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A Base Nacional Curricular Comum

(BNCC) e os descaminhos do Ensino da


Antiguidade Egípcia no Brasil
Fábio Frizzo
(UNESA/IUPERJ/NIEP-Marx-PréK)
O que é a BNCC?
• Base Nacional Curricular Comum para o
Ensino Básico
• Lançada em 15 de Setembro de 2015
• Aponta os objetivos curriculares a serem
desenvolvidos em 60% do tempo de ensino.
A Legislação e a BNCC
• Constituição de 1988
– Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o
ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
• LDB (Lei 9.394/1996)
– Art. 26º. Os currículos do ensino fundamental e médio
devem ter uma base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
A Legislação e a BNCC
• O Plano Nacional de Educação (PNE 2014-24)
Meta 2
Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a
população de seis a quatorze anos e garantir que pelo menos
noventa e cinco por cento dos alunos concluam essa etapa na
idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
Estratégia
2.2. pactuar entre União, estados, Distrito Federal e municípios, no
âmbito da instância permanente de que trata o § 5º do art. 7º
desta lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento que configurarão a base nacional comum
curricular do ensino fundamental;
A Legislação e a BNCC
• O Plano Nacional de Educação (PNE 2014-24)
Meta 3
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a
população de quinze a dezessete anos e elevar, até o final do
período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no
ensino médio para oitenta e cinco por cento.
Estratégia
3.3. pactuar entre União, estados, Distrito Federal e municípios, no
âmbito da instância permanente de que trata o § 5º do art. 7º
desta lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento que configurarão a base nacional comum
curricular do ensino médio;
A Legislação e a BNCC
• O Plano Nacional de Educação (PNE 2014-24)
Meta 15
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência
deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da
educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os
professores e as professoras da educação básica possuam
formação específica de nível superior, obtida em curso de
licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
A Legislação e a BNCC
• O Plano Nacional de Educação (PNE 2014-24)
Meta 15
Estratégia
15.6. promover a reforma curricular dos cursos de licenciatura e
estimular a renovação pedagógica, de forma a assegurar o foco no
aprendizado do(a) aluno(a), dividindo a carga horária em
formação geral, formação na área do saber e didática específica e
incorporando as modernas tecnologias de informação e
comunicação, em articulação com a base nacional comum dos
currículos da educação básica, de que tratam as estratégias 2.1,
2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
A Construção da BNCC
• 17-19 de Junho
I Seminário Interinstitucional para elaboração da BNC.
• 18 de Junho
Portaria N. 592 que “Institui Comissão de Especialistas para a
Elaboração de Proposta da Base Nacional Comum
Curricular”.
• 15 de Setembro
Lançamento do texto da BNCC para consulta popular
• 15 de Dezembro
Encerramento das contribuições da sociedade
• Fevereiro 2016
Entrega para a Confederação Nacional de Educação
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
• Órgãos Indicadores:
– Conselho Nacional de Secretários de Educação
(CONSED)
– União dos Dirigentes Municipais de Educação
(UNDINE)
– Universidades
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
1) CONSED-MG – Tatiana Garíglio Xavier
Licenciada em História (UFMG, 2009)
Analista da SEE-MG
2) UNDINE-RN – Maria da Guia de O. Medeiros
Graduação em História (UFRN, 2009)
Especialista em Ed. Ambiental e Geografia do
Semiárido (IFRN, 2013)
Supervisora Educacional do Ensino Fundamental
(SEDUC-RN)
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
3) USP – Marcos Antônio da Silva
Doutor em História do Brasil (USP)
Professor Titular de Metodologia da História
4) UFRN – Margarida Maria Dias de Oliveira
Doutora em História (UFPE) “Formação do Profissional
em História”
5) CONSED-MA – Marinelma Costa Meireles
Doutoranda (UFPA) Escravidão no Maranhão do séc. XVIII
Professora da SEDUC-MA
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
6) CONSED-RR – Leila Soares de Souza Perussolo
Doutora em Educação (Univ. Autónoma de Asunción)
Vice-Presidente do CONSED de Roraima
7) UNDINE-PB – Rilma Suely de Souza Melo
Graduada em História (2009)
Mestre em Sociologia
Professora na Universidade Aberta Vida (UNAVIDA)
em João Pessoa
Pesquisadora de Indiodescendentes
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
8) UFAP – Giovani José da Silva
Graduado e Mestre em História (UFMS)
Doutor em História (UFG, 2009) com tese sobre
indígenas na fronteira Brasil-Bolívia no séc. XX.
9) UNB – Itamar Freitas
Doutor em História (UFRGS) com tese sobre manuais
históricos na transição do séc. XIX-XX
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
10) CONSED-AP – Reginaldo Gomes da Silva
Graduação em História (UFP)
Especialização em História e Historiografia do Amazonas
(UNIFAP)
Mestrado (PUC-SP, 2013) com tema sobre o povo indígena do
Oiapoque na virada do séc. XX-XXI.
Professor na Faculdade de Macapá (FAMA)
11) CONSED-AL – Antônio Daniel M. Ribeiro
Licenciado em História (UFAL, 2003)
Mestre em Sociologia (UFAL, 2009) com tema sobre a
construção histórica de Xangô com expressão do satanismo.
Professor da SEDUC-AL
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
12) UFG – Leandro Mendes Rocha
Doutor em História (Sorbonne) com tema sobre a
política indigenista no Brasil do séc. XX.
13) UFPA – Mauro Cézar Coelho
Doutor em História (USP) com tema sobre o Diretório
dos Índios na América Portuguesa no séc. XVIII.
Pesquisador de Ensino de História.
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
MA – 1 RN – 2
RR – 1 PB – 1
AP – 2 AL – 1
PA – 1

DF – 1 MG – 1
GO – 1 SP – 1
A Construção da BNCC
Os assessores para o Componente História
Princípios Gerais da Base
• Combate à Discriminação;
• Estímulo ao debate de ideias;
• Aprender a se informar;
• Localizar a família, a comunidade e a nação em eventos
históricos recentes e passados;
• Desenvolver critérios práticos, estéticos e éticos;
• Debater ideias sobre a evolução humana e do universo;
• Problematizar o sentido da vida humana.
• Compreender a justiça, a democracia e a equidade como
resultado de um contínuo envolvimento.
A Área de Ciências Humanas
• Desenvolver o sentimento de pertencimento
em grupos em conjunto com a percepção de
temporalidades e espacialidades;
• Explorar temporalidades, diversidades e
alteridades;
• Estimular o exercício da crítica documental.
O Componente Curricular História
• [Para desenvolver a compreensão contínua de
processos históricos] enfatiza-se a História do Brasil
como o alicerce a partir do qual tais conhecimentos
serão construídos ao longo da Educação Básica. Tal
ênfase, é importante ressaltar, não significa
exclusividade na abordagem da história brasileira
nem tampouco a exclusão dos nexos e articulações
com as histórias africanas, americanas, asiáticas e
europeias. Aliás, tais nexos e articulações são
apontados em vários objetivos de aprendizagem tanto
no Ensino Fundamental como no Ensino Médio.
O Componente Curricular História
• A opção pela ênfase na História do Brasil sustenta-se em quatro
fundamentos. Em primeiro lugar, por oferecer um saber significativo para
crianças, jovens e adultos, pois conhecer a trajetória histórica brasileira é
conhecer a própria trajetória. Em segundo lugar, o reconhecimento de
que o saber histórico deve fomentar a curiosidade científica e a
familiarização com outras formas de raciocínio, a partir do acesso a
processos e a problemas relacionados à constituição e à conformação do
Brasil, como país e como nação. Em terceiro lugar, o reconhecimento de
que tal opção faculta o acesso às fontes, aos documentos, aos
monumentos e ao conhecimento historiográfico. Por fim, a consideração
de que a História do Brasil deve ser compreendida a partir de perspectivas
locais, regionais, nacional e global e para a construção e para a
manutenção de uma sociedade democrática.
O Egito e a História Antiga na BNCC
• 6º Ano (Representações, sentidos e significados do tempo
histórico)
- Conhecer e reconhecer diversas maneiras de contagem e de registro do
tempo – calendários e outras formas consagradas –, dos astecas, dos maias,
dos egípcios, dos diferentes povos indígenas brasileiros entre outros,
discutindo usos e adequações.
- Conhecer e problematizar as diferentes formas de periodização dos
processos históricos tais como o modelo quadripartite francês (Idade Antiga,
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea), identificando como o
Brasil se insere nesta periodização.
- Identificar e discutir características, pessoas, instituições, ideias e
acontecimentos relativos a cada um desses períodos históricos: Idade
Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea. (UM ENTRE SEIS
COMPONENTES DE “CATEGORIAS, NOÇÕES E CONCEITOS”)
O Egito e a História Antiga na BNCC
• 3º Ano E.M. (Mundos Europeus e Asiáticos)
- Valorizar os patrimônios materiais e imateriais de povos
europeus e asiáticos, tais como gregos, romanos, fenícios e
mesopotâmicos, reconhecendo os legados culturais e as
diversas formas de se relacionarem com a Estética, a Ética e
a Política.
A África na BNCC
• 8º Ano (Análise de Processos Históricos)
- Conhecer e compreender o contexto econômico de
Portugal, às vésperas da Conquista, por meio do
estudo das investidas portuguesas pelo Atlântico e
sua incursão pela costa da África.
- Conhecer e compreender o contexto político da África
subsaariana, às vésperas da Conquista, por meio do
estudo da diversidade de povos, da formação de
estados, como o Reino de Mali, e do lugar da
Escravidão entre as sociedades africanas.
- Compreender o comércio de escravos africanos como
construção do tempo, relacionando-o aos interesses
das elites africanas, americanas e portuguesas.
A África na BNCC
• 1º Ano E. M. (Mundos Ameríndios, Africanos e Afro-
Brasileiros)
- Aprofundar as noções de diferentes temporalidades em
sociedades africanas e ameríndias, relacionando diversas
formas de percepção e de contagem do tempo,
especialmente em relação às europeias.
- Refletir, discutir e posicionar-se sobre os sentidos, os
significados e as representações de datas comemorativas
alusivas às presenças ameríndias, africanas, afro-
brasileiras e europeias no Brasil e no mundo.
- Identificar e analisar as instituições e as relações do
Estado brasileiro com as populações ameríndias,
imigradas e negras ao longo dos séculos XIX, XX e XXI.
A África na BNCC
• 1º Ano E. M. (Mundos Ameríndios, Africanos e
Afro-Brasileiros)
- Reconhecer a África como o espaço de origem dos
deslocamentos de populações que vieram a constituir
uma das matrizes de formação da sociedade
brasileira, interpretando essa formação como um
processo ocorrido ao longo dos séculos XVI a XIX.
- Analisar a pluralidade de concepções históricas e
cosmológicas de povos africanos, europeus e
indígenas relacionadas a memórias, mitologias,
tradições orais e a outras formas de conhecimento e
de transmissão de conhecimento.
A África na BNCC
• 1º Ano E. M. (Mundos Ameríndios, Africanos e
Afro-Brasileiros)
- Contextualizar processos históricos de surgimento das
diversas sociedades étnicas nos continentes africano e
americano, em reinos, impérios, confederações e
civilizações, nas Áfricas e nas Américas, reconhecendo
relações de convivência, conflitos e interações com o
meio dessas sociedades.
- Interpretar criticamente os processos de colonização,
de partilha e de descolonização das Áfricas e o Pan-
Africanismo, entre os séculos XIX e XXI.
Resultados da BNCC
• Crítica ao Eurocentrismo?
• Valorização da diversidade e alteridade?
• Compreensão das temporalidades?
• Protagonismos africanos?
• Acesso aos documentos, monumentos e ao
conhecimento historiográfico?
• A história brasileira é nossa única “própria
história”?
A Relevância do Egito Antigo
• Construção da noção de temporalidade e localização
temporal;
• Posição central na crítica ao eurocentrismo;
• Valorização da diversidade em todos os níveis;
• Construção de Alteridades;
• Fortalecimento da Africanidade e sua multiplicidade;
• Campo privilegiado para a discussão sobre patrimônio;
• Espaço de discussão sobre a metodologia de análise da
cultura material como fonte histórica.

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