Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
desenvolvimento
Jean Piaget revolucionou a teoria do
desenvolvimento intelectual.
Considerava-se a si próprio
epistemólogo. De facto, interessava-se
essencialmente pela epistemologia
genética que pretende estudar como se
estrutura o conhecimento, isto é, a sua
natureza e evolução.
O desenvolvimento intelectual está
relacionado com a génese do
conhecimento; daí a designação
psicologia genética.
O organismo tem, ao nascer, um
património genético que permite interagir
com as experiências que vão
acontecendo. É uma teoria
psicobiológica por se basear no conceito
de adaptação, que é o processo
interactivo da relação organismo-meio.
Piaget é um construtivista e
interaccionista na medida em que
defende uma posição que não é nem
inatista (o património genético é
determinante), nem é empirista (tudo
advém do meio), dando ao sujeito um
papel activo na construção do
conhecimento e do desenvolvimento.
A sua formação de biólogo influencia a
maneira como perspectiva o processo
adaptativo através da assimilação e da
acomodação, numa dinâmica interactiva
indivíduo-meio.
O desenvolvimento cognitivo faz-se por
mudanças de estruturas através de
invariantes funcionais, isto é, de
mecanismos de adaptação, que são a
assimilação e a acomodação.
Assimilação – é um processo mental pelo qual se
incorporam os dados das experiências aos
esquemas de acção e aos esquemas
operatórios* existentes. É um movimento de
integração no meio do organismo.
Organismo
(sujeito) meio
* Esquema de acção: são estruturas
perceptivo-motoras que se podem
reproduzir e generalizar.
Organismo meio
(sujeito)
A adaptação– é o equilíbrio entre a assimilação
e a acomodação.
Organismo meio
(sujeito)
Estes movimento são interactivos, pois o
facto de o sujeito integrar os dados do
meio e estes serem assimilados permite
que os esquemas evoluam e que,
portanto, sejam mais capazes de
responder aos problemas.
Estas actividades mentais em que há um
predomínio da assimilação (jogo
simbólico) e outras em que há um
predomínio da acomodação (imitação).
A inteligência é perspectivada como uma
adaptação do indivíduo e das suas
estruturas cognitivas ao meio. Esta
adaptação é orientada pela equilibração
entre as acções do organismo sobre o
meio e as do meio sobre o organismo.
Isto é, há um processo interno que
regula o equilíbrio entre a assimilação e
a acomodação.
O desenvolvimento cognitivo é fruto de
factores biológicos de maturação,
experiências do mundo físico, inter-
relação e transmissão social (Piaget
referiu também as experiências lógico-
matemáticas, ao nível operatório), e
ainda, de um mecanismo auto-regulador
que é a equilibração.
É pela equilibração que o sujeito melhor
se adapta ao meio, isto é, que a sua
inteligência progride no sentido de um
pensamento cada vez mais complexo.
Quatro factores que
explicam o
desenvolvimento
Estádios de
Desenvolvimento
A evolução faz-se por estádios. Os
quatro estádios de desenvolvimento são
estruturas de conjunto que têm a sua
unidade funcional, o que vai permitir
caracterizá-los.
Cada estádio é diferente do outro, do
ponto de vista qualitativo, tem as suas
formas próprias de adaptação ao meio.
O desenvolvimento vai no sentido de
uma melhor adaptação do sujeito ao
meio.
Os estádios caracterizam-
se por:
A existência de representações
simbólicas vai permitir á criança poder
usar uma inteligência diferente. Para
Piaget, há inteligência antes da
linguagem, mas não há pensamento.
O pensamento corresponde a uma acção
interiorizada, assente na capacidade de
simbolização, e não na acção imediata e
directa como no período sensório-motor.
A criança passa a poder representar
objectos ou acções por símbolos. Ao
falar, ao brincar ao faz de conta, ao
desenhar, exerce uma função simbólica,
Pois vai representar uma coisa por outra.
Ao falar, as palavras são símbolos, ao
desenhar uma roda, dirá que é um carro;
no jogo simbólico, um pau é um cavalo
ou um avião a jacto, conforme lhe
apetece; ralha à boneca, que se portou
muito mal, improvisa uma floresta, com
animais e árvores, no próprio quarto.
Sub estádios entre os 2 e
os 7 anos
- O pré-conceptual ou o exercício da
função simbólica (cerca dos 2 aos 4
anos)
- O do Pensamento intuitivo (cerca dos 4
aos 7 anos)
A principal característica deste estádio,
ao nível do pensamento, é o
egocentrismo.
O egocentrismo intelectual define-se pelo
entendimento pessoal que o mundo foi
criado para si e pela incapacidade de
compreender as relações entre as
coisas.
A criança não compreende o ponto de
vista do outro porque se centra no seu
ponto de vista. A criança está
autocentrada.
Este egocentrismo, que é muito marcado
no começo deste estádio, vai sofrendo
uma parcial descentração á medida que
nos aproximamos do estádio seguinte.
O egocentrismo está presente em frases
como:
Há vento porque estou com muito calor;
A noite vem quando é para ir para a cama;
A lua segue-me….
Imaginemos, numa sala de jardim de
Infância, uma situação com crianças à
volta de uma mesa onde foi construída,
com figuras, uma representação de
paisagem rural.
Se pedirmos às crianças para
descreverem, uma a uma, as imagens
que vê o seu colega que está do outro
lado da mesa, frente a ela, a criança
descreve o que ela própria vê como
sendo o que a outra está a ver: os bois
da frente, a bicicleta a ir embora, a
entrada da casa, a janela com a cortina
ao vento.
O seu pensamento não se descentra, a
realidade é percepcionada e imaginada a
partir do seu ponto de vista.
Existe pensamento mágico, onde os
desejos se tornam realidade, sem
preocupações lógicas, uma imaginação
prodigiosa que permite tudo explicar.
Outras características
mentais:
Animismo – Atribuição a objectos
inanimados de emoções e pensamentos.
Assim, a criança bate à mesa onde se
magoou, diz á boneca que tem que
comer a sopa toda ou afirma que o Sol
lhe sorriu. Desenha a Lua e o Sol com
uma cara.
O animismo também vai decrescendo: as
crianças mais velhas podem atribuir vida
já não a todos os objectos mas, por
exemplo, àquilo que mexe, como o vento
e a chuva.
Realismo – Sem preocupações de
objectividade, a realidade é constituída
pela criança.
Se no animismo ela dá vida às coisas, no
realismo dá corpo, isto é, materializa as
suas fantasias. Se sonhou que o lobo
está no corredor, pode ter medo de sair
do quarto.
Finalismo – As acções interessam pelos
resultados práticos. As crianças estão
sempre a questionar os adultos; no
entanto, embora se diga que estão na
“idade dos porquês”, nesta idade
procura-se. Sobretudo, saber “para quê”.
Não nos podemos esquecer que as
coisas têm como finalidade, a própria
criança, dado o seu egocentrismo.
Assim, o monte é em declive para ela
poder correr.
O pensamento infantil neste estádio é
sincrético, isto é, de uma forma global e
confusa, não diferencia o essencial do
superficial, a parte do todo, o particular
do geral.
Os raciocínios são associações na base
da fantasia onde se passa de uma
situação particular para outra: