experiências
anteriores consolidados, o que certamente se mostrará
É importante ressaltar que, em alguns casos,
desafiador. Esse fato justifica ainda mais a necessidade
o(a) aluno(a) terá como referência um modelo
de planejamento de momentos que despertem os
de ensino vivenciado no passado e, ao inserir-se
conflitos de valores para que possamos proporcionar
novamente em uma prática, tenha a expectativa
a reflexão, uma vez que propomos uma perspectiva
de que o trabalho se dará da mesma forma. No
educacional de formação integral do indivíduo.
caso do esporte, muitos(as) adultos(as) foram
formados(as) pela pedagogia tradicional (ver o texto Por fim, salientamos que nessa faixa etária está
“A Pedagogia do Esporte pelo olhar interacionista” concentrada a maior parte do público prioritário
na p. 18), o que se reflete em uma expectativa em da ação do Sesc, já que nela encontra-se a
relação à interação aluno(a)-educador(a) na qual maioria dos(as) trabalhadores(as) do comércio
o(a) educador(a) deve transferir seus conhecimentos de bens, serviços e turismo em atividade.
ao(a) aluno(a). Dessa maneira, deve-se romper
com essa lógica e alinhar o trabalho com as
tendências atuais em pedagogia do esporte.

92 93
As mulheres no esporte Esporte Adulto
Historicamente, as mulheres tiveram pouco ou
nenhum acesso à prática de esportes, porém, hoje
em dia, elas batalham por maior inserção nesse meio.
Proposta Objetivo geral
Considerando-se isso, faz-se necessário um olhar atento
às questões histórico-sociais no sentido de facilitar
didático- Oferecer a prática sistematizada de modalidades
esportivas, por meio de procedimentos pedagógicos
o acesso do público feminino à prática esportiva. -metodológica-
que enfatizem as múltiplas possibilidades
Pesquisas indicam que há grande evasão feminina -operacional educacionais e formativas do esporte.
do esporte durante a adolescência. Isso se dá por do Esporte
diversos motivos, mas em especial porque as práticas
Adulto
esportivas foram culturalmente entendidas como Objetivos específicos
mais apropriadas para o público masculino, em
particular no caso do Brasil, onde a monocultura
Ensinar e aprimorar conhecimentos
do futebol esteve presente por muito tempo.
específicos da modalidade.
Os dados de pesquisas atuais mostram que o
Os(As) alunos(as) devem ter capacidade para realizar
número de mulheres adultas sedentárias ainda
ações técnicas, executar condutas táticas e elaborar
é consideravelmente maior que o de homens.
estratégias de jogo, compreendendo tais ações como
Segundo a pesquisa Diesporte (2013), apenas 15%
partes interligadas do funcionamento do jogo.
das mulheres adultas praticam esporte no Brasil.

No intuito de reverter esse quadro, atualmente Desenvolver e aprimorar as capacidades


existem iniciativas e movimentos que tem procurado físicas necessárias para a prática.
chamar a atenção para essa situação e promover
O momento de aula pode e deve ser um espaço para
o empoderamento feminino no esporte.
o trabalho das capacidades físicas, porém entendendo
Nesse sentido, defendemos que o Programa que esse não é o único conteúdo. Desenvolver esse
Sesc de Esportes, incluindo sua gestão e as objetivo implica em educar o(a) aluno(a) para buscar
práticas pedagógicas nele utilizadas, devem a melhoria das capacidades físicas para além do
servir de instrumento para as mulheres se ambiente de aula, de forma autônoma ou orientada.
inserirem no movimento esportivo.

Promover a cultura esportiva.

Criar um ambiente favorável de trocas de


informações e debates a respeito de questões
emergentes do esporte, por meio do estímulo à
pesquisa sobre aspectos da modalidade, buscando
desenvolver um(a) espectador(a) protagonista.
94 95
Desenvolver o autoconhecimento na prática Conteúdos
esportiva, possibilitando a autonomia.
São conteúdos do Esporte Adulto no Sesc:
A autonomia para a prática esportiva é uma temática
do programa e deve ser almejada sempre, a fim ■■Estratégias de jogo, condutas
de incentivar uma rotina ativa. É desejável que táticas e ações técnicas
o(a) aluno(a) seja capaz de avaliar os ambientes de O desenvolvimento e o ensino das ações técnicas
prática e ter consciência sobre a sua possibilidade de devem estar atrelados aos objetivos e condutas táticas
participação (se o jogo está com nível muito elevado, necessários para desempenhar bem as modalidades.
muito abaixo, ou se está com muito contato físico, por A utilização do jogo e suas situações para ensinar
exemplo). Dessa forma, que desenvolva competências a praticar e entender as modalidades é um dos
que lhe permitam buscar outros locais de prática. diferenciais do programa, pois possibilitam a aplicação
da tática associada ao aprendizado da técnica com
base em uma estratégia previamente estabelecida.
Promover um ambiente acolhedor e
favorável à prática esportiva. No que diz respeito às ações técnicas individuais ou
coletivas, elas devem estar atreladas a um objetivo
Os(As) alunos(as) devem expressar os valores
tático, levando em consideração as possibilidades
educacionais e formativos inerentes ao PSE em suas
daquele(a) que executa. O(A) educador(a) deve
relações. Desse modo, devem ser estimulados a
preocupar-se em elaborar situações e jogos que
acolher os(as) demais e a manter uma convivência
possibilitem a execução de ações técnicas de
baseada no respeito mútuo durante as aulas, no
maior ou menor complexidade, em diferentes
intuito de proporcionar um ambiente positivo,
contextos, com base em objetivos previamente
que incentive a permanência no esporte.
selecionados, bem como proporcionar a vivência
e o entendimento de diferentes estratégias.
Incentivar e promover a competição
esportiva, possibilitando a ■■Capacidades físicas
vivência de diferentes papéis. De acordo com o planejamento e as condições das
aulas, faz-se necessário proporcionar momentos
A competição constitui-se como peça-chave no
para o desenvolvimento das capacidades físicas
trabalho com os valores do PSE. Nesse sentido,
(flexibilidade, agilidade, força, resistência, velocidade,
ela deve ser estimulada e tratada como parte
equilíbrio e coordenação motora). A apresentação
fundamental da elaboração do planejamento,
dessas valências e o entendimento de suas relações
oferecendo momentos de reflexão sobre os diferentes
com a modalidade esportiva e com a qualidade de vida
tipos de competição existentes e as formas de
do(a) praticante é fundamental, tanto para promover o
torná-la igualmente educativa, desafiadora e leal.
entendimento dos aspectos que envolvem o esporte,
quanto para incentivar a prática permanente.

96 97
■■Conhecimentos sobre saúde ■■Temas transversais
e qualidade de vida São assuntos que contemplam problemas sociais que
Desenvolver e ampliar o conhecimento sobre o corpo podem incentivar o(a) aluno(a) a refletir e a buscar
e suas possibilidades, influenciando positivamente soluções, contribuindo para uma formação integral.
na adoção de hábitos e comportamentos benéficos Devem ser abordados temas que interfiram direta ou
e favorecendo o entendimento acerca das atitudes indiretamente no desenvolvimento das aulas. Para
que podem auxiliar no desenvolvimento e na a escolha dos temas a serem desenvolvidos, deve-se
manutenção de um estilo de vida saudável. respeitar as necessidades e características de cada
turma/unidade. Como exemplo, propomos as questões
■■Conhecimentos sobre cultura relacionadas a gênero, sexualidade, ética, jogo limpo
esportiva e da modalidade e pluralidade cultural e racial, muito evidentes e
Possibilitar e incentivar a busca por conhecimento carentes de discussão nas práticas esportivas.
sobre o contexto histórico da modalidade,
personalidades de importância e as principais ■■Conceitos sobre competição
competições, promovendo o debate em aula Além do contexto acerca da experiência
de questões emergentes do esporte. Estimular competitiva enquanto conteúdo do Programa,
o acompanhamento dos campeonatos locais entendemos que para o(a) adulto(a) também é
e apoio aos times da cidade in loco. preciso incorporar às aulas conceitos específicos
e reflexões sobre a realização de torneios, como
■■Regras da modalidade diferentes formas de disputa, regulamentos e
Promover o entendimento aprofundado sobre formatos de jogos. Buscar desenvolver com os(as)
as regras e suas atualizações, bem como alunos(as) o conceito de fair play que engloba a
seus impactos na dinâmica do jogo. disputa leal, o saber lidar com a vitória e com a
derrota e a resiliência para competir, entre outros.

Orientações didáticas

Aplicar todo o conteúdo, garantindo que os(as)


alunos(as) tenham ciência das questões tático-técnicas,
socioeducativas e histórico-culturais de maneira
natural e prazerosa é uma tarefa desafiadora. Assim, no
intuito de auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
nas turmas com alunos(as) adultos(as),
recomendamos os seguintes procedimentos:

98 99
■■ Promover o interesse e a participação do(a) aluno(a) festivais, encontros, visitas a clubes,
na aula, utilizando-se de diferentes estratégias de realização de aulas externas e análise de
ensino, para motivar, entusiasmar e proporcionar jogos oficiais (presencial ou por vídeos).
o divertimento e o engajamento na prática.
■■ Possibilitar a vivência de momentos de
■■ Enfatizar o jogo, procurando elaborar as competição, proporcionando situações em
aulas com base em situações que estimulem que os(as) alunos(as) lidem com a derrota, o
a resolução de problemas para exploração e empate e a vitória de maneira equilibrada.
discussão dos conteúdos do planejamento.
■■ Promover discussões sobre temas transversais,
■■ Atentar-se à quantidade de tempo que os(as) princípios e valores, utilizando-se do ambiente
alunos(as) efetivamente estão em ação durante a esportivo para contribuir com o desenvolvimento
aula, utilizando o contexto de jogo para manter os(as) integral do(a) aluno(a), para que ele(a) possa
alunos(as) em movimento a maior parte do tempo. tomar decisões de forma consciente com respeito
e lealdade nas relações esportivas e sociais.
■■ Adequar o planejamento das ações ao perfil da
turma, propondo desafios que levem em conta a
evolução e as características do grupo no momento,
considerando as mudanças que ocorrem com a
Perfil do egresso
entrada e a saída de alunos(as), acarretando na A médio e longo prazo, espera-se que o(a)
alteração do seu nível tático-técnico, por exemplo. participante dos cursos para adultos(as)
do Programa Sesc de Esportes seja:
■■ Construir o planejamento e conteúdo das aulas
coletivamente com os(as) alunos(as), tendo
■■ Adulto(a) jogador(a): indivíduo capaz de selecionar
como base os conhecimentos prévios dos(as)
e executar as melhores respostas para as demandas
participantes, considerando seus objetivos,
que o jogo apresenta, adequando-se às situações
pretensões e expectativas em relação ao curso.
táticas advindas da interação com o(a) oponente
■■ Desenvolver as capacidades físicas utilizando- de acordo com seu nível técnico e que reconheça
se de características e particularidades dos espaços físicos de jogo. Que execute ações com
jogos para trabalhar os conteúdos relacionados vistas a uma participação efetiva no jogo (mesmo
à aquisição e/ou manutenção das mesmas, de que algumas ações ainda possam ser aperfeiçoadas).
forma específica em cada modalidade. Assim Que consiga compreender e participar de
como promover discussões sobre saúde e competições com diferentes modelos de disputa,
qualidade de vida, enfatizando a importância da vivenciando experiências de vitória e derrota com
manutenção de hábitos saudáveis no dia a dia ética e lealdade. Ainda, sinta-se pronto(a) para
e a possibilidade de utilizar o esporte para tal. procurar locais para a prática da modalidade de
■■ Proporcionar diferentes experiências com forma autônoma, sendo capaz de avaliar se o local
a modalidade por meio de intercâmbios, escolhido é adequado ao seu nível de competência.

100 101
■■ Adulto(a) ativo(a): conheça suas possibilidades
físicas, compreendendo a importância de manter-se
fisicamente ativo(a) para manter-se saudável,
entendendo o esporte como possibilidade de prática
voltada para a saúde e não só para o lazer. Assim
como saiba quais são as capacidades físicas e como
elas se relacionam com a modalidade em questão.

■■ Adulto(a) culto(a) esportivamente: desenvolva


um olhar crítico sobre os acontecimentos que
envolvem a modalidade, sua história e seus
personagens, bem como saiba quais são as regras
da modalidade, possíveis variações/atualizações e
algumas interpretações básicas que possam interferir
positivamente em sua conduta durante o jogo.

■■ Adulto(a) apropriado(a) de valores: seja empático


e acolhedor, capaz de se colocar no lugar do
outro. Reconheça e respeite semelhanças
e diferenças em prol do aprendizado e
evolução mútuos, estando aberto à troca de
experiências com pessoas de diferentes faixas
etárias, gêneros e níveis de habilidade.

102 103
Introdução: Observamos nas últimas décadas um crescente
Esporte para Idosos Valorização e aumento na expectativa de vida da população
mundial. No Brasil, dados do IBGE mostram,
Empoderamento em uma projeção, que o número de idosos(as)
da Pessoa Idosa passará de 5,6% da população total no ano 2000
para 13,4% em 2030. Esse notável crescimento
demográfico tem chamado a atenção de diferentes
setores da sociedade para questões referentes ao
envelhecimento humano e seus desdobramentos.

O perfil da pessoa idosa tem mudado com o


passar dos anos. Observa-se hoje uma maior
presença de idosos(as) nos espaços públicos, não
justificado apenas pelo processo de mudança do
perfil demográfico, mas também por sua alteração
comportamental, apresentando, de acordo com valores
contemporâneos, um perfil de pessoas movidas pelo
desejo de viver mais e intensamente, pela busca de
seus direitos e por assumir novos papéis sociais61.

Ao examinar a produção em torno da pessoa idosa,


é possível notar dois extremos distintos: por um lado,
uma afirmação a respeito do envelhecimento como
um momento de perdas e fragilidades e, do outro, um
panorama do envelhecimento como sendo a “melhor
idade”, um momento de alegria plena62. Porém, é
importante considerar que o envelhecimento é um
fenômeno complexo e heterogêneo, resultante das
diferentes experiências biopsicossociais construídas
ao longo da vida, ou seja, cada pessoa vivencia o
próprio envelhecimento de maneira diferente63.

Ainda que as produções em torno do envelhecer


apresentem os extremos, no cotidiano e no senso
comum ainda impera o preconceito em torno da
pessoa idosa. Tal afirmação foi corroborada pela
pesquisa “Idosos no Brasil” (2006), na qual tanto

104 105
idosos(as) quanto não idosos(as) declaram haver Assim, entendemos que o esporte pode “contribuir
preconceito contra a velhice. Na sociedade brasileira, para o desenvolvimento integral do idoso, pois oferece
a imagem do(a) idoso(a) ainda está associada oportunidade para que ele exercite suas múltiplas
essencialmente às fragilidades e perdas que competências, proporcionando mais autonomia,
ocorrem no processo de envelhecimento, podendo possibilidades de expressão corporal e ampliação
levar o indivíduo ao afastamento do convívio social, da comunicação e dos relacionamentos”64.
à perda do seu papel protagonista na sociedade,
Contudo, favorecer o aprendizado por meio do jogo
e, algumas vezes, suprimindo sua autonomia.
de maneira lúdica na velhice demanda atenção a
No que refere-se à área de atividade física, possíveis adequações no planejamento e na prática,
percebe-se a necessidade constante de atenção assim como estratégias didáticas coerentes com o
à demanda por programas que atendam a esse público-alvo. Entender o envelhecimento como um
público, que, de certa forma, encontra-se com processo de equilíbrio entre perdas e ganhos e que um
maior tempo disponível para atividades de lazer. envelhecimento saudável está ligado à preservação
da possibilidade de desenvolvimento contínuo, torna
Os programas para idosos(as) ao longo do tempo
possível perceber a relevância do programa como um
se modificaram. Inicialmente, foram pensados
ambiente que promove novas aprendizagens e valoriza
tendo como característica principal o cuidado com
o conhecimento adquirido ao longo da vida. O papel
a fragilidade dos corpos na velhice. Já há algum
do Programa Sesc de Esportes nessa fase da vida é
tempo, estudos na área vêm demonstrando que a
atuar na construção e fortalecimento de um modelo
fragilidade, ainda que existente, pode ser compensada
comportamental de velhice (aquilo que é esperado
por meio da atividade física, e que a possibilidade
para cada etapa da vida). O esporte na sociedade
de oferta para esse público pode ser ampla, diversa
pode ser visto como inapropriado para idosos(as).
e ao mesmo tempo segura. Contudo, ainda existem
Desconstruir narrativas sedimentadas relacionadas
tabus e territórios inexplorados nesse campo.
ao(à) idoso(a) e o esporte, por meio da própria prática
Um deles é a prática esportiva por idosos(as).
esportiva, atribui ao programa um prazeroso desafio.
Nisto, o Sesc vem atuando de forma protagonista,
antes mesmo do crescimento significativo da
população idosa na pirâmide etária nacional. O
Sesc trouxe à tona a preocupação em refletir sobre
o processo de envelhecimento e em sensibilizar a
sociedade à valorização da pessoa idosa. O Trabalho
Social com Idosos teve início em 1963, seguido pelo
Programa Atividades Físicas para Idosos em 1974
para, no início da década de 1980, refletir sobre as
implicações da prática esportiva para esse público.64

106 107
Promover a afirmação do indivíduo,
Esporte para idosos
seu papel no grupo e protagonismo.

Reconhecer-se como parte integrante do


grupo, compreendendo a importância de
Proposta Objetivo geral
suas ações e sua influência na turma.
didático- Proporcionar a iniciação, a experimentação e a
retomada da prática esportiva sistematizada de forma
-metodológica- Estimular autonomia e reconhecimento
prazerosa, valorizando os elementos socioculturais
-operacional do esporte e contribuindo para a qualidade de vida.
de seus limites e potencialidades.

do Esporte Autonomia para a prática esportiva é uma temática


para Idosos do programa e deve ser almejada sempre, a
Objetivos específicos fim de incentivar uma rotina ativa. Autonomia é
uma questão fundamental na velhice e colabora
Sensibilizar para cuidados com para o estabelecimento de uma rotina ativa. É
a qualidade de vida. desejável que o(a) aluno(a) seja capaz de avaliar os
ambientes (prática esportiva e da vida diária) e ter
Proporcionar aos(às) alunos(as) uma percepção de que
consciência sobre sua possibilidade de execução
uma prática esportiva sistematizada pode contribuir
das tarefas (se o jogo ou a tarefa está adequado às
para melhores condições físicas, mentais e sociais.
suas possibilidades de execução, muito abaixo, ou
se está com muito contato físico, por exemplo).
Desenvolver capacidades físicas
por meio da prática esportiva.
Possibilitar a socialização e a inclusão.
Promover aos(às) participantes alterações positivas
Contribuir para as trocas de experiências e para
em diversos aspectos físicos, como força, equilíbrio,
a criação de vínculos entre os(as) alunos(as) e
agilidade, flexibilidade, coordenação motora, entre
estimular o acolhimento de novos(as) participantes
outros, o que contribuirá para uma mudança
por meio de um ambiente favorável.
favorável na execução das tarefas cotidianas.

Problematizar a relação entre


Ensinar princípios operacionais
esporte e idosos(as).
dos diferentes jogos.
Gerar consciência sobre o estereótipo do(a) idoso(a)
Desenvolver ações técnicas e condutas táticas
no esporte e apresentar possibilidades de atuação
das modalidades e, assim, viabilizar a prática
como participante, competidor(a) ou espectador(a).
esportiva de forma autônoma, para que
o(a) aluno(a) possa compreender as ações
individuais e coletivas dentro do jogo.

108 109
Ampliar a cultura esportiva. ■■Capacidades físicas
De acordo com o planejamento e as condições das
Criar um ambiente favorável de trocas de informações
aulas, faz-se necessário proporcionar momentos
e debates a respeito de questões emergentes do
para o desenvolvimento das capacidades físicas
esporte, por meio do estímulo à pesquisa e do resgate
(flexibilidade, agilidade, força, resistência, velocidade,
das memórias e experiências sobre a modalidade.
equilíbrio e coordenação motora). A apresentação
dessas valências e o entendimento de suas relações
com a modalidade esportiva e com a qualidade de vida
Conteúdos
do(a) praticante é fundamental, tanto para promover o
■■Estratégias de jogo, condutas entendimento dos aspectos que envolvem o esporte,
táticas e ações técnicas como também para incentivar a prática permanente.
O desenvolvimento e o ensino das ações técnicas
■■Conhecimentos sobre cultura
devem estar atrelados aos objetivos e condutas táticas
esportiva e da modalidade
necessários para desempenhar bem as modalidades.
Possibilitar o conhecimento e incentivar a busca
A utilização do jogo e suas situações para ensinar
por conhecimento sobre o contexto histórico da
a praticar e entender as modalidades é um dos
modalidade, as personalidades de importância e
diferenciais do programa, pois possibilitam a aplicação
as principais competições, promovendo o debate
da tática associada ao aprendizado da técnica com
em aula de questões emergentes do esporte.
base em uma estratégia previamente estabelecida.

No que diz respeito às ações técnicas individuais ■■Relações interpessoais e intrapessoais


ou coletivas, elas devem estar atreladas a um Evidenciar as dinâmicas de inclusão/exclusão existentes
objetivo tático, levando em consideração as no grupo e promover a integração e acolhimento
possibilidades daquele que executa. O(A) educador(a) dos(as) alunos(as), enfatizando a importância da
deve preocupar-se em elaborar situações e participação de todos(as) na construção coletiva.
jogos que possibilitem a execução de ações
técnicas de maior ou menor complexidade, em ■■Regras da modalidade
diferentes contextos, com objetivos previamente Promover o entendimento aprofundado
selecionados, bem como proporcionar a vivência sobre as regras, suas atualizações e seus
e o entendimento de diferentes estratégias. impactos na dinâmica do jogo.

Para turmas multimodalidades, a organização desse ■■Temas transversais


conteúdo deve levar em conta as famílias dos jogos e a São assuntos que contemplam problemas sociais que
as modalidades que serão trabalhadas ao longo do ano. podem incentivar o(a) aluno(a) a refletir e a buscar
soluções, contribuindo para uma formação integral.
Devem ser abordados temas que interfiram direta
ou indiretamente no desenvolvimento das aulas.

110 111
Para a escolha dos temas a serem desenvolvidos, ■■ Utilizar linguagem/comunicação adequada:
deve-se respeitar as necessidades e características procurar não enfatizar estereótipos sociais, utilizar
de cada turma/unidade. Como exemplo, propomos fala adequada a um(a) adulto(a) e evitar termos
as questões relacionadas a preconceitos, exclusão, infantilizados como “pézinho” e “mãozinha”.
velhice, gênero, sexualidade, ética, jogo limpo e
■■ Dar feedbacks para os(as) alunos(as): promover
pluralidade cultural e racial, muito evidentes e
momentos de autorreflexão com intervenções
carentes de discussão nas práticas esportivas.
pontuais (feedbacks) no decorrer das atividades.

■■Conceitos sobre competição ■■ Planejamento participativo com os(as) alunos(as):


Além do contexto acerca da experiência competitiva estabelecer um diálogo prévio com os(as)
enquanto conteúdo do Programa, já abordado no participantes, para alinhar expectativas e discutir
texto a respeito do Esporte Jovem (ver “Conteúdos” coletivamente uma proposta de conteúdos a
do Esporte Jovem na p. 85), entendemos que serem desenvolvidos ao longo do processo de
para o(a) idoso(a) também é preciso incorporar aprendizagem, incluindo modalidades, temáticas,
às aulas conceitos específicos e reflexões sobre visitas monitoradas, participação de eventos e
a realização de torneios, como diferentes formas festivais externos ou necessidade de contratações.
de disputa, regulamentos e formatos de jogos. ■■ Anamnese: por trabalharmos com um público
suscetível aos riscos acometidos pela idade,
deve-se elaborar um questionário com informações
Orientações didáticas: pessoais sobre o histórico de saúde e esportivo,
Para auxiliar o trabalho do(a) educador(a) junto detalhando experiências anteriores. Considerar
ao público discriminado, elencamos alguns que em um mesmo grupo podemos encontrar
tópicos para facilitar o processo pedagógico pessoas que vivem em diferentes contextos sociais
de ensino e aprendizagem da turma. e que possuem diferentes históricos de vida pode
nos apresentar questões a serem trabalhadas
■■ Planejar as ações seguindo as diretrizes do em aula. Recomendamos que o(a) educador(a)
Programa Sesc de Esportes: ter domínio dos acompanhe o preenchimento junto ao(à)
conceitos e conteúdos deste documento norteador, aluno(a), com o objetivo de obter respostas mais
buscando manter o planejamento alinhado. aprofundadas sobre a saúde e o estilo de vida.

■■ Favorecer a participação efetiva de todos(as): ■■ Explore o universo das famílias dos jogos: verificar
elaborar atividades em que haja a possibilidade na unidade os recursos humanos (grade de
de participação de todos(as), pensar na horários dos(as) educadores(as), conhecimento
necessidade (ou não) de adequações de e familiarização com o tema), materiais e espaço
espaços, materiais ou regras e considerar as físico para listar as modalidades possíveis de
potencialidades e limitações individuais. serem trabalhadas antes de escolher os conteúdos
que serão desenvolvidos no período do curso.

112 113
■■ Participação em encontros e ■■ Veterano(a) empático(a)/social: que ao longo do
competições esportivas. processo de ensino aprendizagem, o(a) aluno(a)
consiga identificar-se enquanto indivíduo, sendo
■■ Utilizar recursos de diferentes linguagens
parte importante da turma ao entender que
para facilitar a aprendizagem: vídeos,
suas ações influenciam o grupo. Para que isso
documentários, músicas, teatro, dança, entre
aconteça, ele(a) deve atuar de forma responsável,
outros recursos, podem ser utilizados para
respeitosa, tolerante e ética, considerando os
ampliar o entendimento dos(as) alunos(as) sobre
interesses do grupo. É desejável que o(a) aluno(a)
a modalidade trabalhada, seu contexto histórico
consiga colocar-se no lugar do(a) outro(a), entender
e possibilidades de adequação à sua realidade.
e valorizar as diferenças, convivendo com elas
de forma harmoniosa, e que ele(a) reconheça
a importância da participação de todos(as).
Perfil do(a) aluno(a) veterano(a)
■■ Veterano(a) autônomo(a): que o(a) aluno(a) consiga
Diferentemente das outras faixas etárias
tomar decisões de forma independente, baseadas
do Programa Sesc de Esportes, nas quais
no autoconhecimento e na percepção de suas
encontramos um perfil do(a) aluno(a) egresso,
possibilidades físicas e emocionais, aproveitando
no Esporte para Idosos esperamos encontrar um
a oportunidade de colocá-las em prática no
perfil de(a) “aluno(a) veterano(a)”, considerado
momento apropriado; dessa forma, ele(a) poderá
como frequentador(a) experiente do curso.
perceber os conflitos internos e externos expostos
■■ Veterano(a) esportista: é esperado que o(a) aluno(a) pelo jogo como oportunidades de crescimento.
veterano(a) seja capaz de jogar e solucionar conflitos
■■ Veterano(a) ativo(a): que os(as) alunos(as) possam
inerentes do esporte, compreender regras, funções
reconhecer mudanças positivas em sua qualidade
individuais e coletivas dentro do jogo, interagir
de vida, percebendo seus efeitos na esfera
com a imprevisibilidade do esporte, mostrar
biopsicossocial (fatores biológicos, psicológicos
pró-atividade na resolução de problemas, assim
e sociais), identifiquem possíveis alterações em
como inteligência para lidar com as diferentes
suas capacidades físicas, bem como elas podem
demandas da modalidade. Que ele(a) se inspire a
influenciar em sua capacidade funcional.
buscar elementos históricos como origem, regras,
personagens e fatos de modalidades esportivas, ■■ Veterano(a) engajado(a): que ele(a) reconheça
possibilitando o entendimento específico as possibilidades de convivência como
dentro de um contexto histórico-cultural. participante, competidor(a) ou espectador(a),
sendo capaz de influenciar e multiplicar
essa perspectiva para outros ambientes.

114 115
Anexo 1 – Quadros operacionais
Anexos
Tendo como uma das premissas do Programa
Sesc de Esportes a ocupação ótima dos espaços,
mantendo a qualidade da proposta pedagógica na
oferta de atividades aos(às) participantes, elaboramos
orientações para a operação do programa em cada
uma das faixas etárias. Além do conteúdo pedagógico,
salientamos que tais indicações são fruto da avaliação
de experiências já existentes nas unidades, bem
como de discussões nos grupos de trabalho.

Ressaltamos que o PSE prevê a gratuidade em


todas as suas ações, visto que o programa está
vinculado ao PCG (Programa de Comprometimento
à Gratuidade). Assim, os exames dermatológicos
e clínicos, quando necessários e se ofertados pela
unidade, não devem ser cobrados para os(as)
alunos(as) do Programa Sesc de Esportes.

116 117
Quadro Número de alunos(as): entre 15 e 20 vagas, Quadro Número de alunos(as): entre 20 e 30 vagas,
dependendo das condições existentes na unidade. dependendo das condições existentes na unidade.
operacional: operacional:
Esporte Criança Carga horária: até 2 vezes por Esporte Jovem Carga horária: 2 vezes por semana, com
semana, com duração de 1h. duração de 2h . Considerando que se trata
3 a 6 anos 10 a 13 anos
de uma turma multimodalidades, um tempo
Recursos humanos: ao menos 2 pessoas por turma
inferior certamente comprometerá o alcance
– 1 educador(a) e 1 estagiário(a), ou 2 educadores(as) –,
dos objetivos institucionalmente definidos.
se possível um homem e uma mulher, visto as diversas
necessidades de acompanhamento dos(as) alunos(as). Recursos humanos: um(uma) educador(a) por turma,
se possível com o acompanhamento de um(uma)
estagiário(a), visto as diversas necessidades de
Quadro Número de alunos(as): entre 20 e 30 montagem, desmontagem e organização da turma.
vagas por educador(a), dependendo das
operacional: Especificidade pedagógica: o programa prevê a
condições existentes na unidade.
Esporte Criança oferta de 4 modalidades por turma, sendo que as
Carga horária: 2 vezes por semana, com duração de modalidades escolhidas devem pertencer a pelo
6 a 10 anos
2h30 a 3h30 – Incluído o momento de lanche/refeição. menos 3 famílias de jogos diferentes. É desejável que
as modalidades sejam trabalhadas em cargas horárias
Recursos humanos: 1 educador(a) a cada 20-30
equivalentes. Além disso, é possível a oferta de lanche/
alunos(as), se possível com o acompanhamento
refeição para os(as) alunos(as), fora do horário de aula.
de estagiário(a), visto as diversas necessidades de
montagem, desmontagem e organização da turma.

Especificidade pedagógica: o programa prevê


a oferta gratuita de lanche/refeição para os(as)
alunos(as). Entendemos que o momento do lanche
é também um momento de aprendizagem, por isso,
ele deve ser acompanhado pelos(as) educadores(as)
e estar dentro da carga horária do curso.

118 119
Quadro Número de alunos(as): varia conforme a modalidade Quadro Número de alunos(as): varia conforme a modalidade
oferecida – para esportes coletivos de quadra e oferecida – para esportes coletivos de quadra e campo
operacional: operacional:
campo society, entre 25 e 30 vagas; para as outras society, sugerimos uma oferta entre 25 e 30 vagas; para
Esporte Jovem deve-se levar em consideração os espaços disponíveis,
Esporte Adulto as outras deve-se levar em consideração os espaços
13 a 16 anos bem como os objetivos descritos no programa, (A partir disponíveis, bem como os objetivos descritos no
buscando sempre a ocupação ótima dos espaços. programa, buscando sempre a maior oferta de vagas.
de 16 anos)
Carga horária: 2 vezes por semana, Carga horária: 1 ou 2 vezes por semana,
com duração mínima de 1h30. com duração de até 2h.

Recursos humanos: um(uma) educador(a) por Recursos humanos: um(uma) educador(a) por turma,
turma, se possível com o acompanhamento se possível com o acompanhamento de um(uma)
de um(uma) estagiário(a). estagiário(a), visto as diversas necessidades de
montagem, desmontagem e organização da turma.
Observação: é possível a oferta de lanche/refeição
para os(as) alunos(as), fora do horário de aula. Especificidade Pedagógica: o programa prioriza
a participação plena de diferentes públicos nas
turmas de modalidades. Nesse sentido, tendo
como objetivo acolher os(as) interessados(as)
sempre que ofertarmos uma turma única da
modalidade, devemos prever a participação tanto
de alunos(as) iniciantes quanto de alunos(as)
experientes. Nesse caso, a turma levará apenas o
nome da modalidade (p. ex: Esporte Adulto Futsal).

Porém, quando houver demanda de público e


instalações disponíveis, é possível à unidade dividir
o programa em duas turmas, por exemplo:

■■ Esporte Adulto – Iniciação ao Vôlei

■■ Esporte Adulto – Clube do Vôlei

Em qualquer um dos casos, as turmas devem


seguir as mesmas premissas pedagógicas
e norteadoras do PSE, sendo importante
selecionar e dimensionar os conteúdos de cada
turma de acordo com o conhecimento dos(as)
alunos(as) acerca da modalidade em questão.

120 121
Quadro Número de alunos(as): varia conforme a modalidade Depois de tal oferta, havendo interesse do público,
oferecida. Turmas multimodalidades ou específicas disponibilidade de espaços e pessoas, é possível
operacional:
de esportes coletivos de quadra e campo society, oferecer turmas de modalidades específicas. Existe
Esporte para entre 25 e 30 vagas; para as outras deve-se levar em uma grande demanda pelo Vôlei Adaptado, porém
Idosos consideração os espaços disponíveis, bem como essa não deve ser a única modalidade trabalhada
os objetivos descritos no programa, buscando de forma específica no programa. Podemos citar
(A partir
sempre a ocupação ótima dos espaços. outras modalidades que já possuem turmas
de 60 anos) específicas em unidades do regional de São
Carga horária: 2 vezes por semana,
Paulo, como o Karatê e a Ginástica para Todos.
com duração de até 1h30.
Nesses casos, a turma levará o nome da modalidade,
Recursos humanos: um(uma) educador(a) por turma,
por exemplo: Esporte para Idosos – Karatê.
se possível com o acompanhamento de um(uma)
estagiário(a), visto as diversas necessidades de
montagem, desmontagem e organização da turma.

Especificidade pedagógica: o programa prioriza a


participação plena de diferentes públicos nas turmas
visando o resgate ou desenvolvimento das habilidades
esportivas. Nesse sentido, tendo como objetivo acolher
os(as) interessados(as), partimos do pressuposto que
turmas específicas podem ser excludentes ou pouco
receptivas a novos(as) participantes. Assim, com o
objetivo de acolher o maior número de pessoas, as
unidades devem oferecer turmas multimodalidades.
Ressaltamos que as turmas multimodalidades
não devem ser tratadas ou planejadas como
espaço apenas de vivências e experimentações
esportivas. Assim, deve-se ter em perspectiva a
necessidade de desenvolver a aprendizagem das
modalidades escolhidas, de forma que o(a) aluno(a)
sinta-se apto(a) a praticar o esporte dentro de suas
possibilidades, ainda que de forma adaptada.

122 123
Anexo 2 – As famílias Famílias ‫ ٲٲ‬Jogos de invasão.

dos jogos: proposta de de jogos – ‫ ٲٲ‬Jogos de lutas.

organização para o Programa Proposta PSE ‫ ٲٲ‬Jogos de rebater.

‫ ٲٲ‬Jogos de marca.
Sesc de Esportes
‫ ٲٲ‬Jogos de expressão.
Para alcançar os objetivos do programa adotamos
uma proposta de ensino baseada nas competências Essa proposta surgiu nos debates do grupo de
essenciais para desenvolver uma metodologia trabalho “Esporte Jovem” e foi incorporada pelos
de ensino por meio do jogo e centrada no(a) grupos das demais faixas etárias, tentando sistematizar
aluno(a). Levando em consideração as diversas um modelo de trabalho que possibilite mostrar o
características que cada jogo possui, as modalidades universo da cultura esportiva de forma ampla.
esportivas podem ser classificadas em famílias
Apoiando-se em exemplos mais consolidados já
de jogos. Apresentaremos aqui uma proposta
existentes na literatura, definimos as famílias: “Jogos
que foi definida de acordo com as referências
de invasão”, “Jogos de lutas” e “Jogos de rebater”.
funcionais dos esportes e subdivididas de
Entretanto, a nossa proposta foi além com o objetivo
acordo com suas referências estruturais.
de ser ampla e entendemos que é necessário um
As competências essenciais gerais variam de aprofundamento maior a respeito das competências e
acordo com as características de cada família. De referências nas famílias “Jogos de marca” e “Jogos de
maneira geral, quando no jogo existe uma relação expressão” a partir da publicação deste documento.
de oposição direta (os(as) dois(duas) jogadores(as)/
times tem ações de ataque e defesa) as competências
são a gestão do espaço de jogo, a comunicação na
ação e a relação com o implemento ou sem ele.

O exemplo clássico são os jogos de invasão,


que por meio de suas referências funcionais os
conferem uma lógica semelhante, possibilitando
a transferência de aprendizado entre eles e
seu agrupamento em uma mesma família.

Ainda, levamos em consideração as referências


estruturais (alvo, implemento, parceiros, adversários,
campo de jogo e regras específicas), que nos
possibilitam uma maior aproximação entre
determinadas modalidades, ao mesmo tempo
em que as definem de forma mais específica.

124 125
Caracterização Jogos de invasão Jogos de rebater

das famílias Jogos coletivos em que prevalece a invasão Jogos coletivos ou individuais em que os atos de bater
ao campo adversário para marcar pontos, e/ou rebater caracterizam a continuidade do jogo
dos jogos
subdivididos com base na predominância em e a marcação de pontos, com ou sem a utilização
relação ao uso das mãos, pés ou implementos. de implementos e a divisão do campo por rede.

Subdivisões: Subdivisões:

■■ Jogos de bola nos pés: futebol e futsal. ■■ Jogos com rede sem implementos: voleibol,
vôlei de praia, futevôlei, biribol e peteca.
■■ Jogos de bola nas mãos: basquete, handebol,
rúgbi, futebol americano e polo aquático. ■■ Jogos com rede e implemento: tênis, tênis de
mesa, badminton, tamboréu e quimbol.
■■ Jogos com implementos: hockey e lacrosse.
■■ Jogos com implemento sem rede:
beisebol, softbol, críquete e squash.
Jogos de lutas

Jogos individuais de combate corporal caracterizados


por ações de ataque e defesa, subdivididos com
base no tipo de contato com o oponente.

Subdivisões:

■■ Lutas de contato contínuo: judô, jiu jitsu,


luta greco-romana, sumô e luta olímpica.

■■ lutas de contato intermitente sem


implemento: boxe, karatê-do, tae kwon
do, kung fu, muay thai e capoeira.

■■ Lutas de contato intermitente com


implemento: esgrima, kendô e ninjutsu.

126 127
Jogos de marca Jogos de expressão

Jogos individuais ou coletivos com o objetivo Jogos individuais ou coletivos caracterizados


de alcançar a melhor marca classificada pela expressão harmônica do movimento
(medida) por tempo, distância ou alvo. em atividades gímnicas, esportivas e demais
manifestações da cultura corporal.

Subdivisões:
Subdivisões:
■■ Jogos de marca com oposição direta por tempo:
ciclismo de estrada, corrida de rua, corridas de pista ■■ Ginásticas: GPT, GA, GR, ginástica de trampolim,
acima de 800m, travessia aquática, entre outros. ginástica acrobática, patinação artística,
nado sincronizado e salto ornamental.
■■ Jogos de marca com oposição indireta
por tempo: corridas de pista raiadas, ■■ Atividades esportivas: skate e dança esportiva.
natação, escalada, remo, entre outras.
■■ Com oposição direta: surfe.
■■ Jogos de marca por distância: Saltos,
lançamentos e Arremessos.

■■ Jogos de marca com oposição direta – alvo:


bocha, petanca, curling e shuffleboard.

■■ Jogos de marca com oposição indireta – alvo:


tiro com arco, Golfe, dardo, entre outros.

128 129
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SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente do Conselho Regional


Abram Szajman

Diretor do Departamento Regional


Danilo Santos de Miranda

Superintendentes
Técnico-social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração
Luiz Deoclécio M. Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli

Gerentes
Desenvolvimento Físico Esportivo Maria Luiza Souza Dias Estudos e
Desenvolvimento Marta Raquel Colabone Artes Gráficas Hélcio Magalhães

Equipe Sesc
Alessandra Galvão, Alexandre Carvalho, Ana Carolina Beltran, Andreia Beltrão, Airton
Magalhães, Bartira Palma, Bruna Fulgêncio, Camile Lopes Magalhães, Carina Sarruge,
Cristiano Medeiros, Daniel Leite, Débora França, Diego Fernandez, Eduardo Blaz,
Eduardo Magiolino, Eduardo Uhle, Emerson Terceros, Erich Lentini, Fábio Henrique
dos Anjos, Fabiane da Silva, Fabrício Souza, Felipe Dutra, Fernando Goulart, Fernando
Marineli, Gabriel Damasco, Gabriela Pergentino, Giane de Moraes, Gustavo Zani, Iã Paulo
Ribeiro, Igor Belo, Jéssica Pinheiro, Julia Nogueira, Juliana Wong, Juliana Roque, Karina
Musumeci, Lourdes Teixeira Benedan, Luciane Pierin, Luiz Eduardo Coelho, Marcos
Antonacci Hessel, Maria Cecília Marrara, Mariana Fuschillo, Mário Augusto Silveira,
Maurício Hessel, Monica Queiroz, Nicole Chiba, Paula Requena, Paulo Castilho, Paulo
Colli, Paulo Coutinho Willig, Peter Lanes, Renata Ruivo, Regiane Galante, Ricardo Oliveira,
Ricardo Silvestre, Rodrigo Machado, Rogério Ianelli, Tatiana Tiziano, Tatiana Vieira,
Thabata Ventura, Thiago Xavier, Vagner Martins, Wanderson Pereira, Wellington Briza.

Consultores Acadêmicos Alcides José Scaglia, Ambleto Ardigó


Júnior, Fábio Luiz D’Angelo, Larissa Rafaela Galatti.

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