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Programa de Extensão e Pesquisa “De mãos dadas com Antônio Pereira: acolhimento e
empoderamento dos moradores e concretização dos objetivos do desenvolvimento
sustentável do distrito de Antônio Pereira, Ouro Preto, Minas Gerais” - UFOP / IFMG
Campus Ouro Preto / UFV / FAPEMIG (APQ - 03101-22)

Curso de Extensão “Saúde mental nas escolas e fora delas”

2023 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A
responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.

Elaboração, distribuição e informações:


Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Pró-reitoria de extensão e cultura - PROEX
Campus UFOP - Morro do Cruzeiro
Bauxita, Ouro Preto - MG
CEP 35402-163

Coordenação Geral
Aisllan Diego de Assis - Escola de Medicina / UFOP
Adriana Maria de Figueiredo - Escola de Medicina / UFOP
Rosângela Minardi Mitre Cotta - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Siomara Aparecida da Silva - Escola de Educação Física / UFOP

Participação
Irisa Seabra - Escola de Medicina / UFOP
Jacyra Aparecida Meireles Rosa - Centro Promocional e Educacional Padre Ângelo
Marta Maria Neves Corrêa - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais –
FAPEMIG
Emily de Souza Ferreira - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Érica Aparecida Coelho - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Thainá Cristina Gonçalves de Aguiar - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Thales Lopes da Silva - Instituto de Filosofia e Artes / UFOP
Amanda Corrado - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais / FAPEMIG

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Coordenação Geral
Aisllan Diego de Assis - Escola de Medicina / UFOP
Adriana Maria de Figueiredo - Escola de Medicina / UFOP
Rosângela Minardi Mitre Cotta - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Siomara Aparecida da Silva - Escola de Educação Física / UFOP

Participação
Irisa Seabra - Escola de Medicina / UFOP
Jacyra Aparecida Meireles Rosa - Centro Promocional e Educacional Padre Ângelo
Marta Maria Neves Corrêa - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais –
FAPEMIG
Emily de Souza Ferreira - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Érica Aparecida Coelho - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Thainá Cristina Gonçalves de Aguiar - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Thales Lopes da Silva - Instituto de Filosofia, Artes e Cultura / UFOP
Amanda Corrado - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais / FAPEMIG

Colaboração
Marcela Alves de Lima Santos - Escola de Medicina / UFOP
Alexandre Costa Val - Escola de Medicina / UFOP
Marina de Lucca - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Glauce Dias da Costa - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde / UFV
Ana Paula de Oliveira - Secretaria de Estado da Educação – São Paulo / SP
Mirelly Lopes Beltrame - Psicomotricista Relacional e Psicóloga – Recife / PE
Valeria Priscila de Oliveira - Psicomotricista e Psicóloga – Belo Horizonte /MG

Arte da capa Impressão e acabamento


Caio Felipe Silva Gomes Schott Gráfica
Escola de Medicina / UFOP Belo Horizonte / MG

Diagramação e arte gráfica Tiragem


Daniel Vieira 200 exemplares
KMA Soluções Gráficas

Ficha Catalográfica
Assis, Aisllan Diego de.
Manual Saúde mental nas Escolas e fora delas /Aisllan Diego de Assis,
Adriana Maria de Figueiredo, Rosângela Minardi Mitre Cotta, Siomara
Aparecida da Silva (coordenação). Ouro Preto: UFOP, 2023.

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Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças

Eu queria uma escola que cultivasse ir formando corretamente


a curiosidade de aprender os conceitos matemáticos,
que é em vocês natural. os conceitos de números,
as operações… pedrinhas…
Eu queria uma escola que educasse só porcariinhas!… fazendo vocês
seu corpo e seus movimentos: aprenderem brincando…
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal. Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de uma escola
Eu queria uma escola que lhes em que tenham que copiar pontos.
ensinasse tudo sobre a natureza, Deus que livre vocês de decorar
o ar, a matéria, as plantas, os sem entender, nomes, datas, fatos…
animais, Deus que livre vocês de aceitarem
seu próprio corpo. Deus. conhecimentos “prontos”,
Mas que ensinasse primeiro pela mediocremente embalados
observação, pela descoberta, nos livros didáticos descartáveis.
pela experimentação. Deus que livre vocês de ficarem
E que dessas coisas lhes ensinasse passivos, ouvindo e repetindo,
não só o conhecer, como também repetindo, repetindo…
a aceitar, a amar e preservar.
Eu também queria uma escola
Eu queria uma escola que lhes que ensinasse a conviver, a
ensinasse tudo sobre a nossa história coooperar,
e a nossa terra de uma maneira a respeitar, a esperar, a saber viver
viva e atraente. em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
Eu queria uma escola que lhes
transformar e criar.
ensinasse a usarem bem a nossa
Que lhes desse múltiplos meios de
língua,
vocês expressarem cada
a pensarem e a se expressarem
sentimento,
com clareza.
cada drama, cada emoção.
Eu queria uma escola que lhes
Ah! E antes que eu me esqueça:
ensinassem a pensar, a raciocinar,
Deus que livre vocês
a procurar soluções.
de um professor incompetente.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos
para que vocês pudessem Carlos Drummond de Andrade

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Apresentação

Este manual faz parte do material didático-pedagógico do curso


de extensão “Saúde Mental nas escolas e fora delas”, que foi elaborado
para educadores e membros da comunidade das escolas do distrito
histórico de Antônio Pereira, em Ouro Preto, Minas Gerais. O curso de
extensão faz parte do programa de extensão e pesquisa “De Mãos
Dadas com Antônio Pereira: acolhimento e empoderamento dos
moradores e concretização dos objetivos do desenvolvimento
sustentável do distrito de Antônio Pereira, Ouro Preto, Minas Gerais”
realizado por equipe de professores, estudantes e técnicos da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), do Instituto Federal de
Minas Gerais - Campus Ouro Preto (IFMG), da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), em parceria com a comunidade do distrito, empresas
e instituições públicas de saúde e educação.
Antônio Pereira é um território, na região rural de Ouro Preto,
em que se entrelaçam as vivências da relação ambígua com a
mineração, fonte de trabalho e de riscos. Neste território, se alinha
uma parceria entre diferentes setores para a construção de um curso
que aborda a saúde mental “dentro das escolas e fora delas”. Neste
contexto se constituiu a demanda de trabalhar com as comunidades
das escolas de Antônio Pereira, a saúde mental, duplamente
sobreposta pelos desdobramentos da vivência da insegurança
ambiental deste distrito que se encontra às margens de uma barragem
em descomissionamento e pelos impactos da pandemia de covid-19 no
cotidiano das escolas.
Durante o ano de 2023, foram realizadas as “Rodas de Conversa
- Saúde Mental nas Escolas” em todas as unidades escolares do distrito
(públicas municipais e estaduais, comunitária e privada) com objetivo
de acolher educadores e educadoras, aprender os sentidos da saúde
mental na escola e elaborar os temas e necessidades formativas que
compuseram este manual. Por meio do vínculo, acolhimento e da

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partilha de saberes e práticas foi possível elaborar um conjunto de
reflexões, técnicas e dicas que podem apoiar os educadores na
promoção da saúde mental e do bem-estar nas escolas, juntamente
com as famílias e comunidade.
Para que esse processo formativo alcance seus objetivos,
contamos com o envolvimento de todos na descoberta de novos
caminhos e na criação de melhores alternativas para enfrentar os
desafios que envolvem o tema da Saúde Mental. Faz-se necessário
considerar as singularidades de cada situação e as possibilidades de
traçar formas de tratamento e de construção de redes de cuidado
voltadas para a defesa da vida das pessoas.
Esperamos que o Manual Saúde Mental nas Escolas e Fora
delas possa ser um instrumento para construção da escola acolhedora,
onde educadores, estudantes, familiares e toda a comunidade possam
vivenciar e acolher suas emoções e sentimentos e, de maneira especial,
fazer da escola um espaço de diálogo e paz.

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Sobre o curso

O curso de extensão “Saúde Mental nas Escolas e Fora Delas”


está organizado em três ciclos formativos - Integrando corpo, Mente e
Território nas escolas; Abordagem psicossocial da saúde mental nas
escolas e fora delas; Promoção do bem-estar e da saúde mental nas
escolas e fora delas. Os ciclos formativos são dimensões de organização
do curso, que buscam dar integralidade e circularidade aos saberes e
práticas compartilhados nos encontros formativos do curso.
Esses ciclos formativos são realizados em sete encontros
presenciais, envolvendo 150 educadores das escolas do distrito de
Antônio Pereira. Os participantes são acolhidos com as Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), participam de
conferência com especialistas convidados, sendo divididos em grupos,
chamados Rodas Formativas. Apoiados por tutores do curso
(profissionais especializados da rede de saúde, assistência social e
educação), realizam práticas grupais voltadas para sensibilização e
aprendizado dos conteúdos, além de se preparar para realizar as
tarefas do curso, na forma de atividades de dispersão, durante o
intervalo dos encontros formativos, garantindo a aplicação imediata
dos conhecimentos e aprendizados do curso diretamente nas escolas.
Os encontros formativos estão organizados em temas que se
integram na construção da escola acolhedora. O primeiro encontro
formativo “Os sentidos da saúde mental nas escolas e fora delas” abre
o curso com o convite “Vamos falar de saúde mental?”. As técnicas e
práticas corporais da psicomotricidade são experimentadas no
segundo encontro formativo com objetivo de resgatar “os corpos da
escola”. No terceiro encontro formativo a saúde mental e acolhimento
dos atingidos e atingidas é tematizado de modo a integrar corpo,
mente e território nas escolas.
O quarto e quinto encontros formativos do curso integram
reflexões e práticas em torno da construção da rede de saúde mental
nas escolas e no enfrentamento da violência escolar, preconceitos e

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discriminações na escola. Nestes encontros formativos, faz-se o
convite para construção de espaços, relações e encontros entre
comunidade, profissionais e escolas por meio do diálogo e da paz.
Os dois últimos encontros formativos centram-se na construção
da escola acolhedora, pelo uso do empoderamento e Comunicação Não
Violenta (CNV), além das práticas grupais voltadas para a
humanização dos espaços e relações nas escolas e fora delas. O “Varal
da Saúde Mental” é uma bela forma de fazer da escola um lugar para
se expressar os sentimentos, resolver problemas e empoderar os
sujeitos da escola e da comunidade.
O objetivo do curso transcende os conteúdos, práticas e saberes
partilhados nele. A realização do curso busca concretizar a esperança
e utopia de que a educação muda as pessoas, e essas, podem mudar o
mundo, como nos ensinou o mestre Paulo Freire. E para isso,
merecemos e precisamos do acolhimento para realizar as mudanças
necessárias e para se ter a “Saúde Mental nas Escolas e fora delas”.

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SUMÁRIO

Apresentação 7
Sobre o curso 9
Integrando corpo, mente e território nas escolas - 1º ciclo formativo
1º Encontro Formativo 16
Os sentidos da saúde mental nas escolas e fora delas 17
Introdução – Vamos falar de saúde mental? 17
O cuidado da saúde mental nas escolas e na comunidade 19
Acolhendo as diferenças, enfrentando os preconceitos 19
Caixa de Ferramentas dos Educadores 21
Roda Formativa 25
1ª Tarefa do curso 27
2º Encontro Formativo 31
O corpo da escola como território de saber, afetos e valor existencial 32
Introdução 32
Que corpo é esse ao qual pretende-se trabalhar? De que corpos estamos
falando? 33
O corpo para a psicomotricidade nos corpos da escola 34
Caixa de Ferramentas dos Educadores 35
Roda Formativa 41
2ª Tarefa do curso 42
3º Encontro Formativo 47
Acolhimento das pessoas atingidas e cuidado em saúde mental nas
escolas e fora delas 48
Introdução 48
A saúde mental no território e comunidade atingida 50
O que a escola pode fazer para fortalecer suas capacidades? 50
Caixa de Ferramentas dos Educadores 52
Roda Formativa 56
3ª Tarefa do curso 58
Abordagem psicossocial da saúde mental nas escolas e fora delas - 2º
ciclo formativo

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4º Encontro Formativo 62
Diagnósticos, diferenças e direitos: abordagem psicossocial da saúde
mental nas escolas e fora delas 63
Introdução – Como cuidamos da saúde mental? 63
Os diagnósticos e as diferenças das pessoas 65
O direito à saúde e as redes de cuidado 66
Caixa de Ferramentas dos Educadores 67
Roda Formativa 71
4ª Tarefa do curso 73
5º Encontro Formativo 75
Enfrentando violências, preconceitos e discriminações, construindo o
diálogo e a paz nas escolas e fora delas 76
Introdução - Entendendo os conceitos de Violências, preconceitos e
discriminações 76
Enfrentando a violência escolar 78
Construindo espaços de diálogo e paz na escola 78
Caixa de Ferramentas dos Educadores 80
Roda Formativa 85
5ª Tarefa do curso 87
Promoção do bem-estar e da saúde mental nas escolas e fora delas - 3º
ciclo formativo
6º Encontro Formativo 92
Empoderamento e comunicação não – violenta para saúde mental nas
escolas e fora delas 93
Introdução – O que é empoderamento? 93
As práticas de empoderamento na escola e comunidade 95
Utilizando a CNV para promover a saúde mental na escola 95
Caixa de Ferramentas dos Educadores 97
Roda Formativa 102
6ª Tarefa do curso 104
7º Encontro Formativo 107
Construindo a escola acolhedora: criando ambientes de diálogo e
convivência humanizada 108
Introdução - Vamos construir uma escola acolhedora? 108
Construindo a escola acolhedora 109

12
Estratégias utilizadas para concretizar a escola acolhedora 111
Caixa de Ferramentas dos Educadores 112
Roda Formativa 118
Mensagem de Finalização do Curso 123
Referências 127
Agenda de contatos para rede de saúde mental das escolas 133

13
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Tema

Os sentidos da saúde mental nas escolas e fora delas

Aisllan Diego de Assis


Irisa Seabra

Objetivos
Refletir sobre os sentidos e significados da saúde mental nas
escolas e na comunidade.
Problematizar, desnaturalizar os (pré)conceitos sobre a saúde
mental e as diferenças das pessoas.
Conhecer e identificar a produção de bem-estar e da saúde
mental na escola, na família e na comunidade.

Introdução – Vamos falar de saúde mental?


Neste primeiro encontro formativo do curso vamos explorar
os sentidos e os significados da saúde mental nas escolas e na
comunidade. Para isso é preciso enfrentar alguns preconceitos e
valorizar as diferenças das pessoas, como forma de inaugurar um
diálogo sobre nossos sentimentos e emoções, especialmente, como os
experienciamos nos espaços das escolas e das comunidades que
vivemos.
A saúde mental refere-se ao estado de bem-estar emocional,
psicológico e social de uma pessoa. Envolve a forma como pensamos,
sentimos e lidamos com os diferentes aspectos da vida. A saúde mental
é uma das dimensões de nossa saúde, revela nossa capacidade de lidar
com o estresse, tomar decisões, relacionar-se com os outros e
aproveitar a vida de maneira geral. Uma boa saúde mental não

17
significa apenas a ausência de transtornos ou doenças, mas também
envolve o desenvolvimento de habilidades de resiliência, autoestima,
autoconhecimento e capacidade de lidar com as emoções de forma
saudável. Ter uma boa saúde mental permite que as pessoas enfrentem
os desafios da vida, trabalhem produtivamente, mantenham
relacionamentos saudáveis e contribua para a comunidade.
Promover a saúde mental nas escolas é fundamental para o
bem-estar dos estudantes, professores e funcionários. Para isso
podemos criar ambientes seguros e acolhedores nas escolas,
abordando tópicos como habilidades de enfrentamento, resiliência,
gestão do estresse e emoções, além de ensinar e incentivar práticas de
autocuidado entre estudantes, professores e familiares. Criar uma rede
de apoio com profissionais de saúde e outras áreas também é muito
importante para criar espaços e momentos de saúde mental e bem-
estar nas escolas.
Trabalhar para diminuir o estigma associado aos problemas
de saúde mental, enfrentando toda forma de preconceito, relacionados
os modos de ser e viver, ou seja, as diferenças das pessoas, através de
campanhas de conscientização, eventos educacionais e rodas de
diálogo e conversas, são importantes formas de promover a saúde
mental nas escolas. Neste primeiro encontro formativo vamos falar e
compartilhar todos esses sentidos da saúde mental nas escolas e fora
delas.

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O cuidado da saúde mental nas escolas e na
comunidade
O cuidado em saúde mental nas escolas e comunidades pode
ser realizado por meio de uma abordagem abrangente e integrada, ou
seja, que envolva as pessoas da escola, mas também familiares,
profissionais e pessoas da comunidade.
Ações como estabelecer parcerias com profissionais de saúde
mental (psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e terapeutas) que
possam fornecer aconselhamento e atividades dentro das escolas e
comunidades; incluir nos espaços das escolas palestras, workshops,
seminários e materiais educativos que abordem diferentes aspectos da
saúde mental, incluindo sinais de alerta, prevenção de transtornos
mentais e estratégias de autocuidado; estabelecer um sistema eficaz de
encaminhamento de estudantes e professores para serviços de saúde
mental especializados na comunidade; e divulgação de histórias de
superação, promoção de eventos que abordem a saúde mental de
forma positiva, além da criação de espaços seguros, como as rodas de
conversa, para que as pessoas possam falar abertamente sobre suas
experiências, são algumas formas de realizar o cuidado da saúde
mental nas escolas.
É importante lembrar que a promoção do cuidado em saúde
mental nas escolas e comunidades requer uma abordagem
interdisciplinar e interprofissional, envolvendo não apenas
profissionais de saúde mental, mas também educadores, pais, líderes
comunitários e outros membros influentes da comunidade. Juntos,
todas, todos e todes podem criar um ambiente saudável e de apoio para
o cuidado em saúde mental nas escolas e na comunidade.

Acolhendo as diferenças, enfrentando os preconceitos


Acolher as diferenças das pessoas e enfrentar os preconceitos
nas escolas é um processo contínuo que envolve a criação de um
ambiente inclusivo, respeitoso e seguro para todos. Por vezes, o modo
de ser das pessoas ou de expressar seus sentimentos e emoções são

19
tomadas por doenças ou transtornos, e ainda, estigmatizadas com
expressões que marcam profundamente a vida das pessoas, como
apelidos e zombarias. Assim como os preconceitos e discriminações, a
exemplo do machismo e dos racismos, podem provocar sofrimento
mental nas pessoas que sofrem ou recebem esses gestos e falas.
É importante que as escolas adotem uma postura proativa na
promoção da diversidade e na conscientização sobre os preconceitos e
formas de discriminação que afetam a saúde mental das pessoas. Ao
criar um ambiente acolhedor, inclusivo e respeitoso, as escolas podem
desempenhar um papel fundamental na formação de pessoas que
valorizam a diversidade.
Promover a educação e conscientização sobre diversidade,
inclusão e respeito em todos os espaços da escola, por meio de
programas educativos e atividades que abordem temas como
preconceito, discriminação, estereótipos e igualdade, assim como
incluir políticas anti-bullying, códigos de conduta que abordem o
respeito mútuo, a não discriminação e a não tolerância ao preconceito,
além de medidas para enfrentar casos de discriminação ou exclusão,
são iniciativas que ajudam a desenvolver uma consciência crítica e
empática entre educadores, estudantes, familiares e comunidade. A
promoção da saúde mental passa pela sensibilização e empatia que
permitam aprender sobre diferentes culturas, identidades, religiões,
orientações sexuais, habilidades, experiências e diferenças das
pessoas.

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Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo

Construindo uma roda de diálogo sobre saúde mental na


escola

Uma roda de diálogo sobre saúde mental pode ser realizada


com estudantes, professores, familiares ou membros da
comunidade dentro da escola como forma de promover um
momento, um espaço e encontro onde todos possam expressar
os significados que têm para sua saúde mental e formas de bem-
estar.
Para isso:
a) Escolha um espaço amplo, iluminado, arejado e confortável
que possa receber os participantes da roda de conversas.
Pode ser uma sala de aula, a sala dos professores, o pátio,
quadra esportiva ou outro espaço da escola. Verifique se o
espaço tem segurança e conforto para acolher todos os
participantes. O melhor é que as cadeiras sejam móveis e
confortáveis para que os participantes possam construir a
roda de diálogo livremente, escolhendo lugares e posições;
b) Convide os participantes a construir a roda de conversas.
Observe como cada um se movimenta e se senta na roda.
Estimule os participantes a organizar o círculo de modo que
todos possam se ver e ouvir.
c) Inicie a roda de diálogo se apresentando e dizendo os
objetivos da atividade. Iniciar com uma música ou declamar
uma poesia são formas de sensibilizar os participantes e
convidá-los a se abrir para falar de sua saúde mental,
sentimentos e emoções.
d) Inicie os giros da roda pedindo que um a um, os
participantes possam se apresentar da forma que quiserem,

21
trazendo informações sobre si, de modo que todos na roda
possam conhecê-los. Após se apresentarem, os participantes
devem responder às seguintes perguntas: O que é saúde
mental? Como eu cuido da saúde mental?
e) Os giros da roda podem seguir o próprio círculo, onde cada
participante pode falar o quanto for necessário, enquanto os
demais escutam, ou ainda, seguindo uma sequência definida
pelo próprio grupo. Peça para alguém registrar os
significados da saúde mental e as formas de cuidado
destacadas por cada participante.
f) Ao final dos giros da roda, leia os significados e cuidados
recolhidos e discuta com os participantes os significados
positivos e negativos expressos e as formas usadas no
cuidado da saúde mental. Neste momento é importante
convidar os participantes a refletir sobre os preconceitos e
discriminações que provocam sofrimento mental e a
importância de realizar atividades que promovam o bem-
estar. Não esqueça de levantar com os participantes quais
cuidados da saúde mental podem ser realizados na escola.
g) Para finalizar a roda de diálogo convide os participantes, um
a um, para se despedir deixando uma palavra, expressão ou
dica de lazer, esporte, atividades ou outras formas de bem-
estar e convivência na comunidade. Finalize com um abraço
coletivo, acolhendo todos os participantes da roda.

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Sugestão de leitura
Oliver Sacks – Um antropólogo em Marte.
Editora Companhia da Letras, São Paulo, 2006.
O que têm em comum o pintor que, em decorrência de
um acidente, passa a enxergar o mundo em preto-e-
branco, o rapaz cujas únicas lembranças se restringem
ao final dos anos 60 e o exímio cirurgião tomado por
todo tipo de tiques (verbais e físicos) na vida cotidiana?

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Divertida Mente - Filme 2015. Diretor Pete
Docter, Produção Pixar Animation Studios,
lançado pela Walt Disney Pictures.
O filme gira ao redor de Riley, nascida em Minnesota,
e as emoções que estão dentro da sua cabeça (e da
cabeça de todas as pessoas), e eles são: Alegria,
Tristeza, Nojo (aversão), Medo e Raiva. O filme é uma
forma criativa e divertida de falar sobre os sentimentos
que temos e como eles nos influenciam.

Preciosa - Uma História de Esperança - Filme


2009. Diretora Lee Daniels, Produção Lee
Daniels, Oprah Winfrey, Tom Heller, Tyler
Perry.
O enredo do filme gira em torno de Preciosa, uma
garota obesa que, além de ser antissocial, sofre
frequentemente abusos sexuais de seu pai, o que
resultou em duas gravidezes, e abusos físicos e mentais
por parte da mãe. O filme ajuda a sensibilizar sobre a
necessidade de enfrentar os preconceitos e
discriminações dentro e fora das escolas.

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Sugestão de conteúdos da Internet

Mapa da Saúde Mental


www.mapasaudemental.com.br
Neste site é possível encontrar
serviços públicos de saúde mental
disponíveis em todo território
nacional, além de serviços de
acolhimento e atendimento
gratuitos ou voluntários realizados
por ONGs, instituições
filantrópicas, clínicas escola, entre
outros.

Saiba mais – referências técnicas e


profissionais para aprofundamento
Paulo Amarante – Saúde mental e atenção
psicossocial. Editora da FIOCRUZ, Rio de
Janeiro, 2007.
O objetivo central do livro é contribuir para o
entendimento das dimensões e estratégias do campo
da saúde mental e de atenção psicossocial. Na
publicação, o autor faz uma reflexão sobre o percurso
que vai das bases da psiquiatria – e do manicômio –
aos projetos atuais, que buscam construir um “novo
lugar” para as pessoas em sofrimento mental.

Gustavo M. Estanislau e Rodrigo Affonseca


Bressan. Saúde mental na escola: o que os
educadores devem saber. Editora Artmed,
Porto Alegre, 2014.
Neste livro acessível, repleto de dicas e exemplos, os
autores fazem uma revisão dos transtornos mentais
mais prevalentes na infância e na adolescência, bem
como abordam a saúde mental no contexto escolar
de maneira teórica e prática.

24
Roda Formativa
Nesta primeira Roda Formativa, vamos conhecer os
participantes, os tutores, as tarefas e atividades do curso.
Os participantes do curso serão divididos em pequenos grupos
chamados Rodas Formativas. Cada grupo contará com um tutor que
terá a missão de apoiar os participantes na realização das atividades
do curso. Os tutores são profissionais de saúde ou outras áreas com
experiência e formação na área de saúde mental e estão preparados
para acolher, orientar e apoiar os participantes em todas as atividades
do curso.
Cada grupo deverá, juntamente com o tutor, construir uma
roda de diálogo, formando um círculo seguro e confortável, onde todos
possam se ver e ouvir.
Após a construção da Roda Formativa e com a coordenação do
tutor deverão ser realizados três giros de conversas, com o seguinte
roteiro:

1º Giro da roda:
Cada participante deverá se apresentar do modo que quiser,
destacando elementos de sua identidade e história de vida para que
todos na roda possam conhecê-lo. Ao final da apresentação o
participante deverá expressar e explicar uma palavra ou expressão que
usa para definir a saúde mental e como ela se apresenta na escola. O
tutor deverá registrar essas palavras e expressões, de modo a ter ao
final do giro da roda uma lista de significados, palavras, expressões ou
sentidos para saúde mental nas escolas.

2º Giro da roda:
A partir desta lista e com a coordenação do tutor da Roda
Formativa, os participantes podem refletir e discutir a lista de sentidos
da saúde mental na escola, destacando aspectos positivos e negativos,
assim como quais práticas ou atividades podem promover a saúde
mental e o bem-estar nas escolas. Os participantes poderão dar

25
exemplos e narrar experiências de como realizam sua prática
pedagógica integrando o cuidado com a saúde mental e o
enfrentamento dos preconceitos no âmbito da escola.

3º Giro da roda:
No último giro da roda, os participantes com a ajuda do tutor,
podem ler e se preparar para realização da 1ª tarefa do curso. Neste
momento é importante tirar dúvidas, se aconselhar e compartilhar
dicas, experiências e ideias que possam ajudar os participantes a
cumprir a tarefa, que será realizada no intervalo dos encontros
formativos do curso, nas escolas ou comunidades onde os
participantes trabalham e vivem.
Para encerrar a Roda Formativa, os participantes podem
realizar o “Giro do Abraço” onde cada participante se despede do
colega ao lado, dedicando algo que seja bom para realização da tarefa
do curso, o convidando para o próximo encontro formativo e
dedicando um abraço.

As Rodas Formativas são momentos de acolhimento, fala e


escuta, por isso, os participantes podem sentir-se seguros para
expressar seus sentimentos, emoções e pensamentos, estando todos da
roda, preparados para acolher todas as formas de expressão como o
choro, risadas, falas e outras formas de modo aberto e livre.

26
1ª Tarefa do curso
Nesta primeira tarefa do curso os participantes deverão
organizar uma atividade para abordar e acolher os sentidos da saúde
mental na escola. O objetivo é que os participantes possam utilizar os
conhecimentos, dicas e práticas compartilhadas no curso para
construir um espaço ou momento de acolhimento dos sentidos da
saúde mental dos estudantes, professores, familiares ou comunidade
nas escolas.
Sugerimos três atividades que podem ser realizadas pelos
educadores:

1. Roda de conversa sobre saúde mental na escola


Convide estudantes, professores, familiares ou membros
da comunidade para construir uma roda de conversa sobre
saúde mental na escola. Você pode utilizar seu horário de
aula ou outro momento do dia na escola, assim como criar
um momento especial para realizar a atividade.
Uma boa dica é utilizar as técnicas grupais ou “giros da
roda” para coordenar a roda de conversas.
Outra dica é construir a nuvem de palavras da saúde
mental, distribuindo filipetas de papel para os
participantes da roda, pedindo para que cada um coloque
de um lado da filipeta seu nome e do outro lado uma
palavra que expresse sua saúde mental. Depois que cada
participante apresentar sua filipeta ela pode ser fixada
num papel em forma de cartaz, onde estarão ali os vários
sentidos da saúde mental do grupo.

2. Sessão de cinema ou vídeo debate


Convide estudantes, professores, familiares ou membros
da comunidade para assistir e debater um dos filmes
sugeridos na Caixa de Ferramentas dos Educadores ou
outros que tematizam os sentidos da saúde mental. Ao final

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do filme, convide os participantes a debater os sentidos da
saúde mental expressos no filme e como eles se
apresentam na escola e fora dela. Não deixe de convidar os
participantes a organizar a sessão de cinema em lugar
confortável, onde todos possam aproveitar o filme,
inclusive com uma deliciosa pipoca.

3. Atividade de lazer, esporte ou arte para expressão


dos sentidos da saúde mental na escola
Convide estudantes, professores, familiares ou membros
da comunidade a realizar uma atividade de lazer ou esporte
ou ainda, uma atividade artística em que todos possam
experimentar um momento de bem-estar.
Uma sessão de música, com canto e dança; pinturas
corporais ou em papéis, assim como o teatro e encenações
são formas de ajudar os participantes a se expressar e
sentir-se bem.
As atividades físicas e esportivas são ótimas para promover
a convivência e saúde do corpo, além de serem ótimas para
expressão dos sentimentos por meio dos movimentos,
força e ritmo das atividades.

Lembre-se que a saúde mental é a


necessidade humana de bem-estar e
expressão dos sentimentos e emoções.
Bons trabalhos!

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ANOTAÇÕES
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Tema

O corpo da escola como território de saber, afetos


e valor existencial

“E das peles que visto, muitas há que eu não vi.”


Carlos Drummond de Andrade

Siomara Aparecida da Silva


Ana Paula de Oliveira
Mirelly Lopes Beltrame
Valeria Priscila de Oliveira

Objetivos
Entender o corpo a partir de sua subjetividade e dos sofrimentos
psicossociais;
Considerar o corpo da escola como produtor de saberes;
Promover um espaço de acolhimento sobre as dores silenciadas
permitindo a construção de um lugar/território possível.

Introdução
Considerando as escolas um território relacional, de
transmissão de conhecimentos e constituído por subjetividades e
poderes, se faz necessário cuidar dos corpos da escola para que esses
possam lidar com as singularidades, nortear as ações educativas,
proporcionar acolhimento e promover a saúde mental dos envolvidos.
O lugar que o corpo da escola ocupa demanda que eles estejam
em constante movimento, acompanhando as mudanças e se
adaptando às necessidades, para então gerir e gerar movimento de

32
vida. Mas quem cuida dos corpos da escola para que eles possam
cuidar de outros?
Entender que o corpo não é apenas “carne e osso”, mas é
também um templo onde todas as emoções são vividas e registradas,
nos possibilita a compreensão de que cuidar do corpo é cuidar do
emocional e uma forma de promover saúde mental.
A proposta da Psicomotricidade é compreender o sujeito por
meio do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno
e externo. Esta área da saúde busca utilizar o corpo como instrumento
de acolhimento e escuta do sofrimento psíquico. O profissional
psicomotricista se dedica do percurso e do lugar que este corpo ocupa.
Ou seja, seu espaço, suas relações, sua história, dentro da relação
espaço-tempo e de um contexto biopolítico social.
Neste contexto, o objetivo é proporcionar uma vivência corporal
que, metaforicamente, leve a experimentar movimentos/ações do dia a
dia que norteiam as relações pessoais e sociais, através do brincar livre.

Que corpo é esse ao qual pretende-se trabalhar? De


que corpos estamos falando?
O corpo foi vivido e definido sob diferentes óticas. Desde a
dimensão filosófica, passando pelo discurso médico e o poder do
cristianismo e do capital. Sua concepção trilhou caminhos,
incorporando papéis. Mas independente da época e do papel
assumido, existe uma dimensão política, como apontado pelo filósofo
Michel Foucault, marcada nos corpos.
O controle da sociedade sobre os indivíduos começa pelo corpo
que está inserido no mundo como sujeito e objeto. Sujeito da ação e,
ao mesmo tempo, objeto que a realiza e é afetado pelos poderes que
regem a sociedade.
Os corpos das escolas de comunidades atingidas, são
atravessados pelas marcas dos rompimentos das barragens, o medo de
novos desastres e as dores diante das negligências e demais violações
que influenciam diretamente a dinâmica escolar. Mas também são
corpos com potência de ação e acolhimentos.

33
Sendo a escola um espaço de construção de conhecimento
buscamos através da vivência corporal da Psicomotricidade um espaço
que permita aos corpos da escola, tomar consciência do seu poder, mas
sem deixar de localizar e dar sentido à experiência da dor, distanciando
do silenciamento e aproximando-se de estratégias de reconstrução, de
laços sociais mais fortes, empoderamento e autonomia.

O corpo para a Psicomotricidade nos corpos da escola


No corpo estão guardadas todas as memórias do que
vivemos, as palavras ditas e não-ditas. O corpo fala e sente, consciente
e inconscientemente. O corpo experimenta, aprende, constrói e vive
dentro de relações pessoais, sociais, políticas e econômicas.
Na psicomotricidade o corpo é considerado como
representação do inconsciente, investimentos afetivos, memórias,
significações e significantes.
Através do brincar livre, a Psicomotricidade se propõe a decifrar
os conteúdos, que expressam a interrelação do mundo exterior com o
interior do sujeito. Sendo o agir espontâneo nos jogos, uma
significação ligada à experiência vivenciada pelo corpo em suas
relações. O “dizer corporal”, assume a função do “dizer verbal”,
buscando caminhos para uma comunicação autêntica, que induz uma
carga afetiva, e permite acessar o corpo desimpedido de censura.
Ao pensar o corpo em sua totalidade é constituído através da
relação com os outros, a Psicomotricidade considera que é impossível
cuidar do corpo, promover saúde do sujeito e gerar conhecimento sem
considerar as questões sociais que permeiam sua subjetividade, visto
que o individual e coletivo estão entrelaçados.
Desta forma, o corpo da escola é constituído pelos corpos dos
educadores, dos estudantes e dos técnicos-administrativo que se
relacionam no processo de ensino-aprendizagem permeado por
emoções, sentimentos, inseridos no contexto socioeconômico-
político-cultural em constante movimento.
Assim, tudo que há no corpo se revela.

34
Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo

Eu e meu lugar

Estrutura da prática

1) Regras do jogo psicomotor


2) Construção do território individual - a
casa/privado/subjetividade
3) Brincar na rua - o ambiente/social/público
4) Brincar com o outro - relações interpessoais
5) Diferenciação e participação no espaço privado e
público/individual/coletivo
6) Registro coletivo final do jogo
7) O Registro verbal do jogo
8) O Registro de novas inscrições corporais

A vivência inicia com a definição das regras do brincar e do


espaço do psicomotricista e dos participantes. A prática será
dividida em duas partes:

A - A relação consigo mesmo, com o meio e com o outro:


1) Construção do território individual - a
casa/privado/subjetividade
2) Brincar na rua - o ambiente/social/público
3) Brincar com o outro - relações interpessoais.
4) Diferenciação e participação no espaço privado e
público/individual/coletivo

B - Percepção e memória:
5) Registro individual do jogo
6) Registro coletivo do jogo

35
7) Verbalização do vivido

Após a vivência, novas inscrições podem ser geradas,


possibilitando direcionar a um novo lugar diante dos
sofrimentos causados pelo rompimento das barragens e a forma
de relacionar-se com seus corpos e o corpo do outro.

36
Sugestão de leitura
Rupi Kaur. Meu corpo minha casa. Planeta
Estratégia, 2020.
Um dos temas mais frequentes na obra de Rupi Kaur é
a importância que há em crescer e estar sempre em
movimento. Em meu corpo minha casa, ela leva leitoras
e leitores a uma jornada de reflexão através da
intimidade e dos sentimentos mais fortes, visitando o
passado, o presente e o potencial que existe em nós.

Irene Vasco e Juan Palomino. A professora da


floresta e a grande serpente. Editora Pulo do
Gato, 2021.
Uma jovem professora vai trabalhar em uma escola no
coração da Floresta Amazônica. Com o passar do tempo,
porém, a jovem descobre que tem mais a aprender com
seus alunos e famílias que a ensinar. Metáfora da força
da natureza, da força avassaladora do rio e das águas que
regem as florestas e a vida de seus habitantes.

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Debate “Afeto-efeito”: O que pode um
corpo? – com Rita Von Hunty e Selma
Caetano. Vídeo, 2022. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=cf
DjRwJmVy8
A drag professora Rita von Hunty elabora uma
questão cara à atualidade: o que pode um
corpo? Com o auxílio de Spinoza e Deleuze,
Rita discute o efeito e as nossas possibilidades
de organizar, resistir e lutar contra os poderes
estabelecidos e os tomadores de almas.

37
O Corpo na História – com José Carlos
Rodrigues. Vídeo, 2010. Canal Saúde,
FIOCRUZ, Rio de Janeiro. Disponível
em:
https://www.canalsaude.fiocruz.br/can
al/videoAberto/o-corpo-na-historia
O corpo individual, limpo, subjetivado e
objetivado, afasta-se do cosmos. Entrevista
com o autor do livro “O corpo na História”,
José Carlos Rodrigues. O autor finaliza seu
belo livro convidando à busca do resgate da
incontornável dimensão trágica do corpo.

Faixa 11 do show de Almério e Martins


gravado ao vivo no Teatro do Parque,
Recife-PE, no dia 21 de novembro de
2021.
https://www.youtube.com/watch?v=5s
9e41a4uOk
Deixe que tudo que há num corpo se revele. Pra
que a vida cicatrize todo trauma. Pra que o
desejo seja o anexo da pele e a liberdade, o
corpo físico da alma.

Território do Brincar - Diálogos com


escolas. Vídeo, 2015.
https://youtu.be/ng5ESS9dia4
A parceria do Território do Brincar com escolas
foi realizada através de videoconferências
mensais com temas organizados pela equipe
sobre a brincadeira de casinha. Estas
atividades foram registradas em um
documentário que foi lançado em 2015.

38
Território do Brincar | Série MiniDocs |
Corrida de Tora – Aldeia Nasêpotiti, PA.
Vídeo, 2016.
https://youtu.be/AEL5xmJ4Zm4
O corpo e a força são acordados com as negras
pinturas do jenipapo. A tora, a longa distância
e o sol que arde, são a combinação necessária
para esse desafio de meninos na Aldeia
Nãsêpotiti, de índios Panará. Por fim, a água, o
rio, onde toda brincadeira termina. Com
crianças Panará da Aldeia Nãsêpotiti - PA

Sugestão de conteúdos da Internet

Associação Brasileira de
Psicomotricidade

https://psicomotricidade.com.br/

A Associação Brasileira de Psicomotricidade


é uma entidade de caráter científico-cultural,
sem fins lucrativos e foi fundada com o
objetivo de agregar os profissionais que
vinham se formando e trabalhando na área.
Atualmente, no Brasil, diversas
Universidades oferecem cursos de pós-
graduação. Existem também diversos núcleos
de formação, habilitando e formando
profissionais em práticas psicomotoras
específicas. No site da associação é possível
acessar cursos e outras oportunidades.

39
Saiba mais – referências técnicas e
profissionais para aprofundamento

José Carlos Rodrigues – O corpo na


História. Editora da FIOCRUZ, Rio de
Janeiro, 1999.

Resultado de estudo que o autor vem


desenvolvendo há alguns anos, tendo inicialmente
por objeto as representações sociais do corpo e da
morte, oferecendo, portanto, excelente material
para pensar, indagar sobre rever, contrastar e
relativizar concepções e supostas verdades sobre o
corpo.

Celso Mastrascusa e Núria Franch. Corpo


em movimento, corpo em relação:
psicomotricidade relacional no ambiente
educativo. São Paulo/SP: Evangraf, 2016.
Nesta obra pretende-se apresentar novas
possibilidades de uma Educação permeada pela
PSICOMOTRICIDADE, cujo foco psicoafetivo seja
representativo e incorporado aos fundamentos
educacionais.

40
Roda Formativa

Vivência corporal dos corpos da escola

A vivência parte da relação espaço-temporal de onde o sujeito


se localiza, e busca promover a consciência do corpo, das emoções, das
percepções e das memórias inscritas.
Iniciando com a definição das regras do brincar e do espaço
(físico e simbólico) do psicomotricista e dos participantes. A prática
será dividida em duas partes:
No primeiro momento será trabalhado a relação dos
participantes consigo mesmo, com o mundo e com o outro. Através do
brincar, utilizando os materiais clássicos da Psicomotricidade
(bambolê, corda, tecidos, espaguete de piscina, bola) será construído e
vivenciado:
O espaço individual - a casa/o espaço privado/subjetividade.
O brincar na rua - o ambiente/o social/o espaço público.
O brincar com o outro – as relações interpessoais.
No segundo momento, chamado de verbalização do vivido, será
discutido as emoções e percepções durante o brincar, estabelecendo
analogia com o dia a dia.
Esse momento é importante para compreender a relação
espaço-temporal, onde o sujeito se localiza na realidade, buscando a
consciência do vivido, das emoções, das percepções e das memórias
inscritas, visando direcionar a um novo lugar diante dos sofrimentos
causados pelo rompimento das barragens e a forma de relacionar-se
com seus corpos e dos outros, e com a realidade.
Finalizando com registro escrito e artístico do que foi sentido
na prática corporal.

41
2ª Tarefa do curso

Deixe 1
Almério e Martins

Deixe, que tudo que há num corpo se revele


Pra que a vida cicatrize todo o trauma
Pra que o desejo seja o anexo da pele
E a liberdade o corpo físico da alma

Deixe, que a sólida geleira descongele


E a sensatez fluidifique o coração
Que sua sede não precise só de água
Nem sua fome necessite só de pão
Deixe que tudo que há no corpo se revele

Sinta, o perfume se espalhar na casa inteira


Atravessar o alumínio da janela
Que a energia se renove verdadeira
E a ventania nunca apague suas velas

Deixe que tudo que há no corpo se revele


Pra que a vida cicatrize todo trauma
Pra que o desejo seja o anexo da pele
E a liberdade o corpo físico da alma
Deixe que a mão do tempo aos poucos lhe modele

Deixe

1
Deixe, música de Martins e Juliano Holanda, pode ser ouvida e apreciada em
https://almerioemartins.lnk.to/AoVivoNoParqueID.

42
Ao som da música “Deixe” solte seu corpo em um
espaço que tenha liberdade de se expressar, se
movimentar e perceber o que ficou inscrito da
vivência corporal.
Escreva sobre suas percepções.

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ANOTAÇÕES
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Tema

Acolhimento das comunidades atingidas e cuidado


em saúde mental nas escolas e fora delas

Adriana Maria de Figueiredo


Marcela Alves de Lima Santos

Objetivos
Acolher a comunidade escolar em suas demandas em territórios
sujeitos a riscos socioambientais;
Compartilhar o conceito de atingido(a) e sua reverberação na saúde
mental nas escolas e fora delas;
Escutar a comunidade escolar em sua tarefa de preparar para o
acolhimento das pessoas atingidas.

Introdução – Vamos falar de saúde mental?


Para este terceiro encontro formativo do curso a proposta é
refletir sobre os cenários de risco envolvendo atividades como a
mineração, sujeitas a desastres socioambientais e sobre o conceito de
atingido.
Diante dos rompimentos de barragens de Fundão em Mariana
(MG) no ano de 2015 e da Barragem Córrego do Feijão em
Brumadinho (MG) no ano de 2019, tem sido mais discutida como a
convivência de comunidades com impactos com riscos deste e de
outros tipos e que causam alterações nas dinâmicas sociais das
comunidades levam ao agravamento de vulnerabilidades sociais e a
saúde mental das pessoas que vivem nestes territórios.
A escola precisa se atentar quanto aos riscos de todas as
formas de violências, negligências e demais violações aos direitos
humanos, principalmente de grupos mais vulneráveis como crianças e
adolescentes.

48
Sendo assim, é importante conhecer os conceitos de pessoa
atingida para refletir sobre o que isso representa e sobre quais
impactos precisam ser minimizados dentro de determinada região.
Entender como esses elementos chegam até a escola e como o contexto
local de vulnerabilidades sociais construídas nos últimos anos tem
impactado a dinâmica escolar.
As escolas se tornam espaços essenciais para pensar esse
componente da realidade social que atravessa a educação e o
desenvolvimento de crianças e adolescentes. Buscamos, em relação a
essa temática, aprofundar as reflexões sobre esse processo e suas
consequências e apoiar a comunidade escolar na construção de
estratégias de fortalecimento e acolhimento de profissionais e
estudantes.

49
A saúde mental no território e comunidade atingida
Os desastres causam grave interrupção no funcionamento de
uma comunidade e excedem a capacidade das pessoas atingidas em
lidar com a situação mediante recursos próprios.
Quando falamos de saúde mental, é importante reconhecer que
as pessoas têm diferentes recursos subjetivos para lidar com as
questões que podem surgir em situações de emergências. Elas são
afetadas de formas diferentes e precisam de processos de cuidado
pensados para cada realidade.
Dessa forma, em locais onde se convive com o risco de desastre,
é importante que as comunidades fortaleçam as suas capacidades de
forma que consigam compreender os riscos e vulnerabilidades
existentes e construir novas possibilidades neste território. Nesse
sentido, os conhecimentos e a cultura local são de extrema relevância
para a redução de riscos e a construção de caminhos mais sustentáveis.

O que a escola pode fazer para fortalecer suas


capacidades?
A escola pode se constituir como um dos espaços para a
construção de diálogos sobre essa temática, pois os desastres e riscos
ambientais são responsáveis por sofrimentos mentais que podem ser
agravados, caso sejam abordados de forma inadequada. Para isso, é
necessário buscar a articulação entre conhecimentos técnicos e
científicos e saberes locais para vislumbrar novas possibilidades para
a saúde mental nas escolas e fora delas. A intersetorialidade é
importante para unir educação e saúde em uma rede de acolhimento e
proteção, em que as demandas possam ser recebidas, acolhidas e
acompanhadas.
Dentre as ações que podem ser realizadas conjuntamente pela
escola/rede de saúde/comunidade: 1. na redução de riscos: identificar
e conhecer os riscos nas áreas de ocorrência de desastres; conhecer as
pessoas expostas e as pessoas atingidas e promover o intercâmbio de
experiências para buscar conjuntamente o aperfeiçoamento e a

50
disseminação de conhecimentos e de tecnologias para os moradores,
profissionais da escola e da rede de saúde; 2. na atenção psicossocial:
promover diálogos para compreender, identificar e acompanhar as
necessidades das pessoas atingidas em seus contextos de vida e
trabalho.
Neste sentido, entender que a Saúde Mental não se restringe à
assistência psicológica e psiquiátrica, mas que diz respeito ao estado
mental das pessoas, em suas singularidades e na interação com o
território em que vivem. E que a escola é uma instituição que congrega
relações sociais que refletem as necessidades e demandas por saúde
mental presentes na sociedade. Assim, cumpre um importante papel
ao se preparar para atender também ao acolhimento das pessoas
atingidas, ao compartilhamento dos conhecimentos sobre a temática e
à escuta dos(as) atingidos(as) para identificação e adequada aborda-
gem de suas necessidades.

51
Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo

Abc do acolhimento

Nesta dinâmica, propomos uma reflexão grupal com o


tema da escuta, da resiliência e do acolhimento baseada nas
músicas populares brasileiras que evocam o “abecedário” para
trazer sentimentos com seus significados para a nossa vida.
A ideia é estabelecer um ambiente seguro e acolhedor em
que os sentimentos dos participantes do grupo, auxiliem na
construção de mecanismos de superação das dificuldades, de
empatia para com os(as) atingidos(as) e de construção de
percepção de pertencimento e de apoio mútuo do grupo,
representado pela comunidade escolar.

Para tal, sugerimos a música: ABC DE AMOR - Domínio Público

E a página 7 do Jornal A Sirene (número 2, abril de


2016), produzida pelos atingidos pelo rompimento da
Barragem de Fundão/Mariana em que é elaborado um glossário
com palavras significativas e que remetem aos sentimentos
vivenciados pelas pessoas em relação aos seus processos de
vida. Sentimentos esses que se aplicam aos profissionais que se
responsabilizam pelo acolhimento das pessoas atingidas, que se
encontram em situação de atingidos ou pelas próprias pessoas
da comunidade nesta situação.
O coordenador da dinâmica pode sugerir que os
participantes produzam um glossário semelhante a esse e
trabalhar com o grupo, com o objetivo de promover a reflexão
sobre os sentimentos expressos e sua repercussão no grupo e na
comunidade.

52
Fonte: A Sirene-para não esquecer. Ed.nº 2, abril de 2016
Link: Jornal A Sirene - Ed. 2 (abril)

53
Sugestão de leitura
Sérgio Papagaio. “Papo di cumadi”. In: A
Sirene-para não esquecer. Ed.nº 2, abril de
2016, p.16.
Nesta crônica, Sérgio Papagaio reproduz um diálogo
entre “cumadis”, Maria Concebida e Clemilda que
estão comovidas pela repentina mudança em suas
vidas.

Link para acesso: Jornal A Sirene - Ed. 2 (abril)

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Documentário “Rastros” - de Tatiana
Ribeiro de Souza, UFOP, 2015.
O documentário Rastros mostra o cotidiano de
um povoado no interior do Estado de Minas
Gerais. Seguindo a trajetória de um dos
moradores, que desce a estreita estrada de terra
que liga a cidade de Ouro Preto ao Distrito
histórico de Antônio Pereira, escutamos o
depoimento de quem sente amor pela sua
comunidade e pela sua história, o que é
confirmado pelas falas de outros moradores. A
alteridade e a hospitalidade dão o tom desta
narrativa, revelando os rastros de memória e
vida que tornam Antônio Pereira um lugar tão
especial.

54
Sugestão de conteúdos da Internet

GESTÃO LOCAL DE
DESASTRES NATURAIS PARA
A ATENÇÃO BÁSICA
Neste link você tem acesso ao
material educativo elaborado
com o objetivo de contribuir na
qualificação dos profissionais da
saúde, em especial daqueles que
atuam nos postos de saúde nos
bairros e comunidades

Jornal A Sirene - Ed. 2 (abril)


Neste link você tem acesso ao
Jornal A Sirene, publicado em
abril de 2016, como reflexão e
registro do rompimento da
Barragem de Fundão em
Mariana. O Jornal é uma
realização dos atingidos pelo
rompimento da barragem.

Saiba mais – referências técnicas e


profissionais para aprofundamento
Marcela Alves de Lima Santos – Eu quero
minha liberdade de volta! Saúde Mental e
Atenção Psicossocial junto aos Adolescentes
Atingidos pelo Rompimento da Barragem de
Fundão. Dissertação de mestrado em Saúde
Coletiva. FIOCRUZ Minas, 2016. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34236

55
Roda Formativa

1. A construção da Roda

Na roda Formativa vamos refletir sobre a escola como espaço


de acolhimento dos atingidos e atingidas e como podemos construir
uma rede intersetorial entre saúde e educação para prover o apoio às
pessoas em suas necessidades.
Para tal, os participantes serão convidados a participar da dinâmica.

Complementação de Sentenças

Objetivos: Provocar a expressão de ideias sobre o acolhimento


dos atingidos e atingidas na escola e construir e ampliar os conceitos
sobre os desastres e seus impactos nos territórios.
Material: Folhas de papel com frases escritas para complemen-
tação.
Descrição: Após a construção da roda, passar uma caixinha
contendo fichas com perguntas e cada pessoa deverá retirar uma das
fichas, ler e responder ou dar sua opinião sobre a afirmativa.

Sentenças

- Para mim, uma situação de desastre é___________________.


- No meu bairro, eu considero que o maior risco socioambiental é
______________________.
- Quando alguém me fala que é uma pessoa atingida, eu entendo que
essa pessoa _______________________.
- Se eu fosse retirado da minha casa às pressas, eu sentiria
_____________________.
- Se eu nunca mais pudesse ter acesso às fotos e objetos da minha
história, eu sentiria ________________.
- Eu acredito que para ajudar uma pessoa atingida, eu
posso__________________.

56
1. Os giros da Roda
No primeiro giro, recolher as impressões do grupo para cons-
truir um entendimento do conceito de desastres e de vulnerabilidade.
No segundo giro, cada participante escreverá em uma ficha em
branco qual o papel da escola no acolhimento dos atingidos e atingidas
ou qual sugestão /alternativa apresentaria para que a escola faça esse
acolhimento.

2. Finalização da Roda
A tarefa consistirá em realizar uma dinâmica grupal, entrevistas
ou roda de conversa na escola para conhecer os sentimentos presentes
entre seus membros e construir um fluxograma para promover o
acolhimento dos atingidos e atingidas na escola.

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3ª Tarefa do curso

Durante o período entre os encontros formativos, aproveite as


indicações de leituras e mídias para conhecer mais sobre o tema das
comunidades atingidas por barragens e pela mineração.
Explore a dinâmica grupal e a roda formativa para realizar
atividades com a comunidade escolar com o objetivo de se preparar
para o acolhimento das pessoas atingidas e construir um sentimento
de pertencimento e de apoio entre os membros da escola.
Os resultados deverão ser registrados nos seguintes formatos
(escolher um deles, pelo menos, para fins de concretização da tarefa):
‫ ط‬Relatório sobre a roda de conversa realizada na escola;
‫ ط‬Fluxo de acolhimento dos atingidos e atingidas elaborado pelo
grupo;
‫ ط‬Glossário com palavras significativas sobre o acolhimento dos
atingidos e atingidas, construído coletivamente.

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ANOTAÇÕES
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FTDPMBTFGPSBEFMBT
Tema

Diagnósticos, diferenças e direitos: abordagem


psicossocial da saúde mental nas escolas e fora delas

Aisllan Diego de Assis


Alexandre Costa Val
Marina de Lucca

Objetivos
Refletir sobre os significados e impactos dos diagnósticos médicos,
psicológicos e psiquiátricos na escola;
Conhecer a abordagem psicossocial da saúde mental no SUS e no
território;
Construir uma rede de cuidado da saúde mental nas escolas e na
comunidade.

Introdução – Como cuidamos da saúde mental?


Neste quarto encontro formativo do curso vamos conhecer
como é realizado o cuidado da saúde mental no Sistema Único de
Saúde, o SUS, e como a área da saúde pode contribuir com a saúde
mental nas escolas. Para isso é preciso refletir sobre como o uso de
termo médicos, principalmente, os diagnósticos, podem impactar a
saúde mental das pessoas, uma vez que alguns significados podem ser
estigmatizantes e discriminatórios. Para finalizar, vamos construir
uma rede de cuidado da saúde mental da escola, convidando pessoas,
instituições e comunidade para agir juntos na promoção do bem-estar
dentro e fora das escolas.
O cuidado em saúde mental envolve uma abordagem
psicossocial para promover e manter a saúde mental das pessoas, isto

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é, um processo contínuo que abrange uma variedade de práticas,
intervenções e suportes destinados a melhorar o bem-estar emocional,
psicológico e social das pessoas. O cuidado em saúde mental pode
incluir uma ampla gama de práticas, desde a prevenção e promoção da
saúde mental até o tratamento de transtornos mentais. Pode ser
fornecido por uma variedade de profissionais de saúde mental,
incluindo psicólogos, médicos, psiquiatras, terapeutas, assistentes
sociais e outros profissionais, inclusive de educação, como as
pedagogas e professores.
O SUS conta com uma rede de serviços de saúde voltados para
o atendimento de pessoas com transtornos mentais, além de contar
com as equipes de Saúde da Família que também cuidam de pessoas
em sofrimento mental, diretamente no território onde vivem. A rede
de atenção psicossocial do SUS, a RAPS, integra serviços como os
centros de atenção psicossocial, os CAPS, assim como outras redes de
suporte social, como são os serviços médico-hospitalares, de
assistência social, emprego, educação e cidadania da cidade. É
importante considerar sempre o caráter de rede de cuidado como
sendo um conjunto de instituições, pessoas e recursos que dão suporte
às pessoas em sofrimento mental.
Para construir uma rede de cuidados da saúde mental é
imprescindível vencer os preconceitos que provocam afastamento,
estabelecendo relações de respeito e valorização das pessoas e seus
direitos, concretizando o cuidado em sua forma sensível e integral.

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Os diagnósticos e as diferenças das pessoas
Os diagnósticos são identificações ou classificações de
condições médicas, transtornos ou doenças com base em sintomas,
sinais clínicos, critérios específicos ou resultados de exames. Eles são
usados pelos profissionais de saúde, como médicos, psiquiatras,
psicólogos e outros clínicos, para compreender, descrever e tratar
problemas de saúde das pessoas. Eles ajudam a identificar a natureza
e a causa de uma condição de saúde específica, facilitando a seleção do
tratamento apropriado. É importante ressaltar que os diagnósticos são
ferramentas clínicas e não devem ser vistos como rótulos definitivos
ou limitantes. Além disso, é essencial considerar o contexto individual
de cada pessoa, suas circunstâncias sociais, emocionais e culturais ao
interpretar e aplicar um diagnóstico, evitando preconceitos e
expressões discriminatórios.
Infelizmente, o diagnóstico psiquiátrico ainda é estigmatizado
em muitas sociedades, o que pode levar à discriminação e ao
preconceito. Pessoas diagnosticadas podem enfrentar estigma tanto
em suas vidas pessoais quanto na escola. Isso pode afetar sua
autoestima, autoconfiança e relacionamentos interpessoais, bem como
contribuir para a exclusão social, bullying e dificuldades na vida
escolar. Pessoas diagnosticadas podem lidar com sintomas que
interferem em sua capacidade de concentração, regulação emocional,
relacionamentos interpessoais e desempenho acadêmico. Elas podem
enfrentar dificuldades adicionais no gerenciamento do estresse,
enfrentar estigmas sociais, experimentar sentimentos de vergonha ou
enfrentar barreiras no acesso a oportunidades educacionais. É
necessário refletir sobre os impactos dos diagnósticos na vida e nas
relações das pessoas na escola e acolher as pessoas em sofrimento
mental!
Isso significa abrir espaço para discussões sobre saúde mental,
redução do estigma, empatia e promoção de um ambiente escolar
inclusivo e solidário. Cada pessoa e situação são únicas, e os
diagnósticos não podem ser utilizados para apagar ou discriminar as

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diferenças das pessoas. É necessário acolher toda diversidade da saúde
mental dentro e fora da escola.

O direito à saúde e as redes de cuidado


No Brasil, a saúde é um direito de todos e dever do Estado, e
é através do SUS que se efetiva esse direito social. Os serviços de saúde
do SUS estão organizados para atender as pessoas de modo que todos
tenham o direito à saúde garantido. Isso significa que uma enorme
rede de pessoas e instituições estão ligadas para atender as pessoas e
suas necessidades de saúde.
Essa grande rede de serviços de saúde, se junta a outras redes
de pessoas e áreas, como a assistência social e as escolas, por exemplo.
Formando um conjunto de contatos, conversas, ações e parcerias, pelo
qual realizam o cuidado às pessoas de um território. Assim, os postos
de saúde, os serviços de saúde mental, os CRAS, escolas e associações
podem formar uma rede de cuidados para cuidar da saúde mental dos
estudantes e professores da escola. Todos ligados pelo acolhimento e
ações que promovam o vínculo e bem-estar. A rede de cuidado efetiva
o direito à saúde e acolhe as pessoas e suas necessidades de saúde.
Construir uma rede de cuidados é essencial para promover a
saúde mental nas escolas. Convidar profissionais, pessoas e
comunidade para juntos construir o cuidado que precisam e merecem.

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Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo


As brincadeiras de integração e dinâmicas de grupos são
ótimas aliadas do professor na hora de trabalhar a diversidade
em sala de aula. A maioria das atividades pode ser adaptada de
acordo com a realidade e necessidade do educador e sua turma.
Com essas práticas, os estudantes aprendem a lidar com as
diferenças e a conviver coletivamente sem qualquer tipo de
discriminação.
Nesse caso, uma atividade interessante é o painel da
diversidade, que propõe personalizar bonecos de cartolina.
Funciona assim: o professor faz um boneco de cartolina branca
ou papel pardo para cada aluno, entrega tintas, canetinhas,
revistas e cola, e instrui os alunos a personalizá-lo de acordo
com as suas características ou vontade.
Ao final da atividade, todos vão ter um boneco único. Em
seguida, o educador cola os bonecos de mãos dadas no painel
da diversidade para simbolizar a amizade e o respeito, e
conversa com a turma para abordar a diversidade e diferenças
entre as pessoas.
As crianças, adolescentes e jovens no geral carecem de
bons exemplos. Por isso, por meio de aulas expositivas sobre
História ou demais disciplinas, o professor pode fortalecer a
autoestima dos seus alunos apresentando figuras consideradas
símbolo de representatividade, ou seja, que se destacaram em
suas jornadas pela busca de reconhecimento e respeito.
Para trabalhar a questão do racismo, por exemplo, o
educador pode contar as histórias de pessoas negras que
ganharam destaque nacional ou internacional ao combater o
preconceito racial e fortalecer a população negra. Além disso,
também pode-se usar a literatura para mostrar a crueldade da

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escravidão, mas, acima de tudo, evidenciar a cultura e a
capacidade dos negros de se organizar e de sobreviver.
Essa mesma estratégia pode ser usada para discutir os
diagnósticos e como independente deles, as pessoas podem se
realizar e seguir a vida. O conto de Machado de Assis “O
Alienista” é um ótimo recurso para refletir sobre o cuidado da
saúde mental das pessoas e da comunidade.

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Sugestão de leitura
Machado de Assis – O alienista. Editora
Principis, São Paulo, 2019.
Machado de Assis, neste livro, propõe a seguinte
pergunta: quem é louco? Conheça a história do médico
Simão Bacamarte, dedicado e estudioso da mente
humana, que decide construir um hospício para tratar
os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí, a
casa verde. Quem entra e quem fica de fora?
Surpreenda-se com o final.

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Bicho de sete cabeças – Filme – 2000.
Direção de Laís Bodanzky baseada no livro
autobiográfico de Austregésilo Carrano
Bueno, Canto dos Malditos.
O filme conta a história de Neto (Rodrigo Santoro),
um jovem que é internado em um hospital
psiquiátrico após seu pai descobrir um cigarro de
maconha em seu casaco. Lá, Neto é submetido a
situações abusivas. O filme, além de abordar a
questão dos abusos feitos pelos hospitais
psiquiátricos, também aborda a questão das drogas e
a relação entre pai e filho e as consequências geradas
na estrutura da família.

Estamira. – Filme – 2005. Direção dirigida


por Marcos Prado e produzido por José
Padilha.
Estamira Gomes de Sousa, conhecida por
protagonizar documentário homônimo, foi uma
senhora que apresentava distúrbios mentais, vivia e
trabalhava (à época da produção do filme) no aterro

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sanitário de Jardim Gramacho, local que recebe os
resíduos produzidos na cidade do Rio de Janeiro.
Tornou-se famosa pelo seu discurso filosófico, uma
mistura de extrema lucidez e loucura, que abrangia
temas como: a vida, Deus, o trabalho e reflexões
existenciais acerca de si mesma e da sociedade dos
homens.

Sugestão de conteúdos da Internet


Despatologiza
https://www.despatologiza.com.br/
O Despatologiza - Movimento pela
despatologização da vida teve início quando
profissionais da medicina, educação, psicologia e
fonoaudiologia, parceiros de pesquisa e serviço,
viram a necessidade de enfrentar, coletivamente,
processos de patologização que transfiguram
diferenças em doenças, para ocultar as
desigualdades que assolam nossa sociedade.

Saiba mais – referências técnicas e


profissionais para aprofundamento
Fernando Freitas e Paulo Amarante –
Medicalização em Psiquiatria. Editora da
FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2017.
Os autores chamam atenção para o fato de que
experiências comuns e naturais da nossa existência
têm sido consideradas passíveis de serem 'tratadas' e
'resolvidas' com medicamentos. Com linguagem
acessível, esta obra objetiva ampliar o debate sobre a
medicalização do sofrimento psíquico, incluindo, em
especial, aqueles que sofrem com ela.

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Roda Formativa
Nesta quarta Roda Formativa, vamos construir a rede de
cuidados da saúde mental.
Os participantes do curso serão divididos em pequenos grupos
chamados Rodas Formativas. Cada grupo contará com um tutor que
terá a missão de apoiar os participantes na realização das atividades
do curso. Os tutores são profissionais de saúde ou outras áreas com
experiência e formação na área de saúde mental e estão preparados
para acolher, orientar e apoiar os participantes em todas as atividades
do curso.
Cada grupo deverá, juntamente com o tutor, construir uma
roda de conversas, formando um círculo seguro e confortável, onde
todos possam se ver e ouvir.
Após a construção da Roda Formativa e com a coordenação do
tutor deverão ser realizados três giros de conversas, com o seguinte
roteiro:

1º Giro da roda:
Cada participante deverá pegar o barbante e enquanto enrola
no dedo se apresenta e diz quem ou o que gostaria de contar na sua
rede de cuidados.
Finalizada a apresentação o participante lança o barbante para
outro participante da roda, chamando para sua rede de cuidados.
Um após o outro, os participantes vão se apresentando e
lançando o barbante para quem quer que esteja na sua rede de
cuidados.

2º Giro da roda:
Quando todos os participantes estiverem ligados pelo
barbante podem visualizar a rede que construíram.
Os participantes podem experimentar os vários usos da rede,
puxando, baixando ou subindo os fios do barbante conjuntamente.

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Para construir a rede foi necessário chamar alguém para a
rede!
Mas é necessário percorrer a rede, assim com ajuda de todos,
os participantes vão percorrendo a rede de fios de barbante para
encontrar quem está do outro lado, assim, mostra-se que é necessário
sair do lugar para encontrar quem está do outro lado da rede.
Ao final do giro todos percorreram a rede de cuidado para
receber ou oferecer o cuidado!

3º Giro da roda:
No último giro da roda, os participantes com a ajuda do tutor,
deverão ler e se preparar para realização da 4ª tarefa do curso. Neste
momento é importante tirar dúvidas, se aconselhar e compartilhar
dicas, experiências e ideias que possam ajudar os participantes a
cumprir a tarefa, que será realizada no intervalo dos encontros
formativos do curso, nas escolas ou comunidades onde os
participantes trabalham e vivem.
Para encerrar a Roda Formativa os participantes podem
realizar o “Giro do Abraço” onde cada participante se despede do
colega ao lado, dedicando algo que seja bom para realização da tarefa
do curso, o convidando para o próximo encontro formativo e
dedicando um abraço.

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4ª Tarefa do curso
Nesta quarta tarefa do curso vamos construir a rede de
cuidados da saúde mental da escola.
Com ajuda de outros educadores, estudantes, familiares e
pessoas da comunidade, construa sua rede de cuidados, anotando nos
círculos os dados das pessoas ou instituições que podem te apoiar a
realizar o cuidado em saúde mental na escola.

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ANOTAÇÕES
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FGPSBEFMBT
Tema

Enfrentando violências, preconceitos e


discriminações e construindo o diálogo e a paz nas
escolas e fora delas

Marta Maria Neves Corrêa


Thales Lopes da Silva
Aisllan Diego de Assis

Objetivos
Refletir sobre os conceitos e formas de violência, preconceito e
discriminação nas escolas e comunidade;
Enfrentar as causas e consequências da violência escolar;
Criar espaços de diálogo para expressão livre, convivência pacífica e
compartilhamento de experiências na escola e comunidade.

Introdução - Entendendo os conceitos de


violências, preconceitos e discriminações
Neste quinto encontro formativo a proposta é refletir sobre as
violências, preconceitos e discriminações que ocorrem dentro e fora do
espaço escolar. A construção do diálogo e da paz nas escolas é
fundamental para enfrentar toda forma de conflito social. A educação
desempenha um papel crucial na formação de indivíduos conscientes,
tolerantes e respeitosos, capazes de conviver em uma sociedade com
tanta diversidade.
Violência é definida pela Organização Mundial da Saúde
(2002) como “o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou

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reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou
comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de
resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento
ou privação”.
Já o Preconceito é uma opinião formulada sem a devida
reflexão ou exame crítico. Geralmente desprovida de qualquer
fundamento, essa opinião acaba influenciando modos de pensar e agir,
podendo determinar atos de intolerância contra pessoas ou grupos
sociais. Dentre os tipos de preconceito que existem na nossa sociedade,
são comuns os preconceitos contra condição social (classismo ou
preconceito social), pessoas com deficiência (capacitismo),
nacionalidade ou origem (xenofobia), orientação sexual (homofobia),
identidade de gênero (machismo), etnia, raça (racismos), maneira de
falar (preconceito linguístico) e local de moradia ou território
tradicional (racismo ambiental).
A Discriminação é denominada toda a atitude que exclui,
separa e inferioriza pessoas tendo como base ideias preconceituosas.
Esse tipo de violência geralmente é praticado contra as classes sociais
pobres, população negra, pessoas com deficiência, população
LGBTQIAPN+, obesos, regionalidade, pessoas de outras etnias e
religiões, além de demais grupos sociais.

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Enfrentando a violência escolar
A violência escolar pode ser definida como toda ação ou
omissão que cause ou vise causar dano à escola, à comunidade escolar
ou a algum de seus membros. Sendo visíveis ou invisíveis: visíveis,
agressões físicas e agressões verbais; e invisíveis, intolerância,
autoritarismo, machismo, preconceitos, falta de afetividade, racismo,
discriminações por parte dos educadores, estudantes ou outras
pessoas atuantes na escola.
As causas da violência escolar estão ligadas a um conjunto de
motivos que podem explicar comportamentos, reações, expressões e
sentimentos violentos ou conflituosos. Está ligada ao contexto e
território em que a escola está inserida, às pessoas que compartilham
os espaços das escolas e comunidade. O enfrentamento da violência
escolar é um processo contínuo e multidimensional. As escolas devem
adotar uma abordagem abrangente, envolvendo todas as partes
interessadas, especialmente a comunidade, para criar um ambiente
escolar seguro e acolhedor, onde todos se sintam protegidos e seguros.
É fundamental promover a educação e conscientização sobre os
diferentes tipos de violência, preconceitos e discriminações, seus
impactos e como evitá-los. Identificar e intervir precocemente nos
casos de violência é crucial. As escolas devem estar atentas a sinais de
violência, como bullying, agressões físicas ou verbais, discriminação e
abuso.

Construindo espaços de diálogo e paz na escola


Para promover um ambiente escolar inclusivo e pacífico, é
imprescindível que esteja atento às causas da violência escolar,
preconceitos e discriminações. Nos fatores culturais, sociais e
territoriais, buscando atuar nos conflitos, entendendo as partes
envolvidas e oferecendo espaços e momentos de diálogo e pacificação.
Para isto, algumas estratégias podem ser implantadas entre escola e
comunidade, mobilizando gestores, estudantes, pais, familiares,
professores e outros profissionais atuantes na escola e comunidade,

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para juntos construir espaços e medidas de diálogo e resolução de
conflitos.
Algumas sugestões para construir espaços de diálogo e paz nas
escolas, incluem: educação dos direitos humanos, sensibilização e
conscientização, escuta ativa, diálogo aberto e respeitoso, mediação de
conflitos, enfrentamento do bullying, inclusão e acessibilidade para
todos da escola, formação dos educadores, observar para prevenir,
evitar punições, cooperação com família e comunidade, atenção e
cuidado da saúde mental.
O trabalho com a arte, literatura e esporte pode ser muito
benéfico para promover a saúde mental e a convivência pacífica nas
escolas. Lembre-se de que a construção do diálogo e da paz nas escolas
é um processo contínuo, que exige o engajamento de toda a
comunidade e escolas. É por meio da educação e do respeito mútuo
que podemos construir uma sociedade mais justa, igualitária e
pacífica. Vamos conversar?

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Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo

Resolvendo Problemas

A dinâmica de resolução de problemas e tomada de


decisão, é uma forma colaborativa e engajadora de envolver
pessoas, a fim de resolver problemas complexos ou invisíveis
dentro da escola e fora dela. A ideia é mostrar que para
solucionar os problemas e construir um movimento de paz, a
união de toda a comunidade é imprescindível. Por isto, a
importância da construção de redes e vínculos.

Material: Bexiga, tira de papel

Procedimento: Formação em círculo, uma bexiga vazia


para cada participante, com uma tira de papel dentro (que terá
uma palavra para o final da dinâmica).

O facilitador dirá para o grupo que aquelas bexigas são


os problemas que enfrentamos no nosso dia a dia (de acordo
com a vivência de cada um), desinteresse, intrigas, fofocas,
competições, inimizade etc.

Cada um deverá encher a sua bexiga e brincar com ela


jogando-a para cima com as diversas partes do corpo, depois
com os outros participantes sem deixar ela cair.

Aos poucos o facilitador pedirá para alguns dos


participantes deixarem suas bexigas no ar e se sentarem, os
restantes continuam no jogo.

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Quando o facilitador perceber que quem ficou no centro
não está dando conta de segurar todos os problemas peça para
que todos voltem ao círculo e então ele pergunta:

1) a quem ficou no centro, o que sentiu quando percebeu


que estava ficando sobrecarregado;

2) a quem saiu, o que ele sentiu.

Depois destas colocações, o facilitador dará os


ingredientes para todos os problemas, para mostrar que não é
tão difícil resolvermos problemas quando estamos juntos.

Ele pedirá aos participantes que estourem as bexigas e


peguem o seu papel com o seu ingrediente, um a um deverão ler
e fazer um comentário para o grupo, o que aquela palavra
significa para ele.

Dicas de palavras ou melhores ingredientes:

- Amizade, solidariedade, confiança, cooperação, apoio,


aprendizado, humildade, tolerância, paciência, diálogo, alegria,
prazer, tranquilidade, troca, crítica, motivação, empatia.

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Sugestão de leitura
Margaret J. Wheatley – Conversando a
gente se entende. Editora Cultrix, São
Paulo, 2002.
A autora relata a sua experiência riquíssima para
demonstrar que as grandes transformações no
mundo acontecem quando passamos a nos ouvir
melhor uns aos outros em conversas, diálogos
simples, honestos, humanos, numa constante
troca de experiências, esperanças e medos.

Conselho Nacional do Ministérios Público.


Diálogos e mediação de conflitos nas
escolas: guia prático para educadores.
Brasília, DF, 2014. Disponível em:
https://www.cnmp.mp.br/portal/publicac
oes/245-cartilhas-e-manuais/6004-
dialogos-e-mediacao-de-conflitos-nas-
escolas
Além da Cartilha com roteiros de aula, soma-se a
este Guia Prático para Educadores, vasta
informação sobre diálogo e mediação de conflitos,
bem como atividades sugeridas, detalhadamente
descritas, para que o professor encontre, em
conjunto com estudantes, os caminhos para
restabelecer a tranquilidade na comunidade
escolar e fortalecer o vínculo de pertencimento ao
grupo.

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Sugestão de filmes ou vídeos para utilização
nas escolas e comunidades
Pro dia nascer feliz – Documentário, 2007.
Direção, edição e roteiro: João Jardim.
Copacabana Filmes, Brasil.
O filme é uma rara oportunidade para discutir
com os próprios estudantes a sua situação e a
situação do ‘outro’, do estudante que está em
outro lugar, outra realidade. Comparar
realidades, verificar condições, criticar a partir do
conhecimento do diverso e compreender os
desafios da educação são possibilidades de
diálogo com os próprios estudantes. Carências,
grilos, sonhos, vontades, desânimo, desestímulo,
apoio, pressão… violência.

Tarja Branca - A Revolução Que Faltava -


Documentário 2014. Direção Cacau
Rhoden. São Paulo, Brasil.
A partir dos depoimentos de adultos de gerações,
origens e profissões diferentes, o documentário
discorre sobre a pluralidade do ato de brincar, e
como as pessoas podem se relacionar com a
criança que mora dentro delas. Por meio de
reflexões, o filme mostra as diferentes formas de
como a brincadeira, ação tão primordial à
natureza humana, pode estar interligada com o
comportamento do homem contemporâneo e seu
“espírito lúdico”.

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Sugestão de conteúdos da Internet

Portal do Instituto Claro


https://www.institutoclaro.org.
br/educacao/
Neste portal é possível acessar
materiais de qualidade como filmes,
podcasts, planos de aula, entre outros,
que podem ajudar educadores a
construir atividades, aulas e encontros
de diálogo e cidadania nas escolas.

Saiba mais – referências técnicas e


profissionais para aprofundamento

Lia Diskin e Laura Gorresio Roizman – Paz,


como se faz? semeando a cultura de paz nas
escolas. São Paulo: Palas Athena; Brasília:
UNESCO, 2021. Disponível em:
https://www.palasathena.org.br/downloa
ds/livro-paz-como-se-faz.pdf
Este livro, destinado a escolas, professores e
lideranças da sociedade civil, tem o objetivo de
disseminar as sementes da paz, ampliando e
fortalecendo a construção de uma sociedade
baseada na não violência. Com maestria, as
autoras elaboram um contexto para cada princípio
do Manifesto 2000, apresentando reflexões e
sugestões de exercícios e jogos, que tornam esta
publicação um valioso guia prático e didático para
auxiliar professores, pais, estudantes e
comunidades a trabalharem os valores necessários
para uma convivência pacífica.

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Roda Formativa
Nesta roda formativa vamos refletir sobre as ferramentas para
o enfrentamento e mediação dos conflitos encontrados no ambiente
escolar, na busca pelo diálogo e pela paz nas escolas. Usaremos a
dinâmica dos balões.

Resolvendo os Problemas

Material: Bexiga, tira de papel, corda e venda para os olhos

1º Giro: iniciar fora do espaço, é ofertado uma bexiga vazia


orientando que cada participante possa enchê-la. Juntamente será
entregue uma tira de papel dobrada com uma palavra na qual não
poderá ser lida naquele momento, pois será utilizada no final da
dinâmica.

O facilitador dirá para o grupo que aquelas bexigas são os


problemas que enfrentamos no nosso dia a dia (de acordo com a
vivência de cada um), desinteresse, intrigas, fofocas, competições,
inimizade, etc.

2º Giro: Os participantes entrarão no espaço designado com os olhos


vendados e caminharão sobre a corda que estará disposta no chão de
forma aleatória. Este caminhar na corda vendados, propõe aos
participantes um sentimento de incerteza e insegura mediante a
vivência no contexto escolar diante de tantos desafios e obstáculos. E
a venda nos olhos representa a invisibilidade e a cegueira social
referente a violência, o preconceito e a discriminação.

3º Giro: Cada um deverá encher a sua bexiga e brincar com ela


jogando-a para cima depois com os outros participantes sem deixar ela
cair. Aos poucos o facilitador pedirá para alguns dos participantes

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deixarem suas bexigas no ar e se sentarem, enquanto os restantes
continuam no jogo.

Quando o facilitador perceber que quem ficou no centro não


está dando conta de segurar todos os problemas peça para que todos
voltem ao jogo.

Assim o facilitador convida os participantes para encerrar o jogo e em


roda cada um vai ler a palavra recebida no início e fazer uma ação
referente a palavra lida atribuindo a alguém.

Finalizar com a proposta de uma escrita livre sobre como o


grupo se sentiu ao longo processo da dinâmica.

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5ª Tarefa do curso

Construção do mural do bem-estar nas escolas

Objetivos: busca reforçar a visão de que estudantes, professores e


demais profissionais possuem um papel ativo no ambiente escolar,
podendo contribuir juntos na construção do bem-estar na escola.

Material para execução da tarefa: filetes de papel ofício colorido,


folhas de papel pardo, canetinhas e fita adesiva, imagens, desenho ou
outros materiais para compor o mural.

Desenvolvimento: A proposta é convidar estudantes, professores,


coordenação pedagógica, demais funcionários, pais e responsáveis
para que se construa um mural de forma participativa e democrática.
Escolher um local apropriado para montar o painel, que seja um local
de boa visibilidade na qual toda a comunidade escolar tem contato.
Enfim, escolher um dia para executar a tarefa.

Neste mural deve-se colocar perguntas referentes ao bem-estar


no contexto escolar e pedir que cada participante possa responder as
perguntas com textos, imagens, ilustrações ou outros materiais. O
mural pode ser dividido em partes, uma para cada pergunta, com
cores, textos e imagens diferentes.

No dia agendado, num primeiro momento, acolher os


participantes e em seguida, criar uma roda de diálogo para explicar a
tarefa. Convidar ao grupo a criar as perguntas que vão orientar a
construção do mural do bem-estar da escola.

Após construir e fixar o mural, convidar todos os participantes


a apreciar e discutir como construir na escola os espaços e momentos
de bem-estar.

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Exemplos de perguntas que podem ajudar na construção do
mural:

a) Quais atividades ou aspectos da escola contribuem para o seu bem-


estar?

b) Existe alguma coisa na escola que faça você se sentir desconfortável


ou infeliz? O que poderia ser feito para melhorar essa situação?

c) Você se sente apoiado pelos seus colegas e professores na escola?


Quais estratégias você usa para lidar com o estresse ou a pressão
escolar?

d) Quais recursos ou serviços estão disponíveis na escola para ajudar


a lidar com problemas de saúde mental ou emocional?

e) O que você acha que poderia ser feito para promover um ambiente
mais inclusivo e acolhedor na escola?

f) Você sente que sua opinião é ouvida na escola? De que maneira?

g) Como a escola poderia incentivar a participação dos alunos em


atividades físicas e esportivas? Você sente que a carga de trabalho na
escola é equilibrada? Por quê?

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ANOTAÇÕES
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OBTFTDPMBTFGPSBEFMBT
Tema

Empoderamento e Comunicação Não Violenta para


saúde mental nas escolas e fora delas

Aisllan Diego de Assis


Rosângela Minardi Mitre Cotta
Glauce Dias da Costa

Objetivos
Refletir sobre os significados e práticas de empoderamento para saúde
mental;
Conhecer a comunicação não – violenta, seus princípios e usos na
escola;
Construir um espaço de empoderamento e acolhimento na escola ou
comunidade.

Introdução – O que é empoderamento?


Neste sexto encontro formativo do curso vamos refletir sobre
os conceitos e práticas do empoderamento. O empoderamento é um
conceito que se refere ao fortalecimento de indivíduos ou grupos para
que adquiram controle sobre suas vidas, tomem decisões informadas
e participem ativamente na sociedade. É um processo que visa
aumentar a autonomia, a confiança, a consciência de direitos e a
capacidade de agir e influenciar nas questões que afetam suas vidas.
Existem várias formas de promover o empoderamento das pessoas e
comunidades, entre elas o desenvolvimento de habilidades de
comunicação. É assim que a comunicação não – violenta pode ser útil
para promover o empoderamento de estudantes, educadores e
comunidades da escola.

93
A Comunicação Não Violenta (CNV) é um modelo de
comunicação desenvolvido pelo psicólogo e mediador Marshall
Rosenberg. Ela busca estabelecer conexões e construir
relacionamentos saudáveis, promovendo empatia, compreensão e
resolução pacífica de conflitos. A CNV é baseada em princípios de
respeito, compaixão e cooperação. Ela se concentra na expressão
honesta de sentimentos e necessidades, bem como na escuta empática
dos outros. O objetivo da CNV é criar uma atmosfera de diálogo aberto,
no qual as pessoas se sintam ouvidas e compreendidas, facilitando a
resolução de conflitos e a construção de relacionamentos mais
positivos.
Tanto o empoderamento quanto a CNV fornecem ferramentas
para lidar com conflitos de forma pacífica e construtiva. Ao se envolver
em processos de resolução de conflitos baseados na CNV, você pode
promover a compreensão mútua, a empatia e a busca de soluções que
atendam às necessidades de todas as partes envolvidas. Isso contribui
para a promoção da saúde mental e para a criação de relacionamentos
saudáveis e harmoniosos.
O empoderamento e a CNV também estão ligados à promoção
da igualdade, da justiça social e dos direitos humanos. Ao promover a
igualdade e lutar contra a discriminação e a opressão, estudantes,
educadores, familiares e toda comunidade contribuem para a criação
de ambientes mais saudáveis e inclusivos, nos quais todas as pessoas
tenham suas necessidades atendidas e se sintam valorizadas.
Promover a saúde mental com o empoderamento e a CNV
envolve práticas contínuas de autodesenvolvimento, empatia e
cuidado com todos nas escolas e fora delas.

94
As práticas de empoderamento na escola e
comunidade
O empoderamento é um processo contínuo e dinâmico, que
pode variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo. É uma
abordagem que visa promover a igualdade, a justiça social e a
participação significativa de todos na sociedade.
O empoderamento envolve capacitar as pessoas, especialmente
as mais vulneráveis como mulheres, crianças, adolescentes, pessoas
com deficiências e atingidos, a superarem barreiras e desafios,
permitindo que elas alcancem seu pleno potencial e tenham uma voz
ativa em questões pessoais e coletivas. Ele se baseia nos princípios de
igualdade, justiça social e respeito pelos direitos humanos.
Existem diferentes práticas de empoderamento, que podem ser
utilizadas para promover a saúde mental. Alguns exemplos de como o
empoderamento pode ocorrer nas escolas e na comunidade, incluem:
atividades que promovam desenvolvimento de habilidades, confiança e
autoestima em nível individual dos estudantes e educadores;
fortalecimento da comunidade e seus grupos, para que possam se
organizar, identificar problemas e buscar soluções coletivas. Isso pode
envolver o acesso a recursos, a criação de redes de apoio, a participação
cívica, a colaboração com outros grupos e a defesa de interesses
comuns; participação ativa e informada nos processos políticos e na
tomada de decisões que afetam a vida das pessoas. Isso pode incluir a
conscientização sobre questões políticas, a defesa de direitos e acesso a
oportunidades de trabalho, educação financeira, empreendedorismo e
redes solidárias de compra, troca e venda de produtos.

Utilizando a CNV para promover a saúde mental na


escola
A utilização da Comunicação Não Violenta (CNV) na escola
pode ser uma estratégia eficaz para promover a saúde mental dos
estudantes, educadores e de toda a comunidade escolar.
Algumas maneiras de utilizar a CNV são:

95
Estabelecer um ambiente acolhedor, criando um ambiente
escolar seguro e inclusivo, onde os estudantes e educadores se sintam
valorizados e respeitados. Promover a empatia, a escuta ativa e a
compreensão mútua entre os estudantes, professores e funcionários.
Ensinar habilidades de comunicação emocional ensinando e
aprendendo a identificar e expressar os sentimentos e necessidades de
forma não violenta. Ensinar e aprender a ouvir ativamente os outros e
a desenvolver empatia. Isso inclui incentivar os educadores e
estudantes a descreverem observações objetivas, expressarem seus
sentimentos e necessidades, ouvirem com empatia e colaborarem na
busca de soluções que atendam às necessidades de todos os
envolvidos.
Podem ser atividades como rodas de conversa, onde
estudantes, educadores, familiares e membros da comunidade têm a
oportunidade de se expressar e serem ouvidos, bem como projetos
pedagógicos que incentivem a compreensão e o respeito pelas
diferentes culturas e experiências dos colegas, como as feiras de arte e
cultura da escola.
Use a CNV para abordar questões de bullying, preconceito e
discriminação na escola e comunidade. Incentive estudantes e
educadores a se expressarem de forma respeitosa e a se colocarem no
lugar do outro. Trabalhe para criar um ambiente escolar livre de
bullying e promova o respeito à diversidade e que todos sejam
valorizados.

96
Caixa de Ferramentas dos Educadores

1. Prática ou dinâmica de grupo

Campo minado
O campo minado demonstra a importância de uma boa
comunicação, de saber ouvir aquilo que o outro diz e,
principalmente, confiar nos colegas de equipe. Serão
necessárias mesas, cadeiras, caixas e outros objetos que sirvam
como obstáculos, além de vendas para os olhos dos
participantes e um espaço bem amplo e vazio.
Os itens devem ser espalhados pelo local, formando um
“campo minado” de obstáculos. O grupo, por sua vez, será
dividido em duplas. Um membro da dupla é vendado e enviado
para o campo minado sem poder falar, somente ouvindo as
instruções do seu colega — que estará fora do campo,
orientando seus movimentos para que passe ileso por todos os
obstáculos.
A cada vez que o participante esbarrar em um objeto, a
dupla receberá uma punição (voltar dez passos, por exemplo).
Quem completar o caminho em menos tempo vence a
brincadeira.

Descoberta da emoção
Essa dinâmica ajuda no autoconhecimento de cada
membro do grupo e, consequentemente, no exercício de observar
o outro, ajudando-o a reconhecer os próprios sentimentos e os
do colega. Para tanto, serão necessárias algumas fichas com
emoções e sentimentos escritos em cada uma delas.
O grupo é dividido em dois times, sendo que cada um
ficará com metade das fichas. Um membro de cada equipe pega
uma ficha e começa a expressar aquele sentimento (ou emoção)

97
para o seu grupo, mas sem revelar verbalmente qual é. O time
que acertar em menos tempo marca o ponto.
O jogo acaba quando não houver mais fichas a serem
interpretadas e, claro, ganha o time com maior número de
pontos.

Troca de segredos
Essa dinâmica objetiva viabilizar a empatia entre os
participantes da equipe. O recomendado é que o grupo possua
cerca de 20 pessoas. Os materiais necessários são papel e lápis
ou caneta para os membros. Cada um deve escrever se possui
alguma dificuldade de se relacionar com outro membro da
equipe, mas que não apresenta vontade de se exprimir
verbalmente.
Porém, é preciso ter atenção ao escrever! Cada pessoa
deve utilizar uma letra diferente, para que não seja possível
reconhecer. Depois, são redistribuídos os papéis e é preciso que
o participante leia o que está escrito, como se o problema fosse
dele, e sugerir uma solução.

98
Sugestão de leitura
Marshall Rosenberg – Comunicação não-
violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais.
Editora Ágora, São Paulo, 2006.
Manual prático e didático que apresenta
metodologia criada pelo autor, voltada para
aprimorar os relacionamentos interpessoais e
diminuir a violência no mundo. Aplicável em
centenas de situações que exigem clareza na
comunicação: em fábricas, escolas, comunidades
carentes e até em graves conflitos políticos.

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Frida – Filme – 2002. realizado por Julie
Taymor, com roteiro de Clancy Sigal, Diane
Lake, Gregory Nava e Anna Thomas baseado
no livro Frida: A Biography of Frida Kahlo, de
Hayden Herrera, por sua vez inspirado na
vida da pintora mexicana Frida Kahlo.
O filme é um retrato verdadeiro da história e da vida
da pintora mexicana Frida Kahlo, focando-se ainda
na relação amorosa e abusiva com o marido Diego
Rivera. Para além de ter sido uma grande artista,
Frida lutou contra uma vida carregada de dor.

99
Hoje eu quero voltar sozinho – Filme – 2014.
Direção, produção e roteiro de Daniel
Ribeiro, estrelado por Guilherme Lobo,
Fábio Audi e Tess Amorim.
O filme traz temas como superproteção materna,
inclusão de pessoas com deficiência no sistema
educacional, homossexualidade e bullying. Além de
tudo isso, o fato de o filme ser brasileiro faz com que
a narrativa e contexto possam ser explorados em um
argumento de forma mais direta.

Sugestão de conteúdos da Internet


Instituto CNV Brasil
https://www.institutocnvb.com.br/
O propósito do Instituto CNV Brasil é poder
usar as práticas da CNV para construir
relações a partir da colaboração e conexão
humana. Por isso, esse espaço de aprendizado
na CNV através de treinamentos online e
presenciais, promovendo encontros
gratuitos, acompanhando projetos sociais, e
trazendo treinadores com ampla experiência
para ampliar a potência dessa prática no
Brasil.

100
Saiba mais – referências técnicas e
profissionais para aprofundamento
Joice Berth – Empoderamento. Editora
Jandaíra, Rio de Janeiro, 2019.
Uma discussão sobre a Teoria do
Empoderamento, a partir de diversas matrizes
teóricas que hoje se dedicam ao tema. São
pensadores que entendem empoderamento como
aliança entre conscientizar-se criticamente e
transformar na prática, algo contestador e
revolucionário na sua essência. Muito mais do que
a tradução literal de um termo estrangeiro, é uma
prática cotidiana para a igualdade.

101
Roda Formativa
Nesta sexta Roda Formativa, vamos praticar o empodera-
mento e a comunicação não-violenta para promoção da saúde mental
nas escolas e comunidades.
Os participantes do curso serão divididos em pequenos grupos
chamados Rodas Formativas. Cada grupo contará com um tutor que
terá a missão de apoiar os participantes na realização das atividades
do curso. Os tutores são profissionais de saúde ou outras áreas com
experiência e formação na área de saúde mental e estão preparados
para acolher, orientar e apoiar os participantes em todas as atividades
do curso.
Cada grupo deverá, juntamente com o tutor, construir uma
roda de conversas, formando um círculo seguro e confortável, onde
todos possam se ver e ouvir.
Após a construção da Roda Formativa e com a coordenação do
tutor deverão ser realizados três giros da roda, com o seguinte roteiro:

1º Giro da roda:
Cada participante deverá se apresentar, dizer como chega na
roda e escrever numa folha de papel seu maior sonho. Poderá usar uma
só palavra, expressão ou descrever com detalhes o que pretende ser ou
ter no futuro. Não se deve dizer o que escreveu aos demais partici-
pantes.
Na mesma folha o participante deverá colocar uma palavra,
expressão ou desenho que mais representa sua identidade.
As folhas deverão ser dobradas de modo a não mostrar o
conteúdo escrito e devem ser depositadas numa caixa, a caixa dos
sonhos e das identidades.

2º Giro da roda:
No segundo giro da roda, quando todos os participantes já se
apresentaram e colocaram as folhas de papel preenchidos na caixa, o

102
tutor passará a caixa para cada participante da roda que deverá retirar,
aleatoriamente, uma das folhas dobradas.
Os participantes deverão ler o sonho e a identidade escritos na
folha. Em seguida, deve-se expressar um modo de valorização da
identidade ali descrita e uma forma de realizar o sonho escrito.
Ao final, quem escreveu o sonho e identidade se revela e diz
como se sente a partir da valorização e realização do outro.

3º Giro da roda:
No último giro da roda, os participantes com a ajuda do tutor,
deverão ler e se preparar para realização da 6ª tarefa do curso. Neste
momento é importante tirar dúvidas, se aconselhar e compartilhar
dicas, experiências e ideias que possam ajudar os participantes a
cumprir a tarefa, que será realizada no intervalo dos encontros
formativos do curso, nas escolas ou comunidades onde os
participantes trabalham e vivem.
Para encerrar a Roda Formativa os participantes podem
realizar o “Caldeirão das emoções”, onde todos os participantes ligados
num abraço coletivo possam lançar no centro da roda uma palavra ou
expressão que possam ajudar todos ali a realizar seus sonhos e
orgulhar-se de quem são, de como e onde vivem.

103
6ª Tarefa do curso
Nesta sexta tarefa do curso vamos construir um espaço de
empoderamento na escola.
Com ajuda de outros educadores, estudantes, familiares e
pessoas da comunidade, organize um show de talentos ou uma feira de
beleza, artes ou produtos manuais. Convide as pessoas da escola, ou
mesmo de sua turma ou sala de aula, a preparar uma apresentação,
poesia, texto, pintura, teatro, artesanatos ou outros produtos que cada
um saiba fazer ou que mais goste.
Organize as apresentações onde cada participante possa
apresentar seu talento, conhecimento, arte ou produto.
Incentive os demais participantes a fazer perguntas e valorizar
as apresentações e aproveite para destacar as qualidades e fragilidades
de cada apresentação e apresentador.
Os participantes podem formar grupos entre mulheres,
homens ou outras identidades para preparar apresentações coletivas,
que possam apresentar o trabalho ou os talentos e belezas de um dos
grupos da escola.
Música, danças, esportes, poesias, textos e outras artes podem
ser apresentadas no pátio da escola, onde todos possam apreciar e
valorizar as apresentações.
O objetivo do show de talentos, feira ou apresentações é dar
oportunidade para que todos na escola possam apresentar suas
habilidades, talentos, qualidades, artes e produtos de modo a destacar
os elementos de sua identidade e cultura, além de suas capacidades
individuais.
As equipes ou grupos podem ser valorizados, mostrando como
o trabalho em equipe e o vínculo entre as pessoas, especialmente entre
aquelas que sozinhas podem ficar mais frágeis, podem construir e
revelar belas formas de fazer e viver juntos e ser solidários.
O empoderamento é uma forma de expandir as liberdades e
abranger os conhecimentos dos estudantes e educadores, tanto
pessoais como intelectuais, que muitas vezes os levam a desenvolver

104
habilidades com o “eu” interior e a ser protagonistas de seus próprios
desejos, lidando melhor com o outro.
O show de talentos da escola ou a feira de artes e identidades
é uma forma de promover o empoderamento na escola, promovendo a
valorização das pessoas e suas habilidades e a saúde mental como
momento de convivência, bem-estar e saúde coletiva.

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ANOTAÇÕES
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Tema

Construindo a escola acolhedora: criando


ambientes de diálogo e convivência humanizada

Rosângela Minardi Mitre Cotta


Emily de Souza Ferreira
Érica Aparecida Coelho
Thainá Cristina Gonçalves de Aguiar

Objetivos
Identificar os requisitos necessários para a criação de espaços de
acolhimento nas escolas, visando a construção de convivências
humanizadas;
Refletir sobre a escuta ativa, o acolhimento e a participação dos
profissionais, família e comunidade para a implementação de uma
escola acolhedora;
Construir estratégias para concretizar a estruturação de escolas
acolhedoras, visando uma abordagem humanizada da saúde mental na
escola e fora dela.

Introdução - Vamos construir uma escola


acolhedora?
O acolhimento é uma das principais diretrizes éticas e
estéticas da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de
Saúde (SUS) no Brasil. Entendido como a recepção do outro
(estudantes, familiares professores e/ou funcionários) na escola,
compreende a responsabilização dos professores e gestores pelos
estudantes, dos gestores pelos professores e funcionários, e dos
professores por seus pares, a escuta qualificada de suas dores,

108
angústias e aflições, a garantia de assistência resolutiva e, caso
necessário, a articulação com outros serviços da rede de atenção à
saúde para continuidade do cuidado.
Neste sentido, o acolhimento é uma tecnologia relacional
capaz de construir e alicerçar afetos, contribuindo para a potenciali-
zação do processo terapêutico entre os docentes, estudantes, gestores,
funcionários e famílias. Desta forma, a criação e solidificação de
espaços de acolhimento nas escolas e fora delas, certamente ajudará
os estudantes, professores e funcionários a lidar com emoções e
sentimentos de maneira dialógica, contribuindo para a construção de
uma convivência humanizada.
Segundo o Instituto Ame sua Mente (2023), o ambiente
educacional deve dispor de alguns princípios e fatores que contribuem
para a formação de uma escola acolhedora, sendo esses: ambiente
saudável; apoio e suporte; diálogo com pais e estudantes; envolvimento
com a comunidade; vínculos afetivos entre todos do grupo escolar;
comunicação efetiva e respeitosa; envolver os estudantes nas atividades
dentro e fora de sala; facilitar o aprendizado; incentivar o respeito e
empatia; desenvolver o senso de pertencimento entre todos os
envolvidos; incentivo ao respeito e empatia; valorização da cultura.
O acolhimento está diretamente ligado à sensação de amparo,
proteção, refúgio, percepções que influenciam diretamente no bem-
estar e satisfação no ambiente escolar. A escola acolhedora está
disposta a acolher os envolvidos na escola, dentro e fora dela, de forma
aberta e compreensiva.

Construindo a escola acolhedora


Os professores e demais colaboradores da escola são
fundamentais na implementação da escola acolhedora, visto seu
relacionamento direto com os estudantes e uns com os outros. Esses,
devem possuir um sentido aguçado para a percepção de mudanças de
conduta dos estudantes e dos demais agentes que compõem esse

109
ambiente, sendo essas relacionadas ao humor, ânimo, a predisposição
para a aprendizagem e desenvolvimento de suas atividades rotineiras.
Para isso, os sujeitos envolvidos na escola devem ser
estimulados a desenvolverem o empoderamento em termos de saúde
mental, reconhecendo a importância da mesma, buscando o seu
autoconhecimento para fortalecer o desenvolvimento do acolhimento
nas escolas e fora delas.
Neste contexto, a escuta ativa deve ser ação costumeira, criando
um local de acolhimento que sustenta um espaço emocional seguro do
qual emerge a confiança entre os pares. Assim, será possível assegurar
a liberdade e potencializar o ser e estar de cada sujeito, possibilitando
ao final, o exercício da empatia no conviver diário, que comporta todas
as humanidades.
A escola acolhedora, nada mais é que um espaço onde as
crianças e jovens desenvolvem habilidades emocionais e sociais,
podendo ampliar sua influência ao se tornar um lugar que estimule os
familiares e a comunidade para o desenvolvimento socioemocional.
A Base Nacional Comum Curricular (1996) evidencia a relevância
da dimensão socioemocional na formação integral do estudante, sendo
também fundamental para o fortalecimento das relações no ambiente
escolar e engajamento nas aulas. O aprendizado de competências
socioemocionais mais disseminado mundialmente é o modelo da
Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning – CASEL.
Esse ocorre por meio do “processo pelo qual crianças, jovens e adultos
adquirem e aplicam de maneira efetiva o conhecimento, atitudes e
habilidades necessárias para entender e gerenciar emoções, traçam e
atingem metas, sentem e demonstram empatia pelos outros, estabelecem
e mantêm relações positivas e tomam decisões responsáveis”.
Esse modelo é centrado no desenvolvimento de cinco compe-
tências inter-relacionadas de natureza cognitiva, afetiva e comporta-
mental: autoconhecimento; autocontrole; consciência social; habili-
dades sociais e tomada de decisão responsável.
O aprendizado de tais competências é essencial no desenvolvi-
mento humano, colaborando para a criação de um ambiente acolhe-

110
dor, dentro e fora da escola, e podem ser apreendidas pelos alunos,
professores, famílias e comunidade.

Estratégias utilizadas para concretizar a escola


acolhedora
A escola, enquanto espaço de transformação pode tornar-se
também um espaço de cuidado, fomentando ações que visem não só o
desenvolvimento cognitivo dos estudantes, mas também a promoção
da saúde emocional dos mesmos, através da formação continuada de
professores(as) para lidar de forma segura com esta problemática, ou
ainda estimulando a construção de redes de apoio entre os
adolescentes, através de roda de conversas, núcleo de apoio, coletivos
de estudantes, dentre outras ações, que oportunize suas emancipações
e construa uma escola mais acolhedora e próxima da realidade de cada
estudante e comunidade.
O Laboratório Inteligência de Vida – LIV nos apresenta
algumas experiências nesse campo de ação:
‫ ط‬Existem escolas acolhedoras que têm a educação socioemocional
como um de seus pilares e os espaços de aula são montados para
que ofereçam vivências em grupos e facilidade de acesso à
informação e provocar a vida colaborativa.
‫ ط‬Outras instituições trabalham com representações de histórias
infantis por estudantes mais velhos visando uma maior
convivência entre estudantes de diferentes etapas, o que
promove o sentimento de pertencimento dos estudantes com a
escola e o surgimento de vínculos.
‫ ط‬Outro exemplo se refere às possibilidades de utilização dos
espaços externos pelos docentes, com a realização de dinâmicas
e conversas nesse espaço, o que traz um feedback positivo, ao
passo que os estudantes ficam mais à vontade, chegam tímidos,
mas aos poucos vão se soltando e conversam mais uns com os
outros, além disso, se abrem mais ao aprendizado.

111
Caixa de Ferramentas dos Educadores

A prática do cuidar, atividade intrínseca do ofício dos


profissionais de saúde e da educação, implica no estabelecimento de
afetos e vínculos entre os sujeitos envolvidos. A mobilização destes
afetos e vínculos leva ao estabelecimento de novos caminhos e
trajetórias mediadas pelo agir pedagógico, levando à construção de
caixas de ferramentas pelos profissionais e educandos.

Dica:
A utilização de técnicas ativas e participativas, constitui-se em
ótimas estratégias para a mobilização dos sujeitos visando a
aproximação, o acolhimento e a integração, para a construção de uma
escola acolhedora.

1. Prática ou dinâmica de grupo

O Varal da Saúde Mental

O varal da saúde mental, tem como objetivo trabalhar as


experiências negativas e positivas das pessoas, relacionadas a
algum tema em específico. Neste caso, a abordagem refere-se à
saúde mental nas escolas. A proposta é montar um varal
(semelhante a um varal onde se estende roupas), levando os
participantes a remontar às suas memórias e relatarem suas
experiências. Estendido o varal, no centro é colocado uma folha
com a frase: “Varal da Saúde Mental”. No lado direito a frase
“Experiências Negativas”, e no lado esquerdo, “Experiências
Positivas”.
Após o acolhimento com a apresentação dos partici-
pantes, inicia-se o primeiro giro da roda de diálogos com a
seguinte comanda: “Lembre-se de uma experiência NEGATIVA
relacionada a sua Saúde Mental que te afetou significa-
tivamente”, individualmente, registre em uma folha: 1) O FATO
(a experiência negativa relacionada a sua saúde mental a qual

112
você vivenciou) e 2) A MARCA (qual foi a marca que esta
experiência deixou em você?) Essa marca é uma palavra, no
máximo 2. Cada participante escreve na folha e inicia-se o
primeiro giro da roda, com a leitura dos relatos individuais
(Conte-nos o que é essencial da sua lembrança, o fato e a
marca), ao final do relato, o participante, levanta, escolhe um
pregador (de roupas) e prega sua folha (fato e marca deixados
pela experiência negativa) no varal (‘as roupas sujas’).
Segue-se então o segundo giro, desta vez com o resgate
da memória da experiência POSITIVA relacionada a saúde
mental que o afetou significativamente, o registro na folha do
fato e da marca, o giro da roda com a leitura e a disposição no
varal das experiências positivas (‘as roupas limpas’).
Intencionalmente as atividades são iniciadas com as
experiências negativas seguidas das positivas. Nestes 2
momentos dos giros da roda, muitas emoções são afloradas e o
grupo se sensibiliza com os colegas, se acolhem, e muitas vezes
se identificam com as experiências, sendo estes sentimentos
trabalhados pela equipe gestora.
É importante relatar que os participantes são orientados
a registrarem apenas as experiências que se sentirem à vontade
para compartilharem. Enquanto a técnica do varal é executada,
uma pessoa da equipe gestora, devidamente capacitada,
constrói em cartolinas e de forma criativa, a sistematização do
processo (em um lugar reservado, para não despertar a atenção
dos participantes da roda). Ao final do processo a sistema-
tização é apresentada aos participantes e estes comentam sobre
as suas sensações, emoções e sentimentos despertados pela
técnica do varal.
Finalizando o processo, no terceiro e último giro é
solicitado aos participantes que avaliem a roda de diálogos
respondendo (em uma palavra), em uma filipeta as seguintes
questões: “O que eu senti hoje? Que mensagem eu gostaria de

113
deixar”. Em seguida as respostas são compartilhadas
livremente.

114
Sugestão de leitura
Júlia Cameron. A arte da escuta. Editora
Sextante, 2022.
Quando aprendemos a escutar de verdade,
nossa atenção é aguçada e ganhamos
autoconhecimento e inspiração. Além disso,
despertamos a criatividade de um modo que
ressoa em todos os aspectos da nossa vida.
Em uma cultura de agitação e barulho
incessantes, este livro é um lembrete do poder
transformador da escuta genuína.

Sugestão de filmes ou vídeos para utilização


nas escolas e comunidades
Escritores da Liberdade – Filme – 2007
Direção de Richard LaGravenese, com
Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn
Uma jovem e idealista professora chega a uma
escola de um bairro pobre, que está corrompida
pela agressividade e violência. A professora Gruwell
(Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de
ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a
confiança em si mesmos, aceitando mais o
conhecimento, e reconhecendo valores como a
tolerância e o respeito ao próximo.

Ao mestre com carinho – Filme – 1967 -


Direção: James Clavell com Sidney Poitier,
Judy Geeson, Christian Roberts.
Um engenheiro aceita lecionar numa escola barra-
pesada em Londres, onde se depara com um grupo

115
de adolescentes rebeldes determinados a expulsá-lo
do cargo. Tratados com respeito, os estudantes
abandonam o comportamento hostil, se afeiçoando
ao mestre.

Sugestão de conteúdos da Internet


Live “Espaço Escolar: Acolher
bem para viver bem”
https://www.youtube.com/@estu
dioeducacaomg
O encontro virtual é voltado para todos
os profissionais da rede estadual de
ensino e comunidade escolar, com a
finalidade de engajar e conscientizar
sobre as ações do Programa de
Convivência Democrática já em prática
em toda a rede escolar de Minas Gerais.

Saiba mais – referências técnicas e


profissionais para aprofundamento
Rosângela Minardi Mitre Cotta e Glauce
Dias da Costa - Portfólio Reflexivo Métodos
de Ensino, Aprendizagem e Avaliação –
Editora UFV, Viçosa, 2016.
Este livro foi elaborado a partir da práxis diária das
autoras como docentes em diferentes cenários de
aprendizagem significativa: “Pouco a pouco,
nossas ideias, sonhos e utopias foram tomando
forma e cor, a partir de diferentes matizes e olhares
dos agentes envolvidos neste processo –
estudantes, docentes, preceptores e demais
profissionais de saúde e áreas afins”.

116
Rosângela Minardi Mitre Cotta
(organizadora) Métodos ativos de ensino,
aprendizagem e avaliação: da teoria à
prática– Editora UFV, Viçosa, 2023.
Neste livro são apresentados detalhadamente os
principais Métodos Ativos de Ensino,
Aprendizagem e Avaliação utilizados na atualidade
de formas presencial, remota e, ou, híbrida.
Apresenta-se também a diferença entre métodos e
técnicas ativas, ilustrando com algumas das
técnicas ativas e participativas mais utilizadas no
ensino universitário e destacando, ainda, a
importância da mentoria e das Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação.

Rosângela Minardi Mitre Cotta e autoras -


Panorama Sobe-Desce e Varal do SUS: o
que motiva e o que desmotiva a utilização
do Sistema Único de Saúde? – Artigo
Científico disponível em:
https://www.jmphc.com.br/jmphc/article/
view/501
Trata-se de pesquisa qualitativa que utilizou como
método, o estudo de caso, tendo como referência o
Panorama Sobe-Desce e o Varal do SUS - técnicas
criativas e interativas de investigação em saúde.

117
Roda Formativa
Mostra das rodas formativas

Nesta última Roda Formativa do curso vamos apresentar uma


síntese de forma criativa as produções realizadas pelos participantes.

A Técnica a ser utilizada: o Varal da Saúde Mental

A construção das Instalações de Aprendizagens de cada roda


formativa
Cada equipe, coordenados por seus respectivos tutores, deverá
planejar, estruturar e apresentar as respectivas produções traba-
lhadas, destacando as competências (conhecimentos, habilidades e
atitudes), aprendidas e exercitados durante todo o curso, montando o
Varal de Saúde Mental da equipe.
- Passo 1: Comecem por dar um nome a sua equipe/roda formativa,
em seguida escolham um relator, e um gestor do tempo, um
coordenador e um co-coordenador* para organizarem adequada-
mente todo o processo de trabalho.
- Passo 2: Discutam e sistematizem suas produções, listando as
atividades executadas pela equipe, os respectivos aprendizados, as
dificuldades e como lidaram com elas, transformando-as em poten-
cialidades e fortalezas.
-Passo 3: Dividam as produções em: “Experiências Negativas” (‘as
roupas sujas’) e “Experiências Positivas” (‘as roupas limpas’).
- Passo 4: Escolham as formas de expressões artísticas que utilizarão
para montarem o Varal (desenhos, pinturas, colagem, teatro, músicas
etc).
- Passo 5: Façam as produções ‘artísticas’ e construam os respectivos
varais de saúde mental.
- Passo 6: Finalizem a atividade, refletindo sobre as seguintes
questões: O que senti ao participar do curso? O que aprendi? Como
chegamos? Como estávamos saindo? O que vamos levar daqui?
- Passo 7: Apresentem para todos os participantes do curso em roda
de diálogo.

118
Divisão dos Papéis no grupo

Coordenador: coordena as atividades, dá voz a todos, acolhe as


necessidades do grupo e estimula todos a participarem e
contribuir com as discussões, cuida para que o grupo
mantenha o Foco e chegue aos objetivos estabelecidos.

Co-coordenador: ajuda o coordenador na condução e


organização das atividades. Nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA), ajuda a “caçar os fantasmas” e motivar o grupo a
participar das atividades.

Relator: Registra (anota) a produção do grupo, lê para o grupo a


relatoria ao final, faz os ajustes que o grupo recomendar e
apresenta para o grande grupo a produção e produto final em
forma de SÍNTESE (em plenária em ambiente presencial e no
respectivo Fórum no AVA).
Gestor do Tempo: gerencia o tempo de forma a orientar e
conduzir o grupo para a realização das tarefas/atividades no tempo
oportuno e determinado. Auxilia o coordenador a cumprir o
tempo.

* Fonte: COTTA e COSTA, 2016, p.72.

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ANOTAÇÕES
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Mensagem de finalização do curso

Prezados e prezadas, participantes do curso de extensão “Saúde


Mental nas Escolas e Fora Delas”,

É com grande alegria e gratidão que chegamos ao final deste


enriquecedor curso. Ao longo desses encontros, mergulhamos em um
universo crucial para a formação integral de todos nós: a saúde mental.
Durante nossos encontros formativos, aprendemos sobre a
importância de abordar esse tema de forma cuidadosa e empática,
compreendendo os desafios que enfrentamos diariamente nas escolas.
Afinal, proporcionar um ambiente saudável, acolhedor e seguro é
fundamental para o desenvolvimento das habilidades emocionais e
cognitivas e principalmente de uma escola acolhedora.
Exploramos diversas estratégias para identificar sinais de alerta
e lidar com situações que demandam nossa atenção como educadores.
Abordamos a relevância do diálogo aberto, da escuta ativa e do apoio
emocional, por meio da rede de saúde mental das escolas, como meios
de promover a saúde mental e o bem-estar nas escolas e na
comunidade.
Cada um de vocês desempenhou um papel fundamental ao
participar ativamente, compartilhando experiências e conhecimentos,
se sensibilizando e partilhando, construindo um aprendizado coletivo.
Agora, mais do que nunca, estamos preparados, empoderados e
fortalecidos para fazer a diferença e construir espaços de diálogo, paz
e acolhimento nas escolas!
Lembrem-se de que este é apenas o começo de uma jornada
contínua. É nosso compromisso aplicar o que aprendemos,
promovendo uma cultura de saúde mental em nossas escolas e na
comunidade como um todo. Juntos, podemos romper estigmas,
incentivar o autocuidado e oferecer o suporte necessário que todos nós
precisamos.

123
Agradecemos a todos os especialistas convidados,
organizadores, tutores, apoiadores e participantes que tornaram este
curso possível, proporcionando conhecimentos valiosos e orientações
essenciais.
Desejamos a todes, muito sucesso nessa nobre missão de cuidar
e educar e na construção de uma escola acolhedora, que promove a
saúde mental e o bem-estar de todos, dentro e fora das escolas.

Com dedicação e esperança,

Equipe Organizadora

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ANOTAÇÕES
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Referências
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PRECIOSA, uma história de esperança. Direção: Lee Daniels, Produção: Lee


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PRO dia nascer feliz. Direção: João Jardim. Produção: Flávio Ramos
Tambellini. Documentário, 2005. DVD.

“RASTROS”. Produção de Tatiana Ribeiro de Souza, UFOP. Ouro Preto:


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Violência nas escolas. Disponível em:


https://www.arvore.com.br/blog/violencia-nas-escolas. Acesso em: 29 de jul.
2023.

132
Agenda de contatos para rede de
saúde mental das escolas
Nome: ______________________________________
Telefone: ____________________________________
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Local de trabalho: ______________________________
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O que pode me ajudar? __________________________
Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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O que pode me ajudar? __________________________
Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Nome: ______________________________________
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O que pode me ajudar? __________________________
Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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O que pode me ajudar? __________________________
Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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Instituição ou ponto da rede: ______________________
O que pode me ajudar? __________________________
Pode realizar quais atividades nas escolas? ____________
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