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Faculdade Dom Luiz de Orleans e Bragança

Curso de Farmácia
Farmacognosia I

Metabolitos Secundários: Flavonoides

Prof. MSc. Alex José Silveira Filho


alehjosesf@hotmail.com

Ribeira do Pombal/BA
2019 1
I FLAVONOIDES
N
• Seu nome deriva do latim flavus, que significa amarelo ou loiro;
T
• Os flavonoides ocorrem apenas em plantas, quase não ocorrendo
R em algas, bactérias, fungos e ausentes em animais;
O • Os flavonoides são encontrados em todas as espécies de plantas
D superiores, correspondem a mais de 7.000 estruturas conhecidas;
U • Os flavonoides são responsáveis pela coloração de flores e pétalas;
• Os flavonoides são também agentes polinizadores em algumas
Ç espécies vegetais.
Ã
O
2
I FLAVONOIDES
N • Os flavonoides são metabólitos secundários da classe dos polifenóis presentes em uma
T grande quantidade de vegetais.

R • Um substância fenólica ou polifenólica é aquela que possui um ou mais núcleos


O aromáticos contendo substituintes hidroxilados e/ou seus derivados funcionais, como:
ésteres, éteres e glicosídeos;
D • A nomenclatura, em geral, é derivada da espécie vegetal de onde foi isolado:
U Tricina- Triticum sp.;

Ç Robinetina- Robinia sp.;


Vitexina- Vitex sp.;
à Quercetina- Quercus sp.
O Figura 1: Ilustração de frutas ricas em flavonoides.
Disponível em: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/62-alimentos/2301-flavonoides-
3
conheca-dos-diversos-beneficios-dos-compostos-presentes-em-frutas-verduras-e-cerais.html
B
FLAVONOIDES
I
O • Os flavonoides são biossintetizados a partir das vias do ácido chiquímico e do acetato
(Acetil-CoA);
S • Os flavonoides apresentam-se frequentemente oxigenados, e um grande número
S conjugado com açúcares;
• Quando conjugadas, também são chamados de heterosídeos;
Í • São denominados O-heterosídeos quando a ligação se dá por intermédio da hidroxila;
N • São denominados C-heterosídeos quando a ligação se dá por intermédio do átomo de
T carbono;
• Quando os flavonoides encontram-se sem moléculas de açúcar, são chamados de
E agliconas ou genina, sendo muitas vezes denominados de forma livre.
S
E 4
B
FLAVONOIDES
I
O
S
S • O núcleo fundamental dos flavonoides é compostos por 15 átomos de
carbono, constituído de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três
Í carbonos entres ela;
N • Em estrutura C6-C3-C6 constituindo dois anéis aromáticos, os quais
T são ligados através de uma ponte C3.
E
S
E 5
B MEP
1-Deoxixilulose
5-Fosfato Glicose
Polissacarídeos

I
Heterosídeos cardioativos
Terpenos

O Ác. chiquímico
Flavonoides
Taninos condensados
Acetil Coa

S Ciclo de
Malonato

S Triptofano Fenilalanina
Tirosina
Ác. gálico Krebs Mevalonato Condensação

Í Alcaloides Taninos Isopreno


Ornitina
indólicos e hidrolisáveis Ác. graxos
Lisina
quinólinicos Policetídeos
Macrolídeos

N Alcaloides pirrolidínicos,
pirrolizidínicos, tropânicos,
Antraquinonas

T Protoalcaloides
Alcaloides
isoquinólinicos e
Ác. cinânico piperidínicos e quinolizidínicos

E
benzoquinólincos Fenilpropanoides Terpenoides
Esteroides

S
Lignanas,
ligninas e
cumarinas

E Figura 2: Representação geral da biossíntese dos


metabólitos secundários. 6
B
FLAVONOIDES
I
O
S
S
Í
N
T
E
S
E Figura 3: Representação geral da biossíntese de
flavonoides. 7
B
FLAVONOIDES
I
O
S
S
Í
N
T
E
S Figura 4: Representação parcial da biossíntese

E de flavonoides.
8
Í
I

S
S
S

E
E
T
B

N
O
FLAVONOIDES

Figura 5: Representação parcial da biossíntese


de flavonoides.
E
S FLAVONOIDES
T
R • A classificação dos flavonoides é baseada na oxidação e no grau de insaturação do anel
U heterocíclico central (anel C).
T 5'
U 6' 4' O núcleo fundamental dos flavonoides é
B composto por 15 átomos de carbonos (C6-C3-
R 8
O
1 1' 3' C6), possui dois aneis aromáticos ligados por
9
A 1
7
A
2 2' uma “ponte” C3;
C Heteroátomo no anel C, resultante da ciclização
6 3
10 da “ponte” C3;
G 5 4 A numeração com número ordinários é feita para
E O
os aneis A e C, já o anel B recebe a numeração
linha (‘).
R Estrutura geral

A Figura 6: Núcleo fundamental dos flavonoides e sua numeração.


L 10
E
S FLAVONOIDES
T
R • A classificação dos flavonoides é baseada na oxidação e no grau de insaturação do anel
heterocíclico central (anel C).
U OH
T OH
OH

U HO OH
HO O

R 2
HO O
4
A 3
Flavona
R O
OH O
Flavanona
G
Chalconas (R= OH ou H) OH O

E
R Figura 7: Representação das classes de flavonoides.

A
L 11
E
S FLAVONOIDES
T
• A classificação dos flavonoides é baseada na oxidação e no grau de insaturação do anel
R heterocíclico central (anel C).
U OH

T OH
OH HO O

U HO O
7

R
HO O
OH
OH OH

A
5
6 OH
OH
OH Flavandiol

OH O
OH O
HO O
Flavonol
G Flavanonol

8
E OH

R OH

A Flavanol

L Figura 8: Representação das classes de flavonoides. 12


E
S FLAVONOIDES
T
R
U
T
U
R
A

G
E
R
A
L Figura 9: Representação das classes de flavonoides. 13
P FLAVONOIDES
R
O • Nas plantas os flavonoides possuem funções de:
P a) Proteção contra a incidência de raios ultravioleta (UV) e visível;
R b) Proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias;
c) Atração de polinizadores;
I
d) Antioxidante;
E
e) Controle da ação de hormônios vegetais;
D f) Inibidores enzimáticos;
A g) Alelopatia.
D
E • Os flavonoides podem ser diferentes dependendo do órgão vegetal;
S • As concentrações de flavonoides podem variar dependendo do órgão vegetal.
14
I
M
P FLAVONOIDES
O
R
T
 • O interesse econômico pelos flavonoides decorre de duas diferentes propriedades,
N como:
C a) Pigmentos naturais (ou sintéticos);
I
b) Tanagem do couro;
A
c) Fermentação do chá-da-índia;
E d) Manufatura do cacau;
C
O e) Cor e valor nutricional;
N f) Propriedades farmacológicas (anti-inflamatórios, antioxidantes, antitumorais,
Ô antivirais).
M
I
C
15
A
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH O
R

S
E
S • Os flavonois e flavonas possuem origem biossintética semelhantes, uma vez que os
D flavonois diferem das flavonas apenas na substituição na posição C-3, por uma OH;
E
• Suas cores podem variar de branca à amarela;
F • Flavonas e flavonois são frequentemente oxigenados, substituídos por OH ou –OMe;
L • Outros substituintes podem ser: Acila, C-metila, metileno, dioxila, isopreno, furano,
A pirano e derivados clorados;
V
O • Frequentemente as flavonas e flavonois apresentam-se na forma conjugada com um u
N mais açúcares ligados aos grupos hidroxilas por uma ligação hemiacetal;
O • Alguns flavonois e flavonas foram identificados com ácidos ligados aos açúcares da
I moléculas (p-cumárico, succínico, benzoico).
D
E
16
S
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH O
R

S
E
S • Os flavonois 9 são derivados da 3-hidróxi-2-fenilcromona, e as flavonas 9, 2-
D fenilcromona;
E
• As flavonas que possuem grupamentos metoxila e isoprenila ligados ao C-3, são
F denominadas como: 3-metóxiflavonas e 3-prenilaflavonas;
L • Alguns tipos de oxigenação podem acontecer nas posições 5, 7, 3’ e 4’, nas duas
A classes;
V • As flavonas mais abundantes são a apigenina 10 e a luteolina 11, livres ou
O conjugadas;
N
O • Os flavonois mais encontrados em vegetais são: galangina, canferol, quercetina e
I miricetina.
D
E
17
S
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH O
R

S
E 5'
4' OH
S
D
E HO O 2 3'
7
F 9 3
L 5 R
A
V OH O
O Estrutura básica
N Flavonois R= OH
O Flavonas R= H
I
Figura 10: Representação da estrutura química de flavonas e flavonois.
D
E
18
S
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH OH OH O
R

S
E HO O
HO O
S OH

D 11
10
E Luteolina
Apigenina
OH O
F OH O
OH

L
A HO O
OCH3
V 12 13
O
Crisoeriol
N
O Apiína
OH O

I
Figura 11: Representação da estrutura química de flavonas livre 10 e 11 e flavonas conjugadas 12 (O-heterosídeos)
D e 13.
E
19
S
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH O
R

S
E
S
D
E HO O
15
F
L
A 14
OH
V
OH O
O Galangina
N Rutina
O
I Figura 12: Representação da estrutura química de flavonois livre 14 (livres) e conjugadas 15 (O-heterosídeos).
D
E
20
S
C OH

L HO O

A FLAVONAS, FLAVONOIS E SEUS O-HETEROSÍDEOS


S OH O
R

S
E
S • Os açúcares conjugados com flavonoides identificados são nove, até o momento:
D
E a) Pentoses: D-apiose, L-arabinose, L-ramnose e D-xilose;
b) Hexoses: D-alose; D-galactose e D-glicose;
F c) Ácido D-galacturônico;
L
A d) Ácido D-glicurônico.
V
O
N
O
I
D Figura 13: Representação das associações de monossacarídeos, dissacarídeos e trissacarídeos.
E
21
S
C OH

L
R

HO O

A FLAVONOIDES C- HETEROSÍDEOS
S R

OH O

S
E • Os flavonoides C-heterosídeos possuem a ligação açúcar-genina feita no carbono C-1
(anomérico) do açúcar e um ou dois carbonos do anel A;
S
D • Sua principal característica é a resistência a hidrolise ácida;
E • Os C-heterosídeos de flavonas são mais abundantes, mas ainda foram encontrados em
flavonois, isoflavonas, flavanonas, entre outros.
F
L
16
A
V
O
N
O Vitexina
I
D Figura 14: Representação da vitexina, um C-heterosídeos.
E
22
S
C OH

L HO O

A ISOFLAVONOIDES
S OH O
R

S
E
S
D
E

F
L
A
V
O
N
O
I
D
E
23
S
C OH

L HO O

A ISOFLAVONAS
S OH O
R

S
E • Mecanismo de Ação
S
• Ligando-se à receptores de estrógeno (ação estrogênica ou antiestrogênica);
D
Os fitoesteróis atuam em receptores ß-estrogênicos hepáticos, melhorando o perfil
E
lipídico, através do favorecimento do catabolismo de colesterol;
F • Inibem a atividade de enzimas responsáveis pela indução tumoral;
L • Atividade antioxidante, inibindo a de espécies reativas de oxigênio;
A • A genisteína inibe ainda a agregação plaquetária e a migração e proliferação de
V células da musculatura lisa;
O
N
• Emprego Clínico: Doenças cardiovasculares e hipercolesterolemia, Menopausa;
O
Osteoporose, Câncer;
I
D • Fonte de isoflavonas: Glycine max L. (Fabaceae).
E
24
S
P OH

R HO O

O FLAVONOIDES
P
R

OH O

R
I
E
D
• atividade sobre a permeabilidade capilar (hesperidina, rutina, quercetina):
A diminuem a fragilidade capilar e aumentam sua resistência, em distúrbios
D circulatórios e doenças hemorrágicas, como vasculoprotetores e
E venotônicos;
S
B • Atividade antioxidante;
I • Atividade anti-inflamatória;
O
L • Atividade antiviral e antitumoral;
Ó
G • Atividade hormonal: menor incidência de osteoporose (isoflavonas).
I
C
A
S 25
Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae)

E
• COMPOSIÇÃO
S • Lactonas terpênicas (0,03 – 0,25%)
P
É – Ginkgolídeos A, B, C, J, M (=> Diterpenos bicíclicos, C20)
C – Bilabolídeos (Sesquiterpenos, C15)
I
E • Flavonoides (0.5 - 1.0%; Ph.Eur. Min. 0.5%)
S – Flavon- e Flavonolglicosídeos: Flavonolglicosídeos acetilados,
Biflavonoide do tipo amentoflavona, Flavan-3-ol, proantocianidina.
Flavonoides principais: Apigenina, Luteolina, Canferol, Quercetina,
Isorhamnetina.

26
Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae)

E • EFEITO FARMACOLÓGICO
S • Aumento na capacidade de circulação sanguínea periférica e central.
P – Vasorelaxamento
É – Redução da viscosidade sanguínea (incremento na fluidez do sangue)
C
Melhora da capacidade renal
I
E • MECANISMO DE AÇÃO
S • Inativação de espécies reativas de oxigênio por flavonoides
– Ação antiedematogênica direta através de redução de dano na membrana celular
–Antagonismo ao Fator de Agregação Plaquetária (PAF) através de ginkgolídeos (especialmente
B)
O forte efeito neuroprotetor das folhas de Ginkgo pode ser atribuído aos Bilabolídeos,que
apresentam propriedade PAF-antagonista e sequestrante de radicais livres.
27
Passiflora sp.

E
• COMPONENTES
S Ácidos fenólicos, cumarinas, fitoesteróis, 0,1% de óleo
P essencial, glicosídeos cianogênicos, 0,05% maltol, menos
É de 0,03% de alcaloides indólicos e vários flavonoides.
C
I Os compostos majoritários são flavon-di-C-glicosídeos,
E shaftosídeo e inoshaftosídeo, e glicosídeos de isovitexina
S e iso-orientina.
USO
Largamente utilizado como sedativo.

28
FLAVONOIDES

E Dimorphandra gardneriana Tul. (Cesalpinaceae)-Fava-d’anta


S Rutina – Permeabilidade vascular
P
É
C
Psidium guajava L. (Myrtaceae) - Goiabeira
I Quercetina – propriedade antidiarreica
E
S Egledis viscosa L. (Composiae) – Macela-da-terra
Ternatina – antidiarreico e anti-inflamatório.

29
Obrigado!
Prof. MSc. Alex José Silveira Filho
alehjosesf@hotmail.com

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